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Analises Quimicas Do Solo e o Controle
Analises Quimicas Do Solo e o Controle
Analises Quimicas Do Solo e o Controle
120-136 2012
Centro de Ciências Agrarias e Ambientais-Universidade Federal do Maranhão, MA.
ISSN 1982-4831
Análises químicas do solo e o controle de qualidade dos laboratórios
Resumo – A agricultura moderna exige o uso de fertilizantes e corretivos em quantidades adequadas para atender a
critérios econômicos, as necessidades das culturas e conservar e/ou propiciar aumentos na fertilidade do solo, entre
outros fatores esta melhoria pode ser atingida através da avaliação da disponibilidade de nutrientes existentes no solo e
neutralização de elementos tóxicos. Neste contexto, a análise da fertilidade das terras tem sido um dos principais
veículos de transferência aos produtores de tecnologia obtida através de pesquisas, e também uma das principais
ferramentas a serem utilizadas para a racionalização dos custos com adubação e calagem de culturas. Para a sua
recomendação é indispensável que se utilize dos resultados da análise de solo da maneira mais eficiente possível, desta
forma, observa-se a grande importância dos laboratórios de análise de amostras de terra, que tem como função fazer a
sua caracterização química e física. A análise de amostras de terra disponibiliza ao produtor rural informações
imprescindíveis ao sucesso da sua lavoura e cabe aos laboratórios prezar pelo controle de qualidade das suas operações.
Abstract - Modern agriculture requires the use of fertilizers and in adequate quantities to meet the economic criteria,
the crop needs and maintain and/or enable increases in soil fertility, among other factors this improvement can be
achieved by assessing the availability of nutrients in the soil and neutralization of toxic elements. In this context, the
analysis of fertility of the soil has been a major vehicle for transfer to producers of technology obtained through
research, and also one of the main tools to be used to rationalize the cost of liming and fertilization of cultures. In its
recommendation is vital to use the results of soil analysis, the most efficient manner possible, thus, there is the great
importance of the laboratory analysis of soil samples, which is designed to make its chemical and physical
characterization. The analysis of soil samples provides essential information for the agricultural producers to the
success of their crops and it is laboratories appreciate the quality control of its operations.
Keywords: Analysis, soil, laboratory, quality.
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que são excitados pelo calor de uma chama de Segundo Raij (1991) na extração de
GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) atingindo metais, tais como Cu, Fe, Zn e Mn, têm sido
temperaturas próximas de 700° C, e empregados muitos extratores, sendo indicado
anteriormente a leitura do extrato o aparelho atualmente o uso de DTPA, Mehlich 1 ou de
deve ser calibrado com solução conhecida de HCl 0,1 mol L-1. No caso do elemento boro o
potássio (TOMÉ JÚNIOR, 1997). método de extração com água quente ainda é
o mais utilizado, sendo este proposto por
Determinação de micronutrientes (cobre, Berger e Truog (1940) (RAIJ, 1991).
ferro, manganês, zinco e boro) O princípio da determinação de
micronutrientes em amostras de terra consiste
De acordo com Raij (1991), a extração na extração dos microelementos através de
e determinação de micronutrientes em solos é solução quelante,
mais complexa que a convencional de dietilenotriaminopentacético (DTPA) ou
macronutrientes, pois problemas como solução mista de ácidos, como o extrator de
contaminações, tanto na fase de amostragem Mehlich 1, seguindo-se a determinação dos
através de ferramentas inadequadas, como seus teores através da espectrofotometria de
também na fase laboratorial pelo emprego de absorção atômica (EMBRAPA, 1997). Raij et
reagentes muitas vezes impróprios para tais al. (2001), cita, além da espectrofotometria de
determinações, podem causar erros. Os absorção atômica, a espectrofotometria de
micronutrientes apresentam-se em teores emissão em plasma (ICP-AES) para a
baixos sendo de difícil detecção, aumentando determinação de micronutrientes.
o erro analítico e ainda não há concordância O método de extração através do
nos métodos a serem usados no Brasil (RAIJ, DTPA está entre os mais eficientes para a
1991). avaliação de micronutrientes (SILVA, 1999).
Os laboratórios de análises de O princípio do método DTPA, desenvolvido
amostras de terra no Brasil têm utilizado por Lindsay e Norvell (1978), é a
diferentes soluções extratoras para a complexação dos metais (RAIJ et al., 2001).
quantificação de micronutrientes, nas quais De acordo com ABREU et al. (1997), em seus
destacam-se os ácidos diluídos, complexantes estudos realizados em solos do Estado de São
orgânicos e soluções salinas diluídas, porém Paulo, verificaram que os valores de
tais soluções vêm sendo utilizadas sem uma correlação obtidos entre os teores de Zn ou de
devida e criteriosa avaliação de eficiência Cu em amostras de solo extraídos pelo DTPA
(ORTIZ et al., 2007). e seus teores na planta se mostraram iguais ou
melhores do que aqueles obtidos utilizando-se
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os extratores Mehlich 1 e HCl que são aqueles íons extraídos podem ser determinados pela
comumente utilizados no Brasil. titulação ácido-base ou, pela
Na maioria dos laboratórios do Estado espectrofotometria de absorção atômica, por
do Paraná, utiliza-se solução Mehlich 1, meio de leitura direta no aparelho (TOMÉ
proposta por Nelson e Mehlich (1953) para JÚNIOR, 1997).
extrair os micronutrientes Fe, Cu, Zn e Mn No caso da titulação, esta é feita com
em amostras de solos, pois a adoção de tal o titulador NaOH 0,025 mol L-1 diluído com
extrator não implica em custos adicionais e um indicador, a fenolftaleína ou azul de
também dispensa adaptações da estrutura bromotimol. Quando a solução de NaOH
física dos laboratórios, pois já é utilizado entra em contato com o extrato, as hidroxilas
rotineiramente para extração de P e de K do (OH-) reagem com os íons de Al3+ formando
solo (ORTIZ et al., 2005). o hidróxido de alumínio (Al(OH)3) que é
Segundo Ortiz, Brito e Borkert (2007) insolúvel, até que todos os íons Al3+ sejam
em estudo realizado no município de consumidos e então o indicador mude de cor
Mamborê-PR, utilizando amostras indicando o fim da reação. O NaOH tem sua
superficiais coletadas da camada de 0 a 20 cm concentração ajustada de forma tal que o seu
e de forma aleatória de um Latossolo volume gasto na titulação corresponde a
Vermelho distrófico de textura franco quantidade de Al presente no solo, sem
arenosa, comparando os extratores Mehlich 1 necessidade de cálculos após a leitura (TOMÉ
e DTPA para a quantificação de zinco, cobre JÚNIOR, 1997; EMBRAPA, 1997).
e manganês, observou que o extrator Mehlich
1 foi o que extraiu as maiores quantidades Determinação da matéria orgânica
destes micronutrientes e as maiores diferenças
entre as quantidades extraídas foram O teor de matéria orgânica de uma
observadas para o elemento manganês, amostra de terra pode ser determinado por
extraído com a solução Mehlich 1, como pode métodos diretos ou indiretos, entre os diretos
ser visualizado na tabela 1. temos a queima da matéria orgânica a 500°C,
forma trocável às cargas negativas que necessita de altas temperaturas tornando
dos colóides do solo, porém as quantidades de assim a análise cara e perigosa, ou a digestão
íons H+ são tão pequenas na forma trocável da matéria orgânica com água oxigenada
que pode-se dizer que a acidez trocável é o concentrada, mas neste caso a oxidação não é
mesmo que alumínio trocável. completa, e devido a tais limitações, tem-se
Segundo Silva (1999) utiliza-se para a preferência pelos métodos indiretos (TOMÉ
extração do Al3+ do solo o KCl 1 mol L-1 e os JÚNIOR, 1997).
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Tabela 1. Teores mínimos e máximos (mg dm-3) de Zn, Cu e Mn extraídos com soluções Mehlich 1
e DTPA em um LVd – Latossolo Vermelho distrófico, textura franco arenosa do município de
Mamborê, PR. Camada de 0-20 cm.
Extrator Zinco Cobre Manganês
Mehlich 1 0,39 – 1,63 1,02 – 1,94 20,99 – 46,73
DTPA 0,46 – 0,95 0,73 – 1,48 3,05 – 6,01
FONTE: Ortiz et al. (2007). transcendem a análise, como a definição da
Controle de qualidade dos laboratórios responsabilidade pelo laboratório ou pelo
controle de qualidade, treinamento do pessoal
Segundo Raij et al. (1987) os erros envolvido nas diversas atividades, descrição e
analíticos prejudicam tanto a precisão, que fácil acesso aos procedimentos laboratoriais,
está relacionada com a proximidade em documentação das etapas envolvidas na
relação ao valor verdadeiro, quanto à exatidão análise com anotações completas e precisas,
dos resultados, referindo-se à concordância uso de computadores ou meios eletrônicos
das medidas entre si, e podem ser divididos para geração e manuseio de dados,
em erros determinados ou sistemáticos que manutenção de equipamentos, observação da
são conhecidos e tem valores definidos, e qualidade dos reagentes, uso de amostras-
podem ser corrigidos no resultado final, como controle e participação em programas
limitações de equipamentos de laboratório, interlaboratoriais.
calibração inadequada de buretas e pipetas, O uso da amostra-controle, ou padrão
erros pessoais como verificação da mudança de laboratório, com o decorrer dos anos se
de cor de um indicador, e erros tornou indispensável no controle de qualidade
indeterminados que não possuem valores dos laboratórios de análises de solos, pois
definidos e somente através de procedimentos através dela pode-se determinar tanto os erros
estatísticos podem ser considerados. determinados como os indeterminados (RAIJ
O controle de qualidade realizado et al., 1987). Amostras-controle são amostras
diariamente em um laboratório de solos tem com teores ou concentrações conhecidos,
como objetivo decidir se tais resultados devem ser homogêneas inclusive quanto à
analíticos obtidos são aceitáveis ou devem ser granulometria, o ideal é utilizar amostras-
descartados (RAIJ et al., 2001). Segundo padrão ou certificadas, que foram preparadas
Silva (1999) a qualidade dos resultados e garantidas por uma instituição idônea,
fornecidos pelo laboratório não deve se porém tais amostras são muito caras para uso
limitar apenas ao controle analítico, mas deve em rotina, por isso podem ser preparadas no
envolver diversos outros cuidados que próprio laboratório a partir de amostras
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homogêneas, analisadas repetidas vezes a fim assim por parte do analista o erro de pré-
de se obter uma estimativa razoável dos julgamento. Para o preparo da amostra-
valores verdadeiros e intervalos de confiança controle deve-se escolher pelo menos quatro
para os resultados desejados (SILVA, amostras de solo com resultados em faixas de
1999).Normalmente dois sistemas são teores variados para as determinações no
utilizados para o controle de qualidade das laboratório, estas devem ser secas, peneiradas
análises através do uso de amostras-controle, e homogeneizadas, na quantidade de amostra
o primeiro que consiste em repetir, a suficiente para um ano, em seguida faz-se as
intervalos regulares de amostras analisadas, a análises químicas seguindo a rotina do
análise de uma única amostra-controle, e, o laboratório, no mínimo dez vezes e em dias
segundo, repete-se, a intervalos irregulares, a diferentes, os resultados das diferentes
análise de uma de várias amostras-controle, determinações devem ser tabulados e
sendo o uso simultâneo destes dois sistemas estimados os valores da média, desvio-padrão
um acompanhamento detalhado da atividade e coeficiente de variação, caso ocorram
analítica desenvolvida como também a resultados discrepantes dentro das
identificação de possíveis erros sistemáticos determinações realizadas, ao ponto de elevar
existentes, e ainda fornecendo indicações o coeficiente de variação acima de 20%, tais
sobre suas causas (ZULLO, 1985). resultados deverão ser rejeitados e realizar
De acordo com Raij et al. (2001) outras repetições e novos cálculos estatísticos
atualmente no mercado brasileiro muitos (RAIJ et al., 2001).
reagentes disponíveis podem não ser de alta É mais comumente recomendado que
qualidade, por isso cada lote deve ser testado as amostras-controle sejam colocadas ao
antes de entrar em uso, e deve-se usar um acaso entre as demais amostras do lote a ser
caderno para anotar informações como analisado, pois deste modo o laboratorista não
quando o lote de reagentes entrou em uso, e consegue identificá-la e assim não incorra em
observar o período de validade destes, pois erro de pré-julgamento, porém com o passar
alguns reagentes orgânicos e soluções do tempo esta amostra pode ser identificada
preparadas podem sofrer alterações em um pelo operador pela cor ou aparência, devido a
curto período de tempo. isso o laboratório do IAC (Instituto
Segundo Raij et al. (1987) é Agronômico de Campinas) optou por colocar
conveniente utilizar em um laboratório de tais amostras em posições fixas e treinou os
rotina várias amostras-controle diferentes, e operadores para colaborar com o processo de
que sejam conhecidas apenas pelo qualidade (RAIJ et al., 2001).
responsável pelo laboratório, evitando-se
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