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Meira Et Al (2017) - O Caminho Das Pedras

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O Caminho das Pedras...

O CAMINHO DAS PEDRAS – UMA PROPOSTA


DE ROTEIRO METODOLÓGICO PARA ATIVIDADES
PRÁTICAS EM GEOCONSERVAÇÃO

Suedio Alves Meira 1


Marcos Antonio Leite do Nascimento 2
Artur Agostinho de Abreu e Sá 3
Edson Vicente da Silva 4

Resumo: A geoconservação é compreendida pelo conjunto de ações que têm por


objetivo a manutenção do geopatrimônio. Apesar de sua relevância na efetivação de
medidas sistêmicas de conservação da natureza, ainda não é comum o emprego,
em larga escala, de atividades referentes a esse campo. Tal fato decorre da gênese
recente dos conceitos basilares para o desenvolvimento das pesquisas, pela difícil
compreensão das etapas metodológicas que integram o seu escopo, e o descaso do
poder público ante a questão ambiental. Diante deste fato, o presente artigo, tendo
como base uma discussão teórica, trata dos principais conceitos referentes à
temática e propõe um roteiro para o desenvolvimento de estudos práticos em
geoconservação, tendo como foco principal as etapas de inventário e avaliações
qualitativa e quantitativa do geopatrimônio.
Palavras-Chave: Geodiversidade; Geopatrimônio; Conservação; Planejamento.

THE STONE PATH – A METHODOLOGY


PROPOSAL FOR PRACTICAL ACTIVITIES IN
GEOCONSERVATION

Abstract: The geoconservation is comprised by the actions aiming the geoheritage


preservation. Besides its relevance in taking systemic measures for nature
preservation, the large scale use of these actions is not yet frequent. This fact comes
from the recent origin of basic concepts in the research field, from the difficulties in
understanding the methodological steps in this scope and the lack of interest of the
public administrations concerning environmental issues. In this context, the present
article takes a theoretical discussion as a base to treat geoconservation practical
studies with a main focus in the geoheritage inventory, and qualitative and
quantitative evaluation steps.
Keywords: Geodiversity; Geoheritage; Conservation; Planning.

1
Doutorando em Geografia - Universidade Federal do Ceará. E-mail: suediomeira@gmail.com
2
Profess or Adjunto - Univers idade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: caxexa@yahoo.com.br
3
Profess or - Univers idade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD – Portugal). E-mail: asa@utad.pt
4
Profess or Titular - Universidade Federal do Ceará. E-mail: cacauceara@gmail.com
Estudos Geográficos, Rio Claro, 15(2): p-p, ju l./dez. 2017 (ISSN 1678—698X)
http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/estgeo
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INTRODUÇÃO
A geoconservação constitui o conjunto de atividades que visam a manutenção
das potencialidades do geopatrimônio existente em uma determinada porção do
território. Diversas são as medidas que podem ser tomadas em busca da
geoconservação, desde ações embasadas por questões legais, como a instituição
de unidades de conservação, até exercícios mais elementares, como a inserção de
conteúdos relacionados às geociências em atividades de educação formal e
informal. Sendo assim, uma busca intrínseca à essa ação é compreendida pela
popularização de conceitos e temas referentes às Ciências da Terra, o que propaga
a relevância da componente abiótica da natureza para os diversos nichos da
sociedade, ocasionando a consolidação de uma consciência ambiental sistêmica.
É certo afirmar que, apesar da relevância que apresenta, as atividades em
geoconservação não são comuns em âmbito nacional. Tal fato decorre da gênese,
na década de 1990, dos conceitos de geodiversidade e de geopatrimônio (ou
patrimônio geológico), que foi base para o desenvolvimento de pesquisas, o que faz
com que a divulgação dos mesmos se encontre ainda numa fase de expansão no
meio acadêmico. A conjuntura é complementada pela difícil compreensão das
etapas metodológicas que integram o escopo da geoconservação e o descaso do
poder público ante a questão ambiental.
O que é geodiversidade? Quais elementos englobam o geopatrimônio? Como
proceder na inventariação de geossítios? Qual metodologia usar para avaliar os
locais inventariados? Essas e outras questões são frequentes entre aqueles que
começam a desenvolver estudos voltados à geoconservação no âmbito acadêmico.
Sendo que os questionamentos são aprofundados quando a temática é apresentada
a gestores públicos, os quais se deparam com uma enorme quantidade de palavras
com o prefixo “geo” sem que haja um entendimento objetivo de seus significados.
Diante deste fato, o presente artigo pretende contribuir com respostas às
questões elencadas. Para tanto, são debatidos os principais conceitos da temática e
proposto um roteiro para o desenvolvimento de estudos práticos em
geoconservação. O roteiro elaborado tem como foco principal as etapas de
inventário e avaliação qualitativa e quantitativa do geopatrimônio, as quais, segundo
Borba et al. (2013, p. 276), constituem a ‘geoconservação básica’, ou seja, os
“procedimentos mais fundamentais e que irão embasar subsequentes estratégias de
proteção e valorização dos lugares de interesse geológico”.

1. Geoconservação: Por quê, como e para quem?


Antes de abordar propriamente o tema da geoconservação, é necessário
definir os conceitos de geodiversidade e geopatrimônio. A geodiversidade é a
variedade de natureza abiótica que compreende as estruturas (sedimentares,
tectônicas), os materiais geológicos (minerais, rochas, fósseis e solos) e os
processos ativos ou pretéritos que deram origem aos elementos abióticos da
paisagem, sendo a base para o desenvolvimento de todas as formas de vida e
atividades orgânicas, inclusive as antrópicas (NIETO, 2001; GRAY, 2004).
Apesar dos diversos usos que a sociedade atribui à geodiversidade, não
existe, porém, uma consciência do seu valor intrínseco. Diferente da biodiversidade,
que apresenta medidas de proteção específicas aos seus elementos, sendo alvo de
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ações de marketing ambiental, os componentes da geodiversidade são


frequentemente ignorados e até incompreendidos. Este fato decorre, entre outros
motivos, da diferente dimensão entre a escala de tempos biológico e geológico, que
dificulta o diálogo entre o conhecimento científico e a população, por ser necessário
um exercício de abstração que permita compreender os processos de formação e a
importância dos elementos, ou mesmo pela iliteracia geológica (BRILHA, 2004).
Essa última será resultante da ausência ou escassez de conteúdo das Geociências
nos parâmetros curriculares dos Ensinos Fundamental e Médio, frequentemente
complementada pela linguagem técnica característica desse campo do saber.
Nesse enquadramento é necessário alçar ações que visem a conscientização,
por parte da sociedade, da importância da conservação dos elementos de natureza
abiótica. Porém, é certo afirmar que tal fato só poderá ocorrer quando houver um
maior entendimento dos valores associados à geodiversidade, bem como uma
aproximação entre a sociedade e esses elementos, o que se dará por meio de uma
concepção de pertencimento, ou seja, da geodiversidade enquanto patrimônio
sendo, então, formulado o conceito de Geopatrimônio (ou Patrimônio Geológico).
Por outro lado, parece ser utópico e até impossível alçar medidas de
conservação a todos os elementos que compõem a geodiversidade, já que a
população mundial necessita dos mesmos, enquanto recursos, para a manutenção
do seu status quo. Sendo assim, o Geopatrimônio é definido como um conjunto de
elementos de natureza geológica que se destacam, seja pelo seus valores científico,
educativo, turístico, ou outro (CARCAVILLA et al., 2008). Nesse sentido, a
geodiversidade corresponde à totalidade dos elementos abióticos, enquanto o
geopatrimônio é composto pelas feições que adquirem relevância/valor excepcional
de acordo com a avaliação humana.
Assim, as medidas de geoconservação devem estar vinculadas ao
geopatrimônio, mas não necessariamente à geodiversidade, porém, é possível
afirmar que toda atividade geoconservacionista se reflete em promoção e
conservação dos elementos de geodiversidade (Figura 1). A própria definição do
conceito de geoconservação, enquanto o conjunto de “atividades que têm com
finalidade a conservação e gestão do patrimônio geológico e dos processos naturais
a ele associados” (CUMBE, 2007, p. 43), salienta tal ponto. Os estudos devem
elencar e formular medidas de conservação de locais-chave e de sítios que se
destacam dos demais, que concentrem aspectos/elementos raros, que atuem como
síntese da geologia e da geomorfologia regional, ou seja, espaços onde a perda
e/ou modificação configurem um dano inestimável para o usufruto das gerações
vindouras.

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Figura 1: Ciclo mostrando a relação entre geodiversidade, geopatrimônio e


geoconservação

Fonte: Autoria própria.

A geoconservação enquadra-se, também, no modelo da sustentabilidade


(BRILHA, 2005); nesse enquadramento, consiste numa atividade que pode ser
repetida por tempo indeterminado e que leva em consideração os eixos ambiental,
social-cultural e econômico. No eixo ambiental, por meio do incentivo de prática de
conservação da natureza, popularização das geociências e de medidas de educação
e conscientização ambiental; no eixo social-cultural, por estimular a proteção dos
elementos para as gerações futuras, bem como as relações entre sociedade-
natureza; e no eixo econômico, por impulsionar estratégias de gestão territorial,
pautadas no desenvolvimento econômico local.
Diante do exposto, é possível responder o porquê da importância das
medidas de geoconservação, como devem ser concretizadas e para quem são
direcionadas. A geoconservação precisa ser realizada porque a sociedade enfrenta
um desconhecimento significativo da importância dos elementos abióticos para a
manutenção da vida, o que resulta em uma conscientização ambiental incompleta,
que concebe o patrimônio natural apenas enquanto os elementos bióticos
(biodiversidade) e não como o conjunto de relações dialéticas entre esses e o seu
meio, em particular a componente abiótica (geodiversidade). Nesse contexto, a
geoconservação deve ser efetivada por meio de atividades diversas ligadas à
conservação e gestão do geopatrimônio natural, sendo a realização dessas ações
benéficas a diferentes setores da sociedade.

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2. “O CAMINHO DAS PEDRAS” – UMA PROPOSTA DE ROTEIRO


METODOLÓGICO

Os frequentes entraves – ainda presentes na academia – que contribuem


para a não popularização da temática da geoconservação são dados pela
dificuldade no entendimento dos procedimentos para a realização de atividades
práticas e pela confusão causada pela quantidade de metodologias presentes na
literatura (BROCX e SEMENIUK, 2007; RUBAN, 2010). Entendemos, por isso, ser
correto afirmar que este campo da Ciência se encontra numa etapa “juvenil” das
discussões das propostas, ou seja, os pesquisadores ainda estão a propor conceitos
e metodologias em seus estudos, mesmo já sendo considerado por alguns
pesquisadores, como uma nova área das geociências (HENRIQUES et al., 2011;
BRILHA e SÁ, 2012).
Diante da confusão que pode ser causada para quem se propõe a ingressar
nessa área do pensamento, o presente artigo tem como objetivo propor um roteiro
metodológico simplificado de como deve ser realizado um estudo básico de
geoconservação. O roteiro foi construído com base nas etapas de uma estratégia de
geoconservação, previamente propostas por Brilha (2005) e por Lima (2008), porém
foi alçada a partir de uma linguagem diferenciada, de indicações de metodologias
amplamente utilizadas no contexto brasileiro e da supressão/adensamento de
processos.
O roteiro é estruturado em quatro procedimentos distintos, sendo divididos em
seis etapas (Figura 2): i) Pré-inventário: composto pelas etapas de definição da área
de estudo e pelo detalhamento do meio físico; ii) Inventário dos geossítios:
compreende a inventariação dos locais de interesse geológico-geomorfológico; iii)
Avaliação dos Geossítios: composta pela avaliação qualitativa e/ou quantitativa dos
geossítios inventariados; e, iv) Valorização e divulgação dos geossítios: contempla
as etapas de seleção dos geossítios a serem valorizados/divulgados e o
planejamento de ações de conservação.

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Figura 2: Fluxograma do Roteiro Básico para o Desenvolvimento de


Estratégias de Geoconservação

Definição da Área de Pesquisa

Índice de
Identificação da
Detalhamento do Meio Físico Geodiversidade
Geodiversidade

Levantamento de Inventário dos Geossítios Trabalho de Campo


Trabalhos Realizados
Interpretação Geo lógica

Seleção e Análise de
Locais de Interesse

Tipologia (FUERTES-GUTIÉRREZ e Entrevistas com


FERNÁNDEZ-MARTINEZ, 2010) População Local

Avaliação Qualitativa Avaliação Quantitativa

Conteúdos Patrimoniais (PENA Potencialidades Vu lnerabilidades


REIS e HENRIQUES, 2009)
Metodologia de
Valores da Geodiversidade Brilha (2005)
(GRA Y, 2004)
Metodologia de
Serviços Ecossistêmicos Pereira (2010 b)
Seleção dos Geossítios a serem
(GRA Y, 2013)
Valorizados/Divulgados
Metodologia de
Brilha (2016)

Planejamento de Ações de Valorização e


Divulgação do Geopatrimônio

Fonte: Autoria própria.

2.1 Primeira etapa – Definição da área de pesquisa: análise

O primeiro passo a ser tomado na realização de um trabalho relacionado à


temática do geopatrimônio e da geoconservação é a delimitação da área de estudo,
bem com a confecção de uma base cartográfica adequada à dimensão do território
em questão. A escolha da extensão da área de estudo e dos objetivos do projeto
devem obedecer à disponibilidade financeira, de recursos humanos, e ao tempo
para a finalização da pesquisa. É necessário definir a disponibilidade financeira, uma
vez que serão inevitáveis os gastos na realização de trabalhos de campo, impressão
de material cartográfico, uso/aquisição de material fotográfico, entre outros
investimentos, os quais são variáveis, dependendo da dimensão da área delimitada.
Os estudos das temáticas deverão ser interdisciplinares por excelência. Os
mesmos podem englobar profissionais das áreas da Geologia, da Geografia, do
Turismo, da Sociologia, da Ecologia, entre outras. Porém, mesmo com o amplo
espectro de abordagens intrínsecas aos inventários e às avaliações do
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geopatrimônio, que incentiva o emprego de diversos profissionais, os estudos


podem ser objetivamente realizados por uma equipe reduzida, dependendo das
finalidades elencadas, da dimensão da área de pesquisa e da geodiversidade
presente.
É possível encontrar diversos trabalhos acadêmicos, em especial
dissertações e teses, que realizaram inventários e avaliações do geopatrimônio de
forma primorosa (PEREIRA, 2006; AZEVEDO, 2007; PEREIRA, 2010a; PEREIRA,
2010b; LOPES, 2011; PINTO, 2013; BENTO, 2014; PROCHOROFF, 2014; MEIRA,
2016; GUIMARÃES, 2016; SANTOS, 2016). Porém, todos esses estudos
apresentam escalas locais-regionais, tendo como recorte espacial, principalmente,
limites municipais ou unidades de conservação. Já quando o estudo tem como
objeto uma área mais ampla, como um Estado ou país, torna-se necessário a
formação de uma equipe interdisciplinar, apresentando às vezes mais de um
profissional da mesma área de atuação. Percebe-se, então, que os trabalhos das
temáticas podem ser aplicados em diferentes escalas de análise, desde um
diagnóstico local a um inventário nacional de geossítios, sendo então passíveis de
utilização em diferentes medidas de planejamento e gestão territorial/ambiental.
Torna-se válido salientar que estudos diferentes realizados com
sobreposições de áreas não se anulam, mas se complementam. Dependendo da
escala de análise, dos objetivos elencados e das percepções dos pesquisadores
envolvidos, diferentes ocorrências poderão ser classificadas como geopatrimônio.
Porém, as delimitações e as definições dos geossítios devem apresentar
justificativas plausíveis, pautadas por referenciais teórico-metodológicos, incluindo
trabalhos de campo, que levem a salientar a relevância excepcional dos elementos
da geodiversidade em questão.
Um exemplo da multiescalaridade da temática e da complementariedade dos
estudos são os trabalhos realizados por Julio et al. (2013) e por Meira (2016), na
área da Ponta de Jericoacoara, município de Jijoca de Jericoacoara, litoral oeste do
Estado do Ceará. Tendo como foco a delimitação de geossítios científicos de
relevância nacional, segundo a Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e
Paleobiológicos (SIGEP), Julio et al. (2013) elencam toda a Ponta de Jericoacoara
enquanto um único geossítio de caráter geomorfológico.
Por sua vez, Meira (2016), ao realizar um trabalho em escala local e
objetivando elencar elementos do geopatrimônio passíveis de utilização em práticas
turísticas e educativas, distinguiu cinco geossítios na área da Ponta de Jericoacoara.
Analisando os estudos percebe-se que os mesmos apresentam justificativas
alicerçadas em critérios científicos para a delimitação dos geossítios e que se
complementam, sendo passíveis de utilização de forma conjunta em diferentes
atividades de divulgação das potencialidades do geopatrimônio da área pelos
gestores locais. Cada estudo está adequado a uma escala de análise, o que reflete
na forma de utilização dos mesmos, pelos órgãos de administrativos.

2.2 Segunda etapa – detalhamento/descrição do meio físico

O segundo passo é caracterizado pelo detalhamento/descrição do meio físico


da área de estudo. Essa etapa pode ser confundida com o próprio ato da
inventariação do geopatrimônio, já que se apropria de procedimentos metodológicos
semelhantes, sendo eles a revisão de literatura e a realização de trabalhos de
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campo (nesse momento de maneira ampla e preliminar). Porém, o objetivo dessa


fase é trazer um aparato geral sobre o ambiente físico, ou seja, realizar uma
descrição da geodiversidade do local e não elencar os espaços de caráter
excepcional. Configura-se, assim, num contributo para a etapa de inventariação por
permitir, por exemplo, a definição das tipologias de geossítios a serem inventariados.
Os pesquisadores devem buscar, nesse momento, inter-relacionar a
geodiversidade com a biodiversidade da área de pesquisa (Figura 3), bem como a
integração dos aspectos da geologia-geomorfologia e o contexto socioeconômico
local. A análise geossistêmica da paisagem deve ser um enfoque predominante
nessa etapa, ou seja, entender e descrever o ambiente enquanto uma dialética da
relação entre os elementos que o compõem.

Figura 3: Vista panorâmica dos Paredões do Janeiro (Tianguá-CE). A


elevação morfológica do Planalto da Ibiapaba propicia a fixação de vegetação de
grande porte na porção barlavento. Um refúgio de Mata Atlântica em meio à
Caatinga

Fonte: Autoria própria.

2.3 Terceira etapa – inventário do geopatrimônio

Segundo Brilha (2005), o inventário do geopatrimônio se configura como um


levantamento sistemático de locais dotados de características excepcionais e que se
destaquem dos demais. O inventário deve ser realizado em toda a área de estudo,
após o reconhecimento das características gerais da mesma.
Antes de iniciar as atividades referentes ao inventário, é necessário definir
qual o seu objetivo, se o mesmo tem como i ntuito elencar áreas segundo os valores
científico, educativo, turístico, dentre outros. Dependendo do tipo de geossítio a ser
inventariado, os pesquisadores precisam desenvolver percepções próprias, orientar
a adoção de referencial teórico para a vertente pretendida e adaptar os materiais de
apoio aos trabalhos de campo. A definição da tipologia também se refletirá nas
etapas de avaliação e valorização do geopatrimônio, a serem realizadas de forma
posterior ao inventário.
Diversos enfoques metodológicos de inventariação são passíveis de
abordagem. Pereira (2010b) realizou uma revisão sucinta sobre alguns
procedimentos e, segundo o autor, um dos métodos mais utilizados consiste na
definição de categorias temáticas (frameworks). Nessa abordagem, os locais
elencados como geossítios são os de maior representatividade em uma categoria
pré-definida. Diversos inventários nacionais de geopatrimônio são realizados tendo
como base essa proposta, percebendo-se então que a mesma é melhor aplicada em
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áreas extensas, por ser necessário uma grande diversidade de elementos geológico-
geomorfológicos para a definição das categorias e para a comparação entre os
locais relevantes e os irrelevantes.
Outros procedimentos metodológicos são melhores aplicados em áreas
reduzidas (escala local-regional), como: i) Método ad hoc; ii) Seleção de geossítios
dotados de características superlativas; e, iii) Abordagem estratégica. É válido
salientar que esses procedimentos, de acordo as características da área e dos
objetivos da pesquisa, podem ser realizados de forma isolada, ou em conjunto.
O método ad hoc envolve a identificação pontual dos geossítios, os quais são
selecionados de maneira isolada a partir de um enfoque local, permitindo em
pequenas áreas ou em locais com geodiversidade monótona, a escolha de diversos
geossítios pertencentes a uma mesma categoria temática. O método apresenta
como vulnerabilidade o fato de não contextualizar a área em análise, podendo gerar
resultados aleatórios, caso não seja utilizado de forma coerente pelo pesquisador.
A seleção de geossítios dotados de características superlativas contempla
locais que apresentam qualidades extraordinárias. Esta abordagem ignora o
contexto em que o geossítio está inserido, sendo esse critério passível de
abordagem em unidades de conservação, que apresentem elementos da
geodiversidade enquanto principais pontos turísticos/educativos e/ou como ambiente
representativo da identidade local.
A abordagem estratégica compreende o levantamento estratégico e
sistemático de geossítios. Em um primeiro momento, são realizados inventários de
reconhecimento, seguidos por inventários temáticos e sistemáticos, os quais
concretizam uma avaliação comparativa e interpretativa das feições e sistemas
(PEREIRA, 2010b). Por fim, são realizados inventários de detalhe, que consistem no
levantamento de informações específicas, com o intuito de elaborar estratégias de
manejo dos geossítios. Os inventários de geossítios realizados por meio de uma
abordagem estratégica são mais complexos e respondem ao contexto geológico
regional, já que há comparação entre áreas, sendo menos subjetivos e susceptíveis
a estrapolações.
Dois procedimentos são essenciais para a realização do inventário: o
levantamento dos estudos realizados na área de pesquisa que contemplem a
geodiversidade; e os trabalhos de campo. Salienta-se que, nesse momento, a
pesquisa bibliográfica deve apresentar caráter restritivo, estando atrelada aos
objetivos definidos para o inventário. Por exemplo, o levantamento deve
compreender a busca por locais salientados na literatura como relevantes para o
entendimento da história evolutiva da Terra se o intuito for inventariar locais de
relevância científica, ou locais propícios para o desenvolvimento de práticas
didáticas; se o objetivo for elencar as potencialidades educativas do geopatrimônio
ou locais nos quais são realizadas atividades turísticas; e caso o objetivo seja
elencar as potencialidades turísticas.
Os trabalhos de campo devem ser orientados por uma ficha interpretativa,
para que ocorra a padronização na seleção de locais de interesse geológico-
geomorfológico. É possível encontrar diversos modelos de fichas de campo em
estudos realizados em língua portuguesa, como os elaborados por Pereira (2006;
2010b), Guimarães (2016), entre outros. Torna-se válida a adaptação dos modelos,
visando melhor abarcar as características próprias da área de pesquisa e dos
objetivos do inventário. Alguns critérios básicos devem ser elencados na ficha de
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campo, como a localização dos locais de interesse geológico, o tipo do local, uma
descrição geológica sucinta, uma breve análise de parâmetros de uso e gestão do
território e uma avaliação preliminar das potencialidades e vulnerabilidades
socioambientais. O preenchimento dos parâmetros pode ser realizado totalmente
durante o trabalho de campo, ou parte em gabinete, quando se faz necessária a
complementação das percepções empíricas por meio de pesquisas bibliográficas.
Durante os trabalhos de campo do inventário, os pesquisadores devem
realizar uma interpretação geológica da área de estudo, ou seja, conseguir distinguir
quais os locais que adquirem relevância de acordo com os critérios adotados. O
objetivo do trabalho de campo será selecionar possíveis geossítios que, após o
cruzamento com as informações oriundas do levantamento bibliográfico e das
análises laboratoriais, serão ou não classificados como tais. Para alcançar esse
objetivo, é válido o uso de diferentes técnicas que perpassam a coleta de material e
as análises em laboratórios, registros fotográficos, comparação entre locais de forma
contextualizada, realização de entrevistas com a população local e/ou pessoas-
chave (agentes comunitários, pesquisadores que estudaram a área anteriormente,
guias de turismo, etc.), entre outros.
Uma abordagem que adquire destaque em meio à temática e é apontada
pelos autores do presente estudo como suporte aos trabalhos de campo de
inventariação do geopatrimônio, é a definição do índice de geodiversidade da área.
É valido salientar que a geodiversidade e o geopatrimônio apresentam metodologias
de análises distintas, não havendo, como salienta Manosso (2012), uma relação
entre geodiversidade e o número de geossítios. Porém, os estudos de quantificação,
por sua capacidade de diferenciar os hotspots de geodiversidade, podem ser
utilizados enquanto auxílio na etapa de inventário e na contenção de gastos com
trabalhos de campo, especialmente em áreas de grandes dimensões, já que podem
orientar os locais prioritários para as pesquisas.
Vários são os índices de quantificação da geodiversidade, sendo que dois
métodos são mais replicados e adaptados no contexto brasileiro. O primeiro índice é
o proposto por Serrano e Ruiz-Flaño (2007), correspondendo a uma análise
integrada da paisagem, ao relacionar a variedade de ambientes físicos (geologia,
relevo, hidrologia, etc.) com a rugosidade do relevo e unidades geomorfológicas
previamente estabelecidas. O índice é definido pela equação:
Gd = Eg.R/Ln.S
Onde, Gd = índice de geodiversidade, Eg = Número de elementos físicos
diferentes na área em análise, R = Rugosidade, Ln = Logaritmo Neperiano, S =
Superfície da área em km².
A segunda metodologia foi proposta por Pereira et al. (2013), sendo o índice
obtido a partir da soma do número de elementos e ocorrências abióticas em uma
grade (grid) pré-estabelecida. O resultado final é calculado por meio da
sobreposição de mapas e apresenta um potencial de aplicação em áreas de
dimensões variadas e a atribuição de valores iguais a todos os elementos da
geodiversidade.

2.4 Quarta etapa – avaliação do geopatrimônio

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Avaliar é definido como o ato de averiguar, verificar e comparar determinados


objetos para conferir valor. Nos estudos em geopatrimônio, a etapa de avaliação
deve complementar a inventariação dos geossítios. É nesse momento que os
valores dos elementos da geodiversidade de caráter excepcional são descritos e
explicados para a sociedade e aos órgãos gestores. Diante disso, a avaliação
responde a questões como: Por que esse elemento da geodiversidade deve ser
considerado um geossítio? Por que traçar medidas de conservação para esse local?
A etapa de avaliação é uma resposta prática a ser apropriada em medidas de
planejamento territorial e gestão ambiental. Por meio de sua realização é possível
distinguir quais os geossítios que adquirem maior relevância de acordo aos critérios
adotados, quais locais merecem ser alvos de medidas de divulgação-valorização e
aqueles que, devido à vulnerabilidade, devem ser salvaguardados a outros, que
ficam disponíveis apenas para práticas de cunho científico.
A avaliação pode apresentar um caráter qualitativo, quando é realizada de
forma cursiva a descrição das potencialidades e vulnerabilidades. A percepção do
pesquisador e a subjetividade são elementos inerentes à realização da avaliação
qualitativa. Por outro lado, a avaliação também pode apresentar caráter quantitativo,
onde os parâmetros são definidos por índices numéricos, sendo que todos os locais
de interesse geológico devem ser submetidos aos mesmos valores e ponderações.
A avaliação quantitativa tem por objetivo a redução da subjetividade do processo,
embora a definição de critérios e a atribuição de valores seja, em si mesmo, um
exercício subjetivo.
Diferentes métodos de avaliação qualitativa do geopatrimônio estão
disponíveis na literatura. A metodologia proposta por Gray (2004) abarca os valores
da geodiversidade, os quais são definidos por sete grandes categorias (sendo essas
divididas em 32 subcategorias) sendo elas: valores intrínseco, econômico, cultural,
estético, funcional, científico e didático. Estudos em âmbito nacional foram
realizados por Mochiutti et al. (2011; 2012) e Meira e Morais (2016). Os trabalhos
realizados expõem que a metodologia é passível de aplicação, tanto para o contexto
geral da geodiversidade como para geossítios previamente inventariados.
Por outro lado, Gray (2013) reformulou a metodologia de avaliação qualitativa
alçando da noção de Serviços Ecossistêmicos. A nova abordagem tem a Avaliação
Ecossistêmica do Milênio como base, sendo composta por um único valor, o
intrínseco, que corresponde ao valor de existência, por cinco serviços (regulação,
suporte, provisão, cultural e conhecimento) e por vinte e cinco bens e processos
(GRAY, 2013).
Silva e Nascimento (2016) realizaram um estudo sobre os valores da
geodiversidade da cidade de Natal (RN) de acordo com os serviços ecossistêmicos
propostos por Gray (2013). Segundo Silva e Nascimento (2016, p. 341), “[...] o
serviço de regulação da geodiversidade compreendem os processos que têm por
finalidade o controle natural das condições ambientais, seja do ar, da água e dos
solos”, por sua vez “[...] os serviços de suporte são aqueles em que a
geodiversidade dispõe de recursos para o desenvolvimento de atividades do ser
humano ou da própria natureza”.
O serviço de provisão corresponde à capacidade da geodiversidade em
disponibilizar bens materiais para a sociedade, já os serviços culturais se expressam
por meio das relações entre as manifestações culturais próprias de uma
determinada sociedade e a geodiversidade. Por fim, os serviços de conhecimento
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estão relacionados à geodiversidade enquanto alvo de estudos das Ciências da


Terra e elemento fundamental para o entendimento da história evolutiva do planeta
(SILVA e NASCIMENTO, 2016).
Por sua vez, Reis e Henriques (2009) desenvolveram uma metodologia
pautada nos valores patrimoniais. Segundo os autores, o conteúdo de um objeto
geológico com valor patrimonial pode ser descrito por meio do conjunto de conceitos
controlados pela relevância atribuída por comunidades científicas e pela
compreensão pública. As Ciências atribuem valores de importância, que variam de
escalas locais a globais, mediante a configuração do objeto enquanto representação
singular ou um marco crucial para a compreensão da história da Terra.
Por outro lado, a compreensão pública (ou percepção abstrata) é de caráter
subjetivo e varia da escala individual à escala social (quando uma ideia é aceita e
relacionada coletivamente a uma determinada feição geológica). A compreensão
pública de tais elementos geológicos está diretamente relacionada à função social
que os mesmos apresentam, podendo influenciar nas decisões políticas que apoiam
a instituição de medidas de geoconservação.
Diante disso, a avaliação qualitativa proposta por Pena Reis e Henriques
(2009) engloba parâmetros de conteúdos: i) Indicial: valor atribuídos a elementos
locais que por sua configuração expressam sistemas geológicos passados. São
geossítios que devido a sua forma ou disposição representam com clareza as
características do ambiente e os processos que o originaram. Esses locais são
amplamente utilizados para a divulgação científica; ii) Icnográfico: refere-se a um
conteúdo de escala local, resultante do conhecimento especializado de fenômenos
geológicos particulares. Estes fenômenos induzem o imaginário pessoal, pois
correspondem a uma visão estreita da Geologia, geralmente limitada a contextos
catastróficos e/ou exóticos. Como exemplos têm-se as pegadas de dinossauro ou
crateras resultantes dos impactos de meteoritos; iii) Simbólico: atribuído a locais
amplamente utilizados pelo público devido a razões eminentemente geológico-
geomorfológico. O valor da paisagem é geralmente alto, mas características
históricas ou geográficas contribuem na atração de pessoas; iv) Documental:
corresponde a conteúdos regionais que são um registro altamente demonstrativo
para a compreensão de processos e mudanças geológicas significativas atribuídas a
uma região. As comunidades científicas tendem a sobre avaliar esses conteúdos,
pois constituem objetos de estudos disciplinares; v) Cênico: são conteúdos regionais
que apresentam uma função recreativa elevada, sendo uma expressão harmoniosa
entre a conservação da natureza e a ocupação antrópica. O valor cênico da
paisagem é um conceito altamente abstrato, já que cada pessoa tem uma
concepção própria de beleza, porém diversos elementos da geodiversidade são
alvos de valorização turística; e, vi) Conceitual: compreende conteúdo em escala
global que se referem a ocorrências geológicas singulares. São sítios importantes
em referências teóricas da Geologia enquanto ciência, integrando marcos
estabelecidos como limites globais de eventos importantes na história da Terra,
como mudanças abióticas ou bióticas relevantes (anomalias geoquímicas, episódios
paleoclimáticos, padrões de diversidade biológica, entre outras).
Por fim, Fuertes-Gutiérrez e Fernández-Martínez (2010) apresentaram uma
metodologia pautada na definição da tipologia dos geossítios, sendo que a proposta
pode ser aplicada em conjunto com os métodos de avaliação qualitativa
apresentados anteriormente. Segundo os autores, os geossítios podem ser definidos

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como: i) Pontuais: quando apresentam pequenas dimensões e caráter isolado. O


elemento da geodiversidade se diferencia no contexto local. Os geossítios pontuais
apresentam dimensões em torno de um hectare e exibem como característica
elevada vulnerabilidade ambiental devido à dimensão reduzida; ii) Seção: geossítios
de caráter cronológico (estratigráfico) ou que apresentam um desenvolvimento
espacial linear (desfiladeiros, canyons, intrusões, etc). Geralmente, são compostos
por pequenos afloramentos e apresentam elevada vulnerabilidade, já que no caso
de danificação de um elemento, toda a sequência pode perder o valor; iii) Área:
ocorre quando as feições de interesse se repetem em meio a uma extensão
territorial maior, sendo de baixa vulnerabilidade devido à dimensão e à constância
das feições; iv) Panorâmico: inclui dois elementos diferentes, uma grande área de
interesse geológico e um observatório de onde esta área pode ser vista. Nenhum
destes elementos é frágil. A área, por causa de sua grande dimensão, e o
observatório, devido à sua localização externa ao local. No entanto, a qualidade
panorâmica da paisagem pode ser extremamente vulnerável a qualquer atividade
que cause um impacto visual; v) Áreas complexas: compreendem os geossítios de
grandes dimensões e diversidade fisiográficas, sendo composto por diversos
geossítios pontuais, seções, áreas e panorâmicos. A fragilidade e a vulnerabilidade
do todo é baixa, porém deve ser entendido que eles são compostos por elementos
cujo status pode ser diferente.
A avaliação quantitativa tem como potencialidade a diminuição na
subjetividade durante o seu processo de realização e a capacidade de esquematizar
comparações entre os geossítios presentes numa determinada área. A atribuição de
valores numéricos aos locais permite a facilidade do entendimento por parte da
sociedade e, principalmente, pelos órgãos gestores do território, das relevâncias que
os mesmos apresentam.
Nesse contexto, é conveniente referir que uma das primeiras metodologias de
avaliação quantitativa foi organizada por Cendrero (1996). O autor propôs três
categorias de critérios avaliativos para geopatrimônio, sendo eles: i) critérios de valor
intrínsecos; ii) critérios relacionados com potencialidades de uso; e, iii) critérios
relacionados com a necessidade de proteção. A relevância dessa metodologia foi
servir como base para a formulação das demais, sendo que suas características são
bastante replicadas, em especial o postulado de considerar a resposta final da
avaliação quantitativa por meio da relação entre os valores de uso (potencialidades)
e os valores de vulnerabilidade.
Por seu lado, o método proposto por Brilha (2005) constitui em uma
adaptação da proposta efetivada por Cendrero (1996), sendo que as modificações
partem das alterações de critérios avaliativos e da retirada de alguns parâmetros,
dentre os quais a idade geológica; a extensão superficial (m²); e a proximidade de
populações. Percebe-se, então, que as metodologias de avaliação quantitativa não
são imutáveis, podendo ser melhoradas e adaptadas a contextos socioeconômicos e
escalas diferenciadas, cabendo ao pesquisador justificar o porquê das alterações e
dos novos valores atribuídos.
A metodologia de Brilha (2005) apresenta a possibilidade de ser aplicada a
geossítios com valores científico, educativo ou turístico. Sendo que a quantificação
do valor final do geossítio é fruto de uma média aritmética ou ponderada dos
critérios relacionados ao valor intrínseco, aplicada às necessidades de proteção e às
potencialidades de uso. Pereira (2006, p. 82) em expõe que

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(...) o maior contributo deste método recai na determinação da


relevância dos locais (internacional, nacional, regional e local). O
autor propôs que os geossítios de âmbito internacional ou nacional
devem ser aqueles que possuem pontuações acima de determinados
valores em alguns critérios. Da mesma forma, nesses locais os
critérios A (critérios de valor intrínseco) e C (critérios de necessidade
de proteção) são sobrevalorizados em relação aos critérios B
(critérios de potencialidade de uso), o mesmo não acontecendo para
os locais com relevância regional ou local.

Pereira (2010b) propôs um método para avaliar os valores científico e turístico


do geopatrimônio, uma metodologia diferente de boa parte das existentes na
literatura, que são formuladas para uma realidade europeia, apresenta como
potencialidade o fato de ter sido construída para uma escala e um contexto
socioeconômico próprios do nosso país, sendo replicada em estudos como os de
Lopes et al. (2013) e Meira (2016). A metodologia de Pereira (2010b) é composta
por vinte parâmetros divididos em quatro categorias de valores: i) Valor Intrínseco
(Vi); ii) Valor Científico (Vci); iii) Valor Turístico (Vtur); e, iv) Valor de Uso/Gestão
(Vug). Nesse método, os valores finais das categorias são obtidos pela soma das
variáveis divididos pelo número das mesmas, fazendo com que os parâmetros
apresentem mesma relevância. Calculadas as categorias de valor é possível chegar,
por meio de ponderações, aos valores de Uso Científico (VUC), de Uso Turístico
(VUT), de Conservação (VC) e a Relevância (R) de cada geossítio. Pela clareza na
definição do nível de relevância/influência (local, regional, nacional, internacional)
dos geossítios a metodologia é importante em medidas de planejamento ambiental.
Brilha (2016) reformulou sua metodologia prévia em trabalho recente,
dividindo a geodiversidade em dois grandes grupos: i) sítios com valor científico; e,
ii) sítios com outros valores, ambos in situ ou ex situ. A concepção de geopatrimônio
fica restrita aos sítios com relevância científica, por ser esse um valor menos
subjetivo ao processo de avaliação, devendo esses espaços serem utilizados
prioritariamente para a seleção de lugares representativos da história evolutiva da
Terra.
Segundo este último autor, denomina-se por “geossítio” o geopatrimônio
localizado in situ (no campo), enquanto os localizados ex situ (museus, exposições,
centros interpretativos, etc.) são designados por “elementos do geopatrimônio”. Os
locais onde a geodi versidade apresenta valores educativos, cultural, turístico,
estético, entre outros, nesta nova proposta metodológica não compreendem o
geopatrimônio, sendo designados de “sítio de geodiversidade” quando localizado in
situ e de “[...] elementos da geodiversidade” quando ex situ (BRILHA, 2016). Além
disso, são apresentadas metodologias distintas para a avaliação quantitativa de
“geossítios” (valor científico) e de “sítios de geodiversidade” (valor educativo e
turístico). Porém, critérios comuns são utilizados para definir o risco de degradação
dos locais, índice balizado com os resultados obtidos nos valores de uso (BRILHA,
2016).
Nesse enquadramento, o valor científico é definido por sete critérios, onde o
mais relevante é a representatividade do local (capacidade do geossítio de ilustrar
elementos e processos geológicos). O valor educativo é definido por meio de doze
critérios, sendo o potencial educativo aquele que adquire maior valor na ponderação.
O valor turístico é determinado por treze critérios, onde a beleza cênica do elemento
da geodiversidade adquire maior relevância. A avaliação de risco de degradação é
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definida por cinco critérios, sendo o de maior peso, a deterioração do elemento


geológico. Esta metodologia utiliza pesos diferentes para os critérios adotados,
sendo necessária a realização de uma ponderação para chegar ao valor final. A
metodologia de Brilha (2016) é adotada pelo programa GEOSS IT do Serviço
Geológico Brasileiro-CPRM, enquanto modelo para o cadastro no banco de dados
brasileiro de geossítios.
Percebe-se, com a exposição das diferentes metodologias de avaliação, o
crescimento das discussões em torno dos métodos de análise na temática, uma vez
que os critérios adotados passam a apresentar características menos subjetivas e
uma maior possibilidade de aplicação a diferentes realidades. O caráter prático e
aplicado da ciência é salientado em cada método formulado, já que as modificações
têm como objetivo uma maior interseção com medidas de planejamento territorial e
científico, o segundo especialmente por meio da busca de um sistema próprio de
classificação de geossítios relevantes para a ciência em escalas locais, regionais e
globais.

2.5 Quinta etapa – seleção dos geossítios a serem valorizados/divulgados

Após a acepção de valores qualitativos e/ou quantitativos aos geossítios


inventariados é possível delimitar quais os espaços passíveis de utilização em ações
de divulgação e promoção do geopatrimônio. Determinam-se, então, aqueles
geossítios que são prioritários na instituição de medidas de valorização, bem como
se diferenciam os que são propícios para a realização de atividades educativas e
turísticas e quais aqueles que devem passar por medidas pautadas na conservação
do lugar, sendo disponíveis apenas para o desenvolvimento de práticas de cunho
científico.
A definição das atividades a serem incentivadas em cada geossítio deve ser
baseada nas potencialidades presentes, como a raridade, o nível de conservação,
diversidade de elementos da geodiversidade, o apelo cênico, a facilidade
interpretativa, a acessibilidade, a associação com valores culturais, dentre outros.
Por outro lado, também são fundamentais os dados referentes à
fragilidade/vulnerabilidade, já que a base dos estudos em geopatrimônio é a
conservação dos geossítios, sendo assim, qualquer proposta deve prever o índice
de modificação que poderá causar à dinâmica natural.

2.6 Sexta etapa – planejamento de ações de valorização e divulgação do


geopatrimônio

Os estudos em geopatrimônio apresentam como principal característica a sua


aplicabilidade. São trabalhos que integram o acadêmico com o técnico, ou seja,
associam as discussões teóricas com proposições de alternativas para a
manutenção e/ou melhoria da qualidade ambiental das áreas de pesquisa.
Diante disso, os trabalhos devem ser concluídos com o planejamento de
ações de valorização e divulgação do geopatrimônio. Essas ações perpassam por
diferentes atividades, desde a proposição de painéis, folhetos e demais materiais
interpretativos (MOREIRA, 2012a; MANSUR et al., 2013; PACHECO e BRILHA,
2014; GUIMARÃES, 2016; MEIRA, 2016), do planejamento de ações voltadas para
ao geoturismo (MOREIRA, 2008; MOREIRA, 2012b; BENTO, 2014), de saídas de
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campo e atividades educativas em geociências (BERGQVIST e BASTOS, 2011;


SANTOS e CASTRO, 2013; LICARDO et al., 2015; MEIRA e SANTOS, 2016), ou
mesmo a sugestão de áreas protegidas, como ocorrem em diversos estudos de
caracterização de geossítios junto à Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e
Paleobiológicos do Brasil (SCHOBBENHAUS et al., 2002; WINGE et al., 2009;
WINGE et al., 2013).
Diferente das demais etapas que têm como objetivo a supressão da
subjetividade para chegar a um resultado concreto e aplicável, nesse momento a
criatividade do pesquisador se faz necessária (Figura 4). As propostas devem
traduzir o geopatrimônio para uma linguagem acessível à sociedade, razão pela qual
técnicas de interpretação ambiental devem ser amplamente utilizadas, em especial
na valorização de geossítios de caráter educativo e turístico.
A associação com profissionais das Letras, da Publicidade e Propaganda, da
Fotografia e do Design Gráfico é incentivada, já que o conhecimento próprio desses
campos contribuem no desenvolvimento de uma linguagem e de uma estética
atrativas para aqueles que visitam o geopatrimônio, atribuindo valor adicional aos
locais. As propostas devem permitir uma experiência positiva, precisam ser
significativas e provocar o interlocutor, ou seja, ser uma prática diferenciada,
temática, organizada e prazerosa (MARAGLIANO, 2010).

Figura 4: Painéis interpretativos do Geopark Naturtejo, Portugal

Fonte: Autoria própria.

Quando a sugestão for a instituição de uma área protegida, a mesma deve


apresentar justificativas firmadas em critérios científicos, jurídicos (tendo como base
definições do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC) e limites bem
estabelecidos. No caso de uma proposta de Geoparque, segundo a Rede Global de
Geoparques da UNESCO (MODICA, 2009), é válido levar em consideração se a
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área já se configura enquanto uma unidade de conservação (UC) legalmente


estabelecida, uma vez que os objetivos dessa estratégia de gestão territorial em
muito destoam das metas de uma UC, ao buscar uma maior interação entre a
população presente e os elementos naturais, estimulando o uso do espaço por
atividades geoturísticas, educativas e econômicas. Sendo que, na verdade, a
ausência de um enquadramento legal é apontada como ponto positivo para o
sucesso de um geoparque (NASCIMENTO et al., 2015), uma vez que os territórios
não têm sua gestão amarrada por limitações legais.
Cabe salientar que o papel do pesquisador nessa etapa é a de formulador de
propostas; a efetivação das mesmas fica a cargo dos poderes públicos e/ou dos
órgãos gestores da área de estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A necessidade em ampliar atividades e medidas em torno da geoconservação


no território brasileiro é urgente. O presente artigo se ergue enquanto um esforço de
sistematização, procurando prezar pela simplicidade e clareza das etapas
necessárias para o desenvolvimento de estudos e atividades práticas na temática.
As Ciências Ambientais, em especial as Geociências, devem incentivar estudos
sobre a geodiversidade e a formulação de medidas de geoconservação mediante a
importância que essas atividades práticas apresentam na consolidação de uma
consciência ambiental holística, no incentivo a uma real conservação da natureza, e
para o melhor uso dos elementos naturais.
Os passos metodológicos propostos devem ser integrados sistemicamente,
sendo necessário o bom entendimento dos postulados e dos objetivos de uma
etapa, para o desenvolvimento da seguinte. Salienta-se que as metodologias e os
teóricos elencados constituem uma pequena parte da literatura disponível, pelo que
se optou por selecionar aqueles trabalhos que têm adquirido destaque em âmbito
nacional, embora esteja cada vez mais disponível na literatura um grande número de
procedimentos passíveis de abordagem. Espera-se que este estudo auxilie novos
pesquisadores no início de seus trabalhos na temática, bem como aos órgãos e
entidades públicas de gestão do território na organização de ações ligadas à
conservação da natureza.

AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor.

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