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HISTÓRIA DA IGREJA - MITOS E VERDADES.

Aula 1 - Como surgiu a Igreja? Os primeiros cristãos

Olá, pessoal, estamos começando o nosso curso de História da Igreja. Vamos


abordar desde o primeiro século até os dias de hoje - do seu início, na Palestina, até
2021, no papado atual. Como é um período muito longo, não vamos conseguir
abordar todos os detalhes, mas passaremos pelas partes fundamentais. Em 2000
mil anos de história, conseguiremos entregar uma visão geral e indicações mais
detalhadas do que poderíamos dar em outro assunto. A história da Igreja é um
assunto muito rico, não é só a história dos eclesiásticos, papas, padres, mas toda a
história do Ocidente.

Desde as universidades, sistema escolar, ciência, arte ocidental até a música, tudo
passou pela história da Igreja. É impossível imaginar a música de bar e Mozart sem
a história da Igreja. Como também é impossível imaginar a pintura de Rafael
Caravaggio, Universidade de Paris, sem a Igreja. Então, coisas muito básicas da
nossa vida passam por essa história. Queremos conectar o papel da Igreja para a
história civilizatória e cultural, e não simplesmente falar das figuras, mas nós vamos
comentar sobre os papas, que tiveram grande relevância.

Iremos utilizar como base a coleção de Daniel Hobbs, que tem os melhores livros
sobre a História da Igreja. Os 10 volumes compõem o melhor livro de história que já
li em minha vida. Faço um trabalho de divulgação todos os dias sobre esse livro. Os
livros são extremamente fáceis de serem lidos, vocês não encontrarão livros com
essa qualidade. A sua estilística lembra o romance, ao mesmo tempo em que Daniel
Hobbs possui muitas referências, cita vários autores, comenta sobre a história da
Igreja na Índia, no Canadá, etc. Ao longo do curso, passarei várias referências, em
especial, as fontes primárias, que são pessoas que viram de perto os
acontecimentos e sabem do que se trata.

Todas as pessoas que estão assistindo a esse curso receberam várias informações
falsas no sistema escolar atual, vários mitos e mentiras que teremos que desfazer.
Existe um viés contra a Igreja na história, e esse viés deturpa alguns fatos e faz
parecer verdadeiro algo que não é. Ninguém sabe citar três reis do Brasil antes da
chegada da família real, antes de Dom João VI. Ninguém sabe. Via de regra, não
encontro plateias que saibam essa informação. Parando para pensar, essa é uma
informação bem básica e óbvia, que deveríamos saber, mas que nos foi ocultada.
Do mesmo modo que não sabemos informações tão básicas, existe uma série de
informações sobre a história da Igreja que nos foram ocultadas - e tudo acaba
parecendo muito vago.

A nossa história começa com um povo muito específico, que é o povo Hebreu e
como os Hebreus esperavam a chegada do Messias. Os judeus vêm, originalmente,
da Babilônia, que hoje é o Iraque. As civilizações antigas, em grande parte,
começam ao redor das bacias dos rios, por serem lugares propícios para a
agricultura, mas logo os judeus saem de lá pela falta de comida, e acabam indo
para o Egito e sendo escravizados- e isso é contado no antigo testamento da Bíblia,
na história de José, que tinha 11 irmãos, e esses 12 irmãos que formam as 12 tribos
de Israel.

José, que era o mais sábio e virtuoso, apanhou e foi largado em um poço por seus
irmãos. Entretanto, a comida dos irmãos acabou, e José, mesmo preso, acaba
tendo visões divinas e vira conselheiro do faraó, ou seja, uma pessoa importante.
Por ter virado uma pessoa importante, José precisou acolher as 12 tribos de Israel,
que eram descendentes de seus irmãos e que acabaram escravizadas para
poderem sobreviver. Israel possui uma característica diferente dos egípcios, e se
acredita portadora da revelação de um Deus único, um Deus que tinha se revelado
e testado a fé de Abraão, e que era considerado contra os ídolos. Nos outros povos
da antiguidade, existiam vários Deuses que estavam o tempo todo em conflito, mas
Deus fala: “Eu sou Deus, sou único e não existem outros deuses.” Essas brigas
eram, muitas vezes, políticas, acontecia dos deuses egípcios lutarem contra os
deuses da Grécia, etc.

Entretanto, os judeus falaram que não existia essa história de brigas, que só havia
um Deus único, e que ele era a verdade, o próprio ser. Existe um grande profeta que
é chave para esse início, que é Moisés (o libertador do povo do Egito). Moisés foi
criado na família do faraó, era uma pessoa inteligente e recebe uma revelação de
libertar o povo judeu de onde ele veio. Isso o chocou porque, agora, ele teria que
largar uma vida incrível na corte do faraó, e vai libertar o seu povo - e isso é contado
no livro do êxodo. Moisés libera o seu povo por meio de eventos miraculosos,
pragas do Egito (sinais das mazelas dos homens), etc., e o mais fundamental: ele
abre o mar e liberta seu povo. Moisés recebe uma revelação da tábua da aliança, os
10 mandamentos - que é o acordo que Deus faz com a humanidade, libertando-a,
porém, deixando-a sob os mandamentos divinos.

Essa tábua tem 10 preceitos, mas o mais importante: amar Deus sob todas as
coisas - todos os outros são decorrências do primeiro, como não cobiçar a mulher
do próximo, não roubar, etc. De qualquer modo, o ponto é: não louvar a Deus. Toda
uma figura sacerdotal é formada após a libertação de Moisés. Após ser libertado, a
primeira coisa que o povo faz é louvar um ídolo - o bezerro de ouro. Por isso que, no
antigo testamento, vemos essas leis muito rígidas, porque se entendia que como o
povo estava muito perdido, não existia uma ordem mínima, os preceitos morais
deveriam ser detalhados. Entretanto, a princípio, a base essencial é a parte dos 10
mandamentos.

Dentro dessa revelação, após muita história que Israel passou, existe a expectativa
de que virá o Messias, o salvador. Esse Messias, efetivamente, libertaria o povo de
Israel, não apenas no sentido político, mas trazê-lo para o caminho da salvação.
Muitas pessoas interpretam isso como uma liberação política, porque ao olhar a
história de Moisés, ela fala sobre uma libertação política. Os judeus ocupam a área
da Palestina, e Israel, em seguida, vai ser conquistada por dois povos notórios:
Gregos e Romanos. Israel é conquistada pelos Gregos por conta do império de
Alexandre, o grande, que foi um grande conquistador, foi aluno de Aristóteles, e leva
os reinos gregos até a Índia. Alexandre, o grande, fez um dos maiores impérios da
história, e no meio do caminho conquistou Israel.

Quando Alexandre conquista Israel, cria-se uma elite política em Israel da língua
grega, tornando-a erudita. O discípulo de Aristóteles, Alexandre, recebeu de seu
mestre a ideia de que existia um Deus único, e a elite grega vai se fundir com a
cultura judaica. Aristóteles está convicto de que existe um único deus, e que esse
Deus é suma inteligência, sumo bem e suma beleza. Embora o monoteísmo (dos
filósofos, que é diferente do monoteísmo israelitas) não tenha sido difundido
amplamente pelo povo grego, Alexandre já possuía essa visão. De qualquer modo,
a conquista de Alexandre traz a cultura grega para Israel. Sempre a igreja possuiu
três idiomas: hebraico, grego e latim. O grego vem da conquista de Alexandre, e
mesmo depois que os Romanos conquistam Israel, em uma luta violentíssima, ele
terá o grego como idioma principal, além do latim. Todas as cidades do império
romano oriental são cidades de língua e cultura grega. Isso é bem importante,
porque na cruz de Cristo tem “Jesus de Nazaré” em três idiomas: latim, grego e
hebraico.

Jesus de Nazaré nos três idiomas da cruz:

● Hebraico: ‫ישו מנצרת‬


● Latim: Iēsus Nazarēnus
● Grego: Ιησούς από τη Ναζαρέτ

Isso porque a igreja começa em Israel, mas os Gregos e os Romanos também


passam por lá.

Outro profeta muito importante para Israel é Elias, que é um dos grandes e foi
exilado, porque o povo de Israel se rendeu para deuses estrangeiros. Elias
escarnece dos ídolos para que se encontre a verdade, pega um reino de Israel que
se vendeu para o paganismo e confronta com esse culto do mal. Existe um
fenômeno que acontece no novo testamento, que é a transfiguração do senhor, e
Elias e Moisés aparecem porque são figuras fortes.

Israel vai se acostumando e ouvindo a ideia do Messias, e alguns profetas, como


Isaías, por exemplo, falam que o Messias é o salvador, que viria da casa de Davi,
que os pecados se tornariam branco como a neve - várias previsões específicas de
como será o Messias. Quando Cristo vem, ele vem realizando todas as profecias do
salvador, e essa história do Cristo pode ser vista nos quatro evangelhos: São
Marcos, São Lucas, São João e São Mateus. Marcos é um assistente que começou
com São Paulo, depois foi para São Pedro e, depois, escreveu o evangelho.
São Mateus é um dos doze apóstolos, tal como São João, que era mais novo, e vai
ser o último evangelho a ser escrito. O primeiro evangelho a ser escrito,
provavelmente, foi o de São Mateus, que era um pouco mais velho, e percebeu a
necessidade de explicar a doutrina do Cristo para os judeus, e era cobrador de
imposto - pegava o dinheiro dos judeus e dava parte desse dinheiro para os
romanos, e isso revoltava os judeus, porque era um judeu cobrando outros judeus e
dando dinheiro para os romanos, era uma espécie de traidor. São Mateus tem um
evangelho que ressalta muito o legado judaico da vida do Cristo, que tem a
genealogia do Cristo.

São Marcos é um menino mais novo que, de início, ficou com São Paulo, que não
teve paciência e o mandou para São Pedro. São Marcos se torna um grande
evangelizador no Egito, é uma figura bem épica.

São Lucas era um médico, de cultura grega, portanto, tem um evangelho mais
descritivo, focado em aspectos humanos e concretos.

São João é um discípulo amado, muito novo, que perseverava e estava no pé da


cruz. Ele viveu por mais tempo , então, conviveu com Nossa Senhora e com as
pessoas que presenciaram a crucificação de Cristo, tempo suficiente para aprender
com todas elas.

Então, vem o Messias, e peço para que vocês leiam os evangelhos. É avassalador
porque os judeus eram tradicionais, e as coisas que Cristo fala os chocam. Eles
vêem os milagres, sinais, os impactos que Cristo causa, como Cristo tem uma
docilidade e autoridade. Cristo vem, prega o seu ministério, multiplica os pães e,
efetivamente, traz uma nova aliança, que é para todo o povo, não só para os judeus.
Cristo é crucificado, ressuscita ao terceiro dia e sobe aos céus. Um judeu tradicional
não aceitaria facilemnte a ressurreição de Cristo. A primeira coisa que eles pensam
é que Cristo era mais um profeta qualquer.

Ao ler o início do evangelho de São João, percebemos que ele é bem descritivo: “No
princípio era o verbo, o verbo estava junto de Deus e era Deus - o verbo se fez
carne e habitou entre nós.” Ele fala de João Batista como o último dos profetas, e
João Batista é quem anuncia a vinda de Cristo. Não era ele a luz, mas o filho da luz.
Ele não é o próprio Deus, mas o enviado de Deus. O começo do evangelho de São
João faz a distinção para que entendamos a diferença de um profeta para o Cristo.
um profeta é enviado de Deus, que anuncia como nós podemos reformar o mundo
com as crises dele e trazer um mundo inspirado pelo Cristo. O Cristo é o alfa e o
ômega, é o próprio Deus. A chave da crença cristã é que Deus se fez homem e
habitou entre nós, Cristo é o próprio Deus.

Existe um argumento que dizia que ou ele era louco ou ele era Deus, porque uma
pessoa que grita que é Deus ou é louca ou, realmente, é Deus. Entretanto, Cristo
não parece louco, mas parece muito sábio. A partir disso, Cristo sobe aos céus, e
começa a nossa história da igreja, porque as pessoas pensavam: “o que vamos
fazer?”. Então, temos os apóstolos, que precisavam levar adiante a prática cristã, e
o primeiro passo era batizar as pessoas, e esse anúncio era trazido por meio do
trabalho de conversão e pregando a palavra.

No começo, não existe a escrita dos evangelhos, só depois que os evangelhos


passam a ser escritos porque passa a existir a divergência entre as doutrinas. O
evangelho tira as dúvidas do que efetivamente aconteceu na vida do Cristo, mas
antes de ter o evangelho, já existe a tradição da igreja, porque já existiam pessoas
ensinando e espalhando a doutrina da igreja. Em cada região passada, era deixado
um representante, chamado de epíscopos (bispos), que era uma espécie de
supervisor de uma área, e que nomeavam presbíteros (padres) dentro daquele
território.

Os padres convertiam e batizavam as pessoas, e os primeiros cristãos celebravam


a missa. A fonte para isso era o primeiro catecismo da história da igreja, chamado
didaqué, e foi escrito pelos discípulos de São João, que descreviam a liturgia da
missa, e falavam que você deveria confessar os pecados antes de receber a missa.
Muitas coisas que as pessoas acham que apareceram do nada foram apresentadas
já na didaqué (o ensinamento dos apóstolos), e dentro desse ensinamento tem a
condenação do aborto, descrita como “não tirarás a vida do ventre.” Os terços dos
padres apostólicos, que são os padres que aprenderam a fé dos apóstolos, têm
vários ensinamentos e contam muito.
Com isso, surge a geração dos padres apostólicos, que começam a nomear bispos
e padres, que nomeavam diáconos, formando três ordem da igreja. Os apóstolos
que assumem a missão iam para lugares muito variados… Tomé, que duvidou, vai
até a índia. Tiago vai até a Espanha. Eles se espalham pelo mundo para levar a fé
para os quatro cantos, porque eles entendem que sem a verdadeira fé, as pessoas
não vão para o céu. A maioria deles morre como mártires, por pregar a fé.
Notoriamente, Pedro e Paulo vão para Roma, porque é a cidade mais importante do
mundo na ocasião, e era o lugar mais propício para eles morrerem.

Por que os Romanos matam os apóstolos?

Porque os Romanos queriam que os apóstolos acreditassem no Deus do Imperador,


mas os judeus e cristãos eram bem incisivos ao dizer que acreditavam em um único
Deus e isso, para os Romanos, é intolerável, porque atrapalha o projeto político
romano, diferente dos outros povos, porque os outros povos enxergavam o Deus
que os apóstolos acreditavam como apenas mais um. É aqui que começa a
perseguição violenta dos judeus e cristãos.

Os cristãos, portanto, não aceitavam a religião civil Romana. Cristo já havia falado
isso: à César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Deus quer dizer que a
salvação das almas tem um papel proeminente, que será concretizado sem a
idolatria e o poder estatal sobrepujando o poder espiritual.

Cristo é morto, em parte, por pessoas que queriam libertar o Messias político.
Barrabás era um revolucionário, queria uma revolta armada contra o imperador - por
isso que o povo o salva. Eles pedem para libertar o bandido revolucionário, e não o
Cristo, porque eles queriam um messias político, e o Cristo, claramente, não trouxe
isso, mas um caminho de salvação da alma. Os apóstolos morrem, e São Pedro e
São Paulo morrem em Roma. Se você for hoje, no ano de 2021, à basílica de São
Pedro, terá o túmulo de São Pedro, exatamente no lugar onde fica a Basílica de São
Pedro.
São Pedro deixa, portanto, uma linhagem de bispos sucessores dele, a partir da
colina do Vaticano, onde ele foi crucificado de ponta-cabeça.

É isso, gente. Vamos continuar na próxima aula com a vida dos primeiros cristãos e
a sua relação com o Império Romano.

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