Psychology">
Aula 12 - Histeria e Neurose Obsessiva - Estacio
Aula 12 - Histeria e Neurose Obsessiva - Estacio
Aula 12 - Histeria e Neurose Obsessiva - Estacio
Clínica Psicanalítica
Aula 12: Os tipos clínicos da neurose
(neurose obsessiva e histeria)
“A disposição à neurose obsessiva: uma contribuição ao problema da escolha da neurose”. (FREUD, Obras
Psicológicas Completas, v. XII)
* O conceito aparece aqui pela primeira vez e foi acrescentado em 1915 nos Três ensaios, sendo
exemplificado pelo estádio sádicoanal, juntamente com o estádio oral (1915) e o estádio fálico (1923).
O problema: saber por que e como uma pessoa pode ficar doente de uma neurose.
Por que é que uma pessoa tem de cair enferma de uma neurose específica e não de outra?
(o problema da escolha da neurose).
Podemos presumir que estes desenvolvimentos não são sempre tão serenamente realizados que a
função total atravesse esta modificação regular progressiva. Onde quer que uma parte dela se
apegue a um estádio anterior resulta o que se chama ponto de fixação, para o qual a função pode
regredir se o indivíduo ficar doente devido a alguma perturbação externa.
O que determina a regressão são fatores disposicionais ou fatores ligados à história do indivíduo.
Freud, posteriormente a esse pensamento preliminar, irá separar a paranoia e a demência precoce das
psiconeuroses de defesa e irá encontrar um paralelo entre a histeria e o complexo de édipo.
A ordem em que as principais formas de psiconeurose são geralmente enumeradas – Histeria, Neurose
Obsessiva, Paranoia, Demência Precoce – corresponde (ainda que não de modo inteiramente exato) à
ordem das idades em que o desencadeamento destas perturbações ocorre.
• Formas histéricas de doença — podem ser observadas mesmo na mais primitiva infância;
• Neurose obsessiva — geralmente, apresenta seus primeiros sintomas no segundo período da
infância (entre as idades de 6 e 8 anos).
As outras duas psiconeuroses, reunidas sob o título de parafrenia*, não aparecem senão depois da
puberdade e durante a vida adulta.
As parafrenias foram os primeiros distúrbios acessíveis à indagação de Freud sobre as disposições que
resultam na escolha da neurose.
No entanto, o aparecimento de um sintoma patológico nada tem a ver com sua origem na história de
desenvolvimento do indivíduo. Embora as parafrenias apareçam após a puberdade, apresentam
características peculiares — megalomania, dificuldade da transferência na relação analítica — que
indicam uma fixação em um ponto — na fase autoerótica ou narcísica — em que ainda não houve a
escolha objetal.
Assim, estas formas de moléstia, que fazem seu aparecimento tão tardiamente, remontam a inibições
e fixações muito primitivas.
Freud supõe, por consequente, que a disposição às duas psiconeuroses de transferência, a histeria e a
neurose obsessiva, teriam seus pontos de fixação em estádios posteriores do desenvolvimento libidinal.
• E, acima de tudo, qual seria a diferença de fases que determinaria uma disposição para a neurose
obsessiva, em contraste com a histeria?
Ele afirma, então, que no decorrer do caso em questão, identificou a origem das duas psiconeuroses em
conteúdos distintos – situação de exceção que nega a afirmação que a escolha da neurose é
independente da experiência.
Sua necessidade sexual foi obrigada a encontrar expressão nestas formas sintomáticas, após sua
vida genital ter perdido todo o valor devido à impotência do único homem que lhe poderia
importar.
Primeiro o autoerótico, onde as pulsões parciais do indivíduo buscam satisfação no próprio corpo, ainda
fragmentado.
Depois, essa mesma satisfação já se faz com a escolha de um objeto que é o próprio corpo, constituído
e reconhecido. Mas, antes de se chegar à primazia dos genitais, descobre um estádio intermediário,
onde predominam os impulsos anal‑erótico e sádico.
Freud identificou (a vida sexual da paciente começou, em sua mais remota infância, com fantasias de
espancamento) um forte impulso anal‑sádico e supõe que, no período de latência, esse impulso de
dominação (ser dominado ou castrado pela dominação) deu ensejo a um crescimento moral exaltado
(aqui já se vê o começo da teoria da castração). Quando sua vida sexual desmoronou, a paciente voltou
ao estádio infantil anal-sádico.
É preciso lembrar que o erotismo anal está diretamente ligado à atitude passiva.
A tendência passiva é alimentada pelo erotismo anal, cuja zona erógena corresponde à antiga e
indiferenciada cloaca. Uma acentuação deste erotismo anal, no estádio pré-genital de organização,
deixa atrás de si uma predisposição significante ao homossexualismo nos homens, quando o estádio
seguinte da função sexual, a da primazia dos órgãos genitais, é atingido.
(No entanto, parece questionável a hipótese de que haja uma ligação direta entre a disposição anal e o
homossexualismo, já que não guarda relação estrita com a escolha objetal do mesmo sexo, bem mais
complexa e que envolve diversos fatores como a identificação etc.).
• Isso tem direta relação com o reconhecimento da existência de zonas erógenas e de um conceito
ampliado de função sexual que não se resume à função genital.
• O ego parece querer proteger sua escolha objetal proibida (proteger seu amor objetal) da
hostilidade que espreita por trás dele. A consciência moral se desenvolve precocemente. Daí
afirmar‑se que o ódio é precursor do amor (ódio pela frustração de uma escolha objetal impossível
que irá se transformar em amor por um novo objeto). Ódio e, portanto, culpa seriam relações
emocionais primárias.
• Freud termina o texto fazendo algumas ilações sobre a histeria, que estaria ligada aos órgãos
genitais, mas que haveria algo mais primitivo, já que nas mulheres histéricas se daria uma regressão
a um estado pré‑genital, onde o impulso masculino foi reprimido. Mas não aprofunda o que seria
essa sexualidade masculina abandonada e essa relação com a histeria será parcial (se não
totalmente) abandonada.