Cognition">
Artigo - Mudanca e Interevencao Organizacional Completo
Artigo - Mudanca e Interevencao Organizacional Completo
Artigo - Mudanca e Interevencao Organizacional Completo
Alan Jorge
Ana Binze
2
INTRODUÇÃO
A cultura de uma organização, por exemplo, pode ter entronizado valores nos membros da
organização que influenciarão sua forma de perceber processos de mudança. Para ilustrar esse
ponto, é de se supor que em uma organização cuja cultura valorize a inovação, os seus
membros sintam-se menos inclinados a resistir a processos de mudança que introduzam
inovações do que indivíduos pertencentes a organizações com uma cultura menos progressista.
Com o objectivo de compreender o processo de mudança e intervenção organizacional,
identificamos os modelos teóricos sobre a mudança organizacional; procuramos explicar o
processo de resistência a mudança e os contornos da intervenção organizacional, cuja
metodologia usada para o efeito centrou-se nas informações colectadas por meio da análise
documental onde foi possível constatar que o contexto de mudanças que ocorre nas
organizações envolve alterações nas dimensões espaço físico, tecnológico, gestão de recursos
humanos e na estrutura organizacional e na organização do trabalho.
No entanto, mesmo em organizações com culturas que valorizam a inovação, é possível
encontrar indivíduos que resistirão às mudanças como uma forma de desafiar a cultura em si
mesma ou como forma de se destacar politicamente.
1. CONCEITOS
1.1. MUDANÇA ORGANIZACIONAL
O termo mudança é comumente adotado para designar à transição de uma situação qualquer
para outra diferente, em que a ruptura, a transformação, a perturbação e a interrupção são
3
aspectos fundamentais. No contexto organizacional a mudança tem recebido a atenção de
pesquisadores e teóricos que na maioria das vezes relacionam a mudança organizacional como
uma decorrência das mudanças do ambiente externo, como as sociais, as econômicas, as
políticas e as tecnológicas (HANDY, 1990; HERZOG, 1991; NAISBITT; ABURDENE,1986).
Por exemplo, segundo Herzog (1991), a mudança organizacional refere-se às alterações
fundamentais no comportamento humano, nos padrões de trabalho e nos valores em resposta a
modificação ou em antecipação às alterações estratégicas, de recurso ou de tecnologia.
Nesse contexto o processo de mudança ocorre em meio a um campo dinâmico de forças que
actuam fundamentalmente em dois sentidos: (1) as forças positivas, ou seja, de apoio e suporte
à mudança; e, (2) as forças negativas, que actuam como oposição e resistência à mudança
organizacional. Sintetizando as diferentes perspectivas de mudança organizacional, WOOD
JR. (2004) define-a como qualquer transformação de natureza estratégica, estrutural,
tecnológica, cultural, humana, capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da
organização.
4
1.3. MODELOS PARA IMPLEMENTAR UMA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL
Para se provocar mudança nas organizações são utilizados diferentes modelos, destacando-se:
• Direcção por objectivos e resultados;
• Desenvolvimento organizacional;
• Programa de melhoria do rendimento;
• Qualidade total;
• Reengenharia;
• Benchmarking; e,
• Modelo 7 "S"
O modelo 7"S" pela sua inter-relação com as políticas de capital humano, merece o melhor
destaque. As denominadas 7"S" são elementos inerentes ao trabalho de uma organização que
interconectados, servem para dar um sentido integrador à organização.
1. Estrutura (Struture);
2. Habilidades (Skills);
3. Estratégia (Strategy);
4. Valores compartilhados (Shared Values);
5. Staff;
6. Sistemas (Systems);
7. Estilo (Style).
5
Estratégia: a via, escolhida para o êxito competitivo.
• a missão do negócio;
• plano para materializar a vantagem competitiva;
• reforço de recursos que elevarão ou manterão a vantagem competitiva e incrementarão
as possibilidades de êxito;
• funções, propósitos e acções planeadas com antecipação que respondam às mudanças
do entorno, dos clientes e dos competidores;
• identificação e perfil dos competidores;
• identificação das funções críticas que devem ser bem desempenhadas para conduzir
aos sucesso do proposto;
• identificação dos Factores Críticos de Êxito (FCE);
• medição da chave para determinar o êxito da estratégia.
6
• As capacidades necessárias para actuar ou apoiar as novas formas de comportamento
para alcançar os objectivos estratégicos;
Acto de resistir; habilidade ou poder de não ser afectado ou prejudicado por alguma coisa;
força que um corpo exerce contra o movimento de outro corpo. (PARKER & STAHEL, 1998)
A resistência à mudança está presente até mesmo em organizações que estão dispostas a
mudar. Essa resistência não acontece por acaso, simplesmente porque as pessoas não querem
mudar. As pessoas resistem à mudança quando consideram que suas consequências são
negativas.
7
1.5. FORMAS DE RESISTÊNCIA A MUDANÇA
Embora as pessoas sejam diferentes em termos de sua disposição em antever consequências
negativas, e mesmo quando suas razões pareçam lógicas ou até equivocadas a quem está de
fora, as pessoas não resistem automaticamente às mudanças. Neste sentido, apontam-se
algumas formas de resistência a saber:
1.5.4. INDIFERENÇA
Similar à resistência passiva, na indiferença o indivíduo tem reacção apática e perda de
interesse pelo trabalho. Faz somente o que lhe é ordenado, mas sem protestar.
8
1.5.5. RESIGNAÇÃO PASSIVA
Caracteriza-se pela aceitação. É um tipo de reacção de colaboração mediante pressão. O
indivíduo ou grupo resignado somente produz sobre supervisão e controle. Isso denota que a
mudança não foi implementada com sucesso e poderá haver retrocesso ou desuso.
9
Tão importante quanto à análise das causas da resistência, particularmente para a mudança
organizacional, é a identificação dos grupos e indivíduos que terão maior inclinação a resistir à
mudança e das razões desse comportamento (HERNANDEZ; CALDAS, 2001).
Em um trabalho clássico sobre o assunto, KOTTER e SCHLESINGER (apud
CHIAVENATO,et al, 2005:442) indicam seis estratégias para contornar a resistência à
mudança:
Comunicação e educação: A resistência à mudança pode ser superada ou reduzida por meio da
prévia comunicação às pessoas, para ajudá-las a compreender a lógica e a necessidade da
mudança. [...] Participação e envolvimento: Antes que a mudança aconteça, as pessoas
precisam estar inseridas no processo. [...] Facilitação e apoio: A resistência potencial pode ser
contornada, concedendo facilitação e apoio no sentido de ajudar as pessoas a se ajustarem à
mudança. [...] Negociação e acordo: Outra maneira de lidar com a resistência é oferecer algo
de valor em troca da mudança. [...] Manipulação e cooptação: Em muitas situações, pode-se
lançar mão de tentativas secretas para influenciar as pessoas. [...] Coerção: Finalmente, a
resistência pode ser tratada de forma coercitiva por meio da ameaça explícita ou implícita
(como perda do cargo ou da promoção), demissão ou transferência de pessoas.
Porém, Hernandez e Caldas (2001) salientam que não existe uma “receita” para sanar tal
problemática, uma vez que a resistência à mudança é um dos possíveis comportamentos que
indivíduos podem adoptar como resultante da sua percepção sobre a mudança.
Esses autores argumentam que as variáveis individuais e situacionais são tão ou mais
importantes que o processo de percepção em si mesmo, uma vez que, em condições de
mudança organizacional, essas variáveis moderam todos os estágios do processo de percepção
da mudança, influenciando a maneira como cada indivíduo cria a sua própria representação da
realidade.
10
verdadeiros se elas não são igualmente sujeitos, ou seja, pessoas que possam expressar aquilo
que são ou, em outras palavras, que estejam engajadas naquilo que fazem.
Assim, o fazer autêntico é sempre acompanhado do poder de dizer “eu”. Por mais racional que
seja entender que uma empresa precisa mudar diante de uma circunstância externa, ou até
mesmo interna, deve-se levar em consideração a subjectividade dos colaboradores que ali se
encontram.
Nesse sentido, Hernandez e Caldas (2001) enfatizam um estudo sobre a resistência à mudança,
orientado para o indivíduo, discutindo o processo de percepção. Essa hipótese desconsidera o
facto de que, na maior parte das vezes, os indivíduos percebem os objectos e os
acontecimentos de forma pessoal e distinta e, assim, seria de se esperar que as suas reacções
individuais seguissem o mesmo padrão. Assim, a realidade para cada indivíduo corresponderia
à sua percepção individual daquilo que existe ou acontece ao seu redor, e, consequentemente,
suas acções e reacções estariam baseadas na realidade percebida, e não, necessariamente, na
realidade objectiva dos factos e acontecimentos.
Hernandez e Caldas (2001) explicam três estágios do processo de percepção - teoricamente, o
primeiro estágio consiste na selecção dos estímulos. O segundo estágio da dinâmica da
percepção corresponde à organização dos estímulos. O terceiro e último estágio, a
interpretação perceptual, também tem uma natureza individual, uma vez que depende das
expectativas dos indivíduos originadas de suas experiências anteriores, do número de
interpretações possíveis que eles podem antever e dos seus interesses no momento da
percepção.
11
1.9. ESTRATÉGIA PARA OBTER EFICÁCIA NAS MUDANÇAS
Nas mudanças, as pessoas e os grupos necessitam desenvolver um sentido de pertença e
propriedade, e envolver-se activamente no planeamento das mudanças, ou terá apenas um
acordo passivo, Schwartz, A. (2000):
14
O Modelo de Diagnóstico de Weisbord (1976) é um dos exemplos. Constituído por 6
componentes - Objectivos, Estrutura, Relações, Recompensas, Sistemas de Apoio e Liderança,
é um modelo de base de análise que permite inventariar os problemas detectados, determinar o
seu custo e urgência e estabelecer uma ordem de prioridade ou preferência.
Para ajudar no diagnóstico do problema, podemos também recorrer a vários métodos para
recolha de informação, como por exemplo as entrevistas, os questionários, as observações no
"terreno", outros documentos (também designada por métodos não-intrusivos).
15
processar-se normalmente. Isto porque os colaboradores já compreendem porque é que a
mudança é necessária ou pelo menos já não apresentam tanta resistência e qual o seu papel.
Caso contrário, a mudança não tem efeito. Nesta fase, é fundamental que a gestão garanta que
os canais de comunicação da organização se mantenham abertos e activos para uma melhor
implementação da mudança.
Uma vez implementada integralmente a mudança, é necessário passar à fase de
recongelamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mudança e intervencao organizacional requer que indivíduos apresentem novos
comportamentos em seu ambiente de trabalho, comportamentos esses requeridos pela
intervenção planeada, percebe-se que existe uma relação o processo de mudança e o processo
de aprendizagem individual. Tal afirmativa pontua-se nas modificações que se podem perceber
nas duas vertentes. Estas modificações relacionam-se com o controle executivo (forma de
utilização das estratégias de aprendizagem), sua interação com o meio (percepção de suporte à
aprendizagem) e sua interação com os componentes organizacionais (trabalho, pessoas e
organização formal). Desta forma constata-se que há, ainda que não totalmente explorada e
clarificada, uma relação direta entre a aprendizagem humana e a mudança organizacional.
16
Além da disseminação dos novos valores, é preciso que exista a preocupação de ajustar a
realidade da organização à mudança cultural. Vergara e Pinto (1998) sugerem que amudança
cultural seja sustentada por formas que espelham a realidade da empresa para que os
indivíduos sintam-se motivados e comprometidos com os objectivos propostos, caso isso não
ocorra, sempre haverá resistência dos indivíduos que fazem parte do processo.
Para ser possível criar um processo de mudança em que haja pleno engajamento de todas as
pessoas da organização, é preciso que cada uma delas, preservando sua condição de sujeito,
esteja engajada como um ator que se apropria do sentido de coletividade, caso contrário,
possíveis focos de resistências poderão abalar o processo de transformação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOSTER, G. - As culturas tradicionais e o impacto da Tecnologia, ed. Fundo da Cultura, S.
Paulo, s/ data de edição brasileira (C. 1961).
CHIAVENATO, Idalberto, Introdução à teroria geral da administração: uma visão abrangente
da moderna administração das organizações/ Idalberto Chiavenato - 7. ed. rev. e actual. - Rio
de Janeiro: Elsevier, 2003 - 6' reimpressão
COHEN, R. Allan; FINK, L. Stephen.Comportamento Organizacional: conceitos e estudos de
casos. 7 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
Foster, G. - Antropologia Aplicada, ed. Fondo de cultura, México, 1974.
GREY, Christopher. O feitiche da mudança. Revista de Administração e Economia. 2004.
HANDY, C.The age of unreason. Boston: Harvard Business School Press, 1990.
HERNANDEZ, José M. C.; CALDAS, Miguel P. Resistência à mudança: uma revisão crítica.
Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 2001.
HERSEY, P.; BLANCHARD, K. H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da
liderança situacional. Trad. Edwino A. Royer. São Paulo, Editora Pedagógica eUniversitária,
1986.
HERZOG, J. P. People: the critical factor in managing change. Journal of Systems
Management. Cleveland: v. 42, n. 3, mar. 1991. p. 6-11.
Hess. R. - Sociologia de intervenção, ed. Rés, Porto, 1983.
17
KOTTER, John P. Organization Dynamics: diagnosis and intervention. Reading Mass,
Addison-Wesley, 1978.
PARKER, J.; STAHEL, M. Password: English Dictionary. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Peters, T. e Watermann - En busca de la Excelencia, Lecciones de las empresas mejor
gestionadas de Estados Unidos, ed. Folio, Barcelona, 1984.
SCHEIN, Edgar. Organization cultures and leadership: a dynamic view.In SALAVADOR,
Andressa; TRÉS, Elen K.; COSTALONGA, Fernando B.; PELISSARI, Anderson S.; SILVA,
Alfredo R. L. A contextualização da resistência à mudança na cultura, nas relações de poder e
no clima organizacional. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 2008.
VERGARA, Sylvia Constant. Projectos e relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
18