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Como Escolher Um Bom Telescopio

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Como escolher um bom telescpio?

Por Hindemburg Melo Jr.


www.saturnov.com
Esta a verso 2.0 do artigo escrito em 2009. Foi revisada em poucos detalhes relacionados
importao. Na maioria dos outros tpicos, o texto foi mantido na ntegra, pois preserva sua
atualidade e exatido.
A escolha de um telescpio uma tarefa
relativamente simples, quando se dispe dos
conhecimentos
bsicos
sobre
quais
caractersticas se deve priorizar. As
informaes divulgadas em diversos sites
nem sempre so corretas e muitas vezes so
conflitantes, aumentando a confuso, em vez
de auxiliar na escolha. Muitas vezes a eleio
do melhor instrumento parcialmente
subjetiva, dependendo das preferncias
individuais e das necessidades individuais.
Se
a
pessoa
quer
um
telescpio
exclusivamente para observao direta, sem
interesse em tirar fotos, as prioridades no
so as mesmas para outra que queira
principalmente us-lo para astrofotografia. Se
uma pessoa quer principalmente estudar
planetas, suas prioridades tambm so diferentes das de uma pessoa que queira observar cu
profundo e cometas. Se a pessoa quer um instrumento para viagens constantes, ou para
observar o Sol, ou para alguma finalidade mais especializada, tambm deve adotar critrios
especficos na sua escolha. Neste artigo tentaremos proporcionar uma viso geral sobre o
tema, e esperamos que cada um se aprofunde nos detalhes para seu caso pessoal.

Viso geral:
Os telescpios so constitudos por algumas partes comuns a todos eles, como o tubo, o trip,
a montagem, o focalizador e a ocular. Alm destas partes, possuem algumas que so
especficas para cada design ptico, como os espelhos primrio, secundrio, tercirio, menisco,
objetiva, aranha, motor, GoTo, buscador, telrad etc.
Os telescpios se dividem em basicamente em 3 tipos: refletores (catptricos), refratores
(diptricos) e catadiptricos.

Os 3 tipos (designs pticos) de telescpios:


Os refletores usam um espelho primrio,
grande, curvo, que fica no fundo do tubo e
sobre o qual incide a luz, que refletida
de modo a se concentrar num ponto (o
foco). Antes de chegar ao primrio, a luz
atravessa um suporte (aranha) em que
fica um espelho secundrio, inclinado 45
em relao ao eixo ptico, para refletir a

luz do primrio em direo ocular. O nome refletor porque seu princpio ptico consiste em
refletir a luz em um espelho. Os espelhos primrios podem ser esfricos, parabolides ou
hiperbolides. A construo de espelhos esfricos muito mais fcil, porque o desbastamento
natural do movimento de polir gera naturalmente uma concavidade esfrica, o que os torna
tambm mais baratos, por outro lado a curva correta que se precisa ter no espelho
hiperbolide. Por aproximao, um espelho esfrico razoavelmente semelhante a um
hiperbolide na regio central, e a diferena tanto menor se tanto maior for a relao focal, e
tanto menos notada se tanto menor for o tamanho angular do objeto observado. Os espelhos
parabolides produzem imagens muito menos distorcidas, principalmente nas bordas, mas a
produo destes espelhos mais difcil e mais cara. Espelhos hiperbolides so os melhores e
tambm os mais caros. Os espelhos secundrios normalmente so planos, mas em alguns
casos podem ser curvos para corrigir aberraes causadas nas bordas da imagem pelo
primrio, j que os secundrios so bem menores, e mais fcil trabalhar em superfcies
menores. Os tipos mais populares de refletores so o Newtoniano e o Cassegrain, sendo o
Newtoniano de longe o mais popular de todos. interessante que desde Newton at os dias
atuais o design ptico que ele inventou continua sendo um dos melhores.
Os refratores so constitudos por uma
lente simples ou composta, a objetiva,
atravs da qual passa a luz, que
refratada de modo a se concentrar num
ponto, o foco. O processo semelhante
ao do refletor, com algumas vantagens e
algumas desvantagens. Uma das desvantagens que a luz visvel constituda por vrias
cores, cada cor corresponde a um diferente comprimento de onda, com diferente ndice de
refrao, assim, quando a luz passa de um meio menos denso, como o ar, para outro mais
denso, como o vidro, cada comprimento de onda se inclina num ngulo diferente, fazendo com
que a imagem que chega ao olho fique com
uma das bordas azulada e a outra
avermelhada. Isso se chama aberrao
cromtica. O efeito o mesmo de introduzir
um prisma para decompor as cores, que gera
um efeito semelhante a um arco-ris. Isso
naturalmente prejudica a imagem. O uso de
lentes simples tem inerentemente este
problema. Para atenuar este efeito, foram
criados os telescpios acromticos, com
duas lentes coladas (doublet). H os
telescpios apocromticos, com 3 lentes, em
que se consegue atenuar a aberrao dentro
do espectro visvel num nvel to bom que o
olho humano quase no consegue perceber
a aberrao. Porm isso tem um custo, e no
pequeno. Um apocromtico de 300mm
pode custar mais de $ 50.000,00, enquanto
um Newtoniano de mesma abertura custa
$ 1.000,00. H tambm telescpios superacromticas, com 4 lentes coladas, que conseguem
reduzir a aberrao mais do que os apocromticos. E h os semi-apo, que usam duas lentes
slidas (algum tipo de vidro) e uma lente lquida (leo) ou gasosa (ar ou N2). Os semi-apo
proporcionam uma qualidade intermediria entre os acromticos com 2 lentes e os genunos
apocromticos com 3 lentes, isso porque o leo ou o ar entre as duas lentes slidas acaba
desempenhando um papel de lente tambm, porm com ndice de refrao menor que das
lentes slidas, alm de ter suas propriedades mais sensveis a variaes de temperatura, por

isso um inferior aos legtimos apocromticos. Os semi-apo costumam usar tambm


elementos ED (extra-low dispersion), em lugar de LD (low dispersion), o que ajuda a minimizar
o efeito de aberrao cromtica, quando comparados aos acromticos.
Outra desvantagem dos refratores que no se consegue construir lentes muito grandes. O
maior refrator do mundo mede 1016 mm de dimetro, 10 vezes menor que o maior refletor, e
capta 100 vezes menos luz. As tentativas de produzir lentes maiores resultaram em
deformao destas lentes, que se curvavam sob o prprio peso, impondo uma limitao fsica
para o tamanho mximo que pode ter um refrator de boa qualidade. Esse problema no afeta
os refletores, que podem ter espelhos to grandes quanto se queira, alm da possibilidade de
conjugar a ao de vrios espelhos separados. Entre os refratores comercializados em lojas
especializadas, os maiores chegam a cerca de 400 mm. A principal vantagem dos refratores
a ausncia de uma obstruo interna, proporcionando imagens com nitidez e contraste num
nvel muito alto, desde que a qualidade ptica tambm seja muito alta.
Catadiptricos so uma mistura de refletores e refratores. H
vrios designs diferentes de catadiptricos. Os mais comuns
usam uma lente na abertura do instrumento, um espelho no
fundo com um furo no meio e um espelho secundrio. H
vrios tipos de catadiptricos, como Newtoniano-Cassegrain,
Schmidt-Cassegrain, Maksutov-Cassegrain, Dall-Kirkham
modificado, RitcheyChrtien e outros. A lente usada entre o
espelho e o objeto a ser observado pode ter vrias finalidades, sendo uma delas a reduo do
tamanho do tubo sem reduzir a distncia focal. Nos casos de refratores e refletores, o tubo
proporcional distncia focal, assim um refletor com F=1000 mm precisa medir
aproximadamente 1000 mm de comprimento, e o mesmo vale para refratores. Mas os
catadiptricos podem ser fisicamente muito curtos e ter F muito longo. O Meade ETX 125, por
exemplo, mede apenas 360 mm de comprimento, mas sua distncia focal de 1900 mm. Essa
propriedade torna estes instrumentos mais leves, facilitando o uso e o transporte.
Outra finalidade da lente se antecipar s distores que sero causadas nas bordas de
espelhos esfricos ou parabolides, corrigindo estas distores antes de que elas aconteam,
e assim produzir imagens melhores. Estas lentes tambm podem receber tratamentos antireflexivos como XLT ou UHTC, que melhoram a performance do instrumento. A principal
vantagem que deixam os tubos curtos, tornando este design ptico o mais usado em
observatrios
profissionais.
Os
grandes observatrios usam quase
exclusivamente
design
RitcheyChrtien, por serem hiperbolides e
terem distncias focais longas em
tubos curtos. O VLT, o Keck e o
Hubble, por exemplo, so RitcheyChrtien.

Vantagens e desvantagens de cada


tipo:
Cada um destes tipos de telescpio
apresenta diversas particularidades
que os torna mais indicados ou menos
indicados para situaes especficas.
De modo geral, os refratores so mais

indicados para planetas, porque os planetas so objetos com


elevado brilho de superfcie (muita luminosidade por unidade
de rea) e com pequeno tamanho angular, em que o
superior contraste e a boa nitidez so mais importantes do
que ter grande captao de luz. E como os refratores no
possuem um espelho secundrio obstruindo a passagem de
parte da luz, tanto o contraste quanto a nitidez podem atingir
nveis melhores. Quando se observa uma imagem
desfocada num refletor, pode-se perceber a aranha e o
suporte do primrio atrapalhando a viso, e, conforme se vai
refinando o foco, a obstruo vai se dispersando como uma
mancha escura por todo o campo, at no ser mais notada.
Embora no seja notada quando a imagem est focalizada,
a obstruo e a mancha escura gerada por ela continuam l,
atrapalhando um pouco. Num refrator isso no acontece. Por outro lado, a aberrao cromtica
inerente ao refrator, e ela no some por completo nos apocromticos, ela continua l, mas
apenas deixa de ser notada. Por isso se os refratores ganham por no terem obstruo, eles
tambm perdem por terem aberrao cromtica. Alguns especialistas consideram que
refletores so os melhores instrumentos para observao de planetas (com razo focal longa e
obstruo pequena), enquanto outros recomendam os refratores. A tradio recomenda os
refratores, inclusive pela maior distncia focal. Mas na prtica o que tenho observado que as
melhores fotos amadoras de planetas foram obtidas com catadiptricos e refletores. Isso
acontece, em parte, porque as fotografias exigem acompanhamento motorizado do objeto a ser
fotografado, e tubos muito pesados geram dificuldades para que os motores de tracking
conservem um movimento suave e uniforme, causando pequenas distores na imagem.
Como os catadiptricos so menores e mais leves, acabam produzindo imagens melhores em
fotografia, no tanto por sua ptica ser superior, mas porque causam menos vibraes durante
o acompanhamento.
Para observao de cu profundo (galxias, nebulosas, aglomerados) e cometas, os refletores
de grande abertura e curta distncia focal so os mais indicados, porque captam muita luz e
cobrem grandes campos. A quantidade de luz que um telescpio pode captar proporcional
sua abertura elevada ao quadrado, descontando pequenos detalhes de absoro, reflexo,
disperso. A capacidade de aumento de um telescpio depende de quanta luz ele consegue
captar, para que no perca qualidade e a imagem no fique escura e granulosa. O clculo da
ampliao se d por meio da diviso da distncia focal do telescpio pela distncia focal da
ocular, porm a abertura que determina qual o aumento mximo til, alm do qual no faz
sentido usar ampliaes maiores, j que estas no proporcionaro mais detalhes, apenas
degradaro a qualidade da imagem.
Os objetos de cu profundo, como galxias e nebulosas, so angularmente extensos, mas com
baixo brilho de superfcie, isto , com pouca
luminosidade por unidade de rea. Nestas
circunstncias no se tem tanta necessidade
de usar grandes ampliaes. A galxia de
Andrmeda, por exemplo, cerca de 5 vezes
maior do que a Lua cheia, porm 3 milhes
de vezes menos brilhante do que a Lua.
Aumentar o tamanho dela no importante,
porm conseguir tirar o mximo proveito do
pouco brilho que nos chega das estrelas que
a constituem fundamental para que se
possa visualizar mais detalhes. Como

podemos perceber, um telescpio desenhado para produzir timas imagens planetrias no


seria o ideal para observao de cu profundo e vice-versa, pois as caractersticas desejveis
nos dois casos so quase opostas.
Os catadiptricos no oferecem vantagem em qualidade de imagem em
comparao aos refratores ou refletores, alis, geralmente apresentam
pequena desvantagem, mas podem ter o tamanho como principal
vantagem. Um catadiptrico D = 70 mm, F = 900 mm pode ter 25 cm de
comprimento e ser facilmente transportado, enquanto um refrator D = 70
mm, F = 900 mm teria cerca de 1 m de comprimento e seria menos
prtico para transportar. Um catadiptrico 16 f/15 caberia facilmente
dentro de um pequeno observatrio improvisado, pois teria comprimento
menor que 1 m, mas um newtoniano com mesmas caractersticas
mediria 6 m e seria menos prtico us-lo, guard-lo e transport-lo,
exigindo o freqente uso de uma escada e reposicionamento desta
escada. Outra vantagem de um catadiptrico que as oculares mais
longas so mais fceis de construir, o que possibilita pagar preos menores por oculares
longas de melhor qualidade, alm de terem maior eyerelief, proporcionando observaes
confortveis, sobretudo para quem usa culos.
Como os catadiptricos podem ter distncia focal maior, consegue-se que eles produzam
mesmo aumento usando oculares mais baratas e/ou de melhor qualidade e mais confortveis
para se usar. Tambm por serem menores e mais leves, eles exigem montagens menos
robustas e menos caras, que se movem mais suavemente. Por outro lado, os catadiptricos
perdem duplamente em qualidade de imagem, porque usam mais elementos pticos (lente,
espelho primrio e espelho secundrio, e alguns usam tambm tercirio). Cada elemento
ptico introduz um pouco de erro na propagao da informao luminosa e causa um pouco de
perda de luz.
Para complementar este tpico, sugiro uma visita ao site de um dos maiores astrofotgrafos do
mundo, em que ele mostra exemplos dos efeitos de aberrao esfrica, turbulncia atmosfrica
etc.: http://www.damianpeach.com/simulation.htm lembrando que os efeitos que ele exibe so
simulaes, ou seja, ele no usou instrumentos reais para produzir estas fotos, ele tentou usar
ferramentas matemticas para representar como seriam estas deformaes. Os efeitos reais
geralmente so piores do que ele representa (quem j observou Jpiter ou Saturno com
turbulncia atmosfrica sabe disso).

Telescpios com Barlow embutida no focalizador:


importante no confundir os catadiptricos com os refletores com
Barlow embutida no porta-ocular (lente relay). Os primeiros usam
uma lente logo na entrada do tubo, e a qualidade das imagens
costuma ser muito boa. J o segundo caso costuma ser muito ruim.
Um exemplo clssico o Celestron PowerSeeker 127 mm, que
usa uma destas barlow no porta-ocular. Celestron uma das
melhores marcas, mesmo assim a qualidade deste modelo
especfico duramente criticada, e com razo, pois degrada a
imagem e no h como remover esta pea, pois se for removida, a
distncia focal do tubo fica incompatvel com a do espelho primrio
e o instrumento deixa de produzir foco, ou melhor, o foco passa a

ser num ponto fora do telescpio e pessoa precisaria colocar quase 1 m de extensores para
encaixar a ocular, e como o dimetro destes extensores menor, so mais susceptveis
deformao, comprometendo a linearidade do eixo ptico.
fcil identificar estes instrumentos com lente relay, pois eles informam uma distncia focal
muito maior que o comprimento do tubo, sem que o design ptico dele justifique tal
caracterstica. Geralmente a distncia focal 2 ou 3 vezes maior do que deveria. O Baytronix
8 com F 1460mm um dos piores exemplares dessa espcie, pois alm de a qualidade ptica
dos Tronix ser precria, ainda por cima adotam procedimentos que distorcem ainda mais o que
era ruim por natureza. No caso do Celestron PowerSeeker (foto), mesmo a qualidade ptica da
Celestron sendo boa, o resultado com esta barlow abaixo do aceitvel.

Importncia da abertura:
A abertura de um telescpio determina a quantidade de luz que ele pode receber e concentrar
no foco, para depois ser expandida pela ocular e chegar ao olho como uma imagem maior.
Quanto maior a abertura, maior a quantidade de luz que ele pode receber, possibilitando
observar objetos cada vez mais tnues, e por concentrar mais luz por unidade de rea, pode
produzir imagens mais luminosas, o que contribui para a nitidez. importante lembrar que no
a abertura que define a nitidez, mas se a abertura no for suficientemente grande, ela pode
prejudicar a nitidez. Quando a imagem ampliada pela ocular, quanto maior for o aumento
menor ser a quantidade de luz por unidade de rea, por isso acima de determinado nvel de
aumento no se consegue ver mais detalhes do que com aumentos inferiores. Num
instrumento com 200mm de dimetro, por exemplo, e aumento de 25x, Jpiter aparece como
um disco branco muito brilhante, que mal se consegue perceber as faixas equatoriais devido
saturao de branco. Quando se aumenta para 100x a imagem fica menos brilhante e se
consegue perceber melhor as diferenas de cores e tonalidades. Com 300x a riqueza de
detalhes aumenta, sendo possvel perceber as formas de algumas tempestades. Com 900x
no se tem nenhuma vantagem em comparao a 300x, alm de ficar uma imagem feia,
escura, geralmente tremida devido turbulncia atmosfrica, sem nitidez e at com menos
detalhes do que se consegue observar a 300x.
Uma frmula simples para determinar o aumento mximo til para cada abertura
multiplicando o dimetro em milmetros por 1,5. Assim um telescpio de 60 mm pode aumentar
com qualidade at 90x, um telescpio de 200mm pode aumentar at 300x. Em teoria se
consegue mais do que isso, alguns afirmam que com 60mm se consegue at 150x ou 175x,
porm na prtica se verifica que estes aumentos no proporcionam a percepo de mais
detalhes do que com aumentos menores, em parte porque o limite terico no leva em conta
que a transparncia das lentes no 100%, a reflexo dos espelhos no 100%, no se conta
as perdas nas obstrues etc. Todos estes fatores diminuem a luminosidade e,
consequentemente, reduzem o limite til de aumento.

Importncia da distncia focal:


Nos refratores antigos, a distncia focal era um fator muito importante por dois motivos:
primeiro porque com lentes simples na objetiva, a aberrao cromtica muito grande, e
quanto maior a distncia focal, menores so as diferenas entre os ngulos de refrao entre
os diferentes comprimentos de onda, portanto menor fica a aberrao. Na poca de Galileu,
Huygens, Cassini, Romer etc., havia instrumentos f/40 ou mais, para minimizar as aberraes.
Outro motivo de se usar distncias focais mais longas que o aumento proporcional
distncia focal do telescpio e inversamente proporcional distncia focal da ocular, e como

muito mais difcil alinhar adequadamente as lentes de oculares mais curtas, era praticamente
obrigatrio fazer oculares longas naqueles primeiros tempos, de modo que para produzir
maiores aumentos, os tubos dos telescpios tambm precisavam ser mais longos. Se por um
lado isso era til para produzir maiores aumentos com menos aberrao e mais nitidez, por
outro lado as estruturas eram difceis de mover, os tubos se curvavam sobre o prprio peso, e
o campo de viso era muito estreito, j que alm de os tubos serem longos, perdia-se parte do
campo com o diafragma.
O aumento de um telescpio determinado pela diviso da distncia focal da objetiva pela
distncia focal da ocular. Assim um instrumento com F = 1000 mm e uma ocular de 12,5mm
aumenta 80x. Com a inveno das lentes compostas, tornou-se possvel construir refratores
mais curtos e com qualidade comparvel ou superior dos mais longos.
No caso dos refletores, no existe o problema de aberrao cromtica, mas h o problema de
aberrao parabolide ou esfrica. A maioria dos instrumentos produzidos artesanalmente no
Brasil usa espelhos esfricos ou parabolides distorcidos. O ideal so os espelhos
hiperbolides de alta qualidade produzidos pela Takahashi, que possibilitam produzir
instrumentos to curtos como F/2.8 sem que isso comprometa a qualidade das imagens. Os
parabolides precisam ser mais longos para produzir imagens aceitveis, e os esfricos
precisam ser mais longos ainda. H casos em que se usa secundrios curvos para corrigir
parte da distoro causada pela forma do primrio.
Nos catadiptricos a distncia focal costuma ser muito longa, e alguns usam espelhos
hiperbolides, enquanto outros corrigem as distores com um menisco.

Distores na superfcie das lentes e espelhos:


Muito bem, agora que vimos um pouco sobre tipos de telescpios e sobre design ptico,
podemos tratar da qualidade das superfcies pticas. Tanto os espelhos quanto as lentes
precisam ter um padro de qualidade muito alto, porque qualquer pequena imperfeio se
multiplica com a ampliao do aparelho. Admite-se normalmente que a qualidade ptica
aceitvel aquela com erro menor que 1/4 do comprimento de onda da luz visvel, isto , de
Lambda ou Lambda/4 ou simplesmente L/4. A luz visvel cobre o espectro entre 3.600 e 7.800
ngstrons, e os testes interferomtricos nas superfcies de espelhos e lentes geralmente usam
um valor intermedirio (laser verde de 5.320 ngstrons ou perto disso). Estes testes visam
detectar as irregularidades em dezenas, centenas ou milhares de pontos ao longo de toda a
superfcie ptica, e assim tentar traar um mapa topolgico desta superfcie comparando as
diferenas com uma superfcie ideal. Quanto menores e menos abundantes forem as
imperfeies, melhor a qualidade da imagem. Geralmente estas imperfeies so indicadas
em duas medidas: wavefront error peak-to-valley e wavefront error RMS. A primeira indica a
diferena mxima observada em toda a superfcie rastreada. A segunda informa a diferena
mdia e pode ser uma informao mais til para indicar o padro de qualidade. Os melhores
telescpios do mundo geralmente apresentam erros menores que 1/20 do comprimento de
onda (L/20) pico ao vale e 1/120 RMS. Os muito bons chegam a cerca de lambda/10 P-V e
L/50 RMS. As melhores marcas populares, como Meade e Celestron, costumam ter L/3 a L/4
P-V e lambda/20 RMS. As marcas definitivamente duvidosas tem erro lambda/2 ou pior, muitas
delas mais de 1 ou 2 Lambda, e nestes casos as imagens ficam gravemente deformadas e
sem qualquer detalhe (Jpiter fica uma mancha branca).

Algumas das marcas mais consagradas do mundo para espelhos so Zambuto (1/100 RMS) e
Pegasus (1/50 RMS). H uma marca recente chamada Hubble Optics que reivindica produzir
espelhos (1/70 RMS), mas ainda no h reviews de clientes que corroborem este padro. Um
site russo declara que a Lomo produz as melhores lentes do mundo, talvez 1/100 RMS. H
vrias fontes que enaltecem a alta qualidade dos telescpios russos Astrophysics e Intes, no
entanto os resultados interferomtricos publicados sobre instrumentos Intes revelaram uma
qualidade ptica no muito diferente dos Meade e Celestron, perto de lambda/20 RMS. Os
telescpios Takahashi chegam a 1/50 RMS, alm de excelente mecnica.
De acordo com nosso amigo Alexandre Maluf, que participou na construo do segundo maior
telescpio ptico do Brasil e a quem devo a maior parte de meus conhecimentos sobre
telescpios, o Takahashi
Mewlon 300 mm Dall-Kirkham
a Ferrari dos telescpios e
produz imagens planetrias
comparveis ao refrator 914
mm do observatrio de Lick.
Marcas como Zeiss, Questar,
Nikon, Pentax, TMB, e
TeleVue
tambm
so
famosas pela alta qualidade e
alto preo. Marcas como
Vixen, StelarVue, Orion ainda
possuem qualidade bastante
elevada e preos mais
acessveis. Marcas como
William
Optics
e
Intes
possuem fama, mas h

divergncias sobre o preo que praticam estar justificado pela qualidade que apresentam,
inclusive testes com oculares Agena de $ 40 se mostraram superiores a oculares William
Optics de $ 120.
Marcas como Meade e Celestron so famosas pela boa qualidade e baixo preo, ficando talvez
no grupo das que oferecem melhor custo/benefcio. Com o crescimento econmico, industrial e
tecnolgico da China, seus produtos tambm melhoraram sensivelmente de qualidade, e
instrumentos de novas marcas entraram no mercado a preos competitivos e com qualidade
bastante razovel. Os GSO reivindicam ter erro menor que L/12 P-V, mas no apresentam
laudos interferomtricos que fundamentem esta reivindicao. Contudo a GSO respeitada
como uma das melhores marcas baratas. Outras marcas respeitadas por sua boa qualidade
so Antares, Edmund Scientific, University Optics e Agena. A lista mais extensa do que
citamos aqui. Entre as marcas de qualidade ainda aceitvel, esto Skywatcher, Konus,
Discovery, Zhumell e Bushnell. Outras marcas como Hirsch, Seben, Galileo, National
Geographic, Tasco, Barska, BlueSky e muitas outras, so geralmente sofrveis. E h algumas
que so definitivamente muito ruins, como a famigerada Baytronix (tambm chamada
ScopeTronix ou Tronix), que uma das mais vendidas por serem instrumentos aparentemente
baratos, mas na verdade so caros se levar em conta a baixa qualidade que oferecem.
Os instrumentos artesanais tambm variam muito de qualidade, dependendo de quem os
produz. Eu prefiro no emitir opinies que possam ser levianas sem ter suficiente
conhecimento de causa, ento acho melhor me abster de opinar sobre a maioria dos casos.
Limito-me apenas a dizer que o melhor astrofotgrafo planetrio do Brasil (at onde sei), Fbio
Plocos, que participa inclusive de projetos com o Hubble, usa espelhos produzidos por Dario
Pires, que muitos dizem ser o melhor ATM do Brasil. Compare a foto de Saturno acima
esquerda, tirada por Marco Lorenzi usando um Celestron 9 polegadas com a foto direita,
tirada por Fbio Plocos
usando um espelho de Dario
Pires de 10 polegadas,
ambos usando praticamente
mesma cmera (TouCam
Vesta e TouCam Pro II,
respectivamente) e fizeram
as fotos na mesma poca.
Embora a foto com o C 9.25
esteja
mais
ntida
e
possibilite perceber mais
detalhes, inclusive a diviso
de Encke (muito tnue),
importante esclarecer que o
C 9.25 um dos melhores
instrumentos da Celestron,
alguns afirmam que seja
inclusive superior ao C11,
perdendo apenas para o
gigantesco C14. Veja mais
fotos com o C 9.25 e com o
10 de Plocos nestas pginas:
http://www.astrosurf.com/lorenzi/images/saturn080105a.htm
http://cyberplocos.multiply.com/

O que podemos inferir disso que, utilizando mesma cmera e em condies gerais
semelhantes, com processamentos de imagens de alto nvel, o provvel melhor fabricante de
espelhos do Brasil possibilita atingir uma qualidade quase comparvel ao Celestron 9.25 (que
superior mdia de outros Celestron). Esta uma das melhores marcas populares do mundo,
talvez com erro em torno de L/5, enquanto um Celestron tpico tem cerca de L/3,5.
Comparando com fotos de Celestron 8 e 11, podemos estimar que a qualidade geral deste
espelho de 10 de Dario Pires equivalente das marcas Meade e Celestron. Na verdade no
se pode fazer tal avaliao com base apenas em fotos. O procedimento correto para fazer a
comparao seria por meio de laudos interferomtricos. Em nossa estimativa estamos
assumindo a hiptese de que as condies de observao foram muito boas nos dois eventos
(caso contrrio estas fotos no teriam sido escolhidas para publicao), as cmeras so quase
iguais, os dimetros dos instrumentos so semelhantes etc., assim nos parece razovel supor
que as diferenas sejam, em parte (grande parte), causadas pela qualidade ptica. Lembrando
tambm que as fotos foram feitas sem ocular nos dois casos, logo no houve interferncia da
qualidade deste elemento no processo.
Podemos afirmar tambm que um outro bom astrofotgrafo brasileiro, Olivar, utiliza espelhos
produzidos por Sandro Coletti, e que por serem estas fotos feitas sem motorizao e numa
montagem dobsoniana (inadequada para fotos), e mesmo assim serem boas (no tanto como
as do Plocos), grande parte dos mritos devem ser atribudos aos bons espelhos do Coletti,
que devem perder por pouco para os do Dario Pires.
A nica ressalva que eu faria que, por serem espelhos esfricos, acabam distorcendo as
bordas das imagens. Isso no afeta muito as fotos e observaes de planetas, mas pode no
ser bom para objetos extensos. Eles tentam compensar isso com relaes focais mais longas,
e de fato ameniza as distores. H outros produtores de espelhos, cuja qualidade eu no
poderia avaliar por no dispor de dados a respeito. O que se observa, geralmente, que h
muitas indicaes por amizade e companheirismo, e tenho visto uma enormidade de pessoas
experientes comprarem instrumentos industrializados para si mesmas e recomendarem
instrumentos artesanais aos iniciantes. Um dos raros casos coerentes que conheo o de
Fbio Plocos, pois ele recomenda o que ele prprio usa, e ele demonstra a alta qualidade do
que usa com resultados concretos e amplamente divulgados na Internet. Suas fotos de Jpiter
so impressionantes. Ele atribui grande parte dos mritos alta sensibilidade de sua cmera
(atualmente uma SkyNyx 2.0), mas no h dvida de que se ptica do telescpio no fosse
excelente e seus conhecimentos sobre processamento de imagens no fossem notveis, o
resultado final no seria to bom.
Aqui acho necessrio fazer um update em relao ao artigo original de 2009. Nos anos mais
recentes, os ATM brasileiros passaram a fazer espelhos com curvas parablicas na superfcie,
em vez de curvas esfricas, como eram na poca em que escrevi o artigo. Alguns deles
estudaram as tcnicas usadas por Zambuto e passaram a adot-las. Isso pode ter
incrementado substancialmente a qualidade de seus espelhos. Tambm importante
esclarecer que os laudos interferomtricos artesanais que os ATMs costumam fazer so
precrios, pois varrem poucos pontos na superfcie e isso reduz a probabilidade de detectar os
picos e vales. Uma boa interferometria precisaria cobrir milhares de pontos, ou pelo menos
vrias centenas, mas geralmente fazem varredura de uma dezena ou at menos, o que
compromete a validade destes laudos. Portanto possvel que a qualidade dos trabalhos de
ATMs brasileiros tenha de fato aumentado, em virtude do aprendizado de tcnicas mais
sofisticadas, porm os documentos que emitem para certificar esta suposta qualidade no
atendem aos padres necessrios para que os nmeros citados nestes documentos pudessem
ser representaes fidedignas da real qualidade dos instrumentos.

Concluses preliminares:
A marca ou o produtor da ptica so decisivos para a escolha de um bom instrumento. A
abertura importante para captar mais luz. A distncia focal ajuda a usar oculares mais
baratas e conseguir mesmo aumento com boa qualidade. O design ptico pode tornar os
instrumentos mais leves, ou mudar outras caractersticas de acordo com as prioridades de
cada pessoa. Com isso resumimos os critrios que ajudam a escolher um bom tubo ptico.

Alm do tubo ptico tipos de montagens:


Mas o telescpio mais do que isso. A parte ptica talvez a mais importante, mas a
montagem tambm um item relevante. Os telescpios de marcas ruins costumam ter
montagens duras para mover e sem firmeza ao parar em determinada posio, quando
deveriam ser suaves ao mover e firmes ao cessar o movimento. Qualquer que seja o modelo
de montagem, espera-se que os movimentos sejam suaves e as paradas sejam firmes. Os dois
principais tipos de montagem so equatorial e dobsoniana ou forquilha (fork).
A equatorial mais elaborada e facilita a
tarefa de acompanhar o movimento aparente
dos astros, sobretudo com ampliaes fortes.
Ela mais cara, porm mais barato para
motorizar uma montagem equatorial do que
uma dobsoniana. As desvantagens da
equatorial so preo e peso. A dobsoniana
muito mais barata, leve e pode ser construda
por qualquer pessoa com alguma experincia
em marcenaria. Para astrofotos, a equatorial
a mais indicada at determinado tamanho,
mas para instrumentos muito grandes, acima
de 16 polegadas, quase impraticvel usar
montagens equatoriais, a menos que se
tenha um observatrio e se esteja disposto a
investir mais de R$ 100.000. Os dobsonianos
podem facilmente superar 16, 20, 30 ou at
40 polegadas de dimetro, a custos abaixo
de R$ 100.000 e com peso que ainda
possibilita serem transportados sobre pequenas carretas no-motorizadas. Alm disso, uma
idia interessante para reduzir o peso de
grandes telescpios usar tubos vazados.
Em vez de cilindros ocos, usam um
esqueleto feito com canos para sustentar
a estrutura, e cobre-se com tecido preto
este esqueleto, ficando muito mais leve do
que seria um cilindro fechado de mesmo
tamanho, alm de ser desmontvel e bem
mais fcil de transportar. Geralmente
instrumentos newtonianos acima de 14
polegadas de dimetro so vazados. Uma
desvantagem dos vazados que
costumam descolimar mais facilmente a
cada montagem, o pano pode no

proteger suficientemente bem de luz espria, e a estrutura de canos mais propensa a se


deformar pelo peso do que um cilindro oco.

Outros detalhes:
H uma enormidade de outros fatores a serem considerados, e no h como analisar todos
eles, ainda que fosse escrito um livro sobre o tema, ou vrios livros. Mas h alguns detalhes
complementares que podem ser relevantes:
1) Com o passar do tempo, os espelhos vo perdendo sua camada reflexiva e a cada 20 anos
podem precisar de uma realuminizao (recoating). Os refratores no precisam disso.
2) Com o passar do tempo, os espelhos dos refletores vo se desalinhando e se torna
necessrio colimar o instrumento. Newtonianos e Schmidt-Cassegrain so fceis de colimar,
e a prpria pessoa pode fazer isso sem problemas. Mas os Maksutov-Cassegrain tem o
menisco fixo no secundrio e isso dificulta consideravelmente o processo de colimao. H
tutoriais descrevendo como se pode colimar um Maksutov, no algo impraticvel, mas
demorado, podendo consumir 5 horas ou mais, enquanto a colimao de um Newtoniano leva
apenas 5 minutos. Por outro lado, de acordo com os proprietrios de Maksutovs, depois que
ele colimado dura muito mais tempo at que haja necessidade de outra colimao. Os
refratores, por seu design ptico, praticamente no tem como perderem a colimao a menos
que o tubo seja deformado ou algo assim.
3) O tamanho da obstruo nos refletores uma faca de dois gumes: por um lado, quanto
maior a obstruo, maior ser o campo que se consegue ver, portanto melhor para cu
profundo, por outro lado uma maior obstruo vai piorar um pouco a qualidade das imagens
planetrias por afetar a nitidez e o contraste, alm de reduzir a quantidade de luz que chega ao
primrio. Analogamente, quanto menor a obstruo, melhor ele ser para observar planetas,
mas ter menor campo para observar cu profundo. Tambm importante ter em mente que
no adianta simplesmente aumentar o secundrio para se conseguir maior campo.
necessrio que haja cone de luz suficientemente largo na regio para ser aproveitado pelo
maior secundrio, bem como o porta-ocular precisa ter dimetro apropriado para aproveitar o
maior secundrio.
4) A qualidade da imagem final depender das condies atmosfricas, da qualidade ptica de
todas as lentes e espelhos do telescpio, da qualidade dos espelhos no prisma ou binoviewer,
de todas as lentes barlow e redutores focais, da ocular, da climatizao (temperatura dentro do
tubo em relao temperatura externa), da sensibilidade do olho ou do sensor ptico (se for
uma cmera), da lente da cmera (se esta no tiver sido removida) e do culos (se a pessoa
usar culos), dos filtros etc. Cada um desses elementos reduz um pouco a qualidade da
imagem final, portanto quanto menos elementos e quanto melhor a qualidade de cada
elemento, tanto melhor ser a imagem final.

Outras partes e acessrios variedades:


Alm da anlise dos telescpios, faremos uma breve anlise dos itens complementares.
Trips de ao, que balanam menos, geralmente so melhores do que os de alumnio e muito
melhores que os de plstico. H vrias marcas de montagens, entre as quais a Losmandy
(russa) e a Takahashi (japonesa) esto entre as mais consagradas. Para instrumentos portteis,
os de alumnio so preferveis.

Focalizadores Crayford esto entre os melhores. Conforme o nome diz, servem para ajustar a
distncia da ocular e assim obter o foco. Nos catadiptricos a
funcionalidade do focalizador um pouco diferente: move-se o
espelho principal para ajustar o foco. H focalizadores eltricos
que podem ser teis em algumas situaes especficas.
Buscadores so aquelas pequenas lunetas que so anexadas
paralelamente aos telescpios, e servem para achar o objeto
primeiro no buscador e depois no instrumento maior.
Ultimamente se tem usado um dispositivo chamado telrad ou red
dot finder, que utiliza um laser de baixa intensidade em vez de
uma luneta. O telrad mais prtico, mais confortvel e mais
rpido que o buscador.

Oculares:
Oculares so as pequenas peas cilndricas, com lentes em seu interior, que so colocadas na
sada dos telescpios e nas quais se coloca o olho, por isso o nome ocular. Elas so quase
to importantes quanto o telescpio todo, pois a qualidade da imagem que chega ao olho
depende em grande parte da qualidade da ocular. H 3 dimetros tpicos de oculares: 0,965,
1,25 e 2. Alm destes, h 3 outros tamanhos mais raros: 2,7, 3 e 4. Elas podem ser feitas
de diferentes materiais e com diversos designs pticos. Geralmente os telescpios de
brinquedo trazem oculares de plstico ou acrlico, de 0,965, embora haja algumas de vidro e
com qualidade aceitvel. As de 1.25 e maiores so de vidro ou de minerais nobres.
Assim como os refratores, e qualquer instrumento que use lentes, as oculares tambm causam
aberrao cromtica. Oculares como Huygens ou Airy, com duas lentes simples, causam
aberrao bastante sensvel. Por isso so preferveis as Plssl ou Ortoscpicas, para planetas,
porque usam duas acromticas. As lentes Barlow tambm podem causar aberrao, por isso
geralmente convm usar Barlow apocromtica ou, no mnimo, acromtica com elementos ED.

A escolha de uma ocular deve se basear principalmente no nvel de contraste que se precisa
obter, no tamanho do campo que se deseja e no nvel de ampliao de que se precisa. O
eyerelieve tambm pode ser um quesito importante, especialmente para quem usa culos. H
muitos modelos diferentes de oculares, com 2, 3, 4, 5 at 11 elementos. Quanto mais
elementos, mais difcil de se conseguir uma imagem com bom contraste. Com quantidade
muito pequena de elementos, como as Huygens e Rasmden, a aberrao cromtica se torna
um problema srio. As oculares mais simples com doublets, como Plssl com 4 ou 5 elementos,
as Brandon, Kellner, RKE, Ortoscpicas e Erfle so algumas das melhores para planetas, com
excelente contraste e praticamente sem aberrao cromtica por usarem doublets. As oculares
mais complexas (mais elementos) como Khler, Ethos, Nagler, Dilworth, Bertele, Radian so
algumas das melhores para se obter grandes campos aparentes, de at 120 graus, o que
muito vantajoso quando se deseja visualizar uma grande regio de uma s vez, mas como elas
usam muitos elementos, perde-se um pouco de contraste.

Assim como no caso dos telescpios, a melhor ocular depende da finalidade, e aquelas que
servem bem a determinado propsito no so as melhores para um propsito diferente.
Normalmente bom ter uma ocular curta e com poucos elementos, para produzir grande
aumento e bom contraste nos planetas, e outra longa e com grande campo, para produzir um
aumento pequeno e possibilitar enquadrar uma grande rea do cu dentro do campo de viso.
Outros tamanhos intermedirios podem ser complementos interessantes, mas pelos menos
duas so praticamente imprescindveis. As curtas podem ser, por exemplo, Plssl ou
ortoscpicas ou RKE, boas e baratas. As longas podem ser Ethos ou Nagler.
As oculares de 2 geralmente so usadas para grandes campos aparentes. Obviamente o
tamanho das oculares precisa encaixar no tamanho dos porta-oculares, e h adaptadores para
quando os tamanhos so incompatveis. Quando o dimetro do porta-ocular maior, no h
problema, basta usar um adaptador para resolver, mas quando a ocular tem dimetro maior,
perde-se parte do campo e ainda se deixa a distncia focal cerca 1cm mais afastada da
posio normal, o que pode
impossibilitar obter foco em
algumas situaes. Por isso o
uso de focalizadores e portaoculares de 2 prefervel, assim
fica fcil ajustar dentro deles
qualquer tamanho tpico de
ocular. Para telescpios at 20
ou 30 polegadas de dimetro,
praticamente
s
se
usam
focalizadores e oculares de 2
polegadas, exceto para planetas,
que
1.25

praticamente
indiferente, j que o tamanho do
campo no faz falta. Para
instrumentos ainda maiores,
como o telescpio de 100 polegadas do Monte Wilson, usam-se oculares de 4, com campo
aparente de 120 graus e design ptico com poucos elementos, resultando em qualidade
excepcional de imagens e campos gigantescos, em vez de oculares Khler, com mesmos 120
graus, porm design ptico com 11 elementos e conseqente reduo no contraste.
Estas oculares e porta-oculares de 4 polegadas, at onde sei, s so comercializadas por
Harry Siebert, bem como as de 3 e 2,7. Para os gigantescos telescpios amadores
Starmaster, NightSky, JMI, Obsession e outros de at 40 polegadas de dimetro, as oculares
de 4 polegadas podem ser um diferencial importante, com adaptadores para usar todos os
tamanhos menores de oculares. Quando se deseja obter o maior campo possvel, preciso
estar atento ao limite da pupila de sada, que determinado dividindo a abertura do telescpio
pelo aumento. Num telescpio com D = 200 mm e um aumento de 25x, a pupila de sada
8mm. Como a pupila humana em um adulto jovem aps longo tempo no escuro geralmente
atinge cerca de 7 mm de dimetro, fica difcil aproveitar esta situao, porque 8 mm excede o
tamanho da rea de informao luminosa que chega pupila, e necessrio mover o olho
ligeiramente para que se consiga pegar a imagem inteira. Esse limite varia de pessoa para
pessoa, varia de acordo com a luminosidade do local e do objeto observado. Nos casos de
fotografias, este limite fixo e depende do tamanho do sensor, possibilitando receber a
imagem sobre campos maiores, se o sensor for suficientemente grande. Portanto num
telescpio com 200 mm de dimetro e distncia focal 1000 mm, no se consegue tirar total
proveito do campo proporcionado por uma ocular de 40 mm ou mais, sendo o limite em torno
de 35 mm. J um catadiptrico de 200 mm com F 2000 mm permite usar tranquilamente

oculares 56 mm, 60 mm, 70 mm ou oculares 35 mm com redutores focais de 0,5x. Isso no


significa que os catadiptrico proporcionem maiores campos, isso no acontece, os campos
so de mesmo tamanho, e s possibilitam usar oculares mais longas porque as distncias
focais destes telescpios so mais longas.
Algumas das melhores marcas de oculares so Zeiss, Pentax, Astrophysics, Takahashi, Siebert,
TMB, Pentax e TeleVue. H tambm oculares de alta qualidade a preos muito mais acessveis,
de modelos bem especficos, entre determinadas marcas, como Antares Elite 5 mm e RKE 8
mm. Alm destas, as boas marcas so quase as mesmas dos bons telescpios. Algumas
marcas com custo/benefcio muito atraente so GSO, Orion, Meade, Agena, University Optics.
Talvez Vixen possa ser includa neste grupo, embora os preos sejam um pouco maiores.
Oculares de qualidade questionvel so Rini, Garrett, Tasco etc. Existem oculares com zoom,
que geralmente perdem em contraste, campo e nitidez, em troca de produzirem diferentes
nveis de ampliao sem necessidade de trocar de ocular. Estas oculares com zoom no so
recomendveis.

Aumentando e reduzindo o poder de aumento das oculares:


Lentes Barlow so acessrios interessantes que
possibilitam multiplicar o poder de aumento sem
reduzir o eyerelief das oculares, alm de poderem
ser combinadas com vrias oculares diferentes. Por
exemplo: uma Barlow
2x e oura 3x podem ser
combinadas
com
oculares 8mm e 32mm
de modo a produzir 8 nveis diferentes de aumento. Quando se
coloca uma Barlow 2x em conjunto com uma ocular de 10mm,
como se esta ocular tivesse 5mm, ou seja, o poder de aumento
dobra. Se for 3x, o poder de aumento triplica. Isso pode ser
interessante para no usar oculares com eyerelief muito curto. O
lado negativo que com insero de mais lentes se degrada a imagem. Antigamente as
barlows eram muito ruins e se conseguia mais detalhes nos planetas sem us-las, mesmo com
a imagem menor. Porm nos ltimos anos a TeleVue (e outras empresas) tem produzido as
famosas Powermate (um tipo de Barlow) e outras que so capazes de aumentar a imagem sem
degradao sensvel na qualidade, sem absoro sensvel de luz (mais de 99% de
transparncia) e sem aberrao cromtica que possa ser notada. A Powermate 5x da TeleVue
um exemplo de alta qualidade. De modo geral, deve-se preferir as barlows apocromticas e
de marcas consagradas, como TeleVue e Takahashi.
Redutores focais so acessrios semelhantes s lentes Barlow, mas que produzem o efeito
contrrio de reduzir o poder de aumento das oculares. A utilidade disso aumentar o campo,
em troca de uma reduo na imagem. Um redutor 0,5x, por exemplo, em conjunto com uma
ocular de 30mm, faz com que ela funcione como se tivesse 60mm. So extremamente teis
para telescpios catadiptricos com grandes distncias focais, quando se deseja observar
aglomerados abertos ou grandes galxias. So indispensveis tambm para fotografias de cu
profundo, j que os sensores CCD geralmente funcionam como oculares 6 mm, o que produz
aumentos muito fortes, inadequados para objetos extensos. Para se conseguir ter o objeto
inteiro dentro do campo de viso, ele precisa diminuir de tamanho, ento pode ser necessrio
usar um ou mais redutores focais, sempre lembrando que quanto mais elementos pticos se
adiciona, pior deve ficar a imagem final. A Meade produz um dos poucos redutores focais fortes,
de 0,33x. A maioria produz redutores 0,5 ou 0,7. Tanto os redutores focais quanto as lentes

barlow precisam ter tamanhos compatveis com as oculares e os porta-oculares, podendo se


ajustar com 1 ou mais adaptadores. Tambm importante considerar que o redutor focal s
ser capaz de aumentar o campo dentro dos limites que a abertura do tubo permitir. Se
exceder esse limite, ser produzida uma vinheta, resultando numa imagem menor, porm com
campo de mesmo tamanho.

Mais alguns acessrios pticos:


Diagonais so peas com espelhos inclinados 45 ou 90 graus que
podem ser necessrios nos refratores e nos catadiptricos para que
se consiga uma posio mais confortvel para observao, j que
sem eles, em algumas ocasies a pessoa poderia ter que posicionar
o rosto muito perto do cho ou em outra posio desconfortvel.
Como o uso do diagonal implica a introduo de mais um elemento
ptico, desejvel que ele cause a menor perda possvel na
qualidade. Para isso sua superfcie precisa ser extremamente plana,
lisa e altamente reflexiva. Diagonais dieltricos costumam refletir
mais de 99% da luz incidente, enquanto espelhos normais podem
refletir apenas 90% ou at menos. As superfcies devem ter erro mximo em torno de
Lambda/10. Alm disso desejvel que sejam feitos de metal ou fibra de carbono, para que
haja rigidez e no fiquem ligeiramente tortos, o que afetaria um pouco a imagem.
Eretores so peas constitudas por lentes ou espelhos que so usadas com o objetivo de
desinverter as imagens. No recomendvel que sejam usados, por serem elementos que
degradam a imagem e, no fundo, no tm nenhuma utilidade. Alm disso, as boas empresas
geralmente nem sequer produzem estas peas, o que torna seu uso ainda mais
desaconselhvel, j que as existentes no mercado so de qualidade duvidosa.
Filtros so acessrios que podem se prestar a diversas
finalidades, como produzir fotos em RGB com cmeras
monocromticas e depois empilh-las em softwares especficos,
minimizando a perda de nitidez causada pelos diferentes ndices
de refrao das diferentes cores. Podem ser usados na
observao direta para melhorar o contraste em alguns objetos,
como filtros verdes para Lua, azul para as nuvens de Jpiter, h
um filtro especial da TeleVue para Marte etc. Ou podem ser
usados para reduzir a luminosidade da Lua ou do Sol. No caso
da Lua, pode-se usar os filtros atarrachado na borda das oculares,
mas no caso do Sol existe o perigo de o filtro rachar e, em
seguida, lesar a retina do observador. Existem filtros solares para se colocar na frente da
objetiva ou logo na abertura do telescpio, recebendo a luz solar antes de ela ser intensificada
pelos elementos pticos, chegando muito mais fraca e sem risco de rachar ou derreter algo.
Tambm se pode observar o Sol por projeo da imagem num anteparo. H telescpios
especficos para observao do Sol, da coroa solar etc., entre os quais os Coronado so os
mais consagrados. H tambm polarizadores, que so filtros de transmisso varivel,
geralmente entre 2% e 40%, que servem principalmente para a Lua. H filtros para nebulosas
que ajudam a melhorar o contraste. As marcas de filtro mais famosas so Lumicon e Badeer,
alm das marcas j citadas, como TeleVue, Antares, Orion, Meade etc. Como as superfcies
dos filtros so planas, muito mais fcil produzi-los com alta qualidade e o prejuzo que eles
causam geralmente compensado com folga pelo ganho em nitidez que eles proporcionam.

Acessrios no-pticos:
Motores so acessrios importantes para fotografias, mas no fazem muita diferena para
observao direta, inclusive podem atrapalhar se travarem e no oferecerem a possibilidade de
mover manualmente a estrutura. Geralmente os motores so desenhados para estruturas bem
especficas, e pode no ser fcil adaptar motores de uma estrutura para serem usados em
outra ligeiramente diferente. A montagem equatorial CG5, da Celestron, por exemplo, utiliza
motores 93523, que saram de linha h alguns anos, e no se consegue encontrar estes
motores para vender em praticamente lugar nenhum do mundo. Consegui comprar um usado
de um site russo, depois de meses pesquisando. H como adaptar os motores da CG4, porm
so mais fracos, deixando o movimento menos suave.
O ideal j adquirir equipamentos motorizados, se esta for a inteno, ou pesquisar qual o
modelo exato de motor indicado para determinado modelo de montagem e verificar se existiro
disponveis para compra avulsa no futuro.
Em montagens equatoriais pode ser suficiente usar um motor para AR, mas nas montagens em
forquilha ou dobsonianas so necessrios dois motores para que se possa acompanhar o
movimento sideral ou de objetos especficos. As montagens dobsonianas podem ser colocadas
sobre plataformas equatoriais, com efeito similar ao de uma montagem equatorial.
Geralmente, alm dos motores, se tem o recurso tracking, para fixar num objeto e
acompanhar o movimento dele. Se o telescpio for computadorizado, com uma conexo
paralela num controle GoTo, AutoStar ou no computador, pode-se configurar para acompanhar
uma grande variedade de objetos, inclusive planetas, cometas, asterides e at satlites
artificiais, estaes orbitais, telescpio Hubble etc. Para isso necessrio um software que
contenha os elementos orbitais do objeto que se deseja acompanhar e que seja compatvel
com a motorizao do telescpio. A motorizao pode incluir tambm GPS, que reconhece a
posio do instrumento e pode ter recurso de auto-alinhamento.
Existem tambm telescpios GoTo sem motor, como os Intelliscope da Orion, que no se
movem automaticamente, mas possibilitam localizar qualquer objeto por meio da escolha num
menu e depois vo indicando num visor qual a diferena entre a posio atual para a qual o
telescpio est apontando em relao posio do objeto escolhido para ser observado, at
zerar a diferena. A pessoa vai movendo manualmente o tubo e observando o visor at que a
diferena seja zerada.

Concluso final:
De acordo com todas estas informaes, o que se deve
tentar escolher? Bom, dentro do limite de oramento que
se dispe, deve-se pesquisar quais so as alternativas
disponveis e depois compar-las tendo em considerao
os fatores que forem mais importantes para cada
finalidade especfica. Digamos que a pessoa quer
observar especialmente planetas, ento um refrator TEC
ou TeleVue pode ser uma excelente opo. Se a pessoa
quer observar tudo, inclusive planetas, pode ser mais
vantajoso um newtoniano Orion, Meade ou Celestron. Se
a pessoa quer tirar fotos, pode ser necessrio motorizar,
caso contrrio pode ser melhor investir numa abertura

maior. Instrumentos que venham com uma ocular longa (40mm) e outra curta (6 mm) poupam
custos adicionais, pois j vem equipados para planetas e cu profundo. Os que trazem apenas
1 ocular de 20mm ou 25mm geralmente so mdios para cu profundo e planetas, e precisam
de duas outras oculares, pelo menos. Os kits com 3 oculares e 2 barlows, tudo de baixa
qualidade, so piores do que apenas 1 ocular boa. Alm de aberrao cromtica, as oculares
de baixa qualidade deixam as imagens escuras, distorcidas nas bordas, criam reflexos
fantasmas (pode-se ver um eco de Vnus repetido 4 ou 6 vezes, como fantasmas), alm
de terem regies em que a imagem fica mais embaada.
O erro mais bsico e freqente comprar os telescpios
675x, 575x, 525x da vida, que geralmente no conseguem
aumentar mais do que 50x sem degradar seriamente a
qualidade da imagem, usam oculares de plstico Huygens e
Ramsden, portanto com aberrao, a qualidade das objetivas
sofrvel, a montagem dura quando no deveria ser e
frouxa quando no deveria ser. No so recomendveis, em
geral, telescpios com superlativos no anncio, do tipo
fantstico telescpio, super telescpio. Seria muito melhor
se informasse algo sobre o erro ptico mximo ser menor
que Lambda/10, que um dado objetivo e sem dramatizao.
O poder de aumento que informam no uma caracterstica
do telescpio, uma relao entre a distncia focal do
telescpio e da ocular em conjunto com as lentes Barlow. Portanto dizer que determinado
telescpio aumenta 675x uma informao intil e incorreta. Qualquer telescpio pode
aumentar 675x ou 10.000x ou 100.000x, s depende de quais oculares e barlows sero usadas
nele.
Alm disso, o que se deve buscar num telescpio no o maior aumento, mas sim a maior
riqueza de detalhes e cores. Pode-se ter imagens extraordinrias com 50x ou 100x num
instrumento de boa qualidade, enquanto os aumentos exorbitantes de 500x ou 1000x podem
produzir apenas manchas escuras e pobres, usando um punhado de lentes ruins umas sobre
as outras. Algumas pessoas alegam que com um oramento muito limitado, a nica alternativa
seria levar um destes, mas esto erradas, conforme comentarei mais adiante. H produtos de
boas marcas a preos praticamente iguais aos de marcas ruins, e h produtos usados muito
baratos e de qualidade muito superior aos novos de marcas ruins. Basta pesquisar.
O segundo erro mais bsico, geralmente cometido por quem j aprendeu que abertura mais
importante do que a quantidade de aumentos, comprar instrumentos de baixa qualidade s
para ter uma grande abertura a um baixo custo. Os Baytronix
so a armadilha mais comum para estas pessoas, que levam
um 6 polegadas novo e bonito, em montagem equatorial, por
$ 200, felizes da vida, mas quando usam pela primeira vez, j
sentem vrios problemas pticos e mecnicos.
Outro erro pensar apenas na parte ptica, sem levar em conta
a firmeza da estrutura e a suavidade de movimentos, bem como
o tipo de montagem e a praticidade de uso.
Por fim, um erro tambm grave pensar que um telescpio
motorizado ou computadorizado oferece vantagem em
comparao a um no motorizado. A vantagem existe se for
para tirar fotos. Caso contrrio, o custo com a motorizao pode
ser melhor aplicado na obteno de um instrumento com maior abertura.

Ento a qualidade ptica, que geralmente est associada marca, o tamanho da abertura, que
determina a capacidade de captar luz, e os detalhes sobre a montagem e os acessrios so
fatores importantes a serem considerados. Cabe a cada um avaliar como interpretar e aplicar
conjuntamente as informaes apresentadas aqui de modo a atender s suas necessidades
pessoais. O caminho indicado aqui bastante razovel, certamente incompleto e h muito
mais a dizer, porm acredito que j seja suficiente para evitar alguns equvocos graves na
escolha.
Tambm acho importante comentar que muitas vezes os vendedores no fornecem as
informaes necessrias para uma boa avaliao do instrumento. Isso comum principalmente
no Brasil, em lojas no especializadas, que do nfase ao nmero de vezes que aumenta, ao
fato de ser importado, ou qualquer apelo comercial similar. Quando as informaes disponveis
no forem teis para uma avaliao, recomendvel pesquisar por reviews em sites
especializados, como Cloudy Nights. Alis, essa recomendao vale para todos os casos, e
todos os produtos (alm de telescpios). Ler vrios reviews sobre um produto ajuda a ter uma
ideia muito mais profunda e imparcial, que pode fazer toda a diferena para orientar numa boa
escolha.

O que se consegue ver com telescpios de diferentes tamanhos?


Tentaremos dar uma resposta pergunta mais comum quando algum quer escolher um
instrumento ptico: o que eu consigo ver com ele?
Geralmente a pessoa no tem experincia com ptica, no est preocupada com detalhes
tcnicos como o wave front error ou o Strehl ratio do espelho, nem se a montagem uma
Gemini 11 ou uma EQ2, se o aparelho fcil de colimar ou se o GoTo tem PEC. Ela quer
saber principalmente os aspectos mais prticos, isto , o que d pra ver com o tal telescpio.
Em nossa resposta tentaremos ser objetivos, simples e to abrangentes quanto possvel. Antes
de tudo precisamos lembrar o que foi dito no item 4 do tpico Outros detalhes. Sendo assim,
tomaremos como referncia 7 instrumentos tpicos de diferentes tamanhos e qualidades, e
diremos o que possvel observar com cada um deles:
C8 (Celestron CN8, Newtoniano, D 203 mm, F 1000 mm, montagem equatorial alem CG5)
M127 (Meade ETX 125, Maksutov-Cassegrain, D 127 mm, F 1900 mm, montagem em forquilha)
B114 (Bushnell Voyager, Newtoniano-Cassegrain, D 114 mm, F 500 mm, montagem peculiar
esfrica)
L70 (Lomo Astele 70, Maksutov-Cassegrain, D 70 mm, F 890 mm, montagem peculiar)
JC76 (Jason Comet, Newtoniano-Cassegrain, espelho esfrico, D 76 mm, F 480 mm,
montagem azimutal)
M60 (Meade refrator acromtico 60 mm, F 700 mm, montagem azimutal)
N40 (Nikula refrator Bak4 40 mm, F 137 mm, 16x, sem montagem)
Sol:
C8 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio, trnsito de satlites artificiais, do
ISS, do HST etc.
M127 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio, trnsito de satlites artificiais,
ISS, HST etc.
B114 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio
L70 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio
JC76 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio

M60 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio


N40 Possibilita ver manchas, trnsitos de Vnus e Mercrio
Mercrio:
C8 Possibilita ver fases com facilidade
M127 Possibilita ver fases com facilidade
B114 Possibilita ver fases
L70 Possibilita ver fases com facilidade
JC76 Possibilita ver fases com dificuldade
M60 Possibilita ver fases
N40 Possibilita notar ligeira mudana na forma com a mudana de fases
Vnus:
C8 Possibilita ver fases com grande facilidade
M127 Possibilita ver fases com grande facilidade
B114 Possibilita ver fases com facilidade
L70 Possibilita ver fases com grande facilidade
JC76 Possibilita ver fases com facilidade
M60 Possibilita ver fases com facilidade
N40 Possibilita ver fases
Lua:
C8 Possibilita ver crateras, cordilheiras, muitos detalhes na superfcie
M127 Possibilita ver crateras, cordilheiras, muitos detalhes na superfcie
B114 Possibilita ver crateras, cordilheiras
L70 Possibilita ver crateras, cordilheiras
JC76 Possibilita ver crateras, cordilheiras
M60 Possibilita ver crateras, cordilheiras
N40 Possibilita ver crateras, cordilheiras
Marte:
C8 Vrios detalhes na superfcie e calotas polares
M127 Calotas polares em perodos favorveis, Syrtis Major em perodos favorveis
B114 Disco do planeta com facilidade
L70 Disco do planeta com facilidade
JC76 Disco do planeta
M60 Disco do planeta
N40 Disco do planeta com dificuldade em perodos favorveis
Ceres:
C8 Disco do planetide
M127 Fcil de ver
B114 Fcil de ver
L70 Fcil de ver
JC76 Fcil de ver
M60 Fcil de ver
N40 Possvel ver
Jpiter:
C8 Muitos detalhes no topo das nuvens, cores, manchas, faixas e detalhes na forma das faixas,
tempestades nas faixas, os 4 maiores satlites so percebidos como disquinhos, as sombras
dos satlites projetadas em Jpiter como disquinhos, diferenas de cores dos satlites

M127 Mancha vermelha e faixas horizontais com facilidade, cores, os 4 maiores satlites, as
sombras dos satlites projetadas em Jpiter
B114 Faixas horizontais com facilidade, cores, os 4 maiores satlites
L70 Faixas horizontais com facilidade, cores, os 4 maiores satlites, as sombras dos satlites
projetadas em Jpiter
JC76 Faixas horizontais com muita dificuldade, tonalidades, os 4 maiores satlites
M60 Faixas horizontais, tonalidades, os 4 maiores satlites
N40 Disco do planeta, achatamento polar, 4 satlites com dificuldade
Saturno:
C8 Diviso de Cassini nos anis, detalhes no topo das nuvens, faixas escuras, 6 ou 7 satlites,
sombra de Tit como disquinho, diferenas de cores
M127 Anis com facilidade, faixas escuras, 4 ou 5 satlites
B114 Anis com facilidade, 3 ou 4 satlites
L70 Anis com facilidade, Tit
JC76 Anis, Tit
M60 Anis com facilidade, Tit
N40 Percepo da forma alongada devido aos anis
Urano:
C8 Disquinho, cor esverdeada
M127 Disquinho, cor esverdeada com dificuldade
B114 apenas possvel ver com facilidade
L70 apenas possvel ver com facilidade
JC76 apenas possvel ver com facilidade
M60 apenas possvel ver com facilidade
N40 apenas possvel ver com facilidade
Netuno:
C8 Disquinho, cor azulada
M127 Sensao de disquinho
B114 apenas possvel ver com facilidade
L70 apenas possvel ver com facilidade
JC76 apenas possvel ver com facilidade
M60 apenas possvel ver com facilidade
N40 apenas possvel ver
Nebulosas (ex.: Orion):
C8 Muitos detalhes de diferenas de intensidades e contornos
M127 Detalhes de diferenas de intensidades e contornos
B114 Mancha de algodo
L70 Manchinha de algodo
JC76 Manchinha de algodo
M60 Manchinha de algodo
N40 fumacinha
Aglomerados globulares (ex.: 47 Tucanae):
C8 Sensao de que resolve algumas estrelas individuais
M127 Mancha com gradiente de brilho
B114 Mancha com gradiente de brilho
L70 Manchinha circular
JC76 Manchinha
M60 Manchinha circular

N40 fumacinha
As cores de nebulosas exigem aberturas acima de 400 mm para serem percebidas por
observao direta, embora sejam facilmente fotografadas com instrumentos de 50 mm ou at
menos. Os satlites de Marte seriam visveis com um 200 mm ou 250 mm, no fosse pela
grande proximidade ao planeta, que os ofusca. Com 300 mm possvel ver Fobos e Deimos,
Titnia e Oberon, Trito, Pluto. Devido inevitvel interferncia da atmosfera, o limite prtico
de abertura para perceber o mximo de detalhes em planetas cerca de 400 mm com
aumentos de 300x a 700x. Em casos excepcionais se pode chegar a pouco mais de 1000x.
Nos observatrios situados a grandes altitudes, onde a atmosfera mais rarefeita e tranqila
devido ao frio, h casos de 2000x para observao de Tit e Marte. H fontes que afirmam que
Herschel teria usado algumas vezes 6000x. Contudo, em condies normais boas, raramente
se consegue alguma vantagem usando mais de 700x.
Alguns detalhes interessantes: o Lomo 70 mm, apesar da obstruo maior que a do Jason
Comet 76 mm e da abertura menor, produz imagens melhores, possibilita observar mais
objetos e mais detalhes, graas sua superior qualidade ptica e ao fato de ter espelho
parabolide, enquanto o Jason Comet usa espelho esfrico. O Meade 60 mm refrator
acromtico apresenta pouca aberrao cromtica se comparado a refratores acromticos de
outras marcas inferiores, com os quais no se consegue ver boa parte do que possvel ver
com o Meade. Por exemplo: Tit facilmente visvel no Meade, mas no em outros de baixa
qualidade porque vira uma manchinha, em vez de um ponto, reduzindo o contraste com o
fundo escuro e dificultando a percepo. Detalhes em Jpiter so visveis com ele, mas no
com similares de outras marcas, e at mesmo maiores de outras marcas, como o Jason Comet
76 mm. O Bushnell 114 mm inferior ao Lomo 70 mm para observar detalhes em planetas,
devido qualidade ptica do Lomo, no entanto o Bushnell melhor do que Lomo 70 para cu
profundo, porque sua maior abertura possibilita captar mais luz.
Para ter uma idia geral sobre o que possvel observar com cada instrumento, convm
calcular sua magnitude visual limite. Para saber a mv limite de cada telescpio, uma frmula
bsica :
Refletor com 20% de obstruo, 90% de reflexo em cada espelho, 95% de transmisso na
ocular
mv_limite = 0,7 + 5 x log(D), em que D a abertura em milmetros.
Refrator sem diagonal, com 95% de transmisso na objetiva, 95% de transmisso na ocular
mv_limite = 1,1 + 5 x log(D), em que D a abertura em milmetros.
H frmulas menos realistas. Na prtica, estas frmulas que citei fornecem os limites reais do
que se consegue ver. Um dos erros comuns nos clculos dividir o dimetro da abertura pelo
dimetro da pupila humana dilatada (7 mm), elevar ao quadrado, tirar o logaritmo, multiplicar
por 2,5 e somar com 6,2. O problema que temos 2 olhos, portanto captamos o dobro da luz
que captada por uma lente de 7 mm, alm disso preciso considerar as perdas por absoro,
obstruo e ineficincia na reflexo. Geralmente isso resulta na perda de mais de 1 magnitude.

Novos x usados:
Para comear, interessante considerar que existe um preconceito largamente disseminado
contra produtos usados, que acaba por depreci-los abaixo do que realmente valem. Se um
produto teve a embalagem aberta, embora continue to novo como era enquanto a embalagem

estava lacrada, este simples ritual de abrir a embalagem j reduz o valor em 30%. Porm
existem tambm depreciaes reais que resultam de desgaste do tempo.
O mais importante a ser analisado na compra de um produto usado se sua ptica est em
perfeitas condies, sem riscos ou manchas, sem defeitos de fbrica etc. Depois se analisa a
parte mecnica, se no est com folgas ou deformaes irreparveis. Se estiver tudo ok,
provavelmente a depreciao ser puramente cosmtica, alm de a vida til do espelho ser um
pouco menor do que quando ele era novo. De modo geral, o valor intrnseco de um usado bem
conservado deveria ser cerca de 95% de um novo, mas na prtica custa de 40% a 60%. Isso,
em si, j representa uma vantagem interessante em preferir usados, e dos meus ltimos 9
telescpios, 8 foram usados. O ganho que se tem no preo pode ser investido numa abertura
maior, em acessrios extras, em uma marca melhor etc. muito mais vantajoso levar um
Meade usado 10 do que um Zhumell novo 10, ambos com mesma montagem e mesmas
caractersticas gerais, porque a qualidade ptica do Meade usado continua superior do
Zhumell novo. Ou ento muito melhor um Meade 12 usados usado do que um Meade 8
novo, sendo que os preos podem ser quase iguais.
Alm desses detalhes mais bvios, h tambm alguns mais sutis que podem justificar a
preferncia por telescpios usados: embora os produtos da China estejam se tornando cada
vez melhores e conquistando um importante espao no mercado, ainda esto longe de se
igualar aos produtos japoneses. Os Takahashi ainda so muito superiores aos Guan Shen
Optics. E como at poucos anos atrs a qualidade dos produtos chineses era bem inferior
atual, empresas americanas e europias no contratavam mo-de-obra chinesa para fazer
partes de seus produtos, mas sim compravam peas japonesas. Os Meade, Celestron e Orion
antigos possuem vrias partes produzidas no Japo, enquanto os novos tm estas partes
produzidas na China. H alguns reviews sobre oculares que apontam a Meade 9.7 mm antiga,
feita no Japo, como uma das melhores oculares planetrias, enquanto a 9,7 mm atual nem
sequer considerada muito boa. Isso significa que tanto a ptica quanto a mecnica de alguns
telescpios usados podem ser superiores s dos mesmos modelos mais novos.
Outra vantagem importante que um produto usado j passou pela avaliao de um usurio,
por isso se tinha algum defeito, foi substitudo, logo improvvel que um produto usado
apresente qualquer defeito de fabricao. Um novo no passou pelas mos de ningum e se
tiver defeito precisa ser enviado de volta ao fabricante para substituio, e como o frete
internacional no barato, isso significa que assumir o risco de trazer um produto com defeito
de fbrica no algo muito convidativo. Alm do problema de ser tributado duas vezes, porque
geralmente a alfndega no aceita a explicao de que o produto havia sido enviado para troca,
a menos que voc siga todos os protocolos de exportao temporria. H uma empresa nos
EUA chamada Company Seven que faz testes nos produtos novos antes de vend-los, e cobra
uma pequena taxa por isso (cerca de 10% do produto). A maioria dos compradores experientes
prefere comprar usados ou comprar da Company Seven, porque sabem que o risco de um
defeito de fbrica grande o bastante para justificar investir 10% a mais num teste antes da
compra.
Portanto ao adquirir um produto usado, alm de pagar menos, levar um produto que pode ter
melhor qualidade ptica e mecnica, ter menos riscos de apresentar defeito de fabricao,
ainda por cima comum receber maior quantidade de acessrios e ter flexibilidade para
escolher/trocar acessrios, enquanto os novos so configurados em kits fechados.
Isso no uma apologia aos produtos usados. Isso uma desmistificao da falsa supremacia
que se costuma atribuir aos produtos novos. Lembrando que alguns destes critrios s se
aplicam s marcas Meade, Celestron e Orion. Os Tahakashi e Vixen, por exemplo, sempre

foram feitos no Japo e praticamente no h casos de defeitos de fabricao, portanto dois dos
argumentos em favor dos usados no seriam aplicveis a estas marcas.
O que se pode dizer a favor dos novos? Em primeiro lugar, muitos oferecem frete gratuito
dentro dos EUA, o atendimento costuma ser mais profissional e cordial, se houver defeito voc
tem para quem chorar e ser consolado com uma troca por um novo, o tempo de vida til de
todas as partes um pouco mais longo, a esttica geral superior, alguns produtos novos
usam fibra de carbono em lugar de ao ou alumnio dos modelos antigos, com ganho em
leveza, resistncia e indeformabilidade. Na verdade, a maioria destas vantagens bastante
ilusria. Um risco no tubo, por exemplo, no afeta em nada a performance. Os usados, se
forem vendidos sem defeito, no deve aparecer defeito de um momento para outro, e se o
dano for causado por queda ou mal uso, a garantia do novo no cobriria tambm. Pagar o
dobro do preo por um atendimento mais profissional no muito razovel, e o frete gratuito
dentro dos EUA no pode ser desfrutado por quem vive no Brasil. Eu levei cerca de 2 anos at
renunciar aos meus preconceitos iniciais e admitir que produtos usados podem ser mais
vantajosos, DESDE que se compre em algum sistema no qual os vendedores sejam avaliados
publicamente por vrios compradores, como no eBay ou Mercado Livre, recebendo pontos,
estrelas ou algo que permita estimar sua credibilidade, e assim se consegue evitar o risco de
comprar algo com problemas no informados no anncio ou algo do gnero.

Onde comprar?
No Brasil no existem muitas lojas especializadas, e as poucas que existem praticam preos
cerca de 3 a 50 vezes maiores que as lojas nos Estados Unidos. Contudo existem vantagens
prticas que podem justificar compras no Brasil, tais como entrega quase imediata,
possibilidade de parcelamento no carto, suporte ps-venda e facilidade para troca em caso de
defeito de fbrica.
Uma antiga loja famosa era Omnilux, que agora se especializou em instrumentos de grande
porte. A AstroShop talvez a mais famosa do Brasil atualmente. O Armazm do Telescpio
tambm famoso e comercializa novos e usados. Sites como Que Barato, Mercado Livre e
OLX so opes interessantes para usados, mas pode ser mais vantajoso trazer usados do
exterior por 1/3 a 1/20 do preo que costumam vender usados no Brasil. Um dos melhores
centros de comrcio e permuta de produtos astronmicos usados a Astromart, com alguns
itens de alto padro que no so encontrados em outros lugares, de marcas como Lomo,
Pentax, Zeiss, Astropysics, TMB, Questar etc. O eBay outra fonte interessante em que se
pode encontrar pechinchas fantsticas. Eu consegui comprar um Jason Comet 76 mm,
produzido no Japo, com 4 oculares, 2 lentes barlow, tudo junto por $ 5! E h meios de envio
promocionais com frete muito barato. Um telescpio de 76 mm, oculares japonesas, adaptador
de cmera fotogrfica, no custa menos de R$ 1.000 no Brasil. Por ser usado, digamos que
R$ 500,00 seria um preo normal. Mas paguei $ 5! comum encontrar no eBay os famosos
Meade ETX 60 mm por menos de $ 50, enquanto no Mercado Livre j vi um usado de mesmo
modelo anunciado por R$ 1.900,00. H poucos dias uma pessoa comentou que um binculo
Tasco Bak4, 7x 50, usado, estava barato por R$ 300,00. Nos EUA um novo custa $ 29,90 e um
usado se consegue at por R$ 0,99 no eBay! Alis, um dos melhores lugares para compra de
telescpios usados o eBay, onde se consegue alguns instrumentos por preo quase 100
vezes menor. Tambm no Japo e alguns pases europeus alguns telescpios so
praticamente descartveis e quando o proprietrio adquire um instrumento maior e melhor,
acaba vendendo o antigo a um custo irrisrio. J houve casos de eu adquirir produtos que
valeriam facilmente $ 800,00 por menos de $ 10,00, por haver algum risco no corpo do tubo ou
alguma pequena avaria que no afetava em nada a qualidade ptica ou a funcionalidade
mecnica.

Enfim, a diferena de preos gritante. Alm disso h alguns procedimentos do tipo: se preciso
de um motor para acompanhamento, e o motor custa $ 39,00, mas existe um telescpio inteiro
usado por $ 4,95, eu compro o telescpio inteiro, removo o motor de que preciso e ainda fico
com um telescpio de brinde. No fcil achar itens to baratos, porque dependem de o leilo
avanar sem que haja muitos lances at o final, mas pesquisando com pacincia se consegue
encontrar negcios fantsticos. Entre os produtos novos, tambm se consegue excelentes
negcios com itens fora de linha. Logo aps o lanamento de um produto novo, os similares
que ficam obsoletos caem substancialmente de preo, e as lojas que no trabalham em
consignao ficariam com estes itens encalhados, por isso preferem vender ao preo de
custo ou at menor que o preo de custo, outras vezes oferecem como brindes promocionais a
quem compra determinados itens.
Onde comprar no exterior:

Onde comprar no Brasil:

http://www.ebay.com/
http://www.astromart.com/
http://www.telescopes.ru/
http://www.amazon.com/
http://www.telescope.com/
http://www.buytelescopes.com/
http://www.opticsplanet.com/
http://www.telescopes.com/

http://www.quebarato.com.br/
http://www.astroshop.com.br/
http://www.techs.com.br/users/dariopires/
http://www.telescopioscoletti.astrodatabase.net/
http://telescopios.sites.uol.com.br/
http://www.telescopios.com.br/
http://www.mercadolivre.com.br/
http://www.binoculos.net/
http://www.paraquedas.net/

Lojas no-especializadas, como Americanas, Submarino, Shoptime, costumam fornecer


informaes incorretas e produtos de baixa qualidade a preos elevados. Fiz uma busca nas
Americanas e s encontrei marcas Weifeng (chinesa?) e Bayard. Ambas desconhecidas,
presumivelmente ruins, e a preos altssimos. Um refrator 60 mm por R$ 569,00! Nos EUA se
compra um refrator 60 mm com ocular eletrnica para ver as imagens na TV e da marca Meade,
muito superior, por cerca de $ 55 novo ou menos de $ 5 por um usado! Aqui devo fazer mais
um update: recentemente li reviews sobre trips Weifeng para cmeras DSLR, em que os
usurios alegam ter qualidade comparvel a um manfrotto. Mesmo que haja algum exagero na
comparao, se fossem ruins no daria para fazer tal comparao, portanto possvel que
Weifeng seja uma boa marca. Tenho um micrmetro chins e um japons (Mitotuyo), ambos
digitais e com mesmas propriedades gerais. A qualidade muito similar, a repetibilidade
praticamente igual e a acurcia tambm, com a diferena que o chins custa 10x mais barato.
Em muitas lojas especializadas tambm h diversos produtos ruins, bem como no Mercado
Livre a grande maioria, talvez mais de 95%, so de pssima qualidade. No entanto nas trs
lojas citadas acima, o mais grave que no h nenhum produto bom que eles ofeream,
enquanto nas outras h alguns bons que podem ser garimpados em meio aos diversos ruins,
desde que se faa uma triagem com bons critrios. O perigo quando no adianta tentar filtrar
por simples falta de opo. Aqui tambm cabe um update: ultimamente o ML tem anunciado
alguns produtos melhores, da Meade e Celestron, por exemplo, mas a preos muito altos se
comparados aos mesmos itens nos EUA, geralmente 5x a 10x mais caros.

Como comprar no exterior?


Compras no exterior so mais simples do que muitos imaginam. Se a pessoa tiver carto
internacional, pode usar o prprio carto ou pode cadastrar o carto no PayPal
(www.paypal.com). Se no tiver carto, pode cadastrar sua conta no PayPal. Alguns sites
aceitam pagamentos em wiretransfer e withdrawall, entre outras opes, mas a opo mais
barata, prtica, rpida, segura e aceita em praticamente todos os sites internacionais de

compra o PayPal. A principal vantagem a segurana, porque depois que voc cadastra seu
carto ou sua conta, no precisa ficar digitando nmero, prazo de validade e cdigo de
segurana do carto em cada site de compra. Estes nmeros ficam registrados no PayPal e
basta voc usar uma senha num login seguro no prprio PayPal para autorizar o pagamento
loja. Alguns vendedores cobram a diferena de 3% que eles precisam pagar ao PayPal, mas a
maioria mantm o preo normal. Aqui necessrio fazer update. De 2009 para c ficou muito
mais difcil comprar no exterior, no tanto no sentido burocrtico, mas sim no sentido de no
ser tributado. Antes a maioria dos itens com valor declarado abaixo de $ 50 no eram
tributados. Atualmente quase tudo tributado, sendo que os impostos incidem sobre o preo
do produto mais o preo do frete.
O preo do frete depende do peso, do tamanho de a opo de envio. Geralmente o peso define
o valor na maioria das vezes, e em poucos casos o tamanho acaba sendo necessrio para o
clculo. Pode-se encontrar uma tabela de preos para envios dos EUA ao Brasil nesta pgina:
http://pe.usps.gov/text/Imm/ab_028.htm#ep1769232
As principais empresas que transportam produtos dos EUA a outros pases so DHL, FedEx,
USPS e UPS:
http://www.dhl.com/
http://fedex.com/
http://www.usps.com/
http://www.ups.com/
Para quantidades pequenas e leves, a mais barata USPS, com limite de 70 libras (32kg).
Existem algumas restries de marcas que impedem que se importe produtos da Meade,
Celestron, Orion, TeleVue e outras. Isso cria algumas dificuldades considerveis, mas ainda
restam algumas alternativas interessantes:
1) Comprar na Europa ou Oceania, a preos um pouco maiores (cerca de 30% maiores), e
h lojas europias que enviam produtos destas marcas ao Brasil sem restrio.
2) Quem tem parente nos EUA pode fornecer o endereo do parente para efetuar a compra,
e depois pedir ao parente que envie ao Brasil.
3) Ir buscar pessoalmente, e as passagens (econmicas) ficam em cerca de $ 1.500,00, o
passaporte e o visto levam alguns meses at ficarem prontos.
4) Comprar outras marcas menos consagradas, como Zhumell ou Bushnell, ou marcas
mais caras, como Takahashi, Vixen, William Optics, StellarVue, para as quais no
existem restries de importao.
Para itens abaixo de $ 50 (produtos + frete abaixo de $ 50), teoricamente h iseno da taxa
de importao desde que o remetente e o destinatrio sejam pessoas fsicas. Na prtica pode
ocorrer de tributarem mesmo que estas condies sejam atendidas, e tambm pode ser que
no seja tributado em alguns casos em que as condies no sejam atendidas. Apesar de ser
teoricamente bem interessante, na prtica se tem verificado dois problemas: muita burocracia e
muita lentido, podendo levar vrios meses e quando algum item do formulrio, que tem vrias
pginas, preenchido incorretamente, a pessoa no consegue retirar quando chega.
Uma interessante informao fornecida pelo astrnomo Roberto que o CNPq criou um
programa de incentivo importao de equipamentos cientficos, isentando pesquisadores da
taxa de importao. Portanto voc pode pedir a seu professor, por exemplo, que traga
instrumentos para voc em nome dele.

Se voc representa uma escola pblica, de uma regio perifrica e carente, e deseja adquirir
um instrumento para sua escola, mas no consegue trazer por intermdio do CNPq ou MEC,
eu posso trazer a preo de custo ou posso orientar passo a passo como voc deve proceder
para trazer. Dependendo de qual o instrumento desejado para sua escola, eu posso trazer
por minha conta e doar sua escola. necessrio comprovar seu vnculo com a escola e a
direo precisa emitir uma carta descrevendo brevemente como ser usado o instrumento.
Se voc ganhou medalhas em Olimpadas Internacionais da Astronomia, Fsica ou Matemtica,
e quer importar, mas no tem como fazer, eu tambm me coloco disposio para ajudar sem
custo. necessrio comprovar suas premiaes informando link oficial onde seu nome seja
citado, ou alguma evidncia equivalente.

Quais as melhores marcas?


Existem muitas marcas diferentes, com diferentes especializaes. Alguns especialistas
afirmam que a Lomo produz as melhores lentes do mundo, outros preferem Zeiss ou Takahashi.
A marca mais famosa de instrumentos pticos provavelmente a Zeiss, talvez seguida pela
Pentax. Binculos Fujinon so considerados os melhores, por alguns especialistas, ao passo
que entre os catadiptricos se considera que os Takahashi so os melhores, talvez rivalizados
pelos Lomo e Questar. Os refratores Astrophysics, Lomo, TeleVue, TEC e William Optics so
famosos. Os Newtonianos Starmaster (com espelho Zambuto) ou NightSky (com espelho
Pegasus) esto entre os melhores, talvez superiores aos JMI e Takahashi na parte ptica,
porm talvez os Takahashi sejam melhores na parte mecnica e eletrnica.
Entre as marcas mais populares, os que combinam boa qualidade com baixo custo so os
Intes, Vixen, Meade, Orion, Celestron, GSO, Zhumell, Bushnell.
A importncia da marca na escolha do instrumento precisa ser ponderada com cuidado, porque
nem sempre o mais caro atende melhor a determinadas finalidades. Por exemplo: um Lomo 70
mm sem montagem pode custar mais do que um Celestron 203 mm com montagem equatorial
alem, e com esta abertura 3 vezes maior o Celestron bate o Lomo em imagens planetrias e
esmaga o Lomo em cu profundo. Por outro lado um Meade 60 mm pode ser superior a um
Bushnell 70 mm de mesmo preo.
De modo geral, se a qualidade ptica estiver acima do limite de lambda/4, a abertura pode ser
mais importante que melhorar a qualidade ptica, e para qualidade inferior a lambda/4 pode ser
prefervel um ganho em qualidade do que num aumento na abertura. Isso no uma regra
geral, e depende tambm se a finalidade principal observao de planetas, cuja nitidez
depende muito da qualidade ptica, ou de cu profundo, que depende mais do tamanho da
abertura.

Estimo que mais de 80% das informaes apresentadas aqui foram aprendidas com o
amigo Alexandre Prata Maluf, a quem agradeo imensamente pela to amvel prontido
em sempre me ajudar na escolha e na avaliao de instrumentos pticos. Alexandre foi
um dos primeiros membros de Sigma Society, e um dos mais ativos. Lamentavelmente
faleceu precocemente, e dedico este texto a ele.

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