Ecology">
Biodiversidade Do Delta Do Parnaíba - 0
Biodiversidade Do Delta Do Parnaíba - 0
Biodiversidade Do Delta Do Parnaíba - 0
Os autores
SUMÁRIO
Figuras 3.9-3.14. Espécies registradas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.9.
Aspidosperma pyrifolium Mart.; 3.10. Lemna valdiviana Phil; 3.11. Montrichardia linifera
(Arruda) Schott; 3.12. Philodendron acutatum Schott; 3.13. Pistia stratiotes L.; 3.14.
Astrocaryum vulgare Mart..................................................................................................93
Figura 3.104. Lagoa Seca, Ilha Grande/PI - Lagoa temporária período de estiagem....110
Figura 3.105. Lagoa Seca, Ilha Grande/PI - Lagoa temporária período chuvoso...........110
Figura 3.109. Área de dunas com lagoas, Morro da Mariana, Ilha Grande/PI................112
Figura 3.110. Igarapé dos Camaleões, Ilha das Batatas, Ilha Grande, PI......................113
Figura 3.112. Vista de área de Carnaubal próximo a Lagoa Seca, Ilha Grande/PI........114
Tabela 12.2. Caracterização do IDH e Renda Per Capita da APA Delta do Parnaíba...416
CAPÍTULO 13. CONSERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA
PROPOSTA DO PROJETO TARTARUGAS DO DELTA (PI/MA)
Tabela 13.1. Escolas em que foram desenvolvidas ações de EA, em 2011, pelo projeto
Tartarugas do Delta.........................................................................................................447
Tabela 13.2. Resumo das atividades em EA do Projeto Tartarugas do Delta, realizadas
com docentes no litoral do Piauí......................................................................................451
Figura 13.1. Atividades de EZ realizadas em 2011: A e B – Oficinas com docentes; C e D
– Atividades com discentes do Ensino Fundamental; E e F – Palestras com estudantes do
Ensino Médio; G e H – Ações no espaço temático do SESC Praia em Luis Correia/PI..454
Figura 13.2. Comparativo dos estudantes de escolas do ensino fundamental (5 série) da
APA Delta do Parnaíba sobre a importância de áreas que protejam a
natureza...........................................................................................................................458
Figura 13.3. Comparativo dos estudantes de cinco escolas do ensino fundamental (5ª
ano), da APA Delta do Parnaíba, relacionados ao saber de uma Unidade de
Conservação....................................................................................................................458
Figura 13.4. Comparativo dos estudantes de cinco escolas do ensino fundamental, da
APA Delta do Parnaíba, relacionados à moradia em uma UC........................................459
Figura 13.5. Mapas mentais: A – Escola Municipal Dom Paulo, do Município de Ilha
Grande (PI); B – Escola Municipal João Silva Filho em Parnaíba (PI); C – Unidade Escola
Manoel Rodrigues Vieira, Luis Correia (PI); D e E – Unidade Escolar José Adrião de
Araújo, em Cajueiro da Praia (PI); F – Unidade Escolar Silvio Freitas Diniz, da
comunidade Canárias, Araioses (MA)............................................................................. 460
Figura 13. 6. Número de ilustrações de cinco escolas dos municípios de Araioses
(Canárias - MA/U. E. Silvio F. Diniz); Cajueiro da Praia (U. E. José A. Araújo); Luis Correia
(U. E. Manoel R. Vieira); Parnaíba (Pedra do Sal/ E. M. João S. Filho) e Ilha Grande (E.
M. Dom Paulo).................................................................................................................461
1 MACROALGAS
DA APA
PARNAÍBA,
PIAUIENSE
VERDES
DELTA DO
LITORAL
1
Bióloga, Mestre em Criptógamas - Micologia (UFPE) e Doutora em
Ciências Biológicas - Botânica (USP), Brasil. Professora,
UniversidadeFederal do Piauí, Brasil. e-mail: malves@ufpi.edu.br
2
Bióloga (UFPI), Especialista em Gerenciamento de Recursos
Ambientais (IFPI), Brasil. Email: larissamicaele@hotmail.com
1.1. INTRODUÇÃO
1997).
Ulvophyceae.
realizados, porém, no que diz respeito ao estudo das algas verdes no litoral piauiense,
pouco ou quase nada existe, podendo ser citado Ferreira-Correia et al. (1974) que
confirmados pelo trabalho de Oliveira et al. (1999), que citaram uma espécie a mais:
Caulerpa scalpelliformis. Copertino & Mai (2010) citaram oito algas verdes, com
acréscimo para a flora piauiense dos seguintes táxons: Caulerpa mexicana, C. racemosa,
Diante do exposto este trabalho teve por objetivo a realização de um estudo para
20
1.2. MATERIAL E MÉTODOS
possui zona climática Intertropical. Seu litoral abrange uma área correspondente a 66 km,
onde geralmente nas zonas entremarés é encontrada uma grande diversidade de algas.
Dentre as nove praias do litoral piauiense foram selecionadas as praias de: Coqueiro da
novembro de 2010, durante as marés de sizígias. As coletas foram feitas com base na
etiquetadas com informações sobre local, data de coleta, coletor, altura da maré e
substrato.
em seguida o estudo das mesmas, tomando por base a morfologia externa e interna das
microscópio óptico. Em alguns exemplares, foram feitos cortes transversais (com o auxílio
21
de uma lâmina de barbear) e, quando necessário, utilizou-se lugol acético para auxiliar na
visualização de pirenóides.
(1989), Dantas (1994), Brayner (2007), Coto (2007), Alves (2008) e Barata (2008).
Também foram feitas visitas aos herbários: ASE (Universidade Federal de Sergipe) e
táxons.
A classificação adotada neste estudo segue a proposta por Wynne (2005). Para a
do Piauí.
táxons, distribuídos entre oito famílias, conforme Tabela 1.1 e as características principais
2a Algas radialmente simétricas, com um eixo central que tem ramificações laterais em
verticilos; cloroplastos sem pirenóides. ........................................ Acetabularia calyculus
2b Algas de várias formas filamentosas ou vesiculosas (não radialmente simétrico);
cloroplastos numerosos, com ou sem pirenóides. ..........................................................3
22
3a Reprodução sexuada por meio de isogametas. .............................................................4
3b Reprodução sexuada por meio de anisogametas. .......................................................15
11a Ramos com escassos râmulos serreados. ................Caulerpa cupressoides var serrata
11b Râmulos distribuídos por todo o ramo assimilador. ......................................................12
18a Crescimento por divisão celular lenticular, na qual segmentos lenticulares são
formados no interior de vesículas. ....................................................Valonia aegagropila
18b Crescimento por divisões transversais das células superiores dos filamentos ou pela
célula terminal. ..............................................................................................................19
citados pela primeira vez para a costa piauiense, alguns dos táxons estão sendo
mostrados nas Figuras 1.1 a 1.12. Copertino & Mai (2010) citaram C. racemosa,
entretanto, os mesmos autores não enfatizam as variedades desta, sendo que neste
Tabela 1.1. Distribuição dos táxons por local de amostragem, no período de 2009-2010
BG CJP CQP
CHLOROPHYTA
Acetabulariaceae
Acetabularia calyculus Quoy et Gaimard + + +
Bryopsidaceae
Bryopsis pennata J. V. Lamour. + - +
Caulerpaceae
Caulerpa ashmeadii Harvey + + -
C. cupressoides var. elegans + + -
C. cupressoides var. lycopodium f. lycopodium (J. + - -
Agardh) Weber-van Bosse
C. cupressoides var. serrata (Kütz.) Weber Bosse + + -
C. mexicana Sonder ex Kützing + + -
C. prolifera (Forsskal) Lamouroux + + +
C. racemosa var. occidentalis (J. Agardh) + + +
Börgesen
C. racemosa var. uvifera Weber-van Bosse + - +
C. sertularioides (Gmelin) Howe + + +
25
C. scalpelliformis (R. Br. Ex Turner) C. Agardh. + + +
Cladophoraceae
Cladophora fascicularis (Mert) Kützing + + +
Cladophora vagabunda (Linnaeus) Van den Hock + + +
Rhizoclonium africanum Kütz + - +
Codiaceae
Codium intertextum Collins et Hervey + - -
C. taylorii P. C. Silva + + +
Udoteaceae
Avrainvillea longicaulis (Kützing) Murray & Boodle - + -
Ulvaceae
Ulva compressa (L.) Nees + + +
Ulva fasciata Delile + + +
Ulva intestinalis (L.) Nees - + +
U. lactuca Linnaeus + + +
TOTAL: 20 16 15
Legenda: BG= Barra Grande, CJP=Cajueiro da Praia, CQP=Coqueiro da Praia; + para
presença e – ausência do táxon no local
A praia que apresentou o maior número de táxons identificados foi Barra Grande
(19), seguido por Cajueiro da Praia (16) e Coqueiro da Praia (14). Entre os 23 táxons, dez
A partir dos resultados obtidos, pode ser verificado que a variedade de macroalgas
verdes se mostra diferente nas praias observadas. Alguns fatores podem explicar essa
26
características das massas de água; disponibilidade de substrato consolidado; presença
trabalho, estão inclusos no trecho que se estende da foz do rio Timonha, no limite com o
Piauí. Neste trecho, algumas pontas mantidas por promontórios se projetam para o mar e
brasileiro, como pode ser verificado em Oliveira et al. (1999). Acredita-se que seja pelo
fato do litoral piauiense ser uma área estuarina e possuir formações rochosas, não
Observa-se na Tabela 1.2 que, com relação ao substrato, houve uma maior
sobre rochas e, apenas uma restrita ao substrato arenoso (episâmica). Cinco espécies
encontradas crescendo além dos substratos acima (rocha e areia) também sobre
poríferos (epizóica).
27
Tabela 1.2. Distribuição dos táxons por substrato.
SUBSTRATO
Ramos de
Artificiais
Arenitos
Animais
plantas
Lama
Areia
TÁXONS
Bryopsis hypnoides +
Caulerpa ashmeadii +
C. cupressoides var. lycopodium f. +
elegans
C. cupressoides var. lycopodium f. +
lycopodium
C. cupressoides var. serrata + +
C. fastigiata +
C. mexicana + + +
C. prolifera + +
C. racemosa var. occidentalis +
C. racemosa var. racemosa +
C. scalpelliformis + +
C. sertularioides + +
Cladophora vagabunda +
Rhizoclonium africanum + +
Codium intertextum +
Codium isthmocladum +
Acetabularia calyculus + +
Avrainvillea longicaulis + +
Ulva compressa +
U. fasciata +
U. intestinalis + +
U. lactuca +
Valonia aegagropila +
TOTAL: 02 07 01 01 21 01
Legenda: + para presença
28
Dentre as famílias de algas verdes conhecidas, oito constituem as ulvofíceas do
representando 48% das algas estudadas. Seguida por Codiaceae e Cladophoraceae (9%)
4% cada.
Barra Grande, oito em Cajueiro da Praia e seis em Coqueiro da Praia. Verificou-se que C.
Grande.
gênero Codium Stack. (Wynne 2005). Apesar de o gênero Codium ocorrer com uma
esteve restrito apenas a praia de Barra Grande. Acredita-se que este fato esteja
significativo, quando comparado aos trabalhos citados, pois estão sendo acrescidas à
29
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30
COPERTINO, M. S. & MAI, A. C. G. Algas. In: Mai, A. C. G. & LOEBMANN, D. (org.) Guia
ilustrado: Biodiversidade do litoral do Piauí. 1ed. São Paulo: Paratodos Sorocaba.
2010. 132p.
HOEK, C. VAN DEN, MANN, D.G & JAHNS, H.M. Algae: an introduction to phycology.
Cambridge University Press, Cambridge. 1997.
WYNNE, M.J. A checklist of benthic marine algae of the tropical and subtropical
western Atlantic: second revision. Berlin: J. Cramer. 2005.
31
Fig. 1.1. Acetabularia calyculus Fig. 1.2. Bryopsis hypnoides
Fig. 1.3. Caulerpa cupressoides var. lycopodium Fig. 1.4. Caulerpa racemosa var. occidentalis
Fig. 1.5. Caulerpa racemosa var. racemosa Fig. 1.6. Caulerpa scalpelliformis
32
Fig. 1.7. Caulerpa sertularoides Fig. 1.8. Cladophora vagabunda
33
FUNGOS DA APA DELTA
DO PARNAÍBA, LITORAL
PIAUIENSE
1
Bióloga, Mestre em Criptógamas - Micologia (UFPE) e Doutora em
Ciências Biológicas - Botânica (USP), Brasil. Professora,
UniversidadeFederal do Piauí, Brasil. e-mail: malves@ufpi.edu.br
2
Graduando em Biologia pela UFPI. Bolsista de Iniciação Científica do
PPBio. E-mail: cris_b_php@hotmail.com
3
Bióloga pela UFPI. Mestranda em Biotecnologia pela UFPI. E-mail:
erykaandrade@hotmail.com
4
Bióloga pela UFPI. Agente Ambiental pela Prefeitura de Parnaíba. E-
mail: raquelaraujojc@hotmail.com
2.1. INTRODUÇÃO
necessitam de matéria orgânica animal ou vegetal para sua nutrição, a qual se dá através
tropicais, os fungos, chegam a compor 90% da biomassa viva do solo das florestas, e
(ALEXOPOULOS et al., 1996; MARGULIS & SCHWARTZ, 2001). Estima-se que existam
estudadas.
organismos bastante antigo. Berbee & Taylor (2001) estimam que os fungos possam ter
divergido dos animais há cerca de 900 milhões de anos. Fungos reconhecidos como
2005).
organismos eram tratados juntamente com as plantas e até 1980 a taxonomia era
gerando esquemas de classificação, os quais são agora reconhecidos como não naturais
(WEBSTER & WEBER, 2007). Atualmente, com o advento da biologia molecular, têm
enfatizados e ressaltados, pois foram deles que encontramos gêneros e mesmo espécies.
dentro da qual, ascósporos haplóides são formados, após a meiose. As formas miceliais
36
formas unicelulares que se multiplicam por brotamento ou cissiparidade (ALEXOPOULOS
Os ascomicetos exibem uma ampla variedade quanto ao hábito de vida, alguns são
não parasitárias com diversos vegetais. Alguns representantes são mutualistas, como por
são bastante diversos, estes crescem no solo, são comuns em diversas partes de
Segundo Kirk et al. (2008) os Ascomycota abrangem cerca de 68 ordens das quais
daremos ênfase apenas a ordem Xylariales, pois apenas representantes dessa ordem
foram registrados para a APA Delta do Parnaíba. Existem aproximadamente 800 espécies
ascomicetes periteciais, com ascos unitunicados, asco que apresenta apenas uma
árvores (WEBSTER & WEBER, 2007). A maioria das espécies dos seguintes gêneros,
formas lignícolas e causando podridão branca em seus substratos (RAYNER & BODDY,
1988).
37
compreendendo mais de 30.000 espécies de ocorrência cosmopolita (WEBSTER &
WEBER, 2007). Esse grupo de organismos distingue-se por possuir como estrutura
cariogamia e posterior meiose (RAVEN et al., 2007). Os fungos que compõem este filo
são, em sua maioria, sapróbios, vivendo em troncos ou galhos de árvores, folhas, solo,
ser reciclados pelos produtores nos diversos ecossistemas (RAVEN et al., 2007). Muitos
et al., 1996).
52 ordens, destas, sete foram aqui registradas para a APA Delta do Parnaíba: Agaricales,
38
Agaricales, clado euagárico (Basidiomycota, Agaricomycetidae), é a mais diversa
definição das famílias (HIBBETT & THORN, 2001; BINDER & HIBBETT, 2002).
organismos cosmopolitas ocorrendo desde habitats árticos até tropicais. Por ser uma
distribuição geográfica; algumas espécies são conhecidas apenas para áreas restritas,
enquanto outras são largamente distribuídas em diversas áreas do globo. Mesmo dentro
dos limites de uma determinada região, muitas espécies distinguem-se pela preferência
por diferentes substratos. Essa grande diversidade de habitats e substratos reflete o fato
de 140 mil espécies, no entanto, apenas 10% são conhecidas. Para o Brasil são
científica referente aos anos de 1900-1991 realizado por Putzke (1994). Todavia, estes
uma gama de habitats, que vai do ártico aos trópicos, e encontrado ocupando vários
nichos ecológicos como gramado, mata, cerrado, restinga e dunas, onde podem participar
39
comestíveis, medicinais, alucinógenos, micorrízicos, sendo de grande interesse em
de crosta (WEBSTER & WEBER, 2007). Kirk et al. (2008) superestima os valores
Estes dados vêm contribuir para o maior conhecimento dos fungos da APA Delta
Correia e Ilha Grande do Piauí no estado do Piauí e, em áreas da Ilha do Caju e Ilha das
até 2011, em época de alta pluviosidade, seguindo-se a metodologia usual para coleta e
do material foi realizada com o auxílio de canivete, onde foi necessário o máximo de
cuidado para não danificar a amostra; o material foi fotografado no campo utilizando-se
câmera digital, e extensivas notas foram feitas do corpo de frutificação antes da secagem.
etiquetado.
Melzer. As secções do carpóforo foram montadas após reidratação com álcool 96% e/ou
KOH 3%.
A terminologia micológica empregada foi a proposta por Kirk et. al. (2008). Para a
identificação das espécies foram utilizadas bibliografias especializadas como Alves &
Cavalcanti (1996), Pegler (1983, 1986, 1987a, 1987b, 1988, 1997); Singer (1986),
Teixeira (1945, 1993, 1994); Wright & Albertó (2006); Bononi (1979a, 1979b); Ryvarden &
Ryvarden (1991); Ryvarden e Gilbertson (1993, 1994); Gugliotta & Capelari (1995);
41
2.3. RESULTADOS E DISCUSSSÃO
Tabela 2.1, apresentando espécies mais freqüentes e abrangentes com relação ao tipo de
substrato.
como a Amazônia, Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do
Sul. Assim, muitas áreas de diversos estados com rica biodiversidade permanecem
país, não possuem registros concretos da diversidade de fungos, no que se referem aos
com a classificação proposta por Kirk et al. (2008), como a seguir: Agaricales,
segundo Kirk et al. (2008) estima-se cerca de 85 gêneros e 1340 espécies de ocorrência
42
cosmopolita, incluindo representantes de interesse alimentício, etnológico, industrial e
ecológico. Webster & Weber (2007) destacam a grande variedade morfológica dentre os
visão de que os gêneros essenciais desta família, incluindo Agaricus e Lepiota, são
monofiléticos.
T ÁXONS IDENTIFICADOS
Classe/Ordem/Família Gênero/Espécie
BASIDIOMYCOTA
AGARICOMYCETES
AGARICALES
Agaricaceae
Agaricus sp.
Lepiota sp.
Leucocoprinus sp.
Inocybaceae
43
Marasmiaceae
Mycenaceae
Mycena sp.
Psathyrellaceae
Parasola sp.
Psathyrella sp. 1
Psathyrella sp. 2
Schizophyllaceae
Strophariaceae
44
Psilocybe coprophila (Bulliard) P. Kummer
AURICULARIALES
Auriculariaceae
BOLETALES
Sclerodermataceae
HYMENOCHAETALES
Hymenochaetaceae
Phellinus sp.
PHALLALES
Phallaceae
POLYPORALES
Polyporaceae
45
Polyporus badius (Persoon) Schweinitz
Polyporus sp. 1
Polyporus sp. 2
Polyporus sp. 3
Trametes sp.
Meruliaceae
RUSSULALES
Amylostereaceae
Stereaceae
Stereum sp.
ASCOMYCOTA
SORDARIOMYCETES
X YLARIALES
Diatrypaceae
Xylariaceae
46
Xylaria polymorpha (Persoon)Greville
Xylaria sp.
solo arenoso (terrícolas) úmido e/ou solo humoso (humícola) (Tabela 2.2). Leucocoprinus
birnbaumii (Figura 2.3A) é comum nas regiões tropicais e subtropicais, sendo bastante
conhecido por possuir um corpo de frutificação veneno, o qual ao ser ingerido provoca
sérios problemas estomacais (HALL et al., 2003). Rother & Silveira (2008) descreveram
ocorrência dessa espécie para a região deltaica nordestina desponta como um primeiro
classificações mais recentes, como a proposta por Kirk et al. (2008), esses táxons estão
1590 espécies descritas. Esta família mostrou-se bastante representativa na APA Delta
(Figura 2.3C) e M. plicatulus (Tabela 2.1), constitui um grupo numeroso com cerca de 500
De acordo com Singer (1986) os fungos que pertencem ao referido gênero ocorrem
mais freqüentemente sobre a madeira ou folhas mortas ou vivas, mais raramente entre
espécies, aparece como a família mais bem representada na área de estudo, englobando
34% dos táxons citados para Agaricales (Figura 2.2). Esses táxons podem ser classificados
em outros tipos de substratos; Panaeolus antillarum (Figura 2.3D), por exemplo, foi
com Alves & Cavalcanti (1996) que também estudaram o táxon neste último substrato. Os
demais representantes, Parasola plicatilis (Figura 2.3E), Coprinopsis radiata (Figura 2.4A),
Parasola setulosa (Figura 2.4B), Coprinopsis nívea (Figura 2.4C), Parasola sp. (Figura
sobre esterco de animais herbívoros. Alves e Cavalcanti (1996) citam Parasola plicatilis
como Coprinus plicatilis (sinonímia) em fezes de herbívoros, Rosa & Capelari (2009) e
Valenzuela et al. (2004) também descreveram Parasola plicatilis, no entanto, estes autores
substratos que esse táxon pode se desenvolver. Já Coprinopsis nivea foi citada por Azan
contribuíram com apenas 20% do total de táxons descritos para a ordem (Figura 2.2).
(Strophariaceae) (Figura 2.5A), por exemplo, coletado na Ilhas das Canárias/MA, foi
48
também registrado para o estado de São Paulo por Guzmán (1983); este autor
psicoativo encontrado nos cogumelos do gênero Psilocybe). Mycena sp. (Figura 2.5C),
apenas pela ordem Agaricales que possui uma representatividade em espécies de 56%
(Figura 2.1). Como mostrado na Tabela 2.1, os fungos poliporóides descritos estão
Cymatoderma elegans Junghuhn (Figura 2.5D) foi descrita para a família Meruliaceae.
Polyporaceae destaca-se por ser a maior e mais diversa família dentro da ordem,
2.6A) corroborando com os estudos de Campos et al. (2005), Oliveira et al. (2005) e Silva
& Gibertoni (2006), os quais registraram essas espécies como fungos lignícolas de ampla
a já referida família, este gênero é compostos por espécies amplamente distribuídas, com
(Persoon) Schweinitz (Figura 2.6B) foi a espécie mais freqüentemente coletada para o
49
gênero, constituindo-se de um fungo de estipe profundamente negro e superfície pileal de
solitariamente.
50
Em analogia a ordem Agaricales e Polyporales, as demais ordens de
apenas 18% dos táxons aqui registrados para os basidiomicetes; no entanto, várias
Fisch. (Figura 2.6D), ambas pertencentes à família Phallaceae (Phallales), são duas
apresentam massas de esporos que exalam um forte odor que atrai moscas e outros
coletada na Ilha do Caju, é uma espécie lignícola comum, cuja ação decompositora está
associada com apodrecimento da madeira, podendo ter uma ação fracamente patogênica
(WEBSTER & WEBER, 2007). Já A. polytricha (Figura 6E) (Montagne) Saccardo, por
uma espécie comestível de acordo com o levantamento de Corner (1967), sendo esta um
51
Todas as espécies aqui descritas para o grupo estão distribuídas dentro de duas famílias
Peroneutypa comosa (Speg.) Carmarán & A.I. Romero, a qual se caracteriza por ser uma
de distribuição global (JU et al., 1997), com algumas espécies crescendo estritamente em
O gênero Xylaria é bastante diverso, segundo Whalley (1987) existem mais de 100
espécies dentro do gênero, das quais a maioria é lignícola, no entanto, algumas são
endofíticas e outras crescem sobre frutas caídas. Xylaria polymorpha (Persoon) Greville é
a espécie mais conhecida do gênero, sendo aqui registrada para APA Delta do Parnaíba
Todas as espécies aqui registradas foram descritas como primeira ocorrência para
os estados do Piauí e Maranhão. Estes dados são pioneiros, pois até o presente
momento, não existia estudos significativos sobre os fungos verdadeiros para o Piauí e
Maranhão.
2.4. CONCLUSÕES
literatura sobre a diversidade fúngica da APA Delta do Parnaíba são inexistentes. Com
BERBEE, M. L. & TAYLOR, J.W. Fungal molecular evolution: gene trees and geologic
time. In: The Mycota VIIB: Systematics and Evolution, ed. D. J. McLaughlin, E.G.
McLaughlin & P. A. Lemke. Berlin: Springer-Verlag, p. 229-245. 2001.
53
2006, ANÁPOLIS. Resumos. Anápolis: Universidade Estadual de Goiás – UEG, p. 274-
279, 2006.
GUZMÁN, G. The genus Psilocybe. A systematic revision of the known species including
the history, distribution and chemistry of the hallucinogenic species. Beiheft zur Nova
Hedwigia. 74: 1-439. 1983.
HALL, I.R, et al. Edible and poisonous mushrooms of the world. Portland, USA:
Timber Press, 2003. 371p.
HAWKSWORTH, D. L. The magnitude of fungal diversity: the 1.5 million species estimate
revisited. Mycological Research, 105, p. 1422-1432. 2001.
HIBBETT, D. S.; BINDER, M.; BISCHOFF, J. F.; BLACKWELL, M.; CANNON, P. F. et al.
A higher-level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological Research, v. 111, n.
5, p. 509-47, 2007.
JU, Y.M.; ROGERS, J.D.; SAN MARTIN, F. A revision of the genus Daldinia. Mycotaxon,
v. 61, p. 243-293. 1997.
PEGLER, D.N. Agaric flora of the Lesser Antilles. Kew Bulletin, Additional Series IX. p. 1-
668. 1983.
PEGLER, D.N. Agaric Flora of Sri Lanka. London: Her Majesty’s Stationery Office. 1986.
519 p.
PEGLER, D.N. A revision of the Agaricales of Cuba 1. Species described by Berkeley &
Curtis. Kew Bulletin 42: 501-585. 1987a.
PEGLER, D.N. A revision of the Agaricales of Cuba 2. Species described by Earle and
Murrill. Kew Bulletin 42: 855-888. 1987b.
PEGLER, D.N.. A revision of the Agaricales of Cuba 3. Keys to families, genera and
species. Kew Bulletin 43: 53-75. 1988.
PEGLER, D.N. The agarics of São Paulo, Brazil. London: Royal Botanic Gardens, Kew.
1997. 68p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHON, S. E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007. 830p.
ROSA, L. H.; CAPELARI, M. Agaricales fungi from Atlantic rain forest fragments in Minas
Gerais, Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 40, p. 846-851, 2009.
SINGER, R. The Agaricales in modern taxonomy. 4. ed. New York. J. Cramer. 1986.
981p.
TAYLOR, T. N.; HASS, H.; KERP, H.; KRINGS, M.; HANLIN, R. T. Perithecial
ascomycetes from the 400 million year old Rhynie chert: an example of ancestral
polymorphism. Mycologia, 97, 269-285. 2005.
WEBSTER, J. & WEBER, R. Introduction to fungi. 3.ed. Cambridge, UK; New York:
Cambridge University Press, 2007. 841p.
56
Figura 2.1. Representação das Ordens do Filo Basidiomycota registradas para o APA Delta do
Figura 2.2. Representação das famílias da ordem Agaricales registradas para o APA Delta do
57
Figura 2.3. A- Leucoprinus birnbaumii; B-Marasmius haematocephalus; C- M. siccus; D-
59
Figura 2.5. A- Psilocybe coprophila; B- Hexagonia hydnoides; C- Mycena sp.; D-
60
Figura 2.6. A- Lentinus crinitus; B- Polyporus badius; C- Clathrus chrysomycelinus; D-
61
DIVERSIDADE DE
FANERÓGAMAS DO DELTA
DO PARNAÍBA – LITORAL
PIAUIENSE
3
HILDA CRISTINA E. NASCIMENTO7
LISBÂNIA MARIA DE BRITO MELO8
MARIA DA CONCEIÇÃO A. DA COSTA9
MARIA GRACELIA PAIVA NASCIMENTO10
RENATA BRITO DOS REIS11
ROMUEL LIMA DOS SANTOS12
1
Doutora em Botânica pela Universidade Estadual de Feira de Santana.
Professora da Universidade Federal do Piauí, Brasil. e-mail:
ivanilzaandrade@hotmail.com
2
Bióloga (UFPI), Especializaçao em Gestão Ambiental e Ecoturismo
(FAM), Brasil. Bióloga, AGESPISA, Brasil. e-mail: lenolysilva@hotmail.com
3
Doutor (Ph.D. in Botany) da University Of Reading, Pesquisador
Associado Honorário do Herbarium, Royal Botanic Gardens Kew, Reino
Unido. e-mail: simonjosephmayo@hotmail.co.uk
4
Bióloga (UFPI), Professora da Unidade Escolar Raimundo Francisco
Gomes, Brasil. e-mail: andrezagomesdasilva@gmail.com
5
Bióloga (UFPI), e-mail: apmsbio@gmail.com
6
Bióloga (UFPI) e-mail: graciara_braz@hotmail.com
7
Bióloga (UFPI), e-mail: hildacristina26@hotmail.com
8
Bióloga (UFPI), e-mail: lmbmelo@hotmail.com
9
Bióloga (UFPI), Especializaçao em Gestão Ambiental e Ecoturismo
(FAM), Brasil. e-mail: conceicaoalves28@hotmail.com
10
Bióloga (UFPI) Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI),
Brasil. e-mail: grace.lia@hotmail.com
11
Bióloga (UFPI), Especialização em Docência do Ensino Superior (FAM),
Brasil. e-mail: renata_britoreis@hotmail.com
12
Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
e-mail: romuelphb@hotmail.com
3.1. INTRODUÇÃO
diferentes formações vegetais, como na caatinga (LEMOS & RODAL, 2002; MENDES,
2003; LEMOS, 2004), no carrasco (CHAVES, 2005), no cerrado (CASTRO et al., 1998;
al., 1997) e áreas com caatinga, carrasco e cerrado (FARIAS & CASTRO, 2004). Todos
estes estudos foram realizados em áreas do Centro-Sul e Centro Norte do Piauí. Para o
litoral do Estado, entretanto, estudos com este perfil ainda são incipientes, podendo ser
áreas de vegetação de restinga nos municípios do litoral piauiense por Santos Filho
(2009).
(FERNANDES, 1982).
O litoral do Piauí apresenta a menor extensão dentre os estados litorâneos (66 km),
está constituído por quatro municípios (Parnaíba, Ilha Grande, Luis Correia e Cajueiro da
quente e úmido (Aw’), com alto índice de pluviosidade devido a influência da massa
oeste chegando até os limites com o Maranhão, e formação Barreiras de idade Terciária,
situada mais a leste, até os limites com o Ceará (JACOMINE et al., 1986; SOUSA &
64
Os municípios que constituem o litoral piauiense encontram-se na região do Delta
cortadas por uma rede de canais, os quais formam as ilhas do Delta. Como resultado dos
formada por caatinga a leste, cerrado a sudoeste e sistemas marinhos a norte (CASTRO,
2007).
3.2.2. Metodologia
em áreas de dunas, igarapés, lagoas e rios, nos municípios do litoral piauiense: Ilha
Grande, Parnaíba, Luiz Correia e Cajueiro da Praia (Fig. 3.1). Foram coletados ramos
nome popular da morfoespécie, hábito, altura, cor da flor e fruto, latitude e longitude.
Foram coletadas cinco duplicatas, no mínimo, para cada espécie. Todo material coletado
foi preparado seguindo procedimento rotineiro de campo (FIDALGO & BONONI, 1984) e
65
A identificação foi realizada com o auxílio de chaves analíticas, consulta a
herbários EAC, TEPB e UFC. Como resultado, elaborou-se uma lista das espécies de
III, 2009), organizada em ordem alfabética de táxon. A lista também contém informações
sobre o nome popular, forma de vida de cada espécie e registro de ocorrência para o
A classificação do hábito foi feita com base em Cain & Castro (1959) e Whittaker
(1975), conforme descrito a seguir: Árvore: planta lenhosa com o mínimo 3 m de altura;
secundárias herbáceas; Erva terrestre: planta vascular terrestre com a parte aérea
herbácea; Erva epífita: planta vascular de caule herbáceo, suspensa no caule ou ramo de
nutricionalmente de outra.
66
Figura. 3.1. Localização dos pontos de coleta de fanerógamas nos municípios do Litoral
Piauiense. 1- Igarapé do Saquinho; 2- Igarapé do Periquito; 3- Igarapé do Azedo; 4- Pontal das
Canárias; 5-Mutuns; 6- Vala; 7- Morro Branco; 8- Ilha das Batatas; 9- Tatus; 10- Cal; 11- Pantanal;
12- Lagoa da Mulher; 13- São Vicente de Paulo; 14- Labino; 15- Morros; 16- Cipoal; 17- Ilha do
Urubu; 18- Barro Vermelho; 19- Lava-jato; 20- Capinzal; 21- Parelhas; 22- Alto do Batista; 23- Ilha
do Velho Benedito; 24- Braço do Rio Igaraçu; 25- Divisa Parnaíba-Luís Correia; 26- Boa Vista; 27-
Sobradinho.
3.3. RESULTADOS
56 famílias (Tab. 3.1), das quais 54 (22,2%) foram determinadas apenas em nível de
gênero. As famílias mais representativas foram Fabaceae (52 spp.); Poaceae (37 spp.);
Rubiaceae (15 spp.); Euphorbiaceae (11 spp.); Malvaceae (oito spp.), Cyperaceae e
67
Acanthaceae (duas spp.). As famílias identificadas com apenas uma espécie
ssp. cada). Os gêneros registrados com apenas uma espécie corresponderam a 76,0%.
Quanto ao hábito, foram identificadas 119 espécies herbáceas (uma das quais é parasita),
Figura 3.2. Distribuição do número de espécies (%) por família na área total
amostrada do Delta do Parnaíba, porção piauiense.
brejos) até ambientes secos, de solo arenoso, tais como, restinga e caatinga. Em
68
ambientes de mangues e brejos foram encontradas, principalmente, espécies de pequeno
porte, como ervas e subarbustos, tais como: Machaerium lunatum, Mimosa pigra, Senna
alata., Neptunia plena e Clitoria fairchildiana. Esses ambientes parecem ser limitantes ao
Brasil, ocorrendo apenas em alguns estados da região Nordeste (PI, MA e PE) (FORZZA
et al., 2010).
local, tais como: podói (Copaifera langsdorffii), muito utilizado no artesanato, artefato de
forrageira; coronha (Vachellia farnesiana) usada como planta medicinal; e jiquiriti (Abrus
apresentou o gênero Paspalum como também um dos mais representativos. Este táxon
possui ampla distribuição nos continentes americanos e sua grande diversidade está
refletida no seu amplo espectro de preferências ecológicas, pois ocorre desde o nível do
69
mar até altitudes superiores a 4500m, em bordas de matas, áreas alteradas e savanas. O
margem de rios, lagoas, áreas de brejos e áreas mais arenosas. Em áreas de dunas
lagoas, em fase de transição entre o meio aquático e o terrestre (AMARAL et al., 2008).
Clitoria fairchildiana, Mimosa caesalpiniaefolia, Mouriri pusa (as quatro já citadas para o
Nordeste) (FORZZA et al., 2010). Segundo Scarano (2002), a restinga quase não
e as pressões seletivas a que estão sujeitas. O autor sugere ainda, a não ocorrência de
CABRAL-FREIRE & MONTEIRO, 1994; MATIAS & NUNES 2001; SACRAMENTO et al.
2007).
Talinum paniculatum são endêmicas da caatinga, cerrado e mata atlântica; Mouriri pusa é
70
endêmica da Amazônia, caatinga, cerrado. Byrsonima intermedia é endêmica da
registradas em diferentes biomas brasileiros, das quais podem ser citadas, Anacardium
Digitaria ciliaris e Paspalum virgatum, registradas para Amazônia, cerrado, caatinga, mata
As palmeiras, com registro de seis espécies até o momento, são bastante utilizadas
pela população local, das quais a carnaúba (Copernicia prunifera) é a mais utilizada. Sua
palha é utilizada na confecção de vários utensílios, seja para uso próprio ou para venda,
utilizada ainda para cobertura de casas; o tronco para construção do teto, paredes,
currais, cercas e postes de energia elétrica; os frutos sevem de alimento para os animais
e humanos. As raízes são utilizadas como chá para reumatismo. A extração da matéria
prima e a confecção dos produtos artesanais são realizadas ainda de forma artesanal.
Embora esta prática garanta a renda de muitas famílias dos municípios litorâneos,
Dentre as espécies utilizadas pela comunidade local como alimentícias, podem ser
citadas: guajiru (Chrysobalanus icaco), murici (Byrsonima sp.), caju (Anacardium sp.) e
murta (Eugenia sp.). Como medicinais, citam-se o podói (Copaifera langsdorffii) e pinhão-
71
Segundo Fenner et al. (2006), Anacardium occidentale é utilizada como anti-séptico
em feridas, úlceras, aftas, etc, enquanto o suco da Montrichardia linifera é utilizado para
úlceras atônicas. Ainda segundo este autor, o suco da Cuscuta racemosa ajuda na cura
utilizadas em feridas. O chá das folhas de Pistia stratiotes são utilizadas para cólica.
Segundo Chaves et al. (2009), esta espécie é frequentemente visitada por abelhas,
Na área de estudo há áreas próximas a margem do rio Parnaíba que estão sendo
substituídas por plantação de arroz e/ou pasto para criação de gado. Faz-se necessário e
urgente, portanto, inventariar toda a flora e realizar trabalho de educação ambiental com
sustentável dos recursos naturais existentes na área, já que as mesmas participam direta
razoáveis entre tais tipos vegetacionais. Emperaire (1989) mencionou que são nessas
ecorregiões de caatinga para o estado do Piauí e de acordo com os critérios adotados por
Barreiras estariam incluídas com uma vegetação tratada como savana estépica
arborizada.
72
Os dados obtidos sobre a flora do Estado, até o momento, são extremamente
Salienta-se, mais uma vez, que este é um estudo dinâmico e continuado, no qual
Biomas no litoral piauiense (CASTRO, 2003), somente será possível relacionar, com mais
Delta do Parnaíba.
AGRADECIMENTOS
Delta do Parnaíba” e a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Instituição onde está sendo
botânico: Elnatan Bezerra de Sousa, Alessandro Rapini, Edson Paula Nunes, Afrânio
Fernandes, Ângela Miranda. Ao Prof. Dr. Jesus Rodrigues Lemos pelas contribuições na
revisão do texto. Aos moradores das comunidades visitadas. Aos alunos pelos prazerosos
transportes da UFPI que muito colabora com as saídas ao campo. Aos motoristas que nos
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, R.B de. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea,
Estado do Piauí: Diagnóstico do município de Ilha Grande. Organização do texto:
Roberto Bôto de Aguiar e José Roberto de Carvalho Gomes - Fortaleza CPRM - Serviço
Geológico do Brasil, 2004.
GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M.; QUEIROZ, L.P. de, WANDERLRY, M. das G.L.; VAN
DEN BERG, C. Biodiversity and Conservation of Plants in Brazil. Conservation Biology,
v. 19, n. 3, p. 632-639, 2005.
ILHA GRANDE. Prefeitura Municipal. Plano Diretor Participativo de Ilha Grande, Piauí.
Relatório Final. Diagnóstico e Prognóstico. Ilha Grande: 2008. (v. 1).
JACOMINE, P. K. T.; CAVALCANTI, A.C.; PESSOA, S.C.P.; BURGOS, N.; MELO FILHO,
H. F. R.; LOPES, O. F.; MEDEIROS, L. A. R. Levantamento exploratório-
reconhecimento de solos do Estado do Piauí. Rio de Janeiro,
Embrapa/SNLCS/Sudene, 1986. 782p.
75
MENDES, M. R. A. Florística e fitossociologia de um fragmento de caatinga arbórea,
São José do Piauí, Piauí. 2003. 110 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) -
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.
76
Tabela 3. Lista dos táxons identificados para o Delta do Parnaíba – porçãol
piauiense, depositadas no herbário HDELTA da Universidade Federal do Piauí,
Campus Parnaíba, Parnaíba, PI.
77
Caatinga
Araceae
Lemna aequinoctialis Welw. Lentinha d’água Erva Nativa; não endêmica; Norte
(AM), Nordeste (PI, CE, RN, PE,
BA, AL), Centro-Oeste (MS),
Sudeste (ES, RJ), Sul (SC);
Amazônia, Mata Atlântica,
Pantanal.
Lemna valdiviana Phil. Lentinha d’ Erva Não endêmica; Norte (AM),
d´água Nordeste (PI, PB, PE, BA),
Centro-Oeste (MS), Sudeste
(RJ), Sul (PR, SC, RS);
Amazônia, Caatinga, Mata
Atlântica.
Montrichardia linifera (Arruda) Aninga Subarbusto Nativa; não endêmica; Norte
Schott (RR, AP, PA, AM), Nordeste
(CE, RN, PB, PE, BA, SE),
Sudeste (ES, RJ); Amazônia,
Caatinga, Mata Atlântica.
Philodendron acutatum Schott Cara-de-cavalo Hemi- Nativa; endêmica; Norte (RR,
epífita AP, PA, AM, TO, AC, RO),
Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, BA, AL, SE), Centro-Oeste
(MT, GO, DF), Sudeste;
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Pistia stratiotes L. Alface-d´água Erva Nativa; não endêmica; Norte
(AP, PA, AM,AC), Nordeste (PI,
CE, RN, PB,PE, BA, AL, SE),
Centro- Oeste (MT, MS),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pantanal.
Wolffiella lingulata (Hegelm.) - Erva Nativa; não endêmica; Nordeste
Hegelm. (BA), Centro-Oeste (MS);
Caatinga, Pantanal.
Arecaceae
Astrocaryum vulgare Mart. Tucum Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(PA, TO), Nordeste (MA);
Amazônia
Cocos nucifera L. Coco Árvore Subespontânea; não endêmica;
Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, BA, AL, SE), Sudeste (ES,
SP, RJ); Mata Atlântica.
Copernicia prunifera (Mill.) Carnaubeira Árvore Nativa; endêmica; Norte (TO),
H.E.Moore Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
78
PE, BA, AL, SE),
Centro-Oeste (MT); Caatinga,
Cerrado.
Elaeis guineensis Jacq. Dendê Árvore Subespontânea; não endêmica;
Nordeste (BA); Mata Atlântica.
Euterpe precatoria Mart. Juçara Árvore Nativa; não endêmica.
Mauritia flexuosa L. Buriti Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(AM, TO, AC, RO), Nordeste
(MA, PI, CE, BA), Sudeste (MG,
SP); Amazônia, Caatinga,
Cerrado.
Asteraceae
Acanthospermum hispidum DC. - Erva Nativa; não endêmica; Nordeste
(PI, CE, PE, BA, AL), Centro-
Oeste (MT, GO), Sudeste (MG,
SP, RJ), Sul (PR, SC, RS);
Cerrado, Pampa.
Blainvillea dichotoma (Murray) - Erva Nativa; não endêmica; Norte
Stewart (PA), Nordeste (BA, SE),
Centro-Oeste (GO, DF), Sudeste
(MG, ES, RJ); Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica.
Mikania cordifolia (L.f.) Willd. Cipó-cabeludo Trepadeira Nativa; não endêmica; Norte
(AM), Nordeste (PE, BA),
Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR, SC, RS); Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa.
Plagiocheilus sp. - Erva -
Stevia sp. - Erva -
Bignoniaceae
Dolichandra sp. - Trepadeira -
Fridericia sp. Cipó-de-boi Trepadeira -
Fridericia sp. - Trepadeira -
Fridericia sp. - Trepadeira -
Handroanthus impetiginosus - Árvore Nativa; não endêmica; Norte
Mattos (PA, TO), Nordeste (MA, PI, CE,
RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica, Pantanal.
Bixaceae
Bixa orellana L. Urucum Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(RR, AP, PA, AM, TO, AC, RO),
Nordeste (CE, BA), Centro-
Oeste (MT, GO), Sudeste (MG,
ES, SP), Sul (RS); Amazônia,
Mata Atlântica, Cerrado.
Cochlospermum vitifolium (Willd.) - Arbusto -
Spreng.
Boraginaceae
Cordia rufescens A. DC. Erva Nativa; endêmica; Nordeste
(MA, PI, CE, PB, PE, BA, AL),
Centro-Oeste (GO), Sudeste
(MG); Caatinga, Cerrado.
Cordia sp. - Subarbusto -
Heliotropium polyphyllum Lehm Sete-sangrias Erva -
Heliotropium sp. - Erva -
Cactaceae
Cereus jamacaru DC. Cacto Erva Nativa; endêmica.
Cereus sp. Cacto Erva -
Brassicaceae
Capparis sp. - Arbusto -
79
Crataeva tapia L. Tapiá Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, AC), Nordeste (MA,
CE, BA, AL), Centro-Oeste (MT,
MS), Sudeste (RJ); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Celastraceae
Maytenus sp. - Árvore -
Chrysobalanaceae
Chrysobalanus icaco L. Guagiru Arbusto Nativa; não endêmica
Combretaceae
Combretum leprosum Mart. Mufumbo Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, TO), Nordeste (MA, PI,
CE, RN, PB, PE, BA), Centro-
Oeste (MT, GO, MS), Sudeste
(MG); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica.
Combretum sp. Mufumbo Árvore -
Combretum laxum Jacq. Mufumbo Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(RR, AP, PA, AM, TO, AC, RO),
Nordeste (MA, PI, CE, PB, PE,
BA), Centro-Oeste (MT, GO,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica.
Conocarpus erectus L. Mangue de botão Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(PA), Nordeste (MA, PI, CE, PB,
PE, BA), Sudeste (ES, SP, RJ),
Sul (PR); Amazônia, Mata
Atlântica.
Combretum mellifluum Eichler Mufumbo Árvore Nativa; não endêmica.
Laguncularia racemosa (L.) Mangue manso Árvore Nativa; não endêmica; Norte
C.F.Gaertn. (AP, AM), Nordeste (MA, PE,
BA), Sudeste (SP, RJ), Sul (PR);
Amazônia, Mata Atlântica.
Laguncularia sp. Cançú Árvore -
Commelinaceae
Commelina erecta L. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(RR, AP, PA, AM, TO, AC),
Nordeste (CE, PE, BA, AL),
Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Convolvulaceae
Cuscuta racemosa Mart. - Erva Nativa; não endêmica; Centro-
Oeste (MT, GO), Sudeste (MG,
SP, RJ), Sul (PR, SC, RS);
Cerrado, Mata Atlântica.
Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & - Erva Nativa; não endêmica; Norte
Schult (RR, AP, PA, AM, AC, RO),
Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, BA, AL, SE), Centro-Oeste
(MT, GO), Sudeste; Amazônia,
Mata Atlântica.
Ipomoea quamoclit L. Cardeal Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, AC, RO), Nordeste
(CE, PB, PE, BA, AL), Centro-
Oeste (MT, GO, DF, MS),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Mata Atlântica.
Merremia aegyptia (L.) Urb. Jitirana-cabeluda Trepadeira Nativa; não endêmica; Norte
(RR, PA, AM, TO), Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA,
80
AL), Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, ES, SP), Sul
(SC); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica.
Cucurbitaceae
Luffa aegyptiaca Mill. - Trepadeira -
Momordica charantia L. Melão-são- Trepadeira Nativa; endêmica (?); Norte (AP,
caetano TO, AC), Nordeste (MA, PI, CE,
RN, PB, PE, BA), Centro-Oeste
(MT, GO, MS), Sudeste (MG,
SP, RJ), Sul (SC, RS);
Amazônia, Cerrado.
Cyperaceae
Cyperus ligulares C. F - Erva Nativa; não endêmica; Norte,
Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste, Sul; Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. - Erva Nativa; não endêmica; Norte,
Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste, Sul; Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa, Pantanal.
Cyperus sp. Junco Erva -
Cyperus sp. Junquinho Erva -
Cyperus sp. - Erva -
Eleocharis geniculata (L.) Roem. & - Erva Nativa; não endêmica; Norte,
Schult. Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste, Sul; Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa, Pantanal.
Eleocharis flavescens Kunth. - Erva Nativa; não endêmica; Norte,
Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste, Sul; Amazônia,
Caatinga, Mata Atlântica.
Eriocaulaceae
Paepalanthus sp. - Erva -
Erythroxylaceae
Erythroxylum sp. - Arbusto -
Euphorbiaceae
Cnidoscolus urens (L,) Arthur Cansanção Erva Nativa; não endêmica.
branco
Croton adenocalyx Baill. Caatinga-branca Arbusto Nativa; endêmica; Nordeste (CE,
RN, PB, PE, SE); Caatinga.
Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro Arbusto Nativa; endêmica; Nordeste (PI,
CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Sudeste (MG); Caatinga.
Croton glandulosus L. - Arbusto Nativa; não endêmica; Região
Norte até o Sul (AL, AM, AP, BA,
CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA,
PE, PI, PB, PR, RJ, RN, SC, SE,
SP, TO); Cerrado e Caatinga.
Croton grewioides Baill. Canelinha Arbusto Nativa; endêmica; Nordeste (PI,
CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Sudeste (MG); Caatinga
Dalechampia pernambucensis - Trepadeira Nativa; endêmica; Norte (AM),
Baill. Nordeste (PB, PE, BA), Centro-
Oeste (MT), Sudeste (SP), Sul;
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
Dalechampia scandens L. - Trepadeira Nativa; endêmica; Norte (AM),
Nordeste (PB, PE, BA), Centro-
Oeste (MT), Sudeste (SP), Sul;
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
81
Jatropha curcas L. Pinhão-branco Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, AC), Nordeste (MA,
BA), Sudeste (SP, MG);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. - Arbusto Nativa; endêmica(?)
Manihot caerulescens Pohl - Arbusto Não endêmica.
Sebastiania sp. - Árvore -
Fabaceae/Papilionoideae
Abrus precatorius L. Jiquiriti Arbusto Nativa, não endêmica.
Aeschynomene sensitiva Sw. Corticeira Erva Nativa, não endêmica.
Aeschynomene brevipes Benth. - Erva Nativa; endêmica
Aeschynomene viscidula Michx. - Erva Nativa, não endêmica
Centrosema brasilianum (L.) Benth. Cunha; feijão- Trepadeira Nativa, não endêmica; Norte
bravo (PA), Nordeste (PI, CE, PB, PE,
BA); Amazônia, Caatinga,
Cerrado
Clitoria fairchildiana R. A. Howard Sombreiro Árvore Nativa, endêmica (nordeste: MA,
PI, PB, PE); Caatinga e Mata
Atlântica.
Crotalaria pallida Aiton Chocalho-de- Subarbusto Subespontânea, não endêmica.
cascavel
Crotalaria retusa L. Chocalho-de- Subarbusto Subespontânea, não endêmica;
cascavel Norte (PA), Nordeste (MA, PI,
BA), Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa.
Desmodium barbatum (L.) Benth. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AC, RO), Nordeste (MA,
CE, BA, SE), Centro-Oeste (MT,
GO, DF, MS), Sudeste (MG, ES,
SP, RJ), Sul (PR, SC, RS);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica, Pampa,
Pantanal.
Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. Mucunã Trepadeira Nativa; endêmica; Nordeste (PI,
CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE);
Caatinga
Galactia jussiaeana Kunth - Subarbusto Nativa; não endêmica.
Indigofera microcarpa Desv. Anil-do-mato Subarbusto Nativa; endêmica; Norte (AM),
Nordeste (MA, PI, CE, RN, PE,
BA, AL), Sudeste (RJ), Sul (RS);
Amazônia, Caatinga, Mata
Atlântica.
Indigofera suffruticosa Mill. - Subarbusto Nativa; não endêmica; Norte
(RR, AP, PA, AM, AC), Nordeste
(MA, CE, RN, PB, PE,AL),
Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Machaerium lunatum (L.f) Ducke Jiquiriti Arbusto Nativa, não endêmica.
Macroptilium lathyroides (L.) Urb Feijão-de-rola Subarbusto Nativa, não endêmica.
Mysanthus sp. - Trepadeira -
Mucuna sloanei Fawc. & Rendle olho-de-boi Trepadeira Nativa; não endêmica; Norte
(PA, RO), Nordeste (MA, CE,
PB, PE, BA), Centro-Oeste (GO,
DF), Sul (PR); Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica.
Rhynchosia sp. - Erva -
Stylosanthes angustifolia Vogel - Subarbusto Nativa, não endêmica; Norte
(RR, PA, AM, AC, RO),
Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, SE,BA); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
82
Stylosanthes humilis Kunth - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM), Nordeste (MA, CE,
PB, BA, AL), Centro-Oeste (GO,
DF, MS), Sudeste (SP);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
Tephrosia purpurea (L.) Pers. Anil Subarbusto Nativa, não endêmica; Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA,
AL, SE), Sudeste (MG, SP, RJ);
Amazônia, Caatinga, Mata
Atlântica.
Zornia latifolia Sm. - Arbusto Nativa, não endêmica.
Fabaceae/Caesalpinoideae
Bauhinia ungulata L. Mororó, capa- Árvore Nativa; não endêmica.
bode, pata-de-
vaca
Caesalpinia gardneriana Benth. - Árvore -
Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw. Flanboyant-mirim Arbusto Subespontânea; Norte (RR, AP,
PA, AM, TO, AC, RO), Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA,
AL, SE), Centro-Oeste (MT, GO,
DF, MS), Sudeste (MG, ES, SP,
RJ), Sul (PR, SC, RS);
Amazônia, Cerrado, Mata
Atlântica
Chamaecrista calycioides (Collad.) - Erva Nativa; não endêmica
Greene
Chamaecrista diphylla (L.) Greene Erva-de-coração, Nativa; não endêmica; Norte
pasto-rasteiro, Erva (RR, AP, PA, AM, TO, RO),
alfafa-nativa Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, AL, SE), Centro-Oeste (MT,
GO, MS), Sudeste (MG, RJ);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica
Chamaecrista hispidula (Vahl) Melosa-da-praia, Nativa; não endêmica; Norte
H.S.Irwin & Barneby mundubim-brabo Subarbusto (RR, PA, AM),Nordeste (MA, PI,
CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Centro-Oeste (MT, MS),
Sudeste (MG); Amazônia,
Caatinga, Cerrado
84
Atlântica, Pantanal.
Limnocharitaceae
Hydrocleys sp. - Erva -
Loranthaceae
Psittacanthus sp. - Erva -
Malpighiaceae
Byrsonima gardneriana A. Juss. - Arbusto Nativa; endêmica; Norte (AP),
Nordeste (CE, RN, PB, PE, BA,
AL); Caatinga, Cerrado
Byrsonima intermedia A. Juss Murici do Arbusto Nativa; endêmica; Centro-Oeste
campo/Murici (MT, GO, DF, MS), Sudeste
(MG, SP), Sul (PR); Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica.
Byrsonima sp. Murici da praia Arbusto -
Byrsonima sp. Murici pitanga Arbusto -
Byrsonima sp. - Arbusto -
Malvaceae
Helicteris muscosa Mart. - Subarbusto -
Hibiscus bifurcatus Cav. - Arbusto -
Hibiscus pernambucensis Arruda - Arbusto -
Pachira aquatica Aubl. Munguba Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(RR, RO), Centro-Oeste (MT);
Amazônia.
Pachira sp. Munguba de leite Árvore -
Pavonia cancellata (L.) Cav. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM), Nordeste (MA, PI, CE,
PB, PE, BA, AL, SE), Centro-
Oeste (MT, GO, DF, MS),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
Sida anomala A.St.-Hil. - Erva Nativa; não endêmica; Nordeste,
Centro-Oeste (MT, MS), Sul
(RS); Pampa, Pantanal.
Sida sp. - Erva -
Melastomataceae
Mouriri pusa Gardner Puçá Árvore Nativa; endêmica; Norte (PA,
TO, RO), Nordeste (MA, PI, CE,
BA, SE), Centro-Oeste (MT, GO,
MS), Sudeste (MG); Amazônia,
Caatinga, Cerrado.
Menyanthaceae
Nymphoides indica (L.) Kuntze Estrela-branca Erva Nativa; não endêmica; Norte
(AM, RO), Nordeste (MA, CE,
BA), Centro-Oeste (GO, DF),
Sudeste (MG, SP, RJ), Sul (PR,
SC, RS); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica.
Molluginaceae
Eugenia sp. Murta Árvore -
Mollugo verticillata L. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM), Nordeste (MA, BA,
AL), Centro-Oeste (MT, DF),
Sudeste (MG, SP, RJ), Sul (SC,
RS); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa.
Myrthaceae
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) Murta Arbusto Nativa; não endêmica; Nordeste
O. Berg (BA), Centro-Oeste (MT, GO,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR, SC, RS); Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa.
Campomanesia sp. - Arbusto -
85
Nymphaeaceae
Nymphaea ampla (Salisb.) DC. Aguapé-da-flor- Erva Nativa; não endêmica; Nordeste
branca (PE, BA); Caatinga, Mata
Atlântica.
Nymphaea sp. - Erva -
Ochnaceae
Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. Batiputá Subarbusto Nativa; endêmica; Nordeste
(BA), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR, SC, RS); Mata
Atlântica.
Ouratea sp. Batiputá Subarbusto -
Onagraceae
Ludwigia lagunae (Morong) H. Hara - Erva Nativa; não endêmica; Centro-
Oeste (MT, MS), Sudeste (SP),
Sul (PR); Mata Atlântica,
Pantanal.
Orchidaceae
Catasetum barbatum (Lindl.) Lindl. Epifita Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, TO), Nordeste (MA,
CE, BA), Centro-Oeste (MT,
GO), Sudeste. (MG); Amazônia,
Cerrado.
88
(Mart.) Solms (MA, PB, BA), Centro-Oeste
(MT, MS), Sudeste (MG, SP),
Sul (RS); Caatinga, Mata
Atlântica, Pantanal.
Pontederia parviflora Alexander - Erva -
Portulacaceae
Talinum paniculatum (Jacq.) Beldroega Erva Nativa; endêmica; Norte (PA,
Gaertn. AM, AC, RO), Nordeste (MA, PI,
CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Centro-Oeste (MT, GO, MS),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Rhamnaceae
Ziziphus joazeiro Mart. - Árvore Nativa; endêmica; Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA,
SE); Caatinga.
Rhyzophoraceae
Rhizophora mangle L. Mangue vermelho Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(PA), Nordeste (MA, PE, BA),
Sudeste (SP, RJ), Sul (PR, SC);
Amazônia, Mata Atlântica
Rubiaceae
Borreria densiflora DC. - Erva Nativa; não endêmica
Borreria scabiosoides Cham. & - Erva Nativa; não endêmica; Nordeste
Schltdl. (PI, CE, RN, PB, PE, BA, SE),
Sudeste (RJ); Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica
Borreria verticillata (L.) G.Mey. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(RR, PA, AM, RO), Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA),
Centro-Oeste (MT, GO, DF),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica
Chiococca alba (L.) A.S. Hitchc. - Arbusto Nativa; não endêmica; Norte
(AC), Nordeste (RN, PB, PE,
BA, AL, SE), Centro-Oeste (MT,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica.
Diodella apiculata (Willd. ex Roem. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
& Schult.) Delprete (RR, PA), Nordeste (PI, CE, PE,
BA, SE), Centro-Oeste (MT, GO,
DF), Sudeste (MG, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa.
Diodia teres Walt. - Erva -
Genipa americana L. Jenipapo Árvore Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM), Nordeste (MA, PI, CE,
RN, PB, PE, BA, AL, SE),
Centro-Oeste (MT, GO, DF,
MS), Sudeste (MG, ES, SP, RJ),
Sul (PR); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica,
Pantanal.
Guettarda viburnoides Cham. & - Árvore Nativa; endêmica; Norte (AP,
Schltdl. PA, TO), Nordeste (MA, PI, CE,
PB, PE, BA, AL), Centro-Oeste
(MT, GO, DF, MS), Sudeste
(MG, SP, RJ), Sul (PR);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
Mitracarpus baturitensis Sucre - Erva Nativa; endêmica; Nordeste (PI,
89
CE, PB, PE, BA), Centro-Oeste
(MT, GO); Caatinga, Cerrado.
Mitracarpus salzmannianus DC. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(RR, PA), Nordeste (PI, CE, RN,
PB, PE, BA, AL, SE), Sudeste
(MG, ES, RJ); Amazônia,
Caatinga, Cerrado.
Spermacoce verticillata L. - Erva Nativa; não endêmica; Norte
(RR, PA, AM, RO), Nordeste
(MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA),
Centro-Oeste (MT, GO, DF),
Sudeste (MG, ES, SP, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Staelia virgata (Link ex roem. & - Erva Nativa; não endêmica; Norte
Schult.) K.Schum. (PA, AM, TO, RO), Nordeste
(MA, PI, CE, PB, PE, BA, AL,
SE), Centro-Oeste (MT, GO,
MS), Sudeste (MG), Sul (PR);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica, Pantanal.
Tocoyena formosa (Cham. & - Árvore Nativa; não endêmica; Norte
Schltdl.) K.Schum (AP, PA, AM), Nordeste (MA,
CE, PE, BA), Centro-Oeste (MT,
GO, DF, MS), Sudeste (MG,
SP), Sul (PR); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Richardia grandiflora (Cham. & Vassourinha de Erva Nativa; não endêmica; Nordeste
Schdl.) Steud botão (PI, RN, PB, BA), Centro-Oeste
(GO, MS), Sudeste (MG, ES,
SP), Sul (PR, SC, RS);
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica.
Richardia scabra L. - Erva -
Rutaceae
Sigmatanthus trifoliatus Huber ex - Árvore Nativa; endêmica; Norte (PA),
Emmerich Nordeste (MA, PI, CE, RN, PE);
Amazônia, Caatinga.
Sapindaceae
Serjania sp. - Trepadeira -
Paullinia pinnata L. - Trepadeira Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM), Nordeste (MA, PI, CE,
PE, SE), Centro-Oeste (MT, GO,
MS); Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica,
Pantanal.
Santalaceae
Phoradendron sp. - Subarbusto -
Solanaceae
Physalis angulata L. Canapum Erva Subespontânea; não endêmica;
Norte (PA, AM, AC, RO),
Nordeste (MA, CE, RN, PB, PE,
BA), Centro- Oeste (MT, GO,
DF), Sudeste (MG, ES, RJ), Sul
(PR, SC, RS); Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pantanal.
Solanum sp. - Arbusto -
Turneraceae
Turnera cearensis Urb. - Subarbusto Nativa; endêmica; Nordeste
(MA, CE, PB, PE, BA, AL, SE),
Sudeste (MG); Caatinga, Mata
Atlântica
Turnera melochioides Cambess. - Erva Nativa; não endêmica.
90
Turnera sp. Chanana Subarbusto -
Uuticaceae
Laportea aestuans (L.) Chew. Cansanção Erva Nativa; não endêmica; Norte
(PA, AM, AC), Nordeste (PI, CE,
RN, PB, BA, AL), Sudeste (MG,
SP, RJ), Sul (PR); Amazônia,
Mata Atlântica.
Verbenaceae
Lantana camara L. Lantana, Erva Nativa; não endêmica; Norte
camabará-de- (RR, AP, AM, TO, AC, RO),
jardim Nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, BA), Centro-Oeste (MT, GO,
DF, MS), Sudeste (MG, ES, SP,
RJ), Sul (PR, SC, RS);
Amazônia, Caatinga, Cerrado,
Mata Atlântica.
91
ESPÉCIES IDENTIFICADAS NO DELTA DO PARNAÍBA, PORÇÃO PIAUIENSE.
Figuras 3.3-3.8. Espécies registradas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.3. Avicennia
germinans (L.) L. – Ramo com fruto; 3.4. Avicennia germinans (L.) L. – Ramo com flor; 3.5.
Echinodorus paniculatus Micheli; 3.6. Crinum americanum L. – Flor; 3.7. Crinum americanum L. –
Fruto; 3.8. Anacardium ocidentale L.
92
Figuras 3.9-3.14. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.9.
Aspidosperma pyrifolium Mart.; 3.10. Lemna valdiviana Phil; 3.11. Montrichardia linifera
(Arruda) Schott; 3.12. Philodendron acutatum Schott; 3.13. Pistia stratiotes L.; 3.14.
Astrocaryum vulgare Mart.
93
Figuras 3.15-3.18. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.15.
Cocos nucifera L.; 3.16. Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore – hábito; 3.17. Copernicia prunifera
(Mill.) H.E. – Fruto; 3.18. Elaeis guineensis Jacq. – Hábito
94
Figuras 3.19-3.24. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.19.
Elaeis guineensis Jacq. – Infrutescência; 3.20. Mauritia flexuosa L.; 3.21. Mikania cordifolia (L.f.)
Willd.; 3.22. Bixa orellana L.; 3.23. Cordia sp.; 3.24. Heliotropium pollyphyllum Lehm;
95
Figuras 3.25-3.30. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.25.
Chrysobalanus icaco L.; 3.26. Conocarpus erectus L.; 3.27. Laguncularia racemosa (L.) C.F.; 3.28.
Ipomoea asarifolia Roem. Schult Gaertn; 3.29. Abrus precatorius L. – Ramo com flor; 3.30. Abrus
precatorius L. – Ramos com fruto.
96
Figuras 3.31-3.35. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.3.
Avicennia germinans (L.) L. Ramo com f ruto; 3.4. Avicennia germinans (L.) L. Ramo com flor; 3.5.
Echinodorus paniculatus Micheli; 3.6. Crinum americanum L. – Flor; 3.7. Crinum americanum L. –
Fruto; 3.8. Anacardium ocidentale L.
97
Figuras 3.36-3.41. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.36.
Chamaecrista ramosa (Vogel) H. S. Irwin Irwin & Barneby. – Flor; 3.37. Clitoria fairchildiana R.
A. Howard; 3.38. Crotalaria pallida Aiton; 3.39. Crotalaria retusa L.; 3.40. Dioclea grandiflora
Mart. ex Benth.; 3.41. Indigofera microcarpa Desv.
98
Figuras 3.42-3.49. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense.
3.42. Indigofera suffruticosa Mill; 3.43. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz; 3.44.
Ludwigia lagunae (Morong) H. Hara; 3.45. Machaerium lunatum (L. f.) Ducke –
Inflorescência; 3.46. Machaerium lunatum (L. f.) Ducke – Fruto; 3.47. Macroptilium
lathyroides (L.) Urb; 3.48. Mimosa caesalpiniifolia Benth; 3.49. Mimosa pigra L.
99
Figuras 3.50-3.55. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.50.
Mucuna sloanei Fawc. & Rendle - Inflorescência; 3.51. Mucuna sloanei Fawc. & Rendle -Fruto;
3.52. Neptunia plena (L.) Benth – Hábito; 3.53. Neptunia plena (L.) Benth – Flor; 3.54.
Parkinsonia aculeata L.; 3.55. Senna alata (L.) Roxb.
100
Figuras 3.56-3.61. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção
Piauiense. 3.56. Senna occidentalis (L.) Link. Flor; 3.57. Senna occidentalis
(L.) Link. Hábito; 3.58. Senna splendida (Vogel) H. S. Irwin & Barneby; 3.59.
Stylosanthes humilis Kunth ; 3.60. Tephrosia purpurea (L.) Pers; 3.61. Zornia
latifolia Sm.
101
Figuras 3.62-3.67. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.62.
Schultesia aptera Cham - Hábito; 3.63. Schultesia aptera Cham - Flor; 3.64. Psittacanthus sp.;
3.65. Byrsonima gardneriana A. Juss; 3.66. Helicteres muscosa Mart.; 3.67. Hibiscus bifurcatus
Cav.
102
Figuras 3.68-3.73. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.68.
Hibiscus pernambucensis Arruda; 3.69. Pavonia cancellata (L.) Cav.; 3.70. Pavonia sessiliflora
Kunth; 3.71. Mouriri pusa Gardner; 3.72. Nymphoides indica (L.) Kuntze – Hábito; 3.73.
Nymphoides indica (L.) Kuntze - Flor feminina sendo polinizada por abelha.
103
Figuras 3.74-3.77. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.74.
Catasetum barbatum (Lindl.) Lindl. - Flor feminina; 3.75. Catasetum barbatum (Lindl.) Lindl. - Flor
masculina; 3.76. Scoparia dulcis L.; 3.77. Cenchrus echinatus L.
104
Figuras 3.78-3.82. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.78.
Cloris sp.; 3.79. Cynodon dactylon (L.) Pers.; 3.80. Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd.; 3.81.
Eleocharis sp.; 3.82. Eleusine indica (L.) Gaertn.
105
Figuras 3.83-3.86. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.83.
Eragrostis ciliares (L.) R. Br.; 3.84. Eragrostis tenella (L.) P. Beauv. ex Roem. & Schult.; 3.85.
Panicum maximum Jacq; 3.86. Paspalidium germinatum (Forssk.) Stapf.
106
Figuras 3.87-3.90. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.87.
Paspalum fasciculatum Willd. ex Fluggé ; 3.88. Paspalum repens P.J. Bergius; 3.89. Paspalum
virgatum L.; 3.90. Paspalum repens P. J. Bergius
107
Figuras 3.91-3.96. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.91.
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms; 3.92. Pontederia cordata L.; 3.93. Eichhornia diversifolia
(Vahl) Urb.; 3.94. Rhizophora mangle L. ramo com fruto; 3.95. Rhizophora mangle L. – ramo com
flor; 3.96. Borreria densiflora DC.
108
Figuras 3.97-3.103. Espécies identificadas para o Delta do Parnaíba, porção Piauiense. 3.97.
Borreria scabiosoides Cham. & Schltdl.; 3.98. Diodia teres Walt.; 3.99. Genipa americana L. –
Ramo com flor; 3.100. Genipa americana L. – Ramo com fruto; 3.101. Spermacoce verticillata L.;
3.102. Mitracarpus baturitensis Sucre; 3.103. Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K. Schum
109
VEGETAÇÃO DO DELTA DO PARNAÍBA: PORÇÃO PIAUIENSE
Figura 3.104. Lagoa Seca, Ilha Grande, PI - Lagoa temporária no período de estiagem.
Figura 3.105. Lagoa Seca, Ilha Grande, PI - Lagoa temporária no período chuvoso.
110
Figura 3.106. Área de Restinga, Boa Vista, Cajueiro da Praia, PI.
Figura 3.107. Macrófitas em Lagoa temporária, Boa Vista, Cajueiro da Praia, PI.
111
-
Figura 3.108. Vegetação de Dunas, Tatus, Ilha Grande, PI.
Figura 3.109. Área de dunas com lagoas, Morro da Mariana, Ilha Grande – PI.
112
Figura 3.110. Igarapé dos Camaleões, Ilha das Batatas, Ilha Grande, PI.
113
Figura 3.112. Vista de área de Carnaubal próximo a Lagoa Seca, Ilha Grande, PI.
114
ICTIOFAUNA DO DELTA DO
RIO PARNAIBA, LITORAL
PIAUIENSE
1
Biólogo, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR/SP). Professor
Adjunto da Universidade Federal do Piauí/Campus Parnaíba. E-mail:
eudesferreira23@hotmail.com
4.1. O RIO PARNAÍBA
O rio Parnaíba nasce na chapada das Mangabeiras, a uma altitude de 709 metros.
Parnaíba. Tem uma extensão de 1485 Km e serve de divisa entre os estados do Piauí e
forma deltaica com cinco barras. De Leste para Oeste: Igaraçu, no Piauí; Canárias, entre
precipitação pluviométrica, dezembro a maio, ultrapassa muito o leito natural, por isso
sendo denominado Nilo Piauiense. Recebe sete afluentes no lado do Piauí (Uruçuí
Maranhão (Balsas). Constitui a quarta maior bacia hidrográfica brasileira e é o maior rio
nascentes à afluência do rio Gurguéia, Médio Parnaíba, até a foz do rio Poti e Baixo
Parnaíba até a formação do delta junto ao oceano Atlântico. Nas margens dos rios que
causando assoreamento que carreiam grandes volumes de material silicoso para a região
deltaica, o que propicia, de acordo com Lima (1998), mudanças no sedimento, podendo
bifurca-se o rio Parnaíba, dando origem ao rio Igaraçu em sua margem direita. Este, após
percorrer 21 Km, passando pelo município de Parnaíba, forma seu estuário próximo ao
Km. Assim, o delta do rio Parnaíba possui 2700 Km de área. Com, aproximadamente, 90
jovem.
Devido a essa imensa área, a salinidade distribui-se desde o oceano, com 35‰ até
vertical, apenas, nos rios Igaraçu, Melancieiras e Tutóia, o que os dá o carácter de cunha
salina. Nos rios Canárias e Caju, devido ao grande fluxo de água do rio, há uma
poder de migração trófica ou reprodutiva das espécies. Assim, de acordo com Nunes do
retorno.
& Kjerfve (2002) pode sofrer a ação do Efeito de Coriolis nos estuários. Assim, como em
preamar a água mais densa, com maior salinidade, entra no estuário pela margem
esquerda do rio, e é por este mesmo caminho que os cardumes costumam seguir. A
matéria orgânica e inorgânica carreada pelo rio e represada pela água mais salina. Esse
117
material em suspensão, que é grande nesses rios de planície costeira, é conseqüência,
segundo Mirande, Castro & Kjerfve (2002) da razão largura/ profundidade que é grande
nesse tipo de sistema estuarino. De acordo com os mesmos autores, nesse tipo de
vales dos rios foi mais acentuada que a sedimentação, então, a topografia atual ficou
muito semelhante ao vale do rio. Por esta razão, a configuração geométrica do fundo, em
forma de V, faz com que estes tipos de estuários sejam relativamente rasos. Como no rio
Parnaíba existem rios de diferentes formações, o delta, em si, é estuarino com alguns rios
118
4.3. OS PEIXES DO DELTA
sua maioria, arenosos dentro dos rios, rochosos em alguns pontos do estuário dos rios
variação de preferendo alimentar pela fauna que nestes substratos se instala à procura de
sua posição trófica nas redes alimentares. Como há um gradiente de salinidade muito
segundo Britski, Silimon & Lopes(2007), ainda Zaniboni Filho et alli (2004), a ictiofauna
oligohalina, em sua maioria, possui preferendo pela ecobiose com substrato arenoso,
desenvolvimento trófico, mas, dentro da sua faixa de tolerância para fatores como
alcalinidade. Na lista abaixo, citam-se as espécies de água salgada e de água doce que,
cada espécie com dados que se conhece; o grifado azul escuro ( ) para espécies de
salinidade maior, o grifado de cinza ( ) para salinidade estuarina, portanto, com gradiente
foram determinadas com o auxílio de pescadores locais nos cinco estuários que
compõem o sistema deltaico. Ainda, utilizou-se a captura com redes de emalhar, redes de
119
Tabela 4. Lista de peixes registrados no Delta do Parnaíba, litoral piauiense
s‰ Nomenclatura científica Popular
Chondrichthyes
Osteichthyes
120
s‰ Nomenclatura científica Popular
Cynoscion jamaicencis (Vaillant & Bocowt, 1833) Pescada perna- de- moça
121
s‰ Nomenclatura científica Popular
Ictiofauna oligohalina
122
s‰ Nomenclatura científica Popular
Hyphessobrycom luetkenni (Boulenger,1887) Piaba pintada
123
Algumas espécies de peixes devido a modificações estruturais nos seus epitélios,
solvente do meio hipotônico para o meio hipertônico, os peixes de água mais salina são
mais concentrados e se hidratam durante o processo de migração do mar para o rio. Essa
migração pode ter motivo trófico, reprodutivo ou, até mesmo, como proteção de
para o rio. Entre os peixes do delta do rio Parnaíba, apenas uma espécie de água
e, em desova ativa. Seu nicho quase total desenvolve-se em salinidade 0 a 1‰. Citam-se,
Parnaíba:
124
Fig. 4.2. Lycengraulis grossidens Agassiz,1829
Família: Engraulidae
Nomenclatura local: Manjubão
Comprimento máximo/médio: 18 cm/12 cm
Peso máximo/ médio: 25 gramas/ 15 gramas
Distribuição geográfica: Oceano Atlântico da Venezuela ao estado de Santa Catarina no
Brasil.
Características zoológicas: Cor geral amarelada, no entanto, os pontos distais das
nadadeiras são escurecidos. Nadadeira dorsal sem espinho duro e os primeiros raios
moles são maiores que os últimos. Nadadeira caudal bifurcada e homogênea nos ramos
dorsal e ventral. Maxila superior proeminente e boca oblíqua, o que dá um grau de
abertura bem grande. Nadadeira anal com inserção na mesma posição transversal do
final da inserção da dorsal. Nadadeira pélvica anterior ao ponto de inserção do início da
nadadeira dorsal.
Características ecológicas: Espécie marinha costeira, pelágica. Diadrômica trófica em
conjunto com outro engraulídeo, a manjuba,que é de diadromismo reprodutivo. Em
análises do conteúdo estomacal foram identificados ovos e larvas de manjuba. Quando o
cardume de Anchoviella lepidentostole, que é a manjuba, migra para baixas salinidades,
em diadromismo reprodutivo, L. grossidens se desloca junto numa proporção de 100:1. L.
grossidens acompanha o cardume de A. lepidentostole apenas nos primeiros quilômetros
da migração. Logo, retorna ao mar e prepara seu próprio diadromismo reprodutivo.
Portanto, é diadrômica trófica e reprodutiva. De acordo com Costa; Souza –Conceição
(2009), na baía de Babitonga(SC), os ovos e larvas dessa espécie são os mais comuns e
são encontrados em qualquer ponto amostral. No delta do rio Parnaíba, o manjubão é
mais comum nos rios Igaraçu e Canárias.
125
Fig. 4.3. Bagre marinus (Mitchill, 1815)
Família: Ariidae
Nomenclatura local: Bagre branco
Comprimento máximo/médio: 70cm/25cm
Peso máximo/médio: 4,4 Kg/0,5 Kg
Distribuição geográfica: Desde o Sul dos Estados Unidos até o Sul do Brasil no oceano
Atlântico
Características zoológicas: Coloração cinza no dorso e branca no ventre, com as partes
apicais das nadadeiras escurecidas. Apresenta um par de barbilhões que, dobrados no
sentido caudal, chegam ao final da nadadeira peitoral. Nadadeira dorsal com um espinho
duro e 12 a 13 raios moles. Com a 2ª dorsal adiposa terminando na mesma posição da
nadadeira anal. Nadadeira caudal bifurcada, homocerca e terminando na mesma posição.
Características ecológicas: Pelágicos de fundo raso de lama e areia até 17 metros de
profundidade. Comem Pequenos peixes, algas, macrófitas, cnidários, moluscos,
poliquetos, camarões e caranguejos. Temperatura de preferendo entre 16 a 30.
Reprodução de maio a agosto quando o rio possui água barrenta com alta turbidez devida
ao período de precipitação pluviométrica que carreia muita matéria orgânica para todo o
sistema deltaico. Os machos, após a fecundação, carregam os ovos na boca por 60 a 85
dias até a eclosão. Esse fato dá-se em virtude da pequena quantidade fecundada. Após a
eclosão, com duas a quatro semanas o saco vitelino é reabsorvido. Os jovens ficam em
água de baixa salinidade (0 – 15), enquanto os adultos preferem o estuário mais salino (5
a 30). Fazem diadromismo reprodutivo e são comuns em todos os rios do sistema
deltaico.
126
Fig. 4.4. Elops saurus Linnaeus,1766
Família: Elopidae
Nomenclatura local: Ubarana
Comprimento máximo/médio: 100 cm/40 cm
Peso máximo/médio: 10 Kg/1 Kg
Distribuição geográfica: Em águas quentes tropicais e temperadas do oceano Atlântico
Pacífico. No Brasil são mais comuns no Norte e Nordeste, mas, também ocorrem no
Sudeste.
Características zoológicas: Coloração geral prateada com região dorsal mais
escurecida que a ventral, que é quase branca. Corpo alongado e fusiforme, o que lhe dá o
apelido de peixe torpedo. Boca terminal e com grande abertura para capturar presas
vivas. Inserção da nadadeira dorsal no meio do corpo e na mesma posição transversal
que a pélvica. Sem espinhos duros e de 22 a 26 raios moles. Peitorais com inserção
próxima ao opérculo. Caudal bifurcada, homocerca e com ramos dorsal e ventral bem
longos. Escamas bem pequenas.
Características ecológicas: Espécie pelágica oceânica. Pode nadar a 50 metros de
profundidade, mas, prefere locais rasos. Desloca-se em cardumes quando está no
oceano, mas, é solitária em águas oligohalinas. Jovens preferem águas de baixa
salinidade, enquanto, os adultos preferem mar aberto. Reproduzem-se no mar, mas, os
alevinos migram para águas de baixa salinidade onde existem farta alimentação, como
pequenos crustáceos que são atraídos pela matéria orgânica das várzeas, baías e
estuários. Fazem diadromismo trófico e são comuns em todos os rios do sistema deltaico.
127
Fig. 4.5. Cynoscion acoupa (Lacépède,1801)
Família: Scianidae
Nomenclatura local: Pescada amarela
Comprimento máximo/médio: 120 cm/60 cm
Peso máximo/médio: 17 Kg/3 Kg
Distribuição geográfica: Ocorre do Panamá até a Argentina, portanto, em toda a costa
Atlântica da América do Sul.
Características zoológicas: Corpo prateado com dorso bem amarelado com tendência
para amarelo escuro. Apresenta mancha ocelar escura na parte superior da inserção da
nadadeira peitoral. 1ª nadadeira dorsal com 10 espinhos e a 2ª com apenas hum espinho
duro e 17 a 22 raios moles. Margem posterior da nadadeira caudal enegrecida. Inserção
da nadadeira peitoral e pélvica na mesma posição transversal. Nadadeira anal com 2
espinhos e 8 a 9 raios. Nadadeira peitoral com 17 a 18 raios moles.
Caractérísticas ecológicas: Desenvolve parte de seu nicho em águas oceânicas onde
reproduz-se. Os jovens migram para enseadas, estuários e baías, onde permanecem até
chegar o tamanho da 1ª maturação sexual, quando retornam ao mar. Permanecem em
mar aberto com preferendo por substrato rochosos ou coralíneos pela abundância de
alimentos, em profundidades entre 10 e 30 metros. Nectônicos demersais são
encontrados em pequenos cardume e alimentam-se de peixes e crustáceos com
preferendo para camarões. Fazem uma migração anfidrômica trófica, isto é, migram do
mar para baixas salinidades com o objetivo exclusivamente alimentar. No sistema deltaico
do rio Parnaíba, desenvolve sua migração nos rios Canárias e Caju com mais freqüência
e é inexistente no rio Igaraçu.
128
Fig. 4.6. Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830)
Família: Scianidae
Nomenclatura local: Pescadinha
Comprimento máximo/médio: 95 cm/ 40 cm
Peso máximo/ médio: 5 Kg/ 0,5 Kg
Distribuição geográfica: Apenas no oceano Atlântico desde a Venezuela até Santos
(Brasil).
Características zoológicas: Coloração prateada com escamas nas laterais do dorso
para verde – azulado. 1ª nadadeira dorsal com 10 espinhos e 2ª.com hum espinho duro e
22 a 25 raios moles. Nadadeira anal com dois espinhos duros e 8 a 10 raios moles. Boca
prognata. Mandíbula superior com dentes caniniformes. Escamas pequenas e, em alguns
pontos recobrindo a nadadeira dorsal. Na linha lateral até a base da caudal com143
escamas. Primeiros espinhos da 1ª dorsal enegrecidos. Inserção da nadadeira peitoral
logo após a inserção da nadadeira pélvica. Nadadeira caudal romboidal não bifurcada.
Características ecológicas: Espécie oceânica demersal com preferendo para substrato
rochoso e arenoso. Reproduz-se no mar costeiro e os alevinos migram pelas correntes
tidais para as baías e estuários para procurar alimento vivo. Antes da 1ª.maturação sexual
retornam ao mar aberto para crescimento. Alimenta-se de pequenos peixes e crustáceos,
principalmente, camarões No sistema deltaico do rio Parnaíba é mais encontrada com
pequenos tamanhos e em todos os rios que possuam substratos, mesmo pontuais,
rochosos.
129
Fig. 4.7. Megalops atlanticus Valenciennes,1847
Família: Megalopidae
Nomenclatura local: Camurupim(adulto) e Pema(jovem).
Comprimento máximo/médio: 250 cm/130 cm.
Peso máximo/médio: 160 Kg/ 30 Kg
Distribuição geográfica: Oceano Atlântico desde os Estados Unidos até o Sul do Brasil.
A espécie é mais comum no Norte e Nordeste .Ocorre também no Pacífico.
Características zoológicas: Coloração geral prateada. Coloração do dorso cinza-
azulado, com nadadeiras caudal e anal, com pontos distais escurecidos. Escamas
grandes e prateadas em virtude do alto teor de guanina. Corpo alongado, moderadamente
alto, com 1/5 do comprimento e comprimido lateralmente. Boca grande, com mandíbula
prognata e oblíqua. Apenas uma nadadeira dorsal e com o último raio mole prolongado
nos adultos. Nadadeiras pélvicas com inserção anterior à dorsal e esta com 13 a 16
raios. Anal com um espinho e 22 a 25 raios.
Características ecológicas: Habita a plataforma continental onde, em diadromismo
reprodutivo, migra para lagoas com conexão com o mar, estuários e baías. Aí fazem a
oviposição e fecundação e os adultos retornam ao mar. Os alevinos ficam alimentando-se
em várzeas, onde o zooplâncton é abundante em virtude do alto teor de matéria orgânica.
Os jovens alimentam-se de pequenos crustáceos e peixes até um comprimento máximo
de 65 centímetros e em torno de 15 Kg de peso, quando retornam ao mar para a 1ª
maturação. Nesse período, no oceano Atlântico, migram seguindo a corrente Equatorial
Norte, até o Golfo do México e seguem para Portugal, Angola (África) quando retornam ao
Nordeste e Norte brasileiro para novo ciclo reprodutivo. No sistema deltaico do rio
Parnaíba, o diadromismo é mais comum nos rios Tutóia, Melancieiras, Caju e Canárias.
No rio Igaraçu não se tem evidenciado a presença da espécie.
130
Fig. 4.8. Diapterus rhombeus (Cuvier,1829)
Família: Gerreidae
Nomenclatura local: Carapeba
Comprimento máximo/médio:25 cm/14 cm
Peso máximo/ médio: 400 gramas/200 gramas.
Distribuição geográfica: Do Sul dos Estados Unidos(Flórida) ao Espírito Santo (Brasil)
Características zoológicas: Corpo prateado com a ponta distal da nadadeira caudal
escurecida. Olho grande. Porção mais alta do corpo na inserção da nadadeira dorsal.
Esta nadadeira com 9 espinhos duros reduzindo-se em comprimento do 1º para o 9º.
Possui 10 raios moles nesta nadadeira. Inserção da 1ª.nadadeira dorsal logo em seguida
do ponto de inserção das nadadeiras peitorais e pélvicas que se fixam no mesmo ponto
dorso-ventral. Nadadeira anal com dois espinhos duros e 9 raios moles. Nadadeira
peitoral com 16 raios. Boca protáctil com proeminência para baixo, o que faz o animal,
mesmo nadando, sugar detritos e pequenos invertebrados do sedimento.
Características ecológicas: Espécie marinha, com reprodução em mar aberto costeiro,
mas, ocorre nos estuários,principalmente, quando jovem. No período de alevino e jovem,
antes da 1ª maturação (13 cm). Possui diadromismo trófico e é comum em ambiente
oligohalino com sedimento lodoso que contenha poliquetos, isópodos, pequenos
crustáceos e moluscos. Sua reprodução, entre dezembro e abril, dá-se na costa e os
alevinos entram em baías e estuários para alimentação e proteção. Nos manguezais são
comuns em maio e junho.
131
Fig. 4.9. Centropomus undecimalis (Block, 1792)
Família: Centropomidae
Nomenclatura local: Camurim branco
Comprimento máximo/médio: 140 cm/50 cm
Peso máximo/ médio: 24,5 Kg /4 Kg.
Distribuição geográfica: Costa americana do Atlântico, no Brasil é mais raro no sul.
Características zoológicas: Corpo alongado e prateado com evidente linha lateral negra.
Início da nadadeira dorsal anterior ao início da anal. Nadadeira caudal com lobo inferior
enegrecido. Nadadeira dorsal (1ª) com 8 a 9 espinhos duros e 10 raios moles. A 2ª
nadadeira dorsal com hum espinho duro e 10 raios moles. Nadadeira anal com 3 espinhos
duros e 6 raios moles.67 a 72 escamas sobre a linha lateral até o início da caudal. 2º
espinho da nadadeira anal bem maior que os demais. Linha lateral com início acima do
opérculo e final no meio da bifurcação da caudal. Focinho afilado e pontudo com leve
prognatismo.
Características ecológicas: Vive nas águas salgadas e salobras da costa leste e
nordeste brasileiro, sendo mais comum perto do Equador. Come caranguejos, camarões,
manjubas e tainhas. Gosta de temperatura entre 25 e 31 C. Reproduz-se em água de
salinidade alta, mar aberto, com 30 a 40 %, mas, os alevinos e jovens, até antes da 1ª
maturação, que ocorre aos 45 centímetros de comprimento zoológico, vivem em
estuários, baías e manguezais. São encontrados solitários quando adultos e em
cardumes, quando jovens. Gostam de locais calmos e sombreados com sedimento
arenoso ou lodoso e água limpa. É comum encontrar os mesmos exemplares nos
mesmos locais. São nectônicos demersais costeiros e utilizam baixas salinidades para o
crescimento dos alevinos. São diadrômicos tróficos.
132
Fig. 4.10. Centropomus parallelus (Poey, 1860)
Família: Centropomidae
Nomenclatura local: Camurim preto
Comprimento máximo/médio: 35 cm/ 15cmco
Peso máximo/ médio: 4 Kg / 200 gramas.
Distribuição geográfica: Florida (USA) ao Rio Grande do Sul (Brasil).
Características zoológicas: Corpo prateado mais claro ventralmente e escuro no dorso.
Corpo mais alto na posição da nadadeira dorsal. Exemplares pequenos não
ultrapassando 04 Kg. Nadadeira caudal bem escura. Não apresenta prognatismo. 1ª
nadadeira dorsal com 8 a 9 espinhos e a 2ª. Com hum espinho e 10 raios moles. Os
espinhos da dorsal decrescem do 2º para o último. Nadadeira anal com 3 espinhos, sendo
o 2º maior e mais grosso que o os demais, e 6 raios moles. A peitoral com 15 raios
moles. 79 a 89 escamas sobre a linha lateral que se estende até o meio da caudal.
Características ecológicas: Marinho com reprodução em mar aberto costeiro e com
crescimento nos estuários e manguezais. Gosta de temperatura entre 22 a 30 C.
Predador de caranguejos, camarões e siris. Jovens alimentam-se de pequenos
crustáceos. Suporta baixíssimos teores de oxigênio dissolvido, até 1 ppm. Durante a
fecundação, os ovos flutuam e a eclosão ocorre entre 18 a 36 horas. As larvas migram
para os estuários.
133
Fig. 4.11. Lutjanus jocu (Bloch & Schneider, 1801)
Família: Lutjanidae
Nomenclatura local: Carapitanga
Peso máximo/ médio: 1,5 Kg / 300 gramas.
Distribuição geográfica: EUA golfo do México, America central, Brasil até São Paulo.
Características zoológicas: Coloração predominante, no adulto, vermelho ao marrom
uniforme. Nos jovens apresenta pequenas manchas fluorescentes azuladas pelo corpo.
Nadadeira anal com 3 espinhos duros e 8 raios moles. A inserção da nadadeira peitoral
no meio da abertura opercular e anterior à inserção das nadadeiras dorsal e pélvica. O
final da inserção da nadadeira anal na mesma posição que o final da inserção da
nadadeira dorsal. Nadadeira caudal bifurcada côncava e homocerca.
Características ecológicas: Prefere substratos sedimentares rochosos, portanto, no
sistema deltaico do rio Parnaíba, apenas nos rios Igaraçu e Canárias. Alimenta-se de
peixes, quando adultos, e invertebrados quando jovens, com preferendo para camarões.
Também se alimenta de caranguejos, gastrópodos e cefalópodos. Prefere profundidades
entre 2 e 40 metros.
134
Fig. 4.12. Oligoplites palometa (Cuvier,1832)
Família: Carangidae
Nomenclatura local: Tibiro
Comprimento máximo/ médio: 60 cm/28 cm
Peso máximo/médio: 1,2 Kg/0,5 Kg
Distribuição geográfica: No oceano Atlântico da Guatemala até São Paulo(Santos).
Características zoológicas: Corpo de cor prateada, dorso escuro e nadadeira caudal
amarela. Nos jovens essa nadadeira é, também, prateada. 1ª nadadeira dorsal com 4 a 5
espinhos duros e 20 a 21 raios moles. Nadadeira anal com 2 a 3 espinhos duros e 19 a 20
raios moles. Na maxila existem dentes pequenos. 2ª dorsal e anal serrilhada até antes da
caudal. Boca obliqua com abertura para cima e não prognata.
Características ecológicas: Marinho nectônico costeiro, onde se reproduz. Os alevinos e
jovens penetram nos estuários e rios para o crescimento. Quando adultos preferem
salinidade alta e grandes profundidade(40 m). Formam grandes cardumes quando adultos
e os jovens em águas oligohalinas são solitários. Frequentemente penetram em viveiros
de camarão marinho cultivados em baixa salinidade. Preferem água com maior turbidez.
No sistema deltaico do rio Parnaíba existe em todos rios.
135
Fig. 4.13. Dasyatis guttata (Block & Schneider, 1801)
Família: Dasyatidae
Nomenclatura local: raia bicuda ou raia lixa.
Largura máxima/média: 1,25 m/0,6 m
Peso máximo/médio: 25 Kg/ 8 Kg.
Distribuição geográfica: Golfo do México até Santos (Brasil), apenas no Oceano
Atlântico. No nordeste do Brasil é mais comum do Maranhão à Paraíba.
Características zoológicas: Corpo discóide escuro com porção distal das nadadeiras
peitorais mais clara. Caudal com duas vezes o comprimento do corpo. Dorso com muitos
espinhos. Pequenos tubérculos por todo o corpo inclusive sobre o ferrão.
Características ecológicas: A espécie é costeira de pequenas profundidades.
Demersal, alimenta-se de crustáceos braquiúros, poliquetos, peixes e larvas de
decápodos. Predador oportunista é ovovivípara com 1 a 2 dois filhotes por gestação onde
a parição ocorre em águas oligohalinas. A gestação dura de 5 a 6 meses em baixa
salinidade (até 20% ). Após a eclosão dos ovos, os filhotes são expelidos pela cloaca com
as nadadeiras peitorais enroladas fusiformes.Possui, portanto, diadromismo reprodutivo.
136
4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desmatamento que ocorre nas margens dos rios que formam a bacia do
Parnaíba, em todo o seu trajeto, seja para construção civil, acesso ao rio, atividade
agrícola, extrativismo mineral ou pecuária tem causado enormes prejuízos ambientais,
principalmente, à região do baixo Parnaíba. Nessa região, devido à conformação
geológica de planície costeira, ocorre a deposição do sedimento carreado das margens
do rio Parnaíba para o delta. Isto causa transformações na composição e estrutura do
substrato no sedimento e impede o desenvolvimento do metabolismo no ecossistema.
Assim, espécies do início da cadeia trófica, que dependem do sedimento são obrigadas
procurar outros locais para sua atividade trófica, ou mesmo, a translocação trófica, o que
é mais difícil.
O uso de herbicidas, mesmo em pequena escala, como acontece nas margens do
rio Longá, afluente do rio Parnaíba, é também um problema a ser resolvido pelas
autoridades, pois, a lixiviação nas margens daquele rio, transporta aqueles produtos para
a região do delta e, finalmente, para o oceano. Nas praias de Luis Correia já foram
evidenciados, por duas vezes no espaço de 3 anos, o fenômeno da maré vermelha com a
presença da microalga do Gênero Oscyllatoria. Em ambas as ocasiões a ocorrência deu-
se na praia de Atalaia e o produto que ocasionou tal fato, pode ter sido transporta pelo rio
Igaraçu.
Dentro do delta, é comum detectar-se o desmatamento de pequenas áreas de
mangue para serem usadas como plantio de arroz. No entanto, o somatório de muitos
destes espaços é prejudicial ao manguezal e a todo o sistema deltaico. Pequenas
espécies de caranguejos do Gênero Uca, Goniopsis, Metasesarma e Ucides que
dependem diretamente da vegetação e, são parte da cadeia trófica de muitas espécies de
peixes, desaparecem dos locais desmatados do manguezal e levam consigo todo a
cadeia alimentar.
Somando-se a esses fatos alarmantes que, agridem o ecossistema limnético
existe, ainda, a pesca com redes de emalhar dentro do sistema deltaico. Pescadores
utilizando redes de malhas pequenas a médias (5 a 10 cm entre nós) pegam peixes de
comprimento inferior ao permitido por normas do Ministério do Meio Ambiente, Lei
9.605/98 que estabelece, o comprimento mínimo da 1ª. Maturação em espécies
brasileiras e o tamanho de captura. Com isso, muitas espécies que ali desenvolvem seu
nicho no estádio juvenil são capturadas, portanto, não chegam nem a 1ª reprodução. O
fato, certamente, compromete as populações de todas as espécies locais.
137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
138
ESPÉCIES COMERCIAIS DE
5 PEIXES
PARNAÍBA
DO DELTA
1
Biólogo, Mestre e Doutor em Zoologia pelo Museu Nacional Rio de Janeiro
(UFRJ), Brasil. Professor Adunto, Universidade Estadual do Piauí, Brasil. e-mail:
filipemelo.uespi@gmail.com
5.1. INTRODUÇÃO
Por esta mesma razão o conhecimento da diversidade dos peixes e o modo de identificar
representando assim um pouco mais da metade deste total registrado (Nelson, 1994). O
peixes pulmonados que por sua vez estão mais relacionados aos vertebrados terrestres
correta das espécies. Em relação as regiões Norte e Nordeste não há trabalhos recentes
sua sistemática, biologia e ecologia (Menezes, 1996; Vari & Malabarba, 1998). Estima-se
que existam em torno de 8.000 espécies de peixes sul americanos, entre espécies
representa um oitavo de toda a biodiversidade estimada dos vertebrados viventes (Vari &
140
Malabarba, 1998). Apesar da recente revitalização dos estudos sistemáticos a carência de
Essa falta de informações básicas acarreta outro problema mais sério que é a
5.2. OBJETIVOS
comercialização visando montar uma lista de espécies icticas que são vendidas nos
5.3. METODOLOGIA
marinhas e de água doce e não ecológico. Foram realizadas visitas nos principais
mercados foram realizadas fotos das espécies de peixes colocadas a venda e aplicado
nome popular das espécies, e (3) a importância daquela espécie no mercado se alta,
regular ou baixa. Alguns exemplares foram obtidos com pescadores artesanais e levados
141
revisões e manuais de identificação (Araújo et al, 2004; Ferreira et al, 1998; Ferraris &
Vari, 1999; Figueiredo, 1977; Figueiredo & Menezes, 1978; Graça & Pavanelli, 2007;
Menezes & Figueiredo, 1980; Menezes & Figueiredo, 1995; Figueiredo e Menezes, 1980;
Figueiredo & Menezes, 2000; Mai & Loebmann, 2010; Malabarba, 2004; Lessa &
Nóbrega, 2000; Spizman, 2000; Silvano, R. A. M., Oyakawa, O. T., Amaral, B. D. do;
(2007), para peixes de água doce e Menezes et al (2003) para peixes marinhos.
populares de Parnaíba (Caramuru e Quarenta) onde constatamos que existe uma grande
peixes são trazidos do rio Parnaíba e seus afluentes e de praias como Pedra do Sal e
Luis Correia- PI. Foi observado com o presente estudo que as espécies comerciais da
são capturadas na região do Delta do Parnaíba. Dessa forma, percebe-se que mais da
metade dos peixes comercializados procede do litoral do Piauí e da bacia do rio Parnaíba,
sendo que as demais espécies restantes são provenientes de estados vizinhos como
água doce que são comercializáveis em Parnaíba como Steindachnerina sp., Prochilodus,
sp e Sternopygus macrurus.
CHONDRICHTHYES
Carcharhiniformes
Carcharhinidae
Carcharhinus porosus (Ranzani, 1839) (figura 5.1)
Sphyrna sp.(figura 5.2)
Rafijormes
Narcinidae
Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) (figura 5.3)
Dasyatidae
Dasyatis guttata (Bloch & Schneider, 1801) (figura 5.4)
ACTINOPTERYGII
Elopiformes
Melalopidae
Megalops atlanticus Vallenciennes,1847- Camurupim (figura 5.5)
Clupeiformes
Engraulidae
Anchoviella lepdentostolle (Fowler, 1911) - Manjuba (figuras 5.6 e 5.7)
Licengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1829) - Manjubão (figura 5.8)
Clupeidae
Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818) - Sardinha bandeira (figura 5.9)
143
Tabela 5.1 (continuação) - Espécies de peixes comercializáveis em Parnaíba
Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1836) – Sardinhão (figura 5.10)
Characiformes
Curimatidae
Steindachnerina notonota (Miranda Ribeiro, 1937) – Branquinha (figura 5.11)
Prochilodontidae
Prochilodus sp.- Curimatã (figura 5.12)
Anostomidae
Schizodon – Piau de vara (figura 5.13)
Leporinus sp. – Piau (figura 5.14)
Characidae
Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)- Tambaqui (figura 5.15)
Pygocentrus sp.- Piranha (figura 5.16)
Serrasalmus gibbus Castelnau, 1855- Piranha branca (figura 5.17)
Tetragonopterus sp. – Piaba (figura 5.18)
Triportheus signatus (Garman, 1890) – Sardinha de água doce (figura 5.19)
Erytrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)- Traíra (figura 5.20)
Siluriformes
Callichthyidae
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) (figura 5.21)
Loricariidae
Pterygoplichthys sp (figura 5.22)
Pimelodidae
Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus,1758) – Pintado (figura 5.23)
Brachiplatistoma vaillantii (Vallancienes, 1840) – Mandubé (figura 5.24)
Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) – (figura 5.25)
Auchenipteridae
Ageineiosus cf. ucayalensis Castelnau, 1855 - Fidalgo (figura 5.26)
Auchenipterus cf. menezesi Ferrari e Vari, 1999 - (figura 5.27)
Ariidae
Sciades proops (Valeciennes, 1840)- Bagre uritinga (figura 5.28)
Bagre marinus (Mitchill, 1815)- Bagre bandeira (figura 5.29)
Bagre bagre (Linnaeus, 1766)- Bagre marinho (figura 5.30)
Doradidae
Hassar affinis (Steidachner, 1881)- Mandi cachorro (figura 5.31)
Doradidae sp. (figura 5.32)
144
Tabela 5.1 (continuação) - Espécies de peixes comercializáveis em Parnaíba
Gymnotiformes
Stenopygidae
Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801).- Sarapó (figura 5.33)
Perciformes
Centropomidae
Centropomus undecimalis (Bloch, 1792) – Robalo (figura 5.34)
Carangidae
Caranx latus Agassiz, 1831 (figura 5.35)
Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766)- Pelombeta (figuras 5.36 e 5.37)
Oligoplites palometa ( Cuvier, 1832)- Tibiro (figura 5.38)
Selene setapinnis (Mitchell, 1815)- Galo (figura 5.39)
Selene vomer (Linnaeus, 1758) (figura 5.40)
Lutjanidae
Lutjanus synagris (Linnaeus, 1788)- Ariacó (figura 5.41)
Lobotidae
Lobotes surinamensis (Bloch, 1790) – Peixe porco (figura 5.42)
Gerreidae
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829)- Carapeba (figura 5.43)
Haemulidae
Conodon nobilis (Linnaeus, 1758) - Coró de listras (figura 5.44)
Genyatremus luteus (Bloch, 1790) - Coró (figura 5.45)
Haemulon parra (Desmarest, 1823) - Coró das pedras (figura 5.46)
Scianidae
Cynoscion acoupa (Lacepéde, 1801) - Pescada amarela (figuras 5.47 e 5.48)
Cynoscion jamaiensis (Vaillante & Boucort,1883) - Pescada Branca (figura 5.49)
Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) - Corvina (figura 5.50)
Nebris microps Cuvier, 1830 - Pescada sete buchos (figura 5.51)
Ephippidae
Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782) – Parum, Paru (figura 5.52)
Trichiuridae
Trichiurus lepthurus Linnaeus, 1758 - Espada (figura 5.53)
Scombridae
Euthynus alletteratus (Rafinesque, 1810) - Bonito (figura 5.54)
Ciclhidae
Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831) - Cará estrela (figuras 5.55)
Ciclha sp - Tucunaré (figura 5.56)
145
Tabela 5.1 (continuação) - Espécies de peixes comercializáveis em Parnaíba
Parnaíba.
2a.Com duas nadadeiras dorsais sobre a cauda, sem espinho sobre a cauda, formato de corpo
arredondado.....................................................................................................................Narcinidae.
2b.Sem nadadeiras dorsais sobre o corpo, presença de espinho sobre a cauda, formato de corpo
3a.Geralmente cinco aberturas branquiais laterais, corpo coberto por escamas placóides, nunca
maior..................................................................................................................Tubarões e cações 4.
3b. Apenas uma única abertura branquial lateral, com escamas, placas ósseas ou eventualmente
sem escamas, abertura branquial em posição lateral com ossos operculares, nadadeira caudal
simétrica............................................................................................................................................5.
6a. Nadadeira anal alongada, com muitos raios em torno de 100 (cem), ausência de nadadeira
dorsal e de espinhos................................................................................................Gymnotiformes.
6b. Nadadeira anal curta, com poucos raios, presença de nadadeira dorsal, espinhos
eventualmente presentes..................................................................................................................7.
7a. Boca muito inclinada, último raio da nadadeira dorsal prolongado, escamas grandes corpo
7a. Boca pouco ou muito pouco inclinada, último raio da nadadeira dorsal não mais prolongado,
9a. Presença de quilha ventral mediana formada por escamas modificadas ou escudos, boca
pequena.............................................................................................................................Clupeidae.
10b. Nadadeiras dorsal, anal e pélvica com alguns raios duros e presença de
espinhos..........................................................................................(Perciformes e Siluriformes)19.
12b. Dentes bem desenvolvidos, não depressíveis, implantados nos ossos das
maxilas............................................................................................................................................13.
147
13a. Nadadeira adiposa ausente.............................................Hoplias malabaricus (Erythrinidae).
14a. Presença de uma fileira de dentes cuspitados no dentário e pré-maxilar, não apresentam
dentes no maxilar.........................................................................................................Anostomidae.
17a. Dentes tricuspitados (cúspides laterais muito pequenas), cortantes dispostos em uma única
17b. Dentes não tricuspitados, nem cortantes, dispostos em duas séries na maxila superior;
dentário com duas séries, sendo a interna composta por um par de dentes cônicos localizados
palato.................................................................................................Pygocentrus sp.(Characidae).
palato......................................................................................................Serrasalmus (Characidae).
19a. Corpo desprovido de escamas, coberto por placas ósseas ou apenas por pele, sem protusão
19.b. Corpo coberto por escamas, maxilar e pré-maxilar com considerável protusão. Não
21a. Nadadeiras peitoral e dorsal com espinho desenvolvido anteriormente em geral de margens
21b. Nadadeiras peitoral e dorsal sem espinho desenvolvido anteriormente e sem margem
22a. Corpo coberto por duas fileiras laterais de placas ósseas, não apresentam espinho associado
a cintura escapular.....................................................................................................Callichthyidae.
23a. Corpo com uma fileira lateral de placas ósseas, apresentam espinho associado a cintura
escapular..........................................................................................................................Doradiidae.
24a. Linha lateral contínua, da porção superior da abertura branquial até a nadadeira
caudal..............................................................................................................................................25.
24b. Linha lateral interrompida, com um ramo superior (anterior) e outro mediano
(posterior)............................................................................................................................Cichlidae.
25a. Corpo alongado com extensa nadadeira dorsal (mais de 30 raios), nadadeira anal ausente e
25b. Corpo com nadadeira dorsal menor com menos de 30 raios, nadadeira anal e pélvica
28a. Presença de duas nadadeiras dorsais, primeira com 3 a 8 espinhos, eventualmente algum
proeminentes....................................................................................................................Lutjanidae.
separadas.................................................................................................................Centropomidae.
29b. Maxila inferior não ultrapassando a superior, nadadeiras dorsais unidas, não
divididas..........................................................................................................................Haemulidae.
150
ESPÉCIES COMERCIAIS DE PEIXES DO DELTA DO PARNAÍBA
Figura 5.1. Vista lateral de Carcharhinus porosus. No canto superior direito, dente com
margem serrilhada.
Diagnose: Cinco pares de aberturas branquiais laterais, posteriores aos olhos, com
nadadeira anal; duas nadadeiras dorsais; primeira dorsal situada anteriormente a origem
das nadadeiras pélvicas; cabeça normal, não expandida lateralmente; dente com margem
serrilhada, nadadeira caudal com o lobo superior mais desenvolvido que o inferior;
corpo; quinta fenda branquial sobre a origem da nadadeira peitoral; dentes com serrilhado
151
Sphyrna sp.(Charcharhiniformes: Charcharhinidae)
Diagnose: Cinco pares de aberturas branquiais laterais, posteriores aos olhos, com
nadadeira anal; duas nadadeiras dorsais; primeira dorsal situada anteriormente a origem
152
Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) (Rariformes - Narcinidae)
Diagnose: Corpo arredondado com coloração, não apresenta focinho pontudo; coloração
marrom com manchas escuras na região dorsal; possui duas nadadeiras dorsais,
presença de órgão elétrico com formato riniforme, melhor visualizado em vista ventral,
153
Dasyatis guttata (Bloch & Schneider, 1801) – (Rafiformes: Dasyatidae)
Diagnose: Formato de corpo sub angular; largura igual ou menor do que o comprimento
do corpo com focinho pontudo; presença de tubérculos dorsais, não apresenta nadadeira
dorsal, mas espinho serrilhado sobre a cauda; nadadeira caudal longa e fina.
154
Megalops atlanticus Vallenciennes,1847 (Elopiformes: Megalopidae)
prateada com dorso escuro; boca muito inclinada, último raio da nadadeira dorsal
155
Anchoviella jamensi (Jordan & Seale, 1926) (Clupeiformes: Engraulidae)
ultrapassando a margem posterior da órbita por uma distância menor que o diâmetro do
olho; ampla abertura branquial; maxila superior projetando-se sobre a inferior; nadadeira
dorsal localizada no meio do corpo; nadadeira anal com 13 raios; nadadeira caudal
furcada; ausência da linha lateral pedúnculo caudal largo; coloração parda possui uma
pedúnculo caudal.
Ocorrência: Bitupitá-CE
156
Licengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1829)
Diagnose: Corpo alongado; maior altura contida quatro vezes ou mais no comprimento
157
Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818)- (Clupeiformes: Clupeidae)
meio do corpo; caudal furcada e com 32 raios; nadadeira dorsal com o ultimo raio mais
desenvolvido que os demais raios; margem posterior da câmara branquial com 05 lobos
Ocorrência: Bitupitá- CE
158
Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1836) (Clupeiformes: Clupeidae)
Diagnose: Corpo comprimido lateralmente; maxila superior menor que a inferior; boca
voltada para cima; olho coberto por uma membrana, exceto um orifício na parte central do
ânus.
159
Steindachnerina notonota (Miranda Ribeiro, 1937) (Characiformes: Curimatidae)
Diagnose: Corpo moderadamente elevado; maxila superior maior que a inferior, deixando
a boca em posição ventral; lábio superior carnoso; focinho afilado; olho arredondado;
região pré-pelvica achatada, marginada lateralmente por ângulo quase reto em relação á
lateral do corpo; região pós-pélvica quilhada; linha lateral com 57 escamas; coloração
amareladas.
160
Prochillodus sp. (Characiformes: Prochilodontidae)
mercado da Caramuru
161
Schizodon cf. borellii (Boulenger, 1900) (Characiformes: Anostomidae)
Diagnose: Quatro faixas escuras na vertical; nadadeira dorsal com 12 raios duros; possui
nadadeira pélvica; caudal furcada e com 24 raios; nadadeira anal com 08 raios; nadadeira
pélvica com 10 raios; nadadeira peitoral muito próxima ao opérculo; escamas ciclóides;
boca pequena; uma faixa no meio do corpo, entre o opérculo e a base da anal. Difere de
al, 2001: 40-41); difere de S. vittatum por apresentar 40 escamas na lateral vs. 42
Nota: São descritas para o rio Poti, bacia do rio Parnaíba, duas espécies de Schizodon,
Pavanelli (2007).
162
Leporinus sp. (Anostomidae: Characiformes)
163
Colossoma macropomum (Cuvier, 1816)
no mercado da Quarenta
Diagnose: Sem espinho pré dorsal; seis ou mais dentes em cada lado da mandíbula
inferior; nadadeira anal co menos do que 30 raios, sem escamas, exceto na sua base.
Nota: espécie onívora , muito apreciada como alimento e utilizada na piscicultura (Ferreira
et al, 1998).
164
Pygocentrus sp. (Characifomes¨Characidae)
mercado da Caramuru
165
Serrasalmus gibbus Castelnau, 1855 (Characiformes: Characidae: Serrasalminae).
mas concentradas na região dorsal; anal e caudal com extremidades escuras; escamas
166
Tetragonopterus sp. (Characidae; Characiformes)
mercado da Caramuru.
Diagnose: Duas séries de dentes do pré-maxilar; corpo alto; altura pelo menos a metade
do comprimento padrão. Área peitoral à frente das nadadeiras ventrais achatada; linha
167
Triportheus cf. signatus (Garman, 1890)
Figura 5.19. Vista lateral de exemplar de Triportheus cf. signatus sendo comercializado
no mercado Caramuru.
Diagnose: Boca terminal, dentes tri a pentacuspitados em três séries na maxila superior e
uma série principal na mandíbula; um par de dentes cônicos; nadadeiras peitorais longas
caudal emarginada com raios medianos mais desenvolvidos, 34 escamas na linha lateral,
cinco séries de escamas acima da linha lateral e duas abaixo da linha lateral.
168
Hoplias gr. malabaricus (Bloch, 1799) (Characiformes: Erytrinidae)
diversos tamanhos; nadadeira dorsal com 12 raios; coloração escura; dorso com manchas
escuras irregulares e inclinadas; nadadeiras dorsal e anal, com pontos escuros formando
faixas.
Diagnose: Corpo roliço, coberto por duas series de placas altas e estreitas; nadadeira
170
Figura 5.22. Vista lateral de exemplar de Pterygoplichthys sp.
171
Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus, 1758)
Diagnose: Cabeça deprimida, sua largura ao nível da boca aproximadamente igual a sua
maior largura; lado do corpo com faixas escuras estreitas transversais, como riscos
172
Brachiplatistoma vailantii (Vallancienes, 1840)
Diagnose: Padrão de colorido de corpo cinza, sendo que na cabeça predomina o padrão
173
Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) (Siluriformes: Pimelodidae)
Figura 5.25. Vista lateral de Sorubim lima. Em detalha no canto superior esquerdo, vista
Diagnose: Corpo truncado e roliço; cabeça achatada, reta e longa, contida três vezes no
focinho; olho arredondado, contido três vezes na distância interdorsal e situado na lateral
174
Ageineiosus cf. ucayalensis Castelnau, (Siluriformes: Auchenipteridae)
Figura 5.26. Vista lateral de Ageneiosus cf. uacayalensis. Em detalhe, parte ventral da
cabeça.
Diagnose: Corpo liso; boca muito comprimida; maxila inferior menor que a superior; mais
de uma fileira de dentes no palato; dentição quase toda amostra; olho coberto por uma
membrana; 47 raios na nadadeira anal; nadadeira pélvica com 10 raios; nadadeira peitoral
175
Auchenipterus menezesi Ferraris e Vari, 1999
Auchenipteridae)
cumprimento base da nadadeira anal maior do que a distância entre o focinho e a origem
da nadadeira pélvica; base da nadadeira caudal com barra escura na margem; nadadeira
176
Sciades proops (Valeciennes, 1840) (Siluriformes: Ariidae)
177
Bagre marinus (Mitchill, 1815) (Siluriformes: Ariidae)
comprimento que a base da nadadeira anal; nadadeira caudal furcada; barbilhão maxilar
178
Bagre bagre (Linnaeus, 1766) (Siluriformes: Ariidae)
que alcançam a origem da nadadeira anal; nadadeira caudal furcada; lóbulo superior da
adiposa, muito menor que o comprimento da base da nadadeira anal; nadadeira dorsal
com longo filamento; nadadeira peitoral com filamento ultrapassando a nadadeira pélvica
179
Hassar affinis (Steidachner, 1881) (Siluriformes: Doradidae)
180
Figura 5.32 Vista lateral de exemplar de Doradidae sendo comercializado no mercado da
Caramuru
Diagnose: Corpo alto na frente, afilando progressivamente para trás, a partir do núcleo da
nadadeira anal; cabeça curta e com o topo ligeiramente inclinado, mas não côncavo;
focinho relativamente curto; olho coberto por uma pele; coloração marrom-escura; uma
181
Centropomus unidecimalis (Bloch, 1792) (Perciformes: Centropomidae)
margem posterior serreada, opérculo liso, com a margem posterior membranosa muito
com um espinho e 8-11 raios; anal com 3 espinhos, o segundo mais forte e desenvolvido
e 5-8 raios; linha lateral prolongando-se até a extermidade dos raios médios da nadadeira
182
Caranx latus Agassiz, 1831 (Perciformes: Carangidae)
Diagnose: Espinhos da primeira nadadeira dorsal mais curtos que o lobo anterior da
Figura 5.36. Vista lateral de Chloroscambrus chrysurus (UESPI- não catalogado) Bitupitá-
183
Figura 5.37. Vista lateral de exemplar de Chloroscambrus chrysurus.
28 raios; anal com 2 espinhos; presença de nadadeiras pélvica e peitoral; caudal furcada;
escamas do tipo ctenóide; presença de linha lateral; coloração prateada; dorso cinza-
184
Oligoplites palometa ( Cuvier, 1832) (Perciformes: Carangidae)
Diagnose: Primeira nadadeira dorsal com 4 espinhos; segunda nadadeira dorsal com 20
raios; nadadeira anal com 2 espinhos e 19 raios; nadadeira peitoral com 17 raios;
apresenta maxila com uma fileira de dentes pequenos; corpo prateado; dorso azul, verde,
185
Selene setapinnis (Mitchell, 1815) (Perciformes: Carangidae:)
corpo alta e lateralmente deprimida; pedúnculo caudal delgado; linha lateral arqueada
origem da nadadeira anal; anal com 16 a 20 raios; raios anteriores da nadadeira anal e
dorsal pouco mais longos que os demais, não formando lobo pronunciado.
186
Selene vomer (Linnaeus, 1758) (Perciformes: Carangidae)
corpo alta e lateralmente deprimida; pedúnculo caudal delgado; linha lateral arqueada
nadadeira peitoral ultrapassando a vertical que passa pela origem da nadadeira anal; anal
com 16 a 20 raios raios anteriores da nadadeira anal e dorsal bem mais longos que os
187
Lutjanus sinagris (Linnaeus, 1758) (Lutjanidae: Perciformes)
Seis linhas amarelas longitudinais; mácula na parte dorsal posicionada entre a nadadeira
peitoral e anal.
188
Lobotes surinamensis. (Bloch, 1790)
Diagnose: Corpo alto, comprimido; cabeça pequena; perfil superior com uma
convavidade acentuada na região situada logo atrás dos olhos. Nadadeiras dorsal
189
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829)- (Gerreidae: Perciformes)
uma depressão da parte antero-superior da cabeça coberta por pele, denominada sulco
190
Conodon nobilis (Linnaeus, 1758) (Perciformes: Haemulidae)
Diagnose: Corpo alongado; nadadeira dorsal com 12 espinhos e 12 raios; anal com 3
linha lateral; coloração castanho claro; com presença de 8 faixas na região superior do
191
Genyatremus luteus (Bloch, 1790) (Perciformes: Haemulidae)
raios na anal; caudal furcada; pré-opérculo pouco serreado; boca pequena; focinho
finas na horizontal.
192
Haemulon parra (Desmarest, 1823) (Perciformes: Haemulidae)
Diagnose: Corpo alongado; nadadeira dorsal com 12 espinhos e 16 raios; anal com 03
espinhos e 08 raios; peitoral com 18 raios; nadadeira caudal furcada; presença de linha
longo do corpo.
193
Cynoscion acoupa (Lacepéde, 1801)
Diagnose: Boca muito inclinada; escamas do corpo ctenóides; nadadeira dorsal posterior
séries transversais de escamas acima da linha lateral, até a base da cauda; nadadeiras e
194
Cynoscion jamaiscensis (Vaillant & Bocourt, 1883)
algo escuras, especialmente em suas partes terminais; parte superior da axila da peitoral
195
Micropogonias funieri (Desmarest, 1823) (Perciformes: Scianidae)
Diagnose: Nadadeira dorsal com 26 raios e 11 espinhos; nadadeira peitoral com 16 raios;
nadadeira pélvica com 01 espinho; nadadeira anal com 02 espinhos e 08 raios; nadadeira
prateada.
196
Nebris microps
Diagnose: Boca muito inclinada, a mandíbula mais saliente que a maxila superior; Olhos
muito pequenos, o diâmetro orbital oito a dez vezes no comprimento da cabeça; corpo
roliço.
197
Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782)
Diagnose; Corpo alto, comprimido, primeiros raios das nadadeiras anal e dorsal muito
198
Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758 (Perciformes: Trichiuridae)
Figura 5.53. Vista lateral de Trichiurus lepturus – em detalhe vista lateral da cabeça com
boca aberta.
Diagnose: Não possuem nadadeira pélvica e caudal; dentes caninos, grandes; nadadeira
peitoral com 11 raios; corpo alongado e comprido; coloração prateada; corpo sem
199
Euthynus alletteratus (Rafinesque, 1810) (Scombridae: Perciformes)
Diagnose: Corpo fusiforme, duas nadadeiras dorsais, sendo a primeira constituída por
usualmente sob ela. Uma série de pínulas, pequenas nadadeiras constituídas por 1 ou 2
raios,segue a segunda dorsal e anal. Nadadeira caudal fortemente bifurcada. Corpo nu;
200
Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831) (Perciformes: Ciclhidae)
Diagnose: Corpo elevado; nadadeira dorsal com 12 espinhos, 15 raios moles, quase toda
coberta por escamas; nadadeiras caudal e anal carnosas, cobertas com escama;
coloração escura; 6 faixas transversais escuras no dorso, sendo as duas ultimas faixas
unidas as faixas abaixo da linha lateral; possui um ocelo na parte superior do pedúnculo
Diagnose: Três faixas verticais escuras laterais, que alcançam a região ventral; uma
superior da terceira faixa vertical ela torna-se larga. Manchas pretas atrás do olho que
202
Oreochromis sp. (Ciclhidae: Perciformes)
Diagnose: Corpo com coloração escura, nadadeira caudal com faixas transversais claras
e escuras.
203
Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1842) (Paralichthyidae: Pleuronectiformes)
Diagnose: Possui olhos do lado esquerdo do corpo, maxilas com dentes bem
205
5.5. CONCLUSÕES
Das visitas realizadas ao mercado pudemos notar que grande parte do pescado
comercializado era marinho e, geralmente, mais caro que os de água doce. Os marinhos
do Sal e Luis Correa e uma minoria de outros estados vizinhos ao Piauí, como Ceará e
Maranhão; também eram comercializados peixes de outras regiões, como da região sul
nos mercados de Parnaíba eram provenientes de um único rio, o rio Parnaíba, e seus
cerca do pescado vendido, pois muitas vezes quando perguntávamos sobre o nome
responder.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
206
GRAÇA, W. J. DA & PAVANELLI, C. S. 2007. Peixes da Planície de Inundação do Alto
Paraná e Áreas Adjacentes. Maringá: EDUEM. 241 p.
SANTOS, G. M. DOS, MÉRONA, B. DE, JURAS, A. A., JEGU, M. 2004. Peixes do Baixo
Rio Tocantins: 20 anos depois da Usina hidrelétrica Tucuruí. Brasília. Eletronorte. 216p.
AGRADECIMENTOS
207
DIVERSIDADE DE
ANFÍBIOS DO DELTA DO
PARNAÍBA
1
Biólogo, Mestre em Biodiversidade e Conservação (UFMA), Brasil.
Pesquisador Colaborador, Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade
e Biotecnologia, Biotec, Campus de Parnaíba, UFPI, Brasil. e-mail:
etlandrade@hotmail.com
2
Biólogo, Doutor em Bioquímica e Biologia Molecular, UnB, Pós-
doutor em Bioquímica, Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, Brasil. Professor/Pesquisador CNPq 2F, Núcleo de
Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia, Biotec, Campus de
Parnaíba, UFPI, Brasil. e-mail: jrsaleite@gmail.com;
jrleite@pq.cnpq.br
3
Bióloga, Doutora em Ecologia (Unicamp), Pós-doutora em
Ecologia e Conservação, Universidade da Flórida, USA.
Professora/Pesquisadora CNPq 2, Universidade Federal do
Maranhão, Brasil. email:
gandrade@ufma.br,gildavandrade@gmail.com
4
Biólogo, Mestre em Biodiversidade e Conservação, UFMA, Brasil.
Pesquisador Colaborador, Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade
e Biotecnologia, Biotec, Campus de Parnaíba, UFPI, Brasil. e-mail:
rguimaraesmacedo@gmail.com
6.1. INTRODUÇÃO
biologia e ecologia desse grupo de organismos nos mais diversos tipos de hábitats,
um fator fundamental para a compreensão dos efeitos das alterações ambientais nos
ecossistemas naturais (Heyer et al., 1994; Díaz et al., 2006), uma vez que as
e distribuição das espécies nas comunidades biológicas (Brown et al., 1995; Parris e
al., 2003; Tews et al., 2004). A grande variedade de modificações estruturais no ambiente
Krishnamurthy, 2003).
Semlitsch et al., 1996), predação (Gascon, 1991; Eterovick e Sazima, 2000), atributos
Fernandes, 2001). Além dos fatores bióticos, os anfíbios são altamente sensíveis a uma
série de características ambientais, tais como precipitação (Lee, 1993; Arzabe, 1999;
Toledo et al., 2003), hidroperíodo (Arzabe et al., 1998; Snodgrass et al., 2000; Beja e
Alcazar, 2003), umidade do solo (Friend e Cellier, 1990; Woinarski e Gambold, 1992),
altitude (Fauth et al., 1989; Giaretta et al., 1999), estrutura da floresta (Lieberman, 1986;
209
Gascon, 1991), sazonalidade ambiental (Woolbright, 1996; Giaretta et al., 1999, Vonesh,
das interações entre os fatores ecológicos e ambientais não ter sido esclarecido
totalmente, acredita-se que limitações fisiológicas sejam o principal responsável por essas
(tamanho dos ovos e tamanho do corpo) observadas entre o tamanho das ilhas e história
natural das espécies (Wang et al. 2009). Isso justifica a utilização não apenas de
diferenças na história natural, como por exemplo, nos modos de reprodução (Becker e
Loyola, 2008).
intensificado bastante nas últimas décadas, principalmente no que diz respeito aos
com os vários princípios que agem sobre as diferentes escalas de observação (local ou
210
(predação, competição, dispersão) (McCarthy, 1997, McCarthy e Lindenmayer, 2000;
Eterovick e Sazima, 2000), o que leva a uma estruturação espacial das comunidades em
(MacArthur e Wilson, 1967; Connell 1978). A ocorrência das espécies no continente e nas
região do Delta do Rio Parnaíba. O Delta do Rio Parnaíba, considerado o terceiro maior
oceano, possui uma ampla área de cobertura com cerca de 2.750 Km², e é caracterizado
Situado entre os Estados do Piauí e Maranhão, caracteriza-se como uma região fluvio-
211
ambientais adequadas para o desenvolvimento de cada espécie. Por estas razões, é
ecologicamente frágeis, como é o caso da região formada pela foz do Rio Parnaíba
(MMA/SDS, 2002).
são escassos (Giaretta et al., 2008), principalmente na região nordeste. Alguns trabalhos
abordam a anurofauna na região do Delta do Rio Parnaíba (e.g. Silva et al., 2007;
Loebmann e Mai, 2008; Leite Jr et al., 2008a, b), porém este é o primeiro a investigar a
Delta, o presente trabalho tem como objetivo: (1) determinar a composição e a estrutura
das comunidades de anfíbios nas duas maiores ilhas do Delta do Parnaíba, além de
reprodução, e (2) relacionar quais os tipos de variáveis ambientais (locais e regionais) que
Dessa forma, o presente trabalho se configura como o primeiro a abordar a estrutura das
mecanismos de conservação e manejo das espécies. Além disso, fornece base para a
do Rio Parnaíba.
212
6.2. MATERIAL E MÉTODOS
O Rio Parnaíba percorre cerca de 1.485 km da nascente até sua foz. Ao desaguar
considerado o único delta em mar aberto das Américas (MMA/SDS 2002). A região do
Delta possui uma ampla área de cobertura, com cerca de 2.750 km² onde sofre influência
Delta do Parnaíba está sujeita à inundações frequentes, que ocorrem com o fluxo da
do solo em relação ao lençol freático, sendo classificada como manguezal, mata ciliar de
O estudo foi realizado nas duas maiores ilhas do Delta: Ilha Grande de Santa
Maranhão), com 240 Km² e 132 Km², respectivamente. Juntas as duas ilhas ocupam
Ilha Grande de Santa Isabel - Situada nas coordenadas 2º51’S e 41º49’W, está
separada do continente pelo Rio Igaraçu, um dos efluentes do Rio Parnaíba, que possui
cerca de 150 m de largura entre margens, porém encontram-se ligados por uma ponte
o município de Ilha Grande (toda a porção noroeste da ilha). Possui o solo composto
213
concentram principalmente de janeiro a maio, onde há a formação de várias lagoas
vegetação arbustiva sobre dunas fixadas; e 4) campo herbáceo, estende-se por toda a
A ilha foi dividida em três áreas de coleta (Fig. 6.1), contendo quatro lagoas
bem desenvolvida e áreas de restinga), utilizados para a reprodução dos anfíbios, bem
como as diferentes características estruturais das lagoas em cada área. A área “A”,
entre-dunas (D), localizada mais ao sul da ilha em relação às outras duas, possui
LTD3 e LTD4); a área “B”, localizada na porção centro-oeste da ilha, possui formação
vegetacional mais densa (F) com predomínio de vegetação arbórea (LTF1, LTF2, LTF3,
LTF4) e dista cerca de 1.600 m da primeira; área “C”, localizada no extremo norte da ilha,
caracteriza-se como uma área aberta que possui formação vegetal de restinga (R) com
presença de espécies herbáceas ou pioneiras (LTR1, LTR2, LTR3, LTR4) (Tabela 1),
214
Figura 6.1. Mapa esquemático das ilhas amostradas no Delta do Parnaíba. As letras maiúsculas
representam as áreas de coleta: área A, B e C, localizada na Ilha Grande de Santa Isabel; e área
D, localizada na Ilha das Canárias. A linha pontilhada representa a divisão política entre os
municípios de Ilha Grande e Parnaíba.
215
Tabela 6.1. Principais características dos corpos d’água estudados na Ilha Grande de Santa
Isabel e na Ilha das Canárias, Delta do Parnaíba, Brasil. Corpos d’água: LTD - Lagoa temporária
entre dunas em área urbana (numeradas de 1 a 4); LTF – Lagoas temporárias que possuem
vegetação arbórea fechada ao seu redor (numeradas de 1 a 4); LTR – lagoas temporárias
localizadas na área de restinga (numeradas de 1 a 4); AB – Áreas alagadas de brejo (1 e 2); LP –
lagoa permanente. Tipos de vegetação: (he) vegetação herbácea, (ar) vegetação arbustiva, (ab)
vegetação arbórea, (aq) vegetação aquática, (ta) taboa, (sn) solo nu.
Dist. corpo
Área Vegetação Vegetação
Lagoa Coordenadas d’água mais Duração
(m²) no interior marginal
próximo (m)
Ilha Grande
2°50.140’ S;
LTD1 49,5 1098 Temporário he, ar, aq, he, ar, ab
41°49.146’ W
2°50.125’ S;
LTD2 49,5 2441 Temporário he, aq he, ar, ab, sn
41°49.120’ W
2°50.115’ S;
LTD3 31,7 1253 Temporário he, ar, aq, ta, he, ar
41°49.069’ W
2°50.206’ S;
LTD4 135,4 11667 Temporário he, ar, ab, ta he, ar, ab, sn
41°49.022’ W
2°49.314’ S; he, ar, ab,
LTF1 67,4 3032 Temporário he, ar, ab
41°49.470’ W aq, ta
2°49.458’ S; he, ar, ab,
LTF2 143,4 3609 Temporário he, ar, ab
41°49.413’ W aq, ta
2°49.459’ S; he, ar, ab
LTF3 67,4 1820 Temporário he, ar, aq, ta
41°49.410’ W
2°49.589’ S;
LTF4 262,9 62597 Temporário he, ar, ab he, ar, ab
41°49.467’ W
2°46.021’ S;
LTR1 9 5443 Temporário he, aq, ta, he, ar,
41°48.278’ W
2°46.063’ S;
LTR2 9 71000 Temporário he, ar, aq, ta he, ar, sn
41°48.247’ W
2°46.164’ S;
LTR3 152,2 140500 Temporário he, aq, ta he, sn
41°47.967’ W
2°46.415’ S;
LTR4 270,8 267441 Temporário he, aq, ta he, sn
41°48.101’ W
Ilha das Canárias
2°47.675’ S;
B1 347,3 8717 Temporário he, aq he, ar
41°52.083’ W
2°47.700’ S;
B2 238,2 12289 Temporário he, aq, ta he, ar
41°52.381’ W
2°47.659’ S;
LP 238,2 19342 Permanente aq, ta he
41°52.515’ W
continente e sem nenhuma ligação com este. É formada por um complexo mosaico de
campos alagados que sofrem influência de maré (CEPRO, 1996). Durante a estação
216
esses ambientes propícios à reprodução de algumas espécies de anfíbios. Devido à
“D” (Fig. 6.1), situada próxima ao igarapé do Guirindó, onde foram visitadas duas áreas de
cada área de coleta. As observações iniciavam antes do ocaso, por volta das 18:00 h e
terminavam por volta das 0:00 h ou de acordo com a diminuição das atividades de
lentamente cada corpo d’água durante uma hora, em busca de machos em atividade de
vocalização, sem repetição de percurso. Para minimizar o efeito causado pela diferença
extensões também tiveram esse mesmo tempo de amostragem, sendo percorrida uma
área equivalente à da maior lagoa percorrida num período de uma hora. O corpo d’água
mais próximos não foi necessariamente o amostrado, isso para evitar a fusão de lagoas
número de machos cantores, quando apresentaram baixas densidades (< 20). Para
determinar o número de indivíduos, foi utilizado o valor estimado de 35, como o número
coros maiores com elevada sobreposição nas vocalizações, utilizou-se 60 como número
máximo (adaptado de Crouch e Paton, 2002). Esse procedimento foi utilizado para evitar
que valores muito elevados interferissem nas análises, causadas principalmente por
217
espécies muito abundantes. Para evitar tendência na determinação da riqueza e
espécies em cada lagoa como sendo igual a do mês com maior abundância (Bertoluci e
Maranhão (HUFMA).
duas ilhas estudadas, foi construída uma curva de rarefação baseada no número de
utilizando como base a maior abundância registrada em cada lagoa. A riqueza total para
cada ilha foi estimada pelos estimadores não-paramétricos Chao 1 e Chao 2 (Colwell e
A diversidade em cada corpo d‘água foi avaliada através do cálculo dos índices de
com o número de áreas e com os corpos d’água ocupados as espécies foram divididas
em três categorias de distribuição (adaptado de Nascimento et al. 1994) (Tabela 6.2): (1)
ampla, em que o número de áreas ocupadas foi maior que dois e ocupação em mais de 8
corpos d’águas; (2) preferencial, em que o número de áreas ocupadas foi menor ou igual
218
a dois e ocupação se deu entre 5 e 8 lagoas e; (3) restrita, onde a ocupação das lagoas
(Cs) (Krebs, 2000). Valores de Cs ≤ 0,50 foram considerados como indicativos de alta
espécies em cada corpo d’água, foi avaliada através do teste de correlação de Mantel
(Manly, 1994), com 5.000 permutações. Neste último caso, como foram feitas
interpretado como correlação positiva entre as matrizes comparadas (Santos et al., 2007).
das espécies entre as diferentes lagoas e sua ocorrência temporal, foi utilizado o índice
bom os de 0,8 ≤ r < 0,9; os valores de 0,7 ≤ r < 0,8 pobres e r < 0,7 considerados muito
espécies foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman (r s) (Zar, 1999). Para esta
219
análise foi considerado o número total de modos reprodutivos das espécies, ou seja,
similaridade foram geradas no programa PAST 1.4 (Hammer et al., 2001). Os testes de
correlação (Mantel e Spearman) foram obtidos utilizando o programa BioEstat 5.0 (Ayres
et al., 2007).
descritores ambientais foram medidos (adaptado de Santos et al., 2007): 1) “Pma”- Perfil
das margens (plana ou inclinada); 2) “Nma”- Número de tipos de margens (seca com
vegetação, seca sem vegetação, alagado com vegetação, alagado sem vegetação); 3)
lagoa: pequena (10,000 m²), média (de a 10,000 a 20,000 m²) e grande (acima de 20,000
m²), no qual foi medido utilizando-se um GPS Garmim Etrex Legend. As duas últimas
distribuição das comunidades de anfíbios nas duas ilhas: 1) "Dca" - Distância entre o
corpo d'água mais próximo; 2) "Dpr" - Distância da praia; 3) "Du" - Distância da área
nível do rio devido à proximidade com o oceano. As variáveis regionais foram obtidas
Para as análises foram elaboradas duas matrizes de dados: matriz (A) com as 15
cada célula da matriz A pela soma da linha, de modo que todas as unidades tenham o
mesmo peso na resolução das análises. Dessa forma, na matriz A, cada célula
0 a 5.
Com base nos dados de abundância normalizada foi gerada uma matriz de
com auxílio do programa PRIMER (Clarke e Gorley, 2001), testou-se a hipótese nula de
de anfíbios entre as áreas e as espécies que mais contribuíram para tal variação foi
Uma Análise dos Componentes Principais (ACP) foi utilizada para obtenção de um
ambientais (matriz B), que retenham o máximo de informações possíveis contidas nas
correlação, e aqueles que apresentaram autovalores maiores que 1.0 foram conduzidos a
uma nova solução através do processo de rotação Varimax (McCune e Grace, 2002).
a relação entre objetos no espaço multidimensional, foi utilizado para gerar o eixo de
(matriz A) (McCune e Grace, 2002). Foi aplicado um teste padronizado de Mantel (rM)
para verificar a proporção da variação explicada pelo eixo de ordenação NMS, baseado
222
distância no espaço de ordenação (distância Euclidiana). O valor de probabilidade da
associação foi calculado através de um teste de Monte Carlo com 100 aleatorizações.
Uma análise de regressão múltipla foi utilizada para testar a ausência de relação
umidade relativa) na riqueza e abundâncias das espécies foi analisada através do teste
2001). Para calcular o NMS, Teste de Mantel padronizado e o teste de Monte Carlo foi
utilizado o programa Pc-ord para Windows, versão 4.10 (McCune e Mefford, 1999).
223
6.3. RESULTADOS
Hylidae e Leptodactylidae foram as famílias com maior riqueza, ambas representadas por
representantes, ambas com apenas uma espécie. A espécie Rhinella granulosus foi
encontrada fora das unidades amostrais (lagoas) e por isso foi excluída das análises. A
raniceps, Scinax sp. (gr. ruber), S. x-signatus, Leptodactylus sp. (gr. marmoratus), L.
(Tabela 6.2).
224
Figura 6.2. Espécies de anfíbios anuros registradas nas duas ilhas do Delta do Parnaíba (Ilha
Grande de Santa Isabel e Ilha das Canárias), nordeste do Brasil, no período de setembro de 2008
a agosto de 2009. Família Hylidae: A – Scinax x-signatus; B – Scinax sp. (gr. ruber); C – Scinax
fuscomarginatus; D – Dendropsophus nanus; E – Dendropsophus sp. (gr. microcephalus); F –
Hypsiboas raniceps; G – Phyllomedusa nordestina. Família Leptodactylidae: H – Leptodactylus
macrosternum; I – Leptodactylus sp. (gr. marmoratus); J – Leptodactylus pustulatus; K –
Leptodactylus vastus; L – Leptodactylus fuscus.
225
Continuação
Figura 6.2 (continuação). Espécies de anfíbios anuros registradas nas duas ilhas do Delta do
Parnaíba (Ilha Grande de Santa Isabel e Ilha das Canárias), nordeste do Brasil, no período de
setembro de 2008 a agosto de 2009. Família Hylidae: M – Leptodactylus natalensis. Família
Leiuperidae: N – Physalaemus cuvieri; O – Physalaemus albifrons; P – Pseudopaludicola sp. (gr.
mystacalis); Q – Pleurodema diplolister. Família Bufonidae: R - Rhinella jimi; S – Rhinella
granulosus. Família Microhylidae: T – Elachistocleis piauiensis. Família Cycloramphidae: U -
Proceratophrys cristiceps.
226
Tabela 6.2. Abundância, distribuição e modos reprodutivos das 20 espécies registradas nas duas ilhas do Delta do Parnaíba (Ilha Grande de
Santa Isabel e Ilha das Canárias), Brasil, em cada um dos corpos d’água estudados no período de setembro de 2008 a agosto de 2009. Total –
Abundância total de machos cantores das espécies registradas em cada corpo d’água. S – Riqueza total observada em cada corpo d’água; H’ –
Índice de diversidade Shannon-Wiener e J’ - Índice de equitabilidade Pielou. Abreviações e características dos corpos d’água na Tabela 1.
Valores iguais a 35 e a 60 indicam formação de coro pequeno e grande em que as vocalizações individuais são indistinguíveis e não se pode
estimar mais precisamente o número de indivíduos.
227
Scinax gr.ruber 0 0 35 35 35 0 0 0 0 0 0 0 2 5 0 112 1 Restrita
228
A curva de rarefação não atingiu a assíntota em nenhuma das duas ilhas
Canárias (11 spp). Os índices Chao 1 e Chao 2 estimaram uma riqueza total
Figura 6.3. Curva de rarefação de espécies nas duas ilhas amostradas no Delta do
Parnaíba, entre os períodos de setembro de 2008 a agosto de 2009. A linha de
intersecção corresponde à comparação da riqueza baseada no método de rarefação
(número mínimo de indivíduos).
230
restinga (“C”) da Ilha Grande. Essa área apresenta composição de espécie
raniceps); o quarto agrupamento foi formado por três lagoas da área de dunas,
“A” (LTD1, LTD3 e LTD4) e pelas da área de vegetação mais arbórea, “B”
dessas duas áreas. Dentro deste quarto agrupamento formam-se outros dois,
um com as três lagoas com maior riqueza (LTD3, LTD4 e LTF1) e outro
contendo a ligação das duas lagoas, que das 10 espécies que apresentaram,
nove foram em comum (LTF2 e LTF3), ligadas à lagoa LTD1, que teve todas as
d’água amostrados foi considerada alta (Cs ≤ 0,5) para 33 (31,42%) das 105
ocorreu entre LTF2 e LTF3, que distam cerca de 140 m, na área de vegetação
mais arbórea, e a menor (0,29) foi observada entre as lagoas LTF4 e LTR2,
LTF4 e LTR3, LTF4 e LTR4, que distam cerca de 6000 m. As duas poças mais
231
apresentaram 0,75 de similaridade. A maior similaridade na Ilha das Canárias
(0,84) ocorreu entre as lagoas B1 e B2 (Tabela 6.3; Fig. 6.4), que não foram as
mais próximas amostradas nessa ilha (Tabela 6.1). A composição das espécies
em cada corpo d’água também foi um pouco influenciada pela distância destas
Tabela 6.3: Similaridade entre os 15 corpos d’águas estudados nas duas ilhas do
Delta do Parnaíba (Ilha Grande e Ilha das Canárias), com base na composição das
espécies de anuros. Valores inferiores a 50% (negrito) indicam os pares de lagoas
onde a diversidade β foi considerada alta. Em itálico número de espécies comuns
entre os pares de lagoas. Abreviações e características dos corpos d’água na Tabela
6.1.
LTD1 LTD2 LTD3 LTD4 LTF1 LTF2 LTF3 LTF4 LTR1 LTR2 LTR3 LTR4 B1 B2 LP
LTD1 * 66.67 76.19 64.00 69.57 88.89 88.89 75.00 77.78 57.14 42.86 57.14 35.29 44.44 33.33
LTD2 5 * 70.00 58.33 63.64 70.59 70.59 66.67 47.06 30.77 46.15 30.77 50.00 47.06 54.55
LTD3 8 6 * 86.67 85.71 78.26 78.26 66.67 78.26 52.63 52.63 52.63 63.64 60.87 35.29
LTD4 8 7 14 * 81.25 74.07 74.07 56.00 74.07 52.17 52.17 52.17 53.85 59.26 28.57
LTF1 8 7 12 13 * 72.00 80.00 69.57 72.00 57.14 57.14 57.14 66.67 72.00 31.58
LTF2 8 6 9 10 9 * 90.00 77.78 70.00 50.00 50.00 50.00 42.11 50.00 42.86
B1 3 4 7 7 8 5 5 4 4 3 3 2 * 84.21 61.54
B2 4 4 7 8 9 5 6 5 6 4 5 4 8 * 57.14
LP 1 2 2 2 2 2 2 2 1 0 1 0 3 3 *
232
A heterogeneidade estrutural da vegetação proporcionou maior
abundâncias na lagoa LTR1, área de restinga; (3) L. vastus, Scinax sp. (gr.
ruber) e R. jimi foram mais abundantes nas LTD3, LTD4 e LTF1, áreas de
similaridade.
233
As espécies L. pustulatus, P. albifrons, H. raniceps, S. x-signatus, D.
coletas (áreas “A”, “B”, “C” localizada na Ilha Grande e área ‘D” na Ilha das
Canárias) (R = 0,609; p < 0,0001). A área “C” (próxima à praia) diferiu de todas
234
microcephalus) foi a mais abundante em três áreas de coleta (“A”, “B” e “D”)
para dissimilaridade entre as áreas “A”, “B” e “C” foi devida à espécies P.
uma importante discriminante entre as áreas “D” e “A’, “D” e “B” (SIMPER,
respectivamente).
235
O eixo de ordenação foi capaz de expressar a estrutura da comunidade.
agrupamentos (Fig. 6.6), com similaridade maior que 0,7: (1) espécies que
agrupamento.
236
Figura 6.6. Similaridade na ocorrência temporal dos anuros em atividade de
vocalização no período de setembro de 2008 a agosto de 2009. Coeficiente de
correlação cofenética (r = 0,7370). Os números representam os agrupamentos com
similaridade superior a 70%. Espécies: Sxs = S. x-signatus, Sru = Scinax sp. (gr.
ruber), Sfu = S. fuscomarginatus, Dsp = Dendropsophus sp. (gr. microcephalus), Dna
= D. nanus, Hra = H. raniceps, Pno = P. nordestina, Lna = L. natalensis, Lma = L.
macrosternum, Lfu = L. fuscus, Lva = L. vastus, Lsp = Leptodactylus sp. (gr.
marmoratus), Lpu = L. pustulatus, Pal = P. albifrons, Pcu = P. cuvieri, Pdi = P.
diplolister, Psp = Pseudopaludicola sp. (gr. mystacalis), Rji = R. jimi, Pcr = P.
cristiceps, Epi = E. piauiensis.
237
Figura 6.7. Valores médios de precipitação, temperatura e unidade relativa do ar no
período de setembro de 2008 a agosto de 2009, e distribuição temporal dos anuros em
atividade de vocalização nas duas ilhas do Delta do Parnaíba, Brasil.
238
6.3.3. Variáveis ambientais
da variação total.
profundidade (0.85) e “Sal” – salinidade (-0.70); CP2 foi influenciado pelo “Tam”
0.6, foi altamente influenciado por: “Dpr” – Distância da praia (-0,87), “Du” –
239
Tabela 6.4. Coeficientes dos componentes principais, após a rotação Varimax, das 17
variáveis ambientais (11 locais e 6 regionais), pesquisadas nas 15 unidades amostrais
(lagoas) das quatro áreas de coleta nas duas ilhas do Delta do Parnaíba (Ilha Grande
de Santa Isabel e Ilha das Canárias). Em negrito os coeficientes ≥ 0,6 considerados
significativos. As siglas das variáveis são apresentadas em “Materiais e Métodos”.
240
0.5702; p = 0.0264) dos anfíbios na região do Delta. A análise de regressão
< 0.0001) das variáveis locais foram significativos. Os gráficos das regressões
parciais do PC4 das variáveis locais sobre o eixo NMS foram responsáveis por
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
MNS (Residual)
0.0
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
-1.0
r = 0.78995
-1.2
-2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
PC4 (Residual)
Figura 6.8. Gráfico de regressão parcial do PC4 (variáveis locais)
sobre o eixo MDS (composição das espécies de anuros). Os
símbolos representam as áreas de coleta: O quadrado representa a
área A; O círculo representa a área B; o asterisco a área C, todas
localizadas na Ilha Grande de Santa Isabel. O triângulo representa a
área D, localizada na Ilha das Canárias.
241
1.4
1.2
1.0
0.8
0.6
NMS (Residual)
0.4
0.2
0.0
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
r = -0.7847
-1.0
-3 -2 -1 0 1 2 3
PC1 (Residual)
Figura 6.9. Gráfico de regressão parcial do PC1 (variáveis regionais) sobre
o eixo MDS (composição das espécies de anuros). Os símbolos
representam as áreas de coleta: O quadrado representa a área A; O círculo
representa a área B; o asterisco a área C, todas localizadas na Ilha Grande
de Santa Isabel. O triângulo representa a área D, localizada na Ilha das
Canárias.
1.5
1.0
0.5
NMS (Residual)
0.0
-0.5
-1.0
-1.5
-2.0
r = 0.94677
-2.5
-3 -2 -1 0 1 2
PC2 (Residual)
Figura 6.10. Gráfico de regressão parcial do PC2 (variáveis regionais) sobre
o eixo MDS (composição das espécies de anuros). Os símbolos representam
as áreas de coleta: O quadrado representa a área A; O círculo representa a
área B; o asterisco a área C, todas localizadas na Ilha Grande de Santa
Isabel. O triângulo representa a área D, localizada na Ilha das Canárias.
242
6.4. DISCUSSÃO
2006), Mata Atlântica, (Abrunhosa et al. 2006; Santana et al. 2008), Floresta
243
espécies. Destas, quatro não foram registradas no presente estudo
244
sendo conhecida nenhuma espécie com reprodução de fluxo contínuo (Arzabe
1999).
em vários outros trabalhos (e.g. Bernarde e Anjos, 1999; Bernarde & Kokubum,
1999; Toledo et al., 2003), que apontam a temperatura como uma das variáveis
e dinâmica das espécies em uma dada comunidade (Neveu, 2009), uma vez
245
preservação de diferentes tipos de ambientes distribuídos ao longo do
demais.
246
com o continente facilita a colonização de espécies que possuem dificuldade
que estas não foram encontradas até o momento em outras ilhas do Delta (E.B.
Andrade, obs. pess.). O teste de Mantel revelou uma correlação, embora fraca,
Delta. A maior riqueza nesta lagoa também indica que modificações estruturais
al. 2001; Moraes et al. 2007). Dessa forma, espécies que apresentam maiores
(Gaston et al. 1997; Pyron 1999). Isso porque, espécies generalistas possuem
247
Além disso, a hipótese do distúrbio intermediário (Connell 1978), que se
esta lagoa se encontra em uma área rural onde sofre níveis moderados de
Luis, MA, costa norte do Brasil, foi observado um maior número de espécies na
região rural, quando comparada a uma área semelhante dentro de uma região
urbana, que possuía um maior grau de perturbação (G.V. Andrade, dados não
publicados).
e Eterovick, 2006; Bastazini et al., 2007; Vieira et al., 2009). Isso reflete
248
Alguns corpos d’água estudados apresentaram uma elevada
nas lagoas encontradas dentro de uma mesma ilha mostra a grande variedade
Magnusson e Hero, 1991; Wogel et al., 2002; Silva et al., 2005). Este fato foi
249
dessecação e à insolação imposta pelas condições ambientais (Haddad e
et al., 2004; Watling e Donnely, 2008; Dixo e Martins, 2008). O mesmo padrão
lagoas (PC4). Isso indica que lagoas que apresentam maior estrutura de
250
aquáticos ou deposição de ovos terrestres com desenvolvimento direto,
vegetação.
251
Ricklefs e Schluter, 1993). Contudo, as espécies respondem diferentemente às
com a distância dos corpos d’água (maior similaridade nas menores distâncias)
252
e à disponibilidade de microhábitats (maior variedade de espécies com
das ilhas, está fortemente relacionada aos modos reprodutivos dos anuros
(Crump 1971), uma vez que áreas que possuem maior complexidade estrutural
Caatinga (Vieira et al. 2009) e a Mata Atlântica (Bertoluci 1998), incluindo áreas
locais para vocalização, uma vez que a presença de todos os estratos vegetais
253
2007). Essa relação entre a complexidade estrutural e a diversidade de hilídeos
foi observada na área de restinga, onde somente uma espécie (S. x-signatus)
foi comum a todas as lagoas dessa região que apresentam vegetação mais
homogênea.
6.5. CONCLUSÕES
outros autores (e.g. Buskirk, 2005; Werner et al., 2007). Isso indica que a
correlação das variáveis locais e regionais (Pope et al., 2000; Bosch et al.,
254
das comunidades de anfíbios (Buskirk, 2005). Para Buskirk (2005), as variáveis
necessários para ocorrência das espécies, enquanto que fatores locais podem
ecológicas (Hero et al., 1998; Eterovick, 2003) ação antrópica (Gibbs, 1998;
resultados obtidos revelam que apesar das espécies registradas serem comuns
255
biológicas da região. Faz-se necessária uma ação conjunta que assegurem a
Parnaíba.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
256
AYRES M, AYRES JR. M, AYRES DL, SANTOS AS (2007) BioEstat 5.0:
Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém:
Sociedade Civil Mamirauá/Brasília: CNPq/Conservation International
BONNER, L., DIEHL, W., ALTIG, R., 1997. Physical, chemical and biological
dynamics of five temporary dystrophic forest pools in central Mississippi.
Hydrobiologia 353,77–89.
257
BOSCH, J., BOYERO, L., MARTINEZ-SOLANO I., 2004. Spatial scales for the
management of amphibian populations. Biodiversity and Conservation 13, 409–
420.
258
CLARKE, K.R., WARWICK, R.M., 2001. Change in Marine Communities: An
Approach to Statistical Analysis and Interpretation. Natural Environment
Research Council, UK.
COLLINS, J.P., STORFER, A., 2003. Global amphibian declines: sorting the
hypotheses. Diversity and Distribution 9, 89-98.
CROUCH WB, PATON PWC (2002) Assessing the use of call surveys to
monitor breeding anurans in Rhode Island. J Herpet, Lawrence, 36 (2):185-192.
DIXO, M., MARTINS, M., 2008. Are leaf-litter frogs and lizards affected by edge
effects due to forest fragmentation in Brazilian Atlantic forest? Journal of
Tropical Ecology 24, 551–554.
259
ETEROVICK PC, FERNANDES GW (2001) Why do breeding frogs colonize
some puddles more than others? Phyllomedusa 1(1):31–40.
FOX, H., 1986. Dermis. In: Bereiter, J., Matoltsy, A.G., Richards, K.S., (eds).
Biology of the integument. Vertebrates. Springer-Verlag, Berlin. V. 2. P. 111–
115.
GIARETTA AA, MENIN M, FACURE KG, KOKUBUM MNC, FILHO JCO (2008)
Species richness, relative abundance, and habitat of reproduction of terrestrial
frogs in the Triângulo Mineiro region, Cerrado biome, southeastern Brazil.
Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 98(2):181-188.
260
of southeastern Brazil: seasonal and altitudinal changes. Biotropica 31, 669–
674.
HADDAD CFB, PRADO CPA (2005) Reproductive modes in frogs and their
unexpected diversity in the Atlantic Forest of Brazil. Bioscience 55(3):207–217.
HADDAD, C.F.B., POMBAL, J.P., GORDO, M., 1990. Foam nesting in a hylid
frogs (Amphibia, Aanura). Journal of Herpetolology 24, 225–226.
HERO, J.M., GASCON, C., MAGNUSSON, W.E., 1998. Direct and indirect
effects of predation on tadpole community estructure in the Amazon rainforest.
Australian Journal of Ecology 23, 474-482.
261
KNISPEL SR, BARROS FB (2009) Anfíbios anuros da região urbana de
Altamira (Amazônia Oriental), Pará, Brasil. Biotemas 22(2):191-194.
LEE, J.C., 1993. Geographical variation in size and shape of neotropical frogs:
a precipitation gradients analysis. Occasional Papers of the Museum of Natural
History of the University of Kansas 163, 1–20.
LEITE JR. JMA, SAMPAIO JMS, SILVA-LEITE RR, LEITE JRSA (2008a)
Leptodactylus natalensis (Lutz, 1930) (Amphibia, Anura, Leptodactylidae): First
record from Maranhão state and new geographic distribution map. Biotemas 21
(3):153-156.
LEITE JR. JMA, SAMPAIO JMS, SILVA-LEITE RR, TOLEDO LF, LOEBMANN
D, LEITE JRSA (2008B) Amphibia, Anura, Hylidae, Scinax fuscomarginatus:
Distribution extension. Check List 4(4):475–477.
LOEBMANN D, MAI ACG (2008) Amphibia, Anura, Coastal Zone, state of Piauí,
Northeastern Brazil. Check List 4(2):161–170.
262
MANLY BFG (1994) A Primer of Multivariate Statistics. London, Chapman &
Hall. 179p.
263
PARRIS KM (2004) Environmental and spatial variables influence the
composition of frog assemblages in sub-tropical eastern Australia. Ecography
27:392-400.
POUGH FH, ANDREWS RM, CADLE JE, CRUMP ML, SAVITZKY AH, WELLS
KD (2004) Herpetology, 3rd edn. Prentice Hall, New Jersey.
PRADO VHM, SILVA FR, DIAS NYN, PIRES JSR, ROSSA-FERES DC (2009)
Anura, Estação Ecológica do Jataí, São Paulo state, Southeastern Brasil.
Check list 5(3):495-502.
264
PYRON M (1999) Relationships between geographical range size, body size,
local abundance, and habitat breadth in North American suckers and sunfishes.
J Biogeog 26:549-558.
SANTANA GG, VIEIRA WLS, PEREIRA-FILHO GA, DELFIM FR, LIMA YCC,
VIEIRA KS (2008) Herpetofauna em um fragmento de Floresta Atlântica no
Estado da Paraíba, Região Nordeste do Brasil. Biotemas 21(1):75-84.
265
SEPLAN - Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí, 2008. Plano Diretor
Participativo de Ilha Grande-PI. Relatório final, Diagnósticoe Prognóstico. Ilha
Grande, v.1.
SILVA GR, SANTOS CL, ALVES MR, SOUSA SDV, ANNUNZIATA BB (2007)
Anfíbios das Dunas Litorâneas do Extremo Norte do Estado do Piauí, Brasil.
Sitientibus, Sér Ciênc Biol 7(4):334-340.
SILVA, W.R., GIARETTA, A.A., FACURE, K.G., 2005. On the natural history of
the South American pepper frog, Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824)
(Anura: Leptodactylidae). Journal of Natural History 39, 555–566.
STOMS, D.M., ESTES, J.E., 1993. A remote sensing research agenda for
mapping and monitoring biodiversity. Internetional Journal of Remote Sensing
14, 1839–1860.
TEWS, J., BORSE, U., GRIMM, V., TIELBORGER, K., WICHMANN, M.C.,
SCHWAGER, M., JELTSCH, F., 2004. Animal species diversity driven by
habitat heterogenity/diversity: the importance of key stones structures. Journal
of Biogeography. 31, 79-92.
266
TOLEDO LF, ZINA J, HADDAD CFB (2003) Distribuição espacial e temporal de
uma comunidade de anfíbios Anuros do município de Rio Claro, São Paulo,
Brasil. Holos Environment 3(2):136-149.
267
WILLIG, M.R., KAUFMAN, D.M., STEVENS, R.D., 2003. Latitudinal gradients of
biodiversity: pattern, process, scale, and synthesis. Annual Review of Ecology,
Evolution, and Systematics 34, 273–309.
ZAR JH (1999) Biostatistical analysis, 4th edn. Prentice Hall, New Jersey.
268
TARTARUGAS
MARINHAS DO LITORAL
PIAUIENSE
7 WERLANNE M. DE S. MAGALHÃES1
MÁRIO OLIVEIRA MAGALHÃES NETO2
EDLAYNE MENDES DE SANTANA3
1
Bióloga, Mestre em Aqüicultura e Recursos Pesqueiros (UFRPE).
Professora da Faculdade Piauiense (FAP), Parnaíba, PI e
Coordenadora técnica do projeto Tartarugas do Delta
werlannemendes@gmail.com; http://www.tartarugasdodelta.org.br
2
Biólogo do Instituto Tartarugas do Delta. E-mail:
mario_phb@hotmail.com
3
Graduanda em Pedagogia, Instituto Tartarugas do Delta. E-mail:
edlaynemendes@hotmail.com
7.1. INTRODUÇÃO
pelo Projeto Tartarugas do Delta na APA Delta do Parnaíba (2° 37' e 3° 05' de
41° 08' e 42° 30), especificamente no litoral piauiense que possui apenas 66
encalhes (dados não reprodutivos) das cinco espécies que ocorrem no Brasil.
7.2 METODOLOGIA
270
7.2.1.1. O monitoramento de desova
e dianteiras simultaneamente.
271
CD (Com Desova) – A fêmea efetua a desova, sendo confirmada
característicos.
praia, com a confecção da cama e/ou cova, porém sem efetuar a desova.
‘’U’’.
ninho.
272
7.2.2. Levantamento de dados não reprodutivos
encalhes, conceituado encalhe como todo evento no qual um animal vem até a
mortalidade.
veículos motorizados uma vez por semana. Quando estes animais são
273
encontrados jogados na praia mortos, registra-se a ocorrência, avaliam-se as
1°-. “AÇÃO ANTRÓPICA” = definida como morte ocasionada por ação direta do
reanimação:
274
• 3º Passo – Mantê-la na posição normal (de barriga para baixo) com a
dentro d’água;
7.3 RESULTADOS
cinco espécies que ocorrem na costa brasileira (Tabela 7). Portanto, considera-
cercado com estacas e protegido com tela para evitar a predação. Os principais
275
causas que podem comprometer a sobrevivência das tartarugas marinhas,
todas sem marcação, o que sugere que estes animais não foram monitorados
276
no município de Parnaíba e (5 km de extensão) na praia do Arrombado,
uma vez por semana. O número aumenta a partir do mês de agosto, período
que inicia ventos fortes na região. Entretanto, a maioria das tartarugas que
277
7.3.1. ESPÉCIES DE QUELÔNIOS MARINHOS REGISTRADAS
278
desproporcional ao corpo. Em média pode atingir de 103 cm de comprimento
moluscos e crustáceos.
Parnaíba.
279
Figura 7.2. Chelonia mydas (Linnaeus, 1758)
280
comprimento curvilíneo de carapaça. O peso de uma tartaruga adulta desta
adulta.
Correia.
281
Figura 7.3. Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766)
das cores marrom e preto radiando para os lados. A cabeça é estreita e possui
282
média pode atingir de 100 cm de comprimento curvilíneo de carapaça. O peso
Correia.
Perigo"
283
Figura 7.4. Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829)
284
Dieta: alimenta-se de peixes, moluscos, crustáceos e principalmente
camarões.
entre o litoral sul do Estado de Alagoas e o litoral norte da Bahia, com maior
285
Familia Dermochelyidae (1 espécie)
286
de uma tartaruga adulta desta espécie fica em torno de 500 kg, mas existem
Brasil.
Perigo"
287
7.4. CONCLUSÕES
fatores antrópicos.
áreas importantes para o ciclo de vida das tartarugas marinhas, pois além de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
288
Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766) e Lepidochelys olivacea (Eschscholtz,
1829), na região da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí,
Brasil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences 4 (3): 369-371.
289
DIVERSIDADE DE AVES
DO DELTA DO
PARNAÍBA, LITORAL
PIAUIENSE
Anderson Guzzi1
Antonio Alves Tavares2
Antonio Gildo Soares dos Santos3
Cleiton Oliveira Cardoso4
Deimes do Nascimento Gomes5
José Leandro da Cunha Machado6
8
Pedro da Costa Silva7
Rafael Anderson Veras de Carvalho8
Samuel Galvão Vilarindo9
Savio Cristiano de A. Batista10
1
Biólogo, Mestre em Zoologia (USP) e Doutor em Zoologia
(UNESP), Professor Adjunto Universidade Federal do Piauí,
Brasil. e-mail: guzzi@ufpi.edu.br
2
Agrônomo, Mestre e Doutor em Entomologia pelo Museu de
Zoologia da USP, Professor Adjunto Universidade Federal do
Piauí, Brasil. e-mail: antonioalvestavares@yahoo.com.br
3
Graduando em Biologia (UFPI), e-mail:
gildonaruto@hotmail.com
4
Biólogo (UFPI), Professor da Unidade Escolar Alcenor
Candeira em Parnaíba, Piauí, Brasil. e-mail:
cleitonoliveiraphb@hotmail.com
5
Graduando em Biologia (UFPI), e-mail:
deimesdng@hotmail.com
6
Biólogo (UFPI), email: joseleandro.bio@hotmail.com
7
Pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e
Biotecnologia, Biotec, Campus de Parnaíba, UFPI, Brasil. e-
mail: waterwaytour@gmail.com
8
Biólogo (UFPI), e-mail: rafabio_21@hotmail.com
9
Graduando em Biologia (UFPI), e-mail:
mukaphb@hotmail.com
10
Graduando em Biologia (UFPI), e-mail:
spawns.savio@gmail.com
8.1. INTRODUÇÃO
sendo formado por pequenas enseadas e possui quatro zonas estuarinas (rio
acordo com sua área de reprodução (HAYES, 1995), sendo conhecidas pelas
291
repetição de ciclos de idas às regiões de reprodução e retorno às áreas de
1983).
natural pode tornar-se impróprio para abrigar aves que exijam condições
292
8.2. METODOLOGIA
que faz parte da várzea do rio Igaraçú e que originalmente era constituída por
293
origem africana e coqueiros (Cocos nucifera). Nas margens do Igaraçú existe
Internacional de Parnaíba
estacional semi-decidual.
Onde se encontra uma salina desativada, que constitui habitat para aves
294
cerca de 10 metros, apresentando acesso fácil para visitantes, pois se situa na
(ODUM 1988; RAMAIAH et al. 1995; ARAÚJO et al. 2006). Ou seja, este
8.2.1.4. Carnaúbal
295
meio mais importante para a manutenção dos animais em que mudanças na
Piauí. Essa área foi escolhida por ainda apresentar um relativo grau de
estudada.
Município de Luis Correia, PI. Dentro da usina existe uma vegetação herbácea
296
urbana de Parnaíba, com o Rio Igaraçu (um dos braços do Rio Parnaíba) e
se com Delta do Parnaíba e com o próprio Rio Parnaíba. A leste ela se delimita
mangle).
297
8.2.2. Métodos de levantamento da avifauna
locomoção. Isso foi abordado com clareza na descrição do método por Bibby et
al. (1992).
298
18:00h), salvo para algumas incursões no Delta durante a o período noturno,
noturnos ou crespuculares.
espécies: Sigrist (2009a ;2009b) e de La Pena et al. (1998). Também foi levada
(2011).
299
de substituição das penas, parâmetros relativos à saúde ecológica. Em
seguida, a soltura das aves foi efetuada no mesmo local da captura (DE BEER
et al. 2001).
ave. Isto foi feito recorrendo a alicates especiais, que podem variar de acordo
armadas 10 redes de neblina (mist nets) de 2,5m X 3mm X 12m nas áreas
de campo (de La Pena et al. 1998, Frisch & Frisch, 2005, Sigrist 2009a e Sigrist
2009b).
300
8.2.2.3. Guildas tróficas
poderia ser aplicado em estudos ecológicos. Assim, aquele autor define guilda
presentes no ambiente onde vivem, de uma forma similar. Está claro que este
conceito cobre boa parte do que se trata atualmente o termo guildas, mas tal
conceito é apenas parcial. Por esta razão, torna-se importante definir guilda no
sintópicos que usam recursos de maneira similar, sem considerar sua relação
que têm amiúde sido usadas para sistematizar o uso de guildas, como
301
(NEC), vertebrados vivos e mortos, respectivamente, ao menos em ¾ da dieta,
de espécies foi Scolopacidae (11), seguinda por Ardeidae (9) e Falconidae (7),
302
representativa foi Tyrannidae (12), seguida por Icteridae (6) e Hirundinidae (4)
(Fig. 8.3).
mesmas registradas no presente estudo, que em parte pode ser explicado pela
CBRO (2011) como espécies residentes (Fig. 8.4), ao passo que oito são
303
considerados endêmicos do Brasil (Tabela 8.1) e 17 são Visitantes do
et al. 2008).
setentrionais no país, dessa forma, a região norte e nordeste são locais com
2008).
304
Tabela 8.1. Lista das aves registradas consideradas endêmicas do
Brasil (CBRO, 2011).
Endêmicos
Galliformes Linnaeus, 1758
Cracidae Rafinesque, 1815
Penelope jacucaca Spix, 1825
Psittaciformes Wagler, 1830
Psittacidae Rafinesque, 1815
Aratinga cactorum (Kuhl, 1820)
Passeriformes Linnaeus, 1758
Tyranni Wetmore & Miller, 1926
Furnariida Sibley, Ahlquist & Monroe, 1988
Furnarioidea Gray, 1840
Furnariidae Gray, 1840
Synallaxinae De Selys-Longchamps, 1839 (1936)
Pseudoseisura cristata (Spix, 1824)
Tyrannida Wetmore & Miller, 1926
Tyrannoidea Vigors, 1825
Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907
Todirostrinae Tello, Moyle, Marchese & Cracraft, 2009
Hemitriccus mirandae (Snethlage, 1925)
Passeri Linnaeus, 1758
Corvida Wagler 1830
Vireonidae Swainson, 1837
Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835)
Passerida Linnaeus, 1758
Thraupidae Cabanis, 1847
Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758)
Emberizidae Vigors, 1825
Sporophila albogularis (Spix, 1825)
Icteridae Vigors, 1825
Icterus jamacaii (Gmelin, 1788)
Total: 8 espécies
dessa forma, energia suficiente para efetuar a muda e retornar ao seus sítios
305
aves migratórias, indicando assim a importância do Delta do Parnaíba para a
aves.
al, 2008). Esse mesmo autor comenta que as espécies migratórias mais
Calidris pusilla, espécies árticas. Essas espécies também foram muito comuns
306
Tabela 8.2. Lista das aves migratórias registradas
consideradas Visitantes do Hemisfério Norte (CBRO, 2011).
Visitantes do Norte
307
Cabral et al (2006) observaram Calidris pusilla, Calidris alba, Pluvialis
frugívoras (5), detritívoras (3), nectarívoras (3) e malacófagas (2) (Fig. 8.5).
no presente estudo.
308
Fig. 8.5. Guilda Trófica da avifauna registrada. Legenda:
INS: Insetívoros; ONI: Onívoros; ART/AQU: Artrópodes
aquáticos; CAR: Carnívoros; PIS: Piscívoros; GRA:
Granívoros; INS/CAR: Insetívoros/carnívoros; FRU:
Frugívoros; DET: Detritívoros; NEC: Nectarívoros; MAL:
Malacófagos.
famílias das aves e as guildas alimentares mais abundantes pode também ser
309
A presença de aves que se alimentam de invertebrados aquáticos pode
sexo.
310
sendo muito pequena a quantidade de estudos realizados na restinga, quando
311
hirsutissima, Mimosa invisa, Mimosa ophthalmocentra, Mimosa tenuiflora,
ambientes de praia e mangue a rede pode ser vista pelas aves, em ambiente
do dia, o que facilita a captura das aves. Outro fator que influencia o sucesso
facilmente capturados.
taxóns ameaçados. Sick (1997) comenta que Mimus gilvus está entre as
como comentam Mota et al. (2011), que também encontraram seu congênere,
312
Mimus saturninus, podendo por vezes substituir o primeiro nas restinga
e portanto, a maior diversidade de aves foi a zona úmida, composta por locais
alagáveis e com presença de corpos d’água, assim como foi observado por
313
8.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
amostragem.
314
principais para o sucesso na captura dessas espécies é inerente ao próprio
composta por locais alagáveis e com presença de corpos d’água, seguido pelo
foi o mangue.
períodos de amostragens.
315
Tabela 8.3. Lista de espécies registradas e anilhadas durante o período amostral. Legenda: Guilda: Categorias Tróficas da avifauna registrada.
Legenda: INS: Insetívoros; ONI: Onívoros; ART/AQU: Artrópodes aquáticos; CAR: Carnívoros; PIS: Piscívoros; GRA: Granívoros; INS/CAR:
Insetívoros/carnívoros; FRU: Frugívoros; DET: Detritívoros; NEC: Nectarívoros; MAL: Malacófagos. Status: V: visitantes do norte; R: Residente RE:
Residente e endêmico.
322
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBBY, C.J., BURGESS, N.D., HILL, D.A. 1992. Birds census techniques.
London: Academic Press, 257p.
323
CRBO 2011. Comitê brasileiro de registros ornitológicos. Acesso em dez de
2011 http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm
FRISH, J. H. & FRISCH, C.D. 2005. Aves brasileiras e plantas que as atraem.
São Paulo, Dalgas Ecoltec. 480p.
JAKSIC, F. M. 1981 Abuse and misuse of the term "guild" in the ecological
studies. Oikos, v. 37, p. 397-400.
324
MOTA, J.V.L.; CARVALHO, A.A.F.; TINOCO, M.S. 2011. Distribuição e uso de
habitat da avifauna na restinga da Reserva Imbassaí, Litoral Norte da
Bahia. Revista Brasileira de Ornitologia, 19(3), 364-375.
325
SICK, H., 1997. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira.
326
ESPÉCIES DE AVES REGISTRADAS
327
Fig. 8.17. Coragyps atratus (urubu-de-
cabeça-preta).
Fig. 8.13. Egretta tricolor (garça-tricolor).
328
Fig. 8.21. Milvago chimachima (carrapateiro). Fig. 8.25. Charadrius semipalmatus (Batuíra-
de-bando).
Fig. 8.22. Falco sparverius (quiriquiri). Fig. 8.26. Charadrius collaris (batuíra-de-
coleira).
Fig. 8.23. Falco peregrino (falcão-peregrino). Fig. 8.27. Charadrius colares (anilhamento).
329
Fig. 8.33. Tringa melanoleuca (maçarico-
Fig. 8.29. Himantopus melanurus grande-de-perna-amarela).
(pernilongo-de-costas-brancas).
330
Fig. 8.37. Sternula antillarum (trinta-réis- Fig. 8.41. Columbina talpacoti (rolinha-roxa).
miúdo).
331
Fig. 8.48. Crotophaga major (anu-coroca).
332
Fig. 8.56. Chloroceryle inda (martim-
Fig. 8.52. Amazilia leucogaster (Beija-flor-de-
pescador-da-mata).
barriga-branca).
333
Fig. 8.63. Taraba major (Choró-boi).
Fig. 8.59. Formicivora grisea (Papa-formiga-
pardo: macho).
334
Fig. 8.67. Tolmomyias flaviventris (Bico- Fig. 8.71. Euscarthmus meloryphus
chato-amarelo). (Barulhento).
335
Fig. 8.75. Myiarchus ferox (Maria-cavaleira). Fig. 8.79. Hylophilus amaurocephalus (Vite-
vite-de-olho-cinza).
336
Fig. 8.87. Lanio pileatus (tico-tico-rei-cinza)
Fig. 8.83. Mimus gilvus (sabiá-da-praia). macho.
Fig. 8.84. Mimus gilvus (anilhamento). Fig. 8.88. Lanio pileatus (tico-tico-rei-cinza)
femea.
337
Fig. 8.91. Sporophila albogularis (golinho).
338
MORCEGOS DO DELTA DO
PARNAÍBA, LITORAL
PIAUIENSE
1
Bióloga, Mestre e Doutora em Ecologia (UnB), Brasil. Pesquisadora
Colaboradora, Universidade de Brasília, Brasil. e-mail: rocha.clarisse@gmail.com
2
Biólogo, Mestre em Ecologia (UnB), Brasil. Doutorando, Universidade de
Brasília, Brasil. e-mail: alexandre.xexa@gmail.com
339
9.1. INTRODUÇÃO
verdadeiro (Nowak, 1999; Peracchi et al., 2006). Embora algumas espécies possam ter
biológico, que é muito maior do que os prejuízos causados por estes animais (Nowak,
1999; Reis et al., 2007; Reis et al., 2008). Por exemplo, entre as mais de mil espécies de
morcegos existentes no mundo, somente três espécies presentes apenas nas Américas,
folhas, insetos e outros artrópodes, pequenos vertebrados e sangue (Reis et al., 2007). A
neotropicais (Peracchi et al., 2006; Reis et al., 2008). Os morcegos frugívoros podem
levar estas sementes para pastos e outras áreas alteradas, sendo importantes para
652 espécies registradas, o que representa 13% das espécies da mastofauna descrita no
mundo (Reis et al., 2006). Destas, 168 espécies são de morcegos, divididas em 64
encontrados no país (Peracchi et al., 2006; Reis et al., 2008; Taddei & Lim, 2010).
Brasileiro. As referências disponíveis sobre este grupo para o Piauí tratam de estudos
estado, não sendo encontrados outros estudos acerca deste grupo para a região do Delta
do Parnaíba (Reis et al., 2007; Gregorin et al., 2008; Feijó & Nunes, 2010; Taddei & Lim,
2010).
Parnaíba. Os morcegos foram capturados em outubro de 2011 com redes de neblina, que
de restinga no Brasil (Mares et al., 1981; Guedes et al., 2000; Rosa, 2004; Cruz et al.,
2007; Reis et al., 2007; Fogaça & Reis, 2008; Gregorin et al., 2008; Carvalho et al.,
341
2009; Dias et al., 2009; Luz et al., 2009; Oprea et al., 2009; Santos et al., 2009; Taddei &
Lim, 2010). Mais da metade destes, apresentam dieta insetívora seguida da dieta
frugívora.
Quatro quirópteros capturados apresentam dieta frugívora: Artibeus lituratus (Figura 9.1),
A. planirostris (Figura 9.2), Chiroderma doriae (Figura 9.3) e Carollia perspicillata (Figura
9.4); quatro são insetívoras: Lophostoma silvicolum (Figura 9.5), Micronycteris megalotis
(Figura 9.6), M. minuta (Figura 9.7) e Myotis nigricans (Figura 9.8); duas são
hematófagas: Desmodus rotundus (Figura 9.9) e Diaemus youngi (Figura 9.10), uma
(Figura 9.12) e uma onívora: Phyllostomus elongatus (Figura 9.13). O esforço amostral
realizado neste estudo fornece apenas uma subestimativa das espécies de morcegos que
Tabela 9. Espécies registradas durante o levantamento de dados primários com auxílio de redes
de neblina, entre os dias 20 e 24/10/2011, Pedra do Sal e Parnaíba, Piauí.
Entre as espécies registradas neste estudo, quatro delas não haviam sido
foi incluída nem na lista das espécies de dados secundários, que incluída os estados
343
Figura 9.2. Artibeus planirostris capturado com auxílio de
redes de neblina em ambiente de Restinga, Pedra do Sal,
Piauí, 2011.
344
Figura 9.4. Carollia perspicillata capturado com auxílio de redes de neblina
em ambiente de Restinga, Pedra do Sal, Piauí, 2011.
346
Figura 9.8. Myotis nigricans capturado com auxílio de redes de neblina
em ambiente de mangue, Parnaíba, Piauí, 2011.
347
Figura 9.10. Diaemus youngi capturado com auxílio de redes de neblina em
ambiente de mangue, Parnaíba, Piauí, 2011.
348
Figura 9.12. Vampyrum spectrum capturado com auxílio de redes de neblina em
ambiente de mangue, Parnaíba, Piauí, 2011.
349
Outros mamíferos também foram observados durante este estudo na região do
Delta do Parnaíba, sendo três espécies de Primata: Callithrix jacchus, Cebus libidinosus e
Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2008; Oliveira &
Kierulff, 2008).
dos outros mamíferos que habitam essa região. A lista de espécies de morcegos
presentes neste estudo não pode ser considerada definitiva e deve ser sempre atualizada
manutenção e conservação das espécies de quirópteros neotropicais foi até hoje, pouco
morcegos e sua ecologia nos manguezais brasileiros (Andrade & Fernandes, 2005).
Porém, neste estudo, este foi o ambiente em que foi registrada a maior riqueza de
tamanhos de populações de artrópodes que podem ser tornar pragas agrícolas (ex:
350
9.2. DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES DE MORCEGOS REGISTRADAS
Artibeus lituratus - este morcego, o maior dentro do gênero, distribui-se desde o México
até o norte da Argentina, ocorrendo em todas as regiões do Brasil (Reis et al., 2007). É
al., 2007). Abriga-se em cavernas bem iluminadas ou em abrigos fabricados com folhas
produção primária subsequente às chuvas (Eisenberg & Redford, 1999; Reis et al., 2007).
et al., 2008A).
Artibeus planirostris - A distribuição desta espécie vai desde a Venezuela até o norte da
Argentina (Reis et al., 2007). Possui tamanho médio, quando comparado a outras
Carollia perspicillata - este morcego ocorre desde o México até o Brasil, onde foi
encontrado em quase todos os estados (Reis et al., 2007; Barquez et al., 2008B). É
seus arredores (Cloutier & Thomas, 1992; Reis et al., 2007). Abriga-se em cavernas, ocos
em árvores e construções humanas. Pode ser solitário ou viver em colônias de até mil
indivíduos (Cloutier & Thomas, 1992; Eisenberg & Redford, 1999). Possui preferência por
351
frutos de Piper, mas também consome frutos e néctar de outras famílias vegetais e
insetos (Eisenberg & Redford, 1999; Reis et al., 2007). Seu estado de conservação é
considerado de baixo risco de extinção, segundo a IUCN (Barquez et al., 2008B), por
(Reis et al., 2007). Recentemente, foi registrada no estado do Espírito Santo (Scabello et
cultivadas e urbanas (Oprea & Wilson, 2008). Presume-se que sua reprodução seja
suas sementes ou predando-as ao mastigá-las (Oprea & Wilson, 2008; Reis et al., 2007).
Seu status de conservação é considerado como "pouco preocupante" pela IUCN, devido à
considerada vulnerável nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e quase
é amplamente distribuída nas Américas, ocorrendo de norte a sul do Brasil. Habita desde
sua dieta estritamente hematófaga, produzindo prejuízos na pecuária e por ser vetor do
Diaemus youngi - possui ampla distribuição, ocorrendo do México até a Argentina (Reis
et al., 2007). No Brasil, é considerada uma espécie localmente rara, com deficiências
352
sobre dados populacionais, biológicos e ecológicos (Aguiar et al., 2006). Não foi
registrada anteriormente no estado do Piauí. É uma espécie que habita cavernas e ocos
preferência por sangue de aves. Apesar de não estar na lista das espécies ameaçadas,
de acordo com MMA e pela IUCN, é considerada ameaçada nos estados do Paraná e Rio
Brasil foi registrado para quase todos os estados, ocorrendo em todos os biomas.
em rochas, túneis, minas, casas abandonadas, ductos de ventilação, telhas, etc (Reis et
al., 2007). Encontra-se classificada em baixo risco de extinção (Barquez et al., 2008C).
Honduras até a Bolívia (Reis et al., 2007). No Brasil, possui o registro em 12 estados, e
ainda não havia sido registrada para o estado do Piauí. Ocorre em todos os biomas
presença de frutos. Os machos são capazes de construir seus próprios ninhos, atividade
pouco praticada entre os quirópteros. Está classificada como em baixo risco de extinção
Micronycteris megalotis – esta espécie ocorre desde a Colômbia até o Peru, Bolívia e
Brasil (Reis et al., 2007). Foi registrada em 18 estados brasileiros (Reis et al., 2007;
Gregorin et al., 2008). Sua dieta inclui principalmente insetos, mas também é composta
por frutos. No Brasil tem sido registrada para os biomas Amazônia e Mata Atlântica.
Brasil (Reis et al., 2007). Esta espécie já foi registrada em todos os biomas brasileiros, em
treze estados, entretanto não foram encontrados registros anteriores para o estado do
Piauí. É uma espécie de porte relativamente pequeno dentro do gênero. Sua dieta é
composta principalmente por insetos, mas frutos também podem ser consumidos (Reis et
al., 2007).
Myotis nigricans - este morcego insetívoro ocorre na América Latina e no Brasil tem
registros para a região Centro-Oeste, Sudeste e Sul e para o AM, AP, BA, CE, PA, PB,
PE e RR. (Reis et al., 2007). Habita áreas perturbadas, onde pode tornar-se dependente
árvores, grutas, fendas de rochas e folhagens (Reis et al., 2007; Eisenberg & Redford,
1999). Nos abrigos diurnos forma haréns e durante a reprodução, grandes grupos
chamados creches, compostos por fêmeas, filhotes e jovens (Wilson & LaVal, 1974;
abundância de insetos, gerando até três crias por ano (Eisenberg & Redford, 1999; Reis
et al., 2007). Forrageia e captura insetos durante o vôo, como dípteros, lepidópteros,
(Reis et al., 2007). No Brasil foi registrada em onze estados, porém antes deste estudo
não havia sido encontrada no Piauí. Também não consta na lista de dados secundários,
de provável ocorrência, gerada para a região da CGE Porto Salgado. A dieta desta
354
espécie onívora inclui néctar, insetos, frutos e pequenos vertebrados. É considerada de
Guianas e Trindad. Foi registrada em apenas sete estados brasileiros, para os biomas
Amazônia, Pantanal e Caatinga (Reis et al., 2007; Gregorin et al., 2008). É a maior
morcegos e insetos (Reis et al., 2007). De acordo com a IUCN, é considerada quase
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARQUEZ, R.; PEREZ, S.; MILLER, B. & DIAZ, M. 2008A. Artibeus lituratus. In: IUCN
2009. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em:
www.iucnredlist.org. Acesso em: 03 de novembro de 2011.
BARQUEZ, R.; PEREZ, S.; MILLER, B. & DIAZ, M. 2008B. Carollia perspicillata. In: IUCN
2009. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em:
www.iucnredlist.org. Acesso em: 03 de novembro de 2011.
BARQUEZ, R.; PEREZ, S.; MILLER, B. & DIAZ, M. 2008C. Glossophaga soricina. In:
IUCN 2009. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em:
www.iucnredlist.org. Acesso em: 03 de novembro de 2011.
BARQUEZ, R.; PEREZ, S.; MILLER, B. & DIAZ, M. 2008D. Myotis nigricans. In: IUCN
2009. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em:
www.iucnredlist.org. Acesso em: 03 de novembro de 2011.
BREDT, A., et. al. 1998. Morcegos em áreas urbanas e rurais: manual de manejo e
controle. Fundação Nacional de Saúde, Brasília. 117p.
CARVALHO, F.; ZOCCHE, J.J. & MENDONÇA, R.A. 2009. Morcegos (Mammalia:
Chiroptera) em restinga no município de Jaguaruna, sul de Santa Catarina, Brasil.
Biotemas, 22 (3): 193-201.
355
CLOUTIER, D. & THOMAS, D. W. 1992. Carollia perspicillata. Mammalian Species, 417:
1-9.
DIAS, P.A.; SANTOS, C.L.C.; RODRIGUES, F.S.; ROSA, L.C.; LOBATO, K.S. &
REBÊLO, J.M.M.J. 2009. Espécies de moscas ectoparasitas (Diptera, Hippoboscoidea) de
morcegos (Mammalia, Chiroptera) no estado do Maranhão. Revista Brasileira de
Entomologia, 53(1): 128-133.
FEIJÓ, J.A. & NUNES, H.L. 2010. Primeiro registro de Myotis nigricans (Schinz, 1821)
para o estado do Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil. Chiroptera Neotropical, 16(1):
532-534.
FOGAÇA, F.N.O. & REIS, N.R. 2008. Análise comparativa da quiropterofauna da restinga
paranaense e adjacências. Pp: 87-95. In: Reis, N.R.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W.A.;
Santos, G.A.S.D. Ecologia de Morcegos. Technical Books Editora, Londrina. 148p.
KUNZ, T. H.; TORREZ, E. B.; BAUER, D.; LOBOVA, T. & FLEMING, T. H. 2011.
Ecosystem services provided by bats. Annals of the New York Academy of Sciences.
LUZ, J.L.; COSTA, L.M.; LOURENÇO, E.C.; GOMES, L.A.C. & ESBÉRARD, C.E.L. 2009.
Bats from the Restinga of Praia das Neves, state of Espírito Santo, southeastern Brazil.
Check List, 5(2): 364-369.
MARES, M.A.; WILLIG, M.R.; STREILEIN, K.E. & LACHER JR, T.E. 1981. The mammals
of northeastern Brazil: a preliminary assessment. Annals of Carnegie Museum. Carnegie
Museum of Natural History, 50(4): 82-137.
356
NOWAK, R.M. 1999. Walker’s Mammals of the World. Volume I. 6ª edição. The Johns
Hopkins University Press. Baltimore and London. 836p.
OLIVEIRA, M.M. & KIERULFF, M.C.M. 2008. Alouatta ululata. In: IUCN 2011. IUCN Red
List of Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em: www.iucnredlist.org. Acesso
em: 03 de novembro de 2011.
OPREA, M.; ESBÉRARD, C.E.L.; VIEIRA, T.B.; MENDES, P.; PIMENTA, V.T.; BRITO, D.
& DITCHFIELD, A.D. 2009. Bat community species richness and composition in a restinga
protected area in Southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, 69(4): 1073-1079.
OPREA, M. & WILSON, D. E. 2008. Chiroderma doriae. Mammalian Species 816: 1-7.
PERACCHI, A.L.; LIMA, I.P.; REIS, N.R.; NOGUEIRA, M.R. & ORTÊNCIO FILHO, H.
2006. Ordem Chiroptera. Pp: 153-230. In: Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W.A.; Lima,
I.P. (Eds.) Mamíferos do Brasil. Londrina. 437p.
REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A. & LIMA, I.P. (EDS). 2007. Morcegos do
Brasil. Londrina, Paraná. 253p.
REIS, N.R.R.; PERACCHI, A.L. & SANTOS, G.A.S.D. 2008. Sobre a ecologia dos
morcegos. Pp: 13-16. In: Reis, N.R.R.; Peracchi, A.L.; Pedro, W.A.; Santos, G.A.S.D.
Ecologia de Morcegos. Technical Books Editora, Londrina. 148p.
SANTOS, C.L.C.; DIAS, P.A.; RODRIGUES, F.S.; LOBATO, K.S.; ROSA, L.C.; OLIVEIRA,
T.G. & REBÊLO, J.M.M. 2009. Moscas ectoparasitas (Diptera: Streblidae) de morcegos
(Mammalia: Chiroptera) do Município de São Luís, MA: Taxas de infestação e
associações parasito-hospedeiro. Neotropical Entomology, 38(5): 595-601.
TADDEI, V.A. & LIM, B.K. 2010. A new species of Chiroderma (Chiroptera,
Phyllostomidae) from Northeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, 70(2): 381-386.
TAVARES, V. & AGUIRRE, L. 2008. Chiroderma doriae. In: IUCN 2009. IUCN Red List of
Threatened Species. Versão 2009.2. Disponível em: www.iucnredlist.org. Acesso em:
Acesso em: 03 de novembro de 2011.
WILSON, D. E. & LaVal, R. K. 1974. Myotis nigricans. Mammalian Species 39: 1-3.
357
ETNOICTIOLOGIA
PRATICADA PELOS
PESCADORES DO DELTA DO
10 DELTA DO PARNAÍBA
1
Bióloga (UFPI). e-mail: clarisse202@gmail.com
2
Biólogo, Mestre e Doutor em Zoologia pelo Museu Nacional Rio de Janeiro
(UFRJ), Brasil. Professor Adunto, Universidade Estadual do Piauí, Brasil. e-
mail: filipemelo.uespi@gmail.com
3
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/TROPEN/
UFPI). Presidente da ONG Comissão Ilha Ativa (CIA), Ilha Grande, PI.
francinalda.rocha@gmail.com
358
10.1. INTRODUÇÃO
com a própria sociedade (Diegues, 2004). De acordo com Marques (1995) a aquisição de
informações sobre o ambiente e seus recursos, bem como a maneira de lidar com eles,
habitats para a criação de políticas sociais e ecologicamente mais justas (Adams, 2000).
humanos estabelecem e mantêm com os peixes (Silvano, 1997). Uma forma de contribuir
Uma das fontes para acessar o conhecimento da fauna regional de peixes está nas
pode servir para comparações ou teste com conhecimento científico. uma busca dos
ambiental que as ciências na maioria das vezes, ignora, subjugando outros saberes (Leff,
359
10.2. OBJETIVOS
peixes região e verificar quais são as espécies pescadas pela comunidade de pescadores
Para o estudo foram realizadas entrevistas com os pescadores, nos bairros Morros
exclusivamente da pesca?
por moradores que dividem o tempo entre a agricultura e a pesca artesanal, sendo essa
parnahybae) 2,32%. De acordo com o hábito alimentar dos peixes, 21,34% dos
entrevistados diz que os sem escamas, chamados peixes de couro, estão baseados
peixes com escamas, sua alimentação está baseada no consumo de palha de arroz
(17,97%), lama (20,22%), e lodo (14,6%) ainda foram mencionados outros hábitos
de peixes têm gerado subsídios para melhor entendimento das relações entre os
tarrafa 23%, que é uma rede cônica com bordas equipadas por chumbo, grosseira ou
espinhel, com 23%, uma linha comprida com vários anzóis, tapagem de igarapé com
11%, landuá 7%. Os resultados mostram uma ampla utilização de meios para a captura
a ecologia trófica dos peixes é um fenômeno amplo (Marques, 1995; Costa-Neto, 1998;
dieta dos peixes, a maneira como capturam entre outros. A pesca é realizada em família
vivem. Esse etnoconhecimento acerca dos peixes mostrou-se bem rico pois os
361
hábito alimentar, maneira de captura, e animais que interagem no ambiente e do que
se alimentam os peixes.
conhecimento científico pode contribuir para adoção de políticas públicas de gestão dos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRADECIMENTOS
Carvallho Santos.
362
ETNOECOLOGIA DO JACARETINGA
Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758)
REPTILIA, ALLIGATORIDAE NO
DELTA DO PARNAÍBA
11
ROBERTA ROCHA DA SILVA-LEITE1
PAULO AUGUSTO ZAITUNE PAMPLIN2
ZILCA CAMPOS3
1
Bióloga, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI-PRODEMA-
TROPEN), Brasil. Endereço: Universidade Federal do Piauí (UFPI), 64202-020,
Parnaíba-PI e-mail: roberta.ufpi@gmail.com
2
Biólogo, Mestre em Ciências da Eng. Ambiental (USP) e Doutor em Ecologia e
Recursos Naturais (UFSCAR), Brasil. Professor, Universidade Federal de
Alfenas, Brasil. e-mail: pazpamplin@yahoo.com.br
3
Engenheira Florestal, Mestre em Ecologia (INPA) e Doutora em Ecologia
(Conservação e Manejo da Vida Silvestre) (UFMG), Brasil. Pesquisadora,
EMBRAPA- Pantanal(CPAP), Brasil. E-mail: zilca@cpap.embrapa.br
363
11.1. INTRODUÇÃO
O Brasil tem sido reconhecido como um dos países com maior biodiversidade do
segundo lugar em riqueza de espécies (Wilson e Swan, 2008). De acordo com Bérnils
(2010), até maio de 2010, a Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH) registrou cerca
(2006) apontam que parte significativa desta fauna tem sido usada por populações
tradicionais e/ou por sociedades modernas. Desta forma, a relação entre humanos e
científico (Marques, 2001). A etnoecologia é um ramo das etnociências, que por sua vez
semelhante ao termo etnobiologia, pois de acordo com Kubo et al. (2006), ambas não se
relatam que os estudos sobre o conhecimento empírico (tradicional) estão mais ligados
Sob esta ótica, a APA Delta do Parnaíba abriga pescadores artesanais, que por
literatura tem revelado, entretanto, que a conservação da biodiversidade pode ser mais
efetiva, se houver mais envolvimento das comunidades que vivem no entorno das áreas
Embora o município de Ilha Grande (Piauí, Brasil) esteja inserida em uma Unidade
Diante de uma perspectiva holística e acreditando que a fauna de uma região não
deva ser desfavorecida diante das diversas formas de uso dos recursos pelas populações
possam contribuir com o futuro Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba, através da
365
11.2. MATERIAL E MÉTODOS
de Luís Corrêa, Ilha Grande e Parnaíba, no estado do Piauí; Araioses e Tutóia, no estado
(IBGE, 2007; Ilha Grande, 2008). Os limites municipais são o oceano Atlântico ao norte e
ecossistema marcado pelo encontro das águas de um rio e do mar, rico, especialmente
por se tratar de um berçário natural para muitas espécies do ambiente marinho; carnaubal
restinga são marcados pela presença de uma vegetação arbustiva que se dispõe
reticularmente sobre dunas fixadas; campo herbáceo situa-se nos limites do ambiente
2008 A fauna é composta por várias espécies de mamíferos, aves, peixes, anfíbios e
répteis, dentre estes o jacaretinga (Caiman crocodilus) (CEPRO, 1996; Ilha Grande,
2008).
366
De acordo com Lustosa (2005), as atividades mais expressivas na região são a
extensiva, a produção artesanal e o turismo. Ainda de acordo com a autora, esta última se
configura como uma das maiores potencialidades locais, graças à singularidade das
Figura 11.1. A- Mapa do Brasil com destaque para o litoral do Piauí; B- APA Delta do Parnaíba
com destaque para o município de Ilha Grande; C- Mapa do município de Ilha Grande, PI.
Fonte: Brasil (2004) e IBGE (2007), adaptado por Roberta R. Silva Leite (2010).
11.2.2.Pesquisa Etnoecológica
367
presença ou ausência de atividade de caça na região; hábito alimentar dos entrevistados
Appolinário (2006) e Souto (2006). O registro dos dados da entrevista foi feito utilizando
como bola de neve (snowball sampling) proposto por Bernard (2002). Este método
original (ou não), que, por sua vez, indicam outros com já conhecidos ou não. O processo
é repetido até o objetivo ser alcançado, não havendo limite máximo ou mínimo de
informantes (Bernard, 2002). Este método é caracterizado por ser um método rápido de
coleta se a pesquisa for iniciada a partir dos elementos mais populares da rede.
“etnoespécies” nomeadas e descritas pelos pescadores. No caso deste trabalho o foco foi
De acordo com o proposto por Souto (2006), o pesquisador deve ter o cuidado ao
transcritas de forma que as falas pudessem ser repassadas fielmente para este trabalho,
vista dos informantes) e eticista (ênfase no ponto de vista dos pesquisadores), conforme
sugerido por Marques (2001). Com base nas informações obtidas foram criadas tabelas
de cognição comparada, nas quais trechos das entrevistas são comparadas com trechos
369
da literatura referente ao bloco de informações citadas (Costa Neto, 2000a; Marques,
11.3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
por serem mais indicadas (citadas) pelo método snowball. Todos os entrevistados foram
cada membro participante desta pesquisa, visto que era livre a indicação por ambos os
sexos. Assim como em Barbosa et al. (2007) a utilização do método bola de neve como
370
Os participantes residem em habitações próprias, sendo a maioria casada e
possuindo filhos com idade variando entre 1 e 12 anos. As atividades profissionais mais
manhã e da tarde. De acordo com Sousa (2010) a maior renda da população é oriunda da
principal de consumo, merecendo destaque os animais mais citados como galinha e pato.
São encontrados com freqüência criação de animais ditos domésticos como cães e gatos.
Barbosa et al. (2007) estudando a comunidade de São José da Mata, Paraíba, também
encontrou a criação de galinhas como a mais citada entre os entrevistados, fato que foi
relacionado aos baixos custos de manejo. Assim como no trabalho citado, quase nenhum
morador tem o hábito de criar animais da mata, exceto um que citou a criação em sua
crio, eu tenho a Kate lá em casa que é uma macaca [Cebus apella], eu tenho a tia Chica
[Gnorimopsar chopi], a maior paixão da vida dela é quando eu chego em casa... eu solto
371
Tabela 11.1. Perfil socioeconômico dos moradores entrevistados no Município de Ilha Grande, PI.
EFI=Ensino Fundamental Incompleto; EFC=Ensino Fundamental Completo; EMC=Ensino Médio
Completo; A=Agricultor; P=Pescador; Tu=Guia de Turismo; C=Comerciante; Pe=Pedreiro;
Pi=Pintor; M=Manhã; T=Tarde; N=Noite.
Parâmetros Valores
Faixa Etária 28-40 = 23,8% (n=5)/ 42-59 = 38,1% (n=8)/ 61-79 = 38,1% (n=8)
Estado Civil 90,5% (n=19) casados/ 9,5% (n=2) solteiros
Filhos 85,7% (n=18) com filhos/ 14,3% (n=3) sem filhos
52,4% (n=11) EFI/ 38,2% (n=8) não alfabetizados/ 4,7% (n=1) EFC/ 4,7%
Escolaridade
(n=1) EMC
76,1%(n=16) A, P/ 4,7% (n=1) Tu, P/ 4,7% (n=1)A, P, C/ 4,7% (n=1) A, P,
Profissão (atividade)
Pe/ 4,7% (n=1)P, Pi/ 4,7% (n=1) P
Horário de Atividade 47,6% (n=10) M, T/ 23,8% (n=5) M, T, N/ 19,1% (n=4) M/ 9,5% (n=2) M, N
Criação de Animais 76,1% (n=16) criam animais; 23,8% (n=5) não criam animais
Finalidade da 62,5% (n=16) consumo/ 18,75% (n=3) apreciação/ 12,5% (n=2) consumo
Criação e venda/ 6,25% (n=1) consumo e apreciação
dos recursos de sua região. Desta forma, quando indagados sobre a oferta de recursos
da mata local, várias respostas apareceram, sendo as mais comuns a oferta de árvores e
frutos regionais: “murici [Byrsonima crassifolia (L.) Kunt], caju [Anacardium occidentale L.],
a castanha do caju, guajiru [Chrysobalanus icaco L.]” Informante “E”; “a mata oferece,
frutos, caça, madeira para fazer construção” Informante “A”; “no tempo do meu pai, nós
dividia” Informante “C”; alguns informantes entendem a mata como um local que precisa
ser “limpo” para gerar recursos: “eu devastava ela...destruí muito mato na minha vida,
fazia roça, plantava arroz [Oryza sativa L.]... eu não aproveitava o material dela, porque
era tudo misturado, aí eu queimava ” Informante “B”; enquanto outros a vêem como
beleza natural: “quando agente vê um verde é uma maravilha pra gente...uma árvore
dessa aí [referindo-se a Chrysobalanus icaco L] é uma coisa muito bem feita na terra”
372
Informante G.
mangues, rios, igarapés, lagoas) (ver Figuras 11.3 e 11.4), sendo a relação mais comum
apontada foi como fonte de alimento de origem animal: “a água dá muita coisa, agente
ainda come os peixinhos de lá do rio, do mar” Informante “B”; “no igarapé pego peixe,
camarão, siri, caranguejo...toda hora” Informante “H”; “a água dá tudo, peixe, camarão,
serve pra beber” Informante “I”; além de ser colocada como de suma importância para a
vida: “a água dá vida, porque mata a sede” Informante “A”; “a água nós não planta”
Informante “C”; e também como forma de prazer: “a água, quando agente toma um banho
na água salgada dá assim um alívio” Informante “G”. Cabe destacar que nenhum dos
Figura 11.3: Paisagem com lagoa pluvial (utilizada como habitat pelo jacaré),
vegetação típica de restinga, carnaúbas e dunas, no município de Ilha Grande, PI.
373
Figura 11.4: Igarapé com vegetação típica de mangue (utilizada como habitat pelo
jacaré), no município de Ilha Grande, PI. Fonte, Silva Leite, 2010.
proteção ambiental e o que isso significava para ele. A maioria afirmou saber que residia
em uma APA (61,5%), porém apenas um entrevistado soube responder o que isso
uma APA com a população local. Neste contexto, estão entre os objetivos da APA Delta
374
11.3.3. Epítetos populares da espécie
forma: Caiman é um termo espanhol para qualquer crocodiliano e crocodilus significa “um
crocodilo” (latim) (Azevedo, 2003). Já para o nome popular jacaretinga, temos a seguinte
etimologia: jacaré é uma palavra de origem indígena Tupi (yaka're' nome comum a vários
origem indígena e significa “branco”. Assim o nome jacaretinga quer dizer “jacaré branco”,
Figura 11.5. Caiman crocodilus nas margens do Rio Parnaíba, no município de Ilha Grande, PI.
nomes vernaculares, sendo os principais: babilla , Baba, Bava, Cachirre, Lagarto, Caimán,
Caimán blanco, Coscarudo, Tulisio, Cochirré, Cuajipal, Yacaré blanco, Tinga, Yacare
375
Lagarto chato, Lagarto de concha, Talulín, Wizizil, Alligátor, South american alligator,
Common caiman, Spectacled caiman, Yacare tinga, jacaré-tinga (ou jacaretinga), sendo
encontrada em trabalhos de etnociências (Alves e Rosa, 2007b; Silva, 2007, 2008; Alves
et al., 2009).
Neste estudo, foram atribuídas cinco nomenclaturas folk para a referida espécie:
jacaré (100% dos entrevistados), “quiba” (54%), crocodilo (30%), jacu e carneirinho
d’água, ambos com apenas uma citação. Nenhum entrevistado mencionou o epíteto
município alvo desse estudo relata apenas a nomenclatura “jacaré” sendo mencionada
“quiba”, Romero (1888) cita a referida nomenclatura como um termo popular próprio da
animal corpulento e forte. Neto (2002) destaca o vocábulo “quiba” como uma palavra
típica do folclore piauiense, porém não descreve seu significado. Segundo entrevistas e
crocodilus, revelando com riqueza de detalhes alguns comportamentos que só podem ser
observados in situ, como habitats ocupados pela espécie na região, horários de atividade,
Tabela 11.2. Tabela de cognição comparada entre informações etnoecológicas fornecidas pelos
entrevistados do município de Ilha Grande, PI e citações da literatura científica específica.
“quando agente sai a noite e usa lanterna A maioria dos jacarés são caçadores
pra caçar ou pra pescar, aí agente noturnos, que passam o dia inativos ou e
costuma ver mais jacaré... durante o dia exposição ao sol (Rueda-Almonacid et
Horário de você vê alguns dormindo... na margem do al., 2007).
atividade rio, fica enterrado na lama” O brilho dos olhos destes animais é
“vejo mais é de noite... agente sai num rio refletido através do foco da lanterna
ou igarapé desses com uma lanterna, e aí (Herron, 1994).
você vê os foco de fogo em cima da água”
377
“nos rios, é na época em que as águas Com o recuo das águas, os jacarés
começam a baixar, final de junho até mudam-se para as partes mais
janeiro... depois começa o período de profundas, com o nível da água subindo
chuvas ele vão pras lagoas e ficam lá até muitos jacarés entram em córregos e,
quando as águas baixam” finalmente, dispersos no pântano
Época do ano
“nos verão puxado, porque acaba as água inundado (Ouboter e Nanhoe, 1988)
com maior
das lagoa e eles vão pra outros lugar pra Sob condições de estresse hídrico,
aparecimento
se proteger” algumas espécies de crocodilianos
“nos verão eles se ‘interra’ todinho dentro estivam por vários meses na lama e em
daqueles buraco de folha, fica cobertinho buracos (Campos et al, 2004)
de folha”
“em janeiro, fevereiro, março e abril já têm Na Amazônia os ovos dos jacarés
jacarezinho na lagoa” eclodem no começo do ano, junto com a
“tenho visto no final do mês de fevereiro subida das águas (Campos, 2003).
ou março” O período reprodutivo desta espécie tem
“demora uns 2 meses para nascer... seu início com o fim da estação seca,
nasce no início do inverno, quando onde ocorre a cópula. A eclosão dos
Época de começa as chuvas” ovos irá ocorrer cerca de 70-90 dias
nascimento após a postura, coincidindo com o início
da estação chuvosa. a biologia
reprodutiva desta espécie e até mesmo
dos Crocodylia em geral parece estar
correlacionada com o nível das águas
(Rueda-Almonacid et al., 2007).
“a fêmea faz quando ela tá choca, quando Jacarés jovens vocalizam em várias
vai chamar o filhinho” situações...na presença de alimento,
“tanto macho como fêmea faz barulho, para manter contato com os membros do
acho que é um meio deles se comunicar” grupo, em situações onde percebe
“ele faz barulho quando agente pega ele” perigo/predadores. As fêmeas também
“quando ta chocando ele dá um vocalizam para chamar os filhotes
grunhido... os filhotinhos também fazem (Staton, 1978).
barulho” Na temporada do acasalamento, o
“fazem barulho, fêmeas, filhotes e mugido de um macho de aligátor
Som emitido pelo machos, quando brigam... ele faz um americano, é o som mais alto feito por
jacaré barulho com a boca e também bate o rabo qualquer réptil. (Azevedo, 2003).
na água” Os machos vocalizam para anunciar seu
“status” territorial e a corte é
acompanhada por vocalizações de
machos e fêmeas (Pough, et al., 1999).
A maioria das espécies se comunica
usando sons, posturas corporais,
movimentos, cheiros e contato físico
(Rueda-Almonacid et al., 2007).
“jacaré agente vê mais quando a noite é Da Silveira et al. (1997) não encontrou
de escuro” correlação entre fase da lua e número de
“quando tem lua é mais difícil da gente vê C. crocodilus avistados na Amazônia
ele” Central.
“é mais difícil ver jacaré na lua cheia, A influência da iluminação pela lua na
porque como é claro ele consegue nos contagem de crocodilianos tem sido
observar antes da gente vê ele, a lua muito debatida. No Lago Mamirauá (AM)
ajuda ele a se aconchegar” a luz da lua aumenta a interação social
Influência lunar “tanto faz... acontece que se no luar você dos M. niger, induzindo-os a usar mais a
vê mais, é porque tem a claridade e de parte aberta, fazendo-os ficar mais
longe você enxerga ele numa areia dessa visíveis à lanterna. Resultados indicam
branca... e no ‘truvo’ se você andar com a que o efeito da lua sobre o número de
lanterna você enxerga também” crocodilianos ainda são inconsistentes e
dependem do local estudado (Da Silveira
et al., 2008).
379
“já vi jacaré morto na beira da praia, talvez Os Crocodylinae possuem glândulas
trazido pela corrente” linguais para excretar sal enquanto que
“já vi jacaré na água salgada no inverno, estas glândulas nos Alligatorinae [família
pelos anos de enchente... vão pelos do C. crocodilus] são estruturas mais
mangue, as vezes vão sair até na pedra simples sem capacidade de secretar sal
do sal, sobem no balseiro e vão para as concentrado (Rueda-Almonacid et al.,
lagoas” 2007).
Tolerância a “eu vi jacaré uma vez na praia, quando a A maioria dos crocodilianos habitam
salinidade enchente leva... mas ele mesmo só no água doce, porém algumas espécies são
salobro, dentro do sal mesmo ele não vai encontradas no litoral, em águas salinas
não, porque ele fica cego” e estes devem ter alguma capacidade de
tolerar a água salgada. Muitas espécies
de crocodilianos de água doce também
têm populações de estuários, por
exemplo C. crocodilus (Leslie e Spotila,
2000).
Um recurso pode ser definido como ato de procurar auxílio ou socorro; meio; o que
serve para alcançar um fim; refúgio, proteção; remédio, cura, dentre outros (Priberam,
2009). De acordo com Brasil (2006) recurso ambiental engloba a atmosfera, as águas
380
qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou
brasileira, sendo que alguns destes têm citado espécies de jacaré (Caiman crocodilus, C.
utilizados por comunidades tradicionais das regiões norte, nordeste e sul do Brasil,
mágico religiosas (ver Smith, 1981; Costa Neto, 2000a,b, 2005; Costa Neto et al, 2001;
Pedroso-Júnior, 2002; Fernandes-Pinto e Marques, 2004; Costa Neto 2005; Freitas et al,
2005; Pedroso-Júnior e Sato, 2005; Alves e Rosa, 2007a,b; Alves et al, 2007, 2008, 2009;
Silva, 2007, 2008; Moura e Marques, 2008; Alves, 2009; Torres et al., 2009; Souza, 2010).
embora seja de forma clandestina uma vez que a caça é proibida (Lei n. 5.197, de 3 de
Janeiro de 1967 (Brasil, 1967)). Porém, é na medicina popular que é mais utilizado
381
Tabela 11.3. Formas de uso do Caiman crocodilus como recurso pelos entrevistados de Ilha
Grande, PI.
citações
Couro Forro 6
Artesanal
tamborete/banco/cadeira
Couro Bolsa 1
cachaça)
(dentição em crianças)
principalmente nas regiões norte (Smith, 1981; Silva, 2007) e nordeste (Marques, 2001)
do Brasil. Na maior parte dos trabalhos as espécies são usadas da mesma forma na
382
em estudo:“aqui tem-se o costume de comer o jacaré por completo, mas sem as vísceras,
o couro, a cabeça, as pernas... fica só o esqueleto do jacaré com a carne... então você
pega, corta e põe pra ferver e desfia a carne, separa a carne do esqueleto do jacaré pra
comer” Informante A; “pega o jacaré, tira a carne, salga, bota no sol, seca...”Informante C.
O animal parece ser bem apreciado entre os entrevistados: “tem uns pedaço de gordura
de uma banda a outra dele, que dá vontade de matar jacaré todo dia, de bom que
considera a macaxeira do jacaré (C. latirostris) muito apreciada em seu cardápio, assim
como descreve Smith (1981) para jacarés (C. crocodilus, M. niger e P. trigonatus) ao
longo da Transamazônica, fato este que também foi confirmado no presente trabalho: “a
acentos em geral. Porém todos os entrevistados relatam que o costume era dos antigos e
que hoje em dia não há confecção de artesanatos com partes deste animal no município
de Ilha Grande: “quando eu era criança, quando eu morava na ilha das batatas [parte do
município de estudo], nós tinha ‘tamburete’ coberto com couro de jacaré” Informante E;
“aqui na Ilha já vi bolsa do couro de jacaré” Informante G; “antigamente na época que não
era proibido, na época do meu pai, eles vendiam o couro pra quem se beneficiasse pra
fazer sapato, o que fosse”Informante A. Esta categoria de uso pode estar sub-amostrada,
revisão do assunto pode ser encontrado em Alves (2009). Nesse contexto, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% das pessoas no hemisfério Sul fazem uso da
383
Dentre os trabalhos que abordam C. crocodilus como recurso na medicina popular,
as partes mais usadas são a gordura, o couro e a carne, com finalidades diversas tais
oftalmológicos, dores em geral, doenças de pele, dentre outros (Smith, 1981; Alves et al.,
2007; Alves et al., 2008, Alves, 2009), onde há uma boa sobreposição tanto das partes
usadas como das finalidades de uso, com os resultados obtidos neste estudo.
medicinais reumatismo como a mais citada neste trabalho. De acordo com Alves e Rosa
(2006, 2007a,b) e Costa Neto (2005) é comum entre comunidades rurais e urbanas, o uso
dentes numa dita “profilaxia mágica”, segundo expressão de Marques (2001). Alves et al.
(2007) apontam que a medicina tradicional brasileira está frequentemente associada com
384
comunidade. Neste contexto, algumas falas merecem destaque:“o couro do jacaré, se
você vê uma pessoa atentada do demônio, um espírito mau, você pega o couro dele e faz
presa dele, minha mãe levava para Parnaíba e pedia para o Sr. [cita um nome] que
serrava e botava num colarzinho de ouro... porque quem tava com o cordãozinho evitava
para ajudar no nascimento da primeira dentição de crianças: “as presa ajuda a nascer os
dente das crianças” Informante M. Costa Neto (2000a) também encontra esta finalidade
para os dentes do jacaré utilizada por uma comunidade afro-brasilera em uma APA na
Bahia, destacando ainda que esta crença é comum em toda a América Latina segundo
aproveitamento total de suas partes, para diversos usos, não sendo desta forma, morto
para extrair uma parte com finalidade específica. Sousa (2010) encontra (no mesmo
município deste trabalho) dentre outros animais, C. crocodilus como a espécie com maior
extinção (IUCN, 2010), faz-se necessário que as práticas de uso da espécie como
recursos diversos sejam inseridas em estratégias que visem a um uso sustentável dessa
espécie na região estudada, visto que a medicina tradicional é um dos importantes usos
da biodiversidade (Celso, 1992; Barboza, 2009) podendo fazer com que espécies
silvestres venham a se tornar ameaçadas (Alves et al., 2007; Ashwell e Walston, 2008;
385
11.3.6 A caça na região
entrevistados (n=9) afirmam já ter caçado animais. Destes, 55,5% (n=5) aprenderam a
caçar sozinhos, sendo que os outros 44,5% (n=4) aprenderam a atividade com o auxílio
de familiares e amigos (companheiros de caça). Ainda neste sentido, 55,5% (n=5) dos
“caçadores” afirmam já ter repassado seus conhecimentos de caça para outras pessoas,
enquanto que os outros 44,5% negam tal repasse. Estes dados mostram que o
etnoespécies, sendo sete aves (58,3%), quatro mamíferos (33,3%) e um réptil (8,3%)
(Figura 11.6). A caça preferida da região parece ser a paca (Agouti paca), seguida pela
ave siricora (Laterallus viridis). O jacaretinga (Caiman crocodilus) foi citado uma única
vez. É provável que a prática de tal atividade para este animal seja superior a
amostragem, uma vez que alguns entrevistados expressam certo receio ao repassarem
Figura 11.6. Gráfico das espécies animais (caças) citadas entre os entrevistados como as
preferidas do município de Ilha Grande, PI.
386
Das doze espécies listadas, apenas a cutia (Dasyprocta aguti) não se encontra na
Natureza (IUCN, 2010). Todas as outras estão incluídas na lista, consideradas como de
baixo risco de extinção Least Concern (LC) (IUCN, 2010), sendo as espécies Eudocimus
Extinção – CITES (Apêndice II) (UNEP-WCMC, 2010). Cabe ressaltar que a prática da
caça é a terceira maior atividade ilícita do mundo, sendo suplantada apenas pelos tráficos
entrevistados afirmam caçar ou já ter caçado jacarés na região, ou seja, todos que
declararam já ter caçado na região, dentre outros animais, jacaré foi um deles. No
contexto, quatro entrevistados revelam conhecer pessoas que caçam jacarés atualmente
e apenas um informante diz existir vendedor de carne de jacaré na região, embora afirme
Quanto à finalidade de caça do jacaré, apenas um entrevistado diz não saber o fim,
os outros 12 dizem ser para consumo próprio “pra comer”, nos dias atuais e, para venda
antigamente. A venda da carne do jacaré, segundo oito informantes era realizada apenas
no município vizinho, Parnaíba, não sendo realizada tal atividade em Ilha Grande. Os
informantes declaram que a carne do jacaré era vendida em mercados públicos diversos
só que o negócio é o seguinte... depois da proibição era vendido com outro nome... eles
387
diziam: olha o carneirinho” Informante A; “na cidade [referindo-se a Parnaíba] se chegava
naqueles mercado velho antigo, e era as ruma de jacaré que se eu botasse minha mão
assim pra cima não chegava no fim, de tanto jacaré naquelas banca, já tinha muito mais
quantificar o valor da carne do jacaré, sendo estimada entre R$3,00 e 12,50 o quilo.
As formas de capturar e/ou abater o jacaré citadas são diversas (“depende do seu
mãos, laço, facada na cabeça ou nas costas, paulada na cabeça, dentre outras:
metro:“eu prefiro caçar os mais jovens porque a carne é mais deliciosa... a dos adultos a
carne é muito dura”Informante A. Nove entrevistados revelam não ter época certa para
caçar os animais (“tem época não, na hora que você vai, encontra” Informante G), dois
afirmam ser o inverno (estação chuvosa) a época ideal (“quando é o inverno eles saem
nas praia, ganham as lagoas...mas se alguém caça eu também não sei” Informante C) e
dois, o verão (“no verão ele tá mais gordo” Informante E; “quando eles estão nos rios é
mais fácil caçar, nas lagoas é um pouco mais difícil... pode-se dizer que a época boa pra
61,5% (n=8) dos entrevistados diz saber da ocorrência de animais que ficaram presos em
quando encontrados presos,na maioria das vezes, são capturados, mortos e aproveitados
388
para consumo próprio. Apenas um informante declara que alguns pescadores, matam o
fundamental para a sobrevivência das tartarugas capturadas. Assim como ocorre com a
ser aplicado também à realidade deste trabalho. Embora o Crocodile Specialist Group
(IUCN-CSG, 2008) cite danos às artes de pesca, ocasionado por crocodilianos, como
atividades de caça, mesmo que de forma incidental, podem fornecer uma oportunidade
endêmicas, além de sugerir quais espécies requerem análises mais rigorosas sobre suas
densidades populacionais.
389
11.3.7 Conservação do jacaré
Sob a ótica da conservação foi perguntado aos entrevistados se nos dias atuais
havia mais ou menos jacarés que em tempos passados e quais os motivos para tal
acontecimento. Dessa forma, 61,5% (n=8) afirmam que o número de jacarés diminuiu,
Embora na lista vermelha da IUCN Caiman crocodilus esteja sob baixo risco de
casa dos milhões, além de ser uma espécie amplamente distribuída, embora localmente
número de jacarés teve uma diminuição significativa nos últimos anos, o que pode ser
390
Durante visitas a rios e igarapés do município, podemos constatar a presença de
volume, além de lanchas com motores potentes em alta velocidade percorrendo igarapés
águas tornam-se turbulentas provocando ondas que invadem a vegetação das margens
afugentando os animais. Vale ressaltar que os sons emitidos pelos motores e músicas
das embarcações podem estar causando stress aos jacarés, visto que a audição desses
Como medida mitigadora, acreditamos que deve ser dado incentivo ao ecoturismo,
Cabe ressaltar que crustáceos fazem parte da dieta de Caiman crocodilus (Vanzolini e
Gomes, 1979), o que pode ser um fator para desaparecimento de jacarés, corroborando
aumentou nos últimos anos, sendo a principal justificativa a proibição de caça ao animal e
a fiscalização:“é porque pra trás existia muita perseguição sobre o lado deles [jacarés], aí
a IBAMA soube e deu em cima, aí eles deixaram de mão, aí é o caso deles [jacarés]
391
que o referido órgão atua na região, fiscalizando rios e não deixando as pessoas caçarem
jacarés; outros cinco dizem que a participação é pouca na região, restrita a algumas áreas
(“o IBAMA poucas vez agente vê ele aqui... devia de ter uma fiscalização melhor”
Informante F); dois dizem que o órgão não faz nada pela conservação do jacaré na área
(“a IBAMA eu nunca vi aqui, nem o carro dela pra chegar aqui e me pergunta como é as
coisas daqui” Informante C); um informante declara não conhecer o trabalho do IBAMA.
De acordo com Arruda (1999) a política ambiental vigente, tenta se viabilizar por uma
populações de jacarés, Caiman sp., o que acarretou uma redução nas populações de
conseqüência, ocorreu uma redução das populações das espécies de peixes, que se
alimentavam desses invertebrados, levando à carência de alguns peixes que são valiosos
recursos alimentares para a população local (Fitzgerald, 1989, RENCTAS, 2003). Nesse
sentido, de acordo com Redford (1992) não apenas a eliminação total da espécie, mas
importante porque donde tem caça, como exemplo o jacaré dentro dum igarapé, aí o
pessoal explora menos e já ajuda a vim o camarão e outro tipo de peixe pro igarapé”
Informante E.
entrevistados afirmam ser importante a presença destes animais por motivos diversos,
tais como atrativo turístico local, meio de sobrevivência para algumas pessoas
(alimentação), beleza natural e como integrante da paisagem (“porque aqui é uma área
392
a cobra sucuruiú (Eunectes murinus) (69,2%, n=9) e o homem (30,8%, n=4). Ambos,
sucuruiú e o homem são vistos como predadores do jacaré e o homem ainda é visto como
competidor pelos mesmos recursos alimentícios que o animal, como peixes por exemplo.
Marques (2001) afirma que o jacaré é um bom exemplo de um predador competitivo com
De forma análoga aos resultados obtidos por Barboza (2009) para duas espécies
certo interesse e afeição pela vida silvestre, assim como uma preocupação quanto à
possibilidade de desaparecimento do jacaré nas áreas estudadas: “ainda vai chegar num
especialistas locais.
biodiversidade. Este autor cita ainda a proposta de diretrizes da IUCN (Glowka et al.,
que ela entre em declínio, sendo caracterizado pelo investimento apenas na coleta e
uma parte dos filhotes criados em cativeiro à natureza; manejo intensivo ou criação em
(Verdade, 2004).
pesquisador Ronis da Silveira, várias famílias têm nos jacarés (C. crocodilus e M. niger)
uma fonte de renda. Apesar da exploração intensa, esta atividade tem se mostrado
programa de manejo legal dos jacarés na referida reserva, com base nos conhecimentos
no site http://www.mamiraua.org.br).
Com a intenção de saber sobre a utilização do jacaré como uma possível fonte de
jacarés e com qual finalidade. Como resultado 76,9% (n=10) diz que gostaria de criar
jacarés, desses, três dizem ser para consumo próprio e venda, um apenas para vender,
394
quatro alegam ser para mostrar, devido à beleza do animal, um diz ser para mostrar, fazer
pesquisas e também vender e um outro diz que criaria pra aumentar a população e
devolver a natureza, com o intuito de preservar. Dos três informantes que não gostariam
de criar o animal, dois não justificaram suas respostas e um diz não ter coragem para tal.
Doze entre os treze entrevistados afirmam que o jacaré pode vir a ser uma fonte de
renda, desde que tenham incentivo e autorização para tal atividade, tanto como atrativo
turístico local, como para comercialização da carne e produtos derivados. Cabe ressaltar
(todos os estados), Centro Oeste (com exceção do MS) e nordeste (apenas no MA),
comunidades locais (Holmern et al., 2004). Parafraseando Barboza (2009) uma sugestão
registrados.
sujeitas à exploração econômica são passíveis de um manejo legal, desde que previsto
esse manejo (Canto e Souza, 2006). Com este intuito é possível elaborar um futuro plano
395
11.3.9 Acidentes com jacaré
podem atacar seres humanos por quatro principais motivos: 1- alimentação, ou seja, com
por presas maiores e os seres humanos estão dentro dessa faixa de tamanho; 2- defesa
atacando qualquer ser vivo que tente se aproximar da prole; 4- por erro, ou seja, alguns
crocodilianos podem dirigir seu ataque a cães ou outros animais que acompanhem as
pessoas, podendo ser estas últimas mordidas por erro. Ainda com base nas informações
No Brasil, casos reais de acidentes com jacarés, são relatados apenas para a
número de repetições, pode-se dizer que pelo menos dez pessoas (8 homens e 2
mulheres) já foram atacadas por jacaré incluindo um informante que mostra uma cicatriz
locais com ocorrência de jacarés, ou seja, igarapés, rios e lagoas em atividade de pesca
território.
A gravidade dos acidentes vão desde pequenas perfurações feitas pelos dentes do
animal até sérias complicações, tendo um relato de óbito de acordo com um morador:
396
“tem uma mulher bem ali que ficou com as perna toda comida, e ela
morreu por causa disso... ele [jacaré] mordeu tanto a canela dela
que ficou só os osso... a mulher tava pescando camarão ‘intertida’
num igarapé e ele tachou na perna dela... e não deu pra ela sair
não” Informante G.
De acordo com o relato exposto pode ter ocorrido um encontro inusitado, onde o
animal, assustado, morde a mulher para se defender, ou defender seu território, ou ainda
a prole ou ninho no caso de uma fêmea. Embora os igarapés da região tenham influência
do regime de marés, como não se obteve maiores detalhes sobre época do acidente e
horário não podemos relacionar com stress hídrico ou pouca oferta de alimento no
referido igarapé, ficando aqui duas possíveis hipóteses. O fato de ter vindo a óbito,
local do ferimento.
terríveis criaturas que atacam, estraçalham e matam seres humanos, pois embora
aconteçam acidentes, como o relatado acima, na maioria das vezes o animal percebe a
aproximação das pessoas e foge rapidamente. Não obstante, deve-se evitar freqüentar
possíveis áreas de nidificação e locais com maior abundância de jacarés, além de estar
munido de lanternas (no caso de pescaria noturna) para facilitar a visualização de jacarés,
grupos, nunca sozinho, pois assim em caso de acidente facilita a comunicação do pedido
de socorro.
397
10.4. CONCLUSÕES
alimentação, fonte de renda e lazer. A maioria diz saber residir em uma Unidade de
comportamentos que só podem ser observados in situ, como habitats ocupados pela
informantes.
a carne, o couro e os ossos, são usados para curar reumatismo, asma, dores do parto,
convulsão e epilepsia.
etnoespécies são citadas como alvo de caça, apenas uma não se encontra na lista
vermelha de espécies ameaçadas da IUCN e a paca (Agouti paca) é vista como a mais
anos atrás em mercados de Parnaíba, PI. Atualmente a caça é ocasional com finalidade
398
alimentícia (consumo próprio), possuindo formas de captura diversas, merecendo
antrópicos como embarcações inadequadas, músicas altas, poluição, caça, dentre outros.
Porém, o órgão fiscalizador (IBAMA) parece realizar algumas atividades para conter a
médio e longo prazos para verificar a influência de fatores antrópicos no possível declínio
populacional da espécie.
da espécie e dos habitats ocupados por esta, pois de acordo com os moradores, tendo
incentivo e autorização, o animal pode vir a ser uma fonte de renda, tanto como atrativo
competição por recursos comuns. A base para uma relação mais harmoniosa entre
NOTAS
1
Rede de Arrasto: tipo de rede em forma de saco, feita de nylon e madeira nas bordas, que
quando puxada em certa velocidade, permite a entrada dos pescados, que ficam presos no
instrumento. É utilizada em água pouco profunda nas proximidades da costa. Caçoeira: rede de
arrasto feita de nylon, isopor e chumbo, geralmente comprada ou fabricada manualmente. É
usada nas lagoas e rios, espalhando de um ponto a outro, amarrando as pontas em estacas de
madeira. Tarrafa: tipo de apetrecho confeccionado com nylon e chumbo, cujo princípio de captura
consiste em semi-cercar uma superfície d’água com uma rede de grande dimensão horizontal,
399
munida de um saco presente no seu centro. É geralmente manufaturada e utilizada na praias e
rios. Tapagem: rede de emalhar fixa, a qual é amarrada a estacas fixas no substrato. Na maré
baixa o peixe é capturado. Empregada essencialmente em águas costeiras. Landoá: instrumento
semelhante a uma peneira, com rede feita de fio de algodão e o arco de madeira (SOUSA, 2010).
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R.R.N.; LEO NETO, N.A.; SANTANA, G.G.; VIEIRA, W.L.S.; ALMEIDA, W.O.
Reptiles used for medicinal and magic religious purposes in Brazil. Applied Herpetology
6. pp.257–274. 2009.
ALVES, R.R.N., ROSA, I.L. From cnidarians to mammals: the use of animals as remedies
in wishing communities in NE Brazil. Journal of Ethnopharmacology 107 pp.259–276.
2006.
ALVES, R.R.N.; ROSA, I.L. Zootherapeutic practices among Wshing communities in north
and northeast Brazil: a comparison. Journal of Ethnopharmacology 111(1):82–103.
2007a.
ALVES, R.R.N.; ROSA, I.L. Zootherapy goes to town: The use of animal-based remedies
in urban areas of NE and N Brazil. Journal of Ethnopharmacology 113. pp. 541–555.
2007b.
ALVES, R.R.N.; ROSA, I.L.; SANTANA, G.G. The Role of Animal-derived Remedies as
400
Complementary Medicine in Brazil. BioScience 57 nº. 11. 2007.
ALVES, R.R.N.; VIEIRA, W.L.S.; SANTANA, G.G. Reptiles used in traditional folk
medicine: conservation implications. Biodivers Conserv, 17, p. 2037–2049. 2008.
ASHWELL, D.; WALSTON, N. An overview of the use and trade of plants and animals
in traditional medicine systems in Cambodia. Hanoi, Vietnam: TRAFFIC Southeast
Asia. Greater Mekong Programme, 112p. 2008.
AYARZAGUENA, S.J. Ecologia del caiman de anteojos o baba (Caiman crocodilus L.) em
los Lhanos de Apure (Venezuela). Doñana Acta Vertebrata. 10, n. 3, p. 1-136. 1983.
401
BRASIL. República Federativa do Brasil. Acrescenta dispositivo à Lei nº 5.197, de 3 de
janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna. 1995. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9111.htm Cons. 13/08/2010
BRAZAITIS, P.; REBELO, G.H.; YAMASHITA, C.; ODIERNA, E.A.; WATANABE, M.E.
Threats to Brazilian crocodilian populations. Oryx 30: 275–284. 1996.
CARVALHO, A.L. Os jacarés do Brasil. Arquivos do Museu Nacional 62: 127-139. 1951.
COSTA NETO, E.M. Conhecimento e usos tradicionais de recursos faunísticos por uma
comunidade Afro-Brasileira. Resultados preliminares. Interciencia. 25(9):423-431.2000a.
COSTA NETO, E.M. Animal-based medicines: biological prospection and the sustainable
use of zootherapeutic resources. Anais da Acad. Brasileira de Ciênc. 77(1): 33-43.
2005.
COSTA NETO, E.M.; DIAS, C.V.; MELO, M.N.O. O conhecimento ictiológico tradicional
dos pescadores da cidade de Barra, região do médio São Francisco, Estado da Bahia,
Brasil. Acta Scientiarum Maringá 24, n. 2, p. 561-572. 2000.
FENG, Y.; SIU, K.; WANG, N., NG, K.M.; TSAO, S.W.; NAGAMATSU, N., TONG, Y. Bear
bile: dilemma of traditional medicinal use and animal protection. Journal of Ethnobiology
and Ethnomedicine, 5, n. 2, p. 1-45. 2009.
FREITAS, F.O.; MOREIRA, J.R.; FREITAS, J.Z.F. Tradição cultural como diferenciador da
dieta à base animal de duas etnias indígenas. Comunicado técnico 126. EMBRAPA
Cenargen, Brasília, DF. 2005
HERRON, J.C. Body size, spatial distribution, and microhábitat use in Caimans,
Melanosuchus niger and Caiman crocodilus, in a Peruvian lake. Journal of
Herpetology.28. p. 508-513. 1994.
HOLMERN, T., JOHANESEN, A.B.; MBARUKA, J.; MKAMA, S.; MUTA, J.; ROSKAFT, E.
Human-Wildlife Conflicts and Hunting in the Western Serengeti, Tanzania.
403
Trondheim, Noruega: Norwegian Institute for Nature Research, 26p. 2004.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades. 2007. Disponível em:
www.ibge.gov.br Cons. 10/07/2008.
ILHA GRANDE. PMIG – Prefeitura Municipal de Ilha Grande. Plano Diretor Participativo
de Ilha Grande – Piauí. Relatório Final. Vol. 1. Diagnóstico e Prognóstico. 2008.
IUCN. International Union for Conservation of Nature: Red List of Threatened Species.
Version 2010.2. 2010. Disponível em: www.iucnredlist.org Cons 02/08/2010.
KUBO, R.R.; BASSI, J.B.; SOUZA, G.C., ALENCAR, N.L.; MEDEIROS, P.M.;
ALBUQUERQUE, U.P. (orgs.). Atualidades em Etnobiologia e Etnoecologia. Vol. 3.
Recife: NUPEEA/ Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia. 284p. 2006.
LESLIE, A.J.; SPOTILA, J.R. Osmoregulation of the Nile crocodile, Crocodylus niloticus,in
Lake St. Lucia, Kwazulu: Natal, South Africa. Comparative Biochemistry and
Physiology Part A 126. pp. 351–365. 2000.
404
MOURA, F.B.P.; MARQUES, J.G.W. Zooterapia Popular na Chapada Diamantina: uma
medicina incidental? Ciência & Saúde Coletiva 13, p. 2179-2188. 2008.
OUBOTER, P.E.; NANHOE, L.M.R. Habitat selection and migration of Caiman crocodilus
crocodilus in a swanp and swanp-forest habitatin Northern Suriname. J. Herpetol. 2:283-
294. 1988.
POUGH, F.H.; HEISER, J.B.; MCFARLAND, W.N. A vida dos vertebrados. 2ª Ed. São
Paulo-SP. Ed. Atheneu. 798 p. 1999.
SATO, M. “Era uma vez... uma baía com o nome de uma mulher...”. Pátio Revista
Pedagógica. Ano VI, nº24, pp. 39-49. 2002.
SMITH, N.J.H. Caimans, Capybaras, Otters, Manatees, and Man in Amazonia. Biological
Conservation 19. pp177-187. 1981.
STATON, M.A. “Distress calls” of crocodilians –Whom do they benefit? The American
Naturalist. 112. Nº 984. pp327-332. 1978.
VANZOLINI, P.E.; GOMES, N. Notes on the ecology and growth of amazonian caimans
(Crocodylia, Alligatoridae). Papéis Avulsos de Zoologia, SP.32, n.17, p.205-216. 1979.
Wilson, S.; Swan, G. A Complete Guide to Reptiles of Australia. Second Edition. 512p.
New Holland. 2008.
407
ANÁLISE
SOCIOAMBIENTAL DA
APA DELTA DO
PARNAÍBA
1
Doutora em Geografia pela Universidade de Pernambuco (UFPE) e
professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI). e-mail:
edvania@ufpi.edu.br
2
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
e-mail: carolinegnascimento@gmail.com
3
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
e-mail: dcrodrigues@hotmail.com
4
Graduado em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
e-mail: francimilo@hotmail.com
5
Graduado em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
e-mail: pereira_ufpi@hotmail.com
6
Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
e-mail: josydeoliveira.silva@gmail.com
7
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
E-mail: rita.p.carvalho@hotmail.com
408
12.1 INTRODUÇÃO
A relação entre sociedade e natureza se intensifica e faz com que os atores locais
se integrem com o meio ambiente, pois deste provém à fonte de sustento. Neste sentido,
escalas. Dentre os fatores relacionados a esse tema, foram destacados alguns aspectos
Delta do Parnaíba, dentre elas, foram considerados os limites impostos pela precariedade
conflitos relacionados tanto ao uso dos corpos hídricos, quanto aos impactos negativos
com o desenvolvimento das relações sociais e suas representações espaciais, sejam elas
Sorre (como citado em Santos, 1999 p. 34), define que “a familiaridade dos povos
primitivos com seu espaço, sua percepção, desenvolveu-se pela primeira forma de
organização social e espacial, que foi e continua nos dias atuais: a estrutura familiar”.
pela busca de aprimorar os conceitos sobre o social e suas relações pode ser classificada
409
pela relação de produção ou mesmo pelo simples fato de prover o sustento. O embate
sociais e econômicas, como também, sua relação entre sociedade-natureza na APA Delta
dos múltiplos usos dos recursos naturais dente eles o que sustenta a vida neste ambiente.
mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como
que lidam com o bem-estar cívico. Em outro contexto, Japiassú & Marcondes (2008)
caracterizam que:
410
Ainda há um debate em andamento nos círculos antropológicos e sociológicos
marxistas como Louis Althusser, Ernesto Laclau e Slavoj Zizek argumentam que a
sociedade nada mais é do que um efeito da ideologia dominante e não deveria ser usada
pelo significado de Papel. Para a psicologia social, o papel que o ser humano assume
espera de quem ocupa uma determinada posição como determinado status. Noutro modo,
o uso do termo papel passa a ter três sentidos distintos; a expectativa que o indivíduo
prescrito); a expectativa que o ocupante da posição tem de si mesmo diante dos desafios
provocados pelos outros indivíduos (papel subjetivo) e, por fim, a interação de papéis de
Parnaíba está de acordo com a análise regional e\ou o espaço geográfico. Assim, a APA
Delta tem uma espacialidade geográfica que totaliza uma área de 313.800 hectares -
incluindo a área marítima - composta pelos municípios de Parnaíba, Luís Correia, Ilha
Grande e Cajueiro da Praia no Piauí; Paulino Neves, Tutóia, Araioses e Água Doce no
Ilha Grande de Santa Isabel que localiza-se dentro do Delta Parnaíba. (Instituto Chico
411
De acordo com a Lei n. 9.985 (2000), o Sistema Nacional de Unidades de
alterações causadas por interferência humana, admitindo apenas uso indireto (aquele que
não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais)” e de uso
natureza, com uso permitido somente para o uso indireto dos recursos naturais, com
exceção de casos previstos pela lei. Enquanto as unidades de uso sustentável alia a
A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de
412
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. (Lei
n. 9.985, 2000)
criação bem como a definição dos objetivos específicos, norteando a gestão das unidades
de conservação.
sustentável, pois agrega a utilização dos seus recursos naturais de forma sustentável
para que as futuras gerações possam ter acesso. Para que seja haja a sustentabilidade
deixados pelos passeios ao delta (turismo) e outras atividades primárias como agricultura,
pecuária e pesca, que se desenvolvem de acordo com o modo de vida das populações
autóctones.
413
Cada vez mais, nos fóruns de discussão em nível mundial sobre os
problemas que afetam o planeta, tem se discutido um modelo de
desenvolvimento sustentável que possa ser equilibrado entre um
crescimento econômico compatível com a equidade e justiça social
e a proteção ambiental.
culturais, e faz com que o sistema produtivo das comunidades locais permaneça
uma caracterização da área constituída pelos municípios que compõem a APA Delta do
Parnaíba, o qual mostra que a maioria da população da APA reside na área urbana com
grande parte da população reside na área rural, enquanto que no Maranhão configura-se
população se dá na área urbana, como acontece nas cidades de Parnaíba e Ilha Grande
ser eficiente, mesmo percebendo que o perímetro urbano das cidades localizam dentro da
que possam ser realizadas pesquisas para fins de planos de gestão e gerenciamento
socioambiental.
414
Tabela 12.1. Caracterização da população da APA Delta do Parnaíba
População (Hab.)
Município U. F.
Urbana (%) Rural (%) TOTAL
Parnaíba PI 137.507 94% 8.222 6% 145.729
Luís Correia PI 12.646 44% 15.776 56% 28.422
Cajueiro da
PI 2.699 38% 4.464 62% 7.163
Praia
Ilha Grande PI 7.445 84% 1.469 16% 8.914
Araioses MA 12.088 28% 30.512 72% 42.600
Paulino Neves MA 4.651 32% 9.847 68% 14.498
Tutóia MA 18.717 36% 33.994 64% 52.711
Água Doce MA 3.124 27% 8.466 73% 11.590
Barroquinha CE 9.771 68% 4.704 32% 14.475
Chaval CE 9.170 73% 3.447 27% 12.617
TOTAL DA APA 217.818 65% 120.901 35% 338.719
Fonte: Dados do Censo IBGE (2010)
cidade de Parnaíba e Luís Correia com um dos maiores índices da região em estão em
torno de 0,75 que é caracterizado por uma qualidade de vida média, porém as cidades de
Araioses e Paulino Neves apresentam valores que compreendem uma qualidade de vida
baixa.
Doce no Maranhão possuem uma renda que gira em torno de R$ 2.600 reais por pessoa.
biodiversidade.
É importante dizer que o poder público tem grande contribuição para que essas
ações sejam implementadas através da criação de projetos que visam não apenas a
geração de renda, mas também o bem-estar da população, dessa forma, alcançando uma
DELTA DO PARNAÍBA
estas cada vez mais desordenadas pela ambição do homem em possuir e explorar os
416
recursos disponíveis na natureza, em detrimento das suas necessidades e desejos
água potável, a cultura consumista, dentre outros, o pensar na busca por soluções e
as práticas e normas do uso dos elementos naturais. No que concerne Fadini & Fadini
(2001, p. 9):
Nesse caso, é necessário elencar práticas não apenas por parte da sociedade civil,
mas também dos políticos e do setor empresarial a adotar políticas públicas para a
natural e a utilização que a mesma faz dos recursos disponíveis, é mister uma reflexão
das práticas sociais com vista à racionalidade das atitudes antrópicas, sendo estas
417
A relação do homem com a natureza implica as complexas
relações entre os homens e destes com a natureza. Esses
fenômenos estão submetidos a leis e forças diferenciadas: as leis
naturais e as sociais. São os interesses da sociedade capitalista
que determinam o uso e o consumo da natureza em sua relação
social de produção. Portanto, não é uma simples relação do
homem com a natureza, mas relação sociedade e natureza;
enfim, é a sociedade que determina as formas de uso da
natureza, de produção e consumo.
envolve não apenas, o meio natural como também reflete danos no campo social com o
são pelo fato do desvinculo da razão do sentimento do homem para com a natureza. De
acordo com Leff (2010, p. 174) esta alusão “é uma crise da razão que se reflete na
qual ele se relacionará com os fatos nos sistemas sociais, onde o que determinará a
418
importância do meio físico e natural para o homem será o olhar que ele tem para a
n. 9394, 1996)
Freire (1959 como citado em Becker, 2008) afirma ser necessária práticas
educativas para formar uma consciência crítica das pessoas, as quais analisariam a
dos seus atos perante a natureza e com o meio onde vivem, enfatizando seu papel como
meta que envolve o movimento ecologista desde seu início no fim da década de 50 e
princípio de 60 do século anterior. O autor Barcelos (2008, p. 20) afirma que: “a educação
ambiental tem seu surgimento na esteira desse movimento político e social tendo,
419
portanto, assumido também sua parcela de responsabilidade pela edificação de um
Pelicione (2000 como citado em Castro, 2001, p. 2) como “um processo de educação
Defere-se que somente através de uma prática educacional seja possível uma
formal e informal. Segundo Afonso (1989 como citado em Alves Filho, 2007, p. 12) as
seguinte maneira:
420
não formal, e dentro dessas ações que visam à conservação do meio ambiente se
com sua variedade de ecossistemas e rica biodiversidade, na APA Delta do Parnaíba são
segmentação do turismo que vêm sendo cada vez mais procurada por aquelas pessoas
como:
em que é praticado. Deve ser um segmento que não se pauta no lucro, na obtenção do
421
mostrado eficiente mesmo com dificuldades estruturais. Assim concerne Vieira et al.
(2004, p. 9):
Isso implica dizer que existem algumas escolas que trabalham a educação
ambiental, porém de maneira recolhida. Por outro lado, são evidenciadas notícias em
meios de comunicação, que algumas escolas procuram estabelecer essa relação de zelo
e conduta com o meio ambiente, contando com a participação de ONG’S que colaboram
Algumas ações socioambientais promovidas pela ONG Comissão Ilha Ativa – CIA
realizaram no IV Encontro de Educação, uma discussão que teve como foco os novos
integração entre participantes, suas percepções e para entendimento sobre a temática foi
foram colocadas várias questões de como, quando e onde inserir a Educação Ambiental,
além de apresentação do que foi realizado pelas escolas municipais de Ilha Grande,
422
localidade de algumas escolas, e painéis educativos postos em suas praias para
desenvolvimento da trilha são da própria localidade. Como meio para educar a postura do
comunidade sempre está sendo mobilizada junto ao projeto, com informações dos
épocas, para que não atrapalhe o ciclo dos peixes-boi. (ICMBIO, 2012)
Nas demais regiões Araioses, Paulino Neves, Tutóia, Água Doce, Barroquinha e
423
Dentre as atividades realizadas na APA Delta do Parnaíba, o projeto Tartarugas do
ambiental
trabalho de conservação do meio ambiente, sendo esta uma prioridade para o equilíbrio
relação a seu armazenamento, coleta e destinação final do lixo, ou seja, sua manutenção
após ser descartado pelos os usuários dos produtos não mais utilizados.
pelo o sistema capitalista. No entanto, algumas soluções são apresentadas por alguns
municípios, mas que infelizmente nem todos conseguem implantar devido à grande
tem se mostrado relevante nas políticas públicas municipais, por causa da destinação
inadequada nos municípios, que tem proporcionado problemas ambientais que agridem
424
diretamente a natureza e, consequentemente, a saúde humana. No entanto, as ações a
serem tomadas em relação ao direcionamento correto dos resíduos sólidos ainda são
exigida para o seu condicionamento, fato que deixam muitas prefeituras distantes destas
atuações.
De acordo com Philippi et al. (1999 como citado em Martins, 2009, p. 17):
serviço de saúde (RSS), os resíduos da varrição das ruas e da limpeza dos logradouros
Esta realidade mundial também é encontrada facilmente no Brasil, nas suas mais
Ceará, no qual é uma das unidades da federação que menos trata seus resíduos de
áreas de proteção ambiental, como por exemplo, a APA Delta do Rio Parnaíba, que se
encontra no norte do Estado do Piauí e que ainda atinge os estado do Maranhão e Ceará,
no qual engloba os municípios piauienses de Cajueiro da Praia, Ilha Grande, Luís Correia
425
e Parnaíba; já os municípios maranhenses são Água Doce, Araioses, Paulino Neves e
sólidos, é sem dúvidas um agravante para o equilíbrio natural da região, assim como do
Neste sentido, buscar alternativas que visam reduzir as quantidades enormes de lixo que
modo, para todos os habitantes do planeta deste novo século. Dentro desta perspectiva
sólidos, onde ainda é feita de forma irregular, a começar pela forma de armazenagem,
transporte, destinação final. Na região da APA não existe um aterro sanitário, nem mesmo
na maior cidade que está compreendida nesta área, no caso o município de Parnaíba,
onde vivem cerca de 145 mil pessoas (IBGE, 2010), que possa garantir uma melhor
A área que corresponde a APA Delta do Parnaíba é muito rica e tem um grande
potencial natural e cultural que atrai turistas de várias partes do mundo, assim como do
Brasil e que vem dando orgulho aos moradores destes municípios. Nesse sentido, apesar
de existir variadas ações que tentam minimizar o problema aqui pronunciado, ainda são
426
insuficientes para se manter o equilíbrio natural do ecossistema, até mesmo pela falta de
Desde então, com a ajuda da mídia, esta ações tomaram proporções mundiais,
nação isoladamente, o que fez surgir em muitos países vários atos em prol do meio
ambiente, causado justamente pela problemática ambiental que gerou crises econômicas
preocupante no que se refere à disposição dos resíduos sólidos e têm provocado nas
cidades e em toda a APA, alteração de forma direta da paisagem artificial e natural, aonde
alguns estudos chegam a apontar o turismo como um dos agentes colaboradores nas
427
As transformações físicas no espaço de todo o ambiente, é verificável decorrente
implantando sem nenhum cuidado e muito menos sem estudos prévios de disseminação
da atividade turística para resguardar estes locais visitados, que em muitos casos são
flora.
sólidos e sua acomodação final, fato que tem se mostrado cada vez mais relevante nas
devidas ações a serem tomadas em relação ao direcionamento correto do lixo, ainda são
consideradas de alto custo, fato que deixa a gestão pública (federal, estadual e municipal)
distantes destas atuações, dessa forma dificultando estas ações benéficas ao meio
este processo negativo dos resíduos sólidos1 no meio ambiente, dentre elas, podem ser
seguida sejam reciclados e assim contribuir para a redução do lixo nos aterros e lixões e
1
Existe quatro maneiras de se realizar a coleta seletiva: porta a porta ou domiciliar, em postos de entrega
voluntária, em postos de troca (quando o material entregue é trocado por algum bem ou benefício) e por
catadores (CEMPRE, 2002).
428
poupar o meio ambiente da extração de matéria-prima em grandes quantidades (Braga et
o papel fundamental da gestão neste segmento, com o embasamento nas leis e nos
recursos financeiros provenientes dos impostos cobrados da população, que devem ser
Estas medidas já são tomadas por várias empresas da esfera privada, como
acontece em muitos órgãos públicos responsáveis por estas questões, que além de
serem essenciais para o equilíbrio ambiental, ainda podem ser absorvida de forma
economicamente sustentáveis. Por outro lado, existe outra forma de dar um melhor
direcionamento dos resíduos sólidos, como por exemplo, a aplicação do uso dos 3 R’s,
que na prática podem auxiliar e muito na redução destes detritos, tudo isso com a
O princípio dos 3 R´s na prática é procurar reduzir, reutilizar e reciclar o lixo que se
produz de maneira geral no mundo. Este novo conceito foi citado pós a Conferência da
mínimo dos resíduos sólidos no ambiente, veio para contribuir com o imenso desafio que
o mundo capitalista tem pela frente. Desta forma, vários empreendimentos e indústrias
têm procurado fazer conforme a cartilha da coleta seletiva ensina, que os 3 R´s é
429
importante, pois inclui a sociedade e a indústria no respeito ao meio ambiente quanto ao
destino final do lixo2. De acordo com Trigueiro (2005) os 3 R´s é definido como:
Mesmo com estas possíveis soluções para a manutenção dos resíduos sólidos, o
meio ambiente ainda tem sido um dos vetores de maior discussão quando se trata de
temas relacionados com a sociedade e a natureza (Coriolano, 2007), pois estes estão no
embate entre as relações sociais e nos conflitos econômicos, ambientais e políticos, por
Portanto, é sempre válido fazer estas discussões, para que se possa desenvolver
para que se possa tentar construir um mundo mais sustentável, na qual o homem possa
praticar suas ações de sobrevivência sem impactar, tanto o meio ambiente, quanto a
evidências das mudanças climáticas e físicas do planeta, para assim somar com as
alternativas já existentes como a coleta seletiva, a reciclagem e o uso dos 3 R’s, para a
segmentos existente na sociedade durante o seu processo histórico, por meio de diversos
contextos sobre o seu surgimento. Neste caso, com a eclosão das relações sociais, e o
avanço do capitalismo vigente como também a detenção de territórios, o turismo pode ser
Neste ponto Ruschmann (1997, p. 65) define o termo “baseado nos princípios de
para o mesmo”.
experiência cultural, pela interligação diversificada entre pessoas com diferentes estilos
431
Entretanto, na APA Delta do Parnaíba, ainda não é fácil visualizar a detenção de
precisam ser executadas, tais como: implantar práticas de planejamentos integrados tanto
por parte do governo quanto da iniciativa privada, tendo em vista, instituir na área de
é importante para o fomento de uma liderança política que possa garantir uma vasta
essa ingestão ocorre de forma predatória, fato que põe em risco a sustentabilidade do
meio ambiente.
que ocasiona na qualidade ambiental, desse modo, a sua conceituação é mais ampla e
432
envolve uma dimensão de fatores tanto no aspecto social, econômico e ambiental. Nesse
possibilitar sua utilização para as futuras gerações. Por sua vez, promovendo equidade
sociedade.
Neste sentido, os recursos naturais que integram a APA Delta do Parnaíba, dão
criem alternativas de fontes de renda que contribua para a economia local. Desse modo, a
433
revitalização do patrimônio cultural e natural. Assim como o aperfeiçoamento das
Desta forma, proporcionar a todos uma qualidade de vida unificada por meio da
sustentabilidade, é algo que pode acontecer em um futuro mais distante, pois não é uma
exclusivamente como uma fonte econômica, sem a preocupação com o meio ambiente,
pequeno espaço geográfico, cuja integração de pessoas entre si e dessas com o lugar
cria identidade muito forte que tantos os habitantes como o lugar são identificados de
434
proporciona uma identidade particular à comunidade, surgindo assim os ideais
comunitários.
alguns casos, a melhoria na infraestrutura local que dá suporte a atividade turística, que
lazer e entretenimento, além das agências de viagem. Essa base turística imprescindível
outros, outras localidades como as cidades de Parnaíba e Luís Correia criam tal
infraestrutura e, apropriam-se deste potencial para geração de divisas, nestes casos, não
caranguejo, dentre outras. Diante disso, estas associações observam que atividades
como essas, são atrativas para os turistas com fins de buscar ambientes preservados e
como atividades que diferem do seu ambiente natural. O município de Ilha Grande busca
435
moldes de um turismo integrado, as terras devem ficar nas mãos dos moradores locais.
cultural e ambiental. Por conta de tais impactos, a opinião dos moradores é imprescindível
públicas.
Portanto, não somente a preservação ambiental deve ser visada, mas também, a
consciência dos moradores e dos visitantes das localidades se faz imprescindível para a
preservação do meio ambiente e dos valores locais por meio da educação ambiental.
436
12.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo abordou uma análise dos aspectos socioambientais situados na APA,
âmbito das ciências humanas e ambientais, tornou esta discussão relevante para que
capitulo, serão sempre pertinentes unindo assim várias teorias que só completaram e
437
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENI, M. C.. (2004). Análise Estrutural do Turismo. (4a Ed.). São Paulo, SENAC.
BRAGA, R, A. O Impacto dos Resíduos Sólidos. (2003). In Braga, R, A.; Grabher C.;
Lahóz C. C. F.; Gotardi, K. R. Educação Ambiental para a Gestão dos Recursos Hídricos.
Livro de Orientação ao Educador. Americana, SP: Consórcio PCI.
COMISSÃO ILHA ATIVA. (2012). Ações de Educação Ambiental Tem Inicio em Ilha
Grande. Recuperado em 4 abril 2012, de http://comissaoilhaativa.org.br/acoes-de-
educacao-ambiental-tem-inicio-em-ilha-grande/
438
CORIOLANO, L. N. M. T. & VASCONCELOS, F. P. (2007). O turismo e a Relação
Sociedade-natureza: realidades, conflitos e resistências. Fortaleza: EdUECE.
FADINI, P. S. & FADINI, A. A. B. . (2001). Lixo: Desafios e Compromissos. (1a ed.). São
Paulo. Química Nova na Escola, Unicamp, 9-18.
LEI N. 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. (2000). Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I,
II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado em 18 abril
2012, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm
SANTOS, M. A. (1999). Natureza do Espaço: técnica e tempo: razão e emoção. (3a ed.).
São Paulo, Hucitec.
440
CONSERVAÇÃO E
EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
UMA PROPOSTA DO
PROJETO TARTARUGAS DO
DELTA (PI/MA)
1
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/TROPEN/
UFPI). Presidente da ONG Comissão Ilha Ativa (CIA), Ilha Grande, PI.
francinalda.rocha@gmail.com
2
Mestre em Aqüicultura e Recursos Pesqueiros (UFRPE). Professora da
Faculdade Piauiense (FAP), Parnaíba, PI e Coordenadora técnica do projeto
Tartarugas do Delta werlannemendes@gmail.com
3
Bióloga, Especializanda em Ecologia pela Universidade Regional do Cariri
(URCA). Sócia da ONG Comissão Ilha Ativa (CIA), Ilha Grande, PI.
kesley.bio@gmail.com
4
Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI). Voluntária da ONG Comissão Ilha Ativa (CIA), Ilha Grande, PI.
elanemarques.r@hotamil.com
441
13.1. INTRODUÇÃO
desigualdade social, escassez dos bens naturais, satisfação das necessidades humanas,
melhoria na qualidade de vida e justiça social, está além de economizar água, luz ou
selecionar lixo. Pensar em nosso comportamento e nas relações que são estabelecidas
com o ambiente torna-se parte fundamental da trajetória humana que sem dúvida também
ocorre no litoral do Piauí. Para modificar essa situação é necessária a mobilização social,
buscando um novo estilo de vida que seja baseado em diferentes valores éticos, sociais e
ambientais.
sociedade orientada por uma ética que seja baseada na solidariedade e sustentabilidade,
e que passem a compor um conjunto de iniciativas que busquem alicerçar uma nova
o consumismo.
ambiental. Nessa direção, Whitaker e Bezzon (2006) alertam que a única maneira de se
endógeno.
Segundo Leff (1999) passa pela construção de uma sociedade sustentável onde é
442
necessária uma transformação da atual sociedade por meio de uma nova ética que
controverso.
Para que isso aconteça é preciso estimular a troca de saberes: homem local,
Guimarães (1995) reforça que Educação Ambiental deve resultar de uma ação
Nessa concepção, a educação pode ser entendida como um dos mais poderosos
representados por discentes, docentes, turistas e pescadores. O enfoque das suas ações
está de acordo com o público-alvo: formal e não formal, ou seja, escolas de Ilha Grande,
Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia e; turistas e comunidade que visitam o espaço
temático do Serviço Social do Comércio – SESC Praia (Luís Correia) os quais consistem
sete espécies a nível mundial, onde cinco frequentam a costa brasileira: tartaruga-verde
443
(Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys
coriacea). Destas, todas já foram registradas no litoral piauiense, que apresentam apenas
66 km de praia.
Proteção Ambiental - APA Delta do Parnaíba, que apresenta vários atrativos turísticos, o
Esta foi criada pelo Decreto Federal s/n° em 28.08.1996, envolvendo as áreas na
zona costeira dos municípios de Cajueiro da Praia, Luís Correia, Parnaíba e Ilha Grande,
no estado do Piauí; Paulino Neves, Tutóia, Araioses e Água Doce, no Maranhão; Chaval e
a julho. Vale ressaltar que essa área é considerada de nidificação pela resolução
444
CONAMA nº 303 considerada uma Área de Preservação Permanente - APP e também o
questão aumentam as chances de conservação das tartarugas, pois esse público que
participa das ações do projeto exerce grande influência social no cotidiano, podendo
palestras nas associações, oficinas e saídas de campo com educando e educadores, para
municípios de Cajueiro da Praia, Luís Correia, Parnaíba e Ilha Grande, na parte litorânea
445
O Delta do Parnaíba é uma área da zona costeira brasileira com uma faixa de
praias ainda pouco conhecida, formada por grandes extensões de dunas de diferentes
feições. É caracterizado por ser o único delta “em mar aberto” das Américas (BRASIL,
2002). Criada pelo Decreto s/n de 16/11/2000 na área da APA, a RESEX abrange os estados
do Piauí e Maranhão (município de Ilha Grande – PI e Araioses – MA), em uma área de 275,6
km² que foi requerida por 3.600 famílias. A ilha das Canárias se destaca como a segunda
maior do Delta, abrangendo cinco povoados (Canárias, Passarinho, Caiçara, Torto e Morro do
Meio) com aproximadamente 3.000 habitantes, que vivem em sua maioria da pesca, da cata
A comunidade Canárias, foco desta pesquisa é banhada somente por rio e lagoas não
perenes.
13.2.2. Amostragem
específicas para cada um deles. Para os docentes aconteceram quatro encontros por
quatro municípios do litoral do Piauí – Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da
do SESC Praia.
446
Tabela 13.1. Escolas em que foram desenvolvidas ações de EA, em 2011, pelo projeto
Tartarugas do Delta.
ESCOLA MUNICÍPIO SÉRIE LOCALIDADE
Escola Municipal Dr. João Silva Filho 5º ANO E.F. Pedra do Sal
Parnaíba
Unidade Escolar Cândido Oliveira 2º ANO E.M. Do Carmo
Praia
Unidade Escolar Manoel Ricardo 2º ANO E.M. Centro
Como avaliação do que foi realizado no ano anterior, em 2012 foram aplicados
e abril de 2012, com aplicação de questionários com 100 estudantes, de idade entre nove
a 15 anos, onde 42% feminino e 58% masculino, do Ensino Fundamental (5º ano), em
cinco escolas que participam das atividades de educação ambiental, quatro localizadas no
Escola Municipal Dom Paulo está no município de Ilha Grande, no bairro Tatus.
Atende a 300 estudantes do Ensino Fundamental Menor e Maior nos turnos manhã e
turnos manhã e tarde, à noite funciona o Ensino de Jovens e Adultos – EJA com um
Luís Correia (PI) e atende o Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, com cerca de 300
pertencente ao município de Araioses (MA), com cerca de 200 alunos. Está localizada
Parnaíba.
fase de vida a percepção vinda do cotidiano familiar e escolar ao mesmo tempo. E por
nesse nível de ensino (6º ano) se encontrar a fase de transição, em que os alunos já
13.2.3. Procedimentos
Nas ações educativas desenvolvidas no ano de 2011 foram três encontros com
conhecimento de UC; e que mora dentro uma UC; além da utilização de mapas mentais a
região.
(autoaplicável) fechado com os aluno/as. Foi entregue um formulário para cada estudante,
deixando responder sozinhos, e caso tivessem alguma dúvida era orientado sem interferir
nos resultados. O questionário foi dirigido para se obter do indivíduo um relato por escrito
fechada do que a entrevista, uma vez que não permite opinar além do que se está
cerca de 20 minutos. As perguntas que mais apareceram para esclarecimento foi que não
Maranhão, onde a amostra total de estudantes (5º Ano) de uma turma por escola
representou 100% dos discentes. Destes, 13 eram da Escola Municipal Dom Paulo
(E.M.D.P.), localizada em Ilha Grande; 11 alunos (as) da Escola Municipal João Silva
449
13.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Educação e ao Conselho Tutelar dos quatro municípios do litoral do Piauí (Ilha Grande,
oficina realizada.
socioambiental.
450
Tabela 13.2. Resumo das atividades em EA do Projeto Tartarugas do Delta, realizadas com
docentes no litoral do Piauí.
ATIVIDADES DESCRIÇÃO
- Dinâmica de apresentação.
- Roda de conversa a partir do vídeo: Cidadania e meio ambiente.
- Sensibilizando por meio da música.
- Vivenciando experiências em educação ambiental.
Oficina I – sensibilização
- Utilização de Texto (A lebre e a tartaruga) em ação interdisciplinar.
- Jogando e aprendendo ecológico: verdadeiro ou falso.
- Teoria e Prática pedagógica: o uso de projetos interdisciplinar na EA.
- avaliação e encerramento.
- caminhada ecológica.
- percepção dos quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo.
- conversa sobre a reabilitação de tartarugas marinhas, monitoramento de
Oficina II – percepção
desova, encalhe vivo e morto, e comportamento reprodutivo.
ambiental e turismo
- Trabalhando a percepção ambiental na EA com o lúdico.
pedagógico
- Turismo pedagógico.
- Como elaborar uma aula de campo.
- avaliação e encerramento.
- Que bicho sou eu.
- Ouvindo e desenhando.
- História em quadrinhos.
Oficina III – multiplicando - Contação de história coletiva.
ferramentas ambientais - Fotografia do ambiente.
- Cine vídeo na escola.
- Tralhando o lixo na escola.
- Avaliação e encerramento.
Visitas às escola - Conhecimento nas escolas do que foi realizado.
Oficina IV – - Apresentação da autobiografia.
compartilhando - Exposição de portfólio com as atividades realizadas nas escolas.
experiências
Fonte: Projeto Tartarugas do Delta, 2011.
Os resultados foram muito bons, pois verificou-se que em Ilha Grande foram
de todo os docentes e discentes com atividades sobre – lixo, “meu ambiente”, queimadas,
animais, tartaruga marinha, água, aula de campo e sarau ecológico com dramatização,
brinquedo cantado, relato sobre a vida na pesca, paródia, roda de conversa; produção de
texto, desenhos, história em quadrinhos, cartazes informativos, arte com PET, coral,
mural, música; e a Escola Zila Almeida (também desenvolveu projetos com todos os
comunidade que trabalha fazendo remédios com plantas medicinais, e plantio de horta
451
com essas plantas, cheiro verde e plantas ornamentais (durante as férias foram cuidadas
pelos discentes e vigias). Os resultados desta escola também foram apresentados para
tartarugas de diferentes materiais que foram inseridas nas atividades com os discentes.
Em Luís Correia alguns professores fizeram ações dentro da sala de aula levando
o aprendizado que tiveram nas oficinas. Das conversas que foram realizadas com os
adquirido.
construção de uma mini horta; coletores seletivos de lixo distribuídos na escola; coral e
tartarugas, lixo nas avaliações. Além de apresentar trabalhos realizados pelos docentes
apresentada a autobiografia dos participantes com o objetivo aproximar todos ao que foi
452
13.3.1.2. EA com discentes do Ensino Fundamental no litoral do Piauí
Nas escolas do litoral do Piauí, nos municípios de Ilha Grande, Parnaíba, Luís
ano do Ensino Fundamental, como escolas pilotos do Projeto: Maria de Lourdes Pinheiro
Machado (Labino – Ilha Grande), Dr. João Silva (Pedra do Sal – Parnaíba), Deputado
João Pinto (Coqueiro – Luís Correia) e José Adrião (Barra Grande - Cajueiro da Praia), no
Ensino Fundamental (5º Ano). Na primeira etapa foi solicitado para desenhar a praia
próxima a sua casa, e na segunda responderam perguntas abertas e fechadas sobre área
tartarugas marinhas.
apresentação dos resultados dos questionários aplicados por meio de uma palestra. No
segundo, foi realizada visita ao espaço temático do Projeto Tartarugas do Delta, no SESC
(a ser descrido no item específico sobre este assunto). Na terceira oficina foi trabalhado
com o material educativo: folder e cartilha produzidos pelo Projeto Tartarugas do Delta,
Figura 13.1.
problema ou solução? A grande maioria dos estudantes respondia que era problema.
Quando indagados pelo motivo respondiam por que “fedia”, poluía e trazia doenças. Fato
que chamava atenção, por eles já conhecerem a utilidade que pode ter com o lixo como:
reciclar e reutilizar. Outro fato interessante é que poucos sabiam a origem dos materiais
453
Figura 13.1. Atividades de EZ realizadas em 2011: A e B – Oficinas com
docentes; C e D – Atividades com discentes do Ensino Fundamental; E e F –
Palestras com estudantes do Ensino Médio; G e H – Ações no espaço
temático do SESC Praia em Luis Correia, PI.
Em seguida por meio de leitura espontânea foi lido o cartaz (cartilha) sobre
tartarugas marinhas onde era solicitado que cada estudante procurasse o que achava
interdisciplinaridade por meio dos comentários que faziam como: o tempo de desova das
454
tartarugas (matemática), o local onde ocorria a desova (geografia), a própria oralidade e
interpretação dos textos (português), a relação das tartarugas com o ambiente (ciências)
e outras.
Após esse momento acontecia o jogo “Andando no rastro das tartarugas marinhas”,
que se encontrava no verso da cartilha formando assim um cartaz. Esse material fazia a
direcionadas para o público do 2° ano (todos os turnos) das escolas dos quatro
municípios litorâneos do Piauí. A escola visitada em Ilha Grande foi a U. E. Marocas Lima,
nela frequentavam (no período das ações) alunos que moravam em outras ilhas da região
município do Cajueiro da Praia, U.E. Manoel Ricardo. Com esse público também foi
como um resultado positivo, pois os jovens desta escola originam-se de vários povoados
acontecem para o público em geral (educação formal e não formal) no Espaço Temático
do projeto Tartarugas do Delta, situado nas instalações do SESC Praia, município de Luís
Correia – PI. O local fica aberto para atendimento ao público (principalmente turistas) no
das cinco espécies de tartarugas marinhas fixados em formol, carapaça (casco), crânio
em diferentes classes etárias (juvenil e adulto), de acordo com a licença SISBio 26979-2.
E também peças lúdicas que ajudam a compreender melhor o ciclo de vida das tartarugas
marinhas.
da região.
Esse contato com turistas e interessados que visitam o espaço temático estimula a
ideias conservacionistas.
As pessoas que visitaram o espaço relataram ter gostado de conhecer mais sobre
a região, sobre o ciclo de vida das tartarugas marinhas e a dificuldade que estes animais
456
apresentam para continuar sobrevivendo. Assim, acredita-se o espaço temático do projeto
Tartarugas do Delta tenha contribuído para que as pessoas reflitam mais sobre os
todas as escolas pesquisadas onde 77% (n = 10) eram da E.M.D.P.; 91% (n = 10) da
natureza desde cedo. Fato este ocasionado pela influencia da escola ou da mídia.
Somente na comunidade Canárias foi apresentado por um discente que não acha
importante a existência desses lugares o que poderia ser justificado por esse estudante
não ter compreendido a pergunta ou ainda não ter conhecimento com afinco sobre a
estado do Piauí; e 59% (n= 14) da U.E.S.F.D. (MA), afirmaram não conhecer uma UC
(Figura 13.3). Isso sugere que nos trabalhos desenvolvidos pelo Projeto Tartarugas do
457
Sim Não Não sei informar
10
EMDP/ Ilha Grande
3
10
EMJSF/ Parnaíba
1
30
UEMRV/ Luis Correia
2
19
UEJAA/ Cajueiro da Praia
1
23
UESFD/ Canárias-MA 1
5
EMDP/ Ilha Grande 5
3
4
EMJSF/ Parnaíba 3
4
15
UEMRV/ Luis Correia 13
4
7
UEJAA/ Cajueiro da Praia 8
5
10
UESFD/ Canárias-MA 10
4
Quando perguntado “Você sabe que mora na Unidade Conservação - APA Delta do
alunos da U.E.M.R.V. em Luis Correia, 75% na E.J.A.A. e 67% na U.E.F.D. disseram não
458
Sim Não Não sei informar
9
EMDP/ Ilha Grande 1
3
7
EMJSF/ Parnaíba 2
2
12
UEMRV/ Luis Correia 15
5
5
UEJAA/ Cajueiro da Praia 7
8
8
UESFD/ Canárias-MA 10
6
imprescindível para que aconteçam mudanças de visão, hábitos, valores e atitudes com
13.3.1.6. Mapas Mentais com Discentes sobre como vivem as Tartarugas Marinhas
escolas pertencente ao Piauí e Maranhão ainda foi solicitado: “Desenhe como a tartaruga
marinha vive”. De posse com os dados obtidos, estes foram separados em quatro
(construções e veículos) (Figura 13.5). Nessa direção foi possível verificar que os
459
estudantes abordaram vários processos sobre os quelônios marinhos, envolvendo desde
Figura 13.5. Mapas mentais: A – Escola Municipal Dom Paulo, do Município de Ilha Grande
(PI); B – Escola Municipal João Silva Filho em Parnaíba (PI); C – Unidade Escola Manoel
Rodrigues Vieira, Luis Correia (PI); D e E – Unidade Escolar José Adrião de Araújo, em
Cajueiro da Praia (PI); F – Unidade Escolar Silvio Freitas Diniz, da comunidade Canárias,
Araioses (MA).
De um modo geral foi observada que a maioria dos desenhos apresentou diversos
elementos da natureza (sol, chuva, nuvens, dunas, coqueiros, árvores), a fauna e flora
cavalo marinho, peixes, dentre outros), predadores naturais, além da crítica vinculada aos
460
(n = 25) dos estudantes representaram tais características na escola U.E.M.R.V. em Luis
Correia e; 55% (n = 11) na U.E.J.A.A., em Barra Grande, Cajueiro da Praia, do PI; e 58%
EMJSF/ Parnaíba 2
7
2
UEMRV/ Luis Correia 7
25
EJAA/ Cajueiro da Praia 6
11
2 1
UESFD/ Canárias-MA 8
14
2
Praia) ainda ilustraram elementos das campanhas de preservação nas velas de canoas
(com faixas e letreiros) podendo ter ocorrido associação a estas em diversos projetos
observado o maior percentual dentre as cinco escolas, apresentando 34% (n= 8) dos
coriacea) não foi verificado essa percepção pelos discentes. Contudo, o número
significativo na categoria “modo de vida” poderia ser justificado pelos constantes registros
A categoria “Ser humano” foi apresentada por apenas duas escolas, sendo: 10% (n
uma vez que a região é considerada como área de alimentação desses animais; e
praia) e lixo foi observa em duas escolas, estas no Piauí, com 18% (n = 2) da E.M.J.S.F.,
uma parcela da atividade turística da APA Delta do Parnaíba, onde estes elementos
(barracas e casas) servem como barreiras artificiais em áreas de desovas, além do lixo
Embora não categorizado foi também observado nos mapas mentais a distinção
mundo, representantes das sete espécies. De todas as escolas participantes, a U.E. Silvio
462
Freitas Diniz, localizada na comunidade Ilha das Canárias - MA, apresentou menor
repassadas aos discentes, uma vez que esta comunidade começa a receber as ações de
13.4. CONCLUSÕES
Delta em 2011 como apresentação do que foi realizado com as ferramentas utilizadas e
também uma sobre conhecimento de UC dentro dessa área de estudo. Isto possibilitou
continuidade das ações de EA fazendo com que mais pessoas sejam alertadas para o
cuidado com o meu ambiente, pois se percebe que não se está sozinha nessa empreitada
de proteção ambiental.
pois nesta etapa de 2011 percebeu-se uma relação afetiva com o lugar em que cada
que apresentou sinais positivos de novas atitudes incorporadas no ambiente escolar, mas
verificou-se também que ainda necessita de continuação. Para isso, como proposta para
interior da escola para o seu exterior, ou seja, cuidado com o “meu ambiente” e em
sensibilizar mais pessoas para participarem dessa marcha rumo ao cuidado com o
ecológica, o que tem mudado as atitudes com relação ao local que se vive.
A pesquisa realizada com discentes revelou que a maioria dos estudantes percebe
a importância de uma área onde o ambiente possa apresentar-se mais saudável, isto
porque, este espaço representa a sua dependência aos bens naturais relacionados à
Poucos possuem tal conhecimento sobre essas unidades, tanto sobre o saber / conceito
aprofundado ou superficial.
onde residem foi verificado que a realidade não condiz com o que eles apresentaram, pois
Reconhecemos que muito ainda precisa ser feito, mas que a semente está sendo
plantada em cada ação realizada e que existem mãos que estão dando continuação ao
outros aspectos.
464
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lista Nacional das espécies da fauna brasileira
ameaçadas de extinção 2003. Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: 12 abril.
2012.
International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2012. Red list of threatened
animals. Disponível em: http://www.redlist.org. Acesso: 14/03/2012.
AGRADECIMENTOS
465