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Cartilha Arboviroses

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REPERCUSSÕES SOCIOECONÔMICAS

DE ARBOVIROSES: UM NOVO OLHAR


NA CONSCIENTIZAÇÃO DO COMBATE
A VETORES.
ORGANIZADORES

Cyntia Silva Ferreira


Bacharel em Biotecnologia (UNIFAL)
Mestre e Doutora em Biotecnologia (UFOP)
Mestre em Ensino de Ciências (UFOP)
Pós-doutoranda em Biotecnologia (UFOP)

Camila Cavadas Barbosa


Graduada em Ciências Biológicas (CES/JF)
Mestre em Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável (UFSJ)
Doutoranda em Ciências Biológicas (UFOP)

Túlio César Rodrigues Leite


Bacharel em Biotecnologia (UFBA)
Mestrando em Biotecnologia (UFOP)

Breno de Mello Silva


Doutor em Ciências Biológicas (UFMG)
Professor Associado - Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Departamento de Ciências Biológicas (DECBI)
Laboratório de Biologia e Tecnologia de Micro-organismos (LBTM)
APRESENTAÇÃO

Esta cartilha é fruto do trabalho colaborativo de um


grupo de pesquisadores do Laboratório de Biologia e
Tecnologia de Micro-organismos (LBTM) da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e tem
como objetivo a divulgação dos impactos
socioeconômicos das arboviroses. Nesse sentido,
vislumbramos lançar uma nova visão para as
campanhas de combate aos mosquitos, destacando a
importância dessas ações frente às consequências
negativas que as arboviroses acarretam.
O QUE SÃO ARBOVIROSES?

As arboviroses são doenças virais atualmente


emergentes em todo o mundo. São classificadas
como toda doença causada por um arbovírus.

O QUE É UM ARBOVÍRUS?

Arbovírus (Arthropod-borne vírus) são todos os vírus


transmitidos aos humanos pela picada de artrópodes
hematófagos (insetos que se alimentam de sangue).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os
arbovírus são mantidos na natureza através dessa
transmissão ou também por transmissão
transovariana (capaz de transmitir o vírus para a
prole), ou possivelmente venérea, entre os próprios
artrópodes.

QUAIS SÃO OS ARBOVÍRUS?


Os arbovírus de maior importância médica são os
vírus da febre amarela (YFV), o dengue vírus (DENV),
o Zika vírus (ZIKV) - que pertencem à família
Flaviviridae -, e os vírus Mayaro e Chikungunya
pertencentes ao gênero alphavirus e família
Togaviridae.
Os arbovírus pertencem à três famílias, veja alguns
exemplos:

COMO UM ARBOVÍRUS É TRANSMITIDO?


O ciclo reprodutivo dos arbovírus ocorre nos
artrópodes hematófagos, e sua manutenção na
natureza é garantida pelos ciclos de transmissão por
meio da picada desses artrópodes, podendo
envolver:
- Ser humano – vetor artrópode – ser humano (Ex.:
dengue).
- Animal – vetor artrópode – ser humano (Ex.: febre
amarela).
Os arbovírus são vírus zoonóticos, ou seja, sempre
algum animal servirá como reservatório:
- Hospedeiros naturais: aves e pequenos mamíferos.
- Hospedeiros acidentais: humanos e animais
domésticos.

VETORES: FÍSICA OU BIOLOGIA?


Não! Em biologia, isso não significa um
vetor!

Em biologia, vetor significa agente


transmissor! Os mosquitos são os
principais vetores dos arbovírus, mas
carrapatos, e até mesmo aranhas, também podem
ser!
O principal vetor das arboviroses é o
mosquito Aedes aegypti, em áreas
urbanas, e o Aedes albopictus, em
áreas rurais e silvestres.

Você sabia que o mosquito Aedes aegypti


chegou ao Brasil no período colonial através
dos navios, e que a Febre Amarela foi a
primeira doença transmitida por ele???

CONHEÇA ALGUMAS ARBOVIROSES


Febre amarela - doença infecciosa causada pelo
vírus da febre amarela, o qual é transmitido por
mosquitos vetores. Ou seja, o vírus é transmitido
pela picada dos mosquitos transmissores infectados
e não há transmissão direta de pessoa a pessoa.
Existem dois ciclos de transmissão: silvestre (quando
há transmissão em área rural ou florestal) e urbano.
Existe vacina para prevenir essa doença!!

Você sabia que macacos infectados NÃO podem


transmitir a doença??!! A transmissão ocorre
somente por meio de mosquitos vetores!!!
Dengue - doença infecciosa transmitida pela picada
do mosquito Aedes aegypti. Esse vetor precisa de
água parada para se proliferar (é um mito que ele só
se prolifera em água limpa, pois os ovos do mosquito
também podem se desenvolver em água suja).
Existem quatro tipos de vírus da dengue
(denominados sorotipos 1, 2, 3 e 4). Todos estes
sorotipos podem desencadear doença assintomática
ou com sintomas que variam de leves a graves. A
doença pode evoluir para a dengue hemorrágica, que
causa hemorragias, podendo ser fatal. Todo
indivíduo pode contrair os 4 sorotipos da dengue,
mas a infecção por um sorotipo gera imunidade
permanente somente para ele. O DENV (dengue
vírus) também pode ser transmitido pelo mosquito
Aedes albopictus, além de existirem relatos de
transmissão por transfusão sanguínea. Ainda não
existe vacina para prevenir essa doença!

Zika - doença causada pelo vírus Zika que provoca


febre baixa e dores leves pelo corpo e nas juntas.
Geralmente tem cura espontânea após 10 dias, no
entanto, possui significativo risco para o
desenvolvimento de complicações neurológicas,
como encefalites, Síndrome de Guillain Barré e
outras doenças neurológicas, sendo a microcefalia
uma das principais complicações. A transmissão do
Zika vírus se dá pela picada do mosquito Aedes
Aegypti, por relação sexual, ou ainda de mãe para o
feto durante a gravidez. Ainda não existe vacina para
prevenir essa doença!
Chikungunya - a doença conhecida como febre do
Chikungunya é causada pelo vírus Chikungunya. Os
sintomas da doença são muito parecidos com os
sintomas de dengue e zika, como febre, dor de
cabeça e dores pelo corpo e juntas. Geralmente tem
cura espontânea após 15 dias, mas alguns indivíduos
podem desenvolver um estado crônico com dores e
inchaço nas juntas, as quais podem continuar por
meses ou, inclusive, anos. Ainda não existe vacina
para prevenir essa doença!

Encefalite japonesa - doença causada pelo vírus da


encefalite japonesa que ocorre principalmente na
Ásia, motivo pelo qual você provavelmente nunca
ouviu falar dela. Esse vírus é capaz de acometer o
sistema nervoso central e é transmitido pela picada
de mosquitos, do gênero Culex. Existe vacina para
prevenir essa doença, então se você é ou deseja ser
um viajante, é melhor se precaver.

Lembre-se: prevenir é melhor que remediar!


RELEVÂNCIA DAS ARBOVIROSES

As arboviroses são importantes porque causam


prejuízos à saúde da população, bem como impactos
sociais e econômicos negativos.

Por esse motivo, representam um


grande problema de saúde pública,
tanto em áreas tropicais como
temperadas (as arboviroses são comuns
em locais de clima tropical e
subtropical, sendo que o verão é a estação do ano
mais propícia à proliferação dos mosquitos vetores,
por causa das chuvas).

O problema das arboviroses se agrava devido a


diversos fatores relacionados com:
- Disseminação de insetos;
- Migração de populações;
- Viajantes.

Não vamos esquecer que as condições climáticas


favoráveis, o crescimento desordenado das cidades,
as condições inadequadas de saneamento básico, a
destinação incorreta do lixo e o desmatamento
também contribuem para a proliferação abundante
dos mosquitos transmissores de arbovírus. Será que,
enquanto alunos, vocês podem
contribuir com a melhoria de algumas
dessas questões? Que tal participar
das discussões de políticas públicas na Câmara
Municipal da sua cidade?

As arboviroses representam graves problemas de


saúde porque causam desde infecções
assintomáticas até infecções fatais. Está lembrado da
dengue hemorrágica?! As arboviroses também
podem deixar sequelas para a vida toda (como por
exemplo a microcefalia, nos casos de Zika) ou por
longos períodos de tempo (dores e inchaço nas
juntas, no caso da febre Chikungunya).

De qualquer forma, os sintomas associados às


arboviroses, como febre, mal-estar e dores pelo
corpo, frequentemente acarretam afastamentos no
trabalho, interferindo nas atividades ocupacionais do
indivíduo.

Já parou para pensar que nos casos de microcefalia


em bebês, causada pelo Zika vírus, as mães precisam
abdicar de suas atividades para dedicação aos
cuidados de saúde do filho?
Quais são os impactos econômicos que estas
doenças podem causar no núcleo familiar?
Muitas famílias hoje trabalham na informalidade,
sem carteira assinada. Afastamentos por arboviroses
podem impactar diretamente na renda familiar e
comprometer todo orçamento mensal das famílias,
agravando a vulnerabilidade econômica em que se
encontram!
Isso não é nada bom, não é mesmo?
Todo esse cenário também ocasiona
problemas econômicos que interferem
inclusive no PIB (produto interno bruto) do
país.

De acordo com levantamentos


realizados no Brasil, o investimento para
combate ao vetor foi de R$1,5 bilhão no
ano de 2016!

Nesse mesmo ano o governo federal


gastou um total de R$78,6 milhões na
compra de inseticidas e larvicidas, além de
R$374 milhões com custos médicos.

No total, em 2016, foram gastos R$2,3 bilhões no


Brasil somente com o manejo das arboviroses!

“Ah, mas o governo não faz mais que sua obrigação


ao investir esse dinheiro em saúde”. Acontece que,
se toda a população se empenhasse um pouco mais
nas medidas de combate ao vetor, sobraria mais
dinheiro para investimento em educação, pesquisas
para o desenvolvimento de novos medicamentos e
vacinas, e controle e manejo de outras doenças
graves, por exemplo.

Além das despesas financeiras, que causam


consequências econômicas negativas ao país, como
dimensionar os impactos sociais?
VAMOS AOS DADOS?
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2015 e
2016, 282.019 pessoas foram confirmadas com Zika
e Chikungunya no Brasil!

Você sabia que, de todos os


casos suspeitos destes tipos
de doenças, 47,97% se
encontram no Nordeste
brasileiro? Você se lembra das
condições favoráveis para a
proliferação dos mosquitos
vetores?!

DENGUE

Em 2015, ocorreram 986 óbitos confirmados por


Dengue, e, em 2016, 642 óbitos! Já no primeiro
semestre de 2019, foram registrados 1.439.471 casos
prováveis da doença em todo território nacional
sendo confirmados 591 óbitos.

CHIKUNGUNYA
Em 2016, foram confirmados 196 óbitos por Febre
Chikungunya, e, em entre o período de 30/12/2018 a
24/08/2019, foram confirmados 110.627 casos e 57
óbitos: Rio de Janeiro (47), Bahia (1), Maranhão (1),
Paraíba (1), Minas Gerais (1), Distrito Federal (1) e no
Espírito Santo (1).

ZIKA
Entre 2015 a 2017 foram confirmados 130.701 casos
de Zika no Brasil, sendo 2.753 casos de alterações no
crescimento e desenvolvimento de bebês!! Em 2019,
no primeiro semestre, foram registrados 9.813 casos
prováveis de Zika no país. No mesmo período de
2018, foram registrados 6.669 casos prováveis da
doença. Ressalta-se que 192 dos casos confirmados
foram registrados no Rio de Janeiro, seguido de
Espírito Santo (66), Minas Gerais (47), Alagoas (32),
Paraíba (16) e Mato Grosso do Sul (14).

OROPOUCHE E MAYARO

Você conhece esses dois tipos de arbovírus? Eles causam


a Febre do Oropouche e a Febre do Mayaro,
respetivamente.

A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril


aguda causada pelo vírus Mayaro (MAYV), cujo
quadro clínico também é semelhante à Dengue e à
Chikungunya.
O MAYV foi isolado pela primeira vez em Trinidad,
em 1954, e o primeiro surto no Brasil foi descrito em
1955. Os primatas são os principais hospedeiros do
MAYV, sendo o homem considerado um hospedeiro
acidental, não havendo transmissão de pessoa a
pessoa. Não existe tratamento para a doença e nem
vacina para preveni-la!

Por outro lado, o arbovírus Oropouche está


distribuído nas Américas do Sul, América Central e
Caribe e causa a Febre do Oropouche, que pode
causar meningite e inflamações no encéfalo e
meninges. As formas mais brandas da doença causam
febre aguda. Também não existe tratamento para
esta doença e nem vacina para preveni-la!

Até agosto de 2019 já foram detectados 26 casos de


infecção por febre do Oropouche em quatro estados
da região Norte (Pará, Amazonas, Amapá e
Rondônia), e 5 casos confirmados por febre do
Mayaro no estado do Pará. Entretanto, não existem
informações sobre a letalidade destas infecções.

Dessa vez o mosquito Aedes aegypti não é o


culpado. O arbovírus Oropouche é transmitido
pela picada do mosquito da espécie Culicoides
paraensis, conhecido como mosquito pólvora!
Diante de tantos impactos sociais e econômicos,
achamos que é interessante dar um novo olhar para
as atuais campanhas sobre arboviroses no Brasil.
Entendemos que essas campanhas não devem se
limitar apenas no combate ao vetor (impacto
ambiental), mas que devem associar as
consequências socioeconômicas acarretadas pelas
arboviroses, por exemplo. Assim, a população poderá
entender a real importância de suas ações para
combate aos mosquitos e, consequentemente, ter
um maior engajamento para tanto.
VAMOS DIVULGAR A IMPORTÂNCIA DE
COMBATER OS MOSQUITOS TRANSMISSORES DAS
ARBOVIROSES ???

Você sabia que, como estudante do ensino médio,


você constitui uma peça-chave para a disseminação
destas informações dentro dos núcleos familiares,
da própria comunidade e do ambiente escolar?
Que tal transmitir esse conhecimento e informar a
população sobre todos impactos econômicos e
sociais que as arboviroses podem acarretar? São
essas pequenas ações conjuntas que fazem uma
grande diferença em sua comunidade!
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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