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Ceramicas Medievais Da Rua Da Corredoura

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Coordenação editorial de:

Maria José Gonçalves


Susana Gómez-Martínez

Edição de:
X CONGRESSO INTERNACIONAL A CERÂMICA MEDIEVAL NO MEDITERRÂNEO SILVES - MÉRTOLA, AUDITÓRIO DA FISSUL,
22 A 27 DE OUTUBRO DE 2012
10TH INTERNATIONAL CONGRESS ON MEDIEVAL POTTERY IN THE MEDITERRANEAN. SILVES & MÉRTOLA, 22-27 OCTOBER
2012

ORGANIZAÇÃO: CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES, CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA


EM COLABORAÇÃO COM: AIECM2 E CEAUCP
APOIOS: FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

COMITÉ INTERNACIONAL DO AIECM2


PRESIDENTE: SAURO GELICHI
VICE-PRESIDENTE: SUSANA GÓMEZ-MARTÍNEZ
SECRETÁRIO: JACQUES THIRIOT
TESOUREIRO: HENRI AMOURIC
SECRETÁRIO ADJUNTO: ALESSANDRA MOLINARI

MEMBROS DOS COMITÉS NACIONAIS


FRANÇA: HENRI AMOURIC, JACQUES THIRIOT, LUCY VALLAURI
ITÁLIA: SAURO GELICHI, ALESSANDRA MOLINARI, CARLO VARALDO
MAGHREB: RAHMA EL HRAIKI
MUNDO BIZANTINO: VÉRONIQUE FRANÇOIS, PLANTON PETRIDIS
PORTUGAL: MARIA ALEXANDRA LINO GASPAR, SUSANA GÓMEZ-MARTÍNEZ
ESPANHA: ALBERTO GARCIA PORRAS, MANUEL RETUERCE, JUAN ZOZAYA STABEL-HANSEN
PRÓXIMO ORIENTE: ROLAND-PIERRE GAYRAUD

ACTAS DO X CONGRESSO INTERNACIONAL A CERÂMICA MEDIEVAL NO MEDITERRÂNEO. SILVES - MÉRTOLA, 22 A 27 DE


OUTUBRO DE 2012
PROCEEDINGS OF 10TH INTERNATIONAL CONGRESS ON MEDIEVAL POTTERY IN THE MEDITERRANEAN. SILVES &
MÉRTOLA, 22-27 OCTOBER 2012
SILVES, OUTUBRO DE 2015

EDIÇÃO /// PUBLISHER: CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES & CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA
COORDENAÇÃO EDITORIAL /// EDITOR: MARIA JOSÉ GONÇALVES E SUSANA GÓMEZ-MARTÍNEZ
DESIGN GRÁFICO /// GRAPHIC DESIGN: RUI MACHADO
IMPRESSÃO /// PRINTING: GRÁFICA COMERCIAL DE LOULÉ

ISBN 978-972-9375-48-4
DEPÓSITO LEGAL /// LEGAL DEPOT ??????
TIRAGEM /// PRINT RUN: 500
Não é bem como um texto escrito em belos caracteres góticos ou cúficos, contando a história de um milagre,
registando um contrato encomendado pelo príncipe, ou denunciando a ameaça do reino vizinho. Não é
como qualquer frase gravada na pedra ou pergaminho, que além de denunciar a sua origem de classe, porque
necessariamente produzida no seio de uma elite, esconde sempre nas suas entrelinhas uma carga ideológica,
quantas vezes indecifrável ou falaciosa. Ao contrário, os fragmentos de cerâmica arqueológica recolhidos
numa camada estratigraficamente reconhecível, embora não pareça, são mais fiáveis, autorizando uma mais
segura e escorreita informação histórica. Por vezes, quase sempre, são minúsculos ou mesmo insignificantes
os fragmentos. Por vezes, quase sempre, nem sequer a forma é reconhecível e muito menos reconstituível. E
no entanto a sua informação histórica é sempre preciosa. O simples perfil reclinado do lábio, a forma grácil
de arquear a asa, aquela pincelada rápida de traço avermelhado ou a pequena mancha de esmalte melado são
os indícios suficientes para reconstituir com verosimilhança a forma e a idade do jarro ou cântaro de água,
e, com ele, alguns gestos de trabalho da camponesa que o usou e até, sem errar muito, o seu local de fabrico.
Estes simples e informes fragmentos cerâmicos permitem aproximar-nos e mesmo compreender a história
daqueles a quem nunca foi dado o direito de ter história, daqueles que nunca comandaram exércitos, que
nunca decidiram da paz e da guerra, daqueles que nunca habitaram palácios ou castelos. À primeira vista a
gramática ornamental destas bilhas e tigelas sistematiza línguas estranhas e aparentemente indecifráveis. E
no entanto, os seus códigos, sem serem isotéricos, referem-se indirectamente a espaços culturais, a zonas de
influência que ao longo dos séculos marcaram o Mediterrâneo, na sua fantástica diversidade. As referências
mais antigas, ainda relacionadas com os entrançados romboidais da cestaria e da tecelagem, denunciam
origens neolíticas e sobretudo permanências das sociedades nómadas dos tuaregues, rifenhos e pastores
ibéricos. Na linguagem vegetalista com referências orientalizantes e sobretudo no que se refere à enorme e
variada simbologia da Flor de Lotus de época califal, destaca-se, como é natural, a memória dos jardins e
vergéis do Nilo, da Mesopotâmia e mesmo da Índia e da China. Nos encadeados de volutas de gavinhas com
folhas de videira, sentimos ainda perene a longínqua referência das festas dionisíacas e báquicas da cultura
greco-romana a que a Pérsia islamizada esbateu ou anulou o cacho de uva, transformando-o em inofensiva
pinha. Esta linguagem cifrada, estas referências decorativas, são sinais de civilização, são marcas indeléveis
que identificam formas de pensar, zonas de fabrico, caminhos de intercâmbio, que permitem folhear com
segurança as páginas da história.

O Presidente do Campo Arqueológico de Mértola


Cláudio Torres
INDICE

TEMA: 1
AS CERÂMICAS NO SEU CONTEXTO
POTTERY WITHIN ITS CONTEXT
SUSANA GÓMEZ MARTÍNEZ | MARIA JOSÉ GONÇALVES | ISABEL INÁCIO | CONSTANÇA
DOS SANTOS | CATARINA COELHO | MARCO LIBERATO | ANA SOFIA GOMES | JACINTA
BUGALHÃO | HELENA CATARINO | SANDRA CAVACO | JAQUELINA COVANEIRO | ISABEL
CRISTINA FERNANDES
1. A cidade e o seu território no Gharb al-Andalus através da cerâmica 19

ROLAND-PIERRE GAYRAUD | JEAN-CHRISTOPHE TREGLIA


2. La céramique d’une maison omeyyade de Fustât - Istabl ‘Antar (Le Caire, Égypte). Vaisselles
de table, céramiques communes et culinaire, jarres de stockage et amphores de la pièce
P5 (première moitié du VIIIe s.) 51

VÍCTOR CAÑAVATE CASTEJÓN | SONIA GUTIÉRREZ LLORET


3. Cerámica, espacio doméstico y vida social: el temprano al-Andalus en el sudeste
peninsular a la luz de El Tolmo de Minateda (Hellín, Albacete) 56

JOSÉ AVELINO GUTIÉRREZ GONZÁLEZ | JOSÉ LUIS HERNANDO GARRIDO | HORTENSIA


LARRÉN IZQUIERDO | FERNANDO MIGUEL HERNÁNDEZ | JUAN ZOZAYA STABEL-HANSEN
| CARMEN BENÉITEZ GONZÁLEZ
4. Notas sobre la cerámica en la iconografía cristiana del norte peninsular (ss. X-xii) 68

VANESSA FILIPE
5. Islamic pottery from the Évora Municipal Museum 84

MARCELLA GIORGIO
6. Ceramics and society in Pisa in Middle Ages 93

MÁRIO VARELA GOMES| ROSA VARELA GOMES


7. A Cerâmica e o Sagrado, no ribĀt da Arrifana (Aljezur, Portugal) (Séc. XII) 106

FRANCESCO M. P. CARRERA | BEATRICE FATIGHENTI | CATERINA TOSCANI


8. Le Ceramiche e le Attività produttive. Recenti acquisizioni da un quartiere artigianale
di chinzica (Pi) 114

9(61$%,.,ü
9. Context, Character and Typology of Pottery from the Eleventh and Twelfth Century
Danube Fortresses: Case Studies from Morava and BraniČevo 125

VALENTINA VEZZOLI
10. The area of Bustan Nassif (Baalbek) between the 12th and the early 15th cent.: the
ceramic evidence 133

ELENA SALINAS
11. Uso y consumo de la cerámica almohade en Córdoba (España) 139

MARCELLO ROTILI
12. Aspetti della produzione in campania nel basso medioevo 148

ALESSANDRA MOLINARI | VALERIA BEOLCHINI | ILARIA DE LUCA | CHIARA DE SANTIS


EMANUELA FRESI | LAURA ORLANDI | GIORGIO RASCAGLIA | MARCO RICCI | JACOPO RUSSO
13. Stili di vita, produzioni e scambi: la città di roma a confronto con altri siti del lazio.
Secoli ix-xv 158

SILVINA SILVÉRIO | ELISABETE BARRADAS


14. A cerâmica medieval e tardo-medieval na beira interior: materiais provenientes dos
castelos de castelo novo e penamacor (sécs. Xii – xvi) 180

ISABEL MARIA FERNANDES


15. A cerâmica e seu uso em portugal, a partir de posturas, taxas e regimentos de oleiros (séc.
Xii a xviii): a análise de algumas peças 188

MARGHERITA FERRI | CECILIA MOINE | LARA SABBIONESI


16. The sound of silence. Scratched marks on late medieval and early modern pottery from
nunneries: Practice and significance 203
HENRI AMOURIC | LUCY VALLAURI
17. La vie de château d’un vaisselier : Roquevaire près Marseille, 1593 215

ALEXANDRA GASPAR | ANA GOMES


18. Recipíentes de medidas da cidade de Lisboa 229

ANDREIA AREZES
19. Formas cerâmicas e seu significado simbólico na Alta Idade Média 236

VICTORIA AMORÓS RUIZ


20. La estratigrafía como herramienta 242

CRISTINA CAMACHO CRUZ


21. Candiles de piquera. Uso y morfología en la Córdoba del siglo X 248

SARA ALMEIDA | ALEXANDRE VALINHO | JOÃO NUNO MARQUES


22. Conjunto medieval cerâmico no contexto da linha de muralha de Cacela Velha (Portugal) 253

SILVINA SILVÉRIO | ELISABETE BARRADAS


23. Ocupação islâmica na vertente sudoeste da várzea de aljezur – o sítio da barrada e a
envolvente da igreja matriz de n. Sra. Da alva 257

MARIA JOÃO DE SOUSA


24. Uma habitação do século XI/XII sob a muralha do Castelo dos Mouros de Sintra –
Evidências arqueológicas de um contexto doméstico 262

MANUEL JESÚS LINARES LOSA


25. Un nuevo lote cerámico del poblado fortificado medieval de “el castillejo” (los
guájares, granada). La casa 7 266

MARIA INÊS RAIMUNDO | VANESSA DIAS


26. Al-Madan e o seu Contexto na Península Ibérica 271

VANESSA FILIPE | CLEMENTINO AMARO


27. Castle of Torres Vedras. Archaeological perspectives on a medieval context 275

ALBERTO GARCÍA PORRAS | MANUEL JESÚS LINARES LOSA


MOISÉS ALONSO VALLADARES | LAURA MARTÍN RAMOS
28. De castillo fronterizo nazarí a fortaleza castellana. Los materiales cerámicos del
entorno de la torre del homenaje del castillo de moclín (granada) 279

PILAR LAFUENTE IBÁÑEZ


29. Cerámica mudéjar sevillana hallada en la excavación del solar  nº 16 de la calle cervantes
de coria del río (sevilla, españa). Los materiales del pozo b 285

SARA ALMEIDA | SUSANA TEMUDO


30. Cerâmica do século XIII, no contexto do Bairro Judaico de Coimbra (Portugal) 291

TÂNIA MANUEL CASIMIRO | TELMO SILVA | DÁRIO NEVES | CAROLINA SANTOS*


31. Cerâmicas Medievais da Rua da Corredoura (Évora) 298

ALBERTO LÓPEZ MULLOR


32. La cerámica del mas montgròs, el brull (barcelona), siglos xi-xv 303

ANTÓNIO MANUEL S. P. SILVA | MANUELA C. S. RIBEIRO


33. Cerâmicas medievais (sécs. Ix-xii) do castelo de arouca (n. Portugal) 310

M. CARMEN RIU DE MARTÍN


34. Ladrilleros barceloneses de la primera mitad del siglo xv 318

ALEXANDRA GASPAR | ANA GOMES


35. Cerâmicas pintadas a branco do século xv/xvi encontradas no castelo de s. Jorge, lisboa,
portugal 326

LUÍS SERRÃO GIL


36. Entre tachos e panelas: cerâmica medieval do silo do castelo de Porto de Mós 333
MARIA RAFFAELLA CATALDO
37. Ceramica rivestita dal castello di Circello (Benevento) 340

GONÇALO LOPES | JOSÉ RUI SANTOS


38. Cerâmicas islâmicas da natatio das termas romanas de Évora 346

MARIA JOSÉ GONÇALVES


39. Contributo para o estudo dos utensílios do quotidiano de um Arrabalde islâmico de
Silves: a cerâmica decorada a verde e manganês 353

TEMA: 2
CERÂMICA E ALIMENTAÇÃO
POTTERY AND FOOD
JOANITA VROOM
40. The archaeology of consumption in the eastern Mediterranean: A ceramic perspective 359

F. CANTINI | S. G. BUONINCONTRI | B. FATIGHENTI


41. Ceramica e alimentazione nel Medio Valdarno inferiore medievale: il caso di San Genesio
(San Miniato-Pi) 368

JAQUELINA COVANEIRO | SANDRA CAVACO


42. Entre tachos e panelas: a evolução das formas de cozinha (Tavira) 377

JUAN ZOZAYA
43. Cacharros, fuegos, comidas, servicios, escrituras… 387

TÂNIA MANUEL CASIMIRO | LUÍS DE BARROS


44. De quem são estas ollas? Comer, beber, armazenar Em Almada no século XIII 392

TEMA: 3
O MEDITERRÂNEO E O ATLÂNTICO
THE MEDITERRANEAN AND THE ATLANTIC
ANTÓNIO MANUEL S. P. SILVA | PEDRO PEREIRA | TERESA P. CARVALHO
45. Conjuntos cerâmicos do Castelo de Crestuma (Vila Nova de Gaia, N. Portugal). primeiros
elementos para uma sequência longa (sécs. Iv-xi) 401

JORGE DE JUAN ARES | YASMINA CÁCERES GUTIÉRREZ | MARÍA DEL CRISTO GONZÁLEZ
MARRERO | MIGUEL ÁNGEL HERVÁS HERRERA | JORGE ONRUBIA PINTADO
46. Objetos para un espacio y un tiempo de frontera: el material cerámico de fum asaca en
sbuya, provincia de sidi ifni, marruecos (ss. Xv-xvi) 420

HUGO BLAKE | MICHAEL J. HUGHES


47. The mediterranean and the atlantic archaeometrical research on the provenance of
‘mediterranean maiolica’ and italian pottery found in great britain 432

HENRI AMOURIC | GUERGANA GUIONOVA | LUCY VALLAURI


48. Céramiques aux îlles d’Amérique. la part de la Méditerranée (XVIIe-XIXe s.) 440

RODRIGO BANHA DA SILVA | ADRIAAN DE MAN


49. Palácio dos Condes de Penafiel: a significant late antique context from Lisbon 455

MARCO LIBERATO | HELENA SANTOS


50. Circulação de materiais setentrionais na Santarém medieval 461

MIGUEL BUSTO ZAPICO | JOSÉ AVELINO GUTIÉRREZ GONZÁLEZ | ROGELIO ESTRADA


GARCÍA
51. Las lozas de la casa carbajal solís, punto de encuentro entre el mediterráneo y el norte
de europa 466

ARMANDO SABROSA† | INÊS PINTO COELHO | JACINTA BUGALHÃO


52. As porcelanas da Sé da Cidade Velha, Ilha de Santiago, Cabo Verde 473
TEMA: 4
EVOLUÇÃO E TRANSFERÊNCIA DAS TÉCNICAS
EVOLUTION AND TRANSFER OF TECHNIQUES
JOAN NEGRE PÉREZ
53. Producciones cerámicas en el distrito de ţurţūša entre la antigüedad tardía y el
mundo islámico (siglos vi-xii) 483

KONSTANTINOS T. RAPTIS
54. Brick and tile producing workshops in the outskirts of thessaloniki from fifth to
fifteenth century: a study of the firing technology that has been diachronically
applied in the ceramic workshops of a large byzantine urban center 493

LÍDIA FERNANDES | JOÃO COROADO | MARCO CALADO | CHIARA COSTANTINO


55. Ocupação medieval islâmica no Museu de Lisboa -Teatro Romano de Lisboa: O caso do
aproveitamento do post scaenium no decurso do século XII 509

ROSALIND A WADE HADDON


56. What was cooking in Aleppo in the twelfth and thirteenth centuries? 519

IBRAHIM SHADDOUD
57. Production de poterie chez les Nizarites de Syrie  : l’atelier de Massyaf (milieu XIIe-
premier tiers du XIVe siècle) 525

SERGIO ESCRIBANO-RUIZ | JOSE LUIS SOLAUN BUSTINZA


58. La introducción y normalización de la cerámica vidriada en el Cantábrico Oriental a
la luz del registro cerámico de Vitoria-Gasteiz (siglos XII-XV) 534

JAUME COLL CONESA | JOSEP PÉREZ CAMPS | MARTA CAROSCIO | JUDIT MOLERA
TRINITAT PRADELL | GLORIA MOLINA
59. Arqueología, arqueometría y cadenas operativas de la cerámica de Manises localizada
en el solar Fábricas nº 1 (Barri d’Obradors, Manises, campaña 2011) 549

JACQUES THIRIOT | DAVID OLLIVIER | VÉRONIQUE RINALDUCCI


60. Fouiller les encyclopédistes : transfert de modèles aux Antilles françaises 560

ELENA SALINAS | JUAN ZOZAYA


61. Pechina: el antecedente de las cerámicas vidriadas islámicas en al-andalus 573

GUERGANA GUIONOVA | ROCCO RANTE


62. Aperçu sur la production des ateliers de Paykend, Oasis de Bukhara, Ouzbékistan 577

KRINO P. KONSTANTINIDOU | KONSTANTINOS T. RAPTIS


63. Archaeological evidence of an ELEVENtH-century kiln with rods in Thessaloniki 589

LAURA APARICIO SÁNCHEZ


64. El alfar cordobés de Ollerías y sus producciones (siglos XII-XIII) 596

SERGEY BOCHAROV | ANDREY MASLOWSKIY


65. The Eastern Crimean Centers of Glaze Pottery Production in 13th and 14th centuries 604

JAUME COLL CONESA | CLODOALDO ROLDÁN GARCÍA


66. Composición del pigmento de cobalto y cronología de la azulejería medieval de Manises
(Valencia) conservada en el Museo Nacional de Cerámica 608

JULIA BELTRÁN DE HEREDIA BERCERO | CLAUDIO CAPELLI | ROBERTA DI FEBO


MARISOL MADRID I FERNÁNDEZ | ROBERTA DI FEBO | JAUME BUXEDA I GARRIGÓS
67. Imitaciones de ceràmicas à taches noires en barcelona en el s. Xviii. Datos arqueológicos
y arqueométricos 613

ANNA RIDOVICS | BERNADETT BAJNÓCZI | GÉZA NAGY | MÁRIA TÓTH


68. The transfer of the tin-glazed faience technology by hutterite anabaptists to east-
central europe during 16th and 17th centuries 619
TEMA: 5
CERÂMICA E COMÉRCIO
CERAMICS AND TRADING
YASEMIN BAGCI VROOM
69. A New Look on Medieval Ceramics from the Old Gözlükule Excavations: A Preliminary
Presentation 627

EVELINA TODOROVA
70. Policy and trade in the northern periphery of the eastern mediterranean: amphora
evidence from present-day bulgaria (7th–14th centuries) 637

ISABEL CRISTINA FERNANDES | CLAIRE DÉLÉRY | SUSANA GÓMEZ | MARIA JOSÉ


GONÇALVES | ISABEL INÁCIO | CONSTANÇA DOS SANTOS | CATARINA COELHO
MARCO LIBERATO | ANA SOFIA GOMES | JACINTA BUGALHÃO | HELENA CATARINO
SANDRA CAVACO | JAQUELINA COVANEIRO
71. O comércio da corda seca no gharb al-andalus 649

CLAUDIO FILIPPO MANGIARACINA


72. La Sicilia islamica: produzione, circolazione e consumo di ceramica (IX-pieno XI secolo) 667

GUERGANA GUIONOVA
73. Céramique d’importation du XIVe au XVIIe s. en Bulgarie 681

INÉS Mª CENTENO CEA | ÁNGEL L. PALOMINO LÁZARO | MANUEL MORATINOS GARCÍA


Mª J. NEGREDO GARCÍA | J.E. SANTAMARÍA GONZÁLEZ
74. Cerámica de cocina rugosa de pastas claras/campurriana versus cerámica granítica/
zamorana. Patrones de distribución y expansión en época bajomedieval y en la transición
a la edad moderna en el norte de castilla y león 692

VASSILEIOS D. KOROSIS
75. Consumption and importation of ceramics in a fairly unknown site of late Roman
Greece. A case study from Megara, Attica, Greece 701

NATALIA GUINKUT | VICTOR LEBEDINSKI | JULIA PRONINA


76. Medieval amphorae from shipwrecks near Chersones Taurica 707

VICTOR FILIPE | MARCO CALADO | SANDRA GUERRA | ANTÓNIO VALONGO


JOÃO LEÓNIDAS | ROMÃO RAMOS | MARGARIDA ROCHA | JACINTA COSTA | NATALIA GINKUT
77. A cerâmica de importação no arrabalde ocidental de luxbuna (lisboa). Dados preliminares
da intervenção realizada no hotel de santa justa 711

SYLVIE YONA WAKSMAN


78. Late medieval pottery production in South Western Crimea: laboratory investigations
of ceramics from Cembalo (region of Sebastopol / Chersonesos)* 719

RAFFAELLA CARTA
79. La ceramica italiana indicatore del commercio tra il mediterraneo occidentale e
l’atlantico (secoli xv-xvii) 724

JULIA BELTRÁN DE HEREDIA BERCERO | NÚRIA MIRÓ I ALAIX


80. Barcelona y el comercio interior de cerámica en el siglo xvii y principios del xviii:
vilafranca del penedés (barcelona), teruel, villafeliche y muel (zaragoza), valencia,
talavera de la reina (toledo), sevilla y portugal 729

TEMA: 6
NOVAS DESCOBERTAS
NEW DISCOVERIES
RICARDO COSTEIRA DA SILVA
81. Medieval pottery from the forum of aeminium (Coimbra, Portugal) : a proposal of
chrono-typological evolution 739
ABDALLAH FILI
82. Le décor de la céramique de Fès à l’époque mérinide, typologie et statistiques 750

SOPHIE GILOTTE | YASMINA CÁCERES GUTIÉRREZ | JORGE DE JUAN ARES


83. Un ajuar de época almorávide procedente de Albalat (Cáceres, Extremadura) 763

MARCO LIBERATO
84. A pintura a branco na Santarém medieval. Séculos XI a XVI 777

THIERRY JULLIEN | MOHAMED KBIRI ALAOUI | VIRGINIE BRIDOUX | ABDELFATTAH


ICHKHAKH | EMELINE GRISONI | CÉLINE BRUN | SÉVERINE LECLERCQ | HICHAM
HASSINI | HALIMA NAJI
85. Les céramiques mérinides de kouass (asilah-briech, maroc) 792

ELVANA METALLA
86. La céramique médiévale en Albanie : relations entre les productions byzantines
et italiennes 807

ANDRÉ TEIXEIRA | AZZEDDINE KARRA | PATRÍCIA CARVALHO


87. La céramique médiévale d’Azemmour (Maroc) : données préliminaires sur des vestiges de
production potière 819

EBRU FATMA FINDIK


88. Medieval Glazed Ceramics from Myra and New Results 831

SERGEY BOCHAROV | ANDREY MASLOWSKIY | AIRAT SITDIKOV


89. The Kashi pottery in the Western Regions of Golden Horde 840

ÉLVIO DUARTE MARTINS SOUSA | FERNANDO CASTRO


90. Novos dados químicos de formas de pão-de açúcar produzidas em Portugal:
séculos XV a XVI 846

ALEXANDRA GASPAR | ANA GOMES


91. Cerâmicas comuns da Antiguidade Tardia provenientes do Claustro da Sé de
Lisboa – Portugal 851

Mª TERESA XIMÉNEZ DE EMBÚN SÁNCHEZ


92. Tipos y contextos cerámicos en el yacimiento emiral del Cabezo Pardo (San Isidro,
Alicante). Una breve reflexión sobre la cultura material en el SE Peninsular 861

CRISTINA GONZALEZ
93. Quinta da Granja 1: cerâmica emiral de um povoado da Estremadura 866

DÉBORA MARCELA KISS


94. La cerámica del Tossal del Moro (Benilloba, Alacant). Primeros resultados del estudio
de los fondos depositados en el Centre d´Estudis Contestans 875

CRISTINA GARCIA | PATRÍCIA DORES | CATARINA OLIVEIRA | MIGUEL GODINHO


95. Tipologia e funcionalidade nas cerâmicas da casa i do bairro islâmico do poço antigo
em cacela-a-velha 882

MANUEL RETUERCE VELASCO | MANUEL MELERO SERRANO


96. Azulejos almohades vidriados a molde de calatrava la vieja (1195-1212) 887

ANA CRISTINA RAMOS | MIGUEL SERRA


97. Novos dados sobre halqal-zawiya (Lagos, Portugal) 893

KAREN ÁLVARO | M. DOLORES LÓPEZ | ESTHER TRAVÉ


98. Una nueva contribución al estudio de la loza barcelonesa decorada en verde
y manganeso 900

CARLOS BOAVIDA
99. Medieval pottery from the castle of Castelo Branco (Portugal) 906

FRANCISCO MELERO GARCÍA


100. Pottery of the nasrid period of cártama (málaga) 912
CONSTANÇA GUIMARÃES DOS SANTOS | ELISA ALBUQUERQUE
101. A Capela de São Pedro da Capinha através dos materiais: a cerâmica medieval 917

RICARDO COSTEIRA DA SILVA


102. “Traços mouriscos” na cerâmica do século XV do antigo Paço Episcopal de Coimbra
(Museu Nacional de Machado de Castro) 924

IRYNA TESLENKO
103. Crimean Local Glazed Pottery of the 15th century 928

MARIA JOSÉ GONÇALVES


104. Cerâmica em Corda Seca de um Arrabalde Islâmico de Silves: contributo para o seu estudo 934
TEMA: 1

AS CERÂMICAS NO SEU CONTEXTO


POTTERY WITHIN ITS CONTEXT
Tânia Manuel CASIMIRO | Telmo SILVA | Dário NEVES | Carolina SANTOS*

CERÂMICAS MEDIEVAIS DA RUA DA CORREDOURA (ÉVORA)


Resumo: Intervenção Arqueológica na Rua da Corredoura (Évora) em 2009, identificou grande talha cerâmica contendo no seu interior diversos
recipientes em cerâmica relacionados com diversas funcionalidades tais como cozinhar, armazenar e comer, entre outras. Tratam-se maioritariamente
de produções locais, ainda que, prato esmaltado a branco e decorado a verde, bem como pichel vidrado em tons melados e pequeno fragmento vidrado
a verde, possam sugerir importações espanholas e francesas. Estilisticamente aquelas cerâmicas correspondem a cronologia em torno da segunda metade
do século XIV. Em estratigrafias superiores foram recuperadas colecções cerâmicas dos séculos XVI e XVIII que selavam o conjunto em apreço.

Abstract: Archaeological excavation in Rua da Corredoura (Évora) in 2009 identified a large storage vase. Inside large numbers of coarse wares
were also recognized and related to everyday household activities. These are mainly from local production although a fragment of a large white plate
decorated in manganese and green and two lead glaze pitchers may indicate Spanish and French imports. This group of ceramics corresponds to a mid
14th century chronology based on ceramics style and shapes.

INTRODUÇÃO O ESPÓLIO ARQUEOLÓGICO

Em Setembro de 2009, foi levada a cabo intervenção Dentro deste grande recipiente, foram reconhecidas diversas
arqueológica em habitação no número 8 da Rua da tipologias cerâmicas correspondendo sobretudo a objectos
Corredoura (Évora), com o intuito de ali serem colocadas de utilização quotidiana. Recolheram-se 563 fragmentos
infra-estruturas sanitárias. Os trabalhos arqueológicos de cerâmica pertencendo a, pelo menos, 359 vasilhas. Os
limitaram-se ao acompanhamento de duas valas e pequena restantes 204 fragmentos, devido à sua reduzida dimensão,
sondagem com cerca de 1 m2, onde se localizaria caixa de não foram possíveis de atribuir a tipologias específicas. À
descarga, e efectuados por dois dos signatários (T.S. e D.N.) cerâmica de cozinha são atribuídas formas tais como panelas
(69), caçoilas (16), testos (10) e alguidares (33). A cerâmica
Após a remoção do pavimento da casa, foram imediatamente de armazenamento conta com talhas (43), jarros (4), cântaros
identificados níveis arqueológicos correspondentes à primeira (94) e potes (18). À mesa seriam utilizados os púcaros (25), as
metade do século XVIII, com a recolha de pequeno conjunto taças (37) e os pratos (8) e as candeias e lamparinas de pé alto
de materiais cerâmicos, composto por objectos de utilização para iluminação (2). Foram ainda recuperados três tijolos e
doméstica. Panelas, cântaros, garrafas, alguidares, taças e quatro telhas fragmentadas. Exceptuando três objectos que
testos correspondem à cerâmica comum enquanto a faiança destacaremos adiante, todas as peças apresentam pastas
ofereceu exclusivamente pratos e taças com decoração muito vermelhas, homogéneas e compactas com elementos não
simples, característica comum destas peças na cronologia plásticos quartzosos e micáceos de tamanhos variáveis.
em apreço (Casimiro, 2013: 364; 2011: 692). Trata-se de
Os objectos exumados são essencialmente de carácter
pequeno mas homogéneo grupo de materiais, representativo
doméstico e serviam à realização de actividades diversas tais
das cerâmicas que auxiliariam as mais diversas actividades
como cozinhar, comer, beber, armazenar, lavar, iluminar,
domésticas naquela cronologia.
entre outras.
Sob dois estratos arqueologicamente estéreis, foi identificada As panelas (fig. 2, l-o), destinadas sobretudo à preparação
unidade com cerca de 0,400 m de altura, onde se recolheram de alimentos, tais como cozidos e ensopados apresentam
alguns fragmentos cerâmicos de pequena dimensão, mas cuja corpo bojudo, assente em fundo plano e bordo extrovertido,
forma sugere cronologias em torno dos finais do século XV e maioritariamente com duas asas, ainda que alguns dos
meados do XVI, tais como pequenos púcaros brunidos, taças exemplares ofereçam apenas uma. De dimensões médias, o
e panelas (Teichner e Schierl, 2009). diâmetro do bordo varia entre os 0,122 m e os 0, 166 m e a
altura entre 0,160 m e 0,212 m.
Imediatamente a seguir foram identificados vestígios de
bordo de talha de grandes dimensões que se encontrava As caçoilas (fig.3, g) seriam principalmente utilizadas em
enterrada no solo, oferecendo diâmetro aproximado de frituras e apresentam fundo planos e bordos extrovertidos,
0,600 m, ainda que aquele se encontrasse fragmentado. No aplanados superiormente, não se tendo registado asas nestes
interior da talha foram encontrados diversos dos fragmentos recipientes. Os diâmetros dos bordos variam entre 0,160 m
do bordo, pelo que este pode ser reconstituído quase na e 0,230 m.
íntegra. A talha foi escavada até aos 0,800 m e 1,600 m
abaixo do pavimento da habitação, cota de afectação da obra Os testos (fig. 2, i-k) apresentam forma troncocónica
(fig. 1). e pequena pega na parte superior e o bordo com lábio

* Instituto de Arqueologia e Paleociências da Universidade Nova de Lisboa (tmcasimiro@fcsh.unl.pt)


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Fig.1 Corte de talha que foi identificada na sondagem

ligeiramente introvertido. A sua funcionalidade seria a de grandes quantidades, mas também devido à sua constante
tapar sobretudo panelas e cântaros, evitando que impurezas manipulação na aquisição de água, actividade que ocorreria
se depositassem no seu interior e as suas dimensões variam diariamente, levando à sua frequente quebra. Apresentam
entre os 0,098 m e os 0,168 m de diâmetro. fundo plano, corpo bojudo, colo alto e bordo ligeiramente
extrovertido e uma ou duas asas, côncavo-convexas, que
Os alguidares (fig. 3, f) são certamente os recipientes abertos ligam o colo à parte mesial do bordo. O diâmetro médio do
de maior dimensão, de forma troncocónica, fundo plano seu bordo é de 0,120 m não tendo sido possível aferir a sua
e bordo extrovertido. A sua funcionalidade seria muito altura.
diversificada e podia ser desde a preparação dos alimentos à
lavagem de utensílios. O diâmetro do seu bordo varia entre Entende-se por pote o recipiente fechado, no interior do
0,232 m e 0,346 m. qual se pode guardar diversos bens desde comida a objectos.
Os potes recuperados na Rua da Corredora têm forma
As talhas serviriam sobretudo funções de armazenamento, bojuda, assente em fundo plano e bordo extrovertido, com
maioritariamente, de conteúdos líquidos. Estes grandes uma altura média de 0,250 m. Um exemplar é no entanto
recipientes apresentam, na sua maioria, decorações incisas interessante, tendo em vista que apresenta forma aberta, mas
ou plásticas, pelo que seriam certamente objectos que paredes altas e direitas e bordo extrovertido, apresentando
estariam em lugares visíveis da casa. Ainda que não tenha decoração ondulada abaixo do bordo (fig. 3, c).
sido identificado em nenhum dos exemplares da Rua da
Corredoura, muitos destes recipientes apresentam, junto Os púcaros (fig. 3, a, d) são muito semelhantes a recipientes
ao fundo, pequeno orifício destinado à saída de líquidos recuperados em cronologias afins noutras cidades
que se guardassem no seu interior. O elevado estado de portuguesas, sobretudo no Vale do Tejo, tal como Lisboa,
fragmentação não permite inferir acerca da sua altura, mas o Almada ou Santarém (Barros e Henriques, 2003; Gaspar e
diâmetro do bordo rondaria os 0,250 m. Amaro, 1997: 340). Apresentam fundo plano, estrangulado,
que vai alargando até ao nível mesial, voltando a fechar junto
Os jarros são dos recipientes menos abundantes e teriam ao colo. Oferecem bordo recto e duas asas verticais, similares
como função servir líquidos à mesa. Apresentam corpo a outros objectos recuperados em Évora em contexto de
globular, assente em fundo plano e colo alto e estreito, produção do século XIV (Teichner, 2009, 981).
terminando em bordo recto do qual parte uma asa que
assenta na parte mesial do bojo. A sua altura média ronda As taças (fig.2, a-c) seriam utilizadas no consumo de
os 0,220 m. alimentos, individual ou colectivo. Apresentam formas
carenadas ou hemisféricas, assentes em bases planas, mas
Os cântaros (fig. 3, e) são, efectivamente, os recipientes destacadas, e bordos extrovertidos, com ou sem incisões que
mais frequentes, não apenas porque seriam utilizados em os demarcam, aplanados superiormente. No exterior das
300 AS CERÂMICAS NO SEU CONTEXTO - POTTERY WITHIN ITS CONTEXT

Fig.2 Recipientes cerâmicos recuperados no interior da talha


POSTER 301

Fig.3 Recipientes cerâmicos recuperados no interior da talha

paredes aparecem, não raro, marcas esgrafitadas, embora da sua função, pouco foi utilizado. Objectos semelhantes,
desconheçamos o seu significado. O seu diâmetro médio ainda que não frequentes nos contextos arqueológicos, são
ronda os 0,180 m. recuperados em cronologias distintas.

Os pratos (fig. 2 d-e) são os únicos recipientes troncocónicos Fragmento de bordo trilobado e parede de jarro produzido
assentes em pé anelar, alguns deles com o interior brunido com pastas claras e vidrado a verde nas paredes exteriores
e bordo extrovertido, em muito semelhantes às produções sugere tratar-se de fragmento de recipiente semelhante às
de outras localidades tais como Palmela, Almada e Lisboa produções medievais francesas da zona de Saintonge. Do
(Casimiro e Barros, este volume). O diâmetro médio do mesmo centro produtor parece ser ainda oriundo pichel,
bordo é de 0,232 m. cuja pasta é similar à peça anterior, mas superfície exterior
encontra-se revestida com vidrado de cor melada (fig. 3 b).
Ainda que as candeias sejam peças muito frequentes nos Ainda que regularmente identificados em diversos países
contextos medievais, o presente contexto ofereceu apenas Europeus, com os quais aquela zona francesa mantinha
dois destes objectos que seriam utilizados na iluminação um intenso comércio baseado sobretudo no vinho (Brown,
nocturna, semelhantes aos que normalmente se recuperam 2002, 26), em Portugal o seu aparecimento tem sido apenas
em contextos arqueológicos com cronologias afins. esporádico com achados em Lisboa ou Porto, entre outros
locais, normalmente associados a centros urbanos (Fernandes
Foi ainda identificado artefacto cerâmico subcircular et alii, 165; Real et alii, 177).
com dois orifícios. Este tem sido identificado em diversos
contextos arqueológicos como um peso, possivelmente Fragmento de prato com pasta clara esmaltado a branco
utilizado em teares, no entanto, é possível que tenha servido e decorado a verde e manganês aponta para as produções
outras funcionalidades tais como a produção de cordéis, espanholas de Paterna do século XIV e XV . Ambas
provavelmente efectuada dentro de casa. O pouco desgaste importações demonstram que a população de Évora tinha
apresentado nos orifícios faz-nos crer que, independentemente acesso e conhecimento ao que de melhor se produzia na
302 AS CERÂMICAS NO SEU CONTEXTO - POTTERY WITHIN ITS CONTEXT

Europa, ainda que a sua reduzida quantidade e estado de CASIMIRO, T.M. (2013) – Faiança Portuguesa: datação e
fragmentação não nos permita inferir acerca da riqueza da evolução crono-estilista, Revista Portuguesa de Arqueologia,
casa a quem esta talha pertencia. 16, pp. 351-367.

No interior da talha foram ainda recuperados diversos CATARINO, H. (1995) – Cerâmicas Tardo-medievais/
objectos metálicos, entre os quais se destacam os pregos Modernas do Alto Alentejo: a escavação de um silo na vila
em ferro, mas igualmente restos de alimentação, sobretudo
fauna mamalógica. do Crato, in: Actas das 1as Jornadas de Cerâmica Medieval
e Pós-Medieval, Tondela: Câmara Municipal de Tondela,
CONCLUSÃO pp. 129-136.

A homogeneidade do sedimento no qual estas peças se FERNANDES, L.; MARQUES, A.; TORRES, A. (2008) –
encontravam envolvidas e o facto de fragmentos do bordo se Ocupação Baixo-Medieval do teatro Romano de Lisboa: a
encontrarem dispersos pelos 0,060 m escavados indicam que propósito de uma estrutura hidráulica, as cerâmicas vidradas
aquela grande talha foi abandonada e preenchida com lixos e esmaltadas, Arqueologia Medieval, 10, pp. 159-183.
domésticos num único momento.
GASPAR, A.; AMARO, C. (1997) – Cerâmicas dos séculos XIII-
Atendendo à dimensão total da talha cremos que todos estes XV da Cidade de Lisboa, in: VIe Congrès International sur
restos devem ser provenientes da mesma habitação ou de um
conjunto muito próximo de habitações, sobretudo porque la Céramique Médiévale en Méditerranée, Aix-en-Provence,
se trata de grupo muito coerente de cerâmicas possivelmente pp. 337-345.
todo produzido na mesma olaria.
GONÇALVES, A.; SCHIERL, T.; TEICHNER, F. (2003) – A
A maior parte dos recipientes pode ser classificada como change of pottery style under Dom Sancho II? A coin-dated
produções locais, manufacturadas nas olarias de Évora, pottery sequence from a medieval silo excavated in the
com paralelos em escavações ali efectuadas tanto em zona cloister of the City Museum of Évora (Alentejo, Portugal),
de consumo como zonas de olaria e sugerem tratarem-se de Arqueologia Medieval, 8, pp. 237-252.
produções da segunda metade do século XIV ou ainda os
primeiros anos do século XV (Teichner, 2009), distinguindo- PEREIRA, M; NÓBREGA, A.; HENRIQUES, A.; SANTOS, H.;
se das produções referentes ao século XVI (Teichener, 2003).
(2005) – Silos do Castelo de Montemor-o-Novo: o espólio
cerâmico, Almansor – Revista de Cultura, 4, 2ª série, pp.
BIBLIOGRAFIA
109-148.

ALMEIDA, S.; GONÇALVES, A.; Teichner, F.; Schierl, T. (2008) REAL, M.; GOMES, P.; TEIXEIRA, R.; MELO, R. (1995) –
– A olaria quatrocentista da Porta da Alagoa. Resultados das Conjuntos cerâmicos da intervenção arqueológica na Casa
intervenções arqueológicas no antigo Palácio dos Sepúlvedas do Infante – Porto: elementos para uma sequência longa
(Évora), Arqueologia Medieval, Nº 10, ISSN 0872-2250, – séculos IV-XIX, in: Actas das 1as Jornadas de Cerâmica
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Tondela, pp. 171-186.
BARROS, L.; HENRIQUES, F. (2003) – Rua da Judiaria: um
Celeiro nos Arrabaldes da Vila, in: Actas das 3as Jornadas TEICHNER, F. (2003) - Dois conjuntos de cerâmicas
de Cerâmica Medieval e Pós-Medieval, Tondela: Câmara
quinhentistas, provenientes do Convento de São Domingos
Municipal de Tondela, pp. 135-144.
e do claustro da Igreja de São Francisco, em Évora (Alentejo),
BROWN, D. (2002) – Pottery in Medieval Southampton c.
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TEICHNER, F.; SCHIERL, T. (2009) – A olaria medieval da
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série, Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, pp. 689-726. Arqueologia Medieval, pp. 975-986.

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