Redação Técnica
Redação Técnica
Redação Técnica
SOROCABA
2009
1
1. Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre uso de termos estrangeiros no
Brasil] para que palavras como "shopping center", "delivery" e "drive-through" sejam
proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra
o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo
idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a
preservação da soberania nacional, a saber:
− Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do
território nacional;
- Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural
em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel";
2. Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
− Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
(Oswald de Andrade)
Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como
uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar
que a visão apresentada pelo texto é
a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto
parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
b) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo
positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.
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c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil
como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
d) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando
em anarquia e falta de seriedade.
e) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras - portugueses, negros e índios -
pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
3- Dos recursos lingüísticos presentes nos quadrinhos, o que contribui de modo mais
decisivo para o efeito de humor é a:
a) pergunta que está subentendida no primeiro quadrinho.
b) primeira fala do primeiro quadrinho.
c) falta de sentido do diálogo entre candidato e cabo eleitoral.
d) utilização de “Fulano”, “Beltrano” e “Sicrano” como nomes próprios.
e) ambigüidade que ocorre no uso da expressão “pelas costas”.
4) Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das
avenidas de São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que
estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista,
que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o
ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que
era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem
para o hospital. Assim salvou-lhe a vida.
5) No cinema, no teatro, não converse. Não mexa demais a cabeça, não fique aos
beijos. Cuidado com o barulho do papel de bala, do saco de pipocas. Não os jogue no
chão, quando acabar. Se o seu vizinho estiver fazendo tudo isso e incomodando, seja
discreto. Peça que interrompam a sessão e acendam as luzes a fim de inibir o
transgressor.
Estrutura do relatório
Conforme o tipo de relatório, este tem uma estrutura específica. Vejamos as partes que
comumente compõem diversos tipos de relatórios (forma e conteúdo):
Capa: contendo o título do relatório, o nome do autor, o nome da instituição ou da empresa
pela qual se executou a atividade, objeto do relatório, o local onde foi escrito e a data
(geralmente mês e ano ou só ano).
Modelo:
ETEc Fernando Prestes - Ensino Técnico Profissionalizante
Relatório Semestral das Atividades do Grêmio Estudantil
Responsável: Hipócrita Medeiro
Cargo: Presidente
3
Araçatuba 2000
Obs. A apresentação geral (tamanho e tipo das letras, margens, espaços) é variável.
Folha de rosto – incluindo os dados bibliográficos essenciais do relatório: título (e
subtítulo, se houver), autor(es), editor (se houver), local e data da edição (se for o caso).
Obs. A folha de rosto é dispensável, se o relatório não se destina à publicação.
Sumário – índice dos tópicos tratados, com a indicação das páginas.
Introdução – declarando-se o propósito do relatório, ou seja, dizendo-se porquê e/ou para
que ele foi redigido. Dependendo do tipo de relatório, contém: a indicação de quem; o que
determinou a tarefa, a pesquisa ou a investigação; o método adotado; o equipamento usado; as
pessoas envolvidas ou colaboradores.
Desenvolvimento – relatando-se pormenorizadamente os procedimentos realizados e os
fatos ocorridos ou apurados, com a indicação de data(s), local(is), método(s) adotado(s),
pessoas/equipamentos envolvidos, julgamento dos fatos ou considerações sobre os fenômenos
observados. Em geral, é dividido em tópicos e subtópicos específicos que devem ser intitulados.
Conclusão – contendo as considerações finais a respeito da tarefa, da pesquisa ou da
investigação, tais como: retomada das conclusões parciais (de cada tópico), interpretação e
crítica dos fatos apurados, recomendação de providências cabíveis, sugestões.
Fecho – incluindo o local, a data e a assinatura do autor.
Anexos – contendo tabelas, dados estatísticos, gráficos, ilustrações, documentos
comprobatórios, etc. que não se incluem diretamente no desenvolvimento.
2. Tipos de relatórios
Odacir Beltrão, em seu livro Correspondências (16ª edição, são Paulo, Atlas, 1981)
enumera, entre outros, os seguintes tipos de relatórios:
Relatório de gestão anual – elaborado em período regulares (em geral, um ano civil, fiscal,
financeiro); nas empresas, é exigido por lei o estatuto, sendo destinado aos sócios acionistas ou
à população (empresas estatais).
Relatório de inquérito (policial, administrativo, etc.) – elaborado, eventualmente, para
fins de investigação, de estudo de normas de procedimento, de relato de visita.
Relatório parcial – elaboração para abranger uma fração de exercício ou de gestão (mensal,
trimestral, semestral).
Relatório de rotina – elaborado em função da rotina de trabalho de gerência, chefia e
equivalentes.
Relatório de pesquisa – elaborado por profissional técnico ou científico, ao final da
pesquisa (laboratório, campo, gabinete).
Relatório científico – elaborado por pesquisadores científicos, em função de atividades
acadêmicas ou para divulgação em revistas cientí-ficas.
Modalidades de redação no relatório
Normalmente, num relatório, são usadas as três modalidades de redação: a descrição (de
objetos, de procedimentos, de fenômenos), a narração (de fatos ou ocorrências) e a dissertação
(explanação didática, argumentação).
É evidente que a redação deve ser clara, coerente e pautar-se pelo uso da norma culta
escrita.
A linguagem usada normalmente é formal, mas há exemplos de relatórios em que a
criatividade estilística rompe a rotina e o estereótipo, como o que foi escrito por Graciliano
Ramos, quando era prefeito de Palmeira dos Índios (1928) e do qual transcrevemos um
fragmento:
Exmo. Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeiras dos Índios
em 1928.
Não foram muitos, que os nossos recursos são exíguos. Assim minguados, entretanto, quase
insensíveis ao observador afastado, que desconheça as condições em que o Município se
achava, muito me custaram.
COMEÇOS
O PRINCIPAL, o que sem demora iniciei, o de que dependiam todos os outros, segundo
creio, foi estabelecer alguma ordem na administração.
Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o comandante do
destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do Município tinha
a sua administração particular, com prefeitos, coronéis e prefeitos inspetores de quarteirões. Os
fiscais, esses, resolviam questões de polícia e advogavam.
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Para que semelhante anomalia desaparecesse lutei com tenacidade e encontrei obstáculos
dentro da Prefeitura e fora dela - dentro, uma resistência mole, suave, de algodão em rama; fora,
uma campanha sorna, oblíqua, carregada de bílis. Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos de
Nosso Senhor, que administra melhor do que todos nós; outros me davam três meses para levar
um tiro.
Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que
faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são
necessários, cumprem as suas obrigações e, sobretudo, não se enganam em contas. Devo muito
a eles.
Não sei se a administração do Município é boa ou ruim. Talvez pudesse ser pior.
ILUMINAÇÃO
A iluminação da cidade custou 8:921$800. Se é muito, a culpa não é minha: é de quem fez o
contrato com a empresa fornecedora de luz.
OBRAS PÚBLICAS
Gastei com obras públicas 2:908$350, que serviram para construir um muro no edifício da
Prefeitura, aumentar e pintar o açougue público, arranjar outro açougue para gado miúdo,
reparar as ruas esburacadas, desviar as águas que, em épocas de trovoadas, inundavam a cidade,
melhorar o curral do matadouro e comprar ferramentas. Adquiri picaretas, pás, enxadas,
martelos, marrões, marretas, carros para aterro, aço para brocas, alavancas etc. Montei uma
pequena oficina para consertar os utensílios estragados.
EVENTUAIS
Houve 1:069$700 de despesas eventuais: feitio e conserto de medidas, materiais para
aferição, placas. 724$000 foram-se para uniformizar as medidas pertencentes ao Município. Os
litros aqui tinham mil e quatrocentos gramas. Em algumas aldeias subiam, em outras desciam.
Os negociantes de cal usavam caixões de querosene e caixões de sabão, a que arrancavam
tábuas, para enganar o comprador. Fui descaradamente roubado em compras de cal para os
trabalhos públicos.
CEMITÉRIO
No cemitério enterrei 189$000 – pagamento ao coveiro e conservação. (in Viventes de
Alagoas, Graciliano Ramos)
Reprodução do material de Redação do Curso Universitário
Universitário
A carta comercial
(Modelo moderno )
Uma empresa não é moderna se continuar com sua "comunicação dirigida escrita" (CDE)
nos moldes antigos. As grandes empresas já possuem o "Manual de Redação", para que haja
uniformidade na comunicação escrita.
Para Enéas Barros, "não se pode insistir na velha tecla, segundo a qual a carta comercial é
mero veículo de informação, simples atividade-meio, sem qualquer outra implicação no mundo
dos negócios (...) Ela faz parte integrante de todo um sistema de comunicação, com o seu
emissor, com sua mensagem e com seu receptor. Está, conseqüentemente, sujeita a toda a
engrenagem, a todos os dispositivos, a todos os requisitos indispensáveis à comunicação para
propagar, agrupar, propor negócios e criar imagem". A carta comercial pode ser remetida pelo
correio ou telefax.
Chappel e Read elencam alguns fatores de influência da carta comercial:
1. resposta imediata indica que a firma é eficiente;
2. se a carta for bom definida, o destinatário se disporá a pensar que está lidando com uma
organização metódica;
3. se o leitor compreender o que está escrito, ele será grato, fazendo seu pedido à companhia
do autor da carta
A carta comercial corre dois riscos:
1. como todo texto escrito, ele é irrecorrível, não dá para harmonizar ou explicar como na
comunicação oral, pelo telefone, por exemplo;
2. o volume de correspondência recebida nas empresas é grande, a carta pode ser mal lida,
mal interpretada e motiva nova carta como resposta, ampliando a burocracia empresarial. Por
isso, para os grandes negócios, clientes especiais, prefere-se a conversa por telefone.
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Se você estiver com vontade de se aprofundar no assunto ou ter uma visão mais moderna da
comunicação escrita em sua empresa, recomendo a leitura do livro lançado em 1995
"Comunicação Dirigida e Escrita na Empresa", de Cleuza G. Gimenes Cesca, pela Summus
Editorial,
Reproduzo aqui um modelo tradicional de carta comercial com comentários para cada item.
Alguns deles constam do livro "Comunicação Dirigida e Escrita na Empresa", de Cleuza G.
Gimenes Cesca, Summus Editorial:
MODELO ANTIGO
TIMBRE
Rua X - Porto Alegre - caixa postal, 47 - ..........
A (1)
Fernando de Barros & Cia. Ltda.
Av. Rio Branco, 123 - conj. 7
Rio de Janeiro - RJ (2)
Atenciosamente
_______________________________ (13)
Tiago Almeida
Diretor
TIMBRE
Rua X - Porto Alegre - caixa postal, 47 ......
À solicitação feita pelo escritório de V.Sas., representado, em nossa cidade, pelo Sr. Marcelo
Silveira, informamos que seguiram, via aérea, dez caixas dos medicamentos pedidos.
Atenciosamente(E)
Propostas de redação
Elabore duas cartas comerciais, usando os seguintes dados:
1. Ferreira & Cia. Ltda. solicita a Irmãos Pires Ltda. o envio, com a máxima urgência, de
mercadorias, conforme relação anexa. Agradece atendimento.
2. Silveira & Cia. comunica a Francisco Camargo a inauguração de uma nova agência.
Convida-o para a inauguração e coquetel. Agradece a presença.
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CONCORDÂNCIA NOMINAL
O ARTIGO, O ADJETIVO, O NUMERAL E O PRONOME ADJETIVO CONCORDAM EM
GÊNERO E NÚMERO COM O SUBSTANTIVO A QUE SE REFEREM.
INCLUSO:
A FOTOGRAFIA SEGUE INCLUSA.
OS DOCUMENTOS SEGUEM INCLUSOS.
OBRIGADO:
ELE RESPONDEU: MUITO OBRIGADO.
ELA DISSE: MUITO OBRIGADA.
MESMO:
ELE MESMO CONSTRUIU A CASA.
ELAS MESMAS RESOLVERAM O PROBLEMA.
PRÓPRIO:
ELA PRÓPRIA ENTREGOU O DOCUMENTO.
ELES PRÓPRIOS RECEBERAM O PRÊMIO.
MEIO:
TOMOU MEIA GARRAFA DE VINHO DEPOIS DE BEBER MEIO LITRO DE LEITE.
BASTANTE:
BASTANTES ALUNOS PARTICIPARAM DA REUNIÃO.
POUCO / MUITO:
POUCAS PESSOAS TINHAM MUITOS MOTIVOS.
CARO:
COMPRARAM LIVROS CAROS.
LONGE:
ANDAVAM POR LONGES TERRAS.
CHUVA É NECESSÁRIO.
A ÁGUA É BOA.
A CHUVA É NECESSÁRIA.
CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA:
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8. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase abaixo:
Nós...... providenciamos os papéis, que enviamos ...... às procurações, como instrumentos ......
para os fins desejados.
a. Era uma arvore cujas folhas e frutos bem diziam de sua utilidade.
b. Vinha com bolsos e mãos cheios de dinheiro.
c. Ela sempre anda meia assustada.
d. Envio-lhe anexa a declaração de bens.
e. Elas próprias assim o queriam.
e. Mude a posição do adjetivo, de modo que ele expresse uma característica apenas
do primeiro substantivo.
f. Por que, embora a frase dada esteja gramaticalmente correta, seria recomendável
introduzir nela a alteração proposta em C?
“ Com o dinheiro que ganhou na loteria, ela comprou uma fazenda e um carro caros.”
11. Indique a que substantivo (s) o adjetivo está atribuindo a característica e justifique
por que ele concorda no masculino e no plural.
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13. Empregando o adjetivo importado e alterando a ordem dos termos da frase,
reescreva-a de modo a eliminar a possibilidade de leitura inadequada a que se refere o
item b.
CONCORDÂNCIA VERBAL
I sujeito simples:
A) regra geral:
Divulgaram-se os planos.
Os planos foram divulgados.
C) a maior parte de, grande número de, uma porção de, + nome no plural:
A maioria dos pássaros fugiu/fugiram do viveiro.
E) pronomes de tratamento
Vossa excelência enganou seus eleitores.
Vossa excelência enganastes seus eleitores.
11
c) Sujeito composto de pessoas gramaticais diferentes:
a) Verbo haver:
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b) Verbo fazer:
Já faz muitos anos eu não se fabrica essa peça.
Amanhã fará dez anos que me casei.
16. "A Polícia Federal investiga os suspeitos de terem ajudado na fuga para o Paraguai e a
Argentina. A polícia desses países não puderam prendê-los porque o governo brasileiro não fez
o pedido formal de captura."
(Adaptado de "O Estado de São Paulo", 22/08/93)
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17. Reescreva o texto a seguir de acordo com o padrão culto da língua:
“Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá
presa, um marginal que já fez de tudo na vida não é que vai preso que ele vai mudar
totalmente”.
(I) E à cabeceira da mesa grande a aniversariante que fazia hoje oitenta e nove anos.
(II) Fazia um ano que o filho de Olaria não aparecia nas festas familiares.
Embora o verbo FAZER tenha sido flexionado na 3ª pessoa do singular nos dois
períodos acima, a concordância se deu em cada um dos casos por razões distintas.
Identifique-as.
c) Faça uma hipótese para explicar, em cada frase, o que poderia ter levado o
redator a cometer o erro.
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20. Nas frases a seguir, a concordância verbal está de acordo com a norma culta.
Leia-as, observando o verbo em destaque.
O correio eletrônico (e-mail), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal
forma de comunicação para transmissão de documentos.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem
incompatível com uma comunicação oficial.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de Confirmação de leitura. Caso não seja
disponível, deve constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento.
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei. (do
Manual de Redação da Presidência da República, edição 2002)
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Atividades de Intertextualidade
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Chico Buarque Victor e Léo Novo Tom
“História De Uma Gata” “Vida boa” “Como duvidar?”
Solar Encantado
No terraço de 128m2 , a família torna sol, recebe amigos para festas e curte a vista dos Jardins, em São
Paulo. Os espaços generosos deste apartamento dos anos 50 recebem luz e brisa constantes graças às
grandes janelas.
Os aromas desse apartamento de 445m2 denunciam que ele vive os primeiros dias: o ar recende a pintura
fresca. Basta apurar o olfato para também descobrir a predileção do dono da casa por charutos, lírios e
velas, espalhados pelos ambientes sociais. Sobre o fundo branco do piso e dos sofás, surgem os toques de
cores vivas nas paredes e nos objetos. “Percebi que a personalidade do meu cliente é forte. Não tinha nada
a ver usar tons suaves”, diz Nessa César, a profissional escolhida para fazer a decoração.
Quando o dia está bonito, sair para a varanda é expor-se a um banho de sol, pois o piso claro reflete a luz.
O espaço resgata um pedaço do Mediterrâneo, com móveis brancos e paredes azuis. “Parece a Grécia”,
diz a filha do proprietário. Ele, um publicitário carioca que adora sol e festa, acredita que a alma do
apartamento está ali.
MEDEIROS, Edson G. & PATRÍCIO, Patrícia. A alma do
apartamento mora na varanda. In: Casa Cláudia, São Paulo, Editora
Abril, n 4, ano 23. abril/99, p.69-70.
Saudosa Maloca
22. Os três textos apresentados focalizam o tema casa ou habitação, mas o fazem sob
diferentes perspectivas econômicas, sociais, temporais e afetivas. Releia-os com
atenção e a seguir,
a) Indique a palavra que, em cada texto, melhor caracteriza o tipo de habitação focalizada;
b) Tomando por base a resposta anterior e os elementos contextuais, relacione o tipo de
habitação à classe social a que pertencem ou pertenciam os respectivos moradores.
23. A letra de Saudosa Maloca pode ser considerada como realização de uma “linguagem
artística” do poeta, estabelecida com base na sobreposição e elementos do uso popular
ao uso culto. Uma destas sobreposições é o emprego do pronome oblíquo de terceira
pessoa “se” em lugar de “nos”, diferentemente do que prescreve a norma culta (o poeta
emprega se conformemos em vez de nos conformamos; se alembrá em vez de nos
lembrar). Considerando este comentário,
b) estabeleça as diferenças que apresentam, em relação ao uso culto, as seguintes formas verbais
da primeira pessoa do plural do presente do indicativo empregadas pelo compositor:
“pode”(verso11), “arranja”(verso23) e “pega”(verso26).
24. Você habitualmente usa e reconhece vários níveis de linguagem, associados a diferentes
falantes, estilos e contextos. Você sabe também que às vezes o falante utiliza um estilo que não
é seu, para produzir efeitos específicos, que é o que faz o maestro Júlio Medaglia na carta
abaixo:
Massa!
“Pô, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa,
quem sabe tu te anima e acha aí um point pra botá o nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio
Santoro, Jaques Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando
Belardi e Radamés Gnatalli. Esses caras não foi cruner de banda a la 'Trogloditas do Sucesso',
mas se a tua moçada não manjar quem eles foi, dá um look aí na enciclopédia Britânica ou no
Groves Internacional e tu vai sacá que o astral do século 20 musical deve muito a eles.”
a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas lingüísticas
características desse grupo presentes no texto.
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LITERALMENTE
Desde a divulgação da pesquisa Data-Folha mostrando que 79% não sabem que
Fernando Henrique é o novo ministro da Fazenda, seus adversários no Congresso
criaram um novo apelido para ele: "Ilustre desconhecido."
("Folha de S. Paulo", 31.05.93 )
O marinheiro sueco, um loiro de quase dois metros, entrou no bar, soltou um bafo
pesado de álcool na cara de Nacib e apontou com o dedo as garrafas de "Cana de
Ilhéus". Um olhar suplicante, umas palavras em língua impossível. Já cumprira Nacib,
na véspera, seu dever de cidadão, servira cachaça de graça aos marinheiros. Passou o
dedo indicador no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos o loiro
sueco, nem sinal de dinheiro. Mas descobriu um broche engraçado, uma sereia dourada.
No balcão colocou a nórdica mãe-d'água, Yemanjá de Estocolmo. Os olhos do árabe
fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da Igreja. Mirou a sereia, seu rabo de
peixe. Assim era a anca de Gabriela. Mulher tão de fogo no mundo não havia, com
aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele langor. Quanto mais dormia com
ela, mais tinha vontade. Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e
canela. Nunca mais lhe dera um presente, uma tolice de feira. Tomou da garrafa de
cachaça, encheu um copo grosso de vidro, o marinheiro suspendeu o braço, saudou em
sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib guardou no bolso a sereia dourada,
sorrindo. Gabriela riria contente, diria a gemer: "precisava não, moço bonito ..." E aqui
termina a história de Nacib e Gabriela, quando renasce a chama do amor de uma brasa
dormida nas cinzas do peito.
21
28- Na fala da mulher, substituindo "é mais barato" por "é preferível" e adequando a
frase à norma culta, obtém-se:
a) É preferível comprar sapato toda semana a abastecer o carro.
b) É preferível comprar sapato toda semana do que abastecer o carro.
c) É preferível comprar sapato toda semana que abastecer o carro.
d) É preferível comprar sapato toda semana de que abastecer o carro.
e) É preferível comprar sapato toda semana ante a abastecer o carro.
AUTO-ESTIMA "Fiz a cirurgia com 16 anos. Não fiz pelas outras pessoas, fiz para me
olhar no espelho e me sentir bem (...) Eu sinto como se o meu corpo tivesse absorvido o
silicone, como se o peito fosse meu mesmo. E é: meu pai pagou e ele é meu." C. S., 17,
sobre cirurgia plástica que fez nos seios, ontem na Folha.
("Folha de S. Paulo", 03.08.2004.)
22
a) Como, no texto, pode ser definido o sentido de posse presente na expressão "como se
o peito fosse meu mesmo"?
b) E como pode ser definido o sentido de posse na expressão "E é: meu pai pagou e ele
é meu"?
32. Observe o pronome de tratamento usado por Mafalda para dirigir-se a Manolito. Imagine
o diálogo que antecedeu àquele registrado nos quadrinhos e analise os possíveis enunciados
da professora se empregasse, de acordo com a norma culta, o mesmo pronome de
tratamento que Mafalda usa para falar com Manolito.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
23
1. O efeito de humor é obtido, dentre outras coisas, pela recuperação do sentido literal da
frase do último quadrinho.
2. A expressão "trem-bala" constitui uma metáfora: veloz como uma bala. Fausto associa, à
já metaforizada expressão, um novo sentido.
3. O mico retratado no último quadrinho simboliza a vergonha do povo brasileiro diante dos
infortúnios.
4. O desenho do Congresso Nacional no último quadro permite associar as figuras humanas
retratadas nesse quadro com os políticos brasileiros, que se revoltam com os escândalos
divulgados nos últimos meses.
O ofício está para a empresa pública como a carta comercial e o memorando estão para a
empresa privada. É, portanto, um instrumento de Relações Públicas, como a carta comercial.
Beltrão afirma que as entidades civis, comerciais e religiosas não expedem ofício. Parece-
nos que ele está considerando a possibilidade dessas instituições terem que se dirigir ao serviço
público; pois, se isso ocorrer, necessariamente terão que elaborar uma correspondência chamada
ofício.
Para Enéas de Barros, “embora ofício, em geral, seja quase sempre exclusivo da
correspondência emitida pelos órgãos públicos estatais (ministérios, departamentos, serviços,
autarquias, prefeituras), muitas empresas privadas se têm valido desse documento,
principalmente em suas relações com alqueles órgãos, subordinando-se, também, à forma
estabelecida oficialmente para tal espécie de correspondência.”
Para os chefes de Poder usa-se Excelentíssimo Senhor, seguido do respectivo cargo, por
exemplo:
As demais autoridades serão tratadas pelo vocativo Senhor, seguido do respectivo cargo,
como:
- Senhor Senador.
- Senhor Juiz.
- Senhor Ministro.
- Senhor Governador.
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- Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Ministro da Justiça
70.064 - Brasília/DF
- Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Senador Federal
70.160 - Brasília/DF
- Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Rua X, nº 14
Outra alteração que eliminou parte do formalismo do ofício foi a exclusão do uso do
tratamento DD. ( digníssimo) e M.D. (mui digníssimo) às autoridades, curiosamente sob a
alegação de que a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
desnecessária sua repetida evocação.
Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Brasília/DF
Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Brasília/DF
Para aquelas autoridades cuja forma de tratamento empregada é apenas Vossa Senhoria,
elimina-se o Ilustríssimo Senhor, ficando:
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Ao Senhor
Fulano de Tal
Cargo
Guararapes/SP
Em vez de:
Ilmo. Sr.
Fulano de Tal
Cargo
São Paulo/SP
É necessário sempre observar as formas de tratamento que cada cargo requer, c como a
forma vocativa. Exemplos peculiares são as utilizadas para juízes, reitores, bispos. A empresa
privada que procura formas de tornar sempre mais ágil sua correspondência já adotou o sistema
bloco-compacto para a estética também do ofício, que comprovadamente reduz o tempo da sua
elaboração.
São públicos dessa comunicação dirigida escrita o interno, externo e misto para a empresa
pública. Para a empresa privada, somente o público externo é atingido com este tipo de
comunicação.
Modelo
Of. nº 15/96
Senhor Prefeito
Gostaríamos de contar com a presença de V.Exª para descerrar a placa e falar aos
participantes sobre a importância da criação de creches nas empresas, pois sabemos que essa é,
também, uma das prioridades de seu governo.
Atenciosamente
Diretoria Geral
(assinatura)
Excelentíssimo Senhor
Proposta de redação
Redija ofício dirigido ao Prefeito de sua cidade, convidando-o para inaguração das novas
dependências de sua empresa
Requerimento
Antigamente ele era feito em papel almaço (com ou sem pauta), sua redação era uma
iniciativa do requerente, por isso o cidadão semiletrado pagava uma taxa a um escritório para
redigi-lo. Hoje, com o programa de desburocratização, as repartições fornecem modelos e até
formulários a serem preenchidos.
Modelo 1:
(10 espaços)
Indústria ABC, localizada na rua Acácia nº 500, Bairro São João, nesta cidade, inscrita no
C.G.C. 48.784.943/0001-08 e Inscrição Estadual nº 244.152.262, vem requerer a V.Exa. a
cessão do Centro Esportivo do Jardim Santo Antônio para a realização do 1º Campeonato
Esportivo Interno de seus funcionários, nos dias 16 e 17 de março próximo, das 8 às 18 horas,
em virtude de não possuir espaço físico adequado.
(3 espaços)
Nestes termos,
pede deferimento.*
(3 espaços)
28
(3 espaços)
Assinatura
Modelo 2
(10 espaços)
(2 espaços)
Nestes termos,
pedimos deferimento.*
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(sucessivamente)
Proposta de redação
Faça um requerimento dirigido ao prefeito de sua cidade solicitando revisão em seu carnê de
IPTU, pois você não concorda com os critérios estabelecidos.
http://recantodasletras.uol.com.br/arquivos/1410520.doc
29
Bibliografia:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?
op=redacao/correspondencias/index acessado em 29/01/2009
30