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3 Pova de Psicanálise

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1)

Quais os elementos da teoria topográfica de Freud e seu correspondente paradigma para a


Psicanálise? E quais são os elementos da teoria estrutural da mente humana, também para
Freud?

Os elementos topográficos são: o inconsciente, pré-consciente e consciente e é uma tentativa


para estabelecer uma estrutura do psiquismo, mas esta estrutura concebida por Freud era
estática não pressupondo a interação entre os seus vários elementos. Já os elementos
estruturais são: O Id, Ego e Superego e supõe uma estrutura diferenciada e dinâmica, em que
cada uma das suas instâncias se relaciona com as outras para além dos elementos externos,
igualmente.

2)

Leia o seguinte trecho de Zimmermann (2007, p. 27) e interprete-o:

“(...) entendemos que o método catártico vai muito além de um desabafo ou, inclusive como
Freud definiu, unicamente como uma forma de “lembrar o esquecido” com os respectivos
afetos; hoje, considera-se que a liberação do afeto que está preso na representação
patógena endo psíquica se processa pela nomeação com palavras — propiciadas pelas
interpretações do psicanalista — e que possibilitam uma nova significação daquilo que está
sendo recordado.”

O processo catártico aqui descrito, foca por um lado o reviver da situação recalcada ou
reprimida pelo paciente e todos os seus conteúdos emocionais associados trazidos ao
consciente e a consequente interpretação que o psicanalista pode efetuar, traduzindo por
palavras o conteúdo revivido. Este processo dá-se como uma descarga e é facilitador da cura!

As significações que o psicanalista possa acrescentar a todos os processos, são sempre de


grande valia em todo o processo psicanalítico.

3)
3) Ao se debruçar sobre Sandor Ferenczi, Zimmermann (2007, p. 46) diz que ele “foi o
primeiro analista a dar uma significativa importância à pessoa real do analista, quer quanto a
uma possível hipocrisia e inadequações deste, quer como uma rara oportunidade propiciada
ao paciente de poder reelaborar (eu diria hoje: fazer ressignificações e reidentificações) os
primitivos problemas por meio de uma nova figura parental representada pelo analista, o
qual o respeita, estima, é coerente e tem outras formas de enfrentar e solucionar os
problemas”.

Relacione estas afirmações com o conceito de Lacan sobre o “sujeito suposto saber”.

No conceito de Lacan a transferência não é propriamente


considerada, ele afirma que se o analista é realmente preparado, não existirá transferência. E
mais, que o analista é quem tem o domínio absoluto da técnica! Mas Ferencsi, na citação
exposta fala do processo de transferência. Afirma que existe entre ambos (analista e
analisando) uma oportunidade rara de propiciar ao paciente reidentificações e
ressignificações, inclusivamente através de uma figura “paternal”. Logo me parece que o
analisando teria assim de projetar neste a figura do Pai. Mas sendo que figura paternal é para
mim diferente de uma projeção do Pai, pode ser que Lacan tenha até alguma razão, com base
no trecho exposto acima.

Há também a ideia de Lacan de que o analista visto pelo paciente é “aquele que tudo sabe”
como conceitualiza Lacan e, portanto, não irá contrapor o que este diz. E se este analista,
investido destas qualidades for visto, sim, como uma autêntica projeção do seu Pai?

Em suma creio que Ferencsi e Lacan estão em desacordo em relação ao essencial.

Mas falando Ferencsi igualmente da “hipocrisia do analista” e também da desadequação


deste, se for este o caso, estariam ambos de acordo, possibilitando processos como o de
transferência.

4) O que significa, no ambiente psicanalítico, a comunicação não verbal?

A comunicação não verbal vai desde o silêncio do paciente até à sua mímica, gestualidade do
mesmo, linguagem corporal e até em que alturas do diálogo está se dá. Por exemplo o
paciente fala com o analista e a determinado momento faz um silêncio de algum tempo. E que
expressão ele adota, ou gesto que desenha? É fulcral o analista inserir na sua interpretação a
análise das formas não verbais, estas por vezes complementam as verbais e outras ainda
indicam que aquilo que foi dito pelo analisando não corresponde inteiramente à verdade. Ele é
“denunciado” pelo corpo.

A comunicação visa a palavra e a sua ausência e quando se fala relativamente ao paciente, o


mesmo é válido para terapeuta e sua linguagem não-verbal, pois o campo analítico é formado
pelos dois e toda a comunicação que produzem entre si.

Existem também situações em que a não-verbalização pode indicar aspetos de patologia


mental.

5)

O que vem a ser, para Freud, o Princípio da Compulsão à Repetição?

Trata-se da repetição de um ato que conduziria a uma situação


que gerasse prazer, já que o aparelho psíquico visa o prazer. Mas Freud constatou que este
mesmo princípio também incidia em comportamentos repetitivos que causavam sofrimento.
Desenvolveu então o conceito de Pulsão de Morte, onde o organismo tendia a um estado
anterior a qualquer tensão. O equivalente orgânico seria o estado anterior à existência de uma
célula, por exemplo, e, portanto, da própria vida. No caso da psique trata-se de uma
compulsão que leva à destruição, é um impulso autodestrutivo e está ligado ao componente
masoquista, uma obtenção do prazer pelo desprazer.

6)

Fale sobre o que vem a ser o “trauma” para a Psicanálise.

O trauma como era encarado por Freud, consistia especialmente em acontecimentos


geralmente de natureza sexual, vividos na infância e que vinham mais tarde a criar algum tipo
de Neurose que impedia o sadio funcionamento da pessoa. E segundo este (Freud) estavam
relacionados a abusos ou sedução por parte do pai ou de uma outra qualquer figura masculina.
É importante notar que a prática clínica de Freud envolvia sobretudo mulheres!

Em sentido mais lato, para além de Freud é qualquer acontecimento que cria uma “ferida” no
aparelho psíquico em idade precoce e uma subsequente sensação de desamparo. O próprio
Freud incluiu mais tarde como experiências traumáticas aquelas de abandono, por exemplo.

Uma mãe sentida como ‘má mãe’ é também uma experiência traumática, e por aí adiante.
7)

Liste as sete grandes escolas da Psicanálise.

A escola Freudiana (Ortodoxa)

A escola da Teoria das relações Objetais de Melanie Klein

A escola da Psicologia do Ego de Heinz Hartmann e Margareth Mahler

Escola da Psicologia do Self de Heinz Kout

Escola francesa, onde se destaca Jacques Lacan, que faz uma releitura de Freud
Donald Winicott, dissidente de Melanie klein

Wilfred Bion, por sua vez fiel a Klein, mas introduzindo modificações.

8)

Você acha possível filiar-se a uma única escola de Psicanálise ao se praticá-la, ao se tornar
um psicanalista?

Por outras palavras, você acredita ser possível dizer com todas as letras: “sou somente
freudiano, sou somente lacaniano etc.”?

Creio ser totalmente impossível para além de bem pouco eficaz nos dias de hoje um analista
poder enfrentar os problemas de um paciente apenas na perspectiva de uma
escola/abordagem, essencialmente pelos seguintes motivos na minha ótica;

1- Ponhamos a época de Freud como ênfase e o contexto sociocultural da Viena do final


do séc. XIX em contraponto às sociedades cada vez mais polarizadas da atualidade, a
Brasileira por exemplo em que tais clivagens são até bem mais evidentes que em
outras e os aspectos socioculturais e multiculturais muito diversos das mesmas e as
devidas diferenças individuais de cada indivíduo nesta base.

2- Mesmo supondo que um analista A seja digamos predominantemente freudiano,


poderá resultar a sua abordagem com o analisando B, mas nem de todo com o
paciente C, mesmo que os problemas apresentados por ambos sejam bem
semelhantes, dentro claro do possível. Isto deve-se para além da empatia analista-
analisando a uma série de variáveis.

3 -Muito importante igualmente é toda a panóplia terapêutica e a imensidade de


abordagens e escolas que surgiram desde Freud, umas preenchendo lacunas de outras e
complementando-se todas entre si o que na sua combinação poderá dar excelentes resultados
em comparação com uma abordagem mais “pura”. Até mesmo o uso da psicofarmacologia é
um ponto paralelo a considerar.

9)

O que significa o setting  analítico?

O setting engloba para mim dois fatores algo distintos. Por um lado, diz respeito ao próprio
espaço físico em que se processará a análise, a disposição dos objetos, a simplicidade dos
mesmos que visem a uma não sobrecarga sensorial do paciente e que em suma promovam a
calma, relaxamento e confiança.

E temos o aspecto do terapeuta-analisando. Aqui é importante estabelecerem-se várias regras


de conduta: éticas, o número de sessões, os preços envolvidos, e como se processará a análise.

Os processos de transferência e contratransferência envolvidos. Toda a comunicação entre


ambos os intervenientes e como esta se processa e os limites que não devem ser
ultrapassados. O setting funciona também como se fosse um palco, permitindo o reviver por
parte do paciente de situações antigas através do analista como uma figura encorajadora, por
vezes, ou suprindo alguma falha no discernimento do analisando, em outras ou objeto de
projeções. É um espaço em permanente construção, pode ser reinventado mas manter
determinantemente a possibilidade de regresso ás condições originais e além, nunca se
manter muito afastado destas.

10)

O que absorveu sobre o conceito de empatia do analista em face do analisando?


A empatia relaciona-se com a capacidade do analista respeitar e se identificar com as dores do
analisando e o seu processo. Também supõe o respeito para com este como pessoa humana,
com a sua história e contexto dentro do campo psicanalítico. É uma condição essencial para o
êxito da prática terapêutica e seu sucesso, possibilitando ao paciente encarar o analista como
alguém igual a si, embora não no mesmo plano, com os seus próprios problemas,
características etc., estabelecendo a condição essencial de confiança mutua. É claro que com
isto, não quero significar que o analista seja parcial e se deixe envolver emocionalmente com o
paciente ou cometer falhas técnicas. Deverão ser respeitadas todas as normas do processo
que incluem a transferência, a contratransferência e a comunicação das interpretações do
analista para com o analisando tal como são! Este deve permanecer imparcial, basear-se no
seu conhecimento e creio, muito importante, crescer igualmente ao analisar o outro.

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