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Os Dois Filhos Perdidos

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OS DOIS FILHOS PERDIDOS

Voltamos às parábolas de Lucas 15. A da ovelha perdida, da moeda


perdida e do filho perdido. No recomeço, aprendemos um pouco que as
duas primeiras deveriam ter outros nomes, talvez.
A parábola da ovelha perdida não é sobre ela, mas sobre o coração
do pastor que a busca e se alegra quando a encontra.
A parábola da moeda perdida também não é sobre ela, mas sobre a
alegria da mulher que a encontra.
Também, a parábola do filho pródigo, já foi dito, não deveria ser do
filho pródigo (que gasta tudo sem medida), mas do pai pródigo, que
renuncia a tudo o que tinha direito pra acolher o filho mais uma vez.
Antes de você entender errado, não há nome certo. Cada um traz
certa ênfase em destaque. Por isso, quero que você também pense
na proposta de Tim Keller. Ele diz que essa história poderia se
chamar “A PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS PERDIDOS”.

A história do filho mais novo descreve aquele pecado que qualquer um


poderia identificar – inclusive, se identificar e, por isso, o evangelismo.
O filho mais novo diz a si mesmo: “sou a única pessoa que pode
decidir o certo e o errado para mim. Vou viver como eu bem desejar
e encontrar o meu verdadeiro eu (por que esse “eu” de agora é
restrito) e a verdadeira felicidade por meio deste caminho.”

Por isso, é um caminho que poderia ser descrito como o caminho do


autoconhecimento ou da independência moral.
Qualquer um entende a dinâmica do filho se afastar do pai para viver
como quiser COMO AS ESCOLHAS que fazemos para viver uma vida sem
Deus, até que, caindo em si...
O primeiro ato da história é a jornada do filho mais novo, da escolha ao
retorno, e acaba em festa (como as outras parábolas), resumindo os
temas abordados por Jesus.
Vamos ver o que a história do filho mais novo resume:
v. 1 – PUBLICANOS E PECADORES estavam reunidos para ouvir
Jesus. Isso mostra que JESUS ATRAIA um tipo de pessoa que, socialmente,
NÃO ERA ACEITA. Mas essas pessoas também não gostavam do lado
tradicional e cheio de religiosidade da sua cultura, haviam feito uma
ESCOLHA. Cada um deles, de certa forma, precisou ROMPER COM SEU
LAR JUDEU. Mas apesar de serem pecadores, como chamados aqui, JESUS
É ATRATIVO PARA ELES.
Isso diz algo SOBRE ELES (Jesus está ensinando a pecadores sobre o
arrependimento e o reino de Deus – e eu sou um desse). E também diz
algo SOBRE JESUS. Não sei qual é a imagem que você tem Jesus se
relacionando com imorais, corruptos, esses que tombam pelo fracasso de
seus pecados. Mas aqui existe uma pista, ele foi chamado de “AMIGO DE
PECADORES”, na tentativa de ofendê-lo. Mas, de fato, isso só descrevia
como ele acolhia e se aproximava justamente dos que não eram
“aprovados”. Pense que HÁ ALEGRIA no rosto de Jesus ao conversar com
esses pecadores. Que há um certo brilho em seu olhar por ver
desajustados se aproximando dele. Ele não fica longe e distante, mas
existe uma CERTA ALEGRIA CONTAGIANTE NELE. (Essa é a crítica).
Ok? Mantenha essa imagem em mente. O que AS PARÁBOLAS
retratam? Sobre o que elas são, no fim das contas? Sobre a alegria!
(vs. 6-7; 9-10; 23-24).

Mas isso importa muito: NÃO É uma alegria pelo simples estarem juntos.
Em todas as histórias, a celebração é por aquilo que ESTAVA PERDIDO e
FOI ACHADO. Especialmente, na história do filho mais novo, perdido é
sinônimo de ter morrido. Ele ser achado é como voltar a vida para o pai.
Mas ainda há mais para entender esse relacionamento das parábolas: o
tema central da ALEGRIA, QUE UNE TODAS AS HISTÓRIAS, é a alegria no
CORAÇÃO DE DEUS POR um pecador que se arrepende (v. 7; 10; 23-24)
E assim, A ALEGRIA DE JESUS em ter pecadores a sua volta está
justificada, pois é assim O PRÓPRIO CORAÇÃO DE DEUS.
E mais, QUALQUER PECADOR que ouve essa história e sabe que
comeu com os porcos, entende que PODE VOLTAR PARA DEUS – ser
perdoado e restaurado a posição de filho amado. Por isso, é tão
forte para o evangelismo.
PODIA ACABAR AÍ! Mas, surpreendentemente, a parábola não se encerra
no ATO 1. Isso faz o ensino de Jesus ir além do se podia imaginar. Existem
dois filhos e Jesus vai tratar com os dois tipos de pessoas de sua audiência.

ATO 2 – O OUTRO FILHO PERDIDO


Enquanto pecadores vinham para ouvi-lo, o v. 2 diz que FARISEUS E
MESTRES DA LEI o criticavam. Justamente a atitude do filho mais velho
em relação ao pai.
Jesus usa o filho mais novo e o filho mais velho para retratar os dois
caminhos pelos quais as pessoas se perdem, tentando encontrar a
FELICIDADE E A REALIZAÇÃO.
O filho mais novo – vou viver minha própria vida, meu jeito.
O filho mais velho – vou SER MERECEDOR DE TUDO.

O FILHO MAIS NOVO demostra uma visão de mundo de que as pessoas


devem ser livres para perseguir seus próprios conhecimentos e para
buscar a autorrealização, independentemente dos costumes e das
convenções.
O filho mais velho mostra que é meticulosamente obediente ao pai e,
portanto, por analogia, aos mandamentos de Deus. Ele se mostra
completamente sob controle e é bastante disciplinado.

A princípio, PARECE que TEMOS OS DOIS FILHOS, um deles sendo o


“MAU”, pelos padrões convencionais, e o outro sendo o “BOM”.
Mas de uma forma sutil, Jesus diz que OS DOIS FILHOS ESTÃO EM
IGUAIS CONDIÇÕES. O pai tem de sair e convidar a ambos para que
participem do banquete de seu amor. Portanto,
NÃO HÁ APENAS UM FILHO PERDIDO NA PARÁBOLA — MAS DOIS.

O filho mais velho representa o MORALISMO: acreditar na sua própria


EXCELÊNCIA MORAL como garantidor de RECOMPENSAS NA VIDA.
Segundo esse PONTO DE VISTA, só conseguimos ser bem-sucedidos
na FELICIDADE, e o mundo conseguirá ser feito correto por meio da
retidão moral.
(É claro que EXISTIRÃO FALHAS, mas quando elas acontecerem,
julgaremos pelo choro e pela intensidade do arrependimento.
Conforme esse raciocínio, MESMO AO FALHAR devemos tentar
MANTER O MÉRITO.

O fim do ATO 2 é concluído de forma inimaginável


Jesus deixa o filho mais velho em seu estado de alienação. O FILHO MAU
PARTICIPA DO BANQUETE do pai, mas O FILHO BOM NÃO O ACOMPANHA.
O amante das meretrizes é salvo, mas o homem da retidão moral
CONTINUA PERDIDO.

O ENSINO de Jesus traz algo que não era ensinado por ninguém:
HÁ DUAS MANEIRAS de tomar sua vida em suas mãos para ser seu
PRÓPRIO SENHOR. Uma delas é ao QUEBRAR TODAS AS LEIS morais
e estabelecer seu próprio rumo e a outra é ao SEGUIR TODAS AS
LEIS morais e AO SER MUITO, MUITO BOM.
Neste segundo caso, não são os PECADOS que CRIAM A BARREIRA
com o pai, mas O ORGULHO QUE SENTE DE SEU HISTÓRICO MORAL;
NÃO SÃO AS TRANSGRESSÕES, mas SUA RETIDÃO que o impede de
partilhar o banquete do pai.

Por que o filho mais velho DECIDE NÃO PARTICIPAR?


O texto explica o motivo: Estava cheio de ira, “Trabalho como um
escravo...”; “Nunca desobedeci...”; “Nunca me deste...”.

1. CHEIO DE IRA...
O PAI VAI AO RESGATE do filho mais velho quando este começa a afundar
no AMARGOR DA SUA IRA. O filho mais velho “encheu-se de ira”. Todas as
palavras que pronuncia transbordam RESSENTIMENTO.
Para entender essa atitude do filho, você precisa entender a
NATUREZA DA IRA.
Estar irado é uma reação àquilo que consideramos mau!
Sempre que nos iramos, no NÍVEL DA NOSSA MORAL,
estamos JULGANDO algo como injusto, falso, maligno.

A segunda coisa que você precisa saber sobre a ira é que ela
EXPLODE OU IMPLODE. Isso quer dizer que a ira se manifesta para
fora ou para dentro de você.
Para fora vemos GRITOS, CARA FEIA, AMEAÇAS, até
VIOLÊNCIA. Ou mesmo DIFAMAÇÃO, PALAVRÃO, etc.
Para dentro é a AMARGURA, RESSENTIMENTO, etc.

Por que ele fica tão IRADO COM O PAI? Ele sente que tem direitos que
não estão sendo atendidos. Que tem RETRIBUIÇÕES que não estão lhe
sendo dadas. Que sua conduta não está recebendo o RECONHECIMENTO
que gostaria.
As roupas, o anel e os animais da família devem ser usados de outra
maneira NA SUA OPINIÃO, QUE É UMA LEI DO SEU CORAÇÃO.
Ele está dizendo que a ATITUDE DO PAI É INJUSTA, MÁ.
Qual atitude? Perdoar, agir com misericórdia, restaurar.
O filho mais velho não se afasta do amor do pai apesar de sua
bondade, mas POR CAUSA DELA – ela NÃO É JUSTA aos seus
olhos.
APLICAÇÃO
O primeiro sinal que se nota em UM ESPÍRITO DE IRMÃO MAIS VELHO é
que quando sua vida não acontece da forma desejada, ele não fica
APENAS PESAROSO, mas com uma PROFUNDA IRA e AMARGOR. Os
irmãos mais velhos acreditam que se viverem corretamente terão uma
vida boa, que DEUS LHES DEVE um caminho suave, pois tentam com
grande afinco VIVER DE ACORDO COM AS NORMAS.
Tá aí um dos EFEITOS DA IRA que liga os fariseus à história do filho
mais velho: alguém CHEIO DE AMARGURA E ORGULHO é
profundamente CRÍTICO.

Se AS COISAS NÃO ESTÃO como você gostaria e se você considera que


ESTÁ VIVENDO DE ACORDO com seus padrões morais, FICARÁ FURIOSO
com o pai, com Deus.
VOCÊ NÃO MERECE ISSO, irá pensar, depois de muito ter trabalhado
para ser uma pessoa decente!

Se AS COISAS DÃO ERRADO em sua vida e VOCÊ ESTÁ DEIXANDO de


seguir as suas normas VOCÊ SE ENFURECERIA CONSIGO MESMO,
enchendo-se de autodepreciação e dor interior.
Entenda uma coisa muito importante: O RESSENTIMENTO em seu
coração É CULPA SUA.
Você acredita que a BONDADE E A DECÊNCIA são o caminho para
MERECER UMA BOA VIDA CONCEDIDA POR DEUS. Mas a vida nunca
é como desejamos. Você sempre sentirá que LHE DEVEM mais do
que está recebendo em troca.
Sempre VERÁ ALGUÉM SE SAINDO MELHOR que você em algum
aspecto da vida, e irá se perguntar: “Por que ele e não eu? Depois
de tudo que fiz!” Pois esse ressentimento é culpa sua. ELE É
CAUSADO NÃO PELA PROSPERIDADE alheia, mas por seus próprios
esforços na tentativa de CONTROLAR A VIDA POR MEIO DA
EXCELÊNCIA NO DESEMPENHO.

Mas o irmão MAIS VELHO ESTAVA CEGO para tudo isso. Diferente
do irmão mais novo, que é uma história fácil de ser vista como pecado, a
do irmão MAIS VELHO É MAIS PERIGOSA, pois PARECE COM PIEDADE.
Se o filho mais velho conhecesse seu próprio coração, teria dito:
“Sou TÃO EGOÍSTA e causo tanta dor a meu pai da minha própria
maneira, quanto meu irmão da sua. Não tenho direito algum de me
sentir superior.”
A ira, a amargura, o ressentimento que você carrega pode ser o caminho
do abrir dos seus olhos para o arrependimento e voltar par ao pai.

2. COMO UM ESCRAVO...
O filho mais velho SE GABA DE SUA OBEDIÊNCIA AO PAI, mas deixa
transparecer o motivo de suas atitudes quando diz: “Todos esses anos
tenho TRABALHADO COMO UM ESCRAVO ao teu serviço.” SUA
OBEDIÊNCIA ao pai nada mais é do que MERO DEVER. NÃO HÁ ALEGRIA
nem AMOR, não o vemos se sentir grato por ver o pai satisfeito.
Mas a noção exata aqui não pode ser perdida. Ele SE SENTE UM
ESCRAVO! Mas NÃO É. ELE É FILHO, mas por assumir que trabalha
como escravo, perdeu a identidade, e por isso, a alegria do pai não
lhe interessa.
Perder a noção de que é filho, faz com que o amor e a admiração
do pai tenham que SER CONQUISTADAS.
E esse filho ACHA QUE FEZ TUDO. Mas sem a retribuição
esperada (“Nunca me deste nem um cabrito para eu
festejar”), A OBEDIÊNCIA do irmão mais velho conduz apenas
a uma SUBMISSÃO ESCRAVA e ressentida à lei.
APLICAÇÃO

Não há dança nem alegria na relação do filho mais velho com seu pai.
Enquanto estiver tentando merecer a salvação por meio da tentativa de
controlar Deus com suas bondades, servindo como um escravo, você
jamais terá certeza de que é bom o suficiente para ele. Você
simplesmente não terá certeza se Deus o ama e se rejubila em você. A
obediência será um fardo porque não trará o prêmio que você busca.

O sintoma mais claro dessa falta de segurança seja UMA VIDA ESTÉRIL de
ORAÇÕES. Ainda que os irmãos mais velhos sejam diligentes na oração,
NÃO HÁ PRAZER, REVERÊNCIA, INTIMIDADE ou DELEITE nas conversas
que têm com Deus. Porque SOU UM ESCRAVO CUMPRINDO O DEVER.

Mas outro ponto é a NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO. Ele acha que


não te o amor do pai, mas quer FESTEJAR COM OS AMIGOS.
As pessoas que PERDEM A CERTEZA DE QUE DEUS AS AMA e as aceita
em Jesus, exceto quando por meio das realizações espirituais, são
pessoas RADICALMENTE INSEGURAS...
Tal insegurança SE REVELA sob a forma do ORGULHO, uma afirmação
agressiva e defensiva de sua própria retidão e por meio da crítica
defensiva feita aos outros.
Elas acabam naturalmente odiando outras CULTURAS e outras RAÇAS
para FOMENTAR SUA PRÓPRIA SEGURANÇA e aliviar a raiva reprimida.

3. NUNCA DESOBEDECI...
Nunca desobedeci. Eu tenho RAZÃO DE ESTAR IRADO. Eu fiz tudo o que
você pediu. Cadê meu prêmio, meu reconhecimento: nunca me deste.
Você consegue notar como isso é uma TENTATIVA DE COLOCAR O
PAI numa POSIÇÃO DE DÍVIDA? De CONTROLAR O PAI. De usar o
pai para RECEBER AQUILO QUE DESEJA?
Ao dizer: nunca desobedeci, ele revela que ESPERAVA que a
bondade realizada por ele renda frutos, e quando isso não
acontece, surge a confusão e a ira.
Filhos mais velhos NÃO OBEDECEM A DEUS para conseguir
chegar ao próprio Deus — para a ele se assemelharem, para
amá-lo, para conhecê-lo, e para nele se deleitarem.

NO PARALELO que Jesus apresenta, a OBEDIÊNCIA FARISAICA era uma


forma de rejeitar Jesus, pois os fariseus achavam que NÃO PRECISARIAM
de UM SALVADOR, eles podiam salvar a si mesmos: nunca desobedeci!
Ao TENTAR COLOCAR DEUS EM UMA POSIÇÃO DE DÍVIDA e ao
tentar controlá-lo por meio de suas boas obras — em vez de confiar
na livre graça — eles AGIAM COMO SEU PRÓPRIO SALVADOR.

APLICAÇÃO
Keller: “Você é capaz de se esquivar de Jesus como o Salvador ao
observar todas as leis morais”.
DEUS DEVE A VOCÊ a resposta a suas orações, e uma boa vida, e
um ingresso para o céu quando você morrer. Você não precisa de
um Salvador que o perdoe por meio da livre graça.
Isso não exclui totalmente Jesus da religiosidade: Se, como o
filho mais velho, você acredita que Deus tem de abençoá-lo e
ajudá-lo PORQUE VOCÊ DEU DURO PARA OBEDECER a ele e
para ser uma boa pessoa, então talvez JESUS POSSA LHE
AJUDAR, talvez ele possa SER UM EXEMPLO, até mesmo uma
INSPIRAÇÃO, mas ele não é seu Salvador. Você está sendo o
seu próprio Salvador.
Os irmãos mais velhos têm a CAPACIDADE DE FAZER O BEM para os
outros, mas não pelo prazer da ação em si nem por amor pelas pessoas
ou para o deleite de Deus. Eles não estão alimentando os famintos
nem vestindo os que têm frio de verdade, estão alimentando e
vestindo a si mesmos. O EGOÍSMO FUNDAMENTAL DE seus corações
não só permanece intacto como continua sendo ALIMENTADO PELO
MORALISMO.

4. NUNCA ME DESTE...
Ei! Espera... nunca me deste? Isso quer dizer que O FILHO MAIS VELHO
tinha UM CORAÇÃO MUITO PARECIDO com o de seu irmão, que QUERIA
AS COISAS DE SEU PAI.

Você consegue perceber, então, o que Jesus está ensinando? NENHUM


DOS FILHOS AMAVA O PAI DE VERDADE. Ambos ESTAVAM USANDO O
PAI para seus próprios FINS EGOÍSTAS, em vez de amá-lo, em vez de
desfrutar da companhia dele e em vez de servi-lo para seu próprio bem.
O filho mais velho TEM UMA OPORTUNIDADE de verdadeiramente
AGRADAR AO PAI se participar do banquete. Mas sua recusa
arrogante mostra que a FELICIDADE DO PAI JAMAIS fora seu real
objetivo.

Irmãos mais velhos têm uma tendência a se irar com as circunstâncias da


vida, guardam rancor por mais tempo e com mais amargor, desdenham
de pessoas de outras raças, de outras religiões e que seguem estilos de
vida diferentes; consideram a vida uma labuta sem alegria e opressora,
têm POUCA INTIMIDADE e sentem POUCA ALEGRIA NA VIDA DE
ORAÇÕES, além de uma PROFUNDA INSEGURANÇA que os torna
excessivamente sensíveis à crítica e à rejeição, apesar de permanecerem
ríspidos e impiedosos na condenação alheia. Que quadro terrível!
5. O EVANGELHO
Os irmãos mais velhos do mundo precisam desesperadamente ver o
próprio reflexo no espelho. JESUS DIRECIONOU ESSA PARÁBOLA
PRIMEIRAMENTE AOS FARISEUS, para lhes MOSTRAR quem
verdadeiramente eram e para reforçar a necessidade de mudança.
O filho mais novo sabia que estava SEPARADO DO PAI, mas o filho
mais VELHO NÃO SABIA. E é por isso que a perdição do filho mais
velho é tão perigosa. Os irmãos mais velhos não vão a Deus e
imploram pela cura da situação em que se encontram.
O evangelho de Jesus não é religião nem a falta dela, moralidade ou
imoralidade, moralismo ou relativismo, conservadorismo ou liberalismo.
Nem é algo que se situe no meio de um espectro criado entre dois poios, é
algo completamente diverso.
O evangelho se distingue dessas duas abordagens: segundo ele, todos
estão errados, todos são amados e todos são convidados a reconhecer tal
fato e a mudar. Em contraste, os irmãos mais velhos dividem o mundo em
dois: “As pessoas boas (como nós) estão dentro, e as pessoas ruins, que
são o verdadeiro problema do mundo, estão fora.” Os irmãos mais novos,
ainda que absolutamente não acreditem em Deus, fazem o mesmo,
dizendo: “Não, as pessoas tolerantes e de mente aberta é que estão
dentro, enquanto os fanáticos de mente estreita, que são o verdadeiro
problema do mundo, estão fora.”
Mas Jesus diz: “O humilde está dentro e o orgulhoso está fora” (cf. Lucas
18:14).8 As pessoas que confessam não serem especialmente boas ou não
terem a mente aberta se movem em direção a Deus, pois o prerrequisito
para receber a graça de Deus é reconhecer a falta dela. As pessoas que
pensam estar muito bem, obrigado, se distanciam cada vez mais de Deus.
“O Senhor (...) cuida do humilde, mas se distancia do orgulhoso” (Salmo
138:6 New Living Translation — tradução livre).
“Como ousa dizer isso?”, respondem as pessoas religiosas quando se
sugere que o relacionamento com Deus não está tão correto. “Estou na
igreja sempre que as portas se abrem.” Com efeito, Jesus responde: “Isso
não importa.” Ninguém jamais ensinou algo assim antes.
É comum pessoas que voltaram as costas para as religiões acreditarem
que com o Cristianismo as coisas não são diferentes. Essas pessoas já
experimentaram a sensação de estar em uma igreja transbordando de
irmãos mais velhos. Dizem: “O cristianismo é apenas outra religião.” No
entanto, Jesus diz que não, que isso não é verdade. Todo mundo sabe que
o evangelho cristão nos chama para longe da libertinagem do espírito de
irmão mais novo, mas poucos percebem que ele também diverge em
muito do moralismo do espírito do irmão mais velho.

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