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Mapa Mental
Mapa Mental
Mapa Mental
2018
Resumo: O trabalho objetivou destacar a utilização dos mapas mentais nas aulas de
Geografia com ênfase no estudo do lugar. Sendo assim, vale salientar que a utilização do
mapa mental deve considerar o contexto ao qual os alunos e a escola estão inseridos.
Foram utilizadas as abordagens metodológicas propostas por Kozel (2010) e Richter et.
al. (2010) no tocante à utilização dos mapas mentais e a abordagem do conceito de lugar
proposta por Cavalcanti (2006). O trabalho empírico foi desenvolvido com alunos dos
anos finais do ensino fundamental de uma escola pública na cidade de Camaragibe-PE. O
mapa mental revelou ser uma ferramenta de ensino bastante importante diante da conexão
entre a Cartografia, Geografia e Educação, proporcionando o uso da linguagem
cartográfica, na qual os alunos consigam demonstrar uma percepção crítica acerca dos
fatos que permeiam o cotidiano. Destaca ainda o mapa mental como material pedagógico
ideal para a iniciação cartográfica nas aulas de Geografia. O estudo do espaço geográfico
começou a ser assimilado pelos alunos de uma forma mais contundente, pois os mesmos
perceberam que são agentes transformadores do lugar. Portanto, o professor de Geografia
pode utilizar o mapa mental como elemento didático, criando desafios educativos que
tornem os alunos cidadãos preparados para os desafios contemporâneos.
Palavras-chave: Mapa Mental. Lugar. Geografia.
Abstract: The objective of this work was to highlight the use of mental maps in
Geography classes with emphasis on the study of the place. Therefore, it is worth
emphasizing that the use of the mental map must consider the context to which the
students and the school are inserted. We used the methodological approaches proposed by
Kozel (2010) and Richter et. al. (2010) regarding the use of mental maps and the
approach to the concept of place proposed by Cavalcanti (2006). The empirical work was
developed with students of the final years of elementary school at a public school in the
city of Camaragibe-PE. The mental map revealed to be a very important teaching tool in
the connection between Cartography, Geography and Education, providing the use of the
cartographic language where the students can demonstrate a critical perception about the
facts that permeate the daily life. It also highlights the mental map as an ideal
pedagogical material for cartographic initiation in Geography classes. The study of
geographical space began to be assimilated by the students in a more forceful way, since
they realized that they are transforming agents of the place. Therefore, the Geography
teacher can use the mind map as a didactic element, creating educational challenges that
make students citizens prepared for contemporary challenges.
Keywords: Mental Map. Place. Geography.
INTRODUÇÃO
cartografia tátil e métodos morfométricos” (p. 46). Essas divisões da Cartografia Teórica
definidas por ele são uma forma de mostrar as dimensões dos vários usos dessa ciência.
Essa teorização cartográfica, apesar de ser um método novo de ensino, tornou-se
indispensável nos tempos atuais para o avanço dos estudos de cada área do conhecimento
e popularização dessa importante ferramenta cotidiana.
A Cartografia deve ser estudada nas escolas enquanto linguagem e não como
conteúdo. Essa forma de linguagem hoje é elemento integrante do currículo da educação
básica, passando a ser conhecida como Cartografia Escolar, sendo uma área de interação
que compartilha o ensinamento entre três ciências (Cartografia, Educação e Geografia),
trabalhando simultaneamente os conteúdos metodológicos e pedagógicos.
É necessário explicitar a importância dessas três ciências (Cartografia, Educação e
Geografia) enquanto base elementar para a compreensão acerca do que se espera a
respeito da Cartografia Escolar. O esquema a seguir de Almeida (2010) ilustra com
bastante precisão os delineadores competentes para busca de uma compreensão exata
acerca dessa metodologia de ensino apresentada nesta figura.
mapas, na apreensão de outras linguagens, como imagens, gráficos, tabelas nas aulas de
Geografia e outros componentes do currículo (RIOS, 2002).
Diante da Geografia, fica explícito que o encontro com a realidade transmitida se
relaciona com o espaço geográfico. Uma interpretação de mundo que fica a mercê da
veracidade em que o dia a dia do aluno se faz presente, presença essa que o torna um
sujeito capaz de perceber que o mesmo é agente transformador do seu meio de
convivência, pois só assim consegue encontrar meios para facilitar esses ensinamentos.
Para trabalhar com os instrumentos cartográficos em sala de aula, como globos, mapas,
atlas, maquetes, fotografias, plantas, cartas, é necessário que o professor tenha um
domínio conceitual e procedimental, ou seja, o saber fazer, planejando atividades
considerando a realidade dos estudantes, respeitando a faixa etária e o desenvolvimento
cognitivo das crianças, articulando conceitos fundamentais e básicos para a apreensão e o
processamento de informações, culminando na produção de conhecimentos.
A base da Cartografia Escolar mostra o quanto é importante a junção dessas três
ciências para a compreensão do ensino-aprendizagem, tornando-se uma prática de ensino
indispensável nos dias atuais. Tanto os PCN quanto a nova BNCC enfatizam a
necessidade da utilização da Cartografia enquanto linguagem, pois “[...] o aluno deixou
de ser visto como um mapeador consciente, de um leitor passivo para um leitor crítico
dos mapas” (BRASIL; 1998, p. 77). Delineando o crescimento da Cartografia Escolar nas
escolas, é importante frisar que esse aprendizado seja transmitido de uma maneira mais
simples e coesa possível. Assim, a Cartografia Escolar é o pilar de um ensino transmitido
através de um aprendizado que trabalha numa linguagem constituída por símbolos.
Dessa forma, Almeida e Passini (1991, p.13) incrementam dizendo que “o uso de
signos conduz os seres humanos a uma estrutura específica de comportamento que se
desloca do desenvolvimento biológico e cria formas de processos psicológicos enraizados
na cultura.” Portanto, o aluno consegue alcançar a organização necessária de suas
atividades em concepção do espaço.
Assim, a alfabetização cartográfica propõe que os alunos tenham condições
básicas para desenvolver seus conceitos críticos a partir de sua espacialidade. Para isso,
as autoras colocam como fundamental a participação do aluno nesse processo de
construção (reconstrução), que tem de ser fomentada pela prática docente. Porém, não
adianta que o esforço seja apenas do docente, mas isso despertará nos alunos o desejo
pelo conhecimento. Então, o aluno tem que querer aprender e mostrar-se interessado pelo
ensino cartográfico.
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bem mais significante do que aparenta ser, trabalhando a forma como as imagens podem
ser absorvidas pelos alunos.
Parafraseando Kashiwagi e Kozel (2005), os mapas mentais são imagens criadas
pelo indivíduo mentalmente; não só dos lugares realmente conhecidos, mas também dos
lugares nunca visitados pessoalmente, construídos a partir de seus universos simbólico e
cultural. Nas palavras de Nogueira (1994, p.14), os mapas mentais “[...] são
representações mentais que cada indivíduo possui dos espaços que conhece”. Este
conhecimento é adquirido direta ou indiretamente através de leituras, passeios e
informações de terceiros tais como: revistas, livros, jornais, televisão, rádio, etc.
A imaginação humana, quando transcrita em representações gráficas, se
reproduz naquilo que lhe é pertinente, tornando-se um meio de comunicação. Assim,
Campos, Silva e Faria (2011, p.25), citam que: “[...] o mapa mental (no seu sentido mais
amplo possível) exerce a função de tornar visíveis pensamentos, atitudes, sentimentos
tanto sobre a realidade (percebida) quanto sobre o mundo da imaginação”. Tido pelos
pesquisadores como desenho, o mapa mental não pode perder sua sensibilidade descrita,
mesmo utilizando-se de suas habilidades, que não são dados definidos, com capricho
maior. Para Lima e Kozel (1999, p.211), “[...] os mapas mentais são desenhos concebidos
a partir das observações sensíveis, da experiência humana no lugar e não se baseiam em
informações precisas rigorosamente estabelecidas”.
Mesmo não havendo um detalhamento minucioso do termo, é fundamental citar
a definição de Pontuschka, Pagannelli e Cacete (2009, p.314), para as autoras “[...] as
cartas mentais são instrumentos eficazes para compreender os valores que os indivíduos
atribuem aos diferentes lugares”. O espaço vivido é o conjunto dos lugares de vida de um
indivíduo; a casa, o lugar do trabalho, o itinerário de um ao outro local, formam os
componentes principais do espaço vivido.
Os mapas mentais são representações do vivido; são os mapas que trocamos ao
longo de nossa história com os lugares experienciados. No mapa mental, representação
do saber percebido, o lugar se apresenta tal como ele é, com sua forma, histórias
concretas e símbolos, cujo imaginário é reconhecido como uma forma de apreensão do
lugar (SIMIELLI, 1986).
Acerca das várias definições esboçadas pelos diversos autores, argumenta-se que
os mapas mentais são representados por desenhos, fazendo parte do cotidiano da pessoa
como apreensão do lugar dentro do espaço vivido. Obtém-se, assim, uma singularidade
imprescindível ao revelar o mundo de cada pessoa. Na verdade, os mapas mentais são
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dessa construção, formando o símbolo do próprio objeto, como uma espécie de imitação
interiorizada. O processo de desenvolvimento mental passa por etapas que se realizam em
função das experiências e do meio onde o indivíduo adquire mais informações, que
refletem diretamente na percepção (KOZEL, 2010).
O espaço não é somente percebido, sentido ou representado, ele também é
vivido, através das experiências espaciais. Assim, as imagens são representadas através
de recordações, significados e experiências, na reprodução e utilização dos mapas no
ensino geográfico; tornam as crianças em seres críticos, capazes de abordar o mundo
através de uma perspectiva inicial que se origina em meio de convívio, começando pelo
seu bairro. Essa abordagem permite que, logo depois, o estudante ultrapasse as barreiras
de seu local, partindo para uma compreensão maior acerca da cidade, estado, região, país
e mundo.
Segundo Richter et. al. (2010), a categoria espacial lugar é extremamente
importante para contribuir com o objetivo que é alcançar transformações desejadas.
Assim o aluno, através da elaboração do mapa mental, consegue ampliar suas leituras a
respeito dos fenômenos, seu mundo vivido é o lugar onde ocorrem suas afetividades.
O aluno possui uma enorme afetividade com o lugar, pelo qual muitas vezes
passa despercebido a inúmeras paisagens em seu trajeto. A cotidianidade de acordar, ir à
escola, brincar, assistir televisão e dormir, permite-lhe passar pelo ensino fundamental,
sem nem mesmo conhecer o seu espaço, que foi produzido com uma da vida social, com
uma estrutura de sentimentos em uma expressão material de vivência e de pertencimento.
(ABREU e CASTROGIOVANNI, 2010).
Assim, no ensino de Geografia, o mapa mental tornou-se importante na
educação contemporânea. Conhecer o ambiente onde vive, remete a aprender as
características físicas do lugar, econômicas, sociais, humanas, preservação da natureza e
entender as transformações causadas pela ação dos fenômenos naturais e pela ação dos
sujeitos. Segundo Tuan (1980, p.68), “para entender a preferência de uma pessoa,
necessitaríamos examinar sua herança biológica, criação, educação, trabalho e os
arredores físicos”.
Porém, é importante salientar que, segundo Piaget (1974), os alunos só
aprendem se tiverem interesse. É aí que entra a sensibilidade do professor, em despertar
interesses na disciplina que trabalha, estimular a construção do conhecimento. Essa
também deve ser sua função. Assim, Nogueira (1994, p. 117), cita que “[...] o processo de
mapear não pode se desenvolver isoladamente, mas deve, sim, ser solidário com todo o
desenvolvimento mental do indivíduo”.
Esse desenvolvimento mental nos alunos do ensino fundamental torna-se
interessante, pois pode despertar neles a conscientização por novos temas que carregam
respectivos problemas ligados às lutas sociais, ou, conforme Vesentini (2004), questões
como compreensão das desigualdades e das exclusões, dos direitos sociais, da questão
ambiental e das lutas ecológicas, combate aos preconceitos com ênfase na ética, no
respeito aos direitos alheios e às diferenças. São assuntos pertinentes ao ensino crítico da
Geografia, pois através dos mapas mentais as crianças poderão observar regiões e
perceber atitudes que antes passavam por despercebidas das mesmas. Assim, a utilização
do mapa mental torna-se uma ferramenta importante no ensino geográfico.
Diante de tal perspectiva, transcrita no presente artigo, foi possível trabalhar os
mapas mentais em sala de aula nos anos finais do ensino fundamental, tornando-se a
aplicação dos mapas mentais uma ferramenta de estreitamento na relação existente entre
professor-aluno e aluno-professor, transformando o ensino em uma realidade vivenciada
entre as partes envolvidas. Observe nos mapas mentais e nas imagens a seguir que os
alunos transcrevem o que é mais perceptível em seu dia a dia no seu deslocamento casa-
escola.
Figura 4: Bica (A), campo (B) e ferro velho (C). Fonte: Bruno Alves. (2014).
Figura 5: Mapa mental produzidos pelos alunos. Fonte: Bruno Alves. (2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS