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O Sol Vermelho Que Ilumina Os Nossos Corações PDF
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Maio de 2015
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Antecedentes
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ainda existir um governo soberano. Na verdade, o jogo das potências
estrangeiras, valendo-se da luta das camarilhas locais, havia desagregado
politicamente a China, a ponto de conduzir suas elites à inação.
Com o apoio das forças estrangeiras, a China havia sido repartida entre
grupos e chefes militares, representantes de interesses localizados, mas
incapazes de representar as grandes maiorias do país. Tratava-se dos
“senhores de guerra”. Grupos feudal-militaristas mantinham exércitos
próprios, capazes de se guerrearem entre si e por si, conforme a conjuntura,
a serviço de interesses externos. Tais grupos não obedeciam ao governo
central. A terra se encontrava na posse de famílias de proprietários ligados
a tais senhores de guerra ou membros do governo-títere, sendo seu único
interesse preservar o “status quo” e viver da exploração e da miséria da
massa de centenas de milhões de camponeses. A estrutura social,
econômica e cultural de tais camponeses estava longe de ser homogênea.
Isso dificultava as trocas culturais e o estabelecimento de objetivos comuns
de luta.
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comer todo tipo de inseto e de plantas. Quando o Partido Comunista da
China (PCC) tomou o poder, em 1949, viu-se obrigado a mudar o seu
programa, adotando a divisa de “assegurar uma refeição diária a cada
chinês.” Foram necessários 10 anos para materializar esta divisa, Instituiu-
se um sistema de contagem de calorias, para assegurar a cada camada
profissional a ingestão média diária de calorias que sua profissão requeria.
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O governo mandou abrir fogo contra os manifestantes, gerando enorme
indignação. Em Tien Tsin, Nanking e Shangai ocorreram choques de rua,
greves políticas, etc. Desencadeou-se no país uma campanha de boicote às
mercadorias japonesas. Em Paris, a delegação chinesa, refletindo a
indignação no país, recusou-se a assinar o Tratado de Versalhes. Assim, o
movimento de 4 de maio encarnou um espírito novo na nação chinesa,
situando os problemas da China num contexto internacional e
contemporâneo. Desse ponto de vista, a China surgia com vastas
possibilidades de propor-se uma nova direção política, compatível com o
mundo em marcha.
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proletariado. Os valores democráticos dos revolucionários chineses
contemplaram também amplamente os direitos de centenas de milhões de
camponeses, no programa que então estabeleceram. Em maio de 1922,
numa segunda conferência de todo o país, estabeleceu a estratégia que
propunha: (a) a derrubada do domínio feudal-militarista; (b) a expulsão dos
estrangeiros da China; (c) a criação de uma República democrática; (d) a
melhoria efetiva das condições de vida dos operários, dos camponeses, e
das camadas do povo em geral.
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manifestações revolucionárias populares. Olhavam seus membros para o
povo chinês com um olhar superior e sombrio. Sun Yat-Sen se esforçava
para costurar acordos com a reação feudal-militarista, que, no entanto,
eram frequentemente violados da parte desta. O governo nacionalista do
Sul se tornava instável. Nos choques e entreveros, Sun Yat-Sen via-se
obrigado a fugir de Cantão, mas as massas sempre o traziam de volta.
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saber: o centro da etapa da revolução era anti-imperialista e antifeudal. As
forças motrizes básicas da aliança revolucionária eram o proletariado e o
campesinado. Só a hegemonia dessas forças através das organizações que
elas viessem a criar podia decidir do destino da luta revolucionária. Havia
também outras forças sociais, capazes de participar parcial ou totalmente
do processo de luta daquela etapa: a burguesia nacional tinha interesse em
sua sobrevivência social e econômica; as diferentes camadas da pequena
burguesia, particularmente aquelas urbanas, contrapunham-se à oligarquia
burocrática, ao latifúndio e aos senhores de guerra. Assegurar a hegemonia
da aliança operário-camponesa no plano físico da luta; assegurar a
hegemonia do proletariado na condução política estratégica da luta; tais
eram as missões do PCC e de seus militantes.
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movimento. O novo Comitê Executivo Central do Kuomintang possuía em
seu seio comunistas de prestígio, como Mao Tsé-Tung (Mao Zedong). O
manifesto que o Primeiro Congresso emitiu baseava-se nos novos três
princípios estabelecidos pelo presidente Sun Yat-sen, a saber: (1) aliança
com a União Soviética; (2) aliança com os comunistas no plano de ação; (3)
apoio ao movimento operário e ao movimento camponês.
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Com a morte de Sun Yat-sen em março de 1925, fortaleceu-se na direção
do Kuomintang o grupo de Chiang Kai-Shek, que dissimulava então a sua
estratégia para fazer abortar a aliança com os comunistas. A morte de Sun
Yat-Sen serviu de estimulador da luta de massas, ocorrendo um forte
movimento anti-imperialista e anti-oligárquico em maio-agosto de 1925.
Ocorreram greves nas fábricas têxteis sob controle dos japoneses e a polícia
japonesa disparou, matando muitos trabalhadores. O cônsul norte-
americano determinou receber a bala os manifestantes estudantis em Fu
Chow. Em Shangai, foi assassinado em uma fábrica um dirigente comunista
e feridos outros. Tornou-se grande a indignação dos trabalhadores chineses.
Esse enorme movimento popular (maio, junho, julho) ficou conhecido como
“Movimento 30 de Maio” e foi um passo adiante no processo de mobilização
das massas chinesas. Milhares de pessoas despertaram para a vida política.
Foi um episódio que demonstrou o potencial de luta do proletariado chinês
para a luta revolucionária. Tais acontecimentos, por outro lado, não
assustaram apenas os membros da burguesia compradora e do campo
imperialista. Elementos vacilantes da cúpula da burguesia nacional, com
Chiang Kai-shek à frente, viram nas jornadas de maio-junho o indicador de
um gigante que despertava o povo chinês.
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tentativa de golpe em Cantão tinha por finalidade sabotar a marcha que se
programara – após longa preparação – da campanha militar em direção ao
Norte, que logo deveria se iniciar. A ofensiva para o Norte visava derrotar
membros do campo feudal-militarista e enfraquecer as posições políticas
dos latifundiários na China.
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dos camponeses. Elas compreendiam em maio de 1927, dez milhões de
pessoas. Nesse ano, o PCC atingiu 60 mil membros.
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suficientes para mudar o poder de mãos na China, assegurando a vitória da
etapa nacional e democrática da revolução. Por isso, talvez haja aceitado a
queda do governo de Wang Jingwei em Wuhan como “um mal menor”, no
processo da aliança necessária com o Kuomintang.
O próprio Mao Tsé escapou de ser fuzilado, no campo, porque fugiu do local
(pelo teto) de onde fora preso. Centenas de quadros do PCC que escaparam
do massacre tiveram que se refugiar no campo junto á base camponesa de
Mao, o Soviet de Jiangxi. A crença de Chen Duxiu de que a burguesia
nacional tinha um papel maior a desempenhar, certamente contribuiu para
bloquear seu apoio à descentralização do PCC do espaço urbano, indo rumo
ao trabalho rural. Esta insistência em manter-se junto de Chiang Kai-Shek,
levou Chen a ser afastado da direção do partido, em função do massacre
feito pelos nacionalistas.
Com o golpe de Chiang Kai-Shek, o Exército Nacional caiu nas mãos dos
elementos de extrema direita, dificultando sobremaneira o trabalho político
entre os soldados nacionais e fazendo atrasar o valor revolucionário do
mesmo. Chiang Kai-Shek e seus associados julgavam suficiente apossar-se
do poder e negociar com as forças contrárias à revolução, apresentando-se
como “um mal menor”. Centenas de barcos dos imperialistas que haviam se
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concentrado nos portos chineses exigiam o massacre dos comunistas,
bombardeando Nanking, com centenas de mortos. Em menos de um mês
(abril de 1927), milhares de operários revolucionários foram mortos em
Shanghai.
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O partido passou então a organizar o Exército Vermelho Chinês,
promovendo em várias províncias a guerra de guerrilhas e a formação de
companhias militares aptas à guerra de movimento. Destacaram-se nessas
atividades uma plêiade de oficiais, muitos dos quais vinham do ENR, outros
totalmente novos na ação (1927-1937).
Como exemplo, citaremos alguns dos homens de Mao que mais tarde
formariam o quadro dos seus famosos “dez marechais”.
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opção por intervenção da China, quando se estendeu o conflito coreano, a
uma guerra de proporções mundiais (1950-1953).
He Long (1896-1969)
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prisioneiros em uma batalha (1914). Promovido a general-de-brigada,
perdeu um olho na batalha em Fengdu, no Sichuan.
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próprio Mao. Bocheng era partidário da tese de guerra de movimento para
levar a formas de guerra regular, com batalhas convencionais, certo
conceito para ataques frontais, tomadas de cidades e fortificações, etc. Mao
e os seus generais – destacadamente Lin Piao – favoreciam uma estratégia
de guerra de guerrilhas com rarefação dos objetivos, cenário global e
formação de bases para aglutinar camponeses e fazer reformas agrárias
locais.
Chu Teh nasceu de uma família pobre em Sichuan (1886-1976). Foi, por
sorte, adotado por um tio rico quando tinha nove anos, o que lhe permitiu
ingressar numa academia militar como aluno. Juntando-se ao exército
rebelado no fim de sua formação, Teh progrediu aos poucos para se tornar o
que se chamava na China de então, um “senhor de guerra”. Conta-se que
Teh tornou-se esquerdista depois de ler um informe elaborado por Mao Tsé-
Tung. Ele teria pensado nos erros de sua vida comum, e deliberou então
livrar-se do vício do ópio e “servir à China e ao povo chinês”. Após a sua
desintoxicação, decidiu aderir ao comunismo de Mao, com quem teve uma
entrevista que o teria impressionado fundamente. Em virtude de sua
sintonia com Mao e Chou En Lai, Teh tornou-se um general capaz de aplicar
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militarmente todas as decisões da direção partidária, com êxito na maioria
delas. Com o tempo, tornar-se-ia um dos “Dez Marechais” do Exército do
Povo da China, gozando de prestígio em todo o mundo, por sua firmeza
política e habilidade militar.
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militar. Um ano depois, Teh foi enviado à China, para mediar a adesão do
então senhor de guerra Sichuan, Yang Sen, para que apoiasse a “Expedição
Nortista”. A missão não foi bem sucedida.
Sua identificação com Mao tornou-se tão estreita que muitos camponeses
julgavam tratar-se da mesma pessoa. Criaram para esta identidade única a
expressão “Zhu Mao” aproximadamente “pelagem de porco”. Sob forte
pressão militar de seus inimigos, Mao e Teh tiveram que retirar-se para
Ruijin. Formando ali o Soviet de Jiangxi, Teh foi feito o comandante do
Exército Vermelho. Dirigiu assim a “Quarta Campanha contra o Cerco e o
Aniquilamento”, desencadeada pelo Kuomintang. Derrotado na “Quinta
Campanha”, a direção do PCC e trinta mil soldados foram obrigados a iniciar
a “Longa Marcha”. Isso era, na verdade, resultado da guinada dos
partidários de Chiang Kai-shek para a direita, e dos“vinte e oito
bolcheviques” para o oportunismo de esquerda, ao menos uma parte deles.
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tornasse madura para que Mao pudesse obter aliança com Wang Jiaxiang e
a maioria dos generais, de modo a fazer a conferência de Zunyi. Mao,
naquela conferência, obteve a seu favor a defecção de alguns importantes
membros do “Vinte e Oito Bolcheviques” (Wang Jiaxiang, Zhang Wentian e
Yang Shangkun). Foi possível, com esse arranjo, contragolpear e afastar a
dupla de “organizadores de derrotas” (Bo Gu e Otto Braun). Uma nova
direção foi articulada, com Mao, Chou En Lai e Wang Jiaxiang. Zhang
Wentian tornou-se secretário-geral no lugar de Bo Gu (Qing Bangxian), mas
este ainda ficou como membro do Politburô.
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invariavelmente aplicado, sem capitulacionismo e semn falso humanismo. O
PCC entendeu que a derrota na Primeira Guerra Civil revolucionária impunha
a plena aceitação da luta armada como elemento estratégico, sem o que a
burguesia nacional, o latifúndio, a burguesia compradora e a burocracia
feudal-militarista continuariam a escravizar o povo da China.
Lin nasceu como Lin Yurong, numa família de mercadores bastante rica, na
província de Hubei. Seu pai era fabricante de equipamentos para oficinas
industriais, mas desistiu da atividade na década de (19)10, em virtude dos
impostos e outros percalços. Lin, durante seus estudos tornou-se
simpatizante comunista e entrou na Academia Militar de Whampoa, no
Guangzhou. O diretor da Academia era Chiang Kai-Shek, que obteve a
admiração do jovem Lin. Lin foi então colega de Chou En Lai, oito anos mais
velho que Lin. Ambos se reencontrariam em Yan’nan, no processo da luta de
libertação, nos anos (19)30. Como membro do Exército Nacional
Revolucionário, Lin participou da “Expedição Nortista”, indo no período de
comandante de pelotão a comandante de batalhão. Aderiu então ao PCC, e
em 1927 chegou ao posto de coronel. A adesão ao comunismo abertamente
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e a vida incerta que assim se aproximava, arruinou o casamento de Lin,
então bastante recente, com uma moça de família Ong, que havia sido
arranjado tal casamento por seus parentes.
Por exemplo: Lin defendeu que o Exército evitasse a guerra regular durante
a “Quinta Campanha de Cerco e Aniquilamento” (1933-34). Para Lin, o
exército devia maximizar as operações guerrilheiras e não oferecer frentes
estáveis ao inimigo. A visão de Bo Gu e Otto Braun era oposta. Dessa forma,
Lin e Mao estavam perfeitamente afinados e puderam se fortalecer
politicamente, enquanto membros dos Vinte e Oito aplicavam uma
estratégia que levava a derrotas. Quando as tropas de Chiang ameaçaram
aniquilar o Exército Vermelho, Lin foi o primeiro a preconizar o abandono do
território do Sudoeste de Jiangxi. No entanto, Braun e Peng Dehuai não
aceitaram esta posição, atrasando perigosamente o movimento de refluxo.
Na retirada do território no final do ano, Lin demonstrou-se o mais
competente em sua implementação, o que se manteve por toda a Longa
Marcha.
Lin Piao tinha boas relações com Peng Dehuai. Não rivalizavam entre si
nem se hostilizavam, sendo os melhores chefes do Exército Vermelho no
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campo de batalha. Assim, na conferência de Zunyi (janeiro de 1935) ambos
apoiaram a reviravolta, que trouxe Mao de volta ao poder. Nesta época, Lin
é em geral descrito como uma pessoa reservada,sem expansões pessoais,
ou visivelmente afetivas, e totalmente ao dispor de Mao Tsé-Tung. Lin
revelou-se um especialista em mascaramento, movimento guerrilheiro e
organização do terreno, evitando nessa época, ataques frontais e confiando
fortemente no trabalho antimil e no recrutamento dentro da tropa derrotada
pelo esclarecimento político. Havendo Lin travado mais de cem batalhas
(1927-1937), pessoalmente num período de dez anos, jamais havia sido
ferido. Tal só ocorreu em 1937. Chiang Kai-Shek pusera um prêmio de cem
mil dólares por sua cabeça e Lin costumava combater sempre em
movimento, no meio de suas tropas. Nunca puderam então achá-lo.
Entre 1930 e 1940, Lin derrotou todas as tropas contra as quais se bateu.
Considerado excelente tático no campo de batalha, apresentou sempre
profunda concordância com as estratégias de Mao, das quais pode ser visto
como um coautor. Os textos de Lin – que falava apenas chinês – foram
estudados não apenas pelos nacionalistas, mas também por japoneses,
soviéticos e franceses. Dirigiu a “Universidade Anti-Japonesa” em Yan’nan
(1937) e ali se casou com Liu Ximin, estudante daquela universidade. No
comando da divisão 115 do 8º Exército de Rota, derrotou os japoneses em
Sanshi (09-1937).
Um episódio bizarro quase pôs fim aí à sua vida. Soldados japonese que
haviam aderido ao Exército Vermelho apreenderam em campo de batalha
um uniforme japonês e uma espada (katana), com que presentearam Lin.
Este vestiu o uniforme, pôs a katana e “foi dar uma volta a cavalo”. Um
atirador das forças de Yan Xishan, julgando-o um japonês, atirou, atingindo
sua cabeça. Lin lesionou também a coluna, ao cair do cavalo. Devido à
gravidade de seu estado, foi enviado à União Soviética para tratamento,
onde permaneceu até 1942, como representante do PCC.
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Siping, em Jilin (15-04-1946) e sustentou a praça até ser autorizado a
abandoná-la em 19 de maio. Mao desejava prosseguir a luta na Machúria,
mas Lin ponderou que as tropas não estavam ainda preparadas, dando-se
um cessar-fogo. Du Yuming, o comandante do Kuomintang, tentava lutar em
duas frentes, contra os coreanos e contra Lin Piao, mas não recebeu
reforços para prosseguir.
Lin então decidiu sua ofensiva geral contra o Kuomintang, conhecida como
as “Três Grandes Campanhas”. Na chamada Ofensiva de Verão derrotou as
tropas de Chiang Kai-Shek, obrigando-os a se retirar para Changchun e
Siping; apossou-se das áreas rurais e restabeleceu o contato com as tropas
comunistas ao sul de Liaoning. Sitiando Siping, apesar de desprovido de
artilharia (só tinha 70 peças), Lin travou ali ferozes combates rua a rua. Com
a chegada de tropas nacionalistas, Lin teve que retirar-se para o Norte.
Chen Cheng, comandante nacionalista, marchou para o Norte, mas não
pôde derrotar as manobras da guerra de movimento de Li, retirando-se para
os pontos fortificados e as cidades maiores da região. Lin também não podia
desalojá-lo e assim terminou a Campanha de Outono (1947). Lin Piao
intentou então a Ofensiva de Inverno, com uma tentativa de repetição de
um plano anterior. Iria atacar Fakui, Xinlitu e Zhangwu, conseguindo manter
o cerco desta última cidade. Ela caiu a 28 de dezembro. Lin dispensou então
suas tropas, julgando Chen Cheng que isso expressava fraqueza suficiente
para deixa-lo passar à ofensiva. Atacou assim Liaoning (1-01-1948), do que
se aproveitou Lin Piao para cercar o 5º Exército Nacionalista. Seu
comandante, Chen Linda, autorizado por Cheng a se retirar, foi derrotado e
desbaratado (7-01-1948). Wei Lihuang recebeu o comando das tropas de
Cheng, mas não pode evitar a captura de Liaoyang por Lin Piao (6-02-1948),
com a destruição da divisão 54 e a perda do controle da ferrovia, com os
portos do Mar Bohai.
Mao desejava que Lin tomasse novos alvos ao Sul, mas Lin não se sentia
confortável em deixar o inimigo à sua retaguarda. Por isso, a 25 de maio
cercou Changchun, com seu aeroporto e o comandante nacionalista ali
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estacionado, Zeng Tongguo. A luta se arrastou e Lin enviou tropas para
atacar Jinzhou, no rumo Sul, o que deu começo à Campanha Liaoshen.
Diante da defesa de Jinzhou pela força aérea nacionalista, Lin foi ordenado
por Mao a fazer um ataque decisivo para tomar a cidade. Tal foi feito, mas
Lin perdeu 10% de seu exército (20 mil mortos), embora capturasse 90 mil
prisioneiros e o comandante nacionalista Fan Hanjie.
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embate de vida e de morte. Outra não foi a situação da guerra prolongada
revolucionária na China. As classes opressoras e seus aliados estrangeiros
aplicaram os níveis mais elevados conhecidos de repressão aos movimentos
populares. Devido à firmeza da direção revolucionária, contudo, criou-se o
Exército Vermelho como o instrumento de libertação e de luta do povo
chinês. Por este caminho, a vitória final foi a vitória do povo e não daqueles
que esperavam se perpetuar em sua exploração. O critério, portanto, na
aceitação da guerra na luta de classes é um critério objetivo: nenhum
partido ou movimento operário ou popular pode-se recusar a enfrentar os
inimigos do povo, não importa qual seja a forma de luta que os opressores
logrem impor. Este é o grande ensinamento, por certo, da revolução
chinesa e de seus dirigentes.
Luo nasceu na província de Hunan, tendo sua família meios para prover
sua educação. Cursou a escola média de Xiejjn, e entrou na Universidade de
Shandong (1924), formando-se em Indústria e Comércio (1926). Em abril de
1927, entrou na Liga da Juventude Comunista e no ano seguinte no PCC.
Durante a Longa Marcha, foi o chefe de segurança do Exército Vermelho.
Encarregado do trabalho clandestino e de segurança, tornou-se
praticamente desconhecido para as vistas externas ao PCC. Depois da
Segunda Guerra Mundial, foi Comissário Político de Lin Piao no Nordeste da
China, durante a campanha que levou à criação da República Popular.
Ronghuan é reconhecido como homem de intenso trabalho político de
construção do partido e do exército, dentro das premissas leninistas e
maoístas.
Chen Yi (1901-1972)
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também se dedicou ao “trabalho especial” (espionagem, contra-
espionagem, eliminação e desagregação do inimigo). He Zishu, um dos
membros dos “Vinte e Oito Bolcheviques” que estudaram na Universidade
Sun Yat-Sem em Moscou, contava que Chen Yi tinha uma grande
preocupação com temas de informação e contra-informação. E que daí lhe
hajam atribuído tarefas nessa delicada área.
Ye Jianying (1897-1986)
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Nasceu no Sichuan (hoje Chong Qing), de uma família muito rica e
internacionalizada. Com isso, logrou estudar como bolsista em Charleroi, na
Bélgica, nos anos (19)20. Estudou Ciência na Universidade do Trabalho, com
uma bolsa do Partido Socialista. Ingressou no PCC em 1923, havendo Chou
En Lai o transferido para a França, onde estudou Engenharia. Cursou depois
o Colégio Militar do Exército Vermelho Soviético, e a academia militar de
Whampoa. Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, comandou a divisão
115 do Exército Vermelho de Rota, sob Lin Piao.
Xu Xiangqian (1901-1990)
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revolucionária teria que resultar no mesmo como o centro político da vida
da China, durante a guerra prolongada e depois dela.
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“28 bolcheviques” permitiu a Mao assumir o comando supremo e impor sua
política de guerra de movimento que levaria no longo prazo à vitória. A
Longa Marcha durou 370 dias e percorreu 9.000km. Atravessou todo o
território ocidental da China, rumo a Shaanxi. A Conferência de Zunyi (15/17
de janeiro de 1935) alterou a estrutura do Politburô, dando uma
oportunidade a Mao Tsé-Tung de aplicar sua própria estratégia
revolucionária. Na conferência, Zhang Wentian apoiou os pontos de vista de
Mao e fez uma ponte crítica dos erros até ali cometidos, que expressavam
as ideias de Bo Gu, Otto Braun e outros. Isso permitiu a Mao “detonar” as
concepções desses dirigentes em seguida, ganhando o apoio da maioria. A
política de zigue-zague que era seguida pelos delegados da Internacional e
seus seguidores, expressava as contradições e as lutas no seio do poder
soviético e pouco podiam contribuir para uma leitura necessariamente
chinesa, do curso da guerra revolucionária da China. As lutas de Zinoviev,
Tukatchevsky, Stálin e outros não tiveram grande valor para a revolução
chinesa e era assim que Mao pensava, embora não pudesse expressá-lo em
público. Como efeito da conferência, Zhang tornar-se-ia secretário geral em
março de 1935, e Mao tornou-se assistente de Chou En Lai na “troika”, o
que na prática lhe dava a elaboração da linha militar do partido. A tarefa
então era sobreviver na Longa Marcha, o que foi feito com enorme sacrifício.
Com a união dos três exércitos vermelhos, o partido obteve o isolamento
necessário ao seu trabalho de reconstrução militar, ao chegar ao Shaanxi.
Chou passou sua posição de comandante do exército para Mao, que passou
a presidir assim a Comissão Militar (Mao-Chou-En Lai-Deng Xiaoping).
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os organismos do Partido, em seus diferentes escalões, não devem resolver
os problemas superficialmente. Uma vez tomada a decisão, esta deve ser
executada com firmeza; 4- todas as decisões importantes dos órgãos
superiores do Partido devem ser rapidamente levadas ao conhecimento dos
órgãos inferiores e da massa dos membros do Partido; 5- os organismos,
inferiores do Partido e a massa dos membros do Partido devem discutir, em
detalhes, as diretrizes dos organismos superiores, apreendendo todos os
sentidos e determinando os métodos a seguir, para os executar.”
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O desdobramento do plano estratégico militar do PCC era (a) retirar suas
guarnições e/ou forças políticas de cidades ou localidades que eram ou
podiam ser controladas pelo Kuomintang; (b) praticar levantes ou operações
armadas nas concentrações urbanas em que isso fosse possível; (c) na
impossibilidade de vencer e implantar soviets, retirar-se para áreas rurais ou
remotas, onde a perseguição do inimigo se tornasse mais difícil; (d) no
processo de retirada, ir concentrando as tropas disponíveis, para preparar a
hipótese de contra-ataques e de uma contra-ofensiva. Semelhante
estratégia foi aplicada com maior ou menor êxito, no período 1927.
Seguindo esta diretiva, Chou Teh levantou suas tropas, com outros oficiais,
em Nanchang, em agosto de 1927. Essas tropas foram tomadas do E.N.R. e
dirigiram-se para o Sul, desencadeando a guerra de guerrilhas em grande
escala. O Exército Vermelho assim criado seria mais tarde denominado
E.N.L., ou seja, exército nacional libertador. Sublevações de operários e
camponeses, chamadas “colheitas de outono”, ocorreram ao mesmo tempo
em toda a China Central. Mao Tsé-Tung, em Hunan e no Tzian-Si logrou com
isso criar a primeira base revolucionária do PCC.
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A política de formação de bases revolucionárias nas áreas rurais foi em
expansão nos anos (19)28 e (19)29. O PCC fortaleceu-se nas províncias de
Hunan, Ju-Bey, Fu-Tzian e Tzian-Si, entre outras. O Kuomintang começou a
desenvolver o que chamava de “estratégia de cerco e aniquilamento”, com
ela empurrando as frações do exército vermelho que encontrava nas
diferentes bases camponesas. Nos primeiros anos, a vida de tais bases era
instável, sendo eventualmente destruídas, o que obrigava as forças
revolucionárias a migrar para outros pontos.
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revolucionárias do país. Foi eleito um governo central operário-camponês,
tendo à frente Mao Tsé-Tung (Mao Zedong). O fortalecimento de um poder
popular independente foi motivo de profunda irritação para Chiang Kai-Shek
e seus generais. Por isso reforçaram as “campanhas de aniquilamento”
contra as regiões libertadas (4 campanhas em 1930-32). No entanto, em
1933, viviam sob o poder vermelho dos Soviets cerca de 50 milhões de
chineses. O exército vermelho possuía mais de trezentos mil combatentes.
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liderada por Mao Tsé-Tung, iniciava-se o fim dos erros do PCC e se abria o
período de sucessivas vitórias, até o desfecho da luta.
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não lutamos contra as guerras justas, mas delas participamos ativamente. A
Primeira Guerra Mundial é um exemplo de guerra injusta; os dois partidos
combateram por interesses imperialistas, e por isso os comunistas de todo o
mundo foram decididamente contrários. Eis como é preciso lutar contra tais
guerras: antes que se deflagre, necessário é fazer todos os esforços
possíveis para impedi-lo, mas uma vez começada, é preciso, sempre que
possível, lutar contra a guerra pela guerra, opor a uma guerra injusta uma
guerra justa.”
“Da guerra prolongada” (Maio, 1938), Obras Escolhidas de Mao Tsé-Tung, tomo II.
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chinesa e na ópera. Já muito pequeno podia ler e escrever. Leu a famosa
“Jornada ao Ocidente”, quando tinha seis anos. No entanto, Chou perdeu
tanto sua mãe quanto sua tia até os dez anos de idade. Desta vez, depois
de voltar por um breve período para junto de seus irmãos, foi adotado pelo
tio mais velho, que o levou para a Manchúria, em Shenyang. Ali, foi aluno da
academia Gongguan, que entre outras coisas, lecionava inglês e ciências.
Tomou assim conhecimento dos escritos de reformadores e pensadores
radicais, como Lang Qichao, Chen Tianhua, Zhang Biglin e outros. Escreveu
aos 14 anos que seu objeto de vida seria “tornar-se um grande homem que
assumisse as pesadas responsabilidades do país no futuro.”
Em 1913, seu tio foi transferido para o Tianjin e En-Lai foi estudar na
escola média Nankai. Quando se graduou, foi para o Japão para estudos
posteriores (1917). Na escola Superior Preparatória para a Ásia Ocidental
permaneceu dois anos, financiado pelos seus tios. Ali se afastou das ideias
de elitismo e do militarismo, bem como se irritou com o desprezo que os
japoneses dedicavam aos chineses.
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Shenfu. A rede comunista chinesa logo compreendia futuros quadros como
Cai Hesen, Chen Yi, Li Lisan, Nie Rongzhen, Deng Xiaoping e outros. Eram
mais de cem, entre os estudantes chineses. Entrando em choque com a
administração local chinesa do programa de bolsas, ocuparam-lhe as
instalações em Paris, do que resultou prisões e deportações. Chou foi para
Berlim e esteve conectado com o Secretário Europeu Ocidental da Terceira
Internacional (Comintern). Como trabalho de construção do PCC, viajava
frequentemente entre Paris e Berlim. Como um dos vinte e dois membros da
Juventude do PCC, foi eleito diretor de propaganda do Comitê Executivo.
Entre suas tarefas, manter ativos revistas e jornais entre os migrantes e
recrutar estudantes para enviá-los a Moscou. Em 1923, veio a diretiva do
Comintern para o PCC juntar-se ao Kuomintang (KMT). Chou En Lai fundou
então o ramo europeu do Partido Nacionalista (KMT). De volta à China, em
1924 (setembro), entrou no Departamento Político da Academia Militar de
Whampoa. Tornou-se então também secretário do PCC de Guadong-Guamxi,
e detinha o grau de general-de-divisão. Aparentemente, em Whampoa era o
segundo, dirigindo-se sempre a falar depois do comandante Chiang-Kai-
Shek. O sistema de departamento político do exército nacionalista foi por
ele elaborado e adotado desde 1925. Graças a Chou En Lai, um número
elevado de comunistas, tornou-se instrutor e delegado político na academia:
Chen Yi, Nie Rongzhen, Yu Daiying, Xiong e outros. Criou-se a Associação de
Jovens Soldados. Criou também a estrutura clandestina do PCC na
academia.
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fizeram três insurreições em Shanghai, para ver se tomavam a cidade de
Sun Chuanfang. (outubro 1926; fevereiro 1927; e março, 1927). Chou
participou das três tentativas. Grigori Voitinsky, delegado do Komintern, em
Shangai, dera “luz verde” à insurreição. Chen Duxiu, secretário geral do
PCC, coordenou as tentativas. Na terceira, participaram 600 mil
trabalhadores. Eles expulsaram as tropas de Sun Chuanfang, mas no dia
seguinte o exército nacionalista entrou na cidade (22 de março). O conflito
rompeu quando os comunistas intentaram instalar o Soviet de Shanghai (12
de abril). O general nacionalista, Bai Chongxi (1893-1966), com o apoio da
chamada “Gangue Verde”, atacou os comunistas e os desbaratou. Teve
início o massacre. Wang Shouhua, chefe do Comitê do Trabalho do PCC, foi
estrangulado quando convidado para uma reunião. O comandante Si Lie
convidou também Chou para um jantar de negociação e quando se
preparava para matá-lo teve ordem de Chiang para soltá-lo. Outros dizem
que Chiang pusera um alto preço pela cabeça de Chou, mas o general Bai
Chongxi é que mandou soltá-lo à revelia de Chiang. Esta segunda versão
parece ser a verdadeira, pois Bai muitas vezes haveria de contrariar Chiang,
até apoiando senhores de guerra contra ele. Chiang queria o massacre, mas
sem matar os chefes comunistas de primeira linha, para evitar eventuais
represálias soviéticas. Zhao Shu, comandante do 26º Exército, mandou
soltar Chou En-Lai, dizendo aos outros oficiais que a sua prisão se dera por
erro.
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segurança. Chou defendeu passar a uma estratégia defensiva e montar-se
Soviets rurais, como aquela que Mao e Teh haviam criado em Jiangxi.
O incidente de Xi’an
41
Era desejo do PCC ganhar o maior número possível de dirigentes do
Kuomintang para suspender a guerra civil e encontrar uma frente única para
expulsar os japoneses. Wang Ming, em agosto de 1936, lançou um
manifesto propondo tal frente única, e o marechal de Chiang, Zhang
Xueliang, que era forte opositor da invasão japonesa, entrou em
negociações secretas com Chou En-Lai para evitar choques entre suas
tropas e as do Exército Vermelho, para se concentrarem no combate aos
japoneses. No entanto, Chiang Kai-Shek desconfiou da inatividade daquele
front e ordenou a Xueliang um forte ataque aos comunistas. Chou e
Xueliang ordenaram para tal uma guerra “de mentirinha”, com Xueliang
reportando êxitos fictícios ao Comando Nacionalista.
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pelo Kuomintang diretor do Departamento Político do Comitê Militar, no seu
antigo cargo de general-de-divisão. Assim, durante a frente única de fato,
Chou era o único comunista a ter um cargo no comando do Kuomintang.
Após uma série de episódios da guerra antijaponesa, Chiang Kai-Shek
começou a irritar-se com a presença de Chou, e este voltou para Yan’an
(1943). Durante dois anos Mao demonstrou suspeitar de Chou, mas
terminou por aplacar tais suspeitas inclusive devido a interferência de
Georgi Dimitrov. No 7º Congresso do PCC, em 1945, Chou voltou a ser um
dos dirigentes principais do PCC.
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Mao tornou-se famoso por ter dado às teorias marxistas-leninistas um novo
plano, colocando o “Maoísmo”, seu modo característico de pensar a política,
ao lado do “Stalinismo” ou talvez acima deste. Como um dos principais
líderes revolucionários do século XX, inimigo jurado dos ricos, latifundiários,
capitalistas e banqueiros, tornou-se um homem odiado por tais e por toda
sua chamada “imprensa livre”, sendo caluniado – à maneira de Lênin e
Stálin – por todas as formas e por todos os meios.
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dois feitos já lhe garantem um dos lugares mais proeminentes da história da
humanidade.
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P – Como elabora a política econômica do seu planejamento? Consulta-se o
povo primeiro e levam-se as reivindicações para cima ou elabora-se um
plano e se leva o mesmo para discutir na base, com o povo?
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cidade de Tientsin, vizinha de Pequim. A cada parada, reunia os funcionários
locais e fazia propaganda da comuna como modelo pelo qual todos deviam
lutar. A ideia foi apresentada com vigor e, em alguns lugares, adotada com
entusiasmo. De 28 de novembro a 10 de dezembro de 1958, o VIII Comitê
Central realizou sua VI Sessão Plenária em Wuchang, onde se adotaram
várias resoluções sobre os problemas do comunismo. A esse tempo, Mao
elaborou sua primeira advertência contra o medo, em Os Imperialistas e
Todos os Reacionários São Tigres de Papel. A mesma sessão plenária adotou
a decisão do Presidente Mao de não ser “Presidente do Estado”. Chiang
Ching mencionou esse fato tranquilamente, embora a decisão desse
margem a outras interpretações.”
Roxane deixa aí, claro o intento processo de luta com que era abordada
cada decisão, cada tentativa de reforma. Mao sempre declarou que as
“Duas Linhas” (uma pró-capitalista, outra pró-comunista) lutariam no PCC e
na sociedade chinesa por quatrocentos anos (!). Queria com isso dizer que
as tarefas da mudança social nem haviam começado. Diz Roxane na mesma
página (254) e seguinte:
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comprometido com a tese de primazia da agricultura e promovido,
entusiasticamente, o Grande Salto para a Frente, de Mao, a comunidade dos
líderes responsabilizava Mao, e não Liu, pelos recentes retrocessos. Na
reunião de Lu Shan, em que Liu substituiu Mao como chefe do Estado,
velhas tensões não resolvidas entre esses dois homens e seus respectivos
partidários emergiram com crescente clareza. Como sempre, Mao se
distanciou dos perigos da hora por um sentido da história. Reconstituiu o
conflito entre personalidades dominantes como se fora uma confrontação de
classe.”
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comentários fundados sobre o texto do Presidente antes de ler a carta
original de Peng, telefonou ao Presidente para dizer-lhe que voaria
imediatamente para Lu Shan a fim de saber mais sobre o que havia por
detrás da confrontação.
Sorrindo, estendeu a mão para uma fina caixa de brocado de ouro de onde
extraiu um pequeno leque delicadamente trabalhado em madeira de
sândalo. Afagando-o carinhosamente, contou-me que o tinha há muitos e
muitos anos. Um lado da capa de seda era pintado à mão, com botões, cor-
de-rosa, de ameixeira. O outro lado tinha inscrito o poema de Mao Tsé-Tung
Nuvens de Inverno (Tung-yun), com a data de 26 de dezembro de 1962,
quando ela fez setenta sui (a maneira tradicional chinesa de calcular a
idade, contando o dia do nascimento como primeiro aniversário). O poema
diz:
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Mao, que pendia da parede, atrás de nós. Voltando ao leque, disse que tinha
encomendado um para mim, que seria entregue em breve, mas que, no
momento, eu poderia usar aquele. Momentos depois decidiu presenteá-lo à
minha filha.” (Em “Madame Mao” – de Roxane Witke, pp254 e 53).
A Linha de Massas
“Do Governo de coalizão” (24 de abril, 1945), Obras Escolhidas de Mao Tsé-Tung,
tomo III.
Mao deixa clara sua compreensão de que o povo seja o autor da História,
não reservando sequer um pequeno lugar para supostos elementos
dirigentes:
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“As massas são os verdadeiros heróis, enquanto nós somos, com
frequência, de uma ingenuidade ridícula. À falta de compreendê-lo, ser-nos-
á impossível adquirir os conhecimentos mesmo os mais elementares.”
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“Da guerra prolongada” (Maio, 1938), Obras Escolhidas de Mao Tsé-Tung, tomo II.
“Na China, sem a luta armada, não haveria lugar para o proletariado, nem
para o povo, nem para o Partido Comunista, nem vitória para a revolução. É
através das guerras revolucionárias destes 18 anos que nosso Partido se
desenvolveu, consolidou e bolchevizou e, sem a luta armada, não haveria o
Partido Comunista de hoje. Os Camaradas do Partido jamais devem
esquecer esta experiência, paga com nosso sangue.”
Bibliografia
(1) Mao Tsé-Tung (Mao Zedong) – Obras Escolhidas – 4 vols (diversas edições).
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(2) Mao Tsé-Tung – Citações do Presidente Mao Tsé-Tung. José Álvaro Editor, RJ.
1967.
(3) Madame Mao – A Mulher Que Mandou em 800 Milhões de Homens. Roxane
Witke. Ed. Nova Fronteira, RJ, 1977.
(4) Peter Carter – Mao – London, O.V.P. 1976.
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