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37662-Texto Do Artigo-126820-1-10-20190812
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2019v28i1p125-149
Resumo
O estudo investigou as experiências de universitárias do curso de Psicologia
junto às políticas públicas de enfrentamento à violência contra mulheres (VCM)
em um município do sudoeste goiano. Foi realizada pesquisa de campo, com
metodologia qualitativa, partindo das premissas da Psicologia Sócio-histórica.
A amostra foi composta por 10 estudantes de psicologia. Os dados foram
obtidos por meio de entrevistas. Foi desenvolvida análise dos dados por meio
dos núcleos de significação. Os dados deram origem a três eixos de análise:
Conceito de gênero e VCM; Políticas Públicas: práticas, atuações e interven-
ções no enfrentamento da VCM; Formação em psicologia e VCM. Verificou-se
dificuldades em identificar as categorias gênero, VCM e políticas públicas,
assim como precário conhecimento sobre a rede intersetorial de atendimento
às mulheres. Percebeu-se fragilidades no processo de formação profissional
para o enfrentamento da VCM. Exceto pelas atuações no campo da justiça,
notou-se práticas insipientes nas demais políticas. Notou-se muitos obstáculos
*
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP-UFG). E-mail:
mariaclarags.psi@gmail.com
**
Curso de Psicologia da Universidade Federal de Catalão, Programa de Pós-graduação em
Psicologia da Universidade Federal de Goiás. E-mail: tatimachiavelli@yahoo.com.br
Abstract
The study investigated the experiences of psychology course university students
in terms of public policies to cope with violence against women (VCM) in a
municipality in southwest Goiás. Field research was carried out, with a quali-
tative methodology, based in Socio-historical Psychology. The sample consisted
of 10 psychology students. The data was obtained through interviews. Data
analysis was developed through the meaning nuclei. The data gave rise to three
axes of analysis: Concept of gender and VCM; Public Policies: practices, actions
and interventions in confronting VCM; Training in psychology and VCM. There
were difficulties in identifying the categories gender, VCM and public policies,
as well as precarious knowledge about the intersectoral network of care for
women. There were perceived weaknesses in the process of professional trai-
ning to confront VCM. Policies in the justice field are quite active, but policies
from other fields are still developing.. There were many ideological, political,
institutional, social and economic obstacles to participants’ practices in terms
of VCM , which made it difficult to deal with gender issues.
Keywords: Gender violence; social policy; professional training.
Resumen
Este estudio investigó las experiencias de universitarias del curso de Psicología,
así como las políticas públicas de combate a la violencia contra las mujeres
(VCM) en un municipio del suroeste Goiano. Se realizó una investigación de
campo, con metodología cualitativa, partiendo desde las premisas de la Psico-
logía Socio-histórica. La muestra fue compuesta por 10 estudiantes de psicología.
Los datos fueron obtenidos por medio de entrevistas. El análisis de los datos
fue realizado a través de los núcleos de significación. Los datos dieron origen a
tres ejes de análisis: Concepto de género y VCM; Políticas Públicas: prácticas,
actuaciones e intervenciones en el combate de la VCM; Formación en psicología
y VCM. Fue verificado dificultades en identificar las categorías género, VCM y
políticas públicas, así como el precario conocimiento sobre la red intersectorial
de atención a las mujeres. Se percibió fragilidades en el proceso de formación
profesional para el combate de la VCM. Excepto por las actuaciones en el campo
de la justicia, se notó prácticas insípidas en las demás políticas. Se notaron
muchos obstáculos ideológicos, políticos, institucionales, sociales y económicos en
relación a las prácticas sobre la VCM por parte de las participantes, elementos
que dificultan la actuación frente a los problemas de género.
Palabras clave: violencia de género; política social; formación profesional.
REVISÃO DE LITERATURA
1 Embora o texto tenha escrita gendrada, optou-se pela manutenção do gênero masculino
no uso da expressão “autor de agressão” já que, majoritariamente, ele diz respeito a um homem
com vínculo íntimo de afeto junto à mulher/vítima.
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
[...] por conta desta questão histórica é necessário que algumas políticas ...
que são chamadas de políticas públicas pra tentar corrigir essa falha que a
cultura e a história deixou [...] (2, Justiça).
[...] às vezes o mesmo homem que agride, que humilha, que constrange,
é aquele que proporciona momentos de prazer de é, acolhimento, que é
romântico (4, Assistência Social).
[...] pensando em mulheres que são donas de casa ou que tem prejuízos
financeiro por causa desse rompimento com esse parceiro ... o juiz oferecer
medidas protetivas para ela, ela não vai poder aceitar realmente essas
medidas porque ela ainda está com o parceiro, e não vê perspectiva sem ele,
não tem como ela sair de casa [...] (8, Justiça).
Acho que foi o número de anúncios em relação a VCM, porque antes era algo
que era totalmente calado, excluído, mas que acontecia e ninguém dava voz
(6, Assistência Social).
Você não pode falar: olha nós temos uma casa apoio, uma casa abrigo para
você, vamos te colocar lá, lá você vai ter comida, vai ter como trabalhar e vai
ter como ter seus filhos, colocar seus filhos lá também (2, Justiça).
A gente não consegue acessar tudo, tudo que ela tem direito, a gente não
tem casa abrigo ... no caso da nossa cidade. .... Então, mesmo sabendo dos
diversos direitos que ela tem eu não realmente vou conseguir efetivar todos,
ou dispor tudo aquilo que ela poderia receber (8, Justiça).
[...] eu não tenho conhecimento dessa rede. .... Em relação a rede interse-
torial de atendimento à mulher eu acho que aqui nós temos uma falha, não
existe efetivamente, há uma Delegacia e um Juizado que se comunicam um
pouco. .... Sinto a dificuldade de não ter essa rede intersetorial ... de as vezes
você vê que a mulher não pode voltar pra a casa e estar com aquele homem
agressor [...] (2, Justiça).
Normalmente quando ocorre algum caso mais sério lá que precisa de acom-
panhamento é a assistente social que é sempre acionada, ela que cuida desse,
dessas questões lá (10, Saúde).
Tem uma assistente social no hospital, então tudo que acontece, é, de, de,
que precisa assim dela ela já entra em contato com o paciente, entra em
contato com a equipe de saúde, pessoal da extensão e já encaminha para
outro serviço (9, Saúde).
[...] a psicóloga na verdade ocupava duas funções, ela era psicóloga e coor-
denadora, ela ficava associada ao trabalho burocrático e quase não realizava
a atuação de psicóloga (6, Assistência Social).
[...] eu acho que existe uma falha na formação em relação a isso, até pelo
fato de eu não saber assim como eu vou encaminhar essa pessoa (6, Assis-
tência Social).
Acho que a gente tinha que, a gente como alunos e a faculdade tinha que
preocupar com essas questões da VCM, tanto no consultório, ou no social,
na escola (9, Saúde).
[...] talvez não intervir ainda, porque eu não passei por essa situação de ter
que intervir em um caso de VCM. Mas de reconhecer e as vezes pensar melhor
sobre algumas atitudes, é no caso do estágio em social também. Que já volta
na limitação do assunto, quem não faz parte de um projeto de extensão e
etc., você não estuda (5, Assistência Social).
2015; Lisboa, 2014; Santos, 2008, 2015; Souza & Sousa, 2015). A defasagem
de disciplinas obrigatórias e discussões sobre gênero e políticas públicas na
grade curricular obrigatória dos cursos de psicologia gerou sentimento de
despreparo nas entrevistadas. Diante dessa realidade, é importante que os
profissionais de psicologia atualizem seus conhecimentos por outros meios.
Eu mesmo nem estou na parte do estágio ainda, estou ali tentando ajudar
essas mulheres, eu me sinto um tanto despreparada [...] (2, Justiça).
[...] lá chega casos de várias formas de todos os tipos, e não existe uma
preparação, nem pra VCM ou por exemplo para casos de suicídio, não existe
uma preparação prévia (3, Saúde).
[...] a gente percebe que essa temática foi abarcada em projetos de extensão
ou atividades extracurriculares. A gente não tem na grade. Olha a psicologia
não vê as questões de gênero, não que ela não vê, mas aqui [...] a gente não
tem uma preocupação (8, Justiça).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS