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Exercício Resumo 1 Cesário Verde
Exercício Resumo 1 Cesário Verde
Exercício Resumo 1 Cesário Verde
Departamento de Línguas
Disciplina: Português Ano: 11.º
Cesário Verde transportou para a poesia a dimensão interior de uma cidade. Tanto é o
camponês preso, em liberdade, nela, como também pode ser o citadino, à solta, através do campo.
O poeta de Lisboa foi (e é) Cesário Verde. Mesmo depois de outros que lhe sucederam cabe-lhe,
para sempre, esse título.
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Conhecia Lisboa rua a rua, praça a praça. Até os becos e vielas da cidade marginal. Deu uma
interpretação muito própria às casas, às árvores, aos candeeiros de gás, aos transportes públicos e
privados, ao vestuário e à moda. O imaginário dos velhos bairros, mas também do Chiado, do
Rossio, da baixa pombalina, onde nasceu, foi perpetuado nos seus versos. Não ignorou figuras da
10 população nos ofícios e locais de trabalho: os empregados do comércio, os dentistas, os
cauteleiros, os calafates, os operários da construção civil, os guardas-nocturnos, as varinas. Tinha
o gosto do pormenor aprofundando as emoções vividas com os cinco sentidos.
Captou a luz e a cor, o perfil de cada bairro, a geografia e a essência de Lisboa. Reteve a
atmosfera das casas envolvidas pelo rosa-velho, o ocre, o azul, o branco e o verde-garrafa. E
15 quantos outros matizes, entre o pérola e cinza, a patine dos velhos palácios que o tempo e a chuva
tornam mais surpreendentes. Não faltam os reflexos do sol que “espalham nas frontarias seus
gomos de laranja destilada”, nem as margens do Tejo, junto às fragatas, cacilheiros e outros
barcos, atracados de Alcântara até ao Poço Bispo e onde “reluz viscoso o rio”. Nem, ainda, o
deslumbramento das manhãs claras, a serenidade das tardes repousadas, os dias arrepiados e
foscos que uma névoa espessa transfigura.[...]
António Valdemar, in Metrópoles, Revista da Área Metropolitana de Lisboa, n.º 1, Abril de 2003 (com supressões)