A Extremadura Portugueza (Parte II)
A Extremadura Portugueza (Parte II)
A Extremadura Portugueza (Parte II)
^TT^^;^
http://www.archive.org/details/extremaduraportu02pime
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
PARTE
1
II
A's
Regio
II
Da
Outra-Banda
IV
enseada de Sines
DiSTRiCTo DE Leiria
Cascaes
POUTDIiliL
PITTOQESGO
ILLDSTQIIDO
II
AEX
EZA
ALBERTO PIMENTEL
SEGUNDA PARTE
II
A's
LISBOA
TYPOGKAPHIA
LIVBABU MODERNA
gS,
Rua Q^ugusta, gS
||
45.
MDCCCCVlll
Rua
Jvens,
47
SEGUNDA PARTE
I- Regio
Caracterisao geral
5s dividimos a regio
dos saloios
em
b)
Zona de installaao.
Zona de penetrao ou
a)
do arrabalde
A
irradiao.
inicial
dos mouros
tolerados
bidos.
Os habitantes de todos estas localidades oferecem caracteres e costumes inteiramente anlogos aos dos saloios do Termo de Lisboa (zona de installaao) accusando assim
uma origem commum.
A linha de expanso tinha forosamente que desenvolver-se sobre o norte, porque
ao oriente o Tejo e ao occidente o Atlntico fechavam por estes dois lados o territrio,
que
a pennsula de
como sabemos, uma pennsula
isto, vamos vr qual foi o ponto de partida,
Posto
Lisboa.
a
zona de installaao.
margem
direita
do Tejo, sendo limitada ao nascente por este rio, ao occidente pela costa martima, ao
sul pelas villas de Oeiras e Cascaes, e ao norte pela villa de Mafra ou, se quizerem,
pela villa de Torres Vedras.
Por outras palavras, todo o antigo Termo de Lisboa^ expresso mais vaga e indecisa, porque ao passo que Luiz Mendes de Vaconcellos lhe dava dez lguas de comprimento e cinco de largura, contando-as desde Torres Vedras a Cascaes, Joo Baptista
de Castro apenas lhe reconhecia nove lguas de extenso, e de largura pouco mais de
trs,
tomando por
que
Velhos ao norte.
que a antiga expresso Termo de Lisboa se relacionava nica-
certo
pansivamente alastrou para o norte, mas que foi contido ao oriente pelo curso do Tejo,
como ao sul e ao occidente pelo mar.
Typo tradicionalmente resistente desde o principio da monarchia at hoje, o saloio
tem em verdade conservado a sua caracterisao originaria de raa estranha tanto nas
feies como nos costumes, apenas, quanto a estes, com explicveis transformaes no
vesturio, que de todos os costumes europeus o mais facilmente evolutivo.
A opinio geral attribue aos saloios uma origem marroquina, quer dizer, considera-os descendentes dos mouros que occupavam Lisboa antes da conquista christ e que
por tolerncia de Affonso Henriques aqui ficaram abairrados, depois
da cidade (Mouraria) como fora d'ella isalotos).
d'ella,
tanto den-
tro
mouro
No
natural
sculo
vii
Abyssinia. Durante o
Atlntico,
mesmo
do occidente da sia.
apesar da rivalidade
em que
como
lingua.
As
rabes,
mas
mero.
No
Espanha
como
como na
Africa, ra-
mouros conseguiram
esta-
e senhorear a Lusitnia.
em
Os
rabes so
um
artista e intelligente,
sempre activo
nmada.
O
O
mouro
Tem
muito
com
esta
gense;
apenas
ha
divergncia
Querem uns que a palavra aloio (graphia antiga) ou saloio (graphia moderna) tenha vindo de al, que assim se chamava a orao que os primitivos mouros estabelecidos nos subrbios de Lisboa rezavam, segundo seu culto, cinco vezes por dia.
Pretendem outros que o vocbulo derivou de al ou Sal, cidade martima da
Mauritnia
Conjecturam alguns que proceda de Salama, saudao usual entre os povos mahometanos.
'
^al
um
porto marroquino, que est separado de outro porto, Rabat, apenas por
um
rio estreito.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
marquez de Rezende, com o apoio de outros eruditos do seu tempo, suppe que
seria um appellativo para distinco de mouros oriundos de tribus
saloio
mais qualificadas, visto que s nos arredores de Lisboa se deu aos mouros este nome,
nome
e a
mais nenhuns.
uma
Finalmente,
alaio que
buto
cido pelo
nome
se
de po saloio
e seu termo, e
um
antigo
tri
*.
uma
relao necessria
com
de po a capital.
Podia mesmo succeder que o nome do tributo viesse do nome dos que principalmente tinham que pagal-o.
O que certo que ainda hoje se d ao po manipulado no arrabalde o nome de
po saloio, sendo especialmente afamado o de Melleas.
No interior da cidade, o typo marroquino degenerou facilmente pelo cruzamento, e
absorvido na populao christ; mas no campo essa absorpo teve de ser contrariada
no s pela vida solitria como pela exigua unidade das povoaes, que puderam assim
conservar o seu typo originrio, ainda depois da descaracterisao religiosa da raa se
sobrepor sua origem histrica.
A populao avanou para o norte, procura de terra, mas no recebeu elementos
estranhos, antes se consolidou ethnographicamente pelas relaes sexuaes dentro da
foi
mesma
colnia.
Em
motos habitantes
em
mantm
logares.
Os
A
a
mesma
de gerao
em
gerao.
a horta a arrifana ; a nora a naura mussulque elevam a agua de rega nunca perderam o seu nome de origem.
Entre as plantas hortenses avulta em lindos taboleiros a clara e fresca alface, que no
conservou entre ns a sua designao lana-lactuca (d'onde os trancezes derivaram
laiue) mas que bem patentea ainda ter provindo da voz arbica alchasse.
E aqui me lembra dizer que talvez fosse a predileco dos mouros do arrabalde
por esta cultura que fez generalisar o consumo da alface em Lisboa, por onde veio aos
As designaes
mana;
so ainda rabes
e os alcatruzes
lisboetas o
cognome de
alfacinhas.
com
um
livro escan-
ii,
Vestgios
da
xii
Sou
Tambm
Tambm
trago
tiro a
A quem me
tira
meu mantu,
carapua
o chapu.
frri?
f^
a senhora
dos queijos,
cara de laranja,
olhos de morcego,
saloia
gibo de pretinas,
collete vermelho,
saia deliruada,
mantu amarello
saloia
e todas as
vem
semanas
ou legumes
se lavadeira.
Um
frieleira
As
infeccionadas
consta que nenhuma lavadeira saloia tenha morrido por causa das roupas alheias.
Paschoa, a lavadeira costuma trazer s freguezas o presente de um molho de
louro, de rosmaninho e alfazema, para defumadouros.
E' um lao armado gorgeta ou folar.
No
Na
dese em
em
em
cabazes,
o diremos
melhorcom
os
morangos no vero.
A
nante
uma
ideia
domi-
Na
capital,
como um
Nas
a
em Lisboa,
um pensamento
estalagens
cabea sobre
uma
*,
cila
a anci de vr luzir a
manh para
incommodar menos
a dureza
com
do catre do que
despachar-se e abalar.
Em
maior ^e todns
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Assim, por exemplo, em Odivellas ainda hoje se vendem, em casas particulares, os
famosos esquecidos^ os no menos famosos suspiros, e a marmelada famosssima.
tambm, pararellamente,
saloio
Veste jaqueta,
com
se descaracterisou
no
faixa,
com
traje.
com
o gabo,
em
jornada
salto de prateleira.
Na cabea traz carapua, que antigamente brilhava de cores vivas, talvez por longnqua tradio do barrete vermelho dos mouros.
Eftectivamente,
vezes azul
com
Tambm
com
orla branca
outras
orla encarnada.
o saloio, quando queria passar por janota, usava collete vermelho, jaleca
Hoje a carapua
uma
saloia
desempenha e arrosta.
Das mouras que outr'ora viviam em Portugal, escravas ou forras, diz a tradio
escripta que eram lindas e interessantes. Gil Vicente, no auto do Jui\ da Beira, fala de
uma galante mourinha e Antnio Prestes, no auto do Procurador, emprega a expresso mourinha d'aljofre.
As saloias apenas podero hoje igualar-se s mouras na brancura dos dentes, que
estas conservam esmaltados com a frico de certa erva e aquellas talvez por efeito da
quinas, talvez por os duros trabalhos e violentas intempries que
silica
Mas em verdade
uma,
loira e branca,
rarssimo encontrar-se
em
uma
saloia bonita
branca, alta,
Amor
com uma
se eu
no tivesse
visto
Villa
uma
Beatriz de Odi/ellas,
de me.
So excepes muito
Em
raras.
Alem
arisca,
d'isto,
morena,
e ossuda.
spera, e to interesseira
da fara lyrica
Oh
como
Beijo:
saloia,
d-me
um
beijo,
saloio,
e,
mem.
Nos olhos
uma
tudo
d'elle, se
saloio
manhoso por
que
animado no
em
instincto.
geral o
mouro,
trato e na conversao.
at por desconfiana
ao contrario do rabe,
Uma
avaro do saloio.
Certo
um
por
de
dia, o prior
uma
dizendo
Uma
isto,
Isto
uma
pousava sobre
Termo
foi
procurado
de nada vale,
na minha horta. So
lembrana...
cadeira
um enorme
Mas eu
j lhe
Trago aqui
sr. prior.
uma
perfeio.
as primeiras batatas
que se apanharam
sr.
Ora o meu filho, o Manuel, vae s sortes este anno. Eu, com franqueza, no
gostava de o ver com as correas s costas. Bem sei que elle um rapago, l isso ;
mas se o sr. prior quizesse, com a sua influencia, o rapaz podia sair livre. ..
militar.
Agora no
s se faz a
no quero saber de
um
foi
n'essas coisas.
um
favor d'esses
no trabalho
em
eleies, e
grande influente.
embatucou.
saloio
Isso
politica,
Muito a
srio.
atreveu-se a perguntar.
Mas no desanime. V
ter
o prior vir
uma
caneca
com
vinho.
saloio bebeu, de
um
s trago, lim-
ao seu rapaz.
Tirou o saloio do bolso uma grande carteira de couro vermelho, cingida por uma
tira de cabedal, e n'ella guardou o dinheiro.
Muito obrigado, sr. prior. Beberemos sua sade. E agora, se me d licena,
.
vou
com o
falar
sr.
Fulano. Adeus,
sr. prior.
Encaminhouse o
ia
a abril-a,
-Diga
Se
ao
l.
vossa senhoria
me
sr. P^ulano.
Pois
no, vontade.
Ento
com sua
licena.
'
meu
filho,
com
um
toda a scmccrimonia
'.
clinica
em
varias
povoaes
saloias.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
No
um
perfeito e
completo exem-
Um
pcrtuguez que visitou modernamente Marrocos informa que aNo ha nada que
atemorise mais o
em
Isto
mouro do que
parte
dizer-lhe
ricoB.
do prprio
sulto.
Como
todos os avarentos, o
enterrai os por
um
mouro esconde
manda
saloio
que parece
tambm
232
(A
Uma
Quando
antga,
paiz.
filhos,
Gameiro
com o
e>>u
carapuo)
querem casar
reclamam
a sua legitima,
famlia.
Se o
saloio casou
com uma
viuva rica,
levantamse
embora
feia e
velha
Tambm
religioso como seus avs os mouros, se bem que reze menos oraes
no s porque a religio christ no to exigente n'este ponto como a de
Mahomet, mas tambm porque o saloio trabalha mais do que o mouro.
Cinco vezes por dia vo os mahometanos orar mesquita, e de cada vez lavam os
do que
elles,
saloio
no se lava nunca,
mente supersticioso.
Apesar de dominado pelo
com uma
com certa
gastar dinheiro
Falo
o de
at
espirito de avareza,
ou com
entrada de
um
do
juiz
que, eiiv
to
festa de igreja
mordomo da funco ou
bem
cirio.
um
papel importante,
cirio.
em
bruxas,
em
em
Contra todos estes malefcios procura o saloio defender- se com rezas, com bencom defurnadouros e com amuletos, entre os quaes tem iogar primacial a
zeduras,
figa.
Ficou celebre
em
Portugal
memoria das
e a
que
elle
chama brincadeira,
nas noites dos domingos e dias santos n'uma casa ou loja para esse
Comquanto
mussulmanos
Mourisca.
e
que
se realisa
despesa do petrleo.
Sonho
uma
o saloio
em
um
vestigio de tradio
certas pocas
para casar,
Um
e os
uma
feira
Lisboa.
as raparigas, sentadas
em
se dirigia casa da noiva, e ahi era esperado pelo padrinho d'esta, para fazer o pedido
de casamento.
em
abril-a
para simu-
lar resistncia.
Este costume no
dos mouros,
foi
filia-se
oriental.
Tambm o mesmo auctor portuguez, falando do casamento dos saloios, diz que
no dos mais ricos vo atraz do prstito uns poucos de carros conduzindo o enxoval
da noiva.
No sei que este costume subsista hoje.
Mas prevalecem ainda o tiroteio de confeitos sahida do templo e o jantar das bodas,
com
Palmeirim, descrevendo
Um
a estes dois
costumes,
EXTREMADURA PORTUGUEZA
das
em
Assim
com
'
a dlflerena, porm, de
em
tantos
pratos quantos so os convivas; e cada conviva deve despachar o seu prato ou ento,
dizem os saloios, no fa- a ra-{o festa. Findo o jantar, o padrinho mais auctorisado comea a propor Padre-Nossos por
alma dos parentes dos noivos, singular contraste com a alegria d'um noivado.
Em seguida principia o bailarico, no qual a noiva toma parte, parecendo ter esquecido completamente o noivo, que por sua vez no mostra impacincias nem desejos,
to certa a ausncia de fortes impulsos affectivos no casamento saloio.
Esta mesma ausncia se faz notar tanto no adultrio como no casamento.
A saloia raras vezes atraioa o marido, justamente porque as paixes amorosas e
os apetites sexuaes so sempre moderados na sua raa, tanto no homem como na mulher, e talvez
Mas
tambm por um
alguma vez prevarica, as outras censuram-n'a dizendo que anda amai encaminhada; comtudo, se ella no abandona o lar conjugal, o marido no a expulsa, no
a odeia porque nunca a amou, e todos acabam por esquecer o delicto.
se
Parece primeira vista inexplicvel o facto de ter a saloia muitos filhos sendo to
pouco amoraveis os cnjuges que ambos elles estimam tel-os por motivos diversos.
O homem v no augmento da familia um elemento de prosperidade ; cada filho so
mais dois braos para o trabalho.
A mulher tem por occasiao do parto trinta dias de repouso, e de melhor alimentao porque se trata a gallinha cozida e po alvo.
E' verdade que o parto pde ser laborioso, e quasi sempre o , em consequncia
da m posio do feto devida aos violentos trabalhos que a mulher desempenha at ao
:
Mas a saloia espera sempre livrar-se do perigo rezando algumas oraes, fazendo
algumas promessas, e, no momento critico, pondo na cabea o chapu e nos hombros
os cales do marido.
Raras vezes, e s em ultimo caso, chamado o medico, tanto n'esta como nas outras enfermidades. O saloio tem medo despesa a fazer com as visitas e os remdios
despesa
e ser avultada.
Alm
d'isso,
como
em
vive
com
sempre
fica
melhor.
Em
luto
incommoda pouco os
saloios,
porque
Atam um leno em
hombros com mantas de
breve e barato.
volta
da
l. Mas
com as pontas cahidas para traz, e cobrem os
saiem de casa, falam, trabalham, isto , voltam sua vida normal, sem lamurias e sem
o menor vislumbre de saudade, sincera ou fingida.
Tranquillo e conformado, o saloio raras vezes criminoso; no usa revlver, nem
usa navalha de ponta e mola. J vo apparecendo alguns fadistas nas povoaes do Ter-
cabea
mo, por contagio de Lisboa. Mas esses mesmos, quando so bulhentos, teem ordinariamente por arma de combate o pau de chapa, que tradicional na sua raa. Pde dar-se
como
'
'-'
certo que se
um
com
o seu cacete.
Tambm,
se gatuno,
No.
com
mesmo uma
lavadeira
o dinheiro da semana.
ladro saloio limita-se a furtar os fructos das arvores, as aves das capoei-
ras e
bil-os
uma
E'
terrvel
como
mal tratado, quasi sempre de pello amarello, defende a casa, defende as terras e
at defende toda a povoao com um patriotismo feroz.
Quando eu, no empenho de reunir apontamentos para este livro, passei uns dias
em Bucellas, vime parvo com 7 ces, com 70 ces, com 700 ces, com toda a canzoada
bravia que me sahia ao encontro na rua, na estrada, no campo.
O co do Minho ladra passagem de um traseunte, mas em geral s o persegue
se o v maltrapilho. E' um co menos mouro do que o saloio, que julga vr christosB
em lodos os viandantes, e lhes manifesta um dio de raa ladrando e mordendo. Na
Co que ladra no morde.
regio dos saloios no ha que fiar-se a gente no provrbio
o homem e o co. Um e ouNesta regio tudo parece haver ficado estacionrio
tro a amam, plenamente identificados com ella. No querem sahir d'ali, mas tambm
no querem que ningum l entre. E se o homem tem que vir cidade, deixando a
mulher no lavadouro, o co que guarda a casa.
sujo,
em
O saloio, apenas larga o amanho da sua almoinha e das suas terras, para vir exercer
Lisboa o commercio rendoso, e nada cansativo, dos morangos no estio e dos perus
no Natal.
E' uma tarefa bem remunerada, que s o constrange por
que apenas lhe impe o nico trabalho de apregoar:
Vai um cabaz de morangos
Merca o
mas
casal de pirutts
A venda dos morangos ordinariamente feita por saloios cintres porque Cintra
tem o privilegio do morango pequenino e gostoso.
Quanto aos perus, s vezes nem preciso apregoal-os, porque os vendedores estacionam n'um largo, como por exemplo o de S. Domingos o trabalho dos saloios resume-se ento em evitar que os perus se tresmalham ou em agrupal-os se elles se tresmalharam.
Como se v, o saloio monopolisa no seu sexo as industrias mais lucrativas e menos
;
pesadas.
E' a eterna tradio mourisca da inferioridade da mulher, sempre besta de carga,
hoje
uma moura.
No Aulo
trabalhar
como
escrava:
Tu
Os
como
dizes
e violetas,
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
17
Ora, os queijinhos, os morangos, a vara guiadora dos perus, as camellias e as viopesam de certo muito menos do que uma trouxa de roupa, as bilhas de leite,
um cesto cheio de fructa, de hortalia, de legumes, de ovos e um alguidar cogulado de
tremoos.
letas
Quanto
venda do
leite, este
Outro ramo de proveitoso commercio para o saloio a caa. Praticandoa diverganha dinheiro. As perdizes, coelhos e lebres que vem ao mercado da capital so,
na sua maior parte, uma industria do caador aldeo do arrabalde.
Entre os escriptores portuguezes que se teem occupado dos saloios do Termo, um
te-se e
253
Padeira
ha que, sem lhes desconhecer os defeitos, procura rebater a opinio de muito brbaros em que os tinha Miguel Leito de Andrada.
E' o erudito marquez de Rezende.
Para sustentar a impugnao menciona este venerando fidalgo alguns homens illusque diz terem nascido no arrabalde saloio, e algumas pessoas de sangue real.
Entre aquelies cita em primeiro logar D. Domingos Annes Jardo, que foi bispo de
vora e depois de Lisboa, bem como chanceller-mr do reino, no tempo de AlTonso 111
trs
D. Diniz.
Effectivamente D. Domingos nasceu em Agualva, que tinha ento o nome de Jarda,
ainda hoje conservado n'uma ribeira da freguezia de Bellas; e a prova de que provinha
e
de
o
est
no facto de
ter
falta
de outro,
futuro prelado revelou desde a infncia dotes intellectuaes, talvez por atavismo
11
E vem
em
Collares.
nome de
por ultimo o
marquez
Ora
isto
no
exacto.
em
*.
Os pais, segundo informa Frei Luiz de Sousa, que eram saloios, ambos nascidos
na Verdelha (actual concelho de Loures); mas gente boa e limpa e como tal viera
domiciiiar-se
em
Quer
um
surem
dizer que no
isto
casal na freguezia da
em
Terrugem (concelho de
Lisboa, quando o
filho
ali
D,
reis
e j policiados.
De mais
os tempos e paizes, sahiram algumas vezes talentos que constituem excepes pheno-
saloio do
como o
Termo no
ratinho
cumstancas
communs
ignorncia,
os ratinhos so
resistentes,
explicar-se, pelo
saloias.
'
pag. qi,
'
Demonstrafo
como
histrica
os saloios os depreciam.
da primeira
n7,
Ciip.
I,
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Miguel Leito, na Miscellanea, assignala a origem da palavra ratinho dizendo:
... os ratinhos, que sendo o concelho de Rates
e estes ss sejo
huma
s freguezia de quatorze ou
do mar.
a outras comarcas.
nome
'
Ora o territrio a que, entre o sculo xvi e o sculo xvii, Miguel Leito chamava
o concelho de Rates hoje a freguezia d'este nome no concelho da Povoa de Varzim,
com uns mil habitantes, e no mais legares do que aquelles que lhe so calculados na
Miscellanea.
E' uma das freguezias a que na Povoa se chama aldas para as differenar da
cabea do concelho
a villa martima; e possue um antigo templo que monumento
Vamos
explicai o.
nome que na
Por outras
Beira
popular,
lita
foi
um
Andaluzia.
Deu
mas
isto logar a
uma
sculo
anecdota
e aqui est a graa do caso que resalta de alguPadre Carvalho, o mais notvel dos nossos chorgraphos no
xviii.
Diz
elle,
Fim do dialogo
Vol.
II,
xii.
pag. 8S2.
em
na sia, ndia,
tros
America.
'
Como a alluvio dos ratinhos fosse cada vez maior, j no sculo xviii se no julgava
que elies pudessem proceder apenas da pequena alda de Rates, e portanto deu-se-lhes
por bero toda a provincia de EntreDouro e-Minho; mas ainda assim tornouse necessrio inventar a fabula de que as mulheres d'aquella provincia parissem copiosas ninhacomo
das de filhos
Eu
vi
em
as ratas.
(l diz-se
camaradas) de
ratinhos que
transtaganos,
como
se fossem para
uma
de pau entalada na
fita
campos
romaria.
em
uma
colher
Durante as
ceifas,
Muitos dos ratinhos morrem por insolao e empaludismo, herica e obscuramente, verdadeiros martyres do trabalho.
No
bem
recebidos, e fraternisam
com
as
povoaes.
Em
alli
na estrada comearem a zombar d'elles fingindo que arrulhavam como as rolas: ruru ruru.
O que tem graa que nas ruas de Lisboa os garotos algumas vezes apoquentam
os saloios chamandolhes tambm rolas e perseguindo-os com mordazes arrulhos.
tugal
Tom.
I,
pag. 336.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Durante todo o sculo
sempre em scena,
indicaes bibliographicas
comedia
especialmente
xix,
em
como provaremos
Lui:^inha^
pelas seguintes
a leiteira, scena
Ainda
c.
act.
Casamento do DesMorte do
Baptisado do filho do Descasca Milho, c. i act.
casca Milho, c. I act.
Mariquinhas
Casamento do filho do vaqueiro, c. i act.
act.
Descasca Milho, c.
a leiteira, c. i act.
Um duello em Odii>ellas, c. 2 act. O noivo da Lourinh, c. i
casca Milho, ent-act. cmico
o Descasca A ilha,
c.
act.
act.
Um
sabafos
noivado em Friellas,
do Z leiteiro,
juii eleito, c.
Chalaa,
can.
s.
act.
c.
Cru\es
veira, can.
s.
c.
c.
Manl
Z Canaia,
coisa que
bato,
s. c.
c.
Um baptisado em
Corisco,
act.
s. c.
Um casamento em
DeO
Fanhes, operet. Z
Canecas,
Manl
c.
act.
d" Abalada, s. c.
E c nan s,
Fr escala da Malmosquito, monologo
Um saloio em Lisboa, m.
Z Calino, m.
Cm alho, s. c. O tio Z ChiAmor e dinheiro, s. c.
c s, m.
sr.
Murtheira,
ou cunhos t can.
Uma
act.
s.
c.
Etc.
Fora do theatro, o
saloio
tem
sido
tambm em
litterarias.
primeiro
saloio; e
E' justamente n'essa incorreco que reside a maior graa d'este typo cmico.
Pela nossa parte no ousaremos nunca chamar dialecto linguagem dos saloios.
Reputamola apenas uma variedade local, no sentido em que Max Muller empregou
esta expresso
de
quem
a fala.
tal
linguagem no
Ora os
dialectos,
d'ella.
A mesma
opinio expressa
quando
Linguagem
diz
saio a
lin-
que
no
Uma
saloios
e estes
menos
origem
culta,
nem mesmo
aventar hypotheses.
das coisas que parece terem ficado do tempo dos mouros na successo dos
a rivalidade que aquelles sustentam de tribu para tribu, de aduar para aduar,
dres, etc.
localidades,
Ces de Carnide,
Cadellas do Lumiar,
Acudi aos de Bemfica
Qne
se
querem enforcar.
saloias circulam vrios provrbios, que nunca ouvi em qualquer ouque reputo interessantes como indicadores dos usos, costumes e sentimen-
Nas povoaes
tra regio e
tos indgenas.
Um
d'elles,
2^4
Uma caF:t
s.iloia
e pratica
do saloio:
II
Cadaval
n'uma
collina,
Abrigo.
com
a etymologia de
Cadaval prende
regados por muitas nascentes e arroios: assim, tendo o fundador da povoao perguntado onde por aqui haveria agua, responderam-lhe que em cada valh. E por apcope, teria vindo a dizer-se Cadaval.
A villa fica -jb kilometros ao norte de Lisboa e dista 6 da estao do Bombarral
na linha de oeste. Caminhamos, pois, da peripheria para o foco inicial dos saloios.
valles
Passa perto o
rio Bojota,
que
e parte
da serra de
Todo o concelho
frtil
e abastado, graas
cereaes e gados.
Data de remota antiguidade a povoao do Cadaval, que foi uma das occupadas
mouros na Extremadura.
D. Fernando, o Formoso, elevou-a categoria de villa e doou-a ao quarto conde de
Barcellos para si e seus successores em i de dezembro de iSyi. ' No tardou, porem,
que voltasse a villa aos bens da coroa D. Joo I doou-a a D. Pedro de Castro, filho do
pelos
conde de Arrayolos.
No reinado de D. Joo II o Cadaval doado a D. Martinho de Noronha, filho do
mordomo-mr D. Pedro de Noronha, que aquelle rei tratava por sobrinho.
Entre os Noronhas do Cadaval e os Soares de Torres Vedras rebentaram conllictos, que deram origem ao levantamento de bandos de uma parte e outra. Em certa pugna travada entre os dois bandos ficou morto, junto a Torres, um dos Noronhas,
Henrique.
Braamcamp, Brases,
Joo
facto, D.
II
mandou chamar
sua presena
Gomes
Soares, o qual
respondeu
Que
se sua alteza o
rei,
tO
Cadaval
uma
villa
pequena,
referir,
em que pouco
uma
igreja e
mais
ha para vr,
uma
bem pouco
para
quinta!
A igreja foi fundada pelos habitantes, e tem de curioso dois quadros da celebre
Josepha de bidos, o da Senhora do Rosrio, e o da Circumciso.
A quinta a chamada de Dona Amiga, que tem uma deliciosa alameda, a que s
falta, para se tornar de propores buclicas, uma senhora em blouse branca, recostada
brandamente n'um kioske, lendo Fanny ou as Folhas cabidas, hora em que baixa o
Fanny no Cadaval ? Por que no? se ha uma alameda bem copada e bem fresca ?
por que no, se houver uma senhora bem crystalisada e bem romntica O' amor! Amor!
sol.
As
artes
e os teus
crimes at
nenhum cupido de pedra n'aquella alameda, por velho e espo que fosse ? Uma
alameda sem um cupido, no alameda. E' s por ti, amor, que se anima o mrmore,
e que a tela respira!...
Debalde se procura no Cadaval o palcio dos duques. Encontrei apenas dois parento
outro
a adega
dizimos
!.
do duque do Cadaval
um
d'elles o celleiro, e
t>
Isto j antigo, mas vale por uma photographia instantnea. Estava ainda em voga
Fanny de Ernesto Feydeau e a theoria de Sthendal sobre as crystallisaes no amor;
mas nas linhas geraes o quadro do Cadaval completo.
A vida social que mudou aqui como em toda a parte onde a situao geographica favoreceu a vizinhana de uma linha frrea.
ir
em
um
progresso
tomava se
vapor at
Villa
Nova da Rainha,
por Otta
conduco.
e seguir depois
cao
'
e,
portanto, de commercio.
Scenas da minha
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
sempre um grande grmen de prosperidade e renovao.
Tanto assim que Jlio Csar Machado fala de um barbeiro que em 1862 acumulava
no Cadaval oito logares e hoje ha n'esta villa dois barbeiros que no fazem.
seno
Isto quasi
barbas.
Com
e cada
villa
coilegios
tem actualmente uns novos paos do concelho, duas escolas officiaes, e dois
para ambos os sexos duas pharmacias e um medico agentes
particulares
bancrios e de seguros; dois hotis e trs casas de pasto; trs modistas; uma papelaria ; lojas de fanqueiro, de mercador de quinquilharias, ferragens, louas e vidros ; um
forno de loua vermelha; uma caldeira de distillao e trs sociedades musicaes
larmonica Cadavalense, Recreio musical dramtico e Sol-e-d 17 de agosto.
255 Vista
Phi-
geral da villa
mingo.
Commercio
titulo
d'um peridico
de duque de Cadaval
foi
concedido por
Tentgal.
i.'' com a 8.* condessa de Odemira, viuva e sem
que da casa paterna herdou, entre outras propriedades, o paul de Muge; a 2.*
com a princeza Maria Anglica Henriqueta Catharina de Lorena, que era prima em segundo grau da rainha D. Maria Francisca Izabel de Saboya; e a 3.* com a princeza
Margarida Armanda de Lorena, filha do conde de Armagnac.
filhos,
De
Succedeu-lhe no
sou
com
titulo
Jayme de Mello,
VOL.
11
3.
2.
Pedro
ca-
II.
duque.
4
a6
Era uma
Quando
para
caar
ir
pre por
elle
3."
em
tratada
duque
campo em Muge,
com
passava
especial affecto.
em
muito perito
foi
sr.''
equitao e toureio.
Casou
2.*
vez
com
rena.
constitucional.
elle se
refere
uma
O
Succedeu-lhe na casa
sou
em
Pariz (1843)
famlia Cadaval
com
uma
seu
Como
as for-
fraco, etc.
filhas, a 4.*,
D. Jayme Caetano,
3." filho
do
5."
duque de Cadaval.
Agua de Peixes
com
vai primeiro
duque
tio
i833
Pedrouos.
saloio.
Quanto ao
sem
fato,
os velhos
usam
gravata, sapato de salto de prateleira, atacado; cinta, barreie ou chapu de aba larga.
Os rapazes variam um pouco este traje tradicional, afadistando o, seja pelo contacto
com Lisboa durante o tempo do servio militar, seja por serem impressionados por uma
dupla corrente de influencia lisboeta que recebem retlexamente de Torres Vedras ao sul
e das Caldas da Rainha ao norte
povoaes em communicao directa e diria cora
a capital.
'
No Alemtejo, concelho
de Alvito.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
27
domina uma
ribeira affluente
do
Arnoia.
rio
Alem da sede da
Gouxaria
Populao
Ha uma
total
29 habitantes.
A freguezia de S. Vicente do Cercal, com uma populao de 604 almas, est situada
na estrada real de Lisboa s Caldas da Rainha, e dista da cabea do concelho 12 kilometros para leste.
iiE' uma terra pittoresca o Cercal, diz JuIio Csar Machado
de ser alegre era qualquer situao e com qualquer tempo. *
tem
a habilidade
Antigamente era paragem obrigada dos trens que vinham das Caldas para o Carregado ou que do Carregado iam para as Caldas.
Os
cocheiros desaguavam
ali
os cavallos, e avinhavam-se a
uma
anecdota graciosa,
como
si
mesmos.
os seus escriptos.
Quando algum
deveres bebendo
minutos
para
uma canada
reflectir
no que
ia
Um
de
uma
Tem uma
uma
de agosto, i3 de outubro;
mercado no
i."
Jlio
Em
i85i
foi
agraciado
com
titulo
de baro do Cercal, e
em
1867 promovido a
Mas como no
freguezia
com o nome de
titulo.
com
1.533 habitantes,
fica a
Alem da
'
lSo,
pags. 11(1-117.
Painho
e agrcola.
a Jlio
lindo conto
O
nem
O pastor
da Palhoa.
descreve-o assim esse pobre Jlio, que a fatalidade matou: ... Palhoa
sitio
um
pouco adiante do
balanando aos ventos do inverno o ramo que tem porta, nem tambm a
estao da malaposta que lhe fica um pouco direita, e que no deve chamar-se Palhoa, mas logar dos carreiros ; os campos de pastagem que ali se encontram, que
Cercal,
sitio esse nome, em tempos mais poticos, que toleravam ainda a clscabana de palha no meio dos montes.
Quinta ha uma em Figueiros
chamam-lhe dos Canios.
A freguezia de S. Thom de Lamas, com uma avultada populao de 2.752 almas,
demora 5 kilometros a sueste do Cadaval.
Comprehende vrios logares, dos quaes o mais notvel Pragana ; e cinco quintas,
uma das quaes com o singular nome de Noruega.
mereceram ao
sica
logar
querem chamar
Os
a Bairrada
em
Na
abundam o
alecrim, que
O
A
Ha em
e trs chafarizes,
sendo
um
com
uma
sociedade musical
uma
monica de Pragana.
Nas Lapas, penhas que dominam o
gumas exploraes
alto
montanha. E'
No
logar,
logar
com
for-
flores.
em
razo da
muito amplo
d'elles
escadas de cantaria
abobada de
o titulo de
uma
tijolo;
Philar-
feitas al-
romeiros
Pragana
No
Os
j lhe
da Extremadura.
acampam
um
arraial
uma
extremamente pittoresco.
de Rochaforte,
tambm da mesma
freguezia de
Lamas^ ha outra
escola
aflluente
do
rio Real,
0'i
I.
nha mai,
vem no
gaitro.
0'i
nha filha,
Tca-ro pandro.
0'i
0'i nha
N posso ganhar.
nha mai,
pandro t roto.
0'i nha
Ganha
.j.5.
filha,
p'ra tro.
0'i nha
mai,
filha,
Vai-te deitar
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
0'i
29
nha mai,
N posso drumir.
Como
a
accusam
notamos a respeito da linguagem dos
incorreco
saloios.
Exemplificando
ro por outro
dru-
rado
villa,
para
si
como
e seus successores
256
se v da doao
em
no tempo do
Um
sr.
4.
conde de Barcellos
do reino
rei
17 de julho de 1371.
freguezia
que
D.
Sobrena, e as quintas do
em
foi
ministro
847-1 848.
povo da Sobrena e arredores tem muita devoo com a imagem de Santo Estevam, que est n'uma ermida do logar, e de pedra porque piamente cr que se cura
1
em
com bom
vinho
jejum.
freguezia
'
tem 63
Braamcamp, Brases,
habitantes, e
vol.
S.
ii',
uma
Joo Baptista.
pag. 255.
A
uma
freguezia
e do Gradil.
com
de S. Simo da Vermelha,
ribeira affluente
Tem uma
Pombo
do
rio Real,
ponte sobre a
ribeira.
villa
Cadaval.
Isto
no
exacto.
Em
concluso
Foi
em
Lisboa que
elle
com
comeou
a prosperar.
n'um perodo de
em
1848;
com
de
si
mesmo
declara no
Como
mas em
II
com
foi
Bom-
soflreu
'
como
nasceu,
Apontamentos de
um folhetinista,
pag. 182.
a progredir e enriquecer.
III
Lourinh
na. estrada
na
villa,
uma
pittoresca
avenida.
ao perodo romano e
com
certeza ao rabe.
um
dos
'
2.' ed.,
tora.
I,
pag. 1*78
32
Comtudo
esta
tra-se idntica
no de Marmelar.
foral
da Lourinh
encon-
castello,
tgios.
Dona Urraca.
Morreu Vicente Taveira sem deixar prole, e por sua morte pretenderam a successo os parentes de sua me, como affins da linha do conde Jourdan, primeiro senhor
da Lourinh.
D. Affonso
no os attendeu,
III
el-rei
encorporou a
villa
infante D. Affonso.
de a ter
comeou
Fizeram-se inquiries
podia competir
D. Diniz
ou
outra
cahia
como sopa no
seu
filho,
Nuno Gonalves,
quem Affonso IV
con-
firmou a doao.
Ainda outro Gonalves, de nome Martim, que parece ser filho do individuo acima
recebeu o senhorio da Lourinh, e por testamento o deixou a sua mulher
Maria Coelho.
Interveio ento el-rei D. Fernando, que ao seu grande privado Gonalo Vasques
de Azevedo doou o mesmo senhorio, com o pretexto de ser o donatrio filho do prior
de Santa Cruz de Coimbra, D. Francisco Pires, natural da Lourinh, e aparentado por
seu pae com a linha de Jourdan.
A principal razo no estava de certo em ser Pires, mas em ser valido.
Subiu ao throno D. Joo I e doou o senhorio da Lourinh ao famoso doutor Joo
das Regras, por morte do qual o herdou sua filha Dona Branca da Cunha, mulher de
referido,
Uma
filha d'estes,
D. Izabel, casou
com
D. lvaro de Castro,
O
novo
foral
foral
do conde Jourdan
em
i."
conde de Monsanto.
condes de Monsanto. *
confirmado por D. AlTonso II;
foi
D. Manuel deu
i5i2.
Padre Cardoso
nome de Lourinh
disse,
veio da
que comprehende a
'
Mesma obra
Mon. Lus
'
Port.
villa
Mon.Leges
liv.
et
dados
3 fogos.
XVI.
consvetudines.
mencionado como
Nossa Senhora da Annunciao,
Choreographico, Lourim no
casal, na frcguezia de
e so-lhe
tomo
e edio,
tom. V,
lei
I,
pag. 447.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
33
um
casal
do Lourim
e de
Lourim
um
entre as
Casal
Novo
do Lourim.
Parece-nos que no seria esta a origem do onomstico Lourinh, comquanto haja
exemplos de um casal ou de uma estalagem ter dado nome a uma povoao. Antes nos
inclinamos a acceitar a etymologia indicada por Corteso ' Lourinh, da baixa latinidade laureanea, terra abundante em loureiros.
:
De Laurianea, Laurian
(Porl.
Mon.
Leges
et consvetudines,
1,
pag. 447)
de Lau-
rian, Lourinh.
igreja matriz da
257
at.
Tinha
bellas
Um
castello,
ampla
magnifica
sumptuosa
aspecto da villa
Na
gargalhitos (donatos); e
Ha
Subsdios
VOL.
II
para
um
tomo
II,
pag.
19.
34
Funccionam na
masculino, e
uma
duas escolas
villa
officiaes,
sendo
em
i58(),
Conde
de Ferreira
a do sexo
Ha
duas sociedades de recreio Club Recreativo 14 de Julho e Philarmonica Louum hotel, do Porphyrio quatro estabelecimentos de trens de aluguer ; lojas
de modas, fanqueiro, mercearia, quinquilharias, ferragens, loua, etc. ; agente do Banco
agentes de seguros contra incndios ; uma pharmacia, e um
Lisboa & Aores
rinhanense
medico.
Faz
se
e feira
de
S.
Matheus
21
de setembro.
(vinte kilometros
pulao
de
habitantes,
5. (334
ambos os
sexos.
Em 1902, o meu illustre amigo sr. Arthur Gonalves, que aqui veiu ha muitos annos crear familia, encetou a publicao de um peridico, intitulado A Tentativa, e imem Peniche.
Publicaram- se apenas 4 nmeros. A tentativa falhou, apesar de arrojada. Foi assim
desmentido o provrbio latino: Audaces fortuna.
A villa da Lourinh, como todo o concelho do seu nome, tem abundncia de vinho,
presso
Tambm
Quanto
a fructas, de
fama de serem
muito saborosas.
A
um
Lourinh
foi
bero de
um
campo de
Deus
e pelo rei.
Refiro-me ao arcebispo de Braga D. Loureno, um dos contendores em Aljubarroonde com a cruz sobre o peito e o roquete sobre as armas, arremettia impvido
contra os castelhanos invocando Santa Maria e brandindo a espada.
Tanto avanava no ardor da peleja, a par dos mais esforados, que recebeu no
ta,
rosto
uma
forte cutilada.
ir
contar
em
minha
cara*.
mesma
lhe vibrou
o golpe
causa
foi
que
bem convidado,
prompto para
em
Castella a ou-
sadia que
e sobre a
Concluida a obra,
foi
a palavra
interrogou
Aljubarrota.
a D.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
35
parede de
No
um
curral
Triste e lastimoso
Manuel
de Martinho de Mello
2,
condessa da Lourinh
mesmo
conde do
i."
titulo foi
soflria d'aquella
referimos pelo ultimo d'aquelles vocbulos, que realmente parece mais expressivo pela
correlao existente entre a depravao de gosto da ave
e igual
chamada pega
(pica
em
latim)
mandar parar a sua carruagem para que o trintanario recolhesse na rua aquella substancia immunda que os francezes designam espirituosamente por omelette quitte au
soleil; e Camillo, nos caminhos rsticos de Seide, no menos espirituosamente por
boninas.
litoral varias
do norte para o
povoaes ma-
sul
a) Sitio
uma armao
bj
o concelho.
c)
d) Atalaia de
ha
uma pequena
Cima
um
posto
e Atalaia
fiscal e a
praia da Peralta.
praia de banhos.
Ribamar, que servida por um pequeno mas seguro porto, denominado Porto
Dinheiro, onde muitas vezes se acolhem as embarcaes de Peniche quando ha tem)
poral
*.
As
que se destinam ao ensino publico, que aquella de que por vezes nos servimos apenas
menciona Ribamar como povoao martima d'este concelho.
Voltando ao assumpto, diremos ainda que a linda praia da Areia Branca demora
a um kilometro da villa da Lourinh, e que o panorama que se avista do Alto da Vigia
verdadeiramente encantador.
No Porto de Barcas que j o dissemos serve as povoaes da Atalaya, naufragou ha vinte e cinco annos, por causa da agitao do mar, uma companha que tinha
ido levantar as redes lanadas junto a Peniche trs dias antes.
Pereceram, quando entravam em Porto de Barcas, trs dos pescadores, vista de
terra, porque uma onda alterosa voltou o barco que elles tripulavam.
Braamcamp, Brases,
I,
217.
praia de [ibamar aindi se prolonga ao sul para dentro do concelho de Torres Veiras.
36
scena
foi
lancinante.
Os
nufragos gritavam angustiosamente, e em terra os haanimao e estimulo, para evitar que perdes-
sem
a coragem.
Tudo
foi
baldado.
com
festa
arraial a
saloio da
Diccionario 'Popular, de
remata o seu
Pinheiro Chagas,
ligeiro
artigo
dizendo:
sobre a Lourinh
No sabemos qual a
como:
' da Lourinh !
No se faa
258 Paos do Concelho
da Lourinh! todas ellas batendo
no mesmo sentido.
E' provvel que alguma anecdota explique a procedncia do proioquio, como synthese da boalidade do camponez da Lourinh. Ignoramol-a. Mas o que sabemos que
o povo d'este concelho conserva uma rudeza primitiva e aquella ignorncia tradicional
que os saloios herdaram dos seus antepassados. Assim nos affirmam pessoas que de
perto o conhecem.
Comtudo devemos
uma ou
nem
modo
deprimente
para a maioria dos seus habitantes, pois que o incluir a totalidade seria grave injustia.
freguezia do Ermello,
Leite de Vasconcellos
em Mondim
tambm
um
como
cortio de gente
diz
pouco
favorecida intellectualmcntc.
uma
Annuario para
freguezia
nem
logar
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
37
consummo
necessidades do
em
regra,
local.
ecclesiasti-
camente ao Patriarchado.
A villa cabea de uma comarca de terceira classe.
Antigamente pertencia comarca de Torres Vedras.
compe o concelho da
Lourinh.
freguezia de Miragaia
No
ma
(S.
dista
sei se
menos
ga-
do Porto, reconstruda
por Garrett.
E' verdade que existem outras
gueda, de Paredes, da
na ilha do Fayal, com
quanto eu lhes no conhea lenda
nenhuma.
fiel,
de
Guarda
Comprehende
vrios
freguezia
esta
sendo
logares,
um
d'elles
homonymo do que
Vai de Lobos,
se
Nossa Senhora da Piedade inspira grande devoo ao povo, o qual, em occacostuma fazer uma procisso de penitencia, levando a imagem
turio de
metros
que
fica
mesmo
apenas
a distancia de Soo
Ignez de Castro.
Ha
escolas
em
Miragaia
na Martelleira.
fabrica de distillao e
um
forno de telha.
freguezia da Moita dos Ferreiros, orago Nossa Senhora da Conceio, conta 1.067
habitantes.
Fica na encosta de
Tem
um
Comprehende
algumas quintas.
Faz-se aqui a feira chamada de Nossa Senhora da Misericrdia, no primeiro domingo
de setembro.
freguezia de S.
e o
uma
quinta
38
Tem
freguezia
Lourinh,
Comprehende
vrios
kilometros ao norte da
as
villa
da
da
Junceira e da Lameira.
dominam
a estrada
Por detraz
A
A
povoao
da Lourinh e para o
d'e5tas colinas
dista da villa
O
Os
Mesdames Foy
Os
Foy gravemente
portuguezes
e os
ferido.
9.
Junot, desanimado,
lebre
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Sg
Em
vo alguns generaes portuguezes e a crte do Rio de Janeirc protestaram conque nos humilhavam, e que mostravam da parte dos inglezes uma
transigncia tambm humilhante para elles.
S Junot, pelo seu lado, levou de Lisboa em dinheiro 77:4oo.'?ooo ris e muique depois teve de ser
tas preciosidades, taes como a celebre Biblia dos Jeronymos
'
de 1811)
Vedras).
II
ambos os
ruraes, a mais importante pelas suas tradies histricas, no s por haver sido ou-
cabea de concelho,
tr'ora
com
especiaes regalias,
se relaciona
com
culano
uma
Parte
1.*,
nica vez.
40
outro livro
meu
mim
illustre historiador,
Tem um
vida
com perseverana
Ouvirei.
tro.
em
'.
e pacincia.
Vae
talvez admirar-se.
Procure desembrulhar documentalmente a complicada questo Ignez de CasSe puder encontrar provas decisivas, ter prestado um bom servio.
Eu
fiquei
Mas, sr.
homem
As
de
lettras.
me
es-
/ '
em
1875,
das eruditas notas ao
uma
Ignei de Crasto,
Esta bifurcao da lenda
e perversa,
em dois poios oppostos, esta estranha antithese psychodos poetas e a verso do povo, anthitese indocumentada roas
parallelamente tradicional entre um c outro elemento, fez-me comprehender melhor as
palavras de Herculano, porque me entremostrou quanto, em verdade, o problema era
logica
entre a verso
complicado
e obscuro.
lher
Em
chamam
porque as lavradeiras
Fim do
algum
me
d'ali,
se
deu copia de
um
documento
existente
no
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
tombo parochial de
S.
em Alde Nogueira
Salinas,
se verificava
que o palcio do
amorosas de D. Pedro e D. Ignez, isto segundo a antiga crena de ter D. Ignez sido
da infanta D. Constana.
Mal diria eu ento
que a lenda de Ignez de
porque o ignorava totalmente
Castro a havia de encontrar ainda localisada em parte da sua feio idillica na mesma
cias
aia
mas em outra
regio distante,
com
todo aquelle
mesmo
261
Em
distinctos,
ter
reflecti eu.
o appellido de Vailadares.
Na Torre do Tombo
D.
Pedro a Ignez de Castro, do padroado da igreja de Santo Andr de Canidello, que
no fica longe de Vailadares. Tambm o testamento de D. Pedro m.antm aos filhos de
D. Ignez que outro si foi nossa mulher o direito de propriedade sobre o a quinta de
Canidello.
Tudo
isso, replicou
Camillo
com
Mas
eu tenho
provas.
Chegaram
VOL.
11
visitas, e a
conversao interrompeu-se.
6
nenhuma.
O que no padece duvida infelizmente ainda hoje que Alexandre Herculano
tinha carradas de razo para chamar problema histrico e complicada questoi ao
assumpto Ignez de Castro.
A lenda, com todas as suas vagas nebulosidades e salientes cqntradies, permanece fundamentalmente no mesmo estado, mas desdobrase episodicamente ao sul no
concelho da Lourinh, e
d'esse
modernos, que
Pedro
I,
adoou.
a civilisao bruniu e
Mas devemos
empenhados em assegurar
um
Era
exaltada
pensamento constante,
por
e,
isso,
Affonso IV teve,
como notou um
erudito medico,
de estado.
Pedro
assim
mesmo
iliustre
commentador.
uma
linda
mesma
e pela
no s
a
castiga atrocidade
segue de
um
real, lhe
com
mas
amada
e ostentar
de
con-
um modo
terrfico
residia
vontade
suprema
parentesco
de
com
fidalgos
um
duplo perigo
castelhanos,
politico,
no s pelas suas
era
me
de
bastardos.
Esta s palavra bastardos seria sufficiente para azedar o corao de Affonso, porque lhe recordava a encarniada lucta com seu pai por causa de Affonso Sanches.
E comtudo essa recordao era apenas uma face da questo politica, da razo de
estado, tal como elle a via segundo a sua poca e a sua prpria intelligencia. *
Na calculada resoluo que tomou a respeito da morte de D. Ignez de Castro devemos attribuir a Afonso IV tanto a premeditao como a responsabilidade, porque
O
ponto de
dr.
vista
Mas
foi
da psychiatria
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
tudo faz suppr que os executores do assassnio antes seriana instrumentos fieis do
que deliberados conselheiros pois que no podiam crer na sua absoluta impunidade
como cmplices
de
um
tal
acto.
Mas Affonso IV no era homem para ouvir melhor conselho do que o seu prprio.
Quando um dia pensou na confiscao dos bens de Affonso Sanches, realisou-a contra
a
vontade das cortes e dos privados saltou por cima de tudo para fazer a sua vontade.
Na hora da morte, no obstante o pacto de perdo celebrado com o filho, Affonso
IV parece sentir pesar-lhe o remorso de haver compromettido trs dos seus amigos
na tragedia de Coimbra, e aconselha-os a fugirem.
que Ignez
Subindo ao throno, Pedro I quer diz uma tradio no incontestada
em
vida.
So passados
O
ram no
do
que se conta
que
ella foi
rainha depois de
morta em
mo; porque
vontade
rei
justia de talio.
dro
cer
como
Tem
rainha, se a
com
Castro era
uma
No ha duvida
no
em
i36i fal-a
exhumar
e reconhe-
verdadeira.
espirito de Affonso
IV
a considerao
de que Ignez de
de que era
D. Ignez de Castro; e
memoria da coroao
em
filha natural
foi
degolada
44
de Castro fra casado com D. Violanta Sanches, tambm filha natural de Sancho IV de
Pedro I
Castella, pai da rainha D. Beatriz, pelo que Ignez de Castro era prima de D.
e
D. Pedro Fernandes de Castro, por alcunha o da guerra, foi casado duas vezes,
parenta, D.
sua
uma
Ignez,
de
filha
uma
e
lvaro,
um
filho
houve
matrimonio
do
fora
Aldona Loureno de Valladares, filha por sua vez de Loureno Soares de Valladares,
fronteiro-mr de Entre-Douro-e-Minho.
ascendncia de D. Ignez de Castro no era, pois, obscura nem humilde, e o
muito se prefacto de ser bastarda no implicava desdouro entre as classes nobres, que
legitimo ou illegitimo.
rem tanto
me como
te-
a filha dado
bos estes
pouco tempo o
seria.
como sempre
appellido de Pires
usou seu irmo lvaro emquanto
subsno foi conde de Arraiolos
tituiria este
262
Lavadouro
do Poo Novo
n'um
intuito
de maior nobilitao
era
amada
por D. Pedro, ao respeito da corte portugueza, lembrando-lhe que por sua av paterna
descendia de bastardia real.
Em
que poca principiariam os amores com D. Pedro? Diz se geralmente que Ignez
como aia de D. Constana: n'este caso, os amores leriam
cf^meado durante o matrimonio do principe.
Mas da tragedia Castro, de Antnio Ferreira, o qual falleceu da peste grande em
16G9, e portanto precedeu o poema de Cames, deprehende-se
o que Duarte Nunes
de Lio corrobora
que foi antes do casamento com D. Constana que principiaram
de Castro viera para Portugal
os amores
como seu
eila
e ficasse.
Diz Ferreira
Por mim lhe aborreciam altos estados,
Por mim os nomes de Princezas grandes.
Por to grande me avia nos seus olhos.
Hum
Deu
Por
J quasi
Deu
do seu fado
triste
agouro
Amor,
desejo, e f
me guardai
livre,
sempre.
em
Portugal
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Segundo
com
a de alguns chronistas, D.
Pedro
amava
Ignez de Castro quando a razo de estado, imposta por seu pai, o obrigou a desposar
D. Constana Manuel.
Esta infanta
teria
com
porque
illicitas,
em que
mas
em
sonhou.
Ora a infanta D. Constana poderia ter feito valer, para divorciarse, uma clausula
do seu contrato nupcial
a qual dizia que, no caso de haver filhos, se devia impedir
que D. Pedro tivesse relaes com outras mulheres.
Esta estranha clausula no faz suppr que D. Joo Manuel, pae de D. Constana,
estava j bem informado dos amores do noivo com Ignez de Castro ?
A pobre infanta nunca fez valer n'esse ponto o seu contrato nupcial.
Affbnso IV, reconhecendo que nem o casamento nem o compadrio haviam dado
resultado, devia ter-se convencido de que a paixo de D. Pedro pela formosa Ignez era
invencvel.
Mas susteve a fogosidade do seu caracter, porque se via melindrosamente collocado entre o herdeiro legitimo do throno e uma fraca mulher mais perigosa pelas circumstancias do que por si mesma: a situao era dilicil e embaraante.
46
Este estado de coisas durou todo o tempo que D. Constana viveu casada, desde
1340 at 1345 ou 1349.
perigo, durante a viuvez de D. Pedro, tornara se maior.
tranquillisar o
rava
Castro.
Mas
o principe procu-
pae insistindo
Comtudo continuava
Ignez de
infante
certamente mais novo que o infante D. Joo, dos filhos illegitimos de Ignez de Castro
o mais velho, a esse tempo, porque o primognito fallecra.
um
uma
uma
a razo
para
tar
uma
sem
navegaram na
tado. Ignez
esteira lendria
uma
Os
poetas
razo de
es-
subjeito
corao, a
Cames
muy
de tudo
Mas
blico,
se as ideias
acatada,
princesa seruida,
em meus
de
paos
muy
muy
honirada,
abastada,
querida.
tambm, segundo
ellas,
vencella.
Estaua
como
quem soube
devemos
certo,
No Minho, onde maior distancia tornou menos funda a impresso da lenda, Ignez
de Castro no a pomba ou cordeira dos poetas, mas o typo da mulher impudica e enredadeira.
Mais ainda. E' certo que Ignez de Castro no foi assassinada junto actual Fonte
dos Amores, mas no Pao de Santa Clara, que a Rainha Santa mandou erigir a par do
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
47
menos
bella^.
Os altos cedros que do tanto caracter de melancolia Fonte que hoje vemos na
Quinta das Lagrimas, so arvores relativamente modernas em Portugal, onde esta espcie botnica foi introduzida no fim do sculo xvii *.
Quanto ao pormenor pittoresco dos cabellos, lembra nos contar, a propsito, o
seguinte facto histrico: quando em 1810 os francezes violaram em Alcobaa o tumulo
de Ignez, e at mutilaram o nariz da estatua lavrada horizontalmente sobre o mausolo,
foram encontrados em bom estado os cabellos da pallida don^ella, rainha posthuma,
depois adquiridos em parte por algumas senhoras portuguezas, e em parte levados ao
Rio de Janeiro, onde, na occasio em que o conde de Linhares os estava mostrando a
D. Joo VL uma forte rajada de vento os arrebatou dispersando-os ^.
Mau fado perseguiu Ignez de Castro, nos amores, na morte, nos filhos, e at nos
cabellos.
que
certo
de irradiao,
idillio
como um
de ternura,
como vamos
Segundo tenho podido averiguar, foi em 1862 que Jos Joaquim Roque Delgado,
ento administrador do concelho da Lourinh, pela primeira vez fez saber em publico,
no Almanach de Lembranas^ que na freguezia de Moledo d'aquelle concelho existiam
as ruinas de
um
sitada por D.
em
palcio
vi-
Pedro; que a
um dos quaes
rendeu
i44J)OOff ris;
Clara que Ignez de Castro residia, cf. Fernam Lopes. Foi assassinada porta
Coimbra glorhsa, manuscripto da B. N. de Lisboa. Coelho Gasco, nas Antiguidades de
Coimbra, tambm diz que foi no pao, sitio do Culgo.
2 Viagem dos imperadores do Brapl em Portugal, pag. 197.
3 Dr. Ribeiro de Vasconcellos, D. Isabel de Arago, I, pag. Ji-22i.
*
No pao de Santa
d'este pao,
cf.
Archivo Pittoresco,
Interessante artigo do
sr.
1,
pag. igi.
III,
275.
mesmo
palcio se conservava
um
pedestal
'
alguma estatua gigantesca e que n'elle havia uma inscripo indecifrvel, bem como as
armas da primeira casa reinante em Portugal.
Era em verdade muito interessante este filo, mas nem Almeida em 1866, nem
Pinho Leal em 1874, nem Baptista em 1876 fizeram mais do que repetir, s vezes copiar,
aquella vaga indicao, contentandose com isso.
Vamos por nossa parte dizer quanto nos foi possvel apurar. Transportemo-nos, para isso, semi-selvagem regio que, situada entre os concelhos da Lourinh, de Peniche e bidos, 6 kilornetros distante da costa do mar, tem o
nome de Cesarda.
Nery Delgado suppe que este onomstico uma derivao de Csar, pois que,
segundo a tradio local, foi aqui estabelecido um arraial durante o dominio romano;
Leite de Vasconcellos suppe que Cesarda venha de cicereta (ciceraj ou de cerasela
(cerasus) e que o suffixo signifique ajuntamento.
Deixemos Leite de Vasconcellos a debicar estas ervilhas ou cerejas etymologicas,
e passemos adeante.
Segundo as suas relaes orographicas, a Cesarda pode considerarse como extremidade de um contraforte da serra de Monte Junto dirigido para noroeste.
Mas, sob o ponto de vista geolgico, deve tomar-se como um centro de elevao
independente,
com bem
do valle de
Toda
S.
e poente
uma
Bartholomeu.
No
talvez,
em
cujo
numero
tem figurado
D. Carlos.
interior existe
uma
da peripheria.
A freguezia deste nome fica, pois, em plena Cesarda, enterrada entre penhascos,
ponto de que algumas de suas humildes casas teem como parte integrante da parede
a rocha natural.
vivia
n'este rinco
montuoso,
fragoeiro
D'eBte pedestal
Com
ningum
hoje,
o valioso auxilio do
sr.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
49
Actualmente, as casas so caiadas, mas de longs apenas se lhes distingu em os tetal a barreira de rochedos que as entaipam.
Junto povoao, pelo norte, abre-se, como agradvel parenthesis, uma veiga,
lhados,
uma
limitada de
que limpido
um
sinuoso se bera
ribeiro.
N'esta veiga houve outr'ora um palcio que o povo cr ter sido magnifico, posto
que os indivduos mais velhos da localidade digam ter apenas conhecido uma singela
moradia, aproveitada do resto da antiga residncia.
No archivo da parochia ou na mo de particulares no existe documento algum
que se
refira
ao Pao de D. Ignez.
cia-
A
uma
niche;
lenda de
mada.
Deste palcio deu Sousa Viterbo uma dupla
sionista,
noticia
que do
mesmo
- tira
ali
uu ...Lut.uu
documentada quanto
um
viveiro
palcio pudera vr
de paves
no-
impres-
da Rainha a Peniche.
bordam
cionaes e miguelistas.
Quando regressmos de
Peniche,
apemonos
visitmos de
passagem
'
'
VOL.
II
II,
pag. 520.
dizem ser de
5o
um
castello; toda a rea outr'ora abrangida pelo palcio e suas dependncias foi appli-
Toda
herdou de seu
As
tio
sr.
dr.
Faria,
de Barcellos, que a
niche, ao poente do
moderno
ao
d' estes
um
a Pe-
lindo pano-
villa.
e existe
uma
capella
Era natural que os vizinhos de um pao real gosassem regalias excepcionaes ; mas
o facto de tornal-as extensivas aos habitantes de Moledo, sendo attribuido a D. Pedro,
fdz suppor que essa concesso era um lao estreitado entre o prncipe e o povo por
algum motivo
Um
especial,
d'esses
privilgios
em no
ter
que dar
recrutas.
se
des a
annexas.
elle
Por que seria que o infante D. Pedro estendeu ao Moledo os privilgios excepcionaes
de que gosavam os vizinhos do pao na Serra ?
Porque Moledo fora um retiro amoroso de D. Ignez de Castro, a quem, segundo
a lenda, D. Pedro mandara aqui edificar um palcio, onde a mantivera escondida,
como
emquanto o mysterioso
Mas
ali
mesmo
do
rei, e
Os camponezes da Serra e
do Moledo no falariam, gratos ao prncipe, ainda que fossem interrogados. Mas podiam falar aos olhos de espies hbeis as pegadas do cavallo que D. Pedro montava.
Por isso, o prncipe, quando vinha ao Moledo, tomava a precauo, segundo ainda hoje
se conta na Serra, de mandar ferrar s avessas o seu ginete.
O palcio encantado de Moledo tomou na tradio o nome de tPao de D. Ignez.
No momento em que escrevo (abril de 1906) apenas existem d'este palcio os selar d'clles
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
guintes indcios: um muro que veda a propriedade; no logar do edifcio signaes evidentssimos de ter sido a parede revestida de azulejo; e restos da antiga calada que li-
uma
em
dois peges
Perto e dentro d'esta cerca v-se ainda uma fonte, com idntico azulejo, a qual, porem, vai sendo destruda pelo povo, sempre na crena de encontrar algum thesouro escondido.
Esta crena
quando se
procedia a
TENTATIVA
A.
TTPOBAPinA
iBfS
Felipf
iicUo.hA.^
KUUEEO
.^
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u.lwiMt!
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Mil
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lir^.,
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s/LtIo.*, (liiaijui^iiiiv..!...
sia
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111
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liidfl
^,
iliviila'it fiiiHV.
[i>,'la
sult-tvl>?p<siil
lir,
d"
saud
'lie.*.
J'(tel<:'
i..J.mr,,.r.iOTrti.IVsiai(
rui, wj qii-il fnr a frnin.i (iiu
lli.iliif<;sl*^.
|jru|>oiiliA,
A-j.1
lugo
^^ll<3
tiiu
uijliu
II
ipsi
firiiii>:inicilii
t:
(lo>
r^|):l|ta
rlwlo4 de Amilia
)(i<r
ou iruiifiliul:!,
ijc^m luralnl .<J
'((leiMtik itteitiau
yniilili^riuciilu
jTc
Jtj;n;i (la
rpjipfai
KiliwniMilo
.u o que
[mli,.
miiigos
Fia .Mil<-(l<;lojjafiW
firiicco ^'iltuUiiitfnle
265 Fac-sitnile do
peridico
um
Ma
(k
ij.
.-inaj
n^a uMiuu.
A Tentativa
sem
em
ogiva,
bem
trabalhadas.
Em
i
Em
se
SEe=S^-IOAM=i629
com
ou data
'.
A quinta do Pao tem um magnifico laranjal e uma vinha que so fechados pelo muro.
O Pao devia ser no sitio em que se v hoje o laranjal.
Em princpios do sculo xix a singela moradia, que era resto do Pao, estava
ainda de p e n'ella residiam os seus proprietrios, morgados Pestanas, que por este
motivo foram chamados do Pao como actualmente o so os seus descendentes.
Hoje a quinta pertence a Jos Soares, residente no logar de Olho Marinho, con-
celho de bidos.
se deixasse cair ao
um
formavam
que todas as
Ignez de Castro vinha sentar-se para esperar D. Pedro, junto ao regato que deslisa
Ignez de Castro
era forada para seguir as mobilisaes da corte, sempre errante n'essa poca.
disiricto
tro,
Tambm
o contou a
Thomaz
notas ao
numa
das
de Jarmello.
e predilecta
parece-me
ter sido
Moledo.
.
cair
com
foi
certeza.
concelho, e hoje
nem
vilia .
Diz a
mandou
depois do assassnio de D. Ignez, por ser a terra onde Diogo Lopes Pacheco,
um
uma
d'ella
ha
dinheiro enterrado.
N'uma
perto
d'ella,
lage,
que est
ha ou houve
um pouco
uma
pedra
distante da
d",
n.ontar,
mas que
Emquanto o mundo
Cinco
Isto
parece alludir
um
foro de
3 reis
Tambm
reis
fr
mundo
has de pagar.
que
elle tivera.
na Guarda se diz ainda hoje que D. Ignez tinha a garganta to transparente, que se via
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Passa sobre a ribeira
da
Lourinh
Diz
a tradio
atravessando
um
dia a Cesarda,
No
leitores
Creio
bem que
uma
sim.
Penso que os amores de D. Pedro com Ignez de Castro, anteriores, segundo a vercom D. Constana, comeariam pouco depois de
ter sido posto de parte o projecto de casamento com D. Branca de Castella.
Ora o casamento de D. Pedro com D. Constana realisou-se em 1340, quando elle
tinha 20 annos. Suspeito que D. Ignez era algum tanto mais nova. De ento at i355,
data da tragedia, Moledo seria um retiro quasi permanente, porque nenhum outro offeso de Ferreira e outros, ao casamento
Quando Ignez
foi
idillio
em Moledo
as
suas melhores horas de felicidade recndita, envolvido no doce mysterio dos que se bem-
amam
com
nome de D. Joo
I.
Dias, que
bom grado
Se lhe tirarmos essas lendas, a nossa historia fica para ns sem poesia.
Por isso eu, que me conheo e que nos conheo, gastei tanto tempo a falar de Ignez
de Castro; e foi com o maior interesse que procurei colligir todas as informaes possveis a respeito das tradies galantes de Moledo.
Eu no
Ora
nh se
e
sou peor
pois.
lhe depararia
um
os outros portuguezes.
que estava longe de suppr que no concelho da Lourilogar onde D. Pedro emboscou a sua ardente paixo por Ignez
Confesse o
leitor
E ponho
Moledo fica
tem uma escola.
a 7,7 kilometros
da
villa
quero cumprir.
IV
Torres Vedras
M 1888
passei pela
primeira vez
em
viagem
esta
villa
castello.
Mal
ig;reja
com uma
Um
Passeio da Vrzea
com o
o rocio elegante.
Uma
succinta impresso:
homens rolando
Canos.
n'um
teria
villa
homem
do norte, havia de coordenar a monographia da provncia da Extremadura, longa tarefa que nenhum homem do sul tentara ainda. ^
Mas pois que assim , sirvam-me aquellas poucas linhas de 1888 como ponto de
de Torres Vedras; que eu,
A
O
menos
o Largo de D. Carlos.
estilo gothico.
sente.
um
56
Um
monumental.
fariz
Uma
igreja
com
tem
figuras e
ramagens muito
inte-
ressantes.
Suppe-se que a mandou fazer, a julgar pelo brazo que a encima, D. Catharina,
mulher de D. Joo III.
S. Pedro era uma das quatro antigas freguezias da villa hoje est-lhe annexada a
de Santiago, sendo a sede da parochia em S. Pedro.
Santa Maria, a matriz, ficava outr'ora dentro da primeira cerca de muralhas do
castello, d'onde o sobrenome que sempre tem conservado. Foi-lhe reunida a freguezia
:
de S. Miguel.
As
3.o56.
Alem
villa de Torres
da Graa, em poder da irmandade do Senhor dos Passos, achando-se
hoje estabelecidas no antigo convento as reparties publicas; e a da Misericrdia, com
Vedras a
igreja
o hospital contguo.
A imagem
gioso.
guarda de honra.
A
misso
Apenas
existe
castello.
com uma
cerca exterior,
Tanto a runa do castello como a do palcio foram causadas pelo terremoto de 17S5.
No hoje possvel esquadrinhar a certido de idade do castello.
Os romanos j encontraram povoao, e decerto a fortificaram de novo. Os godos
denominaram-n'a Torres Velhas
certamente por a acharem bem defendida com
muralhas e
Toda
torres.
a villa estava
amuralhada
reis,
houve.
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Outros, os
Tudo isto
Mas ficou
710V0S,
foi
5?
destinado a aougue.
o tempo levou.
a memoria de haver Torres Vedras sido uma villa fidalga, com palcios
magnates, e ruas, postoque estreitas e tortuosas, ornadas de prdios com brazes de armas e at com nomes aristocraticamente medievaes como por exemplo a
de
reis e
Rua
No
Foram
Passeio do Jardim, junto do qual corre o rio Sizandro, pelo que houve de replantar-se
este Passeio
em
1821.
266
absolutamente
em
Do passado
Um
villa
aspeclo da
o da Vrzea, a que
me
referi
em
villa
regalia
que
falta
monumentos, algumas
Uma
estao serve a
villa,
cos.
Outros nomes vieram modernisar a designao das ruas, a saber: Serpa Pinto,
Mousinho d' Albuquerque (antiga Corredora), Djas A^eiVa (proprietrio do estabelecimento
dos Cucos), Sa}itos Bernardes (proprietrio da Fonte Nova), Paiva de Atidrada, etc.
Se das ruas passarmos para outras innovacs progressivas, temos muito que registar.
i8
como
espirito humanitrio
em
fallecida
maio de 1901.
21 de
zia
santo.
Tem
)ulho de 1884.
certo
Tambm
de outro aspecto
vida quotidiana.
D'esta necessidade resultaram, na corrente do progresso moderno, o Casino de Torres Vedras, o
Grmio
Artstico
Commercial,
sociedade
anonyma empresaria do
thea-
tro, a
No
attinente a instruco,
officiaes de
instruco
do Varatojo e o do Barro.
Actualmente publicam-se no concelho dois peridicos A Vinha de Torres Vedras,
que o mais antigo, pois comeou em i883; e a Folha de Torres Vedras, que appareceu em 1899, teve uma interrupo, e reappareceu em 1902, sendo distinctamente
redigida pelo meu presado amigo e antigo discpulo Silvrio Botelho de Sequeira
at
outubro de igoS
continuando desde essa poca sob outra direco.
Tem havido mais Jornal de Torres Vedras (i885); A Semana (i88); Vo^ de Torres Vedras (1887); Gaveta de Torres Vedras (1893). Todos estes deixaram de existir.
Ha na villa agencias bancarias, de seguros de incndios e animaes, de encommen:
commercio,
em
uma
importante
laborao.
Alem do
trafico
Feira
Nova no
'.
F^unccionam
villa,
a de S.
fazem se
trs
grandes
Pedro, a 29 de )unho-, ea
domingo de agosto.
fabrica de moagens, propriedade de Joaquim Pedro Marques,
uma
trs caldeiras
de distillao.
Ha uma
photographia,
uma
de confeiteiro,
uma
vaccaria, varias
Ento,
perguntar talvez o
leitor,
historia antiga de
Torres Vedras ?
E eu apresso-me a responder
Ah
leitor
o que eu prin-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Sg
cipalmente desejo
Mas
uma
correco a fazer,
a historia
tncia acadmica
uma
replicar o
dia
em que
falsidade a corrigir.
leitor
sr.
com
certa impor-
primeira vez.
Pois
Tem
moderna. Vamos
historia
a isso
sem
propsito de maar, e at, para lhe ser agradvel, falarei da Batalha de 1868.
linhas de Torres.
comman-
dado por Massna, garantiam tambm a segurana do exercito inglez, sob as ordens de
Wellington, porque lhe davam communicao com o mar.
A primeira linha comeava nas alturas da Alhandra, seguia por traz da Arruda ao
Sobral de Mont'Agrao, cortava pelo monte do Furadouro at serra da Mugideira e
ia terminar na foz do Sizandro.
A segunda comeava no alto do Quintella, nas costas de Alverca, seguia pela Cabea de Montachique para os altos do Gradil e da Murgeira e fechava ao norte da Erina foz de S. Loureno.
ceira,
terceira,
cito inglez,
em
As duas
com 297
peas de artilharia.
adas de troncos
qual corria
em
Massna
'
ficou
um
ajudante de campo,
tomo
I,
pag. 354.
6o
um
exer-
como Napoleo lhe recommendra, e viesse atacar Lisboa pelo lado do sul.
Mas succedsu. por felicidade nossa, que tivemos a gloria de vr esbarrar
as orgu-
ar^odeD. Cario
Vamos
agora,
tambm
tucionaes.
com Mousinho
de Albuquerque, formaram
uma
em
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
mais forte das famosas linhas, verdadeiramente inexpugnveis, como acabamos de vr.
Pois, no obstante, Saldanha, com uma audcia e bravura brilhantissimas, mal
empregadas n'uma guerra fratricida, tomou os fortes e as pontes e conseguiu levar a sua
artilharia at s portas do castello, o que obrigou o conde do Bomfim a render-se,
ficando prisioneira quasi toda a sua diviso, mas sendo-lhe reconhecidas pelo vencedor
as honras da guerra.
N'esse
mesmo
dia, o
duque de Saldanha
As
dizia
feitos,
mo do Omnipotente
em
como
No recebas
os de hoje, so superiores s
os pde executar.
47 cavallos
Chafariz
268
Este desastre
dizia
dias depois
600 prisioneiros.
dos Canos
sores da liberdade.
Entre
ns
liberdade
queriam
comeamos a estragal-a.
No temos feito outra coisa.
tnhamos,
E agora,
'
i.
62
o popular
um
diluvio.
Pois
no vero, aqui
therma dos Cucos.
Ria,
mas
acredite.
em
uma
conheam
ainda.
Fale
com
Falarei.
Adeus;
A
villa
bom
proveito.
de Torres Vedras
hoje
Este
Neiva,
um ameno
de
hydrotherapico,
estabelecimento
servido
por
valle,
mar que
uma
propriedade
do
sr.
uma
collina ao sul
fica a
tambm robustece
os pulmes.
do estabelecimento e ladeando a avenida, que o communica com a estrada de Torres, ha dois elegantes chalets que do hospedagem quelles forasteiros que
no preferem ficar na villa.
No parque que se desenha deante do estabelecimento est situado o Casino, com
um theatro annexo; e levanta-se um coreto onde aos domingos vai tocar a fanfarra de
Torres a expensas da empresa.
As aguas thermaes dos Cucos so applicadas ao tratamento de todas as manifesta-
Em
frente
es de arthritismo.
Ao
diz
dr.
aquelle escriptor
ouvi
meu
decendo as mais horrveis dores de cabea e tendo consultado os mais illustres mdicos
da Europa, curou se com poucos banhos da Fonte dos Cucos, reconhecendo-se que era
a gota a causa do seu atroz softrimento
Ainda ento os banhos eram ministrados debaixo de barracas de madeira, em tinas
tambm de madeira.
Tudo isto impressionou mal Ramalho, que condemnou o
um
logar
illus-
tre escriptor.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
63
o leitor foi aconselhado pelo seu medico a fazer uso das aguas dos Cuteem sido minuciosamente estudadas a partir da analyse realisada pelo dr.
Agostinho Vicente Loureno at aos relatrios do dr. Justino Freire, actual director clinico das thermas -no duvide um momento em fazer a mala e partir, que no ter motivo para aborrecer-se da temporada, e provvel que volte curado.
Pelo que interessa propriamente ao regime hydrotherapico no faltam condies
Por
cos
isso, se
que
Sempre
se avista
Uma vez
Ah!
-Oh!
Vai
p'r'a
Figueira
No. Vou
p'r'as Caldas.
meu amigo
est nos
Cucos
Estou.
Gosta?
Gosto muito.
Est s?
No;
estou
A sineta
Um dos
meu
primo.
cumprimentou: era o
viajante
em
transito para
as Caldas; o outro, aguista dos Cucos, l voltou muito contente para cocar sade na re-
Nova.
E' seu proprietrio o sr. Antnio dos Santos Bernardes, e o estabelecimento hydrologico foi inaugurado a 24 de
maio de iSgS.
um
consciencioso relatrio o
sr.
dr.
Reis
no
sei
Rainha sem
reino, Porto,
64
tumava sentar-se, e tambm ainda, no angulo externo do coro, se aponta a janella do seu
modesto aposento.
Frei Fernando da Soledade, na Historia Seraphica, diz que o nome do logar humilde povoado e do convento - no menos humilde cenbio veio do uma vara do la-
feita
de
um
p de tojo.
que se cr pouco, no importa muito.
Nascido de uma desilluso, o convento do Varatojo foi sempre ura silencioso e pacifico tumulo de illuses mundiaes.
Aqui, durante alguns dias, vieram esconder a sua dr el-rei D. Joo II e a rainha
D. Leonor de Lencastre em seguida trgica morte de seu filho na ribeira de Santarm.
Aqui, em 1680, instituiu a congregao dos missionrios apostlicos, precedendo
bulia pontificia e consentimento da Ordem franciscana, aquelle mancebo frivolo, que no
sculo teve a alcunha de Capito Bonina,
gar
Isto,
visitar
minha viagem.
colhi
um
feixe
de impresses, que
ao
leitor.
I;irro
de escada.
Uma
preste do ao
sitio
cruz de pedra e
um
velho cy-
em
em
com
legenda:
ogiva
Pedimos
Jesti esurienti
:
bito de franciscano.
Mostrounos
a igreja,
panem. A'
direita,
uma
porta
Silencio.
em
Recebeu nos o
sacristo
em
hata-
um conventual.
Como houvssemos mandado
nhar-nos um padre franciscano, de
te,
executada por
entregar
habito
trar o altar de
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
65
Levou-nos depois casa dos retratos, onde eu precisava vr um, e casa do capionde copiei a inscripo de unna sepultura.
Ofereceu-nos na casa dos retratos vinho doce, e bolos. Quizemos deixar uma esmola para o convento recusou-a. Perguntamos-lhe se vendiam bentinhos, porque os desejvamos adquirir como recordao. Soniu-se.
tulo,
Que
Na
fora
davam aos
frades.
uma
mas
Disse nos mais que n'essa poca eram uns vinte os frades, e que o resto do pessoal
2/0
orava por^quinze homens; que no convento no entravam mulheres, mas que na povoao havia um recolhimento de irms hospitaleiras de S. Jos com escola para meninas. Acrescentou que viviam pobremente, mas que do seu pouco repartiam com os pobres. Mostrou-nos a sacristia,
cos metrificados
em
em
castelhano.
dsti-
Por exemplo
Mi coraon como cera
Se derrite en dulce ardor
Con tu fuego, ay Dios d'Amor,
Si hasta aqui de
Estes dsticos
goricamente
em
devem
'
Em
ser
portuguez,
uma
novembro de
1907
marmol
era.
composio de Frei Antnio das Chagas, que versejou gone que no sculo xvu reformou o instituto do Varatojo,
foi
uma
subscripio publica.
E' a
Vtdci
VOL.
II
mundana de um frade
virt.iOso,
Lisboa, 1890.
9
66
N'aquella simples quadra, que de industria preferimos, est todo o drama da converso de Frei Antnio das Chagas.
Na igreja, no claustro e na cerca encontramos alguns camponezes, uns imberbes,
d'esses livros, cujo.
outros velhos, orando como em extasi ou lendo livros mysticos.
Um
pudemos
titulo
ler,
meia, samos do
cor;
vento do Varatojo
com
ha duzentos annos.
Reuniu
se n"elle
um
uma
estabeleceram
um
)esuitas, os
collegio semelhante ao de
Campolide.
Aulas, camaratas, refeitrio, casa de banho, enferm.aria, tudo revela meticuloso asseio e cuidado.
ensino ministrado
com
os collegios de jesutas.
Varatojo.
estou disposto
para tudo.
Na
a
que se
igreja
faz
uma
festa
com
arraial.
convento da Pena Firme, a 8 kilometros da villa, sobre a costa do oceano, foi fundado em 1226, e era de frades agostinhos calados.
D'este edifcio, que pertence ao sr. Francisco Avelino Nunes de Carvalho, restam
apenas as paredes.
igreja, ainda coberta, exerce se o culto em determinadas occasies.
Agora, leitor amigo, para acabar de contenial-o com algumas tinturas de historia
local, deixe-me dizer-lhe ainda qualquer coisa da exiincia grandeza herldica de Torres.
Sir Arthur Wcllesley, o famoso general em chefe dos exrcitos alliados na guerra
Mas na
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
67
peninsular, foi agraciado pelo governo portuguez com o titulo de marque? de Torres
Vedras, por decreto de 17 de dezembro de 181 1, sendo j conde do Vimeiro desde
maio d'esse anno.
No tempo dos Filippes houve o titulo de conde de Torres Vedras, que parece ter
sido creado logo no principio d'aquelle governo,
em
em
favor de descendentes de
com
i5oo
um
fi-
Chamava-se
elle
com uma
neta de
Ruy Gomes
Alva-
271
Copa do
mulher
Cucos
ficar investido
d'ella.
elle
que mandou
edificar
Torres Vedras
mas
foi
Marianna de Alarco
ento entroncados
com
os Velascos.
titulos
: :
68
Pois
Cames
Que murmurando
Com
lava, e
Torres Vedras.
tambm.
II
O CONCELHO
Torres Vedras
o centro de
uma
vi-
dis-
ou superior, que se
entendedores comparam ao
Os
Nas tabernas de Lisboa o torreano em geral mais ou menos puro muito procurado pelos piteireiros de profisso.
Antnio Augusto de Aguiar, nas suas Conferencias, disse em 1876a respeito dos processos de vinificao na regio de Torres
A proximidade do oceano, o relevo do solo, bastante montanhoso, influem no clima,
difficultando,
em
possa produzir vinho de pasto, como eu imagino e desejo que faam, pelo menos
na apparencia, por isso que um pouco difficil chegar maturidade forada, que se
exige para vinhos de lotao.
ella
querendo aproximar-se das percentagens saccharinas mais elevadas, e sobretudo das cores mais intensas, puxam pelas orelhas maturao, por meio de diversos artifcios.
Vinte e quatro annos depois, em igoo, dois professores do Instituto Agronmico de
Lisboa escreveram no Porlugal au point de vue apricole:
A mais notvel regio pela quantidade de vinhos que produz c incontestavelmente
Torres Vedras. Ahi se colhem vinhos de valor intrnseco um pouco varivel, mas na
maior parte
bem
nos extrangciros.
equilibrados, e
Os
com
bem como
um
que tem
um
largo
consumo em Lisboa.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
N'outro tempo, anteriormente invaso da phylloxera, a regio vinicola de TorVedras era a mais importante de todo paiz quanto produco de vinhos de mesa
vinhos tintos principalmente e era com o stock de vinhos d'esta categoria que se
res
tambm
frtil
em
hor-
talias e fructas.
um
Vamos
no
ampelographico,
geral.
sem comtudo
enumeral-as,
as
formular
um
de Farrobo
nho da
ca
modo
rpido inventario.
hoje do
Silva Henriques,
vivenda
sr.
foi do conde
Antnio Agosti-
com uma
pittores-
pipas annualmente.
professor Ferreira
Lapa comparou
A
Gomes
quinta de Charnixe, do
sr.
perfcie total
Joaquim
uma
su-
cultura a vinha.
Possue
uma adega
de vastas dimenses:
272
Teera sido
com
e Rupestris.
A
palcio
quinta das Lapas tem todo o caracter de grandeza nobre: entrada monumental,
com
larga escadaria e
jardim
com
edifcio
frondosa, sombreada de arvores colossaes, entre ellas o sobreiro dos quatro irmos
assim chamado porque o tronco se quadrifurcou, e trs medronheiros de dimenses excepcionalmente gigantescas.
Esta quinta foi dos marquezes de Penalva (Telles da Silva) e hoje dos condes de
Quinta
Marques
cisco
Quinta
da Maceira, do
D. Maria da Luz Pinto
dr. Justino
Quinta
da Piedade, de
Quinta de
Quinta
restrello de Vasconcellos
Quinta da
Quinta do Piso, * do conde de Azambuja
Torre, dos herdeiros de Augusto Potch
Quinta da Matta, dos herdeiros de Mathias
Innocencio da Matta
Quinta da Macheia,
Quinta do Juncal, - de Sebastio Trigoso
Moura Borges
gusta de
Quinta
do
do Piso,
Cunha Da
'>
Granja, de Antnio de
Sampaio Quinta do
mesmo
proprietrio
Quinta da Ponte, de Jos Gonalves Dias
do Ulmeiro, de Francisco Duarte da Silva
Quinta do Alfayate, de
Joo Anastcio de Carvalho Carneiro
Quinta da Areia, de Jos Duarte Barreto de
Pina
Quinta de Fez, de Carlos Ahrends
Quinta da Viscondessa, que foi da famlia Bataha Reis e hoje do Ministrio das Obras Publicas
Quinta da Melroeira, da
Retiro,
Quinto
Neiva
Quinta
Por
este interessante inventario, que alis procuramos tornar o mais succinto possconhece evidentemente a riqueza agrcola do concelho de Torres Vedras, reparpelas i8 freguezias de que elle se compe, e que so as seguintes, alem das 4 que
vel, se
tida
a villa
S.
comprehende
Domingos de Carmes com i.i^6
Tem
res.
habitantes.
pertenceu ao extincto concelho da Ribaldeira. Compe se de sete logamercado de peixe todos os domingos. Possue duas escolas, para ambos os
dos Clamores,
sexos.
Nossa Senhora da Luz da Carvoeira, com 1.946 habitantes, tem 9 logares, um dos
a Panasqueira, muito lembrada no theatro de assumptos saloios.
Deve o nome ao facto de ter minas de carvo na sua rea.
Possue uma escola mixta.
Nossa Senhora da Luz dos Cunhados (vulgarmente *A. dos Cunhados) com 2.3o
quaes
habitantes.
Comprehende 6
'
*
'
logares.
de Dois Portos.
encorporada a antiga quinta do Mosteiro. Vide mais adeante a noticia sobre Mataces
Na freguczia do Ramalhal.
.Nd lieguezia
A' qua!
foi
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Abrange uma
Na
faixa de litoral
praia de Porto
Tem
escola
official
na extenso de 8 kilometros.
uma
pesca, valenciana.
A
de
cal.
S.
nho de
uma
12 logares,
uma
estao de cami-
escola.
DE
TOiES rEDRAS
i-^
27S
Fac-simile
seria
Ouvi sobre o assumpto o meu velho amigo dr. Marques Barreiros, que proprietrio
n'um dos logares d'esta parochia chamado Caxaria,
e que me respondeu com a se'
As minhas propriedades,
grandes terrenos
encrustados
em
volta
fica
em pequena
um monte
que
foi
O dr. Marques Barreiros falleceu em Lisboa a 9 de maio de 1907. A sua casa da Caxaria compegrandes propriedades, que por no serem conjuntas no teem tido o nome de quinta.
'
se de
conchas
valle de Villa
rochas.
Dois Portos
foi
em
local,
mas em
Em
Convergem
vem de Runae
que
de Sirol.
Parece-me que quando aquillo era um lago, Dois Portos era porto dos dois valles,
o nome de Dois Portos.
Prximo d'ali, mais elevado, fica o logar da Ribaldeira, que pelo nome indica
Ribas, ou sitio de velhacaria, oriundo de ribaldo?
Inclino me ao primeiro caso, e a crer que tudo deriva das aguas que ali formaram lago por muitos annos.
Tudo aquillo proveio de erupo vulcnica, e o foco l est ainda nos Cucos
a dois kilometros de Torres Vedras, onde ha aguas thermaes, petrleo, etc. e grandes
montes vulcnicos, ou procedentes de vulces.
Se no foi isto, resta-nos tomar a palavra jcor/os no sentido antigo, como sinonyma dos dois valles que convergem ao logar, e constituiam portas ou entradas do
monte.
e d'ahi
O
lado,
como succede em
uma
um
e outro
Foi essa estrada, que conduz de Lisboa a Torres Vedras e tem a designao de
71
A, a causa de
se agrupar aqui
um
povoado.
villa e
uma
possuia na Ribaldeira
uma
esta propriedade a D.
irm
obri-
d'elle testador.
Organisou-se
ali
uma sociedade
musical,
com
funcciona
um
em
Lis-
Um filho
foi
Os
filhos
pais os criam.
dos prelados s
..
podem
consolar-se de no ter
me
authentica quando os
uma
logar da P^eliteira
pmpanos cortada
veranear:
com
frescura de
um
em
villegiature
apeadeiro que serve a povoao entre as estaes de Pro Negro e Dois Portos.
Mon.
Lus.,
lomo V,
pag. 468,
commodidade de
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
D'antes, quando a viagem era
mas pessoas
difficil, j
como o
Torna-se preciso
estrada
taes
um
hotel, e
do Sobral
illustre pintor
Feliteira, j estudada,
uma
escola.
ivila'-<;">.:"l"liiiifi-
Titf:
i]."
1.
onde se
r'('i>
-'(Jr-n'
*;
quacs<nier:j '^
ouiraapalilii-aes.
KOICAES GERAES
>;
"'
com
uma pequena
ribeira
com
i.6g3 habitantes,
a do Gradil
veira.
Para explicar o seu nome, conta a tradio que os mouros, rechaados pelas hosAfFonso Henriques, foram por estas perseguidos ao grito de Mata ces, mata
tes de
que so perros.
A lembrana do successo daria origem ao onomstico do legar
em
que
elle se foi
desenrolando.
que
que ainda hoje se indica o sitio na matta da quinta do Juncai) como fora d'ella, a carnagem nos mouros foi tamanha, que tingiu de vermelho o ribeiro Golez, desde ento
denominado
Rio de sangue.
Matacaes dista da villa de Torres Vedras quatro kilometros para
o de Runa
'
um
sueste, e da esta-
kiiometro.
Comprehende 9
trs dos
logares,
com
quaes
mesma
desinncia
Ordasqueira,
Sevilheira, Zurragueira.
Fntre a Ordasqueira
com uma
vrio,
fica
ridissima romaria, no
De Matacaes
re-se a este cirio
mez de
vai todos os
no
annos
um
Fora da terra
livro
uma
concor-
abril.
cirio festa
Pois a mim, o que mais me agradou, foi o cirio de Matacaes. E no foi por ser
Matacaes, a ptria d'aquelie alho, que Leoni reproduzia com to cmica ingenuidade
Em
No
por
um
foi
verdadeiro
isso, foi
crio,
em
ferir
uma
duas escolas
de os contrariar a
falta
nome de mataco
para
de patriotismo,
ambos os
sexos.
alis
abandonaram em razo
de agua.
sitlos
houvesse grande quantidade de pedregulhos, com que o povo, auxiacontecesse tambm em outros logares se di
ainda o
um
terceira nota
officiaes
A XtreMadura portugueza
7^
Ora essa quinta doou-a el rei D. Manuel a Gil Vicente, o famoso poeta dos autos,
o qual n'ella viveu retirado quatro annos, trabalhando na coordenao das suas obras, e
n'ella falleceu.
quinta do Mosteiro pertencera familia de Gil Vicente at quasi ao fim do sdepois foi encorporada no vinculo do Juncal. *
;
culo XVII
Dito
podem
os auctores de comedias e scenas cmicas saloias zombar vonque vale mais do que elles.
A freguezia de Santa Suzana do Maxial, com 2.192 habitantes, dista de Torres Vedras 10 kilometros, e 3 da estao do Ramalhal.
isto,
tade de Mataces.
'
omingo,
25
ca maro de ISS
DE
Dirttor,THEOOR9 D COiilfi
Mitor,G.A.DEriliuH!iEDO
KMUO,
ASSIOKATT3K
tm, IMO
1*1
-!<rf, Sitta.
\n
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Adffliuistatlw, H,
ANNCKCIOS
"
.
!?:?
lu^BsuiilIP.IJf.aBSilc-T/niWias
j _
(um.
vrli.i,.fcirr-..l,-i.i,-
IVPflEI
ii
i.
S^
putoS
cuitittlv
(ib
iiiiiis
progeclos. cnli-cmostram-se
i-.".
ni-
r.ii.idos
a..--
Batalha Eeis
m-^is
cscurfam-w a-sum-
puras
pws do maior intresse c aclualiriiitl'^
^Jinalmr-HtK. aS jurando. Dltreotlinlcn/n-:'.
275
!<-!
.-.c:^-iu.1o
Tada^lu-po a
'
Parece que os fundadores da igreja parochial foram cruzados francezes que auxiliaram Affonso Henriques na conquista de Lisboa.
Comprehende mais
eira,
Na
A
las, e
'
Visconde de Sanches de Baena, Gil Vicente, '8^4; Theophilo Braga, Gil Vicente e as origens do
Antigamente
dizia-se
log.ir.
em
j6
Alem do logar do
No passe aqui o
sem
visitar a quinta
se tiver sede
Nd
na ponta do
um com
nome
o suffixo eira
rol.
se
socegou os dizendo:
rei
Vai
d'esta freguezia
ao
fica junto
rio Alcabrichel,
to-
Gondrozeira.
nome,
tan es.
Comprehende
4 logares, e
em
i.ooo
al-
Do
alto das
ao logar; e a
ambos.
Lombas gosa
se
um
rural.
D. Jos,
uma
foi
carinhosa aleio.
formo.sura da infanta e a superioridade de um luminoso talento que a illustrava justificavam plenamente a terna predileco do prncipe, no obstante a differena
das idades.
El
rei
filha
a herdeira
do throno,
js
com o
dois era
espirito irresoluto e
uma
frgil,
juzo de
ao
tanto do marido
como da
sogra.
Durou apenas onze annos e meio a unio conjugal dos dois esposos felizes, porque a morte ceifou em flor a existncia do prncipe no dia 11 de setembro de i788.
D. Maria Benedicta ficou profundamente fenda por este golpe inesperado, e como
EXTREMADURA PORTUUUEZA
11
um
um
nNBi DE TOR
7.11
INNO
OS IDUBOS^
Qflint feira.
28 de Setembro de
llOi
MoT,rr.lrli,fc.|
'""610
Entrase para o Asylo por uma extensa avenida, de 170 metros de comprimento,
orlada de arvores e roseiras, no topo da qual,
ped<;sial
de mrmore o busto de
el-rei
em
D. Pedro
V em
bronze,
um
inaugurado a 21 de
dezembro de 1879.
Tem
uma
este busto
Alguns
officiaes
minal de liuoo^S^ooo
reis e
28p6. reis
em
metal.
somma de 6oo:ooorooo
reis, e
em pna
algumas propriedades rsticas (com excepo do pinhal de Monte Redondo, que lhe
fornece lenha e madeira) as quaes prop iedades eram dotao sua.
Um dos arrematantes foi o conselheiro Joo Gualberto de Barros e Cunha. (iSSi).
A imperatri Amlia, viuva de D. Pedro IV, subsidiou em sua vida com donativos
annuaes a manuteno do Asylo, cuja administrao a fundadora entregou por disposio
testamentria ao ministrio da guerra, o qual cobra hoje todos os rendimentos d'aquelle
hospcio militar no valor de 4:000^000 reis, mas inscreveu no seu oramento de despesa as verbas de 4.'b!2.r'Ooo (vencimento dos empregados e pr das praas invlidas) e
de 9:o62C?ooo reis (custeio de mantimentos, conservao, expediente, etc.) que fazem
face s exigncias do funccionamento normal do Asylo.
Tanto sobre
ao
leitor
pelo
este instituto
como
meu amigo
snr.
Afilitar-es
em Runa
a referir
recommendo
(Lisboa, 1882)
me quando
falar
A
'
cal.
Na estrada de Runa, prximo aos Cucos, ha uroa lapa rodeada de arvoredo silvestre, que se chafrince^a, por ser o paitseio predilecto da lundddora do Asylo, quando no vero vinha
ma Grua da
Foi fundido
em
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Tem
Ha
ofiBcial,
e duas particulares.
29 de setembro.
freguezia de S. Pedro da Cadeira conta 3.912 habitantes, e
A
sul
escola
feira a
fica
um
kilometro ao
Abrange um litoral de 12 kiiometros, com dois portos, um na Assenta e outro prximo a Cambellas, ambos accessiveis a pequenas embarcaes de pesca.
Est comprehendida n'este litoral a linda praia de Santa Cruz, ao sul da qual desemboca o Sizandro no sitio denominado Foz d'Areia.
Santa Cruz antigamente Santa Cruz de Riba-Mar parece ter sido outr'ora sede
de parochia.
Na poca
do
^^.
Mas no
dia 3 de maio.
ou no do-
vem
mingo
seguinte,
Helena.
um
tem
*.
pelo
Comprehende esta freguezia vrios logares e casaes; perto de um d'estes, o de Porompe uma nascente que revolve a areia com violncia e vai depois formar uma
voral,
do Sizandro.
ribeira affluente
Ha
Toda
mercado de
Torres Vedras.
si-
igreja parochial,
E' de
uma
que substitue
mas ampla,
s nave,
em
1755.
de cantaria.
Comprehende
Tem
de madei-
ras e junco.
freguezia
de
S.
Mamede
de Ventosa,
com
3.
um
171
Gradil
freguezia
Tem
>
As
comprehende mais 20
escolas para
praias
um
logares.
e outro sexo.
Veja-a o
leitor, se quizer,
no vol
8,
pag. iS;,
sul, so:
Ribamar (uma
parte), Porto
8o
concelho
de Torres Vedras,
com
5G7 habitantes
tido o concelho de
Torres Vedras.
el-rei D. Diniz e auctor do famoso Nono nasceu aqui, estava ligado a Torres Vedras pelos laos maternos,
pois que sua me Dona Garcia Froyas era natural da villa.
Aqui nasceu uma princeza, D. Leonor, filha legitima de el rei D. Duarte, que foi
imperatriz da AUemanha pelo seu casamento com Frederico IIL
Aqui nasceu (1743) Roque Ferreira Lobo, auctor da Historia da feli\ acclamao
do senhor rei D. Joo IV.
Passando em silencio outros homens distinctos nas armas, nas lettras ena politica,
nascidos n'este concelho, mencionarei, por motivo especial, o conselheiro Joo Gualberto de Barros e Cunha, que foi deputado em muitas legislaturas e ministro das
obras publicas em i'^77, sob a presidncia do ento marquez de vila.
Nasceu em Runa. Era orador e escriptor.
Creio que por ter casado com uma senhora ingleza adquiriu hbitos inglezados. Na
camar, quando no falava, lia o Times. Os seus adversrios polticos chamavam-lhe
bilirio,
se
instrudo,
herdade,
i."
e vrios
li-
opscu-
los polticos.
filho,
no,
doutor
em
philosophia,
como Innocencio
er.i
-^^^^P
onde
a sua
alis tinha
amizade.
propriedades
como em
Sobral de
MonfAgrao
em terreno
nome de Monte Agrao,
bem
alto,
e foral
arejado
mas
agreste, tivera o
A
sitio
tantes
Era uma alda, com pouco mais de meio cento de fogos, que n'este sentido tomaremos a palavra vizinhos; uma pequena freguezia rstica, com sua igreja parochial,
certamente pobre.
Creio que seria
uma
tuiu
de 18 de abril de 1771.
Ficou pois annexo ao morgado o senhorio da povoao^ merc esta confirmada por
outro diploma no fim do anno de 1777, com a clausula de que a successo poderia realisarse em qualquer parente at ao segundo grau, comtanto que o legatrio adoptasse
o brazo e appellido de Sobral.
que
um
irmo do
i."
da Cruz Alaga,
cisco
'
morgado, ao qual foi concedido brazo, se chamava Jos Franpropendemos a crer que da povoao tomaria aquella familia
'
11
figura
8i
nome de
Sobral,
por se dizer
os
filho,
filha
com Geraldo
sia
em
morgado,
'i."
foi
um
foi
filho e
em 1781, succedeulhe
uma filha.
se-
Venceslau,
filho
Hermano
de
Jos
Braamcamp, ministro do
rei
da Prs-
Lisboa.
titulo
i."
1844.
Foi casado
Sua
franceza.
filha
bral, e era
cia,
acompanhados de parentes
rica
xviii,
Toda
a gente sabe
e solares se
fundaram ou desenvol-
O
tes
que
foi
medrando.
um modo
admirvel a
villa
em
1876: N'es-
o des-
A
foz
em
Alhandra
at
do Sizandro.
2." districto
o.
Mas, depois da guerra, os habitantes de todos os logares da Extremadura comprehendidos nas linhas de Torres trataram de reparar contentes as avarias da campanha, porque foi justamente n'essas linhas que o exercito de Massna viera esbarrar,
sem conseguir rompelas.
patriotismo orgulhoso e a alegria prprios dos vencedores fizeram que cada habi-
concelho do Sobral,
'
'
Vol.
IV,
pag. 39a.
Rraamcamp,
veja-se
5.701 habitantes,
Braomcnmp, Hrascs,
1.'
vol
compc-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
se
apenas de 3 freguezias
83
a da Sapataria.
A
A
primeira comprehende a
villa
era at
villa
agora apen;
do Sobral de Mont'Agrao
e vrios logares.
custando lo
cada logar;
reis
Mas ultimamente
ida
e volta
240
reis.
o Sobral beneficiado pela construco do apeadeiro da Feliteira entre as estaes de Pro Negro e Dois Portos
pois que o Sobral vizinho da
foi
Feliteira.
Tem
cola
a freguezia
uma populao
Tambm
representa
um
Como
e legumes,
como
acontece
em
rodo o concelho.
277
bral,
total
dissemos, na praa da
villa est
MonfAgrao
Por debaixo do
rlia
um
a de
praa, que se
Alem do
chama de Serpa
tem
bom
um
coreto.
prdio,
tambm
apa-
Depois da festa de Santa Aurlia, nenhuma outra inspira mais interesse aos povos
do Sobral
em
um
carro
Tem
a villa escolas para ambos os sexos, um Club Sobralense, um Theatro Sobraonde representam amadores, uma pharmacia, um medico, duas hospedarias a da
Macieira e a do Cadoce
varias casas de pasto, dois talhos, trs alquilarias, etc.
Faz-se mercado no i." domingo de cada mez, e feira a i5 de agosto.
A freguezia de Santo Quintino, cu)0 orago Nossa Senhora da Piedade, conta
3.182 habitantes, e dista 3 kilometros da cabea do concelho, para sueste.
A igreja parochial, um lindo exemplar manuelino, merecia ser conservada como
lense
monumento
nacional.
g^
Na fachada recommendam
se
D. Manuel,
a
e
um dos
porta ogival bem como dois medalhes,
mulher, mas nao se
outro parece que um busto de
Asseca, que
Monfalim, pertence aos viscnndes da
religiosa.
funco
uma
aqui fazem na sua capella
Monfalim era morgadio da casa Palmella.
d
n
Palmella,
decimo quarto filho do ..^ duque de
D. Filippe de Sousa Holstein,
Sma
d'estas,
em
teve o titulo de
Os
marquez de Monfalim.
.
,
o
^-Ar^^rim
Amorim
Aimargem so: Antnio de Jesus Branco d
da S.Iva
Anton.o
Carvalho e
de
Gomes
Alberto
Freiria,
da
Moreira,
.
principaes agricultores do
de
Pipa Jnior e Joaquim Anton.o Pipa
Rocha: de Martim Affonso, Antnio Joaquim
de Seramena,
e Faustino Jos de Moraes;
Lisboa
Vie.ra
Emilio
Luiz
dr.
Monfalim, o
,
parochia; e
^"'Ha umT^etcola do sexo feminino na sede da
no loear do Aimargem.
Em de novembro faz-se no logar de Santo Quintino um
feira; e
no
i.
domingo
Pro Negro.
Pcro Negro! Que
"'"Srmfconstr ento
um
se descobrisse
ou sequer phantasiasse
mos os poetas
a lenda
do heroe
phenomeno
certamente, mais africano e mulato, por
d'este logar, algum Pedro saloio,
que muitas vezes se repete nas
phenomeno
conterrneosseus
outros
os
que
atvico, do
povoaes saloias, onde quasi sempre ha um negro.
Este da Sapataria ficou celebre onomasticamente.
Santo, Flores, Moita, Arcipreste
a freguezia as quintas do Espirito
Comprehende
rio
nasce de
uma
Lisboa, judicialmente
Ha
No
na Sapataria
uma
escola
oticial
uma
VI
villa
fica
Est situada n'iim frtil valle, que ao sul e poente contornado por montes em cujas faldas vegetam as vinhas, que deram fama
Pipa ou Cachoei povoao e ao norte e nascente por um riacho
ras
que, atfluente do Tejo, pequeno tributo lhe paga no vero,
mas que no inverno se torna caudaloso.
Nas suas margens, muito arborisadas, ha pittorescos recortes; citarei, por exemplo,
o trecho prximo quinta da Venga, propriedade do sr. Jos Pato Moniz.
A fundao da Arruda anterior ao principio da monarchia, porquanto D. Affonso
e esta
doao
'^
foi-lhes
No reinado de Affonso III, por consenso dos freires, estava a villa da Arruda em
poder da rainha D. Beatriz de Gusmo, a qual, sendo viuva, lh'a devolveu; mas D. Diniz
tratou de fazer escambo com a Ordem de Santiago e d'ella obteve a mesma villa, que
offereceu Rainha Santa.
'
Todavia parece-nos que no permaneceu na Casa das Rainhas, pois que em Fernam
Lopes achamos noticia de que, no reinado de D. Joo I, era o mestre de Santiago, Ruy
Freire, quem cobrava as rendas da Arruda. *
El-rei D. Manuel deu foral a esta povoao em i5 de janeiro de ibij.
A Arruda dos Vinhos contm alguns edificios interessantes, a comear pela igreja
matriz, de trs naves, com um lindo prtico, e boa obra de talha no altar-mr.
Este ternplo
que
'
foi
mais moderna
Vide
i."
1875.
Idem, idem.
'
Chronica d'ilrci D.
468,
Joc.o
I,
2.'
cap.
col.
CXX K.
tem
sido restaurado
em
varias pocas
creio
bm fundado
de
um
E'
com
de um s andar,
de sacada, levantado
edifcio
seis janellas
Tem
da
dia
em
3q,2.
nominal da Misericr-
capital
A
um
templo privativo.
Os paos do concelho esto
prprio,
edifcio
em
de regular appa-
rencia.
Do que
Arruda
lastras
um
sobre
amplo tanque.
Os duques
um
Arruda
de Aveiro tiveram na
um
um
Passeio Publico
agrad-
porto de ferro.
seus ramos
A'
rua
movimento commercial
vehicuios
A
um
com que
e transito
anima a
se
de
villa.
solo fecundo e de
um
clima salu-
berrimo.
Tem
importante
produco de
mimosa de boas
fructas.
Funcciona na
uma
villa
escola
Ha um
theatro,
uma
associao
'
dii3s,
Costa
pag. a35.
Goodolphim,
.li
Mifcricor-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
dades de recreio, Grupo Dramtico e Club Arrudense
sociedades musicaes
Gn/f o
de amadores
Acham-se estabelecidos na
87
(este ultimo
(com orchestra)
com
bibliotheca); duas
Grupo de philarmonicos.
villa
de s.guros
uma
agencia de publi-
cspite!
caes
des e de pasto
casas de hospe-
varias lojas de
com-
americanas.
Arruda
faz se
diligencias,
um
e a
servio regular de
240
ris
cada logar
da
quintas,
constituem
Senhora
Nossa
da
casaes e
freguezia de
Salvao
com
2.287 habitantes.
Como
principaes funces
reli-
giosas
mos mencionar
as da
Semana
Santa,
chafiri^
Na
Liz,
antigo capito-mr da
villa e n'ella
Hospital da Misericrdia
Este
Gamboa
pai
tambm
mesma
proprietrio.
seguiu a magistra-
do reino,
fora capito-mr da
e falleceu
em
morreu.
filho
primognito do
1."
Gamboa
em
direito,
no pariato, mas no no
em
Falleceu
1878,
titulo.
sem gerao.
5."
281
alem
d'isto beneficiada
nem sequer
Um adagio tpico,
de caracter satyrico,
nem casamento.
Mas no se desconsole
diz:
fica
vento,
Arruda, que
com
os de Almoster
Completa-se o concelho com mais trs freguezias, que so: S. Loureno de Arranho,
.o52.
1 .443 habitantes; S. Miguel das Cardosas, com 733; e Santiago dos Velhos, com
i
em
do concelho
Comprehendc esta freguezia mais 17 logares, alguns dos quaes com nomes curiosos,
como Outeiro das Doidas, Adorarcos, Camondes; vrios casaes, sendo um o das Mancebas,
Encarnao.
Ha uma
Alem do
comprehende mais
tas
Gosa de purissimos
ares.
-um
d'elles
chama-se No
e Sardinha.
Ha
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Ha uma
Tambm
Os
aqui ha
uma
sua
quali-
dade de concelhos pequenos e vizinhos, teem mais ou menos estado sempre em competncia no interesse de se arredondarem um custa do outro.
Assim, extincto em i855 o concelho do Sobral, foi engrandecer o da Arruda.
Em 187, quando Baptista publicava a sua Corographia Moderna, faziam parte do
concelho da Arruda, alem das reguezias actuaes, as de Santo Quintino, Sapataria
Sobral de Mont'Agrao, que hoje compem o concelho d'este ultimo nome.
Actualmente, o da Arruda tem, comosabemos,
mas
uma
esta
VII
Mafra
o REAL
no fosse o
EDIFCIO
real edificiot,
como
aqui se diz
em
Mafra, a
villa
como
Quem
em
ou
alguns documentos.
estando na
j viria
se
Praa
que
se
no ser qualquer referencia escripta e uma recordao onomstica. Mas ainda est de p a igreja outr'ora parochial, pequena e singela, com as suas
portas ogivaes, os seus azule)os mosarabes, as suas duas arcas tumulares, a qual
alguns dizem haver sido mesquita,
opinio impugnada por Estacio da Veiga.
E j que citei este nome, devo recommendar ao leitor, caso se interesse mais pelo
passado do que pelo presente, a leitura das Antif^uidades de Mafra (Lisboa, 1879), memoria em que aquelle minucioso archeologo estudou as pocas prhistorica, romana e
rabe dentro do concelho a que somos chegados.
A igreja teve no sculo xiii um parocho que depois subiu s mais altas dignidades
ecclesiasticas, incluindo a mxima.
Foi Pedro Julio, natural de Lisboa, filho do medico Julio Rebello, que ascen-
dendo ao
Junto
slio poniificio
xxi.
moderno
do
marquez
da lngua arbica.
Refiro-me rua chamada de Traj -ao- Castello, que atravessava da rua do Meio para a rua do
Pao do Marquez.
'
,2
To
de Ponte do Lima.
uma
Lord jBeckford
Lima, e a quinta.
fala,
abundantes fontes, e a
uma
ita-
d'isto existe j.
Quanto ao
palcio,
um mez em
do passei
este palcio
xviii
da quinta que
Nada
no sculo
visitou
em que
villa
'-^
em
Pode
mole
dizer-se
com
certa altura
inteira
mos para
levantando a cabea.
ella,
Lembram
e s elle
quando olha-
se
da
Mafra
uma semsaboria
de mr-
more.
Pois no outra coisa.
Na presena
veu
a fazer a
d'este colosso
iste figura
dominante
de edificar
um
absorvente,
nenhum
proprietrio se atre-
prdio pretencioso.
Pelo que resulta que todas as casas de Mafra, ainda as melhores, nada teem de
notvel, e todas ellas
parecem humildes.
Confesso francamente que, tendo transitado muitas vezes por esta villa e permanecido aqui, de uma vez, trinta dias consecutivos, nunca me pude familiarisar com o aspeportuguez monumentalmente
que nunca o pude supportar nas linhas
do seu vasto conjunto, nem mesmo quando o carrilho repica festivamente e lana do
alto alguma onda de vida sobre esta mansa e soporifera villa de Mafra.
cto grandioso,
montono
'
'
mas esmagador, do
e pesado, cheio
de sombra
e frieza;
A EXTREMADLRA PORTUGUEZA
04
Quem
desconhecer
historia
escolheria este
e horizonte.
estivesse estabelecida
em
parte d'elle
viila de Mafra seria qiiasi morta, apesar dos muique por amor do real edificio a visitam, se no
a Escola Pratica de Infantaria, como j em tempo
Ao
Mas nem
Quem
o soldado.
official e
uma
em
Mafra.
anecdota do tempo
d'elles.
umas
Ento,
snr.
um
Jos, perguntou
frei
uma
foi
tal
elle.
villa?
Minha
A
senhora, respondeu
Qual! O
peor que
elia
teria
elle,
sempre
tem
Fra.
que seja
feia.
uma
em
terra, ainda
villa
acabar
balea.
e,
diga-se a verdade,
bem installadas.
Os officiaes oriundos do
esto
feira
freguezia
Andr
ambos os sexos.
Cabea de concelho
e de uma comarca de 2." classe, a villa inclue ni sua populao o respectivo pessoal administrativo e judicirio, slem do elemento militar. Mas a
maior parte dos habitantes saloia, improgressiva, sem embargo de ser este um dos con-
Ha uma, Conde
de Ferreira,
na
com
A EXTREMADUKA PORTUGUEZA
9^
no
dia
os pobres.
um
anno depois
em
Necessidades.
Creio bem que D. Pedro V sentiu pejo de ver intil este soberbo casaro de Maque tanto dinheiro custara, e que para nada servia j.
Metteu-Ihe dentro uma escola, escolheu professores, mandou imprimir compndios
sua custa, distribuia prmios aos melhores alumnos e at lhes dava fatos completos.
fra,
pecunirio em que D, Pepensado ', prefere a agricultura instruco, o que elle quer na familia
so braos que o ajudem, no olhos que lhe leiam gazetas ou livros.
Peridicos hebdomadarios tem aqui havido alguns, que n'um dado momento serviram illuses patriticas ou paixes politicas, mas que em breve desappareceram n'um
meio adverso lettra redonda.
O Remanso durou de maro a maio de 1857; a Ga\eta do cjmpo viveu de janeiro
de 1866 a junho de 1867; em 1887 comeou o Jornal d Mafra e ainda no mesmo anno
dro
tinha
um
em
Mafra, que era redigido pelo dr. Alves Crespo; em 1896 sahiu o
i." numero da Folha de Mafra, que reproduzimos em fac simile; em 1898 fundou-se o
Correio de Mafra, mas j l vo todos.
Agora publica-se o Clamor de Mafra, jornal livre e independente, que vai em
pouco mais de ^o nmeros, e de que proprietrio e redactor principal o advogado
1893, o Conselho de
Agostinho Albano
Vamos
at
em
verso.
O
menda
nos dar
poema em decassylabos pareados, cuja aco uma treLargo do real edifcio, achou meio de
impresso da grandeza do monumento n'estes e outros versos
auctor da Gaticanea,
uma
rpida
tem quatro
Elle
Com
E
feitas
Hum
Em
frentes,
ou fachadas,
com
tal arte,
em redondo
Que
'
De
'
no
fui
mais
feliz.
e viveu
no sculo
xviii.
Da
96
El-Rei D. Joo
tinha ainda
um
filho legitimo
Anna de
ustria, e no
Certo dia
um
sitio
onde hoje
FOLHA DE MAFRA
IM
I..IW.
1(.-.,1
,1.1
l'l'
i|.|'
h.lill.^l.l
);
\'
II'
IH'Jil<l')
A'.l-<ii|A
.l.,i.
n. :
.1...
'-
'
__
AnlonW)
i.
ruijiA iKMM'ii\
;.
^fHiiwf
&t
Pac-simlle
m\
^^i\tff,
Mas o visconde de Villa Nova da Cerveira cuja familia reuniu depois o marquezado de Ponte do Lima que tinha em Mafra a sua quinta, habilmente interveio no sentido de se edificar o convento n'esta villa.
Isto j elle o havia tentado, mas levantaram-selhe ditficuldades; agora a occasio
era propicia e o visconde no a perdeu. Entendeu-se com os frades arrbidos, e o leigo
acabou por indicar o sitio de Mafra '.
Fez-se o milagre. No fim do anno de 171
nasceu a infanta D. Maria Barbara.
Os maliciosos da corte diziam bocca pequena que o milagre no o fizera Santo
Antnio ou o leigo, mas siin este dito do duque de Cadaval a D. Joo V: tque. ..
que..
que trabalhasse a rainha para ter filho, que era obrigada a isso; e de contra1
rio lhe
Um
do
rei
'
franciscano,
desdenhando
dizendo: Bastava,
meu
a efficacia
senhor,
um
Tradio oral de
.Mafra.
do arrbido, fez
um
calenihour na presena
mim adoptada no
livro
*.
As amantes de D. Joo
V.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
um
Encommendou
tambm.
d'elles D. Jos, e
rei
entendeu que
era
em Roma,
e estava residindo
importaram em 358oooo
em
Lisboa
-;
ordenou as neces-
ris.
Esta cifra mostra que a inteno do rei era modesta a principio; mas no tardou
que o gnio perdulrio d'esse monarcha o levasse a ampliar as primitivas dimenses do
projecto, pelo que foi preciso fazer novas expropriajs, no valo- de i2:842-:fooo ris.
Conta-se que era ento proprietria do Casal do Abbade (de que ainda hoje se
2S5
as ruinas
n'uma
collina
Pi-aia
vem
do Peixe na Ericeira
da segunda Tapada)
uma
priar.
D. Joo
foi
a entrar
em
ajuste.
Vende-me
A
o casal, que eu
te darei
um
No
me
queira vossa magestade tomar o Casal, que eu sou capaz de lhe dar.
dois barretes cheios de peas '.
fachada.
Ludovici, como elle assignava depois que casou com uma dama romana.
Sobre este architecto ve]n-seAp->ntjmeiitos icera da bio^'raphia do notvel ar.hiiectn da basiUca real, palcio e convento da villa de Mafra pelo visconde de Sanches de Bana (Lisboa, 1881).
' Tradio oral de Mafra.
* Sobre a solemnidade da sagrao escreveu uma memoria Frei Joo de S. Jos do Prado.
Thomaz
Pinto Brando compoz uma silva sobre este assumpto; e tambm deixou uma descripo de Mafra
1
Ou
voi,.
11
i3
dio,
100 juntas de bois. Carregadores de pau e corda ni havia menos de 420. As arrecadaes, camaratas do pessoal, enfermarias, cocheiras e curraes occupavara barraces
fora mienormes, a que se dava o nome de Ilha da Madeira, to vastos eram.
Um
litar
de occasio.
Que
loucura
que loucura
'
Harold
vida de orgia.
Murphy
aprecia
com extrema
pomposa do
pondo de parte
edificio.
A comear no prtico onde 14 estatuas de mrmore de Crrara eu adoro especialmente a de S. Bruno occupam outros tantos nichos, o visitante reconhece que
est dentro de um templo verdadeiramente notvel pela sumptuosidade sem exageros, e
pela belleza
da unidade architectonica, a
um tempo
rica e simples,
como Raczynsk
notou.
los,
o edificio todo.
Tambm
de holel.
Da varanda do zimbrio avista-se ao
e ao occidente,
fica a
6 kilometros de distancia,
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
na extenso de 220 metros.
Uma
Nos
infindvel galeria ou
'
que so aposentos
d'el-rei,
o do norte, da
terraos, que
pombos, que
atirar aos
em
og
signal
fuga os
pombos alvoroados.
Contguo ao
da cerca monstica
com um
era recinto
Cerco.
Depois segue-se a Tapada Real escalonada em trs divises, toda murada, com 20
de circuito, descendo sobre o Gradii; muito abundante de volataria
de caa grossa o veado e o porco montez.
kilometros
e
No meio da Tapada
canso e refeies.
Fica no fundo de
um
ha
um
palacete,
valie e
chamado
estreita ribeira.
de carruagem at ao Cdebrdo,
ir
sitio
magnifico para
espera.
ahi.
Os
a caa,
No
atira s
gamas,
em
circulo,
vem
ca-
adores o faam.
Quem
Tapada em carruagem,
percorre a
certificar-se
carruagem pela linda estrada que de Mafra conduz ao Gradii, v dezenas de cervcs
empoleirados nos rochedos, como a espreitar curiosos o que se passa extra-muros.
Visto o real edificio est vista Mafra, e para vr bem o real edifcio aconselho como
vademecum a interessante memoria * do meu fallecido amigo Joaquim da Conceio Go-
em
mes, reimpressa
Quero ainda
successivas edies.
que o
Primeira,
titulo
de conde de Mafra
foi
concedido
em
filho
do
i.
i836 a D. Loureno
em
1870 a Francisco
e b. filho
do
1."
conde
de Ficalho.
Segunda
que
habitou
Chegando
Duarte, e
um
aqui,
pode escolher
um
'
edificio.
A ERICEIRA
caminho da Ericeira, que das 14 freguezias. de que se compe o concelho,
de Mafra, a mais conhecida graas sua linda praia de banhos.
Como que precisa a gente alijar o peso do real edifcio e refrescar o espirito, cansado de tanta grandeza, na aragem fresca do mar.
Sabe bem, pois, tomar um trem o a diligencia, e fazer este percurso de 19 kilometros por um ramal de estrada que segue para noroeste cortando pinhaes e se anima
Agora
depois da
de vez
villa
saltam creanas
como
taes
reis
a Sobreira e
o Seixal, d'onde
'mor Deus.
eira,
alem
uma
olaria
em
um
alm
um
'
todo
;
ali
moinho-de-vento
que trabalha.
uma
calada,
em
o da
Assim como ha
do
ilharga as
sul a elegante, se
Fumas, que so
do norte
e a
'
'
da Fanfarra Ericci^ense.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
N'um ponto central entre estes dois extremos da villa erguem-se alterosas
como aqui se diz -tendo a um lado a ermida de Santo Antnio; ao sop
ribas
arribas
em
d'ellas,
baixo, cava-se o
No
tra;
ermida de S. Sebastio.
Eu
as pescadas e os robalos.
no bairro norte
normalmente as tardes da
Tapada de Mafra
Ericeira, exceptuando os
e a burricadas
isso,
Foz
'.
depois de passar a
manh
traba-
lhando, deixava-me ficsr de tarde n'um banco do Jogo da Bola, ao ar fresco, a conver-
com
sar
e cujo
orago
S.
Pedro.
De
todas
as
parada.
Mas onde
se construiu
gnero existe
no
um
club
um
hotel
um
theatro
bom.
desfaz. N'ibto se
Avenida
pomposa
'
motivos
a antiga
beira de Cheleiros.
illustre, tinha
uma
residncia.
nome
aqui dado
ri-
leitor
homens
senhoras especialmente o
3."
taurado.
em
es-
1889:
da parede
pelas janellas despidas de caixilhos, v se o ceu azul este bello ceu azul
e,
da beira mar.
trs
ali
Portugal restaurado.
No
uma
no
do
Tendo perdido
lho
uma
fabrica de
moagem, mas
o que
a sua
cabea de conce-
a Ericeira foi
at
falta, repito,
iniciativa patritica
deram
prestigio e
So
memorvel do
Jorge Fialho:
fallecido ericeirense
intrusos, certo;
Um
mal necessrio
uma
litteratura.
Mendes Leal
mente o
Elle
'
sr.
no
titulo
me
cita,
mas citoo
de Conde da Ericeira
toi
em
eu a
opsculo
elle.
concedido
Tudo
a D.
uma
villa.
Diogo de
Mmezes em
1C22
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
io3
Pelo que me respeita, inseri no livro Sem passar a fronteira uma pa-te da longa sede folhetins escriptos aqui^ interessei a Ericeira no entrecho da novella O Segredo
de uma alma; e creio ter sido o primeiro que, toTiando por base um bello trabalho his-
rie
inculcavam D. Sebastio.
romanceei a vida de
Refirome
um
pude, no sem alguma pertincia, surprehender ainda nos seus ltimos vestgios tradicionaes.
Um
papelada da Misericrdia,
da ses-
e transcrevi a acta
em
2^ de dezenbro de 1679.
Folgo de recordar, agora que se desenterrou o pelourinho que ha dezesete annos
nome de
Ericeira,
nume-
como
dinha, etc.
Quanto Ericeira, a tradio c confirmada pelo antigo brazo municipal um ouno meio do escudo.
Primitiva povoao de pescadores, do mar que a Ericeira tem vivido e continua a
viver. Hontem a sua industria era a pesca, a que se encontram, referencias no foral dado
em 1229 pelo quarto Mestre da ordem de Aviz. Hoje, se nos permittem a palavra,
:
rio
vive da balneao.
em
toda esta freguezia, especialmente nos arredores da villa, mesS conheo aqui duas quintas a do morgado dos Leites, que fica
prxima; e a dos Chos, solitria mas afidalgada, a cerca de duas lguas de distancia '.
Camillo, que no conhecia de perto a Ericeira, localisou aqui uma quinta no Livro de
agricultura,
quinha
e deficiente.
consolao.
'
Na
porem uma
se
feira
de fructas a 25 de julho, e a
ella
concorrem as oatras
fre-
guezias do concelho.
Qaanto
em
tece
os pescadores,
como
alis acon-
mais typico,
um
Exerce este
com
povo da
um
e ha
officio,
mo esquerda
gre que
em
Vtctorino
tio
',
Ericeira,
como ordinariamente o das povoaes martimas, mais aleAs raparigas cantam na Fonte do Cabo^
Pedro da Ericeira
No troco o meu
Por
S.
Lucas da
S.
Pedro
Freiria
2.
A freguezia tem 2.169 habitantes e comprehende mais os logares de Fonte Boa dos
Nabos, Outeirinho, Seixal e Casa Nova.
Hoje vem muita gente Ericeira por Cintra. A distancia de 20 kilometros. Entre as duas villas fazem-^e trs carreiras dirias, a Soo reis cada logar.
Na carreira de Mafra Ericeira poupa-se apenas - um kilometro e um tosto.
m
AS OUXRAS FREGUEZIAS DO CONCELHO
Falando das restantes freguezias do concelho de Mafra, seguiremos a ordem alphabetica.
S. Miguel de Alcaina,
Comprehende
800 habitantes.
feiras e feira
um
annual a ib de maro.
tambm ha uma feira no dia de Santo Antniono logar de Alcaina Grande, o qual se acha situado na en-
uma
xii
ou
xiii),
diver-
A palavra Alcaina parece significar ^ encontro das mulheres. Pena que o sr.
Ascenso Valdez, que em i8q5 publicou uma interessante memoria sobre os logares de
Alcaina, Malveira e Carrasqueira, no investigasse a lenda do onomstico.
Ha uma
escola.
Comprehende
em
vrios logares.
'
'
d'este livro.
i8?5.
i.yqS
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Ha
uma
aqui
em
valie.
a pyrotechnia.
la,
A
a
industria local
io5
de novembro. Dista da
villa
uma
de Mafra 12 kilometros.
974 habitantes.
celleiros,
d'onde teria
derivado o onomstico.
O
villa e
uma
logar de Cheleiros
foi
antigamente
baixa,
em
nome.
A
res.
freguezia
comprehende outros
lega-
sexos.
tagal, charneca.
diocese de Lisboa.
Comprehende
um
vrios
logares, sendo
foi
28:) As
Famas da
Ericeira
Bispo pertenceu.
Ao
uma
Ha
que s vem
do Coito.
Escolas parochiaes
uma na
Rosrio.
1.584 habitantes.
Freguezia de S. Domingos da Fanga da F,
A igreja parochial est situada no logar de Lobagueira ou Encarnao; por
Tem
ella
escolas para
sculo
ambos
xviii fazia
Comprehende
quatro.
No
isto
1.486
habitantes.
Tem uma
escola.
com
Torres,
voL.
11
io6
lia
horas da manh
mais encantadoras ingnuas do theatro portuguez, aqui fallecida s 3
do dia 5 de outubro de 1904. O funeral realisou-se em Lisboa no dia 7.
Na casa da quinta de Sant'Anna havia um theatrinho mandado fazer pela sua illustre proprietria.
uma
Parece que o logar do Gradil foi outr'ora villa. Tem duas escolas. Faz-se aqui
comprehende mais 6 logares.
feira de gado suino a 3i de dezembro. A freguezia
Freguezia de Nossa Senhora da Conceio da Igreja Nova 1.690 habitantes.
Comprehende
A
A
fra 5 kilometros,
tem uma
Ma-
escola.
3.162
habitantes.
Depois da de Mafra
a freguezia
mais
populosa do concelho.
Comprehende
d'elles a Sobreira.
ca
de
Ha
Ericeii
vrios
um
moagem
sendo
logares,
uma
a vapor. Escola
fabri-
official,
to;
se
da Ericeira st entrincheiraram no
feriu a batalha entre elles e as tropas do governo hespanhol.
Freguezia de Santo Izidoro 1.758 habitantes.
de Matheus Alvares
rei
ltimos guerrilheiros
dia
em
Ha uma
escola
official.
cal.
do templo.
Um
dos muitos logares da freguezia chama-se Pao de Ilhas, nome que lhe veio
um pao, que seria o dos condes da Ericeira, e cujas runas, entre
um
ellas
prtico
em
estilo
Segundo
vel, e
Ha uma
a tradio local, a
o que certo
escola
que
um
official.
pleta-se
Tem
escola.
Populao
total
VIII
Cintra
ossuE Cintra
uma fama
europea.
E' o glorious
que esmagou
um
conjunto de circumstancias
feli-
horizontes,
charneca do
tornal-a
uma
o epitheto de gloriosa.
No
que
a belleza
da situao
com
se
lhes
castello
em
Portugal.
como ao
e,
nature-
norte, que
chalets,
dos
em caminho
de ferro
uma
hora de via-
lisboetas a mais
prxima
io8
Mas, no
e precisa
estio,
uma
uma
um
chapo de palha,
estao da corte
bom
famlias
do
vacilla entre
Em primeiro
o nosso
lisboeta,
o Estoril e Cintra.
Ora
logar
a verdade que
uma
nem
hora
kilometro at
calor e mais p.
arrabalde entre a estao do caminho de ferro e o bairro chamado por sua vez
Estepliania tem lindos chalets e jardins, que so de quem so. Mas o lisboeta
segue para deante a procurar a sua casinha modesta, que lhe custa um dinheiro. Janta
villa
391
CasicUo
da t'cna
noite. Depois d um passeio, durante o qual o grande fil consiste em' cumprimentar
muita gente. Se ha peixe frito no pateo do Pao Real, isto , se toca uma banda regimental, entretem-se a noute at s dez horas se no, conversase n'algum grupo ou
n'alguma botica. Cai humidade, levanta-se nevoeiro, vo todos para casa, ouvir o sus;
surro
da serra, cortado de vez em quando pelo rodar dos trens na villa. Pela manh,
as compras, tabeli de Gran-Capito. Em seguida ao almoo um livro e
arvore, uma burricada ou uma quinta, quando no , como para tantos lisboetas,
dinheiro para
uma
se
Cintra.
Mas, emfim, poder dizer que se est em Cintra fazer boa figura em Lisboa.
Eu, homem do norte, prefiro o Minho, com boa agua, boa sombra, bonita paiza-
gem sem
ferro
um
sobre
essa
Constncia Periquita.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
109
Mas o viajante no quer por ora trens nem queijadas, mette-se no carro elctrico,
que segue pela avenida Jos Luciano de Castro, a principal artria da villa Estephania,
e o leva ao centro da povoao, a 20 reis cada logar.
Passamos pelo Duche, que est dentro da quinta do conde de Valenas antiga quinta
de D. Caetano
que
um jorro de
Vamos
em Cintra, no corao da villa antiga, o qual comprePraa velha, hoje largo da Princeza D. Amlia, mas tambm as suas
entrar propriamente
hende no s
immediaces.
292
E' aqui, n'esta zona central da povoao, que esto situados o Pao Real, o soi-i/saH
pelourinho
',
jas
de commercio, o quartel,
um
edifcio prprio, a
que d'esta nobre residncia se pode ver de muitos pontos da villa um concom algumas janellas lavradas, e duas originalssimas chamins, que fazem lembrar garrafas de Champagne.
A fachada d para o interior do pateo.
porto.
junto
O sr. Antnio Cesar Mena Jnior sustentou, em monographia especial, que o pelourinho de Cindesappareceu vandalicamente em 1854, e que a actual columna teve uma origem e applicao diversas, no ainda definidas.
tra
origem do
Pao Real,
em
o visconde de Juromenha,
iSSg, na Cintra
houvesse sido
elle
infeliz
jornada de Alcacerquibir.
VI com uma
nica janella
foi
durante
8 annos o ergstulo do pobre rei desthronado. O ladrilho do pavimento est gasto das
continuas passadas do monarcha, de um lado para outro como um leo na jaula.
Sala dos cysnes ou dos infantes que deve aquelle nome s pinturas do tecto, as
quaes, segundo a lenda, memoram o presente de um casal de cysnes mandado por Carlos V a el-rei D. Manuel, quando ainda estas aves eram quasi desconhecidas em Portugal.
Comtudo
I.
Sala da gal ou das sereias ou camar do ouro recentemente destinada aos aposentos do
infante D. Affonso.
sr.
pegas a que
Sala das
com
Garrett
se
liga
uma
I,
glosada por
na
em numero
de 72 *.
Sala de jantar contigua sala das pegas.
Sala do banho ou dos esguichos, de origem rabe, postoque o seu revestimento
Sala
Tem um
reconstruda.
tanque central
com
V porque
este
monarcha aqui
e falleceu.
So dignas de meno
zinha,
todas as direces.
repuxo.
nasceu
em
com
especial a capella
com o
fonte e depo-
sito J'agua.
Ha um
interessante annexo ao
foi
mandado
Os
pelo
completam
sr.
no
infante D. Affonso.
'
No
livro
Pao de Cintra,
in-folio
com um exemplar do
qual
fui gentil-
mente brindado.
^
Freire.
Veja-se a obra,
em
trs
volumes, Brases
d.x
sr.
Anselmo Braamcamp
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
s
tres freguezias
populosa
com
villa e a mais
no arrabalde, com 1.403 ;
comprehendendono alto ocastello da Pena.
S. Pedro,
Na
a)
Da
Regaleira, sobre a estrada dos Pises. Pertenceu aos bares d'aquelle titulo
e hoje pertence
Os
ao
Carvalho Monteiro.
dr.
um
Pises so
em 1808. Lord Byron, no Childe Harold, seguiu esta verso e por isso chamou
manso ingrata ao palcio de Sitiaes.
Mas um escriptor moderno - provou que a deplorvel conveno foi celebrada, concluda e assignada em Lisboa, e ratificada em Torres Vedras pelo general Dalrymple.
c) Do Relgio, na estrada dos Pises, propriedade que foi de Manuel Pinto da Fonseca, Monte- Christo. A casa no estilo rabe-, a quinta magnifica, com um soberbo
lago de mrmore. Pertencem a D. Capitolina Vianna.
d) Da Penha Verde, um kilomeiro a sudoeste de Sitiaes. Fundada pelo grande D.
tra
Joo de Castro, viso-rei da ndia. E' grandiosa e bella. O ponto mais elevado da quinta
chama- se Monte das Alviaras. Sobre elle foi edificada em honra de Santa Cathirina
uma ermida, cujo panorama variegado e formoso. Junto de outra ermida, de Nossa
Senhora do Monte, (fundao primitiva) ha duas lapides notveis, que D. Joo de Castro
trouxe da ndia, tendo cada
es,
em
latim e portuguez,
uma
d'ellas
uma
completam o
inscripo
em
sanscrito.
Outras inscrip-
De Monserrate, que no
e)
tambm
em
pavi-
tem
visitado
a Sucia, a
Noruega, Hespanha
Portugal, disse ultimamente que nunca viu nada mais bello que o parque de Monserrate*.
sitiaes.
um
ai
o dier-se sete
ais, e
depois
'
'
Esta inscripo
em
em
S.
Na
um
a este
costume quando
diz:
Mamede.
torno da ermida de S.
Na
Fonte de Longo
Maria Dias.
Parque da Pena.
A da Penha Longa
de frades jeronymos
ca
condessa d'aquelle
horizontes.
los
como
titulo.
Tem
convento e cer-
foi
;
hoje
pertence
fontes
ambos
creanas de
"
para
os sexos.
quinta do Ramalho,
um
kilometro a
sueste
Rainhas, c
n'ella residiu
D. Carlota Joaqui-
fica
o logar de Ra-
ama
quinta,
ardeu
cio
chamada da
em
bro de 1906.
293
um
castello da
Pena
Cintra, 3 629 metros de altura. Outros dois cabeos so o do Castello dos Mouros, que
j
mencionamos;
e a
Cruz Alta,
um
mesma
altura.
Castello dos
Mouros
foi
reparado
inte-
riormente.
um
c dilatados
de Cintra.
No
sitio
um
el rei
D. Ma-
mesma ordem.
foi
adquirido,
em
838, por
el rei
-,
o seu
var,
da natureza
igreja, e
fez
um
em
sal-
estilo
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
rabe mixto, digno de rivalisar
com
Europa.
No
cam
O
tes
exterior,
a idade-media.
mundo
e o tecto
do vestbulo imitando
em artstica phantasia.
com um mostrador em cada uma
stalacti-
attingem o maravilhoso
torre do relgio,
castello
avista-se
294
Forma
serra.
em
abre
Fachada
uma
de
ga-
arcaria,
um
um
dos lados
rasgando a paizagem.
No
interior,
e s perto
do outono
parque harmonisa
com
que
retira
como
rai-
para
a igreja-
admirvel. Especialisa-
)'
de
marquez de Vallada
'
que
fez notar
n'eilas
VOL.
II
el-rei o
Isto exacto.
14
mesmas
propriedades.
serra de Cintra corre, como sabemos, de Hste a oeste, na extenso de 18 kilometros e, entrando no mar, forma o Cabo da Roca. Antigamente era chamada Promontrio Magno ou Serra da Lua, porque os romanos aqui edificaram um templo que
foi consagrado a Cmtia (a lua), d'onde alguns suppem ter vindo o onomstico Sintria
Sobejam, portanto, a esta serra extremenha titulos que a recommendam e notabilisam desde a poca romana do templo de Cintia, desde o Castello dos Mouros no periodo da occupao sarracena, at ao castello da Pena
em
nossos dias.
Conta a lenda que el-rei D. Manuel andava monteando na serra de Cintra e perum veado branco, quando viu alvejar ao longe no oceano nove velas.
Era o regresso da segunda frota que tinha enviado ndia. Por este facto teria
mandado erigir o convento da Pena, no logar onde j antes havia uma ermida.
Tambm a lenda conta que Bernardim Kibeiro, saudoso da infanta D. Beatriz, aqui
ermava repetindo o nome d'ella ou entalhando-o no tronco das arvores e at, segundo
seguia
em
'
festa de Santa Eufemea, tendo nos ltimos annos havido maiores festejos, promovidos
por criados da Casa Real.
A igreja parochial de S. Pedro (S. Pedro de Canaferriro e depois de Penaferrim)
, como as de Santa Maria e S. Martinho, coeva da fundao da monarchia.
Em \jbb foi destruida pelo grande terremoto. A sua ultima re.staurao data de igoS.
Quanto mais
j dito
Os mais
de
e
teria
e melhor
eu a dizer de Cintra...
homenagem: os
em
foi
sr.
D Baroni Leoni
(1898)
em
verso,
prosa.
nome
eu que no estivesse
diria
presso de Cintra
mas o que
com maior
xito, a
suave
e subtil im-
reiro de 189
uma
commemorativa do centenrio
quinta de Pedro Gomes da Silva. *
lapide
a
um
ha,
que
natalicio
foi distincto,
largo elogio.
Possuo delle, em manuscripto. Uma descripo da serra de Cintra e dos Paos Reaes,
que supponho indita.
Conheo ha mais de trinta annos esta amena estancia, throno de vecejante prima-
'
Um
nome
1^*90,
pag. 67.
de Alrueida (jarrett e
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
vera. Conheci-a antes do
em que
1887,
ii5
se inaugurou o ramal
como
tal
a conheci primeiro,
na sua
altiva
idil-
das suas claras fontes, offerecendo paizagens aos pintores e aos poetas, camellias s
lica
decer natureza to
est a
de
comem
queijadas
como quem
quer que fosse de dupla tradio mourisca e medieval, de caracter histrico e de placidez
potica, outr'ora to respeitados aqui e to imperturbveis na sua quietude
vagamente
saudosa.
Houve no
foi
foi
Este fidalgo nun;a chegou a encartar-se no titulo, e procedeu bem, porque o condado de Cintra parece mais prprio para uma dama. Assim o comprehendeu quem depois o fez recahir n'uma neta do marechal duque de Saldanha.
Na villa de Cintra tem havido, que eu saiba, os seguintes peridicos:
O Saloio^ primeiro jornal d'esta villa, impresso em Lisboa. De outubro de i856 a
setembro de 18D7.
cie Cintra. Comeou em novembro de i885.
Clamor de Cintra. Julho a dezembro de 1887.
Gaveta de Cintra. Fundada em 1889.
Jornal
Comeou em
Jornal Saloio.
um
1898.
em
No
iSgS,
e j
n. Sg,
acabou.
impromptu de Cintra.
que se publicava ainda em 1899.
Echos de Cintra, que julgo ser o mais moderno.
A villa cabea da comarca do seu nome (2.* classe).
indito de Garrett,
Progresso de
Cintra.,
Tem
Na Penha Longa
comea
em
S.
Pedro de Penaferrim ha
feiras
annuaes de 3 dias: a
1.'
a i3 e a 2.* a 29 de junho.
Antigamente
ir
a Collares era
uma
festa; hoje...
commodo, mas no
um
uma
carro elctrico
parlie de plaisir
vin-
como
como
pode
bem
tallados na Ribeira.
linh passa a
'
Tramway
a vapor,
queza
vitcola e
ri-
pomifera.
escalde.
de
Os
feito
fliavor,
que
viie
loira
agricole
um
bem
dif-
defeito, a
ou doirada.
per-
'g5
1'alacio Moiiserrate,
uma
em
Cintra
habitantes,
que deu nome freguezia, tomouo, dizem uns, de dois collos ou collinas
uma Dido allem aqui viera parar depois de viuva e, com licena do senhor do logar, aqui fundara um Castello, dando como
penhor do custo do terreno trs collares de ouro, pelo que chamou de CoUir ao castello. Gabriel Pereira de Castro remonta-se ao tempo dos romanos, conta que um sanguinrio Phitodemo, terror d'estes sitios, fora morto por Alcides e que depois a vindicta
villa,
popular o arrastou
com
fortssimos collares.
villa
Gallamares
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
"7
Antigamente, segundo a tradio, era navegvel e tinha porto aberto por onde enmar os pomos que as macieiras sacudiam e elle levava no seu curso: d'ahi
tanto o nome do rio como da praia onde desagua.
travara no
Outra fabula.
Na
talvez.
uma grande
vrzea ha
represa ou lago, que serve no s para rega dos pomares, aqui to densos e ferazes, mas tambm para exerccios de canotage no vero.
O arvoredo, sempre frondoso e basto em toda esta regio, deixa cair sua fresca
sombra sobre
villa faz-se
lhe serve de
2tK)
tambm o
D'antes
um
era
moldura
Palcio de Seteus,
meu
em
Cintr
Rua
um
Fria,
frondoso bosque.
guma
Os
igreja, a
A
existia
principaes edifcios da
que
foi
do
dr.
III
deulhe
teve castello.
foral e
D. Joo
em
doou-a a D.
Nuno Alvares
Pereira,
villa
i855.
se relacionam
com
um
rochedo,
ii8
Assumpo.
No
ma
arraial
costumam
de Lisboa.
o oceano
um
como
da costa descem
esprtula. Junto
Pedra de Alvidrar
Tambm
prumo sobre
o representou
nos lembraro
em
que se diz
ter existido
um
templo dedicado
Lua.
ricas
quinta do Dias
mirante
uma
tem
um
i^os carmelitas.
um
bonito
cascata magnifica.
Malta de castanheiros, a que mais a cima nos referimos, fica entre a quinta
do Dias.
Conhecemos a importncia vincola de Collares, mas diremos ainda que a viticultura
n'esta regio comeou a ser animada por Atonso III, como prova um documento antigo,
e talvez at este monarcha tivesse mandado vir de Frana algumas cepas para replantar.'
As fructas so ptimas e abundantes. No s abastecem o mercado de Lisboa, mas
tambm, em grande copia, vo para Inglaterra, especialmente os limes.
bella
do Carmo
'
e a
i85.
AfEXTREMADURA PORTUGUEZA
J o marquez de
uma
Pombal
dizia
que
ter limoeiros
em
"9
preciosa mina.
serra, sei eu que saam todos os annos centenares de caixas de limes para Inglaterra
homem
no
conde da Arriaga.
de 1892, o limo portuguez teve uma
baixa no mercado de Inglaterra pela concorrncia do limo da colnia do Cabo.
Deu isto motivo substituio do limoeiro pela vinha no Casal, pois que, no poPinto de Magalhes,
e foi
i."
visconde e
i."
em dezembro
298
A quinta da Arriaga foi por muitos annos o retiro predilecto de polticos notveis
Fontes vinha aqui descansar algum tempo, especialmente durante os trs dias de carnaval. Aqui gosaram suas luas de mel Lopo Vaz e outros regeneradores em evidencia. O
conde da Arriaga dava uma hospitalidade bisarra e magnnima.
Hoje a quinta da Arriaga pertence s duas filhas solteiras do conde, e o Casal
esposa do sr. conselheiro Joo Arroyo, o qual mandou recentemente edificar uma ampla vivenda.
Vamos agora
fica a trs
kilometros da
villa
de Collares,
nome.
ri-
valisa
em
baixo
fica
a praia
edificios,
de banhos. Magnifico
ar, e
alguns chalets, no
alto,
temperatura magnifica.
sobre a
Mas
os
banhos so s vezes perigosos pela bravura do mar. J aqui se deram dois sinistros memorveis. Em outubro de i838 foram arrebatadas pelas ondas trs meninas e dois baem setembro de igo5 aqui morreram afogadas mais duas meninas, Marcellinheiros
'
Collares.
O
o qual
tambm mandou
construir
um restaurante
fanccionando.
com
em
a vrzea de Collares.
%^rSI|pli^B^^P^^H^^pr
2)
Um
>
sr.
XVI
tambm
uma
ca-
pella
Ao
Azenhas
do Mar -alcando-
Ao
da
em
26 de
Almeida e de
D. Maria Jos
d'outubro de i838,
no
filha
do Cavallo.
'
Sophia de Koure, que pde ser salva a muito custo e era irm de uma das victimas, cacom o visconde de Villa Maior.
Diz-se que um cavallo, pertencente a certo inglez, resvalando pelo Fojo, de que j falamos, fora
apparecer na praia a qae dera o nome. No prima pela verosimilhana esta lenda.
a Collares. D.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Continuando na freguezia de Gollares, escusado nos ser accentuar de novo a imAlmoageme. Este logar j em i838 contava ii5 fogos, quando
portncia do logar de
que
a villa,
De
fego vincola.
Segue-se,
em
tem 200,
Ha
aqui
uma
em
700 almas.
capella instituda
As paredes so
lher.
festa
An-
do Impera-
Contamos no
generalisada
em
i.
capitulo Alemquer,
vol.,
Coimbra para
como se deprehende de uma rpida notitambm de esperar que ainda se conserve junto
em Lis-
No
ha.
Mas
no concelho de Cascaes,
subsiste
em
Alcabideche
no de Cintra,
logar do Penedo.
o seguinte: No i. dia, o boi, todo enfeitado com fitas
d trs voltas capella, e em seguida abatem-n'o, sendo parte da carne distribuda em bodo aos pobres. No 2. dia sai o cortejo processional do Imperador e faz-
flores,
se a
com
o jantar aos
festeiros,
do boi morto.
Garo compoz umas cantigas Ao Divino Espirito Santo no anno em que
serviu de Imperador um filho do ll."" e Ex."" Snr. D. Jos de Alencastro
o que prova que tambm os fidalgos da Estremadura se honravam de desempenhar aquelle de-
voto cargo.
menor importncia.
mas a
.*,
pag. 36.
3oo
concelho de Cintra, que faz parte do districto de Lisboa e tem uma populao
de 2(3.394 habitantes, comprehende mais as freguezias de Almargem do Bispo,
Bellas, Montelavar, Rio de Mouro, S. Joo das Lampas e Terrugem.
A do Almargem, cujo orago S. Pedro, conta 3.402 habitantes.
total
3oi
tre
Vista de Bellas
chamada vrzea
Em
frente, at ao
vago
li-
Cultiva se no
loias
en-
sa-
em
Lisboa.
o Sabugo,
com duas
linhas
No Sabugo ha uma
A
A
feira a 25
de julho.
ou de Jarda.
dos mais pittorescos e povoados subrbios da capital, com muitos
prdios modernos, e dois hotis, o Central e o Paschojl, que no vero se enchem de
ribeira de Bellas
Eis
aqui
hospedes.
um
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
No
tambm um
Central ha
restaurante onde
costumam
i23
dores veraneantes.
Com
esta
Ignez de Castro.
Por
este facto
foram confiscados ao
filho
elle her-
dara do pai.
D. Pedro
foi
que
mandou
edificar
um
palcio,
que
o ncleo do actual.
Seu
filho
elle
se
motivo.
D. Joo
deu a quinta de Bellas a Gonalo Pires, seu parcial, mas por morte d'este
infante D. Joo, o qual gostava He residir durante temporadas
li."
senhor de Pombeiro, e os seus successores, depois (1662) condes d'aquelle timarquezes de Bellas, continuaram na posse da propriedade.
Assim,
pois, esta
uma
na mysteriosa coincidncia que regula s vezes os aconporque as mesmas arvores que abrigaram Diogo Pacheco o abrigaram a elle, amante saudoso de Ignez. Aqui se encerrou el-rei D. Duarte durante os
primeiros dias em que sentiu na fronte o peso da coroa real, que to pesada lhe foi.
Aqui se recreou por vezes el-rei D. Manuel nas suas horas felizes, que foram quasi todas. Aqui, em nossos dias, podemos evocar a historia antiga da quinta, que hoje pertence ao sr. Borges d'Almeida.
Vilhena Barbosa suppunha que dos paos de D. Pedro I apenas se conserva
tecimentos humanos
a forma geral do edificio. Gabriel Pceira julga ver na residncia de Bellas restos ainda
da alta idademedia. So duas opinies concordes.
Os Pombeiros do sculo xviii cuidaram muito da quinta, e aformosearamn'a, o
que explica que o padre Domingos Caldas Barbosa os quizesse lisonjear escrevendo a
Descripo da grandiosa quinta dos senhores de Bellas e noticia do seu melhoramento
(Lisboa, 1799).
Parte da quinta plana, estende-se por
hortas, jardins e avenidas,
um
e frescura
de agua.
avenida principal, traada do sul para o norte, copada por frondosas arvores.
Em
carta publicada
no meu
livro.
romance do romancista.
124
e vestida
de plantas e
Tem
flores.
ao meio
um
alteroso obelisco de
mrmore, erguido
sobre alguns degraus, e ornado n'uma das quatro faces, a meia altura,
da
Fama
rei)
com
a figura
de D. Carlota Joaquina,
uma
tra-
estatua de Neptuno,
em mrmore
bem que
sobem
dois
caminhos escadeados,
com
mais
alto,
onde
se ergue a
-,
transforma-se n'um
vasto
ar-
volto.
Vou
recortar dos
jornaes
que
ferem
elles
pressionista
3o2
uma
nota im-
mas tambm porque reproduzem um clich que todos os annos pode ser decalcado com
Largo de Bellas
exactido.
de Lisboa ou
'
E, agora, romaria
Na estao de Queluz-Bellas,
confuso,
numero de
jorros.
Pela estrada
um sem numero
alo
ris
cada logar.
com
as suas
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
costumadas cantilenas, exhibindo
recolher alguns
magros
aleijes e
12S
Avista-se, emfim, a porta lateral da quinta do Marquez, junto da qual esto quatro
com pipas de vinho e duas improvisadas barracas de comida, onde se vende
carroas
peixe
e pasteis
frito
de bacalhau, juntamente
com po
saloio que,
segundo o costume,
consumo.
Prximo, alguns vendilhes ambulantes offereciam aos romeiros registos do Senhor
teve grande
aNo
largo da
villa
era
um
verdadeiro
pandemonio.
fEstava ahi armado o arraial e ao lado esquerdo viam-se erguidas as barracas da feira,
que geralmente fizeram bom negocio.
As que se fizeram representar em maior
numero foram as de cernidas, que desde manh
at noite estiveram repletas de freguezia.
Havia tambm
racas de
um
quinquilharias e bancadas
em que
se
traco.
me,
e,
ferro,
apertava-se
de
tal
Serra.
Toda
n'uma doida
a gente, ao
chegar
villa,
pensa logo
n'isso.
nem
s a
Todos conhecem
de sessenta pessoas, bastando dizer isto para se avaliar qual a confuso e o alarido que
deveriam resultar de toda aquelia multido querer ali entrar ao mesmo tempo.
Os meles, melancias, uvas, pecegos, peras, emfim, todas as qualidades de fructa
126
da estao, venderam se irnmenso, especialmente as melancias e meles, que se venderam, segundo a phrase popular, como gallinha.
fO preo das primeiras regulava de ><o a i6o ris, conforme o tamanho e a qualidade, e o dos segundos entre 240 e 36o ris, nas mesmas condies.
As queijadas de Cintra, que em pacotes enfileirados e empilhados sobre cestas de
castanho se viam por todos os lados das ruas da quinta, venderam-se tambm em grande quantidade,
bem como
as
bilhas de
clssica borracha.
D'este ultimo artigo viam-se centenas no extremo da rua a que nos referimos.
tPor toda a quinta pullulavam os vendedores de capil e agua fresca, que conseguiram auferir bons lucros, devido ao excessivo calor que hontem fez. O que, porm, ganhou mais dinheiro, foi um antigo creado de restaurante que, no recanto da encruzilhada, levantou
um
balcosito,
em que
Ferrari.
Na
rasqueiros,
comendo
os seus farnis
bem como na clareira e por meio dos arbustos ecarcom appetite e bebendo o bello vinho em bilhas e
a nota alegre
com
as suas cantigas e os
No
alto
de subir ao pico d'aquelle ngreme, escabrado e liso pedao de granito, com cerca de
seis metros de altura '. E assim se passou, at noite, o primeiro dia dos festejos em
Vilhena Barbosa e outros dizem que o aqueducto das Aguas Livres (mais propriamente Agua Livre) comea nas cercanias de Bellas. A verdade que j vem mais do
norte, para alem do pinhal de Tria, na estrada que liga Canecas com o logar de Ca-
mares.
em
Ha na villa um magnifico edifcio escolar para ambos os sexos, que toi construdo
1894 e inaugurado em 1895 com a assistncia do governo e da camar de Cintra.
E' a Escola Francisco de Aboim nome do seu desvelado promotor, hoje visconde
de Idanha.
Parte do Largo de Bellas est ajardinada
manches
lateraes,
Alem da
bem como
quinta do
Marquez
e d'este
>
tem
um
Na parte
illuminao a gaz.
meio kilometro da
alta da quinta
vem
villa,
com uma
se uns grandes
linda estrada;
rochedos da feiSo de
la-
geas collocadas de modo, que parecem realmente dispostos por industria humana. Se se der credito
tradio vulgar entre os povos da
Ao
villa e
dos arredores,
foi
uma
e lhes servia
de aialayas
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Agua
quasi todos
em
Algumas
tence ao
Leo
127
commendador
d'01iveira.
Tem
Rego
e a
Rego
panoramas.
Quinta do snr. J. Wimmer, com aguas frreas e pittorescos passeios.
Quinta da Hespanhola, que pertence snr.' D. Raphaela Gimens, com palcio e
jardim.
Quinta do Conde de
Villa
boas
sombras.
Quinta
snr.
Villa- Adelaide
com
Quinta da Samaritana, com chalet, jardim, boas sombras e excellente agua de mesa,
snr. Jacob Abeccassis.
Mais distantes da villa, ha outras quintas, a saber
De Molha-Po, que fica a 4 kilometros de Bellas. Pertence ao visconde de Alverca, e est arrendada a longo prazo ao sr. Armando Navarro.
Quinta das Aguas Livres que fica a 2 kilometros aproximadamente, encostada ao
aqueducto do seu nome. Pertence sr.* D. Maria da Assumpo Barros Lima, sogra do
snr. Carlos Eugnio d'Almeida, o qual mandou construir um grande palcio e capella.
Tem boa agua e boas sombras.
Quinta do Bomjardim, que fica a 2 kilometros, e pertence ao marquez de Borba.
Pertence ao
Tem
Na
capella faz-se
uma
festa todos os
kilometro.
Tem
snr.
fica a
j
nos
Pertence ao
oscillar entre
400
e 5oo.
128
Depois de Bellas, avulta o logar de Queluz, notvel apenas pelo palcio real e
tra-
dies principescas.
povoao
Na
Queluz gosou dias de celebridade depois que D. Joo IV confiscou o palcio que
os marquezes de Castello Rodrigo aqui possuam e o doou Casa do Infantado. Aqui
urdia o infante D. Pedro a conspirao de que foi victima seu pobre irmo Affonso VI;
um segundo infante D. Pedro, irmo de D. Joo V, fez raaitas das suas tunantadas famosas; aqui ainda outro infante D. Pedro -depois 3." rei deste nome e restaura-
aqui,
dor do palcio
dava brilhan-
ao povo,
veu a famlia
vi-
real.
Graas a esta aura de vida principesca e esplendor palaciano, a povoao de Queluz foi elevada categoria de
em 1804 e tratou-se de
ordenar a construco da igreja matriz e da casa da camar.
villa
com mais
Pedro.
com pouca
de-
mora
Hoje o palcio
E comtudo era
e aos jardins;
um
como
lhe
edifcio
chamou
uma
mrmores.
Entre todas as salas as mais notveis pela magnificncia so a das Talhas, que
foi destinada a screiitis
concertos de musica
como a pintura detecto indica.
primeiro
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
e depois a audincias e
129
recepes solemnes; e a sala das Serenatas, que na sua appli a maior e mais sumptuosa de todas.
partiu
uma
perna.
leito^ alis
modesto
com o
em
pavi-
fica
palcio,
tem contguo o
oratrio
i3o
Em
Queluz
em
um
grupo de
artilharia
a cavallo.
segundo marquez de Pombal, Henrique Jos de Carvalho e Mello, mandou ediem frente do pao real, uma casa de campo onde habitava quando estava de
servio rainha D. Maria I como gentil-homem da sua camar, durante os annos em
que a corte se fixou n'este pao.
Por que se chama Queluz ao sitio nem o marquez de Rezende com toda a sua
pacincia de velho investigador o pde descobrir.
Apenas logrou averiguar que to impenetrvel onomstico apparece pela primeira
quasi
ficar,
xvi.
rm4
.-V.^'
307
Jardim do
Em
pal.i
no
i."
cutelaria, etc.
Uns annos por outros expludo alguma desordem brutal, que varre a feira n'um momento: assim aconteceu em 1906.
Melecas ', na estrada de Cintra a CoUarcs, hgar celebre pelo fabrico do mais fino
po saloio, tambm pertence freguezia de Bellas; bem como o logar de Massam, que
j deu um titulo de visconde *, e o logar de Idanha, am])lo, com uma feira annual, e
outrosim engrandecido com outro viscondado ^. Neste logar ha um asyio de alienadas.
Passarei em claro alguns logares, para falar agora do de Agua Livre, recommendavel pelo famoso aqueducto lisbonense; e do logar da Venda Sccca, onde merecem especial
meno duas
2
>
quintas.
Na
arai({0.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
So
ellas a
do Grajal, a que
me
referi; e a
freguezia de Rio de
tes,
logar do
Os
seus
j lhe
pertence.
"
Francos, Pexelegaes.
Quem
segue o ramal do
Cacem
um
pouco
rida, d'esta freguezia, v direita o
pinhal das Mercs, da casa Palmella,
sitio onde se faz no terceiro domingo
de outubro a grande feira que das
aMercs tomou o nome.
A capella, consagrada a Nossa
Senhora d'aquella mesma invocao,
Cintra
entra na regio,
e procisso.
de-
A
A
3o8 A
Queluz
como
a de
Agualva,
feira
das Mercs
so as afama-
com
a poca das
muro do derrete, pratica amorosa em que as gorduras sunas, antes ingeridas, se evaporam na fornalha chammejante que o deus Cupido accende.
O tmuro do derrete tem de extenso uns 5oo metros. Sobre elle, das duas s cinco
horas da tarde, vem sentarse as raparigas solteiras d'esta e outras freguezias do concelho. A's vezes no so menos de 200. E' uma exposio de noivas, um bazar mahometano de mulheres, arreadas com todo o seu melhor oiro cordes, broches, brincos,
chacinas; e o
'
Fogaas.
'
l33
Os
rapazes,
tambm
a boda.
No
2."
o derrete
de pilavras,
anno
i."
e as
raparigas
2.
podem
309 o mufO do
..
Pode, mas a tradio salvou-se, e o curso foi ostensicomo, segundo ella, mister.
N'esta freguezia de Rio de Mouro funcciona a antiga estamparia e tinturaria Cambournac; e acha-se estabelecida, na quinta do Telhai, uma Casa de Sade, dos Irmos
vamente de
trs annos,
kil.
tem
3.ot)6 habi-
para nordeste.
outros que a
sua sede,
Ha uma
philarmonica
do Montelavar,
um
um
mesmo
Albogas, que
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
bem
Nas Lameiras
existe
i33
uma
sociedade coopera-
Coimbra.
Parallela Granja
depara-se-nos a
Os mrmores
de Pero-Pinheiro
so variegados e finos,
como
attes-
igreja e
A
em
cantaria
para noroeste, e
fica
na
es-
sr.
com sua
igreja an-
campanrio do
pedrei-
vida
Ha
te.
Comtudo o
tem mais de
60 fogos.
34
velha egreja,
com
as
Quanto
bem
interessantes.!
uma
um
em
prumo
e janotas
com
os cunhaes pintados a
azul e vermelho.
Pela minha parte, acrescentarei apenas que o saloio da Terrugem e de S. Joo das
Lampas
talvez
acima descriptas.
concelho produz, alem dos vinhos de CoUares, trigo, centeio, milho, excellentes
3ii
Queda
d'agua nu
l!.i.i'
uc
IX
Concelho de Loures
I.'
Santa
occidente
por Montchique
os concelhos
Ao
passo que a sua extrema septentrional se apoia quasi sobre o Tejo, a meridio-
villa,
filas
Fora
d'isto,
alimentando
um commercio
villa
em
Mas ha
outros
activo e intenso.
no tem que
ver.
notveis no os ha.
se
privilgios.
ter
uma
concedeu muitos
i36
O
A
tem magnificas
salas
de jantar, de musica, de dana, dos Apstolos
rodaps de azulejo, estuques, pinturas e obras de talha.
cozinha faz lembrar as m.elhores do reino, a de Alcobaa por exemplo.
palcio
e capella
com
altos
Hoje, palcio
pertencem ao
e quinta
3i2 Vista
logar
de
Canecas
uma
snr.
geral de Odivellas
um
'
e o Salo.
Ha uma
N'ella se
fazem
trs festividades
de S. Sebastio.
A populao d'esta alda ora por 700 habitantes, em Soo fogos.
As mulheres, no gerai, so lavadeiras. Os homens applicam-se agricultura
suas
em
e a
larga escala
ou ao fabrico de navalhas de
volta, espcie
acommodaes em
re-
sr.
Carlos Appleton, seu dono, tem introduzido todos os ltimos melhoramentos agrcolas.
'
de Canecas.
j fallecido,
melhoramentos
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Fazem-se n'esta localidade duas
feiras
annuaes: na
1.*
107
oitava da
Paschoa e no dia
de S. Pedro.
em desuso e foi
uma commisso.
povoao uma banda de musica, que
em
Tem
cas
restabelecida,
com grandes
festejos,
se intitula
D. Jos,
Com
saloios
Lacedemonia
Contam-se a este respeito duas verses. Diz uma que os canecenses, sonhando
sempre com a sua autonomia parochial, tratavam de escolher sitio na capella para coldeve ser aqui; outros
locar a pia baptismal, e que uns diziam
deve ser acol; haali mais: d'onde, constando o caso, lhes proviria a alcunha.
vendo algum que dissesse
Outra verso refere que certo pregador dissera na festa de S. Pedro, celebrando o milagre de Canecas ter sido preservada n'uma recente epidemia: aPor isso animaes os
vossos lilhos, animaes as vossas mulheres pratica d'estes cultos, etc.
Este pregador devia ser de Canecas.
E' de suppor que a origem da alcunha fosse apenas o despeito de Loures.
O que certo que na capella de S. Pedro ha logar reservado para uma pia baptismal, e que no faltam na mesma capella boas alfaias, incluindo uma custodia artistica estilo D. Maria I nem um sacrrio onde se guarda o vaso das sagradas part-
culas.
arco do cruzeiro
capella,
de
mrmore
creviam Cainessas.
A povoao fica n'ura
com
alto,
a que d accesso
uma ngreme
que os antigos
estrada.
es-
Communica
o Lumiar por
uma
Lumiar
Campo Grande.
carreira de char--bancs.
i38
em
em
logar da Mealhada,
I."
teve
um
con-
n'uma planicie, talvez distante da villa um kilomegrupo de casas, algumas de regular apparencia.
Mencionaremos ainda, na freguezia de Loures, o logar de Monie-Mr, que tem no
uma capellinha de Nossa Senhora da Sade, qual se dirigem muitos romeiros no
logar do Pinheiro de Loures,
tro, constitue
alto
um bom
domingo de setembro.
filho, cuja
uma
da Ameixoeira apenas
ce ao concelho de Loures; a maior parte est includa no 3. bairro de Lisbca, para on-
de as reservamos.
As pequenas freguezias de Friellas (S. Julio) com 279 habitantes e Povoa de Santo
Adrio com 435 encontram-se na estrada do Lumiar a Loures.
Na primeira, muito antiga, havia um pao real que o condestavel Nun' Alvares veio a
possuir e onde, em i de novembro de 1401, fez doao de avultada parte dos seus bens
a sua filha a condessa D. Beatriz, quando a casou com D. AfFonso, bastardo de D. Joo L
Alem do logar principal, a mesma freguezia comprehende o da Ponte de Friellas
e parte do da Mealhada: n'este o marquez da Praia (Duarte) possuiu a quinta do Infantado e a sr.' D. Maria Luiza da Costa Cabral possue a quinta do Convento.
E' nas
vastas
freguezia da
um
da por
portal
Praa do
Campo
l'equeno.
Povoa de Santo Adrio, cuja igreja parochial apenas se recommenmanuelino, comprehende algumas quintas, sendo uma d'ellas a dos
Sete Castellos.
e S. Julio
de
igreja,
Thomaz de Almeida.
tambm aquelle arcebispo que fundou aqui um palcio da mitra, e foi tambm
Thomaz de Almeida que o restaurou dando grandeza tanto ao edificio como aos
D.
jardins.
em
ruinas.
litterarios
pelo
Vaz de Carvalho.
Em
les
Thomaz
Ribeiro, que
em
uma
illustre escriptora
corao de
fina essncia!
providencia
dos povos d 'este logar
famlia
lar
irm formosa,
dizendo:
um
d'el-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
palacete,
onde
Musa de Pintos
frente,
Na
residiu,
i3<j
oito janellas de
e porto.
Entre o
edifcio e a
lavadeiras frequentam.
Na
prximos,
outros
logar
festa,
com
em
3i^
freguezia
um
Ha
aqui
uma
lheira,
que
vitalisa
industria feminina
industrialmente a freguezia.
papel
Anto
e at
Um
sidncia
ao Zambujal, onde
tambm
sr.
Guilherme Graham,
com
tem
centes.
Sente-se o
bom
gosto britannico
ali:
na escolha do
local, pinturesco e
abrigado; na
fabrica
da Abelheira
uma
caixa
lie
em
toda a parte.
com
servio clinico, tanto mais necessrio quanto certo haver por aqui algumas febres palustres.
O
d'este
onomstico
titulo foi
Tojal suggere-me
i. conde
medico da real
responsabilidade de D. Joo VI na nica
lembrana de que o
i."
baro e
I40
conhecida no s
tes,
perpetrou
rei
em
em
tambm no
com
'.
2:617 habitan-
estrangeiro, pela
fama dos
seus vinhos.
um
d'esses vestgios.
uma
3i5 o
luz a distancia,
rocio de Buceilas
acharam uma imagem de Nossa Senhora. Contentes com o achado, trouxeram a imagem
Roque, mas ella fupu de l, e a luz continuou a brilhar no
antigo sitio, pelo que se entendeu que Nossa Senhora queria ali um templo. Fizerampara a sua capella de S
E' desde ento a igreja parochial, de trs naves, divididas por oito columnas, so-
lh'o.
Um
A
como
a nossa
em
Buceilas, a do
todio.
villa
no coreto,
tem
Tambm
tes.
um
rocio,
faz
mercado,
onde s vezes
toca,
philarmonica bucellense.
ha
um
J aqui assisti a
um
amadores
de companhias ambulan-
mesma
villa e
a referida
Tombo como
sendo aquelle
em que
se
imprimiu
obra (1643).
Buceilas
'
guarda mr da Torre do
Contamos
um
sitio aprazvel,
a histor.1 d'esta
uma
sem
hori;(ontcs para
em Portugal, pag
56.
alm
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Mas ampla e asseada; tem vida, que lhe vem do trfego
campos verdejantes de vinhedos; um rio, o Tranco, sombreado de choupos,
que vae desaguar no Sacavm; alguns passeios agradveis, como por exemplo aos dois
das serras que a rodeam.
vincola;
do
Freixial,
chamam
da
uma
rasteiros.
ficar perto
villa,
sobre
estrada plana.
Chegamos ao Valle de
S. Gio,
*.^fc.
seja de
paizagem mi-
142
que
pelo
dissera
commovido: -Se eu
Referia se ao tempo
Mas
em que
padroado da Coroa.
para todos.
Os
vncia
gusto.
foi n'este
elle
em
Bucellas
lh'os
em
dia..,
de ou-
um
filho
em
me
igoi.
Recebi os dois volumes d'essa obra, e quando procurei o auctor para agradecertinha morrido!
As principaes quintas da freguezia so a da Romeira de Cima, do sr. conde da Ri-
beira (Vicente); a da
tomayor.
Para
trem.
c a
Na
vi
villa
havia
vi
e passei
Mas o
nosso paiz.
hotel
com uma
vasta
E' a de Louza (S. Pedro), com 1.634 habitantes, comprehendendo Louza de Cima
Louza de Baixo. Na de Cima a 12 kilometros de Loures fazem-se em julho pomposos festejos a Nossa Senhora do Rosrio, os quaes so abrilhantados pela philarmonica
Unio Lou'{cnse.
A freguezia de Odivcllas, sem embargo de ser populosa, apenas se tornou notvel
e
pelo seu real mosteiro, e este pela sua tradio de escandalosos amores.
'
mas
S80 do pae
as
interessante, e erudito.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
E' Odivellas
um
uma
ii3
em boa
hora
em
madre
Paula, amante de D. Joo V, e que ficavam situados sobre a casa do Capitulo. D'esses
aposentos, a maior parte
com
Mas
foi
as obras
se j
que
se fizeram
no podemos
visitar esses
317-A
Portanto, pouco ha que vr do tempo das freiras bernardas, a no ser a sua igreja.
Comtudo alguma
so os
bolos, susp7-os e
esquecidos, a
a cal-
ada de Carriche.
um
onde
em
Lisboa,
mas em todo o
reino,
*.
Manuscriptos de Coimbra e Lisboa, citados nas Amantes de D. Joo V. C. Castello Branco, (.aI, pag. 212; Borges de Figueiredo, O mosteiro de Odivellas, pag. 126; Ribeiro Guimares, Summario de varia historia, vol. II, pag. 67 Bernardes Branco, As minhas queridas freirinhas
de Odivellas, pag. 343.
'
Pag. i63.
44
a cruzinha
que rematava
pro-
fanados.
um
em
n'este sitio
conseguiu.
'
um
3i8 o rodo de
Bucellas
em
monumento
dia de
merca
planicie e parte
ogival, a
na en-
Memoria^ que
lo
e a igreja,
ter
podido
de
11
possui
das presas de un
Belmonte.
O templo, de trcs naves, foi por varias vezes reconstruido, especialmente no rei
nado de D. Joo IV e depois do grande terremoto, pelo que s escassos vestgios res
tam da sua primitiva fabrica.
No tem bellezas architectonicas, nem primores de esculptura; o melhor titulo qu
hoje o recommenda considerao do visitante o tumulo de elrei D. Diniz, com
estatua do monarcha deitada sobre a tampa.
'
Rouhaio de
Montez Matozo,
1745.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
145
Mas, santo Deus! este tumulo, que devia ter sido restaurado com a maior fidelidade
recomposto no sculo xix.
as freiras passa-
ramno
tilou-o
elle e
mu-
em
que
gravemente.
Na
foi
actualmente se encontra.
vinhas
As mos
Do
e os ps
primitivo
tambm
so de gesso.
re-
presentam figurinhas de frades de Cister, dois a dois, dentro de nichos e com livros
fechados nas mos, mas os que ficam aos ps de el-rei sustentam nos braos um cofre.
Apoia-se o tumulo sobre seis animaes, parecendo algum d'elles mastim; outro seria
o ur50 da lenda empolgando um homem que se libertou cravando-lhe um punhal.
Parece que primitivamente houve sobre a tampa mais duas figuras alem da do reiUma, segundo Frei Francisco Brando na Monarchia Lusitana, representaria S. Dionysio ou Diniz, padroeiro do convento.
Assim jaz, n'um to abandonado moimento, esse antigo rei, que foi um poeta, que
foi um agricultor, que foi o primeiro instrumentista da nossa lingua-, ou, como disse Antnio Ferreira
146
no
empregaram
de pedra, das que os turcos
alguns annos
varo de Noronha, capito d'essa praa em i552, offereceu a S. Bernardo
depois (ibSy).
Hoje
Artilharia,
Os
este pelouro,
em
com
a respectiva inscripo,
Lisboa.
Ha um
Mencionemos agora
3jo Tumulo de D.
(pag.
So
elias
96
Diniz,
em
Odivellas
Santa
Iria
da .\zoia, de que
falamos no
e seg.).
A ESTREMADURA PORTUGUESA
titulo
de visconde de Camarate
em
foi
concedido
em
'47
14 de janeiro de 1882.
com
kil.
dos Olivaes, para o norte. E' antiga. Comprehende os logares de Bobadella, Vai de Fi-
sobre
ellas
dois
tecto,
que era de
cantaria, abriu todo pelo terremoto de 1755, conservou-se assim por muitos annos, at
que abateu um dia, e hoje de madeira. O templo espaoso, alto, e alegre; tem seis
por cima do arco do cruzeiro da capellaaltares, alem da capella-mr, e o baptistrio
mr ha outra capella da invocao de Jesus: a primeira capella do lado da epistola entrando na egreja, da invocao de Nossa Senhora da Piedade, e tem na cantaria, ao
,
Como foi Jlio Cesar Machado parar a Unhos? Por causa de um jantar no campo,
em Catojal (logar da freguezia de Unhos) n'uma quinta de Francisco Aflonso
realisado
do Nascimento. Passavase
em caminho
de ferro at
isto antes
Sacavm
de 1862.
e d'ahi ao Catojal
parte da jornada
que so trs
quartos de lgua
caminho
ngreme e
fastidioso, mas o que vale no haver nada que admirar. Ah! Quando ha que admirar, ento melhor morrer t E' bem um relmpago do seu espirito, esta phrase. Depois d-nos a impresso do Catojal
disse Jlio: o
Gloria a
Unhos
e ao Catojal,
tempo.
Sob
em
esta
cereaes,
hortalias, fructas
de Lisboa.
especialmente
rico
em
vinho e azeite,
motivos
um
-Entre Belem
e Cascaes
X
Povoaes suburbanas
no
3.
includas
bairro de Lisboa
RATAREMOS apcnas das principaes, sem nos guiarmos pela circumvallao fiscal da cidade, mas somente pela circumscripo administrativa.
J no vol.
prehendidos no
falamos do Beato
i."
bairro.
4. bairro,
Belem, que
d'elle faz
agora
arrua-
No
3." bairro
desenvolvimento,
O Campo
e d'essas
Grande
Cego, mas tambm pela Avenida Ressano Garcia, artria central dos novos e lindos
bairros que se ramificaram da Praa Marquez de Pombal na Avenida da Liberdade.
Seguindo o caminho antigo, pelo Arco do Cego, queremos notar, de passagem,
que o padro commemorativo da paz conseguida pela Rainha Santa entre seu marido
e seu filho, foi ultimamente restaurado, como indica esta inscripo addicional
NO REINADO DE
D.
CARLOS
O GENERAL
FOI
L. A.
PIMENTEL PINTO
JULHO DE
1904
Passamos o Campo Pequeno, deixamos esquerda a Praa dos touros, atravessamos a linha frrea em Entre-Campos, onde est edificado o Mercado Central de Pro-
i5o
Campo Grande, com as suas vastas alakilometros de extenso, a sua igreja parochial dedicada aos Santos Reis,
a sua Fabrica de lanifcios, o seu As^ylo feminino de D. Pedro V, as suas duas ruas,
medas de
oriental e occidental,
e
de palcios,
um
chalels,
de quintas
Paula, de Odivellas,
mas eu no
juro.
Madre
'
Quo
que
differente est hoje esta alameda do que foi ha trinta annos, maiormente do
quando D. Francisco de Castello Branco a mandou fazer n:> anno de 1682!
Tambm a freguezia do Lumiar tem mais de 2:000 habitantes, e suas fabricas
seria
de productos chimicos
Por occasio da
uma grande
feira
de tecidos.
festa de
com rolos de cera amaque compram na igreja, e darem depois com as rezes, assim enfeitadas, trs voltas em redor da mesma igreja.
Semelhantemente ao que vimos em outras regies da Extremadura, este costume
tem por origem a crena de que Santa Brizida, protectora dos gados, os preservar de
E' costume os lavradores enfeitarem as cabeas das rezes
rella,
enfermidades perigosas.
Tambm so oferecidos Santa, como testemunho de agradecimento pela cura
de rezes que estiveram doentes, pequenas formas de cera que as representam.
Entre os muitos logares de que se compe a freguezia de S. Joo Baptista do Lumiar, todos elles povoados de quintas magnificas, avulta o do Pao do Lumiar, onde
se assignala a propriedade dos duques de Palmella, parte da qual estaria outr'ora annexa
foi de Affonso III e depois de um seu neto illegitimo, Affonso Sanches
que deu nome ao logar. '
Tem palcio, grande pavilho, jardins em socalcos, estufas, arvores seculares co-
ao Pao que
Pao
Outro palcio
em
e quinta so
Mas n'este e demais logares da freguezia, em todos elles, as quintas e casas nobres
de modo que seria precisa
abundam e as burguezas j no so poucas tambm
uma
'
2
'
Uma
No
Lu-niar.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
gostava de fazer ditos espirituosos;
mas
inverosmil
que
elle,
maos-rtas
como
era,
No logar de Telheiras houve um convento e igreja da Ordem franciscana, que foram edificados por D. Joo, chamado o Prncipe Negro, filho de um rei cingalez.
Na Calada de Carriche, a quinta chamada Nova Cintra teve muita fama entre
323 Padro
1-19
transito.
Thomaz de Moura
'
fica
o palacete que
foi
Carvalho.
Sobre esta aventurosa personagem publicou Sousa Viterbo uma brochura com o titulo D. Joo^
Prncipe de Cndia.
Uma
Ao
Populao
total
433 habitantes.
E'
um
Na
lindo
sitio,
com
tem boas
no sculo
xvii,
Coelho.
Tambm
aqui
abundam
Na Ameixoeira
jeiniesse
Os
as quintas
no
viveu sumptuosamente
um
chamam
E alcunham
Peres.
com
S. Bartholomeu da Charneca,
ladres^ os de
de lobos ou
freguezia do 3. bairro,
Domingos
um
outra
ao norte da Ameixoeira.
fazem
em
setembro grandes
festas a
Nossa
Senhora da Conceio.
Entre as boas quintas d'esta freguezia destaca-se, pela
dins, a
s^ia
grandeza, palcio e
jar-
Faz-se mercado nos terceiros domingos de cada mez, e feira annual a 24 de agosto.
ermida, e a infanta D. Maria, irm d'este rei, auxiliou as obras, edificando sua custa
toda a capellamr da respectiva igreja, onde jaz em mausolo de mrmore.-
com
razo, de
O
fanas.
A mesma
tal,
que
foi
Luz
em
frente
do Collegio que
se realisa, a 8
de setembro, a
Um
xvii a
Hora de la Luj,
'
um
hospi-
&
feira
suat obras
mayor
de su hospital.
Este Collegio
foi
aqui installado
em
transferiram para Mafra, e voltou finalmente para o edifcio da Luz. Danas da administrao portugueza.
*
Os carrinhos da feira
da Luj.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
de Nossa Senhora da Luz,
cada mez.
arraial
bem como
um
em
i53
o mercado de gado no
breve vamos
falar,
2."
domingo de
igreja
toi
demolida,
Na
Luz possue o
estrada da
sr.
sr.
Carlos Anjos
uma
Fronteira,
em
S.
e industria agrcola,
Domingos de Bemfica
pomposo
chafariz.
sem agua.
se encontra
sem trombetas
as ruas de Lisboa.
i54
Hoje, Carnide gosa muitas das regalias modernas: tem gaz, agua da Companhia,
estao telegrapho-postal, esquadra de policia,
uma
Perto da quinta dos Azulejos (assim chamada por serem revestidas d'elles as paredes que deitam para o jardim) est o convento de Santa Thereza de Jesus, que foi fundado em 1642 pela princeza Michaela Margarida, filha bastarda do imperador Mathias
'
da AUemanha, e ampliado pela infanta portugueza, tambm bastarda, D. Maria de Bragana, filha de D. Joo IV, a qual n'este convento viveu desde tenra idade em habito
de
religiosa.
Ambas
as princezas
igreja,
que
interiormente
rica,
O convento de Santa Thereza est agora habitado por duas comraunidades: uma
irms de S. Joo de Cluny.
de recolhidas portuguezas e outra de francezas
Estas leem escola de meninas.
Ha em Carnide algumas quinta? notveis: a da Boa-Vista ou Casal do Falco,
com
um
outeiro,
biographia
continuou
el-rei
D.
Sebastio o seu
flirt
com D.
no; deixem
interessante opsculo
como
aborreceu as mulheres.
Inicio silio
Com
muita solemnidade se faz em Carnide a procisso dos Passos, na qual se encorporam os alumnos do Collegio Militar.
A azinhaga da Fonte pe a Luz em communicao com Bemfica.
freguezia d'este nome, cuja populao actual excede j 4.000 habitantes, pertence
tambm ao
Orago
3." bairro
Nossa
de Lisboa.
Senhora do Amparo.
Ha no paiz certas terras que so como certas pessoas: toda a gente as conhece
pelo menos de nome.
Bemfica uma d'estas terras e principalmente deve a celebridade ao seu antigo
ccnvento de S. Domingos ou, melhor ainda, romanesca descripo que d'elle fez o
primoroso Frei Luiz de Sousa
nossa conhecida desde os felizes tempos em que manusevamos os Logares Selectos do bom Padre Cardoso.
Mas uma
mesma
seja a
freguezia.
'
Camillo, em uma das notas ao Regicida, presumiu que esta senhora fosse bastarda pelo
facto
de ter o pae abdicado n'um primo. No ha duvida que foi bastarda, porque o imperador Mathias, casado
com sua prima Anna, no teve d'ella successo. Michaela Margarida nasceu em i58i, e morreu em i6o3.
No
basta a explicar a sua vinda para Portugal o facto de ser parenta de D. Joo IV.
2 Foi reconhecida por seu pai no testamento, bem como numa carta do
prprio punho
Era
filha
de
de D. Joo IV-
essa senhora o
e da rainha
de 189X.
em
fevereiro
A XTREMADURA PORTUGUEZA
iS5
Bemfica assenta na rua-estrada com as suas casas d'um e outro lado e a sua ampla
da estrada.
Algumas das casas so palcios, outras so chalets, e onde faltam prdios correm
muros de quintas e jardins.
Quanto belleza natural de Bemfica, ella anda encarecida com excesso na tradio. Frei Luiz de Sousa diz que estando situada n'um pequeno valle aprazivel por frescura de fontes e arvoredo, mereceu, ao que se pde crer, o nome que tem de Bemfica.
Outros referem que procurando D. Joo I, a instancias do seu famoso chanceller Joo
igreja beira
um
das Regras,
Aqui bem
sitio
ficas, d'onde o
Todas
achando este
chamar-se assim.
que
Depois
diz Garrett:
de jantar para o omnibus. Toca a respirar poeira em Bemfica. Sim, era isso, muito p
que os trens e os omnibus levantavam por aquella rua direita fora: chegando l, apea-
um momento, sem
Lisboa onde
dizia
ferro,
prdios novos.
Foi
Ristori
portugueza.
S.
as runas do convento, o
principalmente trs cousas
da infanta D. Izabel Maria, e o palcio dos marquezes de Fronteira.
convento, abalado pelo terremoto de 1755 e tambm damnificado por um incn1818, ainda comtudo deixa ver bastante da sua antiga caracterisao, na igreja,
Domingos de Bemfica
palcio que
O
dio
em
foi
claustro, e
Mas nem tudo isto muito accessivel ao publico, facto de que se queixa e com
razo o meu illustre amigo sr. Gabriel Pereira dizendo: Ento era fcil visitar a fonte
do saytro: agora est vedada ao publico, no sei por qu. N'aquella parte do edifcio
uma succursal do collegio de Campolide, com aulas de theologia, ao que
ouvi dizer. No deixavam entrar no claustro. Ha tempos sairam d'alli os padres, mas
p edifcio continua fechado; no se sabe onde pra a chave. No se pode visitar a fonte
to finamente descripta por fr. Luis de Sousa, nem a capella dos Castros, cuja entrada
installou-se
tambm
pelo claustro.
Castro e outras pessoas da sua familia, entra agora a agua da chuva por
uma
fenda
'
S.
pag.
Lisboa,
igoS.
i56
restauraes.
O tumulo de Joo das Regras tem andado n'uma dana: estava primitivamente no
meio da igreja; depois veio para junto da porta; agora est no meio do coro. A estatua
jacente tem na mo esquerda, restaurada, um papel que no tinha.
O sarcophago do cavalleiro Vasco de Albergaria, camareiro-mr do infante D. Henrique, est emprateleirado
no ante-cro sombrio.
tem uma lapide que a indica foi porque lh'a mandou pr um extrangeiro
amigo, monsenhor Pinto de Campos, prelado que era do Brazil.
3^5
figura
Tumulo
aquelle nosso
Thereza
infanta D.
Izabel
Maria comprou o
em
1847, depois de
ellc
marquez
de Pombal, e outros.
edificio
palcio dos
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Os
jardins
O
iuose.
Honroume com
Camar dos
Pares,
um
,57
em
Portugal.
floricultor distinctissimo; e
no
foi
menos
alto, forte,
um
homemzarro, sempre de
flor
distincto vir-
velo entrar na
ao peito, sentar-se,
britannicamente.
da algibeira a Rei'ista dos Dois Mundos e comear a ler
Por entre toda esta nobreza antiga de S. Domingos de Bemfica, nobreza de grandes frades e de grandes fidalgos, comeou a romper a industria moderna, representada
tirar
Armazns Grandella.
Uma
e
uma
-J
Tem
alem de outros,
um
escola
Porcalhota.
Mau nome que se pretende agora substituir pelo de Amadora mas bons ares.
plancie, com muitas casas novas, entre ellas as do Bairro Santos Mattos, a fabrica
espartilhos d'esta mesma firma commcrcial, e o prdio onde esteve o Hotel Porcalhota.
Uma
de
Antigamente era
guisado. Hoje
sitio
tem uma
i58
nem
Quem
em
uma
cousa
hoje, viajando
de repente
em
terras altas, o
um
lhos das Irmsinhas dos Pobres, o Collegio da Immaculada Conceio (dirigido por
padres jesutas) e, mais para alem, o casario do logar.
Aquelle trechosinho de paizagem, junto estao, reproduzimol-o em estampa: um
riacho pedregoso, uma ponte de pedra com dois arcos .e, crescendo sobre ella, o que
cia
comboio demora-se sempre n'esta estao, por ser preciso regular com prudna entrada e saida do tunnel, a fim de evitar um choque de locomotivas.
As terras altas de Campolide eram antigamente recommendadas como estancia de
convalescena e de
Por
aqui,
estio.
algures,
uma temporada,
esteve Garrett
comeou
sitios e lhes
as hostes de
D. Fernando ou
de
Campo
de
lide este
Elysa, os nossos
aqui lidaram,
Garrett encontrou ainda, nas alturas que avizinham o aqueducto das Aguas-Livres,
restos de fortificaes antigas, de ditVerei.tes
alturas
falta
de
uma companheira
Elysa
no
sei se
que
sei
era Campolide.
grande
I.
quati a
mesma.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
,59
onde trabalhou como ajudante do pintor portuguez Eugnio dos Santos de Carvalho,
auctor do projecto, postoque Antinori se jactasse de que o desenho do palcio era de
sua inveno.
nome
de Garrett se nos no
327
Pinheiro.
junto
Os
Campolide,
e brilhante
gente; e encheu-se
na sociedade.
cem
a outra sociedade,
De todos
mente Duarte de S, o
agora s ha gazuas
sr.
mas
a sua sociedade .
outra.
os primeiros interpretes do Frei Lui'^ de Sousa apenas conheci pessoalfilho, alegre, espirituoso,
em
calemburista cximio, e
um
chavo
coisas de theatro.
foi
i6o
em
1879.
logar das Laranjeiras tornou-se celebre pela famosa quinta do conde de Farrobo,
que ainda
c,
no sendo
j aquillo
que
foi
uma
um
mas
era tarde;
j estava
pobre.
e alegres aquella
mais populosa do que esta.
Palma de Baixo servida pela estrada das Laranjeiras. Tem aqui uma linda casa
e quinta o sr. Dotte, o mais antigo sbdito allemo residente em Portugal.
Palma de Cima, que fica separada de Palma de Baixo por uma calada, servida
pela estrada do
Rgo,
meu
velho e
Ha
bom
amigo Rangel de Lima tem em Palma de Cima um yie.i--lene, com algumas arvores
que j herdou de seu pai.
Ao fundo do largo onde est a igreja parochial de S. Sebastio da Pedreira ergue se
o palcio que foi de Jos Maria Eugnio de Almeida, e hoje de seu filho. A estrada
de circumvallao separouo do bello parque que lhe pertence e onde o Jardim Zoolgico esteve installado durante alguns annos. Na estrada de Palhav fica, a pequena distancia d'aquelle parque, o palcio em que residiram os prncipes bastardos
Meninos
da Palhav
e hoje reside, no vero, o conde de Azambuja, seu actual proprietrio.
e terrinhas,
'
vol.
'^^"'^^
XI
A cidade de Lisboa
capitulo.
somma
de tempo
total,
uma cidade alegre e opulenta, cuja realidade interior est em manifesto desaccom a sua magnificente apparencia panormica.
Lisboa nem alegre, nem opulenta.
No tem, na vida interna, a animao, o movimento e sumptuosidade de Madrid,
nuncia
cordo
uma
commercio esto
fe-
A
cos,
uma cidade abandonada. E os bairros excntriLapa, so outros tantos desertos com ruas inteis e casas
como
S. Vicente
e a
amortecidas.
Engana-se muito o viajante que, n'um dia de trabalho, s 4 horas da tarde se surprehender com o bulicio da rua do Ouro c ao domingo, no regresso de uma tourada,
se deslumbrar com o aspecto da Avenida.
,62
si
mesmas.
Os
Quem
e os bairros
novos
principalmente edifica
que
ella
deu origem.
o brasileiro.
Todo
Na
uma
riqueza au-
Esta familia
Mas
illustre
em
aquelle
Em
e,
como
mesma
ella
lucta
com
ceiros.
Desde o rei at ao amanuense todos os funccionarios do Estado pedem adeantamentos ao thesouro publico. E os que no pedem adeantamentos solicitam empregos,
que os habilitem a obter adeantamentos.
Em Lisboa no iia millionarios com exteriorisao. A alcunha de Milhes dada
a um rico proprietrio que no vive com esplendor. E o grande lavrador Jos Maria
dos Santos, que possue a maior vinha do mundo, contenta-se com hospedar singelamente o rei na herdade do Poceiro, com uma boa semcerimonia alemtejana.
No ha em Lisboa
millionarios
com
exteriorisao,
lettreiros berrantes,
os
sinis-
tramente vermelhas..
A
e veste
'
com
domin para no
Ultimamente,
ser conhecida.
<
^f'7:M.^-,'^..3SE^,''
~~^
i64
As
e
lisboetas,
oilelte
com
despeito
emulao.
Todavia os invejados e os invejosos sabem perfeitamente que toda aquella farra postia e quasi sempre fiada.
Entre a poca das praias e o comeo do inverno, as casas de prego no teem
mos a medir. E' preciso liquidar as perdas da banca franceza, do monte e da roleta,
e ir pagar uma assignatura em S. Carlos. Pratas, jias de famlia, tudo o que restar de
valor negocivel sacrificado vaidade com menos lagrimas do que imprevidncia.
Lisboa foi sempre leviana e mundana.
S. Carlos representa uma tentao irresistvel, um abysmo fascinante
o mundo
dos sonhos alfacinhas.
Mulheres de empregados pblicos, em cabelio e mal enroupadas contra o rigor do
inverno, entram orgulhosamente nos carros elctricos com destino a S. Carlos.
Vendo outras mulheres em carruagem, procuram imital-as n'aquillo para que o dinheiro no preciso: vo de cabea descoberta como se as resguardasse a vidraa de
pagem
um
coup.
E suppem
um
um
aperto de
mo com
o brao
em
spia dos assignantes das frisas e das primeiras ordens dizendo mal d'elles e
commen-
E
A
ser vistos,
este perigo, as
Toda
As empresas de
que severos.
que trouxeram
S. Carlos,
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
do conde de Farrobo, a de Campos Valdez e outras, arruinaram-se, porque o
e das cadeiras era alto de mais para a bolsa alfacinha.
Assim o publico viu-se forado a abandonar o sport lyrico to seu predilecto, e
como
com amargura,
de frequentar o theatro.
Decorreram tempos,
e veio a
empresa do
sr.
Jos Pacini,
em
homem
esperto e sagaz,
ruinosamente.
f|9
accessivef?
329
Uma
os preos de entrada
Foi o que
ganhando
elle fez, e
com
ainda dinheiro.
satisfatrio xito.
publico
comeou
a affluir
nha
um
em
torren-
logar, tama-
e o sr
Pacini, diz-se,
tem
feito
uma
amador encartado
africanista hoje o
terras africanas.
seu
arrabaldes,
dinheiro traduz-se
em
e esplendor.
em
theatro, alis
sem prurido de
ostenta-
i66
tres
Que me lembre apenas um nico africanista d bailes em Lisboa e festas campesem Cintra.
Os outros procedem como os primeiros industriaes de Lisboa, que tambm pos-
suem
quintas, prdios e
apparatosa.
Apenas exceptuaremos
que no
do estado, mas
da cidade.
Quanto aos
outros,
foi
le-
vantou e pagou.
Ha
fachada, a Estrella, Santa Justa, vulgarmente S. Domingos, a real casa de Santo Antnio,
alis
baslica
de Pdua,
e S.
armeria de Madrid;
e o colonial,
Modernamente
O de
historia
Casa Real,
em Belm, que um documento do dinheiro prodigalisado pelo cesarismo em sumptuosidades da nossa corte e das estranhas, porque alguns coches foram ofFerecidos por
monarchas estrangeiros.
Dos theatros da capital apenas ha a especialisar
imponncia
interior,
moderno de
Tem
todos.
Um
d'elles,
o dos Recreios,
amplo, enorme,
no
com
um
antro onde esto enterrados algumas telas mortas e alguns pintores vivos.
N'este
da sua
mesmo
livraria faz
em
um
mosteiro de S. Bento.
a historia antiga
de
Portugal.
Todos os investigadores que por ali passam, e o mais illustre delles foi Alexandre
Herculano, podem encher bem a sua bilha.
Parece que o archivo onde se guarda o deposito patritico dos registos e diplomas,
que constituem a nossa historia authentica, devia ter merecido um edifcio privativo, to
amplo que pcrmittisse uma boa arrumao de documentos, c to blindado que estivesse
d
prova de fogo.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Nada
d'isto
acontece.
Nem
nem mesmo um
edifcio prprio,
presso.
Apenas Emygdio Navarro, quando ministro das obras publicas, mandou fazer alguns
melhoramentos materiaes de que pudesse resultar mais ar, mais luz e mais limpeza.
At ento morria-se de asphyxia na Torre do Tombo.
No mesmo edifcio do convento benedictino foram implantadas as camars dos pares do reino e dos deputados.
A dos pares, construda sob a direco do marquez de Niza, sumptuosa, mas soturna,
um
falta
de condies hygienicas.
interior friamente
romano,
ses a sala dos passos perdidos, vasto recinto que suppre vantajosamente os largos cor-
Examinando-se com atteno uma e outra camar, reconhece-se que estamos n'um
pomposos, onde o luxo da eloquncia se impoz ao espirito dos architectos pela necessidade de o harmonisar com as linhas e ornatos do estilo archite-
paiz de rhetoricos
ctonico.
A verborrhea nacional derramou-se da bocca dos oradores para as columnas e cimalhas das salas das sesses, como um rio trasborda alagando as margens.
Em Portugal a eloquncia ainda a rhetorica florida e tropologica, e as duas salas
do parlamento so o bero lgico, adornado de acanthos e volutas, onde essa. eloquncia papea os seus vagidos sonorosos.
A singeleza luminosa de uma sala ampla mas simples, onde os deputados pudessem
ser ouvidos de qualquer logar do hemicyclo, e onde pudessem escrever sem acotovellar
os vizinhos, repugnaria ao senso rhetorico dos portuguezes e ao seu enxame de hyperboles, prosopopeas e circumloquios magnificentes.
Os jardins ou passeios de Lisboa, aquillo que os nossos antigos chamavam bonachtiTomimtnit logradouropublico^sdiO realmente interessantes, a comear pela moderna
Avenida da Liberdade, que o melhor boulerard da capital portugueza e que gerou a
idea de outras avenidas secundarias.
foi
seno
um
Avenida da Liberdade
seria,
nas
mos de
outro paiz,
em
uma
acquisio preciosa.
outras mos.
com
jogos de agua,
um
embora menos
do mundo.
As
estatuas que
tem so apenas
allegoricas, e
foram para
ali
desviadas de outros
Tudo na Avenida,
no ser a sua amplitude, o arruamento dos prdios, alguns exemplares de palmeiras, e o pavimento ainda incompleto dos passeios lateraes em mosaico,
mesquinho e assaloiado: o arvoredo rococ de olaias e accias, os canteiros de flores,
os bancos enxovalhados, os kiosques de tabacos, os mictrios fnebres, e as cadeiras de
arraial,
quando as
ha.
Recentemente, inaugurou-se na Avenida (i3 de novembro de 1908) o monumento a Pinheiro Chapor subscripo em Portugal e no Brazil.
gas, erigido
i68
um
sem
onde o burguez
brincam
retiro de Flora,
l
emquanto
as creanas
ruido.
meandrosa no
mas ao amor,
ao namoro,
paixo que
uma
solido
coraes lusitanos.
Tem
uma
perpetrar o enleio de
uma
bocca a
menos
fiscalisados,
onde
um
uma
vo de desejos lascivos.
linda rua das palmeiras, que bom caminho para um idillio
romanesco, tudo o mais dos estudantes
No sendo
e a
isto,
exemplares exticos.
flo-
res
Tejo.
rangeiras,
mais
um
As feras so poucas,
como os visitantes.
Quem
commodo,
33o Estatua de D.
recebe de presente
um
bicho
in-
Jos
e quasi to pacificas
d'este
modo
s possue
o ponto de
Os
vista
das espcies
como
das regies.
como o do
Campo
de Ouri-
Poderia haver
ma
em
e prdiga terra, a
Foi por
um
isto, talvez,
em
nosso suave
cli-
em
Lisboa
abundncia de
flores.
1900 pela vereao lisbonense, quiz estabelecer na Praa dos Restauradores, junto ao
monumento.
Mandei pr
ali
seis
nato Baptista, e expor sobre ellas ramos de flores da estao preparados pelos jardineiros
da camar municipal.
minha
um
mercado
ampliar-se-ia e poderiam vir a elle as flores mais estimadas e mimosas, o que havia de
contribuir para animar entre ns a floricultura seleccionada.
so vulgares, e que
em
commercio gracioso
amvel,
uma
como
ento lhe
chamou o
sr.
Avenida da
Li-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
herdade; e sonhava eu que
com o andar do tempo.
mercado abriu no
dia
169
algama coisa de
geito e de
bom
gosto
pri-
meiro momento.
um kodak
povo parou
33 1
N'essa
mesma
tarde,
mandou comprar um
bouqiiet.
170
Houve
foi
tamanho, que
media do lucro
em
por noite.
a 4.3>5oo ris
Mas
isto alvoroou os ramalhoceiros da Praa da Figueira e os floricultores de proque desataram a fazer guerra ao mercado, e tanto mexeram e rabiaram, que
pregaram com elle em vasa barris.
Foi uma vez um mercado. A terra lhe seja leve, e Deus Nosso Senhor me perdoe
as minhas illuses de vereador ephemero.
Lisboa no tem hoje um mercado de flores, pois teve o no sculo xvii, porque l
diz Sousa de Macedo nas Flores de Espana que o havia ento junto porta da Misericrdia (altura da actual rua Nova da Alfandega) e que era bem provido de grinaldas e
fisso,
ramilhetes.
Ahi por i836 houve outro no largo de S. Roque, mas creio que tambm morreu de
morte macaca.
J que estou com as mos na massa, falarei dos mercados de Lisboa, a comear pelo da Praa da Figueira, que o mais antigo e importante.
E' ali que todas as manhs uma boa parte da cidade aprovisiona os seus cabazes e
alcofas para o arranjo caseiro de cada dia.
geralmente
se diz
tem
variedade de
largueza,
Mas no chegava
ella se
para abastecer
uma
tornou maior.
Alem
encravado entre prdios e, por muita limpeza que haja n'um merno nunca um vizinho hygienicamente inoffcnsivo.
Do mercado da Praa da Figueira desmembrou-se outro, que, procura de um lo
gar, acabou por installar-se no Campo de Sant'Anna.
Mas os moradores d'este Campo no gostaram da vizinhana das couves e dos rabanetes, e foram empurrando o mercado para mais longe, por causa dos seus cheiros e
gritaria. Veio elle parar Ribeira Nova, onde est, e augmentou com extensos hangares
cinzentos o numero dos barraces que j pejavam e desfeavam o Aterro
espcie de
d'isto est
cado de viveres,
elle
plancie africana
com
senzalas de pretos.
um
em
novo mercado
cidade, desdobrouse
em
dois mercados:
um
em
sitios
da
outro ao oc-
cidente, o de S. Bento.
/7/r/,
dos,
terrinas
sem
gateadas, pires
chicaras, chicaras
sem
beros
escangalhados,
na lingua.
leitos
partidos, cadeiras
e depreciadas,
mancas
todo
incompletas e sujas,
ali
um amalgama
se escancara dia-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Algumas
quem vendeu no
uma
171
bia o que
do mez de outubro.
Sobre esta feira minhota da Ladra quero deixar archivadas aqui as informaes que
deu em iSgS o antigo deputado dr. Guilherme d"Abreu, j hoje fallecido.
tNo existe no archivo da Gamara de Vieira diploma ou documento algum, que directamente se refira origem da feira
annual, chamada da Ladra e estabelecida na sede do concelho, havendo, porem,
me
como coevos so
os foraes ou-
Manuel,
em
i5i4, des-
feira
da Ladra
em
Vieira foi at
em
meira segunda
feira
do
332-Es.atua de
luu
de
cames
Alem da chusma dos saloios, dos provincianos, dos alfacinhas que exercem este gnero de commercio, ha os chamados lagares de venda, que so pequeninos mercados
de
uma
s porta, s vezes
bem
estreita,
onde
em
bita
numerosa classe dos vendilhes ambulantes, e outra gente da arraya-miuda, haordinariamente nas barracas dos paleos -a que no Porto se d o nome de tlhas.
Alguns proprietrios abastados j vo explorando a edificao de bairros baratos,
em
Toda
nho
Gil Vicente,
com
resistir.
da Lisboa
honesta apparencia.
capitalista Quinto,
uma
Loreto
em
em
colchoaria.
Abundam no s as tabernas e
ccmo os armazns e dep-
tendinhas
sitos
Os
elle,
botequins,
dividem-se
boieqiiins
de
com
em
bilhar
ou sem
duas categorias:
lepcs.
Os
potequins da
primeira cate-
goria no so muitos
populao da cidade,
em
nem
relao
esplendo-
rosos.
Os mais
uma
Marrare, o
Montanha, o De France, o Grego, o
Madrid, o Chat Noir com a especialidade de camareras, alem das cerverestauranl), o urea, o
ado de
na Avenida da Liberdade
flores
Assim o Martinho
n'ellas cer-
o Suisso por litteratos, jornalistas e actores, o Marrare por toureiros, o do Gelo por
estudantes, o Ajonlanha por francezes, e a cervejaria Jansen por inglezes e allemes.
O mesmo
succede
com determinados
reslaiii'ants
ambas
as salas;
o Tavares p-^las cocottes que ceiam n'uma orgia econmica ostras de Montijo
pagne.
da Vinicola em gabinete particular.
.
cham-
cervejaria Jan-
grupo de artistas delle tem feito parte em varias temporadas o distincto Cagiani, violinista romanesco, de envergadura verdadeiramente meridional, mais phantasista do que impeccavel.
O gosto pelos concertos em botequim tem-se desenvolvido mais no Porto do que
na capital.
Os cafs de lepes principiaram por estabelecer-se nos bairros fadistas, Alfama. Mousen,
um
e Bairro Alto. Depois irradiaram para toda a cidade, com o mesmo caracter de
frandulage social. Bailhes, marujos, cocheiros, rufies, vadios e rameiras so os seus
raria
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
frequentadores habituaes.
Uma
pelintras, ordinariamente
'4 Fachada da
culoso
geme
pequenos, e
um
piano tuber-
igreja de S- Vicente
as tristezas languidas
173
174
So os frequentadores
cafs
existncia.
Segundo
vam
homens
e as
mulheres que a
culti-
O
ram
fidalgos
apanha-
Quanto
e
mos dos
titulares, e lhes
ctador apenas.
Dos
titulos
j,
mas,
Comtudo,
uma
enxurrada diluviosa,
a carta
em compensao, uma
selva de condes
pimpona.
em
aos ministros, aos directores geraes, aos presidentes da Relao, aos juizes do
Tribunal, e que se concede a todo o figuro que faz
bem ou mal
Supremo
s granJes
compa-
Pode dizer se afoitamente que em cem vezes acertar noventa quem, na capital,
chamar conselheiro a um homem de sobrecasaca e chapo alto.
Lisboa a cidade dos conselheiros, assim como Coimbra a cidade dos doutores
Braga a cidade dos padres.
Alm da predileco pelos Fados e pelos toiros, uma outra alvoroa o espirito dos
alfacinhas: o theatro.
Para apanhar uma borh^ o lisboeta capaz de perseguir os empresrios durante
um dia inteiro e de o esperar a p firme durante quatro horas, ao sol ou chuva.
Para representar uma scena-comica ou uma comedia n'um theatrinho particular,
abandona a repartio, a officina, o escriptorio ou a loja.
Elle trata por tu os actores e os camaroteiros, conhece as actrizes, fala aos contrae
regras, e aperta a
mo
e botequins,
ou
Leva informaes aos jornaes para conquistar o direito de pedir um bilhete de theaquando cilas so amantes dos empree leva rebuados e flores s actrizes.
.
srios.
Em
Amlia
S.
Carlos emproa-se,
delira,
em
na Trindade agaiata
no Gymnasio
no Avenida
ri,
no Colysru fuma.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
e
na
175
ao Caf do Globo.
Um
Revista do anno.
um
Lopo Vaz
foi
Depois outros lhe seguiram o exemplo, e a policia assumiu o dever de assistir aos
em punho, como um censor em exerccio.
Alguns ministres, porm, mais sequiosos de popularidade, para compensar a falta
um
caricaturem
Ha em
em
scena
umas
illustres e
alguns monumentos
commemocom
o dinheiro da nao.
e, depois d'ella, cabe menCames, D. Pedro IV, marquez de S da Bandeira, duque
nha
',
I;
Nos dois cemitrios, dos Prazeres e do Alto de S. Joo, ha bustos e estatuetas sobre alguns tmulos.
Pelo que respeita generalidade dos mausolos, o mais sumptuoso o do visconde
de Valmor no ultimo d'aquelles cemitrios.
Eu
flores,
Como em
gloria dos
titulo ilUistre,
em
risco de
Para honrar a memoria de Fontes Pereira de Mello, chegou a ser lanada a pedra
fundamentai na Avenida da Liberdade, em frente da calada do Salitre, talho Occidental; este estadista teve subscripo,
N'outros paizes,
pesa de
em Frana
mas no
teve estatua
um
que
talvez peor.
homem
um monumento.
'
em
Pariz.
1907,
quando
isto escrevo.
76
uma
famlia,
como
excepcionalmen-
a responsabilidade financeira
um
chegamos ns.
Eu mesmo no
encontrei dificuldade
uma
em
fazer que na
camar municipal
fosse vo-
Castilho nasceu.
Mas, quanto
monumentos de
tem unicamente
um: o dos Restauradores de 1640 na Ave-
nida da Liberdade.
mandado
construir
sao
total
seus bairros.
anti-
em
respeito chronologia.
Quem ha trinta annos entrava na cidade pela estao de Santa Apolnia, como eu entrei, ficava desagradavelmente
surprehendido com entrever as alfurjas do
bairro de Alfama pela abertura dos arcos
mouriscos ou cutras apeitadas passagens
dos Bicos.
Hoje, o caso
muda de
Alfama
bairro de
figura.
est
mascarado sobre a
como
ribeira
baco, a
comprimidas, como
geral
so as povoaes semticas,
Ali foi
tiveram
em
um
tambm
a judearia, alis
com mais
nome de Mouraria.
mouros
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
177
178
palavra Alfama
vem do arabe
mentalmente, v, pode ser medida aconselhada pela hygiene e pela moral. Mas deixe-se
de p o bairro como reliquia do passado e termo de comparao com a Lisboa moderna.
Ser, em todos os tempos, antigualha estimvel para mostrar ao estrangeiro uma
pagina de pedra que recorde a chronica primitiva da cidade.
Este bairro miservel, de fadistas, de taberneiros, de regatas e carregadores tem
sobre o Bairro Alto, cuja tradio aproximadamente a mesma, a vantagem de ser um
coi occulto, uma espcie de esconderijo recndito, apenas transitado pelos seus moradores.
com
a ribeira do
Aquelle
mazns
representado pelos escriptorios de empresas e companhias ou pelos arexemplo a rua dos Bacalhoeiros, to feia, to mourisca
depsitos. Sirva de
ainda no aspecto do seu Arco escuro e do seu Arco das Portas do Mar^ to conhecida
forasteiro pela sua Casa dos Biccos, mas to embuchada de grossos costaes de baca-
do
lhau sobrepostos
gem, o vadio
o proletrio,
fica
memorias archeologicas
e as Escolas Geraes cu
universidade primitiva.
bairro de S. Vicente, j o disse algures, por tradio politica aquelle onde reillustres, cujos representantes actuaes mantem ainda um respei-
to inabalvel e
leal colnia
de
realistas, e tanto
De vez em quando algum pallido raio de sol, que vem de longe, banha de uma luz
como a do crepsculo vespertino a alma das famlias que choram ainda sobre as
suave
ruinas do passado.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
79
esmeradamente os seus filhos, essa desambiciosa princeza bvara procurou n'um convento a quietao e humildade em Deus.
De tempos a tempos, como quem honradamente amortisa uma divida de gratido,
ella apenas se lembra do mundo para enviar uma palavra de affecto s famlias dos antigos servidores de seu marido.
E assim, n'um palco que abrange dois paizes, separados por centenas de lguas,
vo perpassando, atravs do tempo, as scenas commoventes de um longo drama politico, sem que as personagens de um e outro paiz sintam fadiga ou desalento, mas, pelo
dando ao mundo o exemplo de uma herica lealdade,
contrario,
petido
em
alis
coraes portuguezes.
brantvel
os rochedos que o
mar
aoita.
Padres que vo ao Pao doPatriarcha, seminaristas do Pequeno Seminrio, , ofEciaes do exercito que frequentam o Tribunal Militar, antiqurios que
revolvem a feira da ladra oriental, famlias da nobreza realista e creanas
que levam offerendas imagem de S. Vicente, constituem o principal
movimento
Uma
nhas
obras
de Santa
alfaci-
Eiigracia
li-
foi
fiz
um
11
em
.,
aggravo de
concorrido
vizinho.
Lisboa
em
uma
tbua de salvao,
um
e mitigantemvinte consolador.
f religiosa imagem do Senhor dos Passos e, em
Santo Antnio. Leva ordinariamente a sua frivolidade mundana para
as igrejas; excepto para a da Graa. Vai procisso da Sade para vr os militares na
rua e as mulheres nas janellas; mas assiste recolhido e contricto passagem do Senhor
Mas
segundo
o lisboeta circumscreve a
logar, a
>
em
i."
vol.
i8o
creou profundas
raizes
Senhor dos Passos na igreja de S. Roque, uma nova tnica cada anno ofFerecida pela
casa dos marquezes de Fronteira, abluo da imagem com essncias aromticas e
investidura solemne di tnica na igreja da Graa preside o Cardeal Patriarcha ; mas o
povo no abdicou nunca o direito de uma venerao to intensa e hereditria como a
inteira
concordncia de crena
de
fervor.
um
quem
O
gal,
culto
mas
foi
ainda,
desde logo
bem
irmandade.
regeitado pela
uma novidade em
Companhia
Portu-
e acceito amoravel-
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
181
mente pelos religiosos de Santo Agostinho, o que chamava sobre elles a sympathia que
sempre colloca a opinio publica do lado do mais fraco ou do mais transigente.
Medrando a devoo, cresceram com ella as esmolas e donativos, a ponto de se
e gracanos,
outros a posse.
Uma sentena salomonica poz termo demanda, contentando
a posse,
ambos os
comtanto que na
a offerta
litigantes
vig;lia
da
se-
gunda sexta feira da quaresma a imagem viesse a S. Roque e que se na sexta feira
no recolhesse Graa, ficaria pertencendo definitivamente a S. Roque.
Eis aqui a razo por que n'esse dia, ainda que chova torrencialmente, se faz a
;
procisso de retorno.
da procisso, que
as
damas nas
janellas,
um
no deixam nunca de
assistir
passagem
sinceros.
Quando o
prstito entra
e,
momento
a nitida conscincia
da misria infamante
em
que vivem.
Habitualmente, s sextas
feiras,
i82
bairro do Castello,
em
geral
com um
o que quer que seja de burgo alcandorado e areo, d'onde se v a cidade sem a ouvir.
Para todas as ruas da parochia de Santa Cruz d serventia a porta principal do
Castello, que precede a praa d'armas.
Este bairro mantm a sua remota physionomia marcial, no s porque ali est
aquartellado o regimento de caadores 2, mas ainda porque fica dentro da fortaleza a
cadeia militar, e
nho,
sai
Corpus
em
pu-
de
tambm porque
com o
Chrisli.
xix.
Mouraria, posto que algum tanto modernisada, ainda hoje um bairro infamado
por marafonas, rufies e cafs de lpes. Esto comprehendidos n'elle esses immundos
prostbulos do beco da Amendoeira e da rua do Capello, outr'ora propriamente denominada Suja. Predomina nas suas bitsgas o caracter mourisco, subsistindo o vestgio
como no
uma
das
o centro da cidade.
Bairro de muito transito, de muito commercio e rumor,
elle
comprehende
liga cotit
dois hos-
pitaes,
de S. Jos
Pertence ao numero dos bairros que no tem outro caracter seno o da mescla das
d'aquella avenida
'
*.
Ha pouco tempo
Avenida D. Amlia,
a rua
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Aproveitaram-se
n'elle a
i83
igreja demolida.
bairro da
com
Possue o amplo campo dos Martyres da Ptria (antigamente Campo de Santa' Anna)
palacetes de aspecto recolhido, o novo edifcio da Escola Medica e o monumento
de Sousa Martins.
flanqueado sobre o occidente pela escarpa pittoresca do Pateo do
grupo de chalets sorri na luz e no alto.
O asylo de Mendicidade e o hospital de Rilhafolles pem a nota triste da velhice
e da loucura na ilharga septentrional do Campo dos Martyres da Ptria.
Deu nome ao bairro o local do palcio onde resiJiu D. Catharina de Bragana,
edifcio este que mais tarde entrou na Casa do
viuva do rei Carlos ii de Inglaterra,
campo
Este
Thorel, onde
um
hymeneu.
a ter
a
casamento s costas.
E' a verdadeira asphyxia da mocidade.
Os
bairro da
fazem as
no
exercito.
fica,
como
os
Para
leste havia
outro supplemento
ainda
em
um
supplemento de povoao
S. Sebastio da Pedreira,
com
com o
mas
em
tanto
um como
as portas da cidade.
bairro da S.
acham
184
caudalosos que
rios
Terreiro do Pao,
biihoteira e intriguista
bis-
por
Das grandes
artrias da Baixa
Ouro.
do passeio occidental
do Rocio.
To
preconisada rua,
mundano a
seu caracter
com
qual o
todo o
Al-
sr.
littera-
rua do Ouro,
J. M. de Macedo escrevendo
Memorias da rua do Ouvidor to
neiro o dr.
as
mesmos transeuntes e
mesmos mirones: no variam nunca
be sempre os
os
os
.Q
ali
p de alferes.
Milito scismava
com
da rua do Ouro
tulrice,
uma
espirituosa
iiisti-
de Pariz.
guntava
per-
ella.
uma
isto.
phrase duramente
inci-
Cesl
drle
na rua do Ouro
Em
quatro
meia.
Guilherme
e
II, e
do presidente Loubet,
um
reforo de populao
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
i85
Lisboa parece ento outra, porque tem n'esses dias o que habitualmente lhe faz
falta
gente e luz.
Sentimos um certo prazer em vr caras desconhecidas, as toileties demodcs quebram alegremente a uniformidade do ultimo figurino, chapeletas anachronicas berrarn
como araras sobre a cabea das provincianas, uma sobrecasaca antiga ri por entre as
rugas com que saiu da mala, familias inteiras com os filhos, as sogras e as criadas con-
341
Um Irecho
Os empregados
tamanha
teiros,
ella , pois
que tantos
elles so.
mirones da rua do Ouro no resistem aos primeiros encontres, fogem, desapparecem, e s retomam o seu poiso depois das festas, barafustando despeitados iFe-
Os
lizmente que
vot-
11
estamos
livres
da maada!
a^
i86
de ruido: vive,
e d'isso
Habitualmente, durante a semana, chega a fazer pena que um to magestoso remeia dzia de pessoas nos bancos, e de centenas de
des excrementicias,
em
tomam
liberda-
Ao
sam carruagens modestas, que sobem e descem muitas vezes, o que faz parecer que
sejam mais numerosas pelo systema dos comparsas no theatro, que saem por uma
porta e entram por outra.
Ha
a
em
uma pobre
que
ali
um
vem um,
uma
victima expiatria.
Lotivre de Lisboa
primeiras confeitarias,
lisboeta,
os
bem como
Armazns Grandella.
sempre gulosa
de
de iheatros e de na-
como
o hotel ruidoso
nem
a hospe-
div^idir-se
em
Os do
sul
Csar Machado, descrevendo o Chiado de Londres, dizia: E' uma rua larum lado e outro, lo)as de ourives, arma-
nada que
fazer,
Reduzam
por
ali
Chiado nem uma rua largussima, nem uma rua plana e tambm no c das
mais alegres: a mais afamada e elegante, sim.
Tem por si a tradio da haute gomme, que alis no provm de uma origem nobre
da rua. Mas aristocratisou se, e o que importa. Todo o lisboeta que dr nas vistas do
i
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
187
Chiado recebeu a consagrao publica. Est lanado e conhecido. Toda a cocotte que se
quer annunciar, sobe o Chiado ou desce o Chiado e fica sendo unoa hetara em voga.
Todo o litterato tem escrioto mil vezes a palavra Chiado no romance, no folhetim, na
comedia, na scena-comica, e algumas vezes at na capa dos livros, como fizeram Jlio
Csar Machado
e Beldemonio -.
A Avenida tenta disputar a primasia do Chiado, sobretudo no carnaval, mas o
'
Chiado continua a ser o mais ardente foco das folias carnavalescas dos marialvas.
Depois que um ukase do governo civil civilisou o carnaval de Lisboa, o Chiado
reage, embora seja muhado, e insiste no tiroteio de projecteis contundentes.
Quem governa no Chiado, a despeito da policia civil, das multas e das prises, o
marialva. Ora o marialva representa por si mesmo uma tradio, e portanto no se
deixa esbulhar de todas
completam
como
as tradies
Fazem
e caracterisam.
que o
parte d'elle,
parte d'ellas.
elie faz
fe-
carnaval civilisaio
fica
muito
em
inferior,
1857, so-
na actualidade.
No Chiado
mar. no so
um
xa tambm, em
ha
lojas e
montres brilhantes,
modernisou os estabe-
lecimentos commerciaes.
Mas uma
loja
Uma
em
compras no Pari~
comprar, como toda
coisa entrar a
a gente, nos
armazns Grandella.
commercial,
uma
Mas
a questo outra
mulher exigente
concentrado
uma
e vivo,
julga subir
em
toilelie.
agglomeram-se quatro
igrejas,
Grmio
Todo
umas ao p
mundano de
nas impulsivas.
So contornos meridionaes do bairro do Chiado o largo solitrio da Bibliotheca Nado Hoel Bragana, onde de preferencia se hospedam as celebridades
cional e o edifcio
estrangeiras
Ao
'
'
em
Do Chiado
a Veneja.
Viagens no Chiado.
Gymnasio
liSI
em
nem
tudo,
se-
Sobre
do mosteiro.
agora perturbam, e onde d'antes os aguanasceu Camillo Castello Branco, o mais
deiros do chafariz estavam muito vontade,
portuguez e o menos lisboeta dos
nossos escriplores modernos. *
Propriamente dentro do Chiado
houve outr'ora um botequim famoso:
o Marrare do Polimento. '
Hoje, do mesmo lado da rua, ha
a Pastellaria Marques, que serve
grande roda o fii^e clok tea.
um
restos de
como
vivia
i."
liceu
Fica
uma
bairro de
Santa Catharina,
at raiz
se
actividade burguezas.
Tem um
commercio variado,
mas essencialmente
popular.
xix
Tejo
por isso
mesmo
frequentado
ao
sol.
n'uma
dissse Tolentino
sa-
tyra
Iremos ouvir mil petas,
Argumentando em
gazetas.
Hoje, o Alto de Santa Catharina, com ter bons prdios e um jardim, ainda no
deixou de ser retiro convinhavel a jarretas eunuchisados e a collo]uios de guitas dos
Paulistas
com
sopeiras do Calhariz.
Bocage.
que tem tido Lisboa
Descendo para a maro,em do Tcjo entramos no bairro de S. Paulo, onde a feio
predominante ainda mais accentuadamcnte popular. Este bairro ficou celebre pelos
seus antigos carvoeiros, aos quaes se no podia perguntar impunemente se j Iniha dado
*
ao dia
Os
14
restos mortaes de D.
de maro
(\e
i83t),
em
Nuno Alvares
a.
mr da
igreja
do Carmo
O romance
'
at
Vicente de Fora.
em
virtude
A EXTREMADURA PORTUGUE2A
meio dia em S. Paulo.
1S9
M >t
r-
'\
'a
%
xn-^^ti^
3^4
occasies a
Um
trecho da
isboa antiga
O
onde
lucrativo.
do Aterro,
a industria
Ha
barulho aqui
afogado o transito.
ainda maior,
mas
torna-se
vi edificar.
1^0
silvo
automveis
em
rua
Virile e
in-
re-
o catraeiro, a varina
o carregador de
sal
cidade.
de agua navegvel.
Como
uma
impresso con-
prdios avistam o
foi
Augusto de Aguiar apresentaram ao parlamento em 1884 uma proposta de lei auctorisando o governo a dispender ate i5 mil contos com as ob'as do porto de Lisboa.
Esta proposta no chegou a ser votada. Mas, no anno seguinte, a lei de 16 de julho auctorisou
construcao por empreitada geral das obras entre Santa Apolnia e Alcn-
'
rua do Machadinho, na
rua
cortio,
na travessa das
xiantes.
Comprehender-se-ha esta denominaro sabenJo-se que ella se refere a tres irmos, Verssimo,
e Jlia, naturaes de Lisboa, e ipanyres do christi.inismo, neste logar sacrificados e sepultados,
blrigiu-se em sua honra uma igrejd e um convento de freira<i, as quaes, no reinado de D. Joo II, (oram
transferidas a um novo mosteiro ao oriente da cidade, para onde levaram as relquias dos tres santos.
Astim, pois, ficou havendo Santos o- Velho e Smtos-n-Novo.
'
Mxima
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
191
um
trecho do districto de Aveiro intercallado na capital, porque a cona emigrao todo o seu caracter de raa e classe.
As descargas no Aterro e a venda do peixe pelas ruas constituem a occupao das
mulheres os homens trabalham na pesca e na venda de jornaes.
Esta numerosa colnia mantm aqui e em toda a parte os seus usos e costumes
tradicionaes conversa e espiolha-se no soalheiro dos degraus e soleiras das portas vae
Pode
dizer-se
com
mente sobre
da capa, que
tiroteio
cabea
faz
de confeitos
chama
carpideiras se
extenuamse
em pouco
tempo.
tam-se
D'ellas,
sas
mas
Completada assim
physionomia
plcelle
o
e
um
palcio que
foi
um
hotel inglez
igreja protestante,
345 Monumento
'
Ea de Queiroz
do Marquez de Pom-
pelo
Bellas- Artes) ^ com o costumado chafariz em frente
que todos os palcios do grande ministro tinham aguas furtadas.
O bairro de Santos communica com o de Alcntara pela Calada da Pampulha.
Alcntara vem do rabe e significa jpo/e. Foi pois a ponte que deu nome ao bairro.
bal (hoje
Museu Nacional de
que o povo
meio
dizia
d'ella erguia-se
uma
estatua de S. Joo
se
com
portas de ferro,
em
Alcntara. Ento,
Hoje, Alcntara
em
Seguem-se-lhe
a imperatriz
Amlia
em
i8/3.
activi
igz
E'
tambm
Tem
como
ruas largas,
seu nome,
com
o cemitrio dos Prazeres; na vertente occidental, longes de campo; e no largo o transito, o movimento, a agitao quotidianos de um bairro denso e activo.
Ha
como no
bairro de Santos,
Junqueira,
com
com
da Ajuda, no topo da
qual
se
Rainha Pia,
dizia,
a Junqueira e
Belm,
gamento
occidental
da
e
cidade,
alegre do
Todos os viajantes que visitam Lisboa, nacionaes ou estrangeiros, querem conhecer Belm
por amor dos Jeronymos.
treitamente o
toriador
nome do maior
his-
moderno de Portugal.
Alexandre Herculano
foi
pre-
camar municipal de
Belm, quando Belm era conceAlexandre Herlho autnomo;
sidente da
'
um
casaro do largo da Ajuda, onde escreveu pelo menos os primeiros dous volumes da Historia de
Portugal e o Monge de Cister onde teve por hospede Garrett e por commensaes, nos
seus famosos sabbadox litterarios, os mais distinctos poetas e prosadores daquelle tempo;* Alexandre Herculano jaz, dentro dos Jeronymos, n'uma capella privativa em
culano habitou
moimento de honra.
'
iq\
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
'9^
mais cotadas mancebas mundanarias, como na velha Athenas o Cermico, entre a porta do seu nome e a porta Dipila, era um bairro de hetairas.
como diz o padre
Talvez isto provenha de ter residido por aqui muita corte
depois que os jesuitas, para edificar a sua casa professa, arrazaram
Balthazar Telles
o extenso olival que vinha pela encosta abaixo at ao actual Loreto.
347 rachada da
Os
fidalgos azevieiros
queriam
igrej
Companhia
as devoes quotidianas.
Vive n'este bairro a hespanhola que exagera petulantemente as nlodas e tem cadeira de assignatura
Uma
em
S. Carlos.
Roque
a tra-
dio da sua colmea outr'ora frequentada por marialvas de Lisboa e morgados da provncia.
Morreu rica, e os jornaes deram noticia da sua morte, como fazem quando se trata
do fallecimento de outros capitalistas no mais escrupulosos talvez.
'
194
com
restaurant Tavares,
Comtudo
a rua de S.
uma
consequncia
in-
no bairro.
Ha
alameda de
S.
De
vez
Com
figos
pobreza
em
Lisboa
fritos,
castanhas cozidas.
como na
rua onde
lambem
as
Em
n'elle
geral as casas d'este bairro no teem agua encanada: por isso ainda subsiste
As
velhas e os entrevados do Bairro Alto tiram dez reis bocca para comprar o
um
com o mundo,
ciona ainda
travessa da
O
e
um
sitios palcios, e
da Cunha
da
para
entre
Apud
elles a
Me d'Agua.
'
I.
um
zig-zag de
foi
de Jos Ribeiro
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
em
maus
vem um.
Outrora
.
janota.
foi
com bons
picam
'9-"'
um
retiro
annos
a par-
os fidalgos,
os
lojistas
as officialas de
ateliers da Baixa.
entre
montes de
livros
k-
os miolos.
Os nomes
de Fabrica da Loua e
Fabrica das Sedas, que subsistem na topographia do bairro, relacionam-n'o historicamente com a proteco dada pelo marquez de Pombal s faianas da fabrica do
Rato e industria das sedas, que j D. Joo
animara.
um
fidalgo,
Menezes, que
foi
Luiz
Gomes
de
padroeiro do con-
vento
196
Fielding,
eram sempre
calada do Salitre.
com
Tom
Jones.
'
foi
morrer na
de Santa Izabel
au:tor do
viziniios inoffensivos.
Alm
tras,
d'aquelles
homens de
let-
O mesmo
se
es-
residiu
O
A
alm
d'isto,
d'elles grandes,
com agglomerao
de moradores.
n'um d'esses pteos, o do Gil nome de um mestre carpinteiro, talvez seu proprietrio -que em 1816 nasceu Alexandre Herculano, tendo por bero uma casa que
Foi
no
existe.
Na
rua de S, Bento
racter popular:
lojas
abundam
beiros, etc.
O movimento constante, mas a extenso da rua espraia-o, de sorte que no incommda nem tumultua.
N'um recanto fica o mercado, e no largo sobranceiro ao mercado o Palcio das
Cortes, ainda com a sua apparencia de convento, banal e singelo, porque apenas o prvaranda de pedra que o encima teem alguma nobreza architectonica.
Ainda hoje se conservam vestigios monsticos nas cellas de todo o edifcio
bellos azulejos que servem de rodap escada da Camar dos Pares.
tico e a
'
nal de
Fielding
em Lisboa, a 1 de ouiubro de 1754, aonde chegou j doente. Faia de ns no Jorde Londres a Lisboa. Camillo Castello Branco escreveu maviosas paginas a seu res-
morreu
uma viagem
c nos
honrou
insomma, vol. u. E Eduardo Vil, quando esteve em Lisboa e visitou o cemitrio dos
memoria d'aquelle glorioso morto colhendo uma flor e lanando-lh'a sobre o tumulo.
* Veja-se sobre esta casa e este pateo a interessante informao de Rodrigues Cordeiro no.-t/manach de Lembranas, de 1879.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Aa
ra dos
quando
'97
Gama-
Deputados.
Ao
35o
198
Aos
franciscanos
os
btras
irnico parece ter ficado jungido ao edifcio para castigo dos inquilinos
no passado
no
presente.
Todo este bairro tem ainda muito da sua antiga solitude campestre no tempo em
que era plantio ou matagal, como indicava o nome de uma rua, Cardaes de Jesus, hoje
e como indica o nome da travessa da Horta.
bemquisto publicista Eduardo Coelho no nasceu, apenas residiu, na rua dos
Cardaes era do norte, isto , natural de Coimbra.
E, circumstancia curiosa, foi na casa pegada sua que falleceu em 181 1 o nosso
melhor poeta satyrico: Nicolau Tolentino de Almeida.
Outros nomes de ruas do ainda uma impresso de bucolismo longnquo, como tra-
Eduardo Coelho,
como Abarracamento de
ou de
Peniche.
foi
que
fariz
attrahiu
sitios.
Ea de Queiroz que
elle
adquirira,
nesse
Formosa
do Arco-a-Jesus de S. Maral.
como o do Bandeira no Rocio, e tem o caracter antiquado de todos os arcos dentro da cidade, excepto o de S. Sebastio da Pedreira, cuja construco recente, no falando no da rua Augusta, que j no nosso
Esta rua
liga-se pela
arco dependncia de
um
prdio,
N'este bairro o
classes:
tal
nome de algumas
Sales populares, bailes campestres fazem no vero ouvir o marulho sonoro das
suas valsas sentimentaes n'um ou n'outro ponto do bairro.
O baile dos pretos esteve por muitos annos installado n'uma casa da rua de Nossa
Senhora da Conceio.
Ali danou a supposta raiultj do Congo, no tempo em que os pretos elegiam carnavalescamente uma rainha, porque ento ainda a monarchia era moda.
Os pretos em Lisboa so numerosos, o que at certo ponto nos pode envaidecer
como paiz colonial, e matiza
Mas j se vae perdendo
a populao.
a tradio graciosa
officio.
Na primavera
com roseiras,
ridas
ricos.
no
estio o bairro
de Jesus tem
um
flo-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
99
Os
de alface, o
Em
famlias privilegiadas,
da
como
janella.
possuem
jardins ou quintas.
das hervas e neto do hmus, tem sede e fome de terra.
Ora a nica terra que em Lisboa lhe no disputam a da rua, a dos vasos ou
n'este bairro,
povo,
filho
Ao
commum.
n'um plano
com zimbrio
ao qual j em i856,
apesar de ainda
existir
ento o Passeio
dade.
igreja era
rei
dver
ga,
fica
Mecca
sistas.
cem
do caracter de
retiro elegante e
igreja
dos Anj
se af-
Moram
Sem
embargo, tambm se condensa pelas ruas e travessas da Estrella uma populao anonyma, que se exhbe no Passeio em dias santos e noites de kermesse reformados do exercito e da armada ou do funccionalismo, taes como serventes e correios, meninas em cabello que andarilham ao som da musica e empregados do commercio que
:
as
namoram.
A camar municipal tem
ido substituindo os
a antiga topo-
graphia do bairro: assim a travessa dos Ladres hoje rua nova da Estrella.
Habitao do
sr.
uma
Carlos, o que
no
o Penafiel e o Vianna.
No
ting Club.
No
com
rei
no Spor-
sol
E acabamos
antiga;
bairros novos.
como
nos prdios
Arruamentos largos
e sadios. Prdios
cias
^P*^
canamento de gaz
^^^^?
iHHHb^
para a criadagem,
da-porto.
Kstevim
o typo de
Ora no ha propriamente
e muito bem, o sr. Rocha
'
um
Typos
como
concluiu,
cousa differente.
e os climas. Isso
Os
entre ns
Peixoto.
construidos
ticulares.
Os da camar
so Calvrio,
Campo
Castilho
Os
'
Nos n
do Primeiro de Janeiro
em
1004.
A EXTREMADUKA PORTUGUEZA
Bairro do Alto do Pina, superfcie 4,324 metros quadrados.
Bairro do Poo do Bispo, pertencente aos herdeiros de Ventura Luiz de
Macedo
do
Grillo, superfcie
Amncio,
superfcie 5. 200
metros quadrados.
Cames,
353
6o metros quadrados.
3. 800 metros quadrados.
Bairro Tavares (rua do Assucar), superfcie 6.120 metros quadrados.
Villa Zenha (Xabregas), superfcie 3.495 metros quadrados.
Mouraria, superfcie 997 metros quadrados.
Marquez de Castello Melhor, superfcie 222 metros quadrados.
Bairro Almeida Brando, superfcie 5.754 metros quadrados.
Bairro da Memoria entre a Ajuda e Belem, superfcie 3.370 metros quadrados.
Bairro Surrada (Bemfica), superfcie 3.847 metros quadrados.
Bairro Heredia (estrada de Bemtica), superfcie 2.640 metros quadrados.
Avenida Gomes Pereira (estrada de Bemfca), superfcie 10.912 metros quadrados.
Villa Affonso, superfcie
Villa
quadrados.
Bairro de Campolide, superfcie 8.55o metros quadrados.
Ha tambm
algumas ruas de
iniciativa particular.
Campo Grande,
ainda no
foi
appro-
vada superiormente.
Todos
VOL.
II
os bairros novos,
em que
mesmo anno.
Foi referendado pelo conselheiro Jos Luciano de Castro.
systema adoptado o da electricidade area da sociedade Thomson-Houston.
agosto do
O
A
foi
com
legraphicos e telephonicos, e pelo arvorapostes, que se distanciam uns dos outros cerca de 3o a 40
Mas,
em compensao,
o movimento
constante dos carros e a rapidez e facilidade que eiles proporcionam, graas a uma
e brilho,
Pode
muito carecia.
dizer se,
de que a
mas to morta
do paiz
foi
vantagem
tem beneficiado
e os subrbios.
O lisboeta mudou com delicia do regimen dos acarros americanos para o dos
carros elctricos,
velozes,
asseados
baratos.
E
noite,
354 Monumento
Affonso
dwlbuqucque
as ruas, ainda to
receberam luz
um
mal illuminadas
da passagem
e vida
dro de Alcntara.
lisboeta acceitou com prazer e confiana a traco elctrica, sem temer os perida electrocuo e da electrolyse. a que se referiu, na camar alta, em sesso de
24 de maio de iqoi, o par do reino Mendona Cortez.
Por ora, felizmente, os desastres causados pela traco elctrica no teem sido
numerosos, o que contribue para que a concorrncia e o agrado do publico no esfriem.
f^os
traco elctrica
comeou
a ter
em
traco animal,
tigela.
ris
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Tendo passado
revista ao
seus bairros, chegamos concluso de que Lisboa seria a mais formosa capital do
mundo
se tivesse
mais
luz,
com que
podem
e,
Npoles e Constantinoo soberbo prologo de um livro que lhe fica muito inferior no texto.
Sem embargo, na bocca do alfacinha vulgar de Lmneu, hoje, como na idade-media,
Quem no p Lisboa, no v coisa ba.
seu grandioso porto,
rivalisar os de
pla,
'ii>i
luTiulu de Vasco da
Gama, em
I3eleni
e confessa-as
perante
um
pri-
que ha de morrer o ultimo dos seus habitantes; uma cidade, que respira o p das caladas e os effluvios dos canos, que compra, annualmente, ao estrangeiro o po nosso
de cada dia, para me servir da bella phrase da orao dominical ; uma cidade, em que
at as arvores so infelizes, e que est dando morte melhor asylo que aos vivos!
O trabalho duro, a alimentao e hygiene insufficientes, bem como a devassido dos
costumes, vehiculisam a populao de Lisboa para a tuberculose.
Em
i885 morreram
a vr
uma
um
vi-
el-
Pedro
o zimbrio da Estrella ?
Talvez quando el-rei D. Jos se desmontar do seu cavallo de bronze para
mandar
concluir
as obras de
Santa En-
gracia.
lisboeta ,
do que
em
intelligente,
sabedor.
Mas tem
qualidades de apresentao,
um
porque
Lisboa quer ser to franceza quanto o
Porto quer ser inglez. Nas salas no se
acobarda nem requinta, e na frivolidade
elegncia,
mundana que
356 Moiiuraento
nenhum
Eduardo Coelho
pouco
se
parisiense,
chama
cumprimentos
portuguez o excede.
bem
a sua terra,
notou
com verdade
Um
Um
ditinho de repente
Um
ter
falar
com
Que
esta
tanto geito,
afeioa:
em tudo
respeito,
jom
gente
De Lisboa.
Quanto
honra que se fazem uns aos outros na vida de relao, o caracter dos
E de Lisboa
Que todos
l;i
se sa
so honrados
de pessoa a pessoa
Se falam desbarretados.
quem
em toda
risiense, a
Victor
lgua
a parte.
tanto
;
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Em geral magra
mado e a voz cantante.
Cames escreveu a
Ora
gentil,
2o5
seu respeito:
julgae, Senhor, o
que sentir
357
Porta
um estmago
pi ncipal
do convento dos
costumado a
resistir s falsidades
Je
de um rostinho de tauxia de uma dama lisbonense, que chia como pucarinho novo
agua, vendo-se egora entre esta carne de sal, que nenhum amor d de si.
No
A
cia
preciso
mais para imaginar uma lisboeta quem nunca a viu nem ouviu.
palavra tauxia (no rabe atauxia e no castelhano ataugia) quer dizer pintura.
lisboeta, quasi
Quanto
media
com
e superior,
mas
um
Gar-
2o6
nunciao;
elle
que
diz cravo,
No
Bernardim^
tioiti^ trasti.
vicios antigos, j
um
d'elles
mesmo
Garcia
de Rezende
Vimos muitos
Sem
ociosos,
dos bons
No
lhes
e virtuosos
minguar que
dizer:
O
E
as
dos alfacinhas.
Herculano, reconstructor da historia de Portugal, e o operoso polygrapho
erudito
do dia ou da noite, e fica-se por ahi. O nico livro que proAs meninas solteiras lem alguns romances francezes para se
impregnarem de romanticismo e poderem citar phrases de effeito na conversao das
salas e das praias ou nas cartas de namoro.
O jornalismo, essencialmente politico^ visa habitualmente mais as pessoas que as
questes, e vai quasi sempre at cluirge violenta, como a caricatura, que tambm
lisboeta l o jornal
pessoal.
uma ou
As peas
originaes so poucas e
Emquanto eu
fui
em
commis-
musica tem alguns cultores dedicados no gallinheiro de S. Carlos e nas acaDe quando em quando apparece um compositor, mas as suas operas no se
demoram tanto no cartaz como as reprises de Verdi, cujas partituras, at na primitiva
maneira d'este maestro., ainda so aquellas que o lisboeta assobia com enthusiasmo
demias.
O
que
que
me
Ah
uma
moo de
longevidade archeologica,
j sei.
no
se atre-
de Cames,
foi
quem por amvel chalaa era costume attrime aiVirm.)u uma vez ter dado serventia como
intelligentes,
XII
Oeiras
gem no Tejo
lm) e ainda da installao da Casa Pia que obrigava a uma viabordo dos vapores da carreira ou a uma jornada por terra nos pesados
Tinha ento razo de ser o adagio -Uma vez a Cascaes e nunca mais.
Fui l um vero em carruagem e regressei noite moido, escalavrado, poento.
Era, principalmente, no Bom Successo e Pedrouos que se concentrava a maior colnia de banhistas de Lisboa, especialmente aquelles que precisavam vir cidade todos
os dias ou pelo menos com frequncia.
Pinheiro Chagas foi um anno para o Bom Successo e informava de l como de
um
de Lisboa,
accrdo sobre
quem
foi
Os historiadores no esto de
que descobriu o Bom Successo. Dizem uns que foi Gonalves
Gonalo Velho da Camar. O que certo que fica a uma granconcelho de Belm, supponho eu.
foi
^,8
ticos corajosamente.
droicos.
O
um
r, j
de Pedrouos, presta
Francisco Simes Ratolla, escrevendo a monographia
sr.
servio archeologico.
agora no concelho de
Algs, o antigo reguengo de Algs, logar comprehendido
em nossos dias uma quasi
Oeiras e componente da freguezia de Carnaxide, era ainda
em liberdade -.
solitria ribeira do Tejo, propicia ao amor
banhistas, uma alameda florida, uma praa
para
Hoje Algs de Baixo tem casas
uma estao do caminho de ferro, a
de touros, o edifcio do Aqurio Vasco da Gama,
famlia Polycarpo An)os, e sobre^a
pertencentes
Mira-mar,
linda Villa e Parque de
com alguma soluo
ribanceira-na linha alta dos extinctos conventos que se prolongava,
de vero do sr. conde de Cavivenda
pittoresca
Boa-Viagem-a
at
continuidade,
de
bral.
Toda
esta ribeira do
guezas.
Ribamar
seria
sr.
conde
Em
de 1882.
viscondes
do tUulo, neto e filho dos dois primeiros
direito.
de
Antnio Maria de Sousa Azevedo, )uiz
falleceu a q de junho
Fora da
Jos
:
201.
j
m J
Pilicresco (V, Jg) que o logar de Mkc
Ainda em 1861 Vilhena Barbosa escrevia no Archivo
era de poucos moradores.
...
,1
invocao, trs kilometros a leste da v.l
3 Povoao com uma ermida de Nossa Senhora da mesma
primeiras carreiras dl
das
tempo
o
desde
marinheiros,
pelos
venerada
la de Oeiras. A im.igem muito
'
terra,
r>afi.
>
ndia.
*
Fallccido
em
de maro de iS).
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
O
i."
titulo veio
em
visconde,
Segue-se
de
uma
Algs de Cima.
Algs o Dafundo
continuamos
me no
engano,
foi
com
habitado pelo
209
na freguezia de Carnaxide
um
hotel..
onde
no
de livre-cambio.
illustre
j fal-
lecido.
no bairro baixo, ao Foi^te, ponte do Jamor, a uma loja de venda, fabrica do Godinho (cortumes) e a dois ou trs prdios (um d'clles occupado no vero por Pinheiro
Chagas), ficando superior a esses poucos prdios o chaht e quinta do conde de
Thomar; no
j
no
um
meio de pedra
meio de
ferro,
viria
e,
o nome especial
que ainda
ali
se con-
serva.
No
se conhece,
com
os
seus chalels, o seu bairro novo, o seu viaducto do caminho de ferro sobre o valle do
Jamor.
Bonita,
trinta
sempre
annos quasi
VOL.
II
um
27
Cascaes.
ermo
intransitvel,
no sculo
xvii,
com
go de Deus instou
inverno facilitassem a passagem de pessoas e cargas sobre as levadas que rolavam para
o valle da ribeira.
Vamos, pelo
alto
c a
fica
em
seduco
da linda pastora por um viandante, talvez caador, de condio distincta, pois calava
meias de seda '.
nome do logar presta-se lenda, mas parece que no seria sempre Linda-a-Pastora. O prprio Garrett ouviu dizer Nina-a-Pastora. O padre Figueira ^ conta que um
vendo aqui uma pegureira mal agasalhada, ordenara que a enroupassem, dizendo:
rei,
aninha a pastora. Finalmente, um investigador recente ' d cabo da galanteria feminina da lenda apurando que o nome actual corrupo de Linhal-pastor.
passei alguma vez n'esta alde, e consignei as minhas impresses
Eu
n'um kodak
de folhetim:
como
deote,
do
com
como
cadente
lhe
elle
e crescendo.
De
tem
isso
villa.
Ha
trinta
meus
os
foi
Mas
annos estivera
um
logarejo,
um
ali
al-
com meia
Ao
mais do que
Pareceu-me
Garrett, dizia eu
de fora.
e eu fui encontrar
uma
bem
Ninha Velha ou Linha Velha ou Linda-a Velha, menos populosa que Linda-a-Pastora
sempre na razo inversa da idadi) fica de fronte e ao nascente d'esta
ultima povoao, em logar alto, muito aoitado das nortadas.
Nos arredores de uma e outra alde ha boas quintas: a do Roballo, a do Rodzio,
(a vitalidade esi
a dos Cyprestes.
Em
e existe
Linda-a-Velha funcciona
uma Academia
uma
Recreativa.
mesmo nome,
fundo.
O
O
orago da freguezia
S.
Romo;
e a
populao sobe
3.657 habitantes.
A
ciam
'
uma
uma
regio pastoril, e
ambas
as hypotheses
denun
regio habitada pelos mouros, que na rea d'esta freguezia deixaram outros
Romanceiros^
iii
vol.
'
Os primeiros trabalhos
'
liilerarios
do
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
da sua linguagem, como por exemplo, na praia de Algs
vestgios
no casal de Alfra-
gide.
desmembramento da
Oeiras,
que se
foi
crescente.
Senhora, que,
em maio
de 1822,
foi
A' imagem,
feita
um
coelho.
de barro, deram
n'a,
uma noite.
uma oli-
ali
perto,
e reconduziram-n'a
onde continuou
maior vigilncia.
lapa,
Mas
a ser
venerada
com
di-
em
Carnaxi-
Thomaz
do poema
fa-
Men-
sageiro de F^.
imagem na S Patriarchal emquanto, com muitos embaraos^ se ia conCarnaxide, sobre a gruta, o templo que devia recebela definitivamente, e
para o qual Nossa Senhora voltou em i883, mediante auctorisao do governo.
Foi Thomaz Ribeiro, ento proprietrio em Carnaxide, que promoveu no s a
Esteve a
struindo
em
concluso do templo,
Em
1898,
como tambm
como
da imagem.
poemeto A Rocha, que no anno seguinte
a restituio
encorporou,
historia
bem
igreja parochial,
que
um
em
lioz
abril a festa
Em
Carnaxide adquiriu
uma
S. Sebas-
Thomaz
Ribeio,
ms^^
o sr. dr. Antnio Baptista de Sousa, tambm aqui proprietrio, o primeiro visconde de Carnaxide.
Esta freguezia comprehende ainda os logares de QiJcj^s, Portella e Outorella.
Finalmente, no logar principal da freguezia est organisada uma associao de soccorros mtuos, denominada
Fraternidade Operaria de Carnaxide.
Um conselho amigvel: Se o leitor fr alguma vez a Carnaxide, no pergunte l
pelo ibode no coro, nem como se chama a menina.
So contos da terra.
Fica a noroeste de Carnaxide a freguezia de S. Pedro de Barcarena, que ate
Tem
em
Barcarena.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
de Mello
Em
mandou
Houve
victimas, e, por-
Em
tabaco;
mas em 1849
No anno
de
comeou
a ser feita
1862, a
uma
motor da fabrica a agua da ribeira de Barcarena, que passa encostada ao edido lado do poente e que, mudando de nome ao atravessar varias povoaes, vem
desaguar no Tejo, prximo do Forte de S. Bruno.
A plvora sem fumo fabricada em Chellas, como j dissemos no i." volume.
fcio,
Lecea.
'
Agora retrocedamos
litoral.
J outra vez na ribeira do Tejo, saudemos de fugida a Boa Viagem, que se alcan-
dora no
alto,
Gama n'uma
titulo
de julho de iSm
de visconde de Lecea
.
foi
concedido
it)
214
Covo da Bandeira,
xviii e
o palcio real,
com
a sua
E' este jardim um bom specimcit do gosto rococ com que n'aquella poca eram
desenhados os jardins aristocrticos. A esse arrebicado systema, que Luiz XIV puzera
em moda, chama Ramalho Ovg^oarchitecturas vegetaes- Diz este cscnptor, referindo-se ao jardim de Caxias: As avenidas so riscadas por esquadria, em ngulos
rectos. A arvore decotada em forma de columna, de pyramide, de obelisco. Os tanques
teem molduras altas, lavradas em relevo, como grandes espelhos de salo. As alamedas
parecem galerias. As murtas aparadas, lisas, rectas, em volta do pequeno tanque, de
um vaso de Le Notre, da meza de mrmore, do banco esculpido, semelham os biombos
que cercavam a meza do rei sol, quando nas noites de inverno elle ceiava com as suas
damcs, graud couvert, nos sales de Marlyle-Roy. O palcio real de Caxias teve vida de corte quando ali residiu D. Miguel, em i832,
durante alguns mezes.
Depois ficou abandonado, quasi esquecido pela coroa.
Demora junto a Caxias a povoao de Laveiras, com a sua antiga casa monstica de
cartuxos de S. Bruno, ordem asprrima de austeridade e rigor, que apenas contou dois
conventos em Portugal, este intitulado
Vallis Misericordix
e o da Scala Dei, em
vora.
Para
em
annos estivera
De
pequenas,
foi
um
pulo.
desafogada, offerecendo
uma
seu prprio
nome
veiu do pao,
com
com
dois torrees e
uma varanda
intermdia,
do conde das
Alcovas.
ali.
justiticar
pretencs
vida balnear
em Pao dArcos
tensa; pois que a povoao fica circumscripta entre a linha frrea e o mar.
A Avenida Marque^ de Pombal, com os seus chalels e arvores, constitue propriamente o apangio moderno dos banhistas.
Ha tambm um casino, onde a valsa e a intriga giram velozes
como em todas
as praias.
em Pao
tixos,
com
'
foi
cedido pelo
sr.
D.
Manuel
II,
bem
como
os de Belm e Queluz,
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Fora da povoao, para o lado da linha frrea, ficam as grandes pedreiras que
fornecem de muita cantaria a capital.
Fazem-se era Pao dArcos grandes festas, no mez de setembro, em honra do Senhor Jesus dos Navegantes, cuja ermida foi edificada por subscripo publica e iniciativa do benemrito Joaquim Lopes, herico patro do barco salva-vidas da barra de
Lisboa, que tantos nufragos salvou da morte com sublime abnegao e inexcedivei
coragem.
Thomaz
como
elle
com
com
com
seus
ais,
encontra
um
Ganhou (que
brao e
um
um
lar.
homem
do mar, pertence
residia
em Pao
d}'-
nastia.
em
Ha, junto
1900
a esta
'
Silva.
Ha, que eu
saiba,
em Pao
uma
de Soccorros Mtuos e
De Pao
d' Arcos
porque
importncia;
foi
elle
i."
finalmente, elle que, sob a apparencia de simples feira, aqui realisou a primeira exposio industrial portugueza, muito antes de 1798, poca
em que
o diccionarista Maigne,
de D. Joo
linha
frrea
corta a povoao.
Mas
ns, seguindo a
um
e
Ha
cm
verdade no a tem.
estrada
de Pao
d'
villa.
opposto, e vamos descendo at chegar igreja, grande postoque vulgar, a cuja ilharga
fica o Largo do Egypto (hoje do Dr. Pinto Coelho), com um coreto, e em cuja frente
fica
o Largo de D. Carlos
Tomamos
ao acaso o
3i'>2-Pao <l'Arcos-
foi
das Alccimas
',
de
etc.
praia
na apparencia.
Os famosos palitos e biscoitos de Oeiras apenas os encontramos no estabelecimento
de Jos Augusto.
Em
de Taborda,
trios.
cr de rosa.
'
Este
No
'
sei
nome
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
217
mandado construir pelos dois irnnos mais novos do Marquez, FranMendona e Paulo de Carvalho de Mendona, que tambm adquiriram
em proveito do primognito, a quinta adjacente, chamada de baixo.
palcio foi
cisco Xavier de
e cultivaram,
Agora, de toda
ser o
palcio,
resta, a
communicam
entre
no
si,
ellas, e
s ellas, ousados se
bem
com
a corte.
A meu
cterstico
mais cara-
sculo do
Marquez de Pombal. A estatua equestre do Terreiro do Pao offerece apenas o anverso da meda-
um
em que
lha,
pregoa a grandeza de
rei,
um
dominador, postoque
Baixa so
tambm
pombalina que
ainda
uma
mor-
Os arruamentos
da
affirmao da fora
reinado
do
terre-
ha o anverso e o reverso
est a
me-
poca
mas
do tempo,
de villa, comprou, mortos os dois irmos, terras de lavoura, olivaes e vinhas, arredondando opulentamente o seu vasto morgado.
Sabe-se, por um documento authentico, qual era em 1777 o rendimento das proria
'
original authentico
do
foral, escripto
em pergaminho
II
28
2i8
priedades do Marquez de
Marquez
Pombal em
Avalia
elle as
'
villa de Oeiras nasceu e floresque a historia testemunha. Mas o interior do palcio e das quintas denuncia
eloquentemente o alto prestigio do Marquez, em torno do qual vinham agrupar-se humildemente as obras dos primeiros artistas do tempo, as relquias sagradas, os presentes do Papa, as alfaias esplendorosas e peregrinas. Assim, na casa de jantar, que abre
sobre o jardim, avultam as estatuas de Alpheo e Aretv.sa, obra de Machado de
Castro, o celebre auctor da estatua equestre. Possue o palcio um painel de S. Francisco, pintado por Ticiano. Foi Andr Gonalves, um dos pintores mais notveis do sculo xvni, que executou os painis da capella. O quadro representando os trs irmos Carvalhos, de mos dadas, sob a divisa de Concrdia fratriim, julga-se ser
composio de D. Anna Ignacio Monteiro de Carvalho, a celebre Joanna do Salitre,
assim chamada por ter vivido n'esta rua. O retrato, em miniatura, de Clemente XIV
foi por este mesmo pontfice offerecido ao primeiro Marquez. No faltam tambm as
relquias piedosas e preciosas, os corpos de trs santas que, revestidos de cera, jazem
na capella do palcio.
Sente-se, pois, que se est n'uma casa, cuja influencia politica se tornou conhecida
e respeitada em toda a Europa, graas ao primeiro Marquez de Pombal, mas sahindo
das salas desertas para as avenidas solitrias das duas quintas, sente-se tambm que
todo esse poderio se desfez nas cinzas da morte e nas ruinas da historia. As estatuas,
os bustos, aqui e ali espalhados, parecem chorar na solido uma poca que passou, e
misturar as suas lamentaes voz flebil da agua, que se despenha nas cascatas.
ceu. E' o
quinta
de baixo,
como
em
consequncia da abundncia
de Bellas.
desaguar no Tejo;
tentam sacudilo
entra na floresta.
ali
cae
sitio,
misturadas
impresso de
com um
tristeza,
tal
ou qual abandono
margens do
rio
em
em
povoam
e procurar
ali
luz apenas
No
em
cada
um com
um
cetceo, reclina-se gosando a voluptuosidade do seu eterno banho, e nos corpos lateraes
Homero, Virgiho, Cames e Tasso justificam o titulo dado cascata, tomodelados pelo grande Machado de Castro.
Em quanto eu estava observando esta construco ornamental, que destaca ao cabo de uma avenida sombria, como um panno de fundo, imitando o antigo, pintado por
Manini, passou pelo meu espirito a viso da poca litteraria e artstica de D. Jos, vi
os bustos de
dos
ellcs
'
(jqS a
ti
149.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
219
mentalmente desfilar a litteratura da mythologia e da Arcdia, sonetos de Corra Garo rumorejaram a meus ouvidos, os ltimos eccos da Academia Real de Historia fa-
ziamse
sentir
olhos as sombras do
como
os toneis de vinhatico
que podem receber trinta pipas de vinho cada um; todo esse enxame de
poetas acadmicos, que povoavam as suas estrophes com as divindades do paganismo,
recebidas da antiguidade clssica como herana sagrada; todo esse mundo de histoque
esto
galvanisdo.
arte da poca
certo,
como
os passos, mesurados
A
reiro
do Pao, onde a
Fama emboca
em
em
dos
aqui
ali
ticios e
os equinoxios.
Todo
este
mundo
historia.
mo
o commercial, que
nos.
acabou,
elle
instruc-
sinistro
foi
dos da Frana.
Na
dadas
com
das
a tradio
em
honra de D. Jos, est a historia completa do valimento e da decadncia do primeiro Marquez. Tudo passou: o poder absoluto do rei, a auctoridade
por vezes draconiana de Sebastio Jos de Carvalho e Mello, e at a preponderncia
festas ali
da sua familia. Todas as familias que devem a sua gloria a um s homem, gascomo as fogueiras alimentadas por um nico toro.
Em lu de agosto de i^b^ foram a Oeiras visitar o segundo marquez de Pombal
patricia
tam-se depressa, so
a
rainha D. Maria
I e
rei
D. Pedro
III.
rainha allegou o
ftil
pretexto de querer
Alma do ouro na
mas o segundo marquez viu n'essa visita, cuja relao escreveu, um
propsito de reconciliao com a casa Pombal. Houve festejos na villa e na quinta.
Mas foram j um pallido retiexo dos que ah se fizeram em honra de D. Jos. Os bons
vr as cascatas, a dos Poetas na quinta de baixo, as da Taveira e da
quinta de cima,
'
haviam descido ao
em
que a famlia e a
livro
villa
tu-
de Oeiras se engran-
fe-
chado.
Alm
mesmo quando
Eu entendo que no
licito
hoje
um
assumpto histrico,
reproduzir apenas o que j est publicado e conhecido de muitos. Essas noticias so
authenticas, porque sairam da casa dos marquez-is de Pombal para a Bibliotheca Nacional de Lisboa. O estado comprou em 1868 os manuscriptos que constituam o tombo
tanto da casa de Oeiras como da casa de Pombal.
Olhamos ao largo e vemos terras ridas, montes mis; a maior distancia o castello
de Cintra vagamente esboado.
a ningum, ainda
se
p"oponha
tratar ligeiramente
em
Oeiras
pombalinos.
em tempo uma
d'elle.
N'uma
d'estas depen-
fabrica de laniticios.
Fica lhes fronteira a quinta da Arriaga, com a respectiva residncia. Esta quinta
de D. Mariana da Arriaga, d ima da rainha D. Maria I, e d'ahi lhe veio o nome; depcis pertenceu ao conde de Casal Ribeiro; em seguida ao conselheiro Forjaz, que foi
foi
juiz
at
estao de
Muito boa
a estao:
edificio
ferro.
fcios
sr.
Amaro, no
dr. Jos
sitio
do Ariciro, que fica a fabrica de lanie cuja alta chamin constitue uma
de Almeida,
excellcnte
Um
'
li.
57.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
D. Joo IV
mandou ampliar
um
forte
III,
continuando a
terra.
A
uma
um
revelim, e
Na esplanada do
em
Algoiro que
foi
enforcado
Gomes
um
da liberdade
a nufragos.
S. Julio constitue uma parochia, que tem por sede a capella da Torre e por orago
Nossa Senhora da Conceio. A populao varia segundo o numero dos presos e dos
soldados da guarnio, que actualmente feita pelo grupo de artilharia n. 3.
A partir da Torre encontra-se a praia do Portinho; e sobre a ponta de pedras, que
limita a este a mesma praia, um grupo de casas que se denomina Feitoria.
A freguezia de Oeiras tem por orago Nossa Senhora da Purificao.
30
Monumciilo
(lomcs Freire, em S.
JullSi
XIII
Cascaes
Por
orago
dois ttulos se
recommenda
e cuja
e a caracterisao brtannica
proveniente da Estao do
Cabo Sub-
marino.
A regio vincola de Carcavellos no se limita apenas s collinas ou lombos que'se' desenham prximos ao mar no logar d'aquelle nome mas abrange
uma rea mais extensa, incluindo as vinhas situadas nos logares de Parede, Murtal, Li;
vramento
e Gallza.
vinho de toda esta regio gosa de boa fama no mercado. E' um dos trs vinhos
pimpes da Extremadura a que se referiu o professor Aguiar. As castas de uva predo-
minantes na regio so as brancas, principalmente o gallego dourado, que , pde da base do vinho de Carcavellos, como o arintho o do vinho de Bucellas e o
zer-se,
em
alta
Inglaterra.
typo actual
mas
suave,
com
com predomnio
bramento do assucar.
lei
numero dos vinhos generosos portuguezes o de Carcavellos, com graduao alno inferior a l" centesiinaes, e entendeu como regio de Carcavellos a com-
cluiu no
colica
caracterisao brtannica
desde 1872 se acha installada no palcio da Quinta Nova ou da Lobta, a 600 metros da
povoao de Carcavellos e que lhe deu vida moderna, sobretudo, uma physionoma especial
pela
Falmouth, 2 para o
para os Aores.
e a
do Baro, que
foi
do conde da Lapa.
e o Flix
na
estrada da Alaga.
A
se ao
meio da Praa,
em que
tambm um chafariz.
Na praia das Sainhas,
ha
Rana, est
situado o antigo forte do Junqueiro: nelle se estabeleceu o
Sanatrio chamado do Junqueiro ou de Carcavellos.
E n'um annexo d'este Saoriente Ha Ponta da
367 Carcavellos
natrio funcciona
durante o
estio,
um nome
ponde
conhecido ha poucos annos, pela razo de que a povoao que lhe corres-
Pois tem
Maria Luisa,
villa
villa
Aurora,
Sophia,
j'IIj
Eduardo,
Au-
Nunes da Matta.
e
Na rua das Arribas est situada a casa da tamilia Netto, a que pertence o actual
Cardeal Patriarcha de Lisboa, que tem passado aqui algumas temporadas.
Em 1904 foi inaugurado, n'este logar de Parede, outro Sanatrio de Sant'Anna.
'
O
ram
edificar
d'ahi a
'
Hoje, resignaiario.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
sr.*
foi
ii5
sr.
mente
com
Concluia-se pois,
ser
um
Em
tambm
60; havendo
14 adultos
Bermudes.
escola
moinho
sitio
do Gai-Agua, nome de
um
antigo
da Pedra do Sal.
a oeste
chalets,
um
do algodj,
bem adimados
plares
na ex-
de Geographia.
Segue'->^e
Parede a de
ril,
aqui
estao
Joo do
S.
de
E-tc-
somos ns chega-
Os
factos
porque
Estoris
so
como
colnias balneares
No
casal
sculo
do
vai rasgar-se
um
feliz
mas
as suas
anteriormente conhecidas.
xviii, el-rei
Estoril,
esta regio.
voL.
11
29
226
Em
tomo
1893, o
2."
do Diccionario Postal
difficil
descobrir a
com
dois fogos,
As
utero-ovaricas.
No
um
edifcio
club de recreio.
S.
'
11'
I
'
'j
rnos os seguintes:
to,
uilhermina, Lei-
Ancora, Aoriano, Carlota, Pollux, Castor, Maria Fernanda, Arminio, Fernando, Ondina, Maria Leite, Gracinda, Victor, Grinalda, Aquilina, Futuro, Elysa, Alzira, Alda,
Bella-Vista, etc; villas
um
Carmo, Falmyra
Segue-se Santo Antnio do Estoril, que o mais antigo dos Estoris. Houve aqui
convento, e ainda subsiste a igreja, d'aquella invocao: j n'essa poca teve fama
sr.
um
vento,
do fundo de
um
mandou
poo.
edificar, a
mandado
mais recentemente outro, de maiores dimenses, e dotado de todos os apparelhos hydrotherapicos modernos.
Estrs caldas teem applicao especial nas doenas de pelle (dermatoses).
edificar
Junto ao balnerio
foi
plantada
uma
aprazvel matta.
Santo Antnio, que deu o primitivo nome ao logar por causa do convento, foi um
pouco posto de parte, ingratamente: hoje ningum diz seno
o Estoril, e esta povoa-
o divide-se
em
do Estoril
foi
Costa do Estoril.
Jos Jorge de Andrade Torrezo
e
(18(19-1870),
proprietrios.
Mencionaremos alguns
'
kit ta.
Esta
villa,
bem como um
d'estes chalels:
clutet
do
No
Estoril, os
mesmo nome,
denominados
Feliciana, Fer-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
427
nando. Queiroga, Adelaide, Marques, Eugenia, Silva, Guarany, Mascotte, Feliz DesEmiliano, Chantal, Luso, Torrezo, Margarida, Augusto Santos, Emilia Elvira,
Forte, Mont' Alegre, Torrees, Vianna, e alguns sem nome, como o do sr. Schrter,
tino,
No
Alto do Es-
toril,
Ha um
de Pari\.
hotel
Mont'Estoril.
Segue-se outra estao do caminho de ferro e outra povoao
Ha aqui vrios edifcios distinctos, a saber: chalets Magdalena, Est?phania, Albergue, Maria da Conceio, Rachel, Celeste, Pires, Antonieta, Mira Monte, Maria
da Conceio, Maria Lima, Guarita, Maria do Rosrio, Juvenalia, Cecilia, Maria Euda Luz, Maria Izabel,
Emilia, Rosa, Manuela, Camlia, Margarida, Maihilde, Almeida Pinheiro, Lcia, ErAduar, Aba Monte, chalet da rainha D. Maria Pia, palcios
cional.
vegetam com
lidade as
faci-
os
bananeiras,
maracujs,
as
cannas de
assucar, as palmeiras e os
lindos abacatis.
Tanto o
o
como
Estoril
MontEstoril,
cem
as
aveni-
ares
saudveis
bello
panorama maritimo,
so
realmente hoje
uma
Do
Parque Palmella, que era para assim dizer um ponto de transio, foi recentede Rey
mente cortado por uma avenida, onde j esto levantados alguns chalets
Chegando atestao do caminho de ferro, seguimos para a villa pela linda Avenida
Valbom, ladeada de bons prdios, alguns d'elies c/u/c>/s e, descendo-a, deixamos di-
jzS
reita
tas prhistoricas
do Poo Velho.
Depois, mettendo pela rua Visconde da Luz e Praa de D. Luiz, entramos na Avenida D. Carlos, cu)o acclive nos conduz ao Passeio Maria Pia, sombreado de palmeiras,
dominando toda
muro da
Cidadella
(Pao Real).
Mas
bem
vista
de olhos
praias de banhos, a
Grande e a da Rainha,
as
lojas
de commercio,
os mercados, a Casa da
Camar, em
vativo,
com
edifici pri-
relgio e
si-
Praia,
Club da
o de fazenda
a ad-
ministrao do concelho,
os
hotis
Costa e
do
Globo (vulgarmente da
Anna) etc.
371 Monl'Esloril Aspecto geral
Cascaes hoje uma
villa quasi completamente transformada. A sua antiguidade parece remontar ao tempo dos romanos, que lhe
chamariam Cascale. (Se esta etymologia no servir, teremos ainda aquella operao a
que os pescadores chamavam eucascar as redes; e a forma do antigo castello, semelhante
a um capacete, casque, pelo que certo escriptor estrangeiro chamou a Cascaes
Cascay!)
El-rei D. Manuel deu-lhe foral, que existe ainda bem conservado. Tem paginas militares a historia antiga de Cascaes: no tempo do Prior do Crato, nas guerras da Res-
Assim, pois, a villa manteve durante alguns sculos aquella dupla vida que naturalmente resultava da sua posio geographica
como fortificao martima e colnia
de homens do mar. D'estes, o mais notvel foi Afforso Sanches, navegador ousado
e talvez inspirador de Christovam Colombo.
Creado o senhorio e marquezado de Cascaes, uma nova phase, de brilho e opudo palcio senhorial para o mbito da povoao.
Mas o terremoto de 1755 deu em terra com a maior parte dos prdios, incluindo
esse palcio magnifico de que ainda possivel encontrar hoje vestgios.
No espao comprehendido entre a actual calada da Assumpo e a Cidadella,
ficava o antigo castello e dentro d'elle o pao dos senhores de Cascaes
esses famosos
Castros cm cujo brazo brilhavam seis arruellas, de que elles tanto se ufanavam sobre
lncia, irradiara
Quem
um dos
um
setteira,
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
229
Um
arco aberto na muralha mostra ainda, na solidez e espessura, a sua antiguidade, sob a camada de tinta com que o modernisaram.
No prdio n." 26, da calada d'Assumpo, ha uma porta e janella de verga recortada, que devera ter procedido dos escombros do pao.
Mais alguns annos volvidos e as arruellas e a setteira tero desapparecido talvez.
Escrevi no livro que se intitula Sangue a^ul a biographia d'aquelle dos
Castros,
condes de Monsanto, que foi primeiro marquez de Cascaes.
Era D. lvaro Pires de Castro, um fidalgo espirituoso, do bom tempo em que os
havia; sentencioso no falar, mordaz na satyra, mas sempre philosopho
nos conceitos.
^
Toda a gente sabe qual era a balda certa de Affonso VI: era justamente o que elle
menos certo.
O amor foi na pessoa do primeiro marquez de Cascaes um habito refinadamente
tinha de
que
aristocrtico,
dissipador
em
A's vezes, como quem toma gosto a um assumpto, oio rodar em Cascaes
uma
equipagem e volto me sonhando que seja uma d'aquellas sumptuosas carroas doiradas que elle exhibiu em Pariz, deixando boquiabertos os parisienses do
sculo xvii.
com
acastellados,
seis ar-
no brazo.
Voltome, sim, e logo
se desfaz o sonho, porque vejo um dog cari ou
um pheton, que no fazem seno pregoar o adelgaamento da riqueza nas
ruellas
casas nobres.
Tudo mui-
iMont'Estoril
to encolhido, agora.
si
o mar, de que
elle
sentir-se-hia
bem o marquez
procurava ser
um
simulacro na terra.
pela grandeza
dominadora.
Eram
um
para igual.
Mas
teira,
cia a
FAS-TUDO
ESPECIALIDADE EM BOI.OS
REAES, JUANNINHAS E AREIA,
r:
E'
uma pequenina
loja
Do accesso
aristocracia feminina.
sido pisada pelos mais delicados ps da
harmonioso
A lista dos doces ali fabricados tem o que quer que seja de
vestgios herldicos,
freiratica,
um
memoram
com
os
Bolos seccos
d'
Amndoa Argolas
Co-
Doces
Barriga de Freira
finos para
meza
-Arroz
de
-Doce de GiUa-Fatias da
Borracho-Sopa doi
Pasteis de Marvo -Peixe Doce -Queijinhos d'Ovos -Sopa de
d'Ovos.
Lampreias
Corada Toucinho do
diminutivos -TfS/H/jJS -Joauni^ihas -Laduhos-Torra.Unhas
Cheiram
sculo mais freiratico que cm Portugal tem havido.
prpria
do
linguagem
sa
Os alambicados
convento de
nhor
um
freiras,
fidalgo
dio local.
significa
ha
um pouco
de isso.
que
Quanto aos bolos finos para mesa, a nossa curiosidade encalha logo no
mais difficil de e
tanto
origem,
sua
ignoremos
Comquanto
freira..
de
nomina .barriga
campo de observaai
depois que no ha freiras, porque falta absolutamente o
se
contrar
d<
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
23
porm, que tambm rescende gulodice galante dos conventos no sculo xvii.
Emfim, a calada d'Assumpo, em Cascaes, se poucos vestgios archeologicos ainda conserva do tempo em que a villa foi marquezado e d'elle recebeu brilho e fama,
tem na antiga casa Fa^tudo o que quer que seja de caracterstico d'essa poca, de uctiaria e galanteio, nas doces Joanninhas que se comem, nas Testinhas que se beijam e
mordem, nos Lacinhos com que se enfeita o estmago, nas Torradinhas que dispensara manteiga, e nas Barrigas de Freira a que uma pessoa toma o gosto sem offender
certo,
os cnones.
Quando se sobe para o largo da igreja matriz, e junto a elle, tornam a apparccer
mais vestgios de muralha e um mirante, que est hoje branco como a cara enfarinhada de um palhao, mas que talvez fosse outrora um cubllo da fortaleza, que defendia
os paos dos senhores de
Cascaes.
Nenhuma
rua de
como
santhropo,
um
my-
eu,
do
marquezado
com
territorial,
de galanterias e bolos, de
amores
e conventos, fina-
lmente,
freiras cuja
de
3;3 Praia
em
graciosos
e vista
de Cascaes
abdmens de assucar
amndoa.
um
ca
pelo parlamento.
Como
talvez fosse
romano;
uma
fortaleza do
O seu
uma
drados.
Para
elle
dizem, de
um
lado, os
quartis,
do outro lado,
uma mula
branca, acompanhava
uma
em
das
fa-
1810, sobre
regimento.
sr.
n."
ig
praa de Cascaes,
(Lisboa, icoo).
sr.
1873), so excellentes
subsdios para mais detido conhecimento dos assumptos por ns aqui esboados.
232
el rei
commemorar este acontecimento, erigiu se na avenida Vasco da Gama uma escola-monumento com o nome d'aquelle monarcha, e destinada ao sexo feminino.
Promoveu a sua fundao o sr. Jayme Arthur da Costa Pinto, presidente da ca'
Quero ainda
ficam,
com o
seu lago e
Conde de
praa de touros,
Ferreira: a
etc.
Ha em Cascaes algumas
caes distinctas, taes
cios dos condes da
tar,
como
Guarda
na Praa D. Luiz
edifi-
os pal-
de San-
na rua Con-
da Parada; especialmente
3r4-C=;des-casaOiNiiii
Martha,
casa
em
minhota
Santa
do
sr.
sr.
sr.
sr.
A estrada da Bocca do Inferno uma espcie de bottlerarj por onde, nas tarde^
de vero, rodam muitos trens brazonados.
Bocca do Inferno, a
penhascosa, onde o
um
kilometro da
villa, faz
em
lembrar
lateral,
occasies de temporal.
um
suicdio, descer
Uma
d'ellas foi
'
Recentemente
Encontra-se
phtj de Lisboa,
'
fallecido,
uma
em
janeiro de 1909,
14.* serie, n. 3
Li^boa,
i''r)5.
A EXTREMADURA PORTUGUE2A
fevereiro de 1904,
um
desceu,
ali
233
at'
alteroso vagalho.
ao Farol da Guia
Moser.
em
bahia.
tra,
temperatura
moderada
e a agua, canalisada
Mas
falta
povoao no s
um
hotel grandioso,
vida
corte; e,
alm de montona,
cara, tanto mais que a praia est muito longe de ser o que Biarritz e Trouville so para
Uma
San Sebas-
Hespanha.
setembro, chegando,
Um
Uma
tificalo a
monotonia
mim, basta
a jus-
e a nortada.
A freguezia de Cascaes tem hoje uma populao de 3:745 almas. E o concelho, que
pertence ao districto de Lisboa, comprehende alm, de Carcavellos, mais as freguezias
de S. Vicente de Alcabideche e S. Domingos de Rana, com uma populao total de 9:981
habitantes.
S. Vicente de Alcabideche,
'
praia
2
como
a de Cascaes,
tem
villa.
do Guincho.
posio de
Cabo Raso
propriamente
com maior
voL.
II
3o
234
Como em Almoageme
Espirito Santo, a coroao
bam
Comprehende
esta
voao procurada por alguns veraneantes e que se avista de S. Joo do Estoril; Manique de Baixo, onde, na capella do palcio do marquez das Minas, venerada com grande devoo uma mmia, a que os habitantes do o nome de Santa Agathamra ou
Cathamra.
Completa-se o concelho de Cascaes com a freguezia de S. Domingos de Rana, cuja
igreja parochial, situada no viso de um monte, melhor que a de Alcabideche, e possue dois quadros de Pedro Alexandrino, A Ceia e Nossa Senhora dando o rosrio a
S. Domingos.
Entre os logares que compem esta freguezia de 2:677 habitantes, conta-se o Murta!, que tambm se avista de S. Joo do Estoril.
O concelho de Cascaes, sob o ponto de vista econmico, recommenda-se principalmente pelas vinhas de Carcavellos, pelas nascentes dos Estoris, pela industria da pesca e pelas pedreiras de mrmore.
Ha
e
n'elle
uma
de cantarias
mrmores portugueses.
Com
Oeiras e Cascaes
bem
fica integrada,
ao
sul, a
zona de
das povoaes campestres, pela resistente permanncia do typo primitivo, pelos usos e
e pela
XIV
Seixal
villa
est situada
na
rio
Toda
Judeu
em
Corroios.
A
restam vestigios
em
villa foi
outrora
uma nobre
em
da scca do bacalhau.
modesta, fundamentalmente uma colnia de pescadores, sendo
maior parte das casas, e pouco limpas as ruas.
Julij Csar Machado escreveu: O Seixal, de fora, bonito; j ho de ter reparado que todas as terras que so feias por dentro, so bonitas por fora: tal uso authorisa
esta localidade a ser por dentro o mais feia que uma terra pde, sem esforo, conseguir ser. To fresco o aspecto da chegada, quando se avistam as casinhas brancas do
Agora
pobres
logar
uma
villa
acanhadas
ao longo da praia
rida
uma
de
um
burro de selim!
Isto era escripto
De Lisboa
um
ces
moderno
amplo.
Mas, ao longe ou ao perto, a apparencia d'esta colmeia piscatria revela a humildade da maior parte das nossas povoaes ribeirinhas.
236
Durante os invernos calannitosos um sopro de misria parece arripiar toda esta pevilla; que os pescadores do Seixal no podem ento ir ao mar e matam o tempo algarviando ociosos na taberna ou contemplando, desconsolados, a braveza do Tejo.
Em contraposio com a villa, a freguezia no pobre e todo o concelho rico,
quena
no s pela actividade industrial das suas fabricas, que so muitas, como tambm pela
fertilidade do terreno, que produz bom vinho, excellentes fructas e ptimos legumes.
Os vastos pinheiraes, que rodeam todo o concelho, fornecem abundante lenha.
E>ta pequena villa do Seixal suggere-me uma recordao longinqua, que no deixa
de
Mello, e
em
occasio de se ferir
uma
renhida pu-
no circulo de Almada, Jayme Arthur da Costa Pinto, ento candidato regenerador, julgou conveniente sua causa levar em passeio politico ao Seixal no s o
chefe, mas tambm alguns magnates d'aquelle partido.
Fontes ia acompanhado por Andrade Corvo, Rodrigues Sampaio, Pedro Corra,
gna
eleitoral
gem
com
Jupiter-Fontes
de
el-rei
Os
som do hymno
com
pescadores,
em
uma
s pessoa
evidencia, quer
esti-
O povo no o conhecia mas ouvia falar delle a toda a hora, em bem e em mal,
como sendo o mais poderoso dono do paiz.
De modo que o povo divinisava-o vendo n'elle uma potestade nacional, que regulava o bom e o mau tempo, que dava a chuva e o sol, que lanava tributos e construa
caminhos de
te a pelle
ferro,
que
que por
um
E ento, para saciar uma legitima curiosidade e para aplacar a clera do Jpiter
omnipotente, por toda a parte o seguiram no Seixal, acotovelando-se, premindo-se,
atropelando
Fontes!
E
no
se,
viram-n'o
sei se
homem!
muito bem
diabo do
Viva! viva!
visto,
de frente e de costas, de
elle
perfil e a trs
quartos, e
como
os
outros homens.
Viram-n'o muito
ao momento
em que
bem
visto,
villa, at
a escola)
onde
foi
servido
um
luiich opiparo.
mas
aquelle
em
ver-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
2J7
dade o era: lunch pnra deuses regeneradores servido pelo Ferrari, que foi durante
muitos annos o nobre pasteleiro de todas as grandes pessoas e grandes solemnidades.
Comeuse bem, bebeu-se melhor, fizeram se muitos brindes pondo Ja3'me Arthur
da Costa Pinto no sette-estrello, o que alis no era favor desmedido, porque elle, pela
sua altura colossal, estava mais prximo do co que da terra.
que dem
com
logo
dulcificava a
physionomia
Amora
teria ali o
infatigvel
como
e as palavras.
jornalista depois de
o exrdio at perorao.
E,
como eu
em
voz
alta
delegou
em mim
em
Tremiam-me
me
um embrechado
vistoso, emisses
238
dades gradas da
summi-
e outras
Pedro Corra, sempre fidaigamente generoso, dizia-me no momento de embarcarmos para Lisboa:
Voc hoje
Quanto
em
Falar
adeantou muito.
elle se
enganava magnanimamente
foi sempre para mim uma necessidade gravosa, nunca
!
publico
um
pre-
Comecei assim... no
Seixal.
Assim
hei de acabar
de que
a locomotiva
em
qualquer parte.
n'esta branca e
foi
tive
pequena
villa
da
margem
que ha de arrastar
um
iMeus senhores.
Seixal
Na
villa
com que
o Sei-
No anno
de igo3
sei
Pois que
vem
a propsito, direi os
nomes de
outras praas
Martyres da Ptria
As
Ha
na
nitrio e
No
meira
villa
uma
uma
n'um s
edifcio.
Huma-
dia 27 de
festa d'este
Demos agora
Chegado o
meandose
villa,
Cames, formam
as creanas de cada
uma
illusire
uma
casuarina, offerecida commisso para este acto pelo iilustre professor, reitor
do lyceu de Lisboa,
a S.
Domingos,
sr. dr.
Ruy
mar
sr.
e pelo
diri-
sr.
empregado da
Mica-
Jos Maria, mais conhecido pelo Jos Talim. Seguir.imse muitas creanas a
uma a sua psada de terra, acto que commoveu os circumstantcs a tal ponque muitos choravam de alegria, por tal acto ser revestido de tanta solemnidade e
deitar cada
to,
encanto.
Do mesmo modo
se
procedeu com
dos meninos
entregando a professora sr.* D. Jlia Pinto outra casuarina ao menino Adelino Mendes Jnior. Pelo sr. Jos Eugnio da Silva foi offerecida commisso uma placa com
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
memorativa, que
foi
sBg
tambm
cortejo regressou
escola
Conde de
Na
Comprehende
fabricas de cortumes.
Tambm
quisas, descobriu-se
Alm
de
uma
cabea
de
concelho, a
do Seixal
villa
cabea de
uma comarca
de
3.* classe.
concelho tem 6.779 habitantes de ambos os sexos, pertence ao districto admide Lisboa, e constituido por mais trs freguezias, que so: Amora, Arren-
nistrativo
tella e
Paio Pires.
AMORA
Esta freguezia, que tem por orago Nossa Senhora do Monte Sio, e 2.io3 habitantes,
a noroeste
no logar de
Corroios.
Como
a Arrentella, sua
em
actualmente gosa. J
casque de arroz
1862
tambm
depois
ali
estava estabelecida
se fundou a fabrica da
uma
fabrica de
moagem
e des-
ra,
uma
Ha
filha
aqui
de
D.
uma
linda
Joo VI
que actualmente
propriedade
dos
herdeiros
do infante
D. Augusto.
Tem
palcio
com
dois pavimentos^ e
um
uma
ilha
ao meio.
Os
operrios da
em
teem uma
3 de outubro de igo5.
uma
Conduz
de areia.
a elle
um
caminho que, a
foi
augmentada e erigida
de Cima.
em
parochia.
em Amora
partir
O
filhos
uma
em
recemnascidos.
Pertence freguezia da
Amora
um
ru-
nas do campanrio.
Fica este logar a trs kilometros de
vai
Almada
Amaro
etc., e
e a elle se
em
at Corroios.
Aqui termina
a quinta
do
Alfeite, cujo
ha a
quinta da
Tapada
Real,
bem como
a quinta
do Castello, pro-
O Tejo forma em Corroios varias caldeiras, uma das quaes alimenta um moinho
que se recomen^la pela sua situao e aspecto pinturescos.
Este moinho movido pela agua que se junta na mar enchente, na caldeira maior,
e que, depois de fechada a porta ou adufa, na vasante, passando atravs dos arcos
onde esto collocadas as azenhas, as
Em
faz girar.
em
ARRENTELLA
A
nome
orago Nossa
Senhora da Consolao
fica fronteira da
do Tejo.
Por ser logar abundante de aguas, c de fcil accesso navegao fluvial, no principio do sculo xix estabeleceu ali Andr Durrieu, francez de nao, um lavadouro de
ls, que foi alargando em rea por aforamento aos frades do Carmo.
freguezia d'estc
Amora, de que
O
com o
governo,
em
i83i, transaccionou
propsito de os destinar a
uma
com Durrieu
fabrica de
mantas para o
exercito.
EXTREMADURA PORTUGUEZA
241
Esta fabrica durou poucos annos, e foi depois vendida a Joo Rodrigues Blanco,
que a apropriou a outra de estamparia de algodes.
Finalmente, tendo Blanco decahido da prosperidade que a sua industria chegou a
lograr, esteve a fabrica fechada durante alguns annos, at que em i855 Jlio Caldas
Aulete formou uma parceria mercantil para ali fundar uma fabrica de lanifcios com a
capital de i6o:ooo)ooo ris.
comeou
mesclas.
Em
1861
foi
em companhia
o seu capital
As
ls
que
a fabrica
principio so as do
termo de Lisboa,
que deu valor e prosperidade ao logar da Arrentella, facultando trabalho dirio aos seus habitantes de ambos os sexos.
Comquanto a freguezia tenha ho)e 1:440 moradores, no conhecida seno pela
Foi, pois, a industria
Ha
feliz,
de se haver
ali
duas philarmonicas:
n'esta freguezia
uma denominada
Honra
e Gloria,
uma
Arrentella.
Esta freguezia
no propem a ser scios da Academia Real das Scienctas, o que talvez pudessem
fazer sem desdouro para outros acadmicos. Mas no se fie o leitor no que chalaceam
escrevedores graciosos quanto a citarem Paio Pires
uma
com
como
terra improgressiva.
Ha
ali
de 5o alumnos; e est pedida a creao de outra para o sexo feminino. Como se v, a instruco publica vae mettendo dente na fama bronca da Alde de Paio Pires, disposta a roel-a para definitivamente acabar com a lenda. E a educativa arte da musica j tambm, de par com a esescola do sexo masculino,
em
a frequncia
Paio Pires
Sociedade
No
De mais
uma
tijolo.
uma origem
illustre
que
voL.
nobilita
II
foi
3i
fa-
A's minhas recordaes politicas da villa do Seixal ligase mais uma razo de espesympathia por todo o concelho do mesmo nome.
As instituies musicaes, escolares ou mutualistas n'elle existentes realisam annual-
um
um
famlias
no cabe uma agulha. Fala-se em voz alta de um logar para outro: os seixalenses esto
ali em sua casa ou, melhor ainda, na sua terra. O enthusiasmo delirante de patriotismo quando a philarmonica local toca no palco o hymno da associao e quando o
mestre da banda executa um solo de cornetim ou trombone. Os bravos retumbam, as
palmas estralam, os olhos chispam, as faces estremecem, o pescoo distende se. o peito
dilata-se, e todos esses bons seixalenses do languida Lisboa um forte exemplo de
tamanha f e to pequena
solidariedade patritica e de amor e f pela sua terra
terra
um
theatro.
'
XV
Almada
BAIXO
de Achbuna
na
*,
margem opposta
em
que se entretinham
d'aquelles districtos.
da mina,
mar
nome que
lhe vinha
Herculano
Almada
Almada
em
verdade,
Mas Herculano
e isto
Lisboa.
'
'
tomo
I,
liv.
II.
tomo
II,
pag. 293,
: :
O
so
seu antigo castello mourisco, conquistado pelos inglezes que auxiliaram Affon-
que Sancho
no
que
actual,
se
ruinas, d'onde
amplo
encontra era
se
um
avista
magnifico panorama
panha
37S-O
'
al-
de Hes-
de Portugal, que a
elle se referia
j
.
pontal de Cacilli.is
II
n'uma carta
j
zendo: tengo una posada
di-
muy
sr.
'
Com
razo dizia o
-i-Vir-vos
um
de Castella ao fronteiro de
rei
Almada
baldo
tal
Ao
Terceira desde o Algarve at Outra Banda, onde encontrou e derrotou os quatro mil
Os
cantavam em trumpho:
Os diabos
disseram
iTemos carne
No
'
livro
Embrechados,
Fernam Lopes,
coronel
foi
J antes,
em
VI
com
este titulo
Homo
182^,
cm
tomo
(Jiron. d'(lrei D.
Jos Soares,
agraciado
inverno
i((o8.
Telles Jordo,
p'r'o
em
i835
houvera
trs vidas.
um
I, liv.
II.
commandanie de caadores
com
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
245
communicao
fluvial
de passageiros entre a
em que
villa e a capital
mas por
ao seu ces
excurso de recreio.
Unicamente a
Macedo, no canto
cilhas
No mar
as aguas,
a cristalina planta
no a fama, esconde;
Com
meu
patrcio
em
um
com
concorrncia
elles,
porte.
O
rior
menos na
No burro ou no trem podemos
ao de Cintra.
pelo
to forte
como o do Egypto
celebridade.
subir logo para
ou dirigirmo-nos
para a Cova da Piedade e Alfeite, que ficam a pequena disde
Cacilhas,
esta
ultima
resoluo,
margem nos
Cova da Piedade,
que se recurva na extremidade
do pontal de Cacilhas.
Pelo caminho irei contando
que todos os annos, no i." de
379 Cacilhas Largo Costa Pinto
novembro, se faz em Cacilhas
uma procisso commemorativa
do terremoto de 1755 e do auxilio com que Nossa Senhora acudiu aos habitantes
d'esta povoao, por onde as aguas do Tejo entraram temerosamente.
Deixamos esquerda o logar de Margueira, com os seus depsitos de carvo e as
a enseada da
tambm industrial, e o Caramujo, onde funcciomoagem; vamos direitos Cova da Piedade, sitio aprazvel
na
uma grande
fabrica de
famlias,
Pag. 101-102.
em
Gomes, dono da
fabrica do
Caramujo
e a
de seu
filho.
Tem
Cova da Piedade
importantes, e
uma
Possue tambm
uma
um
theatrinho,
No
mesmo
um
Gomes,
sr.
benemrito industrial.
uma
festa
com
arraial
em
em
um
hotel; e
um
res Pereira;
extincta
em
sr.
Tem
forma o
A
e
este edifcio rs
do cho
e primeiro andar,
ao centro, que
peristylo.
quinta vasta, pois que chega at defronte do Seixal; comprehende pinhal, matta
como
ananazes e bananas.
agora
Outrora
nobre esta
foi
villa,
mtica.
ordem de
no
'
No
existe,
mas
ainda
sr.
brechaos).
'^
N'este
campo
um
incndio destruiu.
seria
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
cemitrio da freguezia de
villa
Almada
uma
da alameda.
o da Misericrdia o mais antigo de Almada, pois data do sculo xvi.
A casa da camar, de regular apparencia, tem uma torre de relgio, a qual domina
todo o burgo e se v perfeitamente de Lisboa.
Como
edifcio,
Ha
villa
38o
com
mtuos
Primeiro
-Almada Vista
geral
As
classes laboriosas
festas
do concelho fazcm-se
sentir
como elemento
do S. Joo
em Almada gosam
i."
activo na villa.
um
peridico:
de reputao antiga.
o Pragal.
povo, quando noite regressa d'esta quinta, costuma dirigirse para a
tambm
villa
villa.
Por
signal
em
tu-
Na procisso o andor do Santo vai da igreja para a quinta da Ramalha, onde a imagem entra
de costas (na capella da quinta) em virtude de unn costume antigo.
Tambm costume o proprietrio da quinta offerecer, chegada, vinho e refrescos aos romeiros.
Santo permanece
ali;
durante a noite.
248
Almada tem
contribudo para o
movimento
jornalstico
de Portugal, e
de longa
data.
Ga^^eta
folha peridica
ter
d' Almada
em
AMalhoada,TtdigmuTm
1808.
havido
Manuel Roussado
De
commercial,
boa
e Jlio
Csar Machado.
'
Intitulava-se
Ecco
etc.
Comeou em
Almadense.
Clamor de Almada.,
revista noticiosa,
julho de 1879 e
de Almada, revista
Almada
O Sul do Tejo. Novembro de i883 O Rabicho, jornal satyrico-burlesco.
Novembro de 1886 O circulo n." jS, rgo do partido progressista do concelho de
Almada. Maio de 1887
O Liberal, cuja data no posso mencionar, mas que j deixou
de existir
O Puritano. Comeou a 17 de outubro de 1889 e ainda dura.
Podemos seguir da villa de Almada para a freguezia de Ca])arica, a qual. completa
o concelho.
distancia
no exceder
seis kilometros, e
temos estrada-real.
Olho de
Boi.
habitantes.
pertencem;
e,
propriamente o Monte.
ficam Porto Brando, o Lazareto e a Trafaria, que
Seguindo, pois, da
cem
Caparica ha
Sobre o nome
um
Cludio,
2."
Sousa Viterbo conta que para a capella de Nossa Senhora do Rosrio, d'esta igreja, executou em
1627 o pintor Domingos Vieira um retbulo em que se via ao meio um nicho e que se compunha de
mais quatro painis, n'um dos quaes estava Nossa Senhora da Conceio, ladeada por S Thomaz e o
dr. l'Iscold, de cujas boccas sahlam rtulos com palavras que se julgou contrariarem a pureza da orthodoxia. O caso foi levado ao tribunal do Santo Oiricio, que mandou tirar informao pelo padre Jorge
Caliral, da Companhia de Jesus. Este electivamente, cm parecer de 19 de setembro de 1634, confirmou
as suspeitas. Parece que houve immediato procedimento, porquanto, n'uma espcie de attestado de 24
de setembro do mesmo anno, certificava o padre Antnio Luir, natural e morador na freguezia de Caparica, que vira raspadas as duas figuras e respectivos rotulo, que tanto haviam escandalisado os lieis.
A imagem da Senhora permanecia.
2
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
que
1."
2."
em
templo, fundado,
foi
vista
e alguns estabelecimentos
filho d'este
commerciaes, sendo
denominado
sitio
um
um
a Torre,
theatrinho denominado
bom.
d"elles
illustre
bitando parte de
elle
capella e depois
conde.
Garrett
em
fins
conde de Caparica
actualmente o
certo
249
mesmo
um
prdio, que
descreveu
n'esta
quadra;
A casita confortvel,
Com dois palmos de quintal
Porm tem vista agradvel,
Que abraa do monte ao vai
Caparica, nos seus
aspe-
Bu-
ainda o
nome do
illustre
Costa de Caparica
propriamente
a parte
Esta lagoa,
o dissemos,
comprimento cerca de
fica
2 milhas.
um
fielmente,
dizendo:
de uma grande
agua tranquilla da
planice, o profundo
A paizagem
silencio,
mento ao
rs do cho,
onde os
reis
muitas vezes
fez.
passeava
res da
como
Parece que
'
OutraBanda,
foi
taes
como
depois de
VOL u
Alfeite, Trafaria,
um
10
'
um
solitrio, e
assim no s
Lagoa,
passeio Trafaria
com
os lega-
etc.
el-rei,
em
julho de iSSg,
que
25o
tivera
aggravar-se um padecimento de garganta, de que )
a rainha D. Estephania sentiu
Novas.
Vendas
a
excurso
uma
de
o primeiro rebate, dias antes, ao regressarem
A
foram
angina declarou se
com
medicina
aspecto grave, os recursos ento conhecidos da
soro antiainda n'essa poca no estava descoberto o
em plena primavera da vida e da formosura.
empregados - infelizmente
-e
dyphterico
Era
um
dos
nha
el-rei, a rai-
e ali
procuravam
refugio.
-^
tes suspeitos.
como um
clarim:
Viva
da costa!
felizes aguarellas,
Aqui nos acode mais uma vez Bulho Pato com uma das suas
que diz melhor do que o pudramos fazer em prosa:
Com
a sardinha, empilhada,
lncito desatado;
E
E
A mocidade
de baixo, da praia,
a pino o almaraz;'
sobe
uma
tlor!
Descala o p
regular,
No
se
pode chamar
feia.
o mar no d.
Com
Pontal de Cacilhas at
Designao popular dos montes da Outra Banda que vo do
Trafarin.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Assim como no prego das ruas do Porto toda a sardinha n d' Espinho, no das
da Costa, embora s vezes no seja nem da Costa
nem
de Espinho.
Ha
lojas
Os
em
antigos casebres,
Um
porque
dia,
um
nem
essas
lhes
puderam continuar
a dar abrigo,
rou rapidamente.
to
o encargo
si
em
de angariar donativos
Portugal e
parica
um
bairro piscatrio.
abrigar mais de
cem
madeira
e adobe.
Uma
ma
capella, construida na
mes-
cemitrio
fica
ao nascente da
localidade.
Tambm
Costa
Pinto,
guiado
dunas de Caparica e
tenso as da Trafaria,
tabelecer
uma
uma
fi-
parte das
do Tejo o oceano,
o lindo logar de Vai de Rosal, onde os jesutas possuem
se estendia
6 kilonietros da Costa
fica
1889 foram
Companhia.
N'esta casa estiveram os 40 martyres do Brazil, entre os quaes avultou a grande
do beato Ignacio de Azevedo, e ainda ali se conservam objectos que
figura evanglica
ram
esta praia,
que
onde melhor
se
farra Trafariense.
As
casas
em
mente mandados
em
1888,
srs.
prdios moderna-
Antnio Marques de
Freitas.
comeam em
uma
limpa.
As barracas
de julho e findam
emSi
de outubro, e outra
constituda
praas.
Os fortes so servidos por uma estrada militar privativa, que desemboca ao sul da
povoao, onde se acha construdo o quartel, inaugurado em 23 de janeiro de igoS, e
que
A
de
Trafaria tem
S.
A
uma
em
1900,6 intitulada
Pedro.
populao normal
pesca.
Na poca
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
ali
253
uma
escola de
natao.
As solemnidades
3830
Castello de
Almada
uma
estao telegrapho-postal e
um
posto de fiscalisao.
Ha um
No
sitio
de
restaurante
da Trafaria
Alves Ramos.
mandou o
de 7 d'agosto de ib65.
logar escolhido era
uma
terra
um
No
foi
de
elfeito, e
a renovou.
forte
da Trafaria
as mercadorias
fi'elle
servio de
em
II
servia para se
armazenarem
quarentena.
254
desempenhado pelos
officiaes
'
Foi em i8i5 que o lazareto passou da Trafaria para a Torre Velha de S. Sebastio
de Caparica. Esta torre tinha servido de cadeia: n'ella esteve encarcerado durante doze
cordes
do que
uma
Tem
rua
com algumas
o logar
uma
capella de
Nossa Senhora do
Bom
el-rei
D. Pedro V.
d'esta
imagem,
numero de
hoje vi-
&
Filhos,
'
i1
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Sob o ponto de
vista agrcola,
255
JuIio
brancos
figos
a estes
famosos
suas vendedeiras:
e s
em
da terra que
juram emquanto
do
um
sorriso,
um
pouco
ariscas,
como dizem,
sem somno
as alcanar, esperando-as
Direita e
hora
em
em
os sa-
finezas e lhes
nem
lhes
em
Casa da Camar
que
ellas
de Caparica, de Valmourellos.
Todo
o concelho de
como
seu pae.
Depois,
em
lygS, o
mesmo
titulo
foi
Duas referencias
litterarias:
Em
sr.
e teripo
e publicou
uma monographia
sobre a Villa
A Outra-Banda, especialmente o concelho de Almada, muito ter a lucrar economicamente com o desenvolvimento da viao accelerada (troo do Barreiro a Cacilhas,
troo do Seixal ou Barreiro a Azeito e Cezimbra) e, sobretudo, com a possvel transferencia do Arsenal de Marinha para a margem esquerda do Tejo.
A idea d'este segundo melhoramento que, a realisar-se, ter de ser dispendioso e
demorado, j hoje antiga, data de 1875, poca em que se elaboraram os primeiros
projectos.
Em
1890 a
mesma
officiaes, e
em
iSgS procedeu-se a
256
alis fosse
adoptada
em
uma
reso-
luo definitiva.
Mas
do actual Arsenal, que apenas de 7 hectares, e a necesdireita do Tejo, tanto para o prolongamento da
avenida projectada como para maior desafogo do transito entre o Aterro e o Terreiro
do Pao, fazem prever que num periodo mais ou menos prximo a Outra-Banda e
Lisboa sero effectivamente dotadas com as vantagens d'aquelle grande melhoramento
a rea insufficiente
sidade de
desembaraar
margem
material.
Quando
isso
Almada
ter envelhecido
em
parte, pois
que o aspecto da Oulra-Banda ser outro, muito mais corado e vivo. No queremos,
porem, deixar de prevel-o e de esboar na mente o que vir a ser essa futura installao do Arsenal com os seus molhes, diques, officinas e estaleiros em constante laborao, com os longos pennachos de fumo das suas fornalhas e caldeiras desplumando-se
deante dos olhos dos lisboetas, que hoje, pode dizer-se, apeao vento sobre o Tejo
nas conhecem do Arsenal o porto de ferro. '
margem
esquerda.
XVI
Cezimbra'
As penedias vo tomando
parece saliente
diias
alto,
milhas ao norte
mas achatado no
cume.
Este cabo, a que os antigos deram o nome de Promontrio
Barbarico e tambm o de Fims icrrae, tem pelo lado sul uma cr
avermelhada,
E' sobre elle que se erguem a ermida edificada no local onde a tradio diz ter
apparecido a Imagem da Senhora do Cabo; o famoso templo com suas vastas edificaes e amplssimo terreiro; o pharot 600 metros ao sul daqu^lla ermida; e a estao
semaphorica, situada a este do cabo.
Estamos no limite occidental do concelho de Cezimbra e achamo-nos no extremo
sudoeste da serra da Arrbida, que outra coisa no o Cabo Espichel.
Este concelho, cuja extenso de norte a sul de 16 kilometros e de nascente a
poente i3, confina ao norte com os de Almada e Seixal e ao nascente com o de Setbal.
uma
Tambm
uma terem
foram
um
quem
homens do
foi
sitio
adormeceu no caminho.
ali
se dirigiram,
chegando a mulher
Anno
1817.
258
e depois
As esmolas dos romeiros, a devoo dos crios, os donativos dos reis, e principalmente a fama dos milagres da Senhora do Cabo fizeram que no decurso de trezentos
annos fosse possvel erigir-se o magestoso terrplo actual.
Est elle situado ao fundo de um amplo terreiro, a que o povo chama o arraial.
Tem
duas torres e
sobre a cimalha
trs portas e
em mrmore.
No interior revestem-n'o mrmores
um
nicho
com
imagem da
Se-
nhora,
guarda vento
altar-
Tem
mo o une
ao peito;
com o
com
gura o manto.
ricas alfaias, e um dos seus n anbordado pela rainha D. Maria I.
Em 1428, Diogo Mendes de Vascon-
Possue
tes foi
cellos, proprietrio
dooua
da antiga ermida,
clima. De-
camar
do
sitio
ermida isenta de
direitos parochiaes.
Ha
.Nos,a
Senhor, do
outra
cbo
Ao
sul e norte
no giro dos
cirios,
a da Nazareth.
um s pavimento erguido sobre arcaria, a qual permitte cheoutro lado at igreja a coberto dp sol.
Estas edificaes so de
gar-se de
um
No
sombra os romeiros
escadaria conduz
uma
Os
'
'
Maria
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
259
piscos.
D. Sancho
uma
colnia de francos
posio
pittoresca.
d'esta
As
em
1201.
muito
villa
se dis-
gente da
villa
Capella da Senhora do
chama cabreiros
Cabo Espiclml
mam
pixitos aos da
villa.
Para
arreliar os pixitos
dizem os cabreiros:
Pixito chalreiro
Come
papas de carneiro.
vem
dicularisam, taes
Em
mente
campo e as aldes.
nome de Castello no comprehende apenas a
monte, mas tambm a cerca de muralhas, que protegia
fortaleza,
que
fica
no topo do,
a antiga villa.
Senhora do Cabo
i
Sobre os cirios do Cabo veja-se o opsculo A luj de Portugal, historia de Nossa
mais completa noticia acerca
pelo presbyter Diogo Francisco da Piedade e Costa-Lisboa, 1899. Mas a
Summario de varia historia,
da Senhora e dos cirios do Cabo a que se encontra no i. volume do
pelo dr. Ribeiro Guimares, pag. 194.
*
Vr o
1.
Segundo
com
chamando
'.
timos ora,
em Cezim-
por 3.000
bra,
indiv-
duos.
D'estes, osnaturaes
armaes de pesca, as
quaes attingem o r umero de 21.
commercio
pescarias
3S7-Cabo
em
culado
6oo:ooo.:?ooo ris.
Espichel
foi
de
aqui to
um
movimento annual
cal-
metade, o que
em
grande parte
Os
consumo
So
um
elles
uma
associao de classe,
uma
cooperativa de
monte-pio.
Monte do Carmo.
A politica, sempre muito agitada em Cezimbra, at n'estas solemnidades religiosas
se intrometteu: a das Chagas regeneradora e a do Carmo progressista.
As cerimonias da Semana Santa correm por conta da Irmandade do Sanlissimo,
na parochial de Santiago, incluindo as procisses da Paixo e da Alleluia.
Fique tambm j dito, para no tornarmos a falar na politica cezimbrense, que
funccionam dois grmios ou clubs de recreio: um regenerador (Irapilhas) e outro pro-
um
forte,
ral
que se pode tomar banho a qualquer hora, sem esperar pela mar.
III,
41
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
As barracas, conforme o costume do
gumas de lona.
sul,
2G1
al-
de transporte,
livro
As
uma
lornal-a
accessivel e conhecida.
Tem
Jazem
junto
um
n'elle dois
netos meus,
um
me prendem
Ainda ha na
rito
villa
mais
uma
igreja, a
dolorosas recordaes.
dias, outro,
da Misericrdia; e
uma
capella
glorifi-
do Espi-
Santo.
As
nome
de Amlia
Fradet.
doQuebra-Coscalada da Mi-
tas, e
sericrdia (muito n-
greme).
Os
largos
so:
da
Fonte da Villa,
do Caninho, do Grmio- da Misericrdia,
dos Valentes, da Fortaleza.
da
villa,
O
fica a
At
promulgao do alvar de
comprehendia todo o
va-se at Coina e
alis
limite de Azeito.
262
No
da encosta do Calvrio
alto
foi
epidemia da clera morbus: ainda hoje, por memoria d'este facto, se accende
ali
piedo-
Alem
Nova
ha trs marcos
da Califrnia,
fontenarios.
Da
do Caninho reza
fonte
localidades
que
Dentro da
com um
idntica
a lenda
tradio se encontra
em muitas
outras
uma
quinta, a
'
e barbeiros avultado.
Funccionam na
uma em
masculino;
ris.
mesmo
para este
e,
sexo
villa
hospital da
ventilao e
A
asseio
actual vereao,
municipal,
presidida pelo
sr. dr.
Peixoto,
Conde de
mandou
edificar
uma
abegoari
Ferreira.
Tambm
no
sitio
Do
edifcio
el-rei
D. Carlos.
excessivamente modesto
tambm a administrao
que d nome ao largo, no qual aindi
se conserva o pelourinho.
fint
arrendada.
Um
c a bateria
da forta
no vero.
peixe, que
e
exportam sardinha
uma
ha duas boticas,
em
latas
regeneradora
outra progressista.
A'
falta
narios se
'
Pertence is irms do
dr.
LtSo de
Oliveira,
que
fei clinica
em
Lisboa e
foi
(l
chamam-lhe:
um
dos fundadore
do Sculo.
^
sr.
ila
uma
troupe musical,
um
sol-e-d, e
infantil,
qual
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
263
danando
Uma
quadra colhida
em Cezimbra
saltando as fogueiras.
povo da
viiia
Tambm
acrescenta
sol^ sala
notei que
no
por
diz
um
final s
em
e r:
assim
liquidos.
Mas o que
certo
com uma
primognito do
decimo quarto
filho
'
'
Veja-se a
commovente
i5
da Mem.
hisi.
da excellentissima
A quinta
Tem um
Em
Alamedas, lagos
primeiro duque
ia
um
um
foi
confiada a
Ram-
muitas vezes
publicou
-jfq
um
artigo
'
elogiando
introduzi-
Ao mesmo tempo
um
confessava-se
dizia-se
mas
litao
ria
tura.
o Cezimbra Real
continuar a lavoura aperfeioada, que tanto havia elogiado. Foi uma ruina total.
Conta o visconde de Coruche que essa explorao agrcola durou 9 annos -.
Ora^ sabido que em 1827 j Herculano estava em Azoia, (arredor de Santarm),
hospede de um seu amigo; ^ e que depois ali ficou residindo em casa prpria.
Tendo o 4." vol. da Historia de Portugal sido publicado em i853, e datando d'ahi
o retrahimento litterario do eminente historiador, devemos crer que logo depois comearia a explorao da quinta do Calhariz', cuja responsabilidade financeira Herculano
aguentaria, na sua quota parte, ainda nos 3 primeiros annos que passou em Azoia.
Ha n'esta freguezia do Castello uma nica escola: para o sculo masculino.
Debalde procuraremos alguma caracterisao especial nos trajes e costumes da potara
Os
trajes e as
J assim no acontece,
em
em
baixo, na
da sua classe
Mas
em
e tradicionalistas:
por essa
mesma
classe
tem passado
um
'
Iras,
l.<
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
agitadores polticos.
rior,
Quando
a associao
maritima
foi
265
mandada
fechar por
ordem supe-
ban'leira socialista
Tem uma
lettra
encarnada.
habitaes.
E' aqui que a estrada braceja dois ramaes, o de leste para Azeito, o do oeste para
o Cabo.
Ao meio
dois
dia
chegam
homens.
Uma
hora depois
distribudo
o correio.
Em
Um
d'elles,
slvamente freire
lettras.
o celebre Padie Marcos (Marcos Pinto Soares Vaz Preto), foi succesde Santiago, prior de Alhos Vedros, vigrio geral do Patriarchado,
D. Maria
II,
Seu pae
buscar tantos
No
IV
do exerccio da pesca
no
sei,
por
isso,
iria
e taes appellidos.
era illustrada,
mas
nome celebrado em
lettra
redonda, aquella Carlota Joaquina da Silva que acompanhou Camillo Castello Branco
de Lisboa para a Samardan, quando elle ficou orpho na infncia.
XVII
Setbal
A CIDADE
muito agradvel e rpida a viagem de Lisboa a Setbal.
Os vapores da carreira partem da estao do Terreiro do
Pao e, cortando as aguas do Tejo em direco ao Barreiro, pro-
panorama de Lisboa.
No
Pinhal
Novo entronca na
Novo
de 23 kilometros.
ramal de Setbal. Faz-se porbagagens que se destinam para aquella cidade.
sr.
mandou
ahi
edificar casas
'
2(58
uma
estrada de
productiva
uma
macadam
vitcola,
que tornou
Pinhal
parochial,
privativo dos
habitantes do logar.
No
Uma
familia
Devo
a esta familia
uma
agradecida referencia,
em iSSg
como no
aqui
Na
a deixo exarada.
casa
estivera
>.
de tendncias meditativas,
pritos
Os que
a rida
charneca alemtejana.
bem
differentes,
duas
pai-
zagens diversas mas tocadas ambas de uma suave luz o campo ao norte, o rio ao sul.
A cidade fica no interior e, infelizmente, se exceptuarmos a Praa de Bocage, que
:
um
praia d'igual
nome,
est separado
do
rio pela
volume
'
Vide
I."
Tem
o titulo de
D. Curis, e
foi inaugura-la a
i!>
de setembro de 1889.
no
livro
ViJa mundana de
um frade
virtuoso
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
269
No ha bella sem seno. Mas o que certo que eu sou um antigo affeioado de
como por muitas vezes lhe tenho demonstrado na minha vida de escriptor.
Setbal,
Em
N'uma
administrao do municipio de
camar municipal.
quirido para aquella monographia vrios documentos e noticias desde largos annos re-
com
colhidos,
sr.
Manuel Maria
um
escriptor to
Portella.
Quasi mez e meio estive em Setbal trabalhando longas horas, todos os dias
na bibliotheca da camar, para dispor aquelles documentos nos seus respectivos
teis,
chama
hoje se
Ainda
a estilao.
trabalho
trouxe
para Lisboa.
Memo-
sobre a publicao da
O sr.
ria.
meu
Portella sempre
foi
amigo, e eu sempre
fui
amigo do
sr.
Nunca
Portella.
tive
nem
guar,
elle a
mim.
Inesperadamente encontrei
n'uma publicao
peridi-
nem
podia ser do
repito,
saber que se dizia ter sido sua, tambm, a elaborao da obra toda.
Como
me deixasse mal collocado, postoque fosse inexacto, e at inveroque devia dirigir-me ao sr. Portella, o qual immediatamente, em carta de
7 de setembro de igob (que conservo em rneu poder) me respondeu com aquella inte.
gridade que sempre lustrou o seu nobre caracter:
Em resposta carta de V,
datada de 5 do corrente mez, tenho a dizer que
certo comprehender a Memoria sobre a historia e administrao do municipio de Sesimil,
este facto
achei
tbal
Por essa mesma poca, poucos dias depois, falleceu em Hespanha o escriptor Jos
Maria Pereda, que nascera na provncia de Santander, e com o qual o sr. Portella pode
comparar-se na profunda afleio terra natal, porque no houve ainda setubalense
que mais quizesse ao seu bero do que o sr. Portella, nem outro hespanhol que mais
se occupasse da sua provncia do que Pereda.
camar municipal de Setbal deu a uma das artrias, que ligam a estao do
caminho de ferro com a cidade, o nome de Avenida Portella: a rua onde este benemrito setubalense residiu e falleceu.
Falta que algum escriptor da
mesma
Quanto
recido
com
monographia de que
Ha
talei,
nenhuma
tinha appa-
nem
'
alis
a respeito de Azeito.
mesmos
cliorgraphos.
que os phenicios, nas suas excurses Lusitnia, explorariam a riqueza pisccola das aguas do Sado, e se fundiriam com o primitivo elemento
como aconteceu em outros logares
celtibero
na povoao que beira do Sado tinha o nome de Celobrigs, palavra cujo sufiBxo brig ou briga (cidade) accusa origem
cltica.
De Cetobriga teriam
uma
popular,
Tria, por abreviatura rude; outra, por corrupo do tempo, Setobala, de Selobala
re-
Quanto
a ficar Cetobriga na
entendamos no
i."
capitulo da
margem
exclusiva responsabilidade.
que
certo
que hoje o
esquerda, e Setbal, na
margem
rio
na
margem
direita.
Do tempo da invaso romana, posterior dos phenicios, muitos vestgios teem sido encontrados em differentes pocas nas areias de Tria, parecendo que se trata de
uma cidade soterrada. Aos mais antigos se referem Andr de Rezende e o padre Vicente Salgado. A partir de 1849 at 1876 ou 1877 fizeram-se, por vezes, excavaes
com
excellente resultado.
'
Durante a impresso da Memoria eu, que revia as provas, estava em Portalegre exercendo um
cargo administrativo: d'aqui resultaram algumas incorreces typographicas, por desleixo dos compositores na execuo das emendas.
Citarei, como lembrana bibliographica: Noies do ascetj, opsculo romntico; Portugal de cabtt-
Vida mundana de um frade virtuoso. Conferencia pedaggica (Setbal, 1876); As netat do Paire
Um conflicto nt corte, romances: O vinho, narrativa popular, etc.
leira,
Eterno,
>
Herc.
tiisl.
de Port., introd.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
historia
271
moderna de Setbal tem o seu inicio no primeiro reinado da nossa modocumento o foral que D. Affonso Henriques doou a esta
povoao
em
149.
'
em 27 de junho de i5i4, e n'elle se lem esfazemos saber que.. vista a doao feita a a dita ordem
(de Santiago) por El-rey dom Sancho da villa de palmella em cujo termo a dita villa
D. Manuel concedeu-lhe foral novo
barra de Setbal,
separadas.
As camaratas
so amplas,
sanatrio do
sul,
bem como
Outo no
sobre o mar.
os refeitrios, trs dos quaes j concludos.
para tuberculosos,
mas
As creanas
esto
ali
comprehende 4
freguezias, a saber
S. Julio
4904
habitantes
2-335
S. Sebastio
6.620
7.960
explica-se
pelo
facto
de Troino
antigos).
A appario de uma imagem de Nossa Senhora, na praia d'este bairro, pelo meado do sculo xu, deu origem instituio de uma confraria, de uma igreja e de um
hospital d'aquella
mesma
invocao.
igreja
'
titulo
i.'
111
em
26 de setembro do iSzS.
272
Senhora da
em
propriedade particular, no
lar-
go da Fonte Nova.
A igreja de Nossa Senhora dos Anjos de Branca
Annes ou Brancannes,
kilometros da cidade,
zida
em
a dois
foi
ben-
do
392 Setbal Praia de banhos
e castello
missionrio.
de S. Filippe
Possuo um exemplar da
obra Clara, et brevis notiiia seminarii Domina; Nostrtv Angelorum vulgo de Brancannes in villa Setobrica; in lucem edita a P. F. Emmanuele ab Undecim Mille Virgtnibiis, guardiano ejusdem Seminarii, ac Missimario Apostlico.
Este livro foi impresso em Lisboa, 1746, na officina de Ignacio Rodrigues.
Tambm possuo um exemplar da Exortaam a hum amigo, em que se contempla o
reformado Convento de Brancanes, dedicado a nossa Senhora dos Anjos, por Pedro Pacheco de Leandres, natural de Setbal.
E'
1730,
um poemasinho
apologtico,
em
tercetos decasyllabos,
impresso no anno de
Lisboa.
N'elle
se descreve
com
de Brancannes,
Convento
mas tambm
rico,
no
instituto pobre,
No verde adorno,
sitio
ameno
tlorescente agrado.
Pereira.
* O Panorama de
i<53 (tomo X) d uma gravura do antigo seminrio e diz no respectivo artigo
que na igreja havia um quadro da Annunciao de Nossa Senhora, oi-j de Rjphael. Este quadro est
na Academia de Bellas Artes, cujo catalogo no lhe faz nenhuma referencia honrosa, nem menciona o
nome do auctor, que no foi certamente Raphael.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
27J
A
trio;
antigualhas, que
Uma
d'ellas,
'
II ali
Quatro cabeas de pedra e a inscripo Si Devs pro nobis qvis ctra nos (Si Deus pro
?) do ainda alento, na parede de um prdio, a esta tradio, que
no tem melhor fundamento do que uma insistente crena popular, aprov'"itada por
Alexandre Herculano no romance Mestre Gil. Se me fosse permittido fazer aqui um parenthesis, saltando d'esta freguezia para a
nobis, quis contra nos
Que em
Vide Panorama.
VOL
II
com
a gravu-
35
274
de S. Julio por um momento, diria que junto Praa de Bocage, e com a frente para
rio, est, postoque transformada, o prdio, que foi de Nuno da Cunha, vulgarmente
Pao do Duque, onde, na noite de sabbado 22 de agosto de 1484, D. Joo II apunha-
duque de Vizeu.
lou o
Escoveiro,
Duque de
ali
estava o Hotel
Prncipe Perfeito ou o do
Vizeu.
falamos,
bem como
Tambm
se
Rasca, a quinta e
acham comprehsndidos na
residncia da Commenda,
Alde Grande, e
o sanguinolento combate que
no dii
mesma
parte suburbana da
a
'
freguezia a
com
o gazometro inaugurado
em
as suas pranchas e
wagons de ma-
de Troino, mandado fazer pela camar de 1870; a doca onde se abrigam os barcos das
marinhas e os de pesca; e, j onde a praia se chama do Livramento, o excellente mercado publico, que data de 1876.
Digamos adeus
freguezia da
Annunciada
re-
gueiras nas ruas do interior no acariciam o olfacto e onde as portas das habitaes
nida Todi.
Depois, do mesmo lado, entre duas ruas estreitas, destaca-se a igreja parochial, que
parece ter estado outrora ligada por um passadio 4 celebre casa de Nuno da Cunha
ou Pao do Duque, e que notvel pelo primor da sua escuiptura na parte voltada para
varanda nobre dos paos do concelho tambm facea a Praa pelo oriente.
ella ficam, nos baixos do edificio, o terreiro do trigo e a cadea.
Em todo o edificio, muito acrescentado modernamente (1873) para o lado da rua
Sob
te,
la
' Esta quinta foi adquirida p.-lo conde Armand quando ministro de Frana em Lisboa. Ultimameno tilho d'aquelle diplomata fez substituir a an<i);a casa abarracada por um apparatoso chateou.
Sapil, significa paul, terra aidgidia. Assim devia ter sido antigamente este
'
e ^ilva
com
esta rubrica
sitio.
no dia
em que
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
275
Das paredes da
pendem
sala
de Bocage.
Ha
um
camar
que
espaosa e clara.
que
na Praa
abastecido por
Contigua a
a
chafariz,
um
elle fica a
contigua ermida
rao de pedra.
Depois a Praa az
um
recanto, sobre
com
um
o do
d'elles
vis-
com
publirein-
do Duque.
de Bocage, que
foi
estatua
tnio e Jos.
dia 21 de
dezem-
.i,|
btiubal-Hstaiua de Bocage
bro do
Uma
do poeta,
columna
feita
Bocage,
com
nha na mo
de mrmore branco.
a cabea descoberta e levemente inclinada,' vestido sua poca,
empu-
uma penna
que era de
e o edifcio
do an-
religiosas claristas.
Veja- se o opsculo (lartjs do Ex."' Sr. Antnio Feliciano de Castilho e da Camar Municipal
de Setbal a respeito do monumento a Bocage. Setbal ,Typ. de Jos Augusto Rocha. 187, '^ P^g'-
2-6
sua fundadora
foi
ama do duque de
D. Manuel.
architecto Boutaca,
oriundo de
Itlia,
de trs naves,
com
coluranas torcidas, e
mo que
haja
certo, os attribua a
Gran-Vasco.
O roda-p interior
de bons azu-
lejos.
prtico
tem apreciveis
lavo-
em mrmore
da Arrbida, aiiida
que damnificados pela aco do tem-
res
po.
'
em
edifcio
annexo
do seu nom'..
Este hospital tem trs enfermarias para o sexo masculino, outras
trs para o feminino, duas de isolamento, quartos particulares, casa de
igreja
para convalescentes,
etc.
,y;.-..ju>:,
ivu,,,,,
^ji.u.,, uu ..J..SC
Santiago.
que
Na Torre do Tombo
um
existe
..
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
funccionou durante annos o theatro Bocage,
N'esta rua
uma
em
1876 que eu de
quem me
um
em
O pranto ao p do gelo
grande solido de duas solides.
!
E no
Ura misero,
Tinha na face
Eu
a luz dos
como um
ilota,
um
pria,
um
professor
Que vens
gostava de o vr
pen-
perdo Eu j ia esquecendo
aqui honrar o velho que morreu.
Tu, que s dos pobres me, que os braos estendendo
Achas a um lado o asylo, a outro lado o lyceu
O' Setbal
um
um
meu
adoral-o, e perdel-o
uma lembrana
Velhice e viuvez
E em
um
tina
A voz
277
Tu
patriarcha antigo
o,
Eu te agradeo, emfim. Eu
A mo habituada a recatar
te beijo
saudoso
a esmola.
'
Uma
professores.
3
te
A Iluso
e Barros.
278
mas
condiz cono os
um
dos melhores
em
theatros de provncia.
A
amplo
cerca
e
foi
N'elle
foi
em
dormem o
ultimo
somno
dois poetas:
um, setubalense, o
sr.
Portella; outro,
Joo de Aboim.
Ficam comprehendidos n'esta
freguezia o extincto convento da Boa
Hora (vulgarmente Grillos) em parte
do qual funccona o tribunal da co-
lisboeta,
freiras de S.
foi
nome
d'este
se intitula de
e agora, ajardinada,
Quebedo;
a praia das
infantaria
11;
na rua de S. Domingos,
onde nasceu Bocage em i5 de setemcasa,
bro de 1765.
Em
Portella,
desta casa
do
sr.
foi
uma
lapide
commemora
tiva.
Tambm
esto comprehendidos
do
lapide)
sr.
Na
daria
aberta no dia
'
mesnoa freguezia.
industrial
com o
titulo
de maro de i885
em
ambos os sexos um de
uma
escola
Todo o
uma
diga-se
desde
est
um
bem
lafi-
d'estes o de S. Jos.
in-
struco primaria.
Demos,
Mas devemos
da cidade de Setbal.
ainda acrescentar que esta terra floresce hoje grandemente pelo seu
commercio e industria.
Quanto a commercio, o mais importante
'
para
1907.
o do
sal.
installaiio
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
279
As marinhas do Sado occupam uma rea de quarenta kilometros, comeando a pequena distancia da cidade de Setbal e terminando nas proximidades da villa de Alccer.
Todas as naes da Europa, e algumas da America, importam este sal portuguez
mas as principaes importadoras so a Noruega e a Sucia, que por via de regra teem
agentes do seu paiz
em
Setbal.
afamada tanto
em
Por-
tel
O commercio de vinhos recommenda-se principalmente pela especialidade Moscade Setbal comquanto o melhor moscatel seja o produzido em Azeito.
Este vinho doce provm da casta de uvas do seu nome, mormente da moscatel
branca
moscatel de Jesus.
Na
a creao de gados.
industria da pesca, antiqussima n'esta regio, tem modernamente tomado grande desenvolvimento pela fundao de muitas fabricas de conserva de peixe, especial-
mente sardinha.
numero
Os
Para os resolver,
ali
um
e a
operrios as
grws teem
anno de 1907
2*5.
sido frequentes.
tribunal de arbitros-avindores.
Outras fabricas ha na cidade de Setbal ou no seu aro, taes como: de telha e tijode preparo de cortia, 4; de loua de barro, i; de moagem, r, de gazozas, 1; de
chapos, 1; de cal, 2; de ferro para fabricar, i; de guano, 1, e dois lagares de azeite.
Se alguma vez o leitor fr a Setbal, recommendo-lhe que no deixe de provar os
lo, 8;
A
A
cidade sede de
um
concelho de
2."
ordem,
e de
uma comarca
de
i.*
industrial.
Ao
em
natural, o
bem
organisado,
um
domingo
Avenida ouvir a banda regimental. A sua vida de relao limita-se a visitas de cerimonia. Ha annos a famlia Pombo
recebia aos domingos noite, primorosamente, como j disse. Mas era a nica famlia que
dava recepes.
De vez em quando, raras vezes, ha soires no Grmio Setubalense ; e agora, aberto
o Theatro D. Amlia, vo ali exploral-o, em duas ou trs rcitas, algumas companhias
para
ir
Bomfim ou
de Lisboa.
As senhoras de
nuinamente portuguezes.
oilettes
o figurino da capital.
28o
racter agrcola
a de Alcntara
Como
as
em
feira
Lisboa.
fontes publicas no
em
em geral muito
com grande pompa, e
povo de Setbal
No sabbado
religioso.
realisam-se na cidade
a procisso
Ha
seu
Cam-
de Troino.
tic
especialidade
em
doces: so os de fructa.
r,
tornandoo
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
281
Em
semanrio
rate,
critico e
no
politico.
Gaveta
teraria e
lit-
Comeou em junho
noticiosa.
Aspiraes, folha
de
iitteraria.
Novembro
Grinalda
De setembro
Correio do
Novembro de 1877
Lu'{
reiro
de
1881.
em
feve-
de Setbal. Comeou
188 1. Impressa
julho de 1884.
litterario e noticioso.
de 18S6. Impresso
em
Estreia,
De
em
quinzenal
setembro
Lisboa.
O Dis-
e noticioso.
3 de outubro de 1886.
litica, Iitteraria
3 de
abril a
bisemanario politico
Comeou em
Lisboa.
Fundada em
Revista de Setbal.
tricto,
e Iitteraria.
dezembro de
e noticiosa.
tembro de 1889.
.1 Opinio. Comeou em junho de 1889.
Actualmente (maio de 1907) publicam-se os seguintes peridicos:
O Districto, a que acima nos referimos, que sai aos domigos e
vai
no 22." anno
da sua publicao.
O
O
'
Ultimamente comeou
publicar-se
um
peridico.
sr. I.uiz
II
36
282
illustres,
que deram
Bocage morreu a
Damos em
2i de
dezembro de i8o5.
seguida o extracto do
programma
official
das
Dm
jg.
Conferencias
do
anno.
5."
Fundao d'uma
como
festa
festa
da
Fundao do Instituto Bocage^ destinado a prestar auxilio aos trabalhadores physicamente impossibilitados de angariar meios de subsistncia e residentes em Setbal ha
mais de 3 annos.
A's 8 horas da noite, no theatro D. Amlia, conferencia litteraria pelo sr. dr.
Theophilo Braga.
7 horas
festival.
A's 1 1 horas da manh, cortejo civico que se encaminhar para a casa onde nasceu Bocage, vindo depois de dar volta cidade, estacionar em torno do monumento.
Neste cortejo tomaro parte todas as collectividades que acceitarem o convite da com
com
misso,
ctoridades e mais
bem como
au
espontaneamente queiram
monumen-
Bocage.
Pelas 3 horas da tarde, na sala nobre dos paos do concelho, ter logar
so solemne, para a qual esto convidados os poderes do Estado, corporaes
homens de
uma
ses-
scientifi-
lettras, etc.
Em
triotica
por tradio pa
de Bocage.
talento potico
cm ambos
os sexc-.
Tem
em
reunidos
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
283
vulto,
logar a Vasco
se
sabe,
dmos o segundo
auctor do
seiscentista,
em
Direito e exerceu a
advocacia.
reconhecer-lhe mrito
mas no
se
pode deixar de
litterario.
veio ao mundo n'um sculo de mau gosto, e participa dos dedo seu sculo, no lanto na linguagem como na archictectura allegorica de um
poema que devia contentar-se com ser histrico.
Thomaz Antnio dos Santos e Silva (1751-1816) nasceu e creou-se em casa de seu
padrinho o desembargador Thomaz da
Comtudo, Quebedo
feitos
;^
;^
"'^*T;:i
i5
Hoje
ser salvo.
que
alis
pde
propriedade de Angelo
em
Lisboa,
foi infeiicissimo.
Nas-
muito d-
rana de formar-se
em
medicina na Uni-
amargurou
mulher amada.
Em 1798, como elle diz no poema Bra{iliada, entrou totalmente cego no hospital de S. Jos, e ali permaneceu at ao
versidade.
tambm
dia
em
Outra morte
que expirou.
lamidades da vida
para
lhe
a existncia: a da
um
elle
da indigncia
foi
na desgraa.
allivio
Modestamente, Santos
9 Casa onde
Silva ac-
nasceu Santos
e Silva
a Arte
Mas
estes
redundo, quebro os
intuio revolucionaria,
uma
es-
prescincia
litteraria-
mente pelo empenho de, para caracterisar os seus objectos, prezar mais as cousas
do que as palavras, foi Young, seu auctor predilecto, como elle ferido na alma pela
saudade da mulher querida.
Do poema
Silva se
elegaco Sepultura de
chamava
Isabel,
Mas ignorase
Uma
bem-amada de Santos
anagramma.
Estro potico de
ella residia
'
2S4
casa de Lsbia ficaria sob o antigo passadio que communicava o Pao do Du-
com
que
aquella igreja.
Ha
um
assumpto de romance
em
instituda
por
172
nem
falar,
falta
os poetas,
nem
da Acade-
1.
prologo de
poesias
compoz
depois,
publicou avulsas.
foi
redactor principal
d'
Setubalense, publicou
ficaram inditos.
Joaquim Pedro da Assumpo Rasteiro: publicou duas interessantssimas monographias sobre a Quinta e palcio da Bacalhoa
em
Aicito:
uma contendo
a parte his-
azulejos. Collaborou
em
um
d'elles
o Archeologo portugus.
bm
em
artsticos e scientificos.
No drama
Rosa
como no
extrangeiro.
foi
como
em
Portugal
Na musica
sacra,
'
J.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
285
D. Manuel desejou dar ao seu aio Diogo da Silva de Menezes, conde de Por-
El-rei
Os
seu
rei,
pensou
Irritou-se o rei, e
em
villa
um
fidalgo;
mas ao
punir os setuhalenses.
No
se
amedrontaram
elles, e
insistiram.
alcai-
no a villa.
Por morte do cardeal-rei, os setuhalenses receheram hostilmente os governadores
do reino que para ali tinliam ido de Almeirim, e tomaram partido por D. Antnio, o
qual triumphalmente entrou em Setuhal no dia 28 de junho de 158o.
Filippe II de Castella no se atreveu a castigar directamente a opposio que a sua
causa ali encontrou, antes n'uma carta escripta em Badajoz a i3 de agosto d'aquelle
anno, e enviada aos vereadores, procuradores e povo de Setuhal, fingiu acreditar que os
setuhalenses no tinham procedido por seu livre alvedrio, mas obrigados por violncia.
daria e
mandou
o,
No tempo da
Carlos
incluir
II
Gusmo, quando
se tratou de impingir a
no dote a
monarca
Mas
nome do usurpador.
regncia de D. Luiza de
villa
de Setbal.
ento pegou
em Tanger
Bombaim que
lhe
de prompta liquidao.
Em
villa:
o cortio
No
seria
Pombal
dissera d'aquella
O CONCELHO
Palmella
O
do
concelho de Setuhal,
districto administrativo
de Lisboa,
Palmella
total
completa-se
com mais
11.481
Villa
villa
habitantes
1.293
2.658
de cinco kilometros.
de accrdo
quem fundou
villa?
fosse
e viria d'ahi
com
certeza.
Um
vol.
outro
se
hislorica,
I.
murado do castello que veio a edifi:ar-se o convento mesda ordem militar de Santiago da Espada, quando os cavalleiros portuguezes da
mesma ordem puderam libertar-se da sujeio ao mestrado de Castella e viver autonoFoi dentro do recinto
tra!
micamente.
O convento concluiuse
bea da sua ordem
Teve
esta
em
Jorge de Lencastre,
Uma
em
foi ca-
Portugal,
filho
bastardo de
Joo
como
ultimo, D.
II.
D. Jorge de Lencastre havia reformado os estatutos da ordem, que foram imprespor Herman de Hempis, allemo, no anno de ibog.
sos em Setbal como j dissemos
que resta do convento de Santiago so as paredes, um enorme relgio, e as
ruinas
em puro
estilo gothico,
com
Da
de
um
visitei
interessante livrinho do
Henrique Freire,
noticia
fui ali
intilulado Prophecta,
no qual achei
Verifiquei que,
so-
bre dois lees, na qual outrora haviam sido depositados os restos mortaes do bastardo
de D. Joo II.
Na parede do desvo resalta o brazo do infante coitado pela faxa indicativa de
bastardia.
tampa da urna
fora deslocada, de
modo que
qualquer
mo
profana podia
re-
Tambm
desrespeito
e
no de
E'
um
uma
com uma
um
fidalgo
plebeu.
de D.
A EXTREMADUKA PORTUGUEZA
287
Os amores de D. Joo 11 com esta dama no foram por algum tempo conhecidos
da rainha D. Leonor, e assim, para escusar desgostos caseiros, como diz Frei Luiz
de Sousa, o rei deu o bastardo a crear infanta D. Joanna, a Santa, no mosteiro de
Jesus
em
Aveiro.
Por morte
d'esta, D. Joo II confessou rainha a existncia do bastardo, e a rainha consentiu que elle viesse para vora.
Depois que o prncipe herdeiro, D. Affonso, falleceu de desastre em Santarm, a
vida conjugal do rei e da rainha comeou a turvar-se, porque D. Joo II queria endossar a successo ao bastardo e D. Leonor a desejava para seu irmo D. Manuel.
Por fim, venceu a rainha.
Talvez como indemnisao, el-rei D. Manuel deu a D. Jorge de Lencastre o titulo
de duque de Coimbra, o senhorio de Montemor-o-Velho e casou-o com D Beatriz de
Vilhena, sobrinha do duque de Bragana D. Fernando, porquanto o rei obtivera do Pa-
Herdando de seu pai a predileco por Setbal, D. Jorge fundou-na ento villa d'anome o convento de S. Jjo Baptista, para freiras dominicas, onde sua mulher
quelle
fora enterrada.
Depois de viuvo,
apaixonou-se por
septuagenrio,
e j
uma
gentil donzellinha
Lima,
e aia
Os
da rainha D. Catharina.
filhos
tambm romanescamente
tornou
da
Fernando de
celebre
que
oppuzeram-se
uma tempestade
amor
com D.
de
ao casamento do pai
Maria Manuel.
Por sua parte, interveio a rainha no mesmo sentido. Mas o duque de Coimbra estava loucamente apaixonado, e insistia no casamento.
Acudiu de reforo o rei, e D. Jorge pareceu submetter-se-lhe, mas, logo que sahiu
do pao, publicou que tinha desposado a fidalguinha por palavras de presente, com
dispensao do nncio.
feito,
faria.
rei,
e por
um
mas protestou
corte.
um
desembargador, sendo certo que anteriormente, quando fora desem que seu filho primognito estivera envolvido, o mesmo rei o mandara intimar pelo escrivo da puridade Antnio Carneiro.
Desculpou-se D. Joo III, dizendo que tinha em subido apreo o desembargador
Gaspar de Carvalho; mas insistiu na prohibio do casamento.
De Roma vieram impedimentos cannicos, e D. Jorge falleceu sem juntar-se a D.
-Maria Manuel, se que a tinha recebido por palavras de presente e com dispensao do
sido intimado por
nncio.
Parece que no, porque no testamento, D. Jorge contempla com dois legados a bemdonzellinha, no caso de conservar-se solteira, e diz que faz aquelles legados jLH'/a
obrigao que lhe tenho em lhe prometter de casar com ella se o santo Padre dispensar.
N'este testamento, datado de 20 de julho de i55o, ordenava D. Jorge que no convento de Palmella se erigisse uma capella privativa para sua sepultura; e emquanto a
capella no estivesse concluda, dispunha que o depositassem na capella-mr, parte
amada
direita,
A
se ao
dentro de
uma tumba.
abandono no logar
assignalados.
288
ria,
O
A
igreja parochial
de Santa Ma-
cidadella conserva ainda, com os damnos prprios do tempo, a torre de menagem, guarnecida de ameias e setteiras, e sustentada por slidos baluartes, tendo sido
provavelmente todas estas construces restauradas em diversas pocas.
% -%
N'um dos subterrneos esteve encarcerado, por conspirar contra D. Joo II, o bispo de vora D. Garcia de Menezes, o qual ali falleceu de peonha que lhe propinaram ou
que elle prprio quiz ingerir para assim pr termo a seu horroroso captiveiro.
Gosa-se da torre de menagem um vasto
Tejo como para o lado do Oceano.
Pela altura em que est, avista-se, mais ou menos nitidamente, de muitos pontos
de Lisboa, o vulto do castello de Palmella; no s da parte alta, como da baixa da cidade o Terreiro do Pao talvez um dos logares donde elle se v melhor.
A villa, que vem colleando pelo monte do castello, pequena, confrangida em ruas
:
estreitas c tortuosas.
Tem
'
Santa Casa da
Fundada era
Misericrdia
iSig. Receita
annual
com
S()o/ooo
reis.
hospital,
'
cinco ermidas,
escolas
para
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
ambos
os
sexos,
duas
Palmellense
philarmonicas,
280
Humanitria,
alem de
um
sol-e-d.
seu pelourinho,
sito
na praa,
foi
No
dia 8 de
dezembro
faz-se
em
Palmella
uma
tempo de
D. Joo IV.
D'antes, havia mercado semanal, mas como tivesse cabido em desuso, os habitando Pinhal Novo pediram que fosse restabelecido n'este logar, e assim se fez.
A villa de Palmella foi cabea de concelho at i855, anno em que passou para o de
Setbal; ao qual tambm passou a freguezia de Marateca ', que tem por orago S. Pe-
tes
a Setbal,
como o
No commum,
saloio o faz
em
o palmello
vai
vender
Lisboa.
moreno, ossudo
e rijo; a
Raa de montanha, o typo de ambos os sexos tem-se conservado atravs do tempo sem cruzamentos que o alterem.
A estrada que liga Setbal a Palmella boa, e pittoresca em alguns trechos, sobretudo no lindo valle em que est lanada a ponte da Azenha. ^
Tambm Palmella servida por uma estao do ramal de Setbal, a qual fica a
meia lgua da villa.
No territrio do extincto concelho havia dois conventos de frades: o de Alferrara,
(arrabidos) e outro, de paulistas, fundado por aquelle Mendo Gomes de Seabra, que
principiara sua vida religiosa, como solitrio, no oratrio da margem do Sado, a que j
me referi mais longe.
O notvel estadista D. Pedro de Sousa Holstein foi honorificado em 1812 com o
titulo de conde de Palmella, e em iSzS promovido a marquez do mesmo titulo.
O imperador agraciou-o em i833, no Porto, com o titulo de duque do Fayal, mas
o agraciado representou dizendo que por Palmella era conhecido no servio do esassim entre os portuguezes,
tado,
substituiu
mesmo
titulo
do
Fayal
pelo
de
i^alraella
(decreto
de
i3
de junho do
anno).
Por morte do
2."
serveis.
Refiro-rae
bronne
cm Waterloo
Cam-
villa de Palmella.
mesma
occasio:
La garde
tambm
meurl
et
se attri-
ne se rend
pas
Hoje
no
'
Esta povoao fica a leste de Palmella, sobre
tempo dos romanos com o nome de Malececa.
2 Vide Panorama, IV, pag. i7('>.
,
voi.
II
a ribeira
j;i
exis^tia
3?
no
'
290
lance militar;
mortel, a que
me
No
No
quero
proferiu
uma
le
mot im-
referir.
calo extremenho
palavra de
Cambronne.
no Alemtejo abaixo
de vora.
Estas variantes de calo marcam bem a distancia que separa aquellas regies.
Dmos um exemplo. Antnio Feliciano de Castilho, n'uma hora de bom humor
mim
(146).
Mas, lendo o gracioso livrinho, uma coisa se podia aventar desde logo, ainda quando se no puzesse a mo sobre Castilho: que o auctor era natural do sul do paiz e no
do norte.
A Clironica certa diz a respeito da Maria da Fonte: amandava-me a Palmella
mais me.>
Isso que no mandava. A baixo de Braga, sim; a Palmella, nunca. Maria da Fonte era
minhota;
e Castilho
nasceu
povo,
e,
portanto,
tambm
em
Lisboa.
campo de
foi
a sua linguagem.
Assim, os primeiros foraes reconheceram a necessidade de estabelecer comminain ore, bloida in ore, lixo na bocca.
Havendo attingido, no decurso dos sculos, maior grau de civilisao,
o povo^
para exprimir intenes injuriosas ou indecentes, recorreu a rodeios ou circumloquios
como na locuo ir a Palmella.
es contra o stercus
freguezia d'este
nome
com
Azeito.
^zeitLo
Todos
Azeito.
ns, os portuguezes,
E'
Arre burrinho
Arre burro
PVa
Que
j^
^ ""^ Azeito,
Carregado de po e v.nho
Com outros que j l vo
Carregados de feijo
Azeito,
os meninos
1^ ygj,
um
artigo
morrem sem
que
c real-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
mente uma
zgi
Alem da
dade de ser uma espcie de archipelago de aldes, disseminadas por forma que se dividem em dois grupos, havendo em cada um d'elles uma povoao principal que parece
ser a capital das outras do seu grupo.
A estrada que de Setbal conduz a Azeito, comquanto em aclive porque Azei-
to fica sobre
uma
collina
que
401
te
se
prolonga
com
alegre e
sidades,
ros e Camarate.
Parece
la
'
ter sido
uma
quinta, villa
no sentido
italiano,
actual Vil-
Fresca.
Em
1875 passei alguns deliciosos dias da minha vida em Camarate, n'uma quinta. Tinha defronte
todo o panorama de Lisboa: noite a illumino da cidade offerecia, de longe, um bello espectculo. Foi ahi que tomei relaes com o illustradissimo professor Antnio Maria de Oliveira Parreira,
e foi ahi que elle me instigou a escrever o romance Um conflicto na corte. Datei de Camarate um dos
artigos que constituem o livro Portugal de cabelleira.
'
de
mim
aga
No
tardo, que se
mas
legitimou
um
bas-
No sem contestao de
Um
Telles Barreto.
cendncia
e o quarto,
habilitou-se ao
os tribunaes conferiram-lh'o.
Este Jeronymo Telles morreu na ndia e no deixou successores, motivo por que o
morgado passou a sua irm D. Maria de Mendona e Albuquerque, casada com D. Jeronymo Manuel, de alcunha o Bacalhau.
Uma filha de D. Maria de Albuquerque e do Bacalhau foi D. Antnia de Mendona, a qual casou e teve filhos, entre elles D. Maria Jos de Mendona.
Esta senhora casou com Pedro Guedes Henriques, e a ella veio a pertencer o mor-
Sousa, casou
com
netos,
um
2.*
viscondessa de Mesquitella.
Estas noticias genealgicas, que alis no abrangem todos os 19 successores no vinculo de Azeito, eram precisas para explicar no s como elle veio transitando dos Al-
buquerques para os Mesquitellas, mas tambm a razo por que essa magnifica propriedade de Villa Frexe, Freixe, Freche ou Freiche (evidentemente designaes de origem
franceza) e Villa Fresca passou, no curso dos tempos, pelos seguintes onomsticos:
a) Quinta de Azeito em Ribatejo (simples indicao da sua situao geographica).
b) Quinta de S. Simo (por ter prxima uma ermida d'este santo).
cj Quinta da Condestablessa (durante a administrao da viuva do condestavel
D. AfFonso).
e)
Um homem
'
graphia
a sua terra, e
',
Na excellente monographia Quinta e palcio da Bacalha em A Ceilo; Listoe, i8i5. Esta nr.oncfoi completada por outra, trs annos depois, que contm spcctmens dos beilos azulejos e meda-
As investigaes de Rasteiro contrariam em parte as que o sr. visconde de Sanches de Bana reResumo histrico e genealgico da familia do grande Affonso de Albuquerque {>SSi).
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
29J
evocada pela referencia ao filho na legenda latina do friso do porto rasgado entrada do pateo nobre.
Uma das feies mais pomposas da Bacalha so os bellos azulejos e medalhes
esmaltados, tanto do palcio como da quinta.
bergaria
que
de entrar na quinta
a procisso
da Resurreio,
da parochial de Villa
sai
Fresca.
morte do
duque de Albuquerque * estiveram por algum tempo na posse
dos seus herdeiros, foram adcalha, que depois da
preo de
na
ris,
i4:ooo.If'00o
tras
402
Azulejo na parede
se no palcio
Ha
de Menezes, Sabugosas),
igreja matriz,
el-rei
Uma
d'ellas, a
do Csar (Csares
foi
filho
como
se v
do seu testamento
de trs naves, sendo as lateraes separadas da central por cinco arcos assentes
em
co-
lumnas dricas. As paredes esto de alto a baixo revestidas de azulejo tricolor e liso.
Possue o templo trs apreciveis imagens de barro, em grande vulto: S. Simo, S. Joo
e Nossa Senhora da Sade
esta ultima, muito popular, pertenceu ao fundador.
O exterior da igreja singelo. Das duas torres que tinha antes do terremoto de
1755, apenas uma fora reconstruda.
J antes do terremoto,
Devemos
ter
em
adquirido
a convico,
uma
uma
restaurao.
se confirmar
em
foi
rios e palafreneiros,
eloquentes
As
'
3.
de famlias
animaram ruidosamente
de Aveiro.
egua-
mas ainda
librs
vistosas
visconile e
Albuquerque.
e liteiras
No-
a Cintra aristocrtica de
Villa
i."
el-rei D.
Luiz
com
o titulo de duque de
2<>t
S.
Domingos,
Azeito
nome
grosseiro e plebeu.
a;-
^eitiin, olival.
Pois o nome no prejudicou os altos destinos d'esta boa terra de Azeito, que at
chegou a ser regalo de princezas e prncipes.
Nem sequer lhe faltou o lustre de sangue real, num tempo em que a monarchia
era.
divina.
sim,
qua-
drpedes.
Um
illustre
alludiu,
n'um
in-
um
transporte tradicional,
e,
diga-se mais
uma
plangente.
Os
frades de S.
uma
Domingos fundaram em
Villa
Nogueira
um bom
convento, sob a
ali
o gasalhado de
Mas
res,
uma
edifcio
edifcio
ia
com uma
cella,
como vamos
ver.
Os
ser vizinhos
Frei
com apparente
sr.
ingenuidade,
c outras
mas
vai dizendc
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Ora
a casa
Era,
em
295
verdade,
um
com
ficar
sendo
um
os melhores de Hespanha.
com
differentes corpos,
nhas,
com
foi
sua mulher,
edifcio,
preso
em
filho e criados.
sr.
funccionou ha annos
uma
uma
par-
O marquez
Villa
Nogueira
padres.
Ha em Villa Nogueira um chafariz monumental, obra do sculo xviii, mandado faum juiz de fora. E' o Chafari'^ dos Pasmados.
Tem a villa uma igreja da Misericrdia^ que foi fundada em 162 por um dos
zer por
Aveiros, o marquez de Porto Seguro, e o respectivo hospital, fundado dezoito annos de'
pois pelo reverendo
uma
grande
Ha um
possue
tela
randa, funccionario da
Ha tambm em
sr.
Mi-
Villa
Nogueira
uma
philarmonica, denominada.
Perpetua Azei-
tonense.
4u5i^ooo ris.
foi
mulher
296
No tombo
da freguezia existe
um
documento
(vol.
i,
uma
em
Foi
face d'esse
documento que eu
redigi
rei-
Ignez de Castro.
Lembrando que
cipiado
em
com
a linda castelhana
tinham prin-
nha
um
palcio seu
em
Azeito; que
em
ti-
ferencia os seus cios, edihcando, para maior regalo, palcios sumptuosos; sabe-se que
n'aquelle
se
tempo
Na Alde
de Irmos existe
uma
quinta da famiha
Gomes
n'aquellas officinas, se
empregam
Damos, por
ridica:
tO
tambm uma
numa
publicao pe-
es de ser
das
armazm,
em
condi-
e o cognac
de quem lhe deu cunho e appellido, resolvendo mesmo, para no desmanchar prazeres, contentarse com o valor do seu companheiro querido. No desconhece comtudo que, se fosse mais egoista, deixando marchar
ssinho o seu amigo e ficasse at perfazer uns doze annos, muito quietinho nos seus
lares ptrios, no deixaria de ganhar muito com isso e de obter mais alta c digna
rotao.
Comtudo quelque
com o mesmo
a que
firma actual.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
297
Com outro producto figura ainda finalmente a casa de que nos occupamos. E' o
vinho Palmella superior, generoso, de subida graduao alcolica. Este no pode nem
deve apresentar-se em publico seno depois de ter doze annos de armazm. Alem de
excessivamente agradvel o Palmella superior, que tem no paiz o seu maior consumo,
um producto therapeutico que os mdicos aconselham.
visto
ciso se torna
o vinho,
mas o assumpto,
pre-
mesma
o vinho moscatel Setbal roxo, feito pelo mesmo processo de vinificao. Este
apenas com grande lentido, exigindo para se tornar bebvel, perfeito, ib annos
casa:
faz-se
de armazm.
realisa-se
um mercado
feira
no
i."
mez de dezembro.
Actual-
SiL^.
404 Azeito Fachada
qual
da casa Fonseca
em
Villa
Nogueira
E' muito pittoresco o caminho que de Azeito segue para a serra da Arrbida, a
tambm est comprehendida na freguezia de Villa Nogueira.
Ao sahir da Alde de Irmos, depara-se-nos o Porto de Cambas ', rasgado profundamente na cordilheira que pelo norte defronta aquella serra. Sobre o poente alastra-se
o valle de Coina, sobranceado pelo spero monte em que assentam as ruinas do castello de Coina-a Velha e as Aldes da Portella e S. Pedro. A vegetao, na riba meridional, composta de carvalhos, zambujeiros e carrascaes. A agua scintilla nas ribeiras
do Porto de Cambas e da Azenha da Ordem, sendo esta ultima a que, depois de tomar vrios nomes, adopta o de Coina desde que encontra o fluxo das mars.
Prximo e ao sul das ruinas do castello de Coina fica, no alto, o Casal do Bispo,
o qual bispo o foi de Fez e se chamava D. Belchior Belliago.
Joaquim Rasteiro conta a lenda d'este Casal: n'elle havia, segundo a tradio, trs
casas subterrneas, deixadas pelos mouros. Uma estava cheia de armas. Era a cisterna.
Outra continha peste. Na terceira guardava-se ouro. Ningum se atrevia a explorar
qualquer das trcs casas, porque se se tocasse na do ouro, resultaria medonha mortandade.
Porto
VOL
II
passagem de
ribeiras
no fundo dos
valias.
3S
A. Arralaitla
Vamos
j a
saudemos na gran-
Formoso ermo do
sul,
que contrastas,
o plcido sussurro
Das arvores do valle, que vecejam
Negro,
estril roche^lo,
Na mudez
Que
tua,
Na
Do
altar
sol, e
uma
Eu no quero seguir um chronista quando diz que a palavra Arrbida vem de Errabundus e procura justificar esta origem explicando que, por ser emmaranhada agrestemente a serra, se desorientavam os que n'ella tinham aventurado seus passos.
Tambm no quero crer que Arrbida venha de Rabidus^ com referencia braveza do mar n'aquella costa; nem to pouco venha de Arbrica, supposta cidade que
Setbal e Cezimbra.
que sei que no paiz ha mais Arrabidas: em Lordello do Ouro, um monte pedregoso que se debrua sobre a estrada do Porto Foz; em Panoias, no concelho de
Ourique, um casal; em Almada, uma quinta.
teria existido entre
O
E
nenhuma
mesma origem
por idnticos
fundamentos.
A
amaina.
ella
recorre o negociante,
Ao mesmo tempo um
bem como
'
sobre
tripulao
toda; c
logo
o temporal
se
sitio
a ima-
imagem que
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
299
Ahi edificam uma ermida, a que do o nome de Memoria (por lembrana do mie diz-se, no sem contestao, que o prprio Haildebrant se fizera eremita trocando a actividade commercial pela vida contemplativa.
Ainda hoje a capellinha d'aquelle nome, na simplicidade do seu aspecto rstico e
devoto, perpetua na Arrbida a tradio do prodgio, que implantou ali o culto de Maria
lagre)
Santissima.
fez
que esse
continuasse e [fiores-
ali
cesse.
Como
sabemos,
Joo
D.
Mes-
pai, entre
da Arrbida.
II
tade de amor.
mar Coutinho,
filha do conde
de Marialva, dissera-se seu ma-
protestos, travou-se
naes
um
fim,
com o
to de D.
mas
e o
rei
nos tribu-
por
pleito ruidoso, e
prprio consentimen-
Guiomar, veio
ella a
Romanceei em
dois volu-
de
to
profundos
le-
des-
gostos.
No
s frequentava a sua
pacifica serra
da Arrbida, como
fora
em
romaria ao santurio de
Guadalupe.
d'estas romarias avistou-se com outro peregrino, de nao castelhana e orinobre, que havia trocado seus appellidos herldicos pela simples designao de
Frei Martinho, pois que voluntariamente vestira o habito franciscano em Cartagena.
Da pratica que tiveram em Guadalupe resultou falar Frei Martinho da sua aspira-
N'uma
gem
300
dispersos e humildes,
bios.
hoje
ali
nome
designados pelo
de guaritas, e ainda
em
p, postoque arruinados.
imagem representa o de
p, sobre
um
globo,
com
os ps descalos, os braos
um
'
ali
houve.
em
1876
mandou
restaurar o mosteiro, capellas e cenbios, que se tinham damnifcado desde a sabida dos
igreja
o mesmo
Senhora da Arrbida,
Conceio.
N'ella jazem sepultados os 3.'
duques de Aveiro
do
Bom
No
filho
e outras
salvar-se
uma
erigir a capella
Jesus, octogona,
interior
Em
floresce
um
povoado de
cyprestes.
Na Arrbida no
vegetao
Tomo
'
A EXTREMADURA POKTUGUEZA
3o 1
amenssimos, labyrintos graciosos. Quando est carregado de fructo vermelho, aromtico e embriagante, uma delicia.
'
Em
como a do
mais espessa e
Vidal, a do Solitrio
com
onde
sombra
profunda.
Ha trs
A Lapa
grutas notveis:
As
talvez por
quererem experimentar,
A Lapa
meu
es-
pirito:
ia
sentar-se a pescar,
um
que
fra-
Abre-se
em
nho,
;02
tasceta
foi
Diogo Bernardes,
Eu conheo
a
frei
como
elle poeta.
a historia
Conheo outros
escriptos que
se
occupam da
porten-
tosa serra.
foi
ali
um
uma
com
alguns ramos de
toro de madeira.
Todos os annos
se
em honra
concorrem
cirios
de Cezimbra, Azeito e
N'estas
Setbal.
localidades
com
bida
realisam-se
em
cirio
Setbal,
da Arr-
Relativamente a 1907
viaram de Azeito:
dizia
um
jornal de Lisboa
em
ra-
pazes da terra que, montando cavallos fogosos, e munidos de lanas, espetavam vrios
em
tomaram
parte na festa.
A's 7 horas passou-se distribuio dos prmios na barraca da tmbola, revestindo grande imponncia, e sendo os prmios entregues aos vencedores por. senhoras da
membros aa commisso.
Na Kxtremadura ainda ha estes restos de cavallaria galante.
Foi em Azeito que eu vi pela primeira vez o espectculo das
familia dos
cavalhadas.
'
I."
Pag. 32.
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
possibilidade de falar aqui de todos, deixar de mencionar pelo
3o3
menos
Ha
um
annos
pelo
Arrbida
um manuscripto Descripo da
da Madeira. Apenas acrescentou a
noticia de
ilha
data: i8i3.
Consultei o
sr.
me
Logo o
auctor
sr.
como
Portella
a Descripo;
mas por
AO MONTE DA ARRBIDA
PoR
Do cu
Em
s vizinhanas destinado.
podem
homenagem
viagem
fluvial
no
menos
um
que
ella
da serra da Ar-
bem merece.
nem
o Sado,
em
dias
Um
raiz
da serra
nas havia
uma
edifcios
quebram
construir
reiros
arrendou ao Pastado.
3o4
e extrangeiros.
moro em
teu seio
Pela minha parte, embora parea arrojo falar de mim prprio, direi que hoje, como
amo a linda terra de Setbal em si mesma e por si
l vo 3o annos
em 1877 e j
mesma a sua
paizagem, o seu
a proposio de
se
elle
um
"^.^
XVIII
Alccer do Sal
Setbal
fui
me
indi-
caram.
Mas eu no
de julho de 1907.
me no
que
Salada.
Mas no mesmo
logar da
villa
uma
actual ou
em
qualquer outro da
margem do Sado,
nome
regio
sadina.
A mais
xix.
celebre e a mais apetitosa caldeirada que jamais comi foi-me servida sobre
Sado, no barco de mestre Casimiro, de Setbal para Alccer do Sal. Era o dia
1875, esplendido de luz e de effluvios da primavera. O Sado ia desdobrando a meus olhos a sua formosa vastido inteiramente desconhecida a quem desde
rio
26 de abril de
com
do norte. Acompanhavam-me
que porfiavam em dissipar da minha alma os dois grandes pesadellos que a acobardavam: o receio de ter de
passar dois dias em Alccer do Sal, de que Lisboa conta horrores sezonaticos, e o de
ter de visitar, por ordem do ministrio do reino, escolas primarias, quer dizer, escolas
a que anda jungido o mais irnico, o mais pungente, o mais falso adjectivo d'este mundo. Ao passo que falvamos, e nos interrompiamos de vez emquando para admirar a
placidez voluptuosa com que algum pescador fumava dentro do seu barquinho emquanto
pequeno
se familiarisra
Hois amigos
vot.
II
um
d'elles
a suave estreiteza
dos
rios
fg
3o6
a rede lhe
ganhando a
ia
um
taboleiro
de areia, a nossa caldeirada de linguados, salraonetes e rodovalhos. EUe havia-se arremangado, e banhado primorosamente no Sado os seus braos musculosos e trigueiros.
Deitara na caldeira o azeite, o sal, a pimenta, a salsa picada. Depois lavara escrupulosamente no rio os peixes, e, mal enxutos, os deitara caldeira, que lanava sobre ns,
sentados proa, uma columna de fumo impregnada do agreste mas agradvel aroma do
cozinhado. Pouco tempo corrido, abramos as nossas cestas de lunch, e mestre Casimiro
servia a caldeirada, emquanto o nosso barco ia rasgando listres de espuma, levado
rapidamente pela grande vela enfunada.
J no i. vol. contei as investidas que Afifonso Henriques fizera contra ocastello de
Alccer e como o pudera finalmente conquistar depois contei como esse castello tornara a ser tomado pelos sarracenos no tempo de Sancho I e, por ultimo, como no
reinado de Affonso II o castello de Alccer, depois de uma sanguinolenta batalha, ficou
definitivamente na mo dos portuguezes.
Herculano traou com vivas cores o quadro do grande emprio que fora Alccer
sob o dominio dos mouros da sua decadncia no inicio da posse christ ; e do seu abatimento moderno.
diz elle
Alccer
achava-s". no sculo xn decahida da anterior grandeza; mas
ainda se distinguia pelo pintoresco do sitio, e pelo seu aprazvel aspecto. Assentada nas
margens do Chetawir, grande numero de embarcaes subiam e desciam o rio carregadas com as mercadorias, que lhe alimentavam o commercio, necessariamente activo pela
proximidade da populosa e opulenta leborah (vora). Cercavam-n'a por todos os lados
extensos pinhaes, e as madeiras que n'elles se cortavam constituam um dos principaes
objectos d'exportao. Naturalmente frteis, os seus arredores eram ricos de gados, que
produziam abundncia de lacticnios e carnagens. O mel que ahi se recolhia formava uma
;
'
poro da sua riqueza. Tal o quadro, que, apesar da decadncia politica de Alccer,
ainda nos fazem d'ella os escriptores rabes do sculo xii. Da sua importncia militar,
da fortaleza do castello que a defendia, argumento quanto sangue custou aos christos
conquistal-a, e reconquistal-a depois de perdida de novo. Hoje de tudo isto restam apenas largos pannos de muros rotos
ameaam esmagar
Os bosques desapem grande parte e os prados que alimentavam numerosos armentios converteram-se em alagadios, d'onde mana a corrupo. As febres mortferas do estio tn
gem o gesto dos habitantes de uma cr de cadver, que harmonisa tristemente com
cillam e
pareceram
dois conventos
Extinctos os
da
mesma ordem
franciscana,
'
''
'
Pags. 8 a
II
do
i."
de Alccer,
uma
i<a.
de freiras
e agrcola.
um
F,
liv. II.
n;i
igreja
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Mas, querendo ufanar-se da sua antiga importncia
ces de cantaria a montante do Sado
do seu velho
como
fluvial,
possue
um
excellente
castello.
villa
3o7
e a de Santiago 1.478,
Quando
A bem
se
Ha, porem,
um
uma
Jardim
mento, e
res Branco.
Campos Valdez,
esse
foi
rio
distin-
empres-
de S. Carlos, e se arrui-
com
politica.
fundao da igreja do
AfFonso
II;
e a
da actual igreja
geral
A
A
uma
de
uma comarca
de
3.* classe.
assim chamado
Possue um theatro, duas philarmonicas e o club
Pedro Nunes
porque este famoso matheraatico, inventor do nnio, era d'aqui natural.
A' praa tambm foi dado o seu nome. N'ella esto situados os paos do concelho,
prximo ao Sado, nos quaes se acha estabelecido o museu archeologico municipal, a
que serviram de base as colleces ofiFerecidas pelo sr. Joaquim Corra Baptista e padre
Francisco da Matta Galamba.
E' digna do maior applauso esta iniciativa.
Felizmente j no so poucos os museus provinciaes de archeologia: no Porto (edi-
'
Costa Godolphim
As
AJisiricordiS, pag
231.
3oS
ficio
teilo
ra,
da Bibliotheca Publica): em Coimbra (S Nova), Figueira da Foz, Bragana, CasBranco (Tavares Proena), Guimares (Martins Sarmento), Santarm, Elvas, vo-
Faro, etc.
uma
fim;
taa de barro;
um
vaso
com
orifcios lateraes
de suspenso;
um
vasito; Ossos
e dentes.
Idade do ferro
poca romana
e ouro; 19
moedas
marcas figulinas do mesmo barro; tijolos; pesos de tear, telhas (teguia e imbrica); 2 amphoras, suppondo-se que uma grega;
verticilli ou cossouros de barro; unguentarios; lucernas (uma da arte lusitano-romana);
peso de pesar, de pedra; muitos vasos e taas; inscripes romanas; cabeas de estaI
Salacia; urna cineraria de barro aretino; diversas
poca porlugue:{a
Moedas
m,
em
D. Afonso
Em
curioso.
'
Faz-se na
desembro
villa
feira franca
e 6 de janeiro.
Lem.brarei
um
facto
Quando em i58o
Que
vista litteraria
em
Sado,
re-
litte-
rario, 1S88.
a agricultura de Portugal.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
3o9
bate entre realistas e liberaes, soffrendo estes grandes perdas e sendo fusilados por
aquelles quasi todos os prisioneiros.
Um dos poucos que puderam escapar morte foi o auctor do interessante livro
Aponlamentos da vida d' um homem obscuro escriptos por elle mesmo (1880), que a pag.
186 e seg. conta as duras peripcias d'essa jornada militar, e a desorganisao em que
se apresentaram ali as foras liberaes.
O concelho, que pertence ao districto administrativo de Lisboa e ecclesiasticamente
ao arcebispado de vora, compe-se de mais as seguintes freguezias Monte Vil, com
909 habitantes; Palma, com i.oSg; Santa Suzana, com 559; S. Martinho, com Sg;
Sitimos, com 660; Torro, com 2.176; Valle de Guizo,
S, Romo do Sdo, com gSo
com 695; Vaile de Reis, com 270. Populao total do concelho, loiSgz habitantes.
Como se acaba de ver, d'estas freguezias as mais populosas so a de Nossa Senhora
da Assumpo do Torro, que tem maior numero de habitantes que qualquer das da
villa, e a de S. Joo Baptista
de Palma.
A villa do Torro, sede
da freguezia
do seu nome,
fica a 34 kilometros da sede
do concelho, para sueste.
:
Acha-se
situada
n'uma
ordem de Santiago,
pertencia. D. Manuel
novo
foral
Eu
em
estive
que
deu-lhe
i5i2.
403 Alccer do
no Torro, ha
32 annos, a inspeccionar
Sal
Um
uma
Em
ali
havia.
segui para o Torro, onde dormi e passei algumas horas do dia seguinte.
d'ali
em
fora
i855 agraciado
com
titulo
um
de visconde do Torro.
Achei ainda muito viva e intensa no povo a memoria de ter estado n'esta villa
D. Pedro V, que supponho pernoitara n'aquella mesma casa.
Ligam se ao Torro alguns outros appellidos herldicos, alem dos Mexias, taes
como Patos e Galves.
Mas a maior gloria d'este rinco verdadeiramente alemtejano (embora pertena
administrativamente Extremadura) est em ter sido bero de Bernardim Ribeiro.
el-rei
E comquanto
gum
na cloga
II
elle
moa,
mesmo
nin-
allude
'
Manuel da
nardim Ribeiro.
titulo
3io
Da
alde,
Mais ou menos se conhece a lenda de Bernardim Ribeiro e dos seus amores. Mas
algum a ignorar completamente, o que s admitto por hypothese, procure n'um livro meu, Historias de reis e principes, a noticia do que sobre o assumpto se tem escripto e algum novo argumento que eu pude adduzir em desfavor da lenda.
Faz-se no Torro uma feira de 2 a 4 de agosto.
A villa tem Misericrdia, cuja receita annual de 8oo-:?ooo reis, segundo Costa
Goodolphim; e trs templos, sendo um a matriz, outro o da Veneranda Ordem Terceira
de S. Francisco (que supponho ser o do antigo convento de religiosas da mesma ordem)
e finalmente o de Nossa Senhora do Bom Successo, com um prtico de trs arcos e
quatro columnas, encimado por uma varanda de pedra.
A sede da freguezia de S. Joo Baptista de Palma demora a 17 kilometros de Alccer do Sal, para noroeste.
Fica na margem direita da ribeira de S. Martinho, e servida pela ponte que atrase
vessa a
mesma
ribeira.
Distam da
villa
Setbal 55.
El-rei D. Carlos foi por varias vezes car javalis
Em
montados
fica
prximo
igreja parochial.
1907 o Club Tiro-Tauro Seubjleuse realisou uma grande caada nos vastos
d'esta herdade e noite os caadores representaram n'um improvisado
<lo
ti-
XIK
Grndola
sitio, n'elle
mandou D. Jorge
um
passar, da janella.
Pareceu-lhe isto uma provocao do javardo, e logo perguntou onde estava o seu
melhor caador para ir castigal-a.
Responderam-lhe que era ausente por ter sido chamado a uma audincia no tribunal de Setbal, que era ento a comarca a que, no termo de Alccer, pertencia o territrio onde a habitao fora construda. *
Irritou-se o Mestre com aquella contrariedade, se bem que ella no evitasse que o
porco bravo fosse abatido pelos outros caadores.
Para celebrar esta victoria cynegetica, teria D. Jorge mandado servir um lauto bangrande ola -.
quete
D'aqui diz a lenda que viera o onomstico Grndola, e mais acrescenta que o mesmo D. Jorge, para no tornar a irritar-se pela ausncia dos seus monteiros quando a
justia os quizesse
fosse elevado a
III
villa.
>
e Alccer
do
a ser
um
prdio, alis de
modesta
Sal.
3l2
apparencia,
pelo
menos
como tendo
mandara
construir,
ou
do Mestre de Santiago.
D muito na vista o aspecto da
povoao, no s por aquelles pr-
Wm
brazonados,
dios
como
pela alvura
em
andar nobre e
edifcio prprio,
uma
segundo
cipal.
411
Grndola Praa de D
ouvir
um
a antiga tradio
rel-
muni-
Jorge
com
tambm
se faz
venda de peixe.
Na camar guardam-se
com que
O concelho, de que a villa de Grndola cabea, conta 7.861 habitantes, e comprehende as seguintes freguezias: Nossa Senhora da Assumpo de Grndola, com 3.-03
moradores^ S. Pedro de Melides, com 2.098; Nossa Senliora da Conceio da Azinheira
dos Barros, com i.o32; Santa Margarida de Sena, com 716-, e S. Mamede do Sdo,
com
3 12.
rea do concelho
no chega a 8.000 almas.
que explica
superior a
100.000 hectares,
mas
a populao,
como
se vc,
inhabitada.
villa
Cacem
Do tempo da occupao romana teem
Contam-se na
villa
vinte e cinco.
S. Pedro.
matriz, que
um
singular, excepto a
grade do coro.
Possuc, porm,
uma
com
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
igreja
3i3
a revs-
'tem interiormente.
Tem
Alm
n'uma
villa.
um
uma
d'ellas
com
gabinete de leitura; e
foi
con-
elegante theatro.
matadouro
o quartel teem
edifcios prprios.
da familia Serrano,
em
estilo gothico.
impor-
em gado vaccum.
tante
festa mais popular que se reano concelho a romaria da Senhora da Penha, na segunda feira immediata ao domingo da Paschoella.
A respectiva capella est no alto de
um serro, a sudoeste da villa, e dislisa
412
Grndola A
misericrdia e o hospital
Gosa-se
d' ali
um
Beja.
esta romaria
concorrem os habitantes da
naes e vivas.
Nas
bm
enfeitados.
voL
II
Assim delimitam o
recinto da dana.
40
3.4
E' vulgar
em
mourisca, e
s povoaes do Alemtejo.
villas
As mulheres,
baeta azul
ordinariamente fortes,
usam
do peito
encarnada ou
sobretoral,
linguagem dos serranos de Grndola no deixa de ter certa originalidade de diflej n'esta regio bem patente, embora, segundo investigaes do
sr. Adolpho Coelho, as populaes christs do sul do reino falassem, ainda antes da
reconquista christ do sculo xii, a mesma lingua que as do norte.
renciao alemtejana,
Dmos
Di-
um
malho
Quer
copa
chapada
e rasgui a
vasilha revolveu-se na
'
dizer: Dei
Isto :
uma queda
e rasguei
fato.
Aqui
sinonymo de aborto.
Medo Phantasma,
medo
mundo.
Fez muito lambaro. Deu ao lambaro.
Em menos d'um funeral
A ferida
arejou
No me choteia
A colmea machiou
No me
Buzaranho ou espjinho
Remoinho de vento.
Aragem fria. Vento nordeste.
agrada.
Zanganilho
Charouco (laroco)
Marmao (mormao)
Esgarnacha
Aficancia
Dificuldade
Pernicar
Beliscar.
Orelhada
Rapino
Bicha-cadla.
Tufo.
em
Bofetada.
Ruinzllo
Remigo
Vagabundo-pedinte.
P"unco
Baile,
Escarafuncho
Baile licencioso.
Pinguella
Ponte rstica.
Fazenda de l para
Queda.
Droga
Malho
Chapada
em
geral.
Ladeira.
Copa
Andaina de
Revlver
Tombar.
fato.
Artigo do
culares que
fato.
me
cm
c.
infallivcl a
suppresso do
e;
p.irti-
em
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
3i5
Abano.
Poro variada de objectos caseiros, sem valor.
Conjunto de roupas de uso pessoal. Talvez
tambm reunio de objectos muito diversos.
Capacho
Balhana, tralha ou turgia
Abego
Carpinteiro de carros.
Agora-logo
J.
Cachola
Fressura.
Pilradinho
Sarapintado.
Immediatamente.
Enregar
Comear.
Invs
Transtorno.
Principiar.
Caseiro
Tanganho
Esgalho de madeira.
Esprdo
Poeira.
Acilbar
Ageitar.
Charnca
Buraco.
Cacifro
Tacho, ou
Mantns
Peta
Derruchar
Escarrapichar
Escorregar.
Peloucho
Peloucinho
Pessoa nua.
Passarinho recem-nascido, ainda sem pennas.
casa.
Acommodar.
frigideira de lata
com
rabo.
cangalhar os ninhos.
Bicha
Cincadilha. (Por
Vibora.
uma
cincadilha)
Por
um
instante.
Por
um
triz.
Paleio
Tapio
Quanto- malinho
Piara. (Da mesma piara)
Banaio
Marcas
Avental.
Um
'
Botico
Bentinhos
poucochinho.
Da mesma ninhada.
De c6r alvadia, no viva.
Botes, dos que teem buracos.
Barraca de feira.
Alforges pequenos e ordinrios.
Malazengo
Paquete
Adoentado.
Rapazinho entre os 8 e iiannos, empregado
mandados, isto , sem obrigaes certas.
Xarpe
Ridiculo.
Arrgta
Escofiar
Cofiar,
tronco
em
e a raiz.
Bonco
mas tambm
Excremento secco.
escovar.
Burricalho
Burrinho.
Caadeira
Campainha para
Macobo
Trabalhador do norte.
as cavalgaduras.
Pandilha
Cigarro ordinrio.
Sagrro
Cadete ou galhardo
Homem
da serra.
Bonito.
Batibarba
Reprehenso
Busgueiro
Chapo
Sibanas
Provimento (Um)
forte.
velho.
guma.
Bichocou
Nascida. Furnculo.
3i6
Embelgar
Lanar os rgos mestres, para regular a direco da lavoura. Cortar o matto e atTeioalo
Aguadeiro
em
(No
Aira.
moreias.
No
faz aira).
fica elegante.
Cabreiro.
Vigrio
Chegadinho
E'
'
Sidr
Pericia.
Malear
Jargo
Homem
lavrador.
Homem
Mancebo
Stola
Lindim
Escravilheira
Porca velha.
Taranta
Atalho (um atalho).
Apus
Aps, depois.
Crtos, cortas
Curtos, curtas.
villa
de Grndola quatro
for-
E' baboseira de
As
marca maior
como
tal
muito repetida.
em Grndola um
castro romano.
villa,
cerrados,
uma
1K
-11^
divididos por
estrada municipal,
.i
K.
los
nomes de
Castello e
Ahi, a pe-
Castellinho.
quena profundidade,
teem apparecido
vest-
muros, encanamentos,
moedas,
tijolos,
uma
no Museu Archeologico
cm
Lisboa.
O
4i3 Grndola Ponte
passa
S.iraiva de Cirvalho
sul
em
que
chamam
como tambm
da
rio
Davino, que
um
kilometro ao
villa,
muito
pit-
mesma
accepo,
os nossos diccionarios.
Mas ha
bem
nome de
Saraiva de Carvalho.
'
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Relevam nas vizinhanas da
Uma, a sete kilometros de
Siy
villa
distancia,
No remoinho em que turbilhona occulta-se um sorvedouro que, diz o povo, cauma junta de bois.
E como effectivamente o Borbolego parece um olho redondo e torvo, tambm o
paz de engulir
chamam
uma
dos Alvados,
e muito accidentada
em
interessanie^ponte
sobre a qual
podem
um
do outro.
Continuando a correr para o Sado, onde vai desaguar
a juzante de Valle de Guizo, o Aro, despenhando-se espumoso, espraiase depois n'uma lagoa, onde parte das
tambm
revelar
a suggesto da credulidade
popular no
maravilhoso.
O,
'
.,
kilometros a sueste da
ito
!!
villa existe
em
414 Dr.
explora^
Jacinto
Nunes
,
^
^
.
muilo dedicado
iGrandolense
.,
sua
'"")
freguezia de
A freguezia da Azinheira dos Barros, cuja sede fica 20 kilometros a sudoeste da cabea do concelho, tem duas escolas para ambos os sexos, e igualmente comprehende
herdades, casaes e moinhos.
N'esta freguezia
& C*
adquiriu recentemente.
como
a da Azinheira,
duas escolas.
Tem
junto alde
Esta freguezia
sezonatica.
estive
em
do paiz.
freguezia de S.
Ha
aqui
uma
escola.
freguezia de Santa Margarida da Serra, ao sul da villa de Grndola, possue vrios montes, e uma escola.
3i8
azeite, e vinho.
A
cera,
industria consiste
que
elle
exporta.
districto
de Lisboa e eccle-
me
deu este concelho foi a de ser uma regio j com muito caraem agua do que geralmente o o Alemtejo.
A prpria villa servida por um manancial, que abastece a Fonte da Apaulinha.
Na cabea do concelho notei o aspecto asseado das suas ruas, bem como o de
todas as casas muito claras de cal espelhante.
Fui de Alccer para Grndola n'um carro alemte)ano. Vi anoitecer na aridez da
impresso que
cter transtagano,
Hoje dizem-me que grande parte d'esse vasto trato de terreno est arroteada e povoada de casaes.
Hospedei-me na estalagem, bem accentuadamente alemtejana, do Z Francisco*
No dia seguinte, percorrendo a villa, perguntei se ali tinha havido algum convento.
Disseram me que existira um hospcio de agostinhos descalos. Ainda l est o prdio, n'um dos extremos da povoao, mas completamente modernisado.
Comtudo ficou-se chamando ao sitio o Rocio dos Frades.
Uma duvida subsiste quanto ao brazo do concelho: por que elle constitudo pela
cruz da Ordem de Christo, tendo sido o fundador da villa um gran-mestre de Santiago
e tendo pertencido a esta Ordem a apresentao dos seus parochos?
Que o investiguem e digam os cultores de herldica.
Eu prefiro ficar sentado ao p do Borbolego a vr se passa qualquer mulher de
saia encarnada que o irrite.
No concelho de Grndola teem appareciJo vestgios das idades primitivas, taes como
machados de pedra, que vieram para o Museu Ehnogr aphico\ bem como restos de
dolmens.
XX
Santiago de
fundao da
villa
Cacem
de Santiago de
Na cumeada que
se
Cacem
remotas eras.
liga-se a
estende ao nascente da
a sueste,
villa actual e
appareceram
no
vestgios de po-
voao romana.
E dizem alguns chronistas nossos que, ainda em mais antigos
tempos, n'esta regio houvera uma cidade com o nome de Merbriga, celta ou celtibera, ao que parece.
Do
que
domir.io sarraceno
seria
Uma
lenda relaciona
suppese
ter ficado o
sitios
nome de Kassem,
aquella D. Vctaa,
Segundo a lenda, D. Vetaa teria equipado sua custa uma esquadra e, desembarcando em Sines, haveria, frente de cavalleiros christos, em dia de Santiago, marchado para o norte sobre uma povoao prxima, de que era rei Casse, o qual fora
morto.
Ora D. Vetaa
Toda
III:
mouros tinham
em Hespanha,
commenda
com
o Mestre
Cacem.
tamos.
sido
livre d'elles.
villa
de que
tra-
foral
Panorama,
Cacem
no tempo de Sancho
I.
320
torres, das
quaes
foi
demolida uma,
com
painel de pedra,
em
alto relevo,
bem como
as capellas de Santo
Mercadores.
Fora da
ta,
Nossa Senhora do Monte, as capellas de S. Joo BaptisPedro; ao sul, a pequena distancia da Alde de Chos,
o conventinho franciscano de Nossa Senhora do Loreto, com a respectiva ermia igreja de
villa:
S. Braz, S. Sebastio e S.
existiu
da,
um
em
mas aprazvel.
vem de p as runas
logar solitrio,
Hoje apenas
se
em
estrada
um
kilometro.
rodeada de vegetao, vem escalonando-se pela encosta oriene oferecendo um gracioso panorama com as runas da alcova, a
e o arvoredo do Passeio no alto, d'onde, enfiando' o olhar por uma
linha recta, avistamos ao fundo a povoao martima de Sines, cujas primei-
Assim, pois, a
tal de um outeiro,
fachada da matriz
villa,
ras casas se
Eu
um
recebi, de
a cavalheirosa sociabilidade
nhecido.
Na poca em que
ali
estive, a jornada
um
pouco
fatigante e
mo-
ntona.
Mas
comtudo
j n'aquelle
interessante.
Uma
nome de Camillo
Castello
Branco.
e nascente, e
largas e desafogadas.
havia
uma
cm
casa
uma
sociedade de recreio,
privativa, e
um
musica
numa
terra a
uma
tendncia cn-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
deixou
em
ris,
ambos os sexos.
marcou prazo ao cumprimento do seu legado.
segundo conde de Bracial foi Antnio Paes de Mattos Falco, que herdou
O
O
titulo
testador no
novembro de
O
junto a
hospital novo,
um
como
pinhal, que o
disse, fica
este
legou Misericrdia.
os enfermos so tratados
com
Tem
cerca para
cuidadoso asseio.
Engrandece se
a villa
com
322
D' antes havia uma cerimonia, que pena foi cahir em desuso.
Refiro-me ao bodo do Espirito Santo, de que eu recolhi, por outiva, as ultimas impresses, as quaes deixei archivadas n'esta rpida memoria:
aE', no sitio da Praa, servido, debaixo das arvores, um bodo aos pobres. Durante
toda a semana anterior se cuida no fabrico do po, amassado pelas raparigas da terra.
Esta amoravel tarefa acompanhada dos mais pittorescos episdios e das mais ruidosas
tio popular
festa
lho colorido das nossas scenas do campo. Sobre tudo isto, que j no pouco, a musica
Apenas um episodio desappareceu, e pena foi, que era potico e til: uma rapado concelho, que se houvesse distinguido pela sua honestidade e pela sua gentileza,
coroada, processionalmente conduzida da Igreja Matriz para a Igreja do Espirito
Santo.
De modo que
rosire
Santiago de Cacem,
Mas
ainda resta
em
lebrao buclica do
i."
N'esse dia
sai
merendas,
nis e
como Salency,
se
toda a gente da
e
ali,
com
nem mesmo
Cacem uma
o bodo se
faz.
a da ce-
de maio.
villa
para o
campo dos
Escatalares,
Santiago de
com
os seus far-
grupos petiscando
delicia a essa
Houve em Santiago
em
de
Lapa dos
Esteios,
em
me
re-
1822.
soffreu ruina-,
mas
foi
comquanto geographicamente alemtejana, tem abundncia de agua nos chaUm d'elles chamado da Asneira e anteriormente chamou-se Poo do
villa,
farizes pblicos.
Freixo.
Cacem
Santiago de
nome, que
faz parte
do
cabea de
fica
5oo metros ao
uma comarca
de
sul
da
villa,
Figueira, que
inclue
um
lago.
do concelho do seu
que, no ecclesiastico, per-
2.' classe e
em
cm
to
Compe-se de dez freguezias, a saber: A Bella, Alvalade, Cercal, Santa Cruz, SanS. Domingos, Santiago de Cacem, S. Bartholomeu da Serra, S. Francisco
Andr,
da Serra e Sines.
A
O
nes e
'
Zona das
uma
parte de Santiago de
Cacem.
23i.
Si-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
N'esta zona cultiva-se o arroz
savam
em
323
as febres palustres.
No
falta
populaes da
quem attribua
mesma zona.
cultura
e dizima as
e revolvendo-as,
productos agrcolas,
E' do Estado e o 2. de Portugal.
Podem
recolher
n'elle
as
Em
vora ha outro.
mas
manuteno
d'este estabelecimento
Ha uma sociedade de
E ha uma fabrica de
tambm
de Peres Pereira
&
com o
Filhos.
como nos
em
rolha, exportando
Os montados
tambm
as aparas.
proprietrios d'estes
uma
A
lota
glande da azinheira, fructo a que se d o nome de boleta no Alemtejo e de bono Minho, engorda n'este concelho cerca de 2.000 a 3. 000 cabeas de gado suno.
'
uma
proficiente
monographia publicada no
n." 9,
quinto
lenha de que se faz o carvo poder calcular-se n'um rendimento de Soo ris
por hectare.
Camillo Gastello Branco no
sei
ao certo
em que romance
fala
de carvoeiros de
Santiago de Cacem.
existe ali
uma
carvoaria.
do 78.776
mattos.
charnecas
de
em
muito desenvolvida
todas as freguezias.
A
de
villa
fructas,
tem abundncia
que
dissemos
Funccionam
olaria
n'ella
uma
de loua vermelha
fornos de cal e
Ha
tijolo.
agencias
de bancos
postal.
Entre
Santiago de
habitantes de
os
Cacem
os de Si-
rivali-
dade.
Os
de Sines
chamam
de Santiago lagartos
Santiago
aos
os de
chamam caramujos
aos de Sines.
Ha
noticia de
que no
s-
um
renhido
A
porque
ris, a
pleito.
que as duas villas eram iguaes em categoria, sendo a de Sines uma praa d armas,
cujos habitantes estavam sempre promptos ao servio do rei e a defender o seu territrio
'
les
Tambm
chamam
ha rivalidade entre os povos de Santiago e os do vizinho concelho de Grndola. Aquclchamnm lagartos quelles, como os de Sines.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
325
muito abastadas e ricas, ao que acrescia ser poi'oao muito maior, mais
opulenta e de casas muito grossas, ao passo que o termo de Sines era acanhado, a po-
n'eile casas
Em
i85o, o
uma
Gama,
de Vasco da
escrevia:
e de
Sines se tornou quasi igual de Santiago (Sines conta actualmente 4.010 habitantes)
tambm porque
industria
tem
ali
desenvol-
corticeira se
mas
de concelho.
Esta povoao
fica
doeste de Santiago de
e a 18
a su-
Cacem,
kilometros de distancia.
estrada, que
recta separa
as
em
duas
linha
villas,
neca, e no
cantador osis,
com
a quinta
reira.
encurva-se formando
uma
vir
um
por
A
A
tldea dos
Cucos;
e o
em
trs bairros: o
um
castello,
do centro,
com
villa
onde tambm havia um forte, hoje desmantelado como os outros, que se ligam memorias de Vasco da Gama, o qual, seando o testemunho de chronistas e a tradio local, nasceu em Sines, onde seu pae
E' a esta extremidade occidental da villa,
da
' O
dr. Lopes era setubalense, homem illustrado, mas excntrico, segundo me informaram. Alem
monographia de Sines, publicou uma traduo do Uoiseau de Michelet.
326
foi
Aqui
ficava a
demora
a graciosa
nhora das Salas, que se diz ter sido mandada construir por
elle, e
irma.
Ora, sendo esta ermida edificada, segundo a mesma inscripo, em 1629, o dr. LoGama, por haver fallecido em i524, no podia ser o fun-
Mas
villa
morte.
povo quer que Salas seja corrupo de salvas, e conta que se deve aquelle nome
ao facto de D. Vasco, quando passava vista de Sines em suas viagens, no deixar
nunca de saudar a terra com repetidas salvas.
Na fachada da
Gama, hoje
famlia
ermida,
em
symetria
com
a inscripo, est o
brazo de armas da
Niza.
Em
As
tal
da
villa
so trs
matriz,
sem
com
arraial e
mercado.
muito viva;
Nos arredores ha
hospital da Misericrdia
doentes
Em
nhistas
d'este ttulo
um
edificio
comporta 20 camas.
i85o estabeleceu se uma botica annexa ao hospital.
a principal enfermaria
Como
Em
umas 20 barracas,
salincia de rocha
e as
que fecha
enseada pelo
sul; er-
mida da Senhora das Salas; Silveira, onde ha uma nascente de aguas-ferreas a algumas fazendas (pequenas quintas dos arredores); ou o palratorio nos penedos que so
o mirante dos martimos, e que ficam no princpio do caminho que conduz ribeira.
Este caminho ngreme, e tem, para dar algum commodo a quem o sobe, duas espcies de patamares em meia laranja.
No Porto-Cvo, a uns 12 kilometros da villa para o sul, beira-mar, que costuma
;
;l
Ramalho Ortigo a honra de menno seu livro sobre as praias de Portugal (187O).
Hoje Sines, alem de um club permanente, tem um club balnear.
E ultimamente abriu-se um estabelecimento de banhos quentes, com vinte quartos,
'
Segundo
esta lenda, S.
Torpes
teria sido
com um
martyrisado
um
em Roma no tempo
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
327
propriedade
recommenda.
Como ha agora em Sines duas philarmonicas rivaes, ali conhecidas pelas alcunhas
do Pincel e da Canninha verde, vai qualquer d'ellas tocar no Rocio, para regalo dos
banhistas.
um
Tambm
ha
panorama ocenico
tentadora
serpente
no
os
acompanhou.
da
As
principaes industrias
villa
so a rolheira e a ma-
rtima.
Esta
representada por
companhas.
Em torno da villa a propriedade est muito dividida,
trs
um
xadrez de cania-
ta
chamada
um
ilha
da Perseveira:
de perseves, marisco ao qual deve o nome. Para o sul, a 5 lguas de distancia, fica
Nova de Milfontes, no districto de Beja, concelho de Odemira, e entre Sines e
Villa
Villa
Os vapores da
'
ilha
rochosa do Pecegueiro.
foi dirigido
em
'
oflficio
ro,
com calado de agua para vapores de rasoavel lotao. No longe d'esta existem
minas valiosas, achando- se at classificada e estudada por conta de uma empreza mineira uma linha frrea, que as liga com o porto, no qual se embarcaram j alguns carregamentos, como experincia, com
de ura excellente porto,
bom
xito.
E, dado este con)uncto de factos, de cuja realidade v. ex." se pde facilmente certificar, obvia a
inconvenincia de ser pelo Estado alienada, a troco de alguns centos de mil reis, uma ilha que faz sys-
tema com o porto e que pode ser necessria para o seu futuro desenvolvimento. Podem mesmo dar-se
inconvenientes e complicaes graves, que o esclarecido critrio de v. ex.* adivinha, sem ser preciso
enumerar-lh'os, se a ilha vendida directamente, ou por entreposta pessoa, a um estrangeiro.
Tratando-se de um assumpto de incontestvel interesse publico, permitta-me, pois, v. ex.', que papea a sua atteno, antes que a venda da referida ilha seja um facto consumado.
Deus Guarde a v. ex.' Lisboa, 18 de agosto de 1908. 111."" e ex."" sr. conselheiro Manuel AiTonso
Espregueira. O presidente da Sociedade, Jos Fernando de Sousa.
ra elle
328
movimento
uma
rpida esta-
tistica.
Em
com
navios
zes norte-europeus.
Procedente de Inglaterra,
um
diversa,
mas de
carga.
Em
2.774
abrangem
No
1 1
hectares.
Cercal fazse
uma
feira
de gado.
S.
A Bella
A
'
1.436.
Bella a 4 de
outubro.
So tambm
feiras de gado.
haEstas trs ultimas freguezias, no todo ou parte, como as de S. Francisco (1.173
serra.
da
frio
clima
do
participam
Cruz
Santa
(539),
bitantes), S. Bartholomeu (890),
No vero alguns habitantes de Santiago consideram a de S. Francisco uma Cintra
*
sombras e excellentes aguas procuram.
inverno, mas ardente no veno
temperado
Na zona do litoral, onde o clima mais
da freguezia de
ro pela irradiao das areias esbrazeadas, ha a fazer meno especial
Brescos.
de
alde
na
lagoa
sua
pela
Santo Andr (986 hab.), celebre
No i." volume dei a esta lagoa o nome de Brescos para fazer sentir melhor a sua
refrigerante, cujas
nome da
Tem
chamam de
Santo
Andr englobando-a
n.
freguezia.
a sul, pouc.
doze de contorno.
mais de um kilometro de
propric
Est separada do mar por um medo, que todos os annos aberto pelos
onde se fazem constarios das lezirias e paues prximos, a fim de escoarem as terras
nascente a poente, e
'
em
certamente r^r
o censo de 1900 e, do mesmo modo, o Padre Carvalho. Pinho Leal,
equivoco, disse qu8 o orago de Sines era S. Salvador.
ermida de S. Brissos, muito
' N'esta
freguezia ha a grande herdade de Corona, e dentro d'ella a
venerado por livrar de sezes, segundo a crena popular.
Nossa Senhora do
* li'
deUcioso o panorama que nesta freguezia se gosa da alcandorada ermida de
2
Assim
Livramento.
diz
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
De Santiago
329
l se
chama sangrar
a lagoa.
Em
um
um
1820
annel de prata
com
420-Sines Prtico da
Igreja de
Nossa
Senhora'',das Salas
mas pertence
fre-
fre-
hoje ao de Grndola.
II
33o
do Sado,
pos.
fica s
Chega
pelas febres. Os
Toda esta freguezia, por ser um foco de impaludismo, dizimada
ventre muito alto.
seus habitantes tem o rosto pallido e definhado, o
sezonatica, e
Eu estive em Alvalade, como tambm estive em Melides, por igual
cautela, evitar a
com grande
pude.
malana.
em
rabe, que significa logar habitado e murado; apparece
Lisboa,. *
de
cidade
da
dentro
at
paiz,
do
pontos
outros
em maior percentaN'esta freguezia que a grande proi)riedade est representada
referimos, e Santiago.
gem ; depois seguem-se S. Domingos, a Bella, o Cercal, a que j nos
Faz-se em Alvalade uma feira a 2b de abril.
circumscripo parochial desejam actualmente a construco de um
Alvalade
Os povos
um nome
d'esta
com
o porto de Sines,
como complemento da
escolas primarias.
parte das treguezias do concelho, se no em todas, ha
e, pelo que respeita a Santiago de
Lisboa
de
districto
do
resenha
a
aqui
Termino
dos alegres dias
Cacem, faco-o com enternecida saudade, que me avivou a recordao
todos os habitantes do concelho,
de
recebi
que
hospitalidade
gentil
da
e
passei
l
que
Na maior
nomeadamente os da
Foime muito
ali gosou
eu tinha convivido, porque
ainda
nem
todas existiam
j.
,lii-Sinis-Urc|u -\
isl.i
Gami
IV-Disrico de Leiria
XXI
Peniche
villa
mesma peninsula.
Querem alguns
Cabo Carvoeiro na
uma
salincia occidental
pe-
da
outrora, no
por Jlio Csar, procuraram refugio n"esta paragem do sul, era Peniche no
sula, mas uma ilha que talvez fizesse parte das Berlengas.
uma
penn-
Como quer que haja sido, a actual peninsula est ligada ao continente por um isthmo
ou extensa praia, que durante largos annos dificultou o accesso villa, tanto mais que,
em occasies de mars vivas, principalmente quando soprava rijo vento sul, o oceano
cobria parte do isthmo^ entrando pelas duas enseadas que o contornam ao norte e ao
meiodia.
Csar Machado refere-se a esse duplo embarao creado pela areia e pela agua:
uma coisa fcil, dizia elle em i8(32, atravessar a praia por causa da areia,
fcil ainda ter a certeza de poder entrar na villa, por causa da agua. Vae um
e
pobre homem perfeitamente socegado da sua vida, e sem a menor aspira^o a aventuras
de jornada, e, quando a sorte o quer, eil o em frente de Peniche a dizer adeus para a
praa, a fazer perguntas e a dar respostas, que nunca vo em concordncia, porque a
bulha do mar leva as palavras,
e sem poder, o infeliz, entrar por forma alguma na
peninsula, que em mars cheias se torna perfeitamente em ilha, deixando refrescar os
seus muros pelas ondas que lh'os cobrem!.. '
Ento, em 1862, e ainda mais tarde, a estrada de Peniche parava em Porto-Lobos,
Jlio
No
menos
'
2og.
uma
junta de
Em
do meu
bom amigo
semeando
um
em
comeo do vasto
areai,
tra-
pinheiral.
difficil
passagem, onde,
jantes
Mame-
a de S.
de Pompeu.
em que
Affonso Henriques doou esta povoao e seu termo a Guilherme Descornes um dos
cruzados que o tinham auxiliado na conquista de Lisboa
para si e seus successores,
com tudo o que pudesse adquirir por mar e por terra. ^
Foram certamente os povoadores da Athouguia os primeiros a explorar na costa de
Peniche, comprehendida no termo d'aquella povoao, a industria da pesca, estabele-
Depois dos descobrimentos maritimos o gosto pela navegao, com a mira de luque os habitantes de Peniche antepuzessem s pescarias a carreira da ndia e
cros, fez
do
Brazil.
Tanto prosperaram alguns d'elles, que maudaram construir caravellas e navios seus.
Data d'essa poca o inicio do florescimento de Peniche, a ponto que em 1609 j a
povoao tinha perto de mil pessoas e logrou a categoria de villa, que lhe foi concedida
por carta regia de 20 de outubro d'aquelle anno, confirmada ires annos depois por
var de 22 de novembro de 1612.
mau
al-
conquistas e descobrimentos, e d'ahi a decadncia geral do paiz, que muito se fez sentir
na
villa
de Peniche.
Comtudo
em
esta povoao, por haver attingido grande prosperidade, tinha ainda assim,
3. Soo habitantes.
Actualmente, mais abatida, a villa conta apenas 2.778 repartidos pelas suas trs
freguezias, que so a de Nossa Senhora da Ajuda com i.i52, a de Nossa Senhora da
Conceio com 827 e a de S. Pedro com 799.
'
Panorama,
'
tomo da
desclassificao da sua
sua
ttst.
de Portug.
44Sdc IV
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
333
excellente praa de guerra, que tinha sido comeada no tempo de D. Joo iii, ficando a
construco suspensa durante a occupaao dos Filippes, e vindo a ser concluida por D,
Joo IV.
Parece que a primeira obra de defesa ali construida foi um reducto, chamado o Redondo, que principiou no tempo de D. Joo iii e se concluiu no reinado de D. Sebastio.
3.* linha
)f'
Homens
versados na
sciencia da guerra
geral
foram concordes
Gibraltar de
em
reconhecer a impor-
Portugal.
cidadella,
com
um
tenente-almoxarife.
uma
Da
modo
cidadella
avista-se
a permittir que
se
tem bons
em
honra da
mesma
torres de Mafra.
E' este
um
Baleai
ao norte e Consolao
ao sul.
Baleai, cujo
nome parece
mar
ali
tem arrojado,
334
um
uma
pontal fragoso,
lenda,
'
Em Peniche, a praia de banhos pode considerar-se uma das melhores do paiz. Fica
encostada ao exterior da muralha, e tem serventia por uma ponte; sobre a :/iuralha, a
com
contrastar
da igreja de S. Pedro.
As
As muralhas correm
sul e
uma
Furniuha onde o
por
rica,
elle
mesmo
em
i88o",
'
os
'Passos de D. Leonor^ de que falarei mais adeante; e aquella onde, segundo a tradio,
de
si.
Quando no vero se entra na villa fica-se agradavelmente impressionado; mas o inverno, como em geral acontece nas praias principalmente n'esta deve ser horroroso.
A primeira impresso ao chegar a Peniche diz J. C. Machado
verdadeiramente alegre: a villa est a ver-se nas aguas, no com os ares de uma coqiiette, mas
com a expresso melanclica da noiva de um martimo.
N'esta observao ha inteira fidelidade, comquanto possa parecer que se compe
de elementos antinomicos.
E' realmente assim Peniche no
azul do
mar
e pela alegria
do
estio: a
quietao
sem amargura,
J.
nham uma
estreitinha
fresta
espreitavam-nos
Don Juan,
da janella as senhoras
cheias de recato.
inclinei
dulcificada pelo
sol.
que
em
Eu assim que
me
agradou. Por
ti-
uma
observei
direito.
do nariz.
Era a antiga vida portugueza, ainda com vestigios mouriscos, que principalmente
se observava nas nossas praias, onde a mulher indgena estava presa sua casa pela
'
'
Veja-se o respectivo
Compte rendu
a pag. 207.
com o
recheio da
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
almofada
com que
pelos bilros
335
apenas a gelosia o
Contam
os velhos que se
um homem
rosto sympathico de
noite.
Agora desappareceu
a mantilha das
em
Peniche
vem
foi
esse-
sempre to afamada ao
sul pelas
Conde
ao norte.
Jlio
em
linguagem de
C.
Machado
a lenda da
origem d'esta
uma
rapariga de Peniche.
um
extracto.
Copio
tra-
litteral-
a sua narrativa:
rapariga andava namoradissima, e triste dz ser pobre e o seu noivo ser rico.
N'uma
*a.
me
to
J.
mente
uma
Entrou
uma
bre os joelhos
da sua
Depois,
e,
cipiou a fazer trabalhar os bilros, ensinando por seu exemplo a maneira de se servir
de tudo aquillo e de conseguir os desenhos que pareciam estar a nascer-lhe debaixo dos
dedos, formando toda a qualidade de malhas e flores bordadas, como jamais se havia
visto.
Quando
que
j fizesse tal
qual, o
que acabavam de
lhe ensinar, ia a
que a famlia do noivo, que era bem remediada, teve grande satisfao de annunque consentia no casamento e applaudia a unio de to formoso par.
Nunca houve felicidade maior n'esta vida do que a d'aquella gentil noiva. Feliz
como esposa; d'alli ao tempo devido, feliz como me; e, ssinha no segredo de fabricar
as rendas, ganhando lindamente, ganhando um dinheiro, ganhando o que queria.
taful
ciar-lhe
N'uma
para
l,
noite que tila estava no seu sero, d-lhe que d-lhe, bilros para c, bilros
Vinha, porm,
Esto
em
que viviam.
triste e serena.
dam
Com
E desappareceu.
ti,
336
Do
dia
a pobre
casa,
natureza a defende
Tenho
como
a providencia...!
n'um
Bretanha.
um
escreveu
refere
com
opsculo
o titulo
foi
secretario da
camar de Peniche,
industria
E j agora aproveito a occasio para dizer que o mesmo Cervantes foi o iniciador
do pinhal que, a seis kilometros da villa, fornece a caruma que a vereao reparte em
cada semana pelos muncipes pobres e que elles queimam nos seus lares.
A escola industrial Rainha D. Maria Pia, com que Peniche foi dotada modernamente, no tem por fim crear rendeiras
porque ellas no faltam ali
mas apenas
guial-as a maior correco no desenho de perspectiva e geomtrico, assim como tambm
Alem
um
rege
d'isto,
monumental do
e,
paz.
como
mesmo
todas as escolas do
gnero,
numero os pescadores
e as rendeiras,
Peniche de Baixo
igreja de S.
cia.
No
porque rendeiras as ha
em
toda a
Pedro
villa.
uma
Conceio.
e magnificn-
por columnas de ordem toscana. A capellamr, o throno e o camarim so obra notvel. A igreja da Conceio o mais pequeno de todos os templos pa-
naves, separadas
rochiaes,
mas
Na Praa
que revestem o tecto, em cinco series, cada uma de onze painis, representando passagens do Novo Testamento, a maior parte d'elles pintados por Josepha d' bidos, e
alguns restaurados em 1812 pelo pintor Rodrigues Raeia, natural de Braga.
A Misericrdia de Peniche foi nttuda por compromisso de 3i de maro de
i5o5.
sua igreja
tambm
comquanto
em
1796.
Houve outrora na
villa
foi
profanado e
lojas
mente o
edificio
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
337
A casa da camar, situada na reguezia de S. Pedro, acommoda todas as reparties do concelho, e os baixos do seu edifcio servem de cadea.
Ha na vjlla um asylo de Santa Victoria; um monte-pio dos maritimos, denominado Corpo Santo; uma associao de soccorros mtuos Nossa Senhora dos Remdios;
uma
uma
merciai; escolas de instruco primaria, elementar e complementar, para ambos os sexos, sendo em ambos, infelizmente, a frequncia apenas de 43,4 por mil habitantes.
principal industria de Peniche a piscitoria, exercida por meio de armaes,
da
ti-
camar, para o
da sua collo-
effeito
cao.
Quando
corre a
da appario de
uma
lufada (cardu-
me
de sardinhas) ha
muita animao e
movimento na villa,
no s pela alegre
azfama dos pescadores, como pela
concorrncia dos re-
Alem da
tria
indus-
da pesca, os pes-
cadores exploram
taes como a
outras,
caa aos
ovos
aves maritimas
Berlenga, no
das
'
na
tem custado
ali
sempre to embrulhadas
Na
villa
o ephemero peridico
uma
typographia onde
foi
Tenho
composto
impresso
idea de propriamente
em
u
^B
^B
^L
em
1 Estes
ovos so para comer cozidos, por exemplo os da gaivota, ou para vender por galantaria,
sendo os do airo os roais bonitos.
voi.
II
43
EMPREZA DA HISTORIA DE
33 s
P ORTUGAL
Os
des
Albuquerque.
pessoa de D. Caetano Jos de Noronha e
e ministro da marinha
O 3." conde de Peniche foi tambm i." marquez de Angeja,
sob a presidncia do duque de Saldanha.
e das obras publicas em 1870,
conhecida pelo nome de penicheiros.
Era um agitador politico e creou uma faco
meno o israelita Jacob Roespecial
merece
Peniche
Entre os filhos illustres de
alphabeto
abril de 17.5, e em Pariz inventou o
de
1 1
a
nasceu
que
Pereira,
drigues
L'Epe aperfeioou.
manual dos surdos mudos, que depois o abbade
guiar os barcos de pesca.
Peniche tem desde 188G um pharolim, para
pharol, mais antigo, pois data de 1790.
um
ha
Carvoeiro
Cabo
do
sudoeste
Na ponta
no nosso litoral mais avana para
que
aquelle
Roca,
Este Cabo , depois do da
Contigua
por comparao, da cr das suas rochas.
derivar,
parece
nome
seu
mar.
O
o
Senhora das Victorias.
Nossa
de
invocao
a
sob
posta
ermida
ao pharol alveja uma
Berlenga Grande, a maior do grupo
De fronte do santurio dos Remdios fica a
das Berlengas, que j no i." vol. individuamos.
tradio local quer que fizessem parte
Entre Peniche e estas ilhas, que uma vaga
med^m-se trs lguas de mar profundo e quas.
da Atlntida, l.gando-as com os Aores,
no sem perigos, especialmente denavegao,
a
toda
faz
se
onde
revolto, por
sempre
'
o destacamento de veteranos,
Na Berlenga Grande ha um pharol, um quartel para
valencianas, e ao sul um
armaes
das
trem
para
o
como
barracas tanto Vara o pessoal
ligado ilha por uma ponte.
forte denominado de S. Joo, que est
extenso i.Soo metros, de largura 800,
Esta ilha affecta a forma de um 8, tem de
e dividida de norte a sul
em
parte
mais importante da
uma
espcie
,1
de isthmo.
.
d
de oeste, designada simplesmente por te,
ilha a
^"^Na
Conta
a tradio
pulletti e
Um
em
d'elles tinha
Montecchi.
do drama.
ao
as horas de terno
coUoquio voavam
ligeiras.
o do
No mar de Peniche tem havido muitos e notveis naufragios-como
em 178O; de uma fragata ingleza em 1818; do paquete Koamjma, etc.
cntara
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
339
e irmos.
No
um
Procurando
dos Remdios,
fugir
ou occultar-se, ao
saltar de
rochedo
logar
do
Sitio de
drigo.
Leonor
foi
Frei Ro-
o corpo de
encontrado
erriam no aro da
se
mada
Passos
de D.
Leonor.
Diz-se que a Ju-
Peniche era
que os seus
restos mortaes foram
lieta
de
bella
que
Sant'Anna,
de
pella
fica
fora da villa.
famosa gruta
por degraus
cavados na rocha, e
algumas vezes as baA'
desce-se
romnticas,
nhistas
nos seus passeios vespertinos, preferem este logar memorvel ao panorama da cidadella
ou dos Remdios.
Para contrapor ao drama passional procuremos uma digresso anecdotica, qual a
origem da locuo proverbial, conhecida em todo o paiz, amigos ti# Peniche, com que
se designam falsos amigos.
Duas verses
lher
registei,
oral.
Uma diz que certo juiz de fora de Peniche, querendo ter aproximaes com a mude um cidado da comarca, o obrigara a ir levar um officio ao )uiz de fora de
Alemquer.
N'este
nunca
liz
vira
marido.
destinatrio do officio,
E,
quando o
sem-cerimonia
leu,
desatou a
rir
da velhacaria do collega e da
lhe chamava amigo.
sem o conhecer
um
que
dos
em
amigo de Peniche !
segunda verso conta que alguns
Lisboa por
um
alfacinha, de
como
sujeitos de
quem
se
se diziam
visto jamais.
'
340
Estas anecdotas no
em
podem offender os
maus amigos.
como
Diz-se,
em
touria,
em
cada
E
1
526,
uma
diz-se
um
nome Athouguia
das pontas.
tambm que
o genitivo
um
da
boi,
em campo
Balea
corrupo de a
aqui tivera.
de purpura,
procede
com um
de ter vindo
ali
castello
praia,
em
Mas este facto deve ter tido menor importncia que a convenincia de distinguir a
povoao entre as suas homonymas, algumas das quaes tambm ficam na Estremadura.
foi
cornes.
Parece que, por se extinguir a linha recta d'este donatrio, passou a villa posse
da Coroa: D. Diniz doou a Rainha Santa. *
Na doao primitiva recebeu a villa dois foraes, um para os francos ou francezes
septentrionaes
ses
(fraitci),
em
parte d'es-
povoao.
Tambm
foi,
Succedeu
termo do seu
titulo, e
um
'
Pedro
^
'
quem requereu
e S. Paulo,
um
Coroa
a singularidade
um mar com
a elevao de Peniche a
uma
villa.
caravella
com
S.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Quando
isto viu, a
J41
allegando que a prejudicava a desmembrao, porquanto Peniche, por ser porto de mar,
era rica e populosa, e ella Athouguia pobre e de poucos vizinhos.
Os argumentos parecem-nos
contraproducentes,
tambm pareceram
Coroa, que
desattendeu os embargos.
conde de Athouguia
x."
Dos
foi
em
como
1448.
Athayde, que se
as-
onde reduziu disciplina os chefes indgenas que se tinham reunido com o fim de anniquilar o nosso domnio ali.
Conta-se que regressando metrpole trouxera quatro pipas cheias de agua do
Indo, do Ganges, do
Tigre e do Eufrates,
e que as fizera depositar no seu castello da
Athougia para memoria de que havia abatido com agua as fumaas do interesse.
signalou grandemente
Surprehendeu
em Ga
o desastre de
Alcacerquibir. Filippe
receou da altitude
que o conde tomaria,
II
enviou-lhe
titulo
de marquez de Santa-
rm, que
no ac-
elle
nem
ceitou
recusou.
uma
organisar
em
de N. S. da Ajuda
os castelha-
expulsar
mas
Athayde foram um
tOra morra eu, e
estimulo
Os
como recommendra,
tos na igreja
do convento do
Bom
Assim
."
jaz ao
abandono o que
foi
com
marqueza de Athouguia
foram depos-
depois de viuva
uma
Em
n'um
grande portuguez.
que
camareira-mr da rainha D. Luiza de
a illustre D. Filippa de Vilhena,
Gusmo.
Na
el-rei
D. Jos.
'
el-rei
342
Tinha a
Na
villa
igreja
um
castello, de
'
e de regular definitiva-
6 de novembro; e por essa occasio faz se uma feira, que dura dois dias.
Fora da villa havia um convento de franciscanos, dedicado a S. Bernardino.
Dentro da villa, entre outras ermidas, merece referencia a de Nossa Senhora da
Conceio, no s pelas suas amplas dimenses, como tambm por ser muito concorrida
de romeiros no estio.
Ha irmandade da Misericrdia, com o respectivo hospital; escolas para ambos os
sexos; medico; caldeiras de distillao; varias lojas de commercio; e uma sociedade
musical
Unio i." de dezembro de 1902.
Perto da villa existe um lago, alimentado por uma ribeira, que nasce no sitio do
Brejo, e vem desaguar no mesmo lago.
A Serra de El-Rei, chamada da Pescaria outrora, atravessada pela estrada das
eiro, a
Caldas a Athouguia.
Diz uma trova popular:
Tive um amor na Athouguia,
Outro na Serra d'El-Rei;
Este que eu agora tenho
S por morto o deixarei.
esto
ligadas
pela vizinhana e
pela tradio.
Quando da Serra
mos
d'El-Rei se avista,
em
vendo da barquinha de
um
te-
ares.
sobrenome
d'El-Rei veio
de criao da paves.
com
ter
Inst. e lh:o.
i.*,
pag. 4,
XXII
bidos
A VILLA
villa
do
alto
Tudo o que
bello,
mo
dos arredores.
A antiga cerca de muralhas, damnificada mas ainda resistenforma de ura ferro de engomar, com o bico voltado para o sul e defendido po^
um torreo chamado tone i>edra, o que quer dizer torre velha.
b. Joo V, passando aqui um dia em caminho das Caldas da Rainha, exclamou
apontando para os soUdos e elegantes muros de bidos: Eis aqui um villo com uma
te,
tem
cinta de ouro
No
resisto tentao de
madeira, que o
Panorama estampou ha 65
villa ainda ento quasi totalmente cingida por elle, o que no s reconpovoao inteira tal como foi, mas tambm permitte confrontal-a com o seu estado actual de expanso extra-muros.
Essa gravura, que adeante reproduzimos, mostra-nos um lindo amphilheatro de
casaria virado ao nascente, dentro de um triangulo isosceles de muralhas com seus tor-
de bidos e a
stitue a
ree.'!
tos,
e portas.
e quasi todos
alto
modes-
com duas
torres
singelas.
Raras arvores vegetam entre as casas e as muralhas, como significando que uma
povoao que desabrochou voltada para o sol semelhana dos heliotropos, prefere
a luz sombra, mostrando-se ainda n'isto aquelle villo de que falou D. Joo V, pois
no lhe custava supportar a torreira dos dias ardentes.
-'44
Fora dos muros, como a estampa indica, corre o aqueducto e apparece timidameno primeiro ncleo de edificaes que, para assim dizer, haviam de gerar a villa
nova.
te
Tal
Ao
sul
aldes brancas
como
e formosos.
pomares verdejantes
leste
serra;
figurando
terra
e longes
de
um
mandado
construir
em
um
da Osseira.
Dos trs
rios
um
la-
o Arnoia, passa ao
sop da povoao, sob uma ponte de
pedra qr.e foi construda em 1872, figoa,
d'elles,
candolhe a cavalleiro no
alto
um
tor-
chama lA Serrai.
E'
426 l'orta
um
gracioso arrabalde.
que vinha at
igreja
de S. Joo Baptista.
uma regio penetrada pelo oceano, que para o norte se internava ate Pacobrindo os campos de Maiorga e de Vallado e formando alguns portos como os
de Alfeizero e de Paredes, o que se reconhece ainda no s pela constituio neo-jurassica dos terrenos (compostos de calcareos, areias, argillas e margas) como tambm
Foi esta
taias,
mouros
e pelos portuguezes,
que melhor se sabe que D. Aftbnso Henriques o tomou aos sarracenos em 148,
graas a um estratagema de Gonalo Mendes da Maia, o Lidador, que emquanto o rei
'
sr.
Luii da Gama.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
345
atacava a descoberto, forou, rastejando socapa por entre tufos de gingeiras, unna porta escusa, por isso depois
No
chamada Porta da
reinado de Sancio
heroicamene,
II,
o castello
foi
traio.
mas
re-
ao
fiel
rei.
alcaide,
l^"^^-^^
Rainha Santa, ficando bidos desde ento constituindo apangio das rainhas de PortuFernando, por occasio das desavenas
D.
com
Castella, teria
mandado
fazer re-
Em
1886
foi
filho,
instituto
aqui
residiu
um
em
do-se
'
Cta
um
combate que
Dou em
da sesso
VOL.
foi
em que o
um documento moderno,
castello foi
doado
a esta rainha
44
346
em que
commum.
portuguezas
contra o inimigo
e inglezas
Quanto
como
tempo parou
De mais
uma
Obidosi.
Eu
com
em
manh em que
vira aqui
almoar
villa
do castello
constrangeu-me,
fez
me
perdoar a fealdade da
villa.
Sua Mages-
sempre
leal Villa
d'Obidos, honrando-se summamente de ter sido proem honras * de casamento, foi dado Senhora D.
II,
Kecordando gratamente
a Rainha Santa, e a benemrita Senhora D. Leonor, esposa d'El-Rei D. Joo II, e a Senhora D. Catharina, esposa d'El-Rei D.
esta mandando construir o nosso monumental aqueducto; aquella continuando, por meio das
Joo III;
Misericrdias, a bemdicta misso de charidade publica que a Rainha Santa aqui iniciou, instalando c as
primeiras Gapharias:
leal Villa
com
a especial visita de
bem pobre
nhora, e
d'elles
em
oferenda,
mas
muito grande
to
bem
juntar o
ser a
Me dos
Pobres.
e muito a hemdta existncia de Vossa Real Magestade, e lhe tapete de flosenda de benfico viver, como hemos mester. Assignados, /^rjuciico Manuel
de Moraes da Silva e Souja Jos Maria Pinto Gabriel Gonalves da Silva Alfredo Leite Herei^-a
Viriato Moreira.
Est conforme. Secretaria da Camar Municipal d'Obidos 28 de Novembro
de Mello
Joaquim SMana da Silva Freire Jnior.
de 1007. O Secretario da Camar
anno, pag.
ii.
A XTREMADURA PORTUGUEZA
547
Antigamente tinha bidos 4 freguezias; Santa Maria a matriz, S. Pedro, SanJoo Baptista
Hoje tem apenas duas: Santa Maria, com 1.954 habitantes; S. Pedro, com 2.080.
tiago e S.
As ruas
principaes so
5:
do Jogo da
bola, a
De Cima,
De
Baixo, a Direita e a do
Caminho.
Ha uma
praa,
com um
elegante pelourinho do
casas modestas
tempo de
D. Joo
II, e
um
chafa-
de S. Pedro.
uma
linda
villa
uma
manuelina,
janella
uma
esphera armillar ou
uma
cruz de
fo-
ral,
em
i5i3.
de Santa Maria
igreja
um
tem-
tuda
sujeita
Santiago fora
insti-
feito.
Tem
um
villa
de Misericrdia,
hospital
administrado
ris: capital
dois barbeiros,
chimicos,
uma
Tambm
varias
Casa d'Obidos.
nominal i8:3ooc?ooo.
geral
talhos, sendo
casas de pasto,
uma
'
de
um
muni-
Ramon
alquilaria, depsitos de
Mi-
adubos
Fazem-se na
villa
duas
feiras: a
e a
de Santa
Iria a
20 de outubro.
mas nem
nem
interior
a proximidade da estao do
caminho de ferro, * que fica a 600 metros de distancia, conseguiram transformara economia da villa de modo a garantir-lhe uma superioridade triumphante ou pelo menos
uma igualdade tranquillisadora em relao s Caldas e ao Bombarral.
E no se pode dizer que a culpa seja apenas da sua posio geographica. E' certo
que as povoaes de difficil accesso tendem a immobilisar-se; por exemplo, bidos e
348
recordar, sendo
um
de recente gloria.
d'elles
pai, Balthazar
Gomes da
vulgar-
Querem
Figueira,
comquanto natu-
de bidos, teria residido e casado. Outra opinio inclina-se a que o pai no era
portuguez,
mas sim um
paizagista
sevilhano.
com
elle
a,
que
ella
verosimil a primeira
filha
vindo estabelecer-
com mais
seguran-
viveu e trabalhou.
de
O talento artistico de Josepha revelou-se precocemente, e foi muito fecundo, havendo grande numero de quadros que lhe so attribuidos.
O seu mrito tem sido objecto de discusso. Racksinsky mostra-se-lhe desfavorvel,
mas Taborda, comquanto lhe note alguma dureza de toque, elogia a verdade com que
pintava, e Volkmar Machado reconhece-lhe, pelo menos em alguns trabalhos, extrema
delicadeza e meticulosa pacincia nos pormenores.
Ha vrios quadros de Josepha nas igrejas de Peniche, Torres Vedras e bidos.
Eu
que
me
deixaram
foi
Na
primeira,
anterior
sua
viagem
de
estudo
retratista.
Itlia,
apenas impulsiva
espontnea.
No
vero, era visitada na quinta da Capelleira pelas principaes pessoas que fre-
Que no compondo
So
trs os
desleixados versos.
lettras se
alcancei
noticia escripta.
O
e d'este
Gomes
nista
bacharel Agostinho
do poema heroi-comico
Malhoada.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Aquelle, o primognito, cursou a faculdade de direito
gou
boheraia
foi
J49
em Coimbra, onde
um
se entre-
feitos
1792)
em 4 tomos
D'isto nos
pequenos.
429 Frente da
escolstica de
uma ou
Coimbra
n'aquella poca; e,
como
go de
Maria
foi
recebido
com
agrado,
sem embar-
N'elle andam includas algumas composies poticas do irmo mais novo do auctor,
Antnio Malho, que falleceu em dezembro de 1786.
Um anno depois sahiu da Real Impresso da Univer5dade um volumesinho conten-
3S
ternura fraternal
litteraria e
em
ao prelo.
Francisco Manuel conseguiu, atravs de varia fortuna, formar-se no anno de 1789.
Como
as
especialmente a poesia.
lettras,
Entre as suas obras quero ainda tornar a referirme Mondegueida, poema estram-
btico,
acadmica.
Francisco Manuel falleceu pelos annos de 1816.
de
Deixou descendncia, mas ao certo s temos noticia de uma filha, Maria Zeferina^
um filho, Francisco Raphael da Silveira Malho, que nasceu em bidos a 16 de
maro de
!794. e que,
seguiu o cur-
litterarias,
Este o maior dos trs Malhes, o notvel pregador e fluente poeta conhecido
todo o paiz, mormente na Extremadura, onde todos o designavam por Beneficiado
lho^ pois
em
Ma-
natal.
Homem
fama o solicitavam.
Mas, emquanto pde, nunca jamais deixou de acompanhar o
festas da Nazareth, onde pregava o sermo da Virgem, reunindo-se
attrado pelos gloriosos crditos do orador.
tambm
Foi
devoo do
em
illustre
foi
ter
como
plena igreja.
to profunda
de bidos s
ahi
cirio
em
como
fervente:
ainda o facto de
uma
igreja
com
Olho-Marinho, como
Castilho,
esse sa-
Em
trs
livros
fala
de Malho
com
enternecido respeito.
Vejamos.
Nas
Sceias
da minha
terra
mal se esperava
dois annos;
mitral
em
que devia
fcil
elle
os
homens de propsito
ficar to
o seu typo representava a fora, os seus movimentos a graa, o seu espirito o gnio
um homem
I.
Deus poderia
'.
E'
Nos Contos ao
Havia
c bello!
luar:
um homem cm quem
a crena popular se fixava quando a sua palavra eloquente resoava no templo da Nazareth. Era um poeta e um sacerdote, sacerdote e poeta
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
de toda a sua alma, esse
Desgraadamente
como um
eu encontrei-o
ca, e
do melancolicamente
um
doena no
35 1
uma
canto da igreja.
um
tMalho, era
gnio potico
aldeo poeta.
o que dominou
foi
Alma
n'elle.
No porque
des dotes artsticos e se pudesse admirar n'elles o segredo de Garrett, por exemplo, de
introduzir, por assim dizermos, a pintura e a esculptura na poesia, enlaando as e for-
mando um grupo
indivisvel
como
campesina e christ.
Malho nasceu e morreu em
bidos, n'uma casa pequena e
lyra
uma
serviu lhe
quando
de
ir-
enfermeira,
Poucos,
To
Ningum
propheta na sua
ter-
ra.
Mas,
em compensao, quem
homem
que deu gloria sua terra, embora fosse por ella incomprehen
dido.
Corre na tradio
tyra escripta por
conterrneos; mas
to a villa
uma
sa-
amou
43o Pelourinho
tan-
Pedi
escreve
Pinheiro Chagas
uma
uma
mitra.
um
triste e
como as outras. Por traz dos vidros de uma janella do primeiro pavimento esuma senhora idosa, que nos encarou um instante com um olhar melanclico, para
simples
tava
um
famlia,
timalo
sar
elle
'
menos
Emquanto vivo
em cam-
in-
scripo ao
publicada
foi
uma
& C*
serie
de 16 sermes;
Thomaz
em
[876
com
Teixeira
Ramalho
dados a
padre Cardoso, na
(1845),
Mas em edies subsequentes fez honra eloquncia do beneficiado Malho incluindo n'aquelle livro um fragmento do sermo pregado por elle nas exquias do Conde de
Barbacena em Lisboa na igreja de S. Vicente de Fora, anno de 1854.
E j agora deixem me dizer uma coisa a respeito da i.* edio dos Lagares selectas, esse excellente livro escolar depois substitudo por outros que valem menos.
O meu exemplar tem no reverso da folha branca as iniciaes J. C. M., manuscriptas com apuro calligraphico
Palpita-me que este exemplar seria aquelle por onde Jlio Csar Machado comeou a familiarisar-se com os clssicos portuguezes, pois que o Jlio tinha n'essa poca
dez annos e frequentaria ento o coUegio dos Pontes de Athayde a Santa Martha, d'onde
passou para o Collegio Militar e depois para o lyceu nacional de Lisboa.
Ha em bidos algumas inscripes poticas de Malho: uma quadraro p da imagem de Nossa Senhora do Rosrio, na rua do Caminho, junto muralha; e um soneto
na memoria que representa Nossa Senhora com o Filho nos braos, sahida da villa
pela estrada de Peniche.
Foi esta
'
villa erigida
em
De ento
at hoje
tem havido
milia.
O I." conde foi D. Vasco de Mascarenhas. Casou em Hespanha com uma sobrinha do cardeal La Cueva; e passou a segundas npcias com D. Joanna de Vilhena, sua
parenta. Reconhecendo a independncia de Portugal, foi por D. Joo IV nomeado governador do Algarve, do Alemtejo, e da ndia. No reinado de Affonso VI foi vicerei
do Brazil, e na metrpole exerceu altos cargos polticos e honorficos. Comtudo os seus
mritos pessoaes no se assignalaram
2."
em
parte
nenhuma.
em
1069
com
condessa de Palma
e 4.*
condessa de Sabu-
3."
D. Brites Mas-
gal.
Fora da
'
Foi reproduzida na
Lyra
christ
nSo
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Por
este
casamento se reuniram na
mesma
353
bugal e Palma.
alcaide-mr de bidos e Selir do Porto, conselheiro de estado e
Joo V.
Morreu a 4 de janeiro de 1719.
O 3." conde, D. Manuel de Assis Mascarenhas, foi meirinho-mr do reino, brigadeiro de cavallaria, gentil homem da camar real; e teve as honras de parente.
Adversrio politico do Marquez de Pombal, esteve encarcerado no forte da Junqueira, onde morreu.
D. Fernando
foi
-.r^t^j
|r^i^-^:^'';^vV;
43i
bidos Fa:-siinil
Panorama
ditos
chistosos e picantes
rei e
da rainha.
em
que no
4.
pai, foi
foi
par do reino
em
Morreu
a 5 de fevereiro de iSSg.
Deixou apenas uma filha, D. Eugenia de Assis Mascarenhas, que casou com D.
Pedro de Sousa Coutinho, o qual teve o titulo de conde de Sabugal, e o usou.
D'este casameato nasceram dois filhos; o mais velho foi:
O ()." conde de bidos, D. Manuel de Assis Mascarenhas.
A elle se refere Jlio Csar Machado quando diz na Vida alegre: De uma das vezes que fiz viagem por terra (a Pariz) tive por companheiro o conde de bidos e Sabugalna sua famlia o titulo de uso alternar, e ser Sabugal n'um e bidos no outro,
ral
com demasiada
frequncia.
triste sina
354
Os homens fatalmente destinados a morrerem moos so dotados de uma especial trisem que parece de alguma maneira sentir-se o frio do tumulo.
U. Manuel falleceu solteiro, com 25 annos de idade, a 18 de dezembro de 1866,
teza,
na
ilha
Depois da sua morte, o irmo mais novo, Luiz de Assis Mascarenhas, usou o titulo
de conde de Sabugal e foi pai do:
7." conde de bidos, D. Pedro de Assis Mascarenhas, que era segundo tenente da
armada,
Os
em
um drama
1902,
com
passional
27 annos de idade.
em que
volvido.
A mo
de S. Francisco de Paula.
Este palcio, mandado edificar pelo
i."
conde no sculo
xvii, foi
um
vendido
em
hasta
particular, ao qual
el rei D. Luiz I o comprou fazendo para isso instancias, a fim de o offerecer sr.* DMaria Thereza de Mascarenhas, irm do 6." conde, sendo este ento camarista de sua
magestade.
Assim voltou o palcio posse da familia dos Mascarenhas, que principiou a ser
infeliz na pessoa do ultimo duque de Aveiro, seu ascendente.
Nos arredores de bidos ha algumas quintas e propriedades notveis.
Desde j mencionarei a das Janeilas, comprehendida na freguezia de S. Pedro:
n'ella falleceu de uma clica o infante D. Francisco, irmo de D. Joo V.
N'esta quinta, que hoje pertence ao sr. Luiz da Gama, esto encorporadas no s a
antiga quinta das Flores
onde ainda so visveis algumas runas da casa outrora habitada pela rainha D. Leonor mas tambm a cerca e igreja do extincto convento de S. Mi-
Na
igreja,
onde continuam
do
a celebrar-se os actos
pintados por
culto, conserva-se
um
dos me-
Josepha d'Obidos.
1:500-^000 reis,
mas o
antigo
uma
era do
Elrei
D.
elle
proprietrio, Faustino da
Ha
convento
com as mesmas
cia
Diz-se que esta quinta, que foi solar dos Alarces, deve o seu nome circumstande ter o palcio e suas dependncias 365 janeilas, includos n'este numero tambm
nheiro, filho de
vincola,
uma
pertencente
uma
importante produco
Le Portugal au
Na
A
ta
rua do Alecrim,
em
uma boa
casa de habitao.
nome do
um
logar assim
chamado tem
adjun-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
quinta do
Bom
Successo, situada na
Pertence hoje ao
Manuel da Cunha
sr.
355
bella
e S, elrei D.
quinta
4'}:
-;vui
;iir
J.i
c.ipella de S.
Martinho
Um
Ali
Pedro
e a princeza
setembro de
1782,
como
em
mesmo
fim,
el-rei
1761
consta de
Pedro V em
Augusto por varias vezes.
quinta; elrei D.
infante D.
da Beira
D. Maria
um
I,
D. Pedro
356
homem
mais tranquillo, mas d'ahi a dias pensou que seria sonlio e tornou a desanimar.
mesma voz voltou a dizer lhe Vai amanh ao tribunal que l estar a sentena escripta com sangue t. E assim aconteceu, espalhando-se logo a fama do milagroso caso. Na pedra d'onde a voz sahia foi descoberta uma imagem de Christo todos estes
elementos tradicionaes explicam a construco do templo, que principiou era dezembro
de 1740, segundo o risco do capito Rodrigo Franco, architecto da mitra patriarchal,
e continuou custeada por esmolas, entre as quaes avultaram as que el-rei D. Joo V
Ento a
offereceu.
A
ficou
29 de
sempre.
abril
de
foi
1747
assim
Jlio Csar Machado, continuando a falar d'este santurio, diz ainda: i...egreja
do Senhor da Pedra, de uns resaibos de architectura no estilo italiano, mas sem a cr
grandiosa que as suas propores em verdade notveis exigiam. Fazem falta as torres a
esta egreja alegre e elegante, uma das mais bonitas que tenho encontrado. As suas
quatro frentes, o seu telhado vidrado, e as suas paredes alvas de neve, destacam gentilmente.
O interior do templo espaoso e festivo, mas a imagem do Senhor por
tal forma grutesca e desforme, que a impresso mais solemne e grave corre o perigo
de se transformar n'uma impiedade.
Comquanto irregular no estilo, a architectura do santurio surrptuosa e solida.
Ella caracterisa perfeitamente a poca de D. Joo V pela grandeza, symetria, e seguprincipalmente o rei em fazer mais uma grandiosa basrana. Parecia que se pensava
lica. Diz-se que as torres, que deviam assentar sobre os dois corpos lateraes, subiriam
a grande altura. E to seguros ficaram os alicerces, as paredes e a cpula, que tudo
.
resistiu
ao terremoto de 1755,
D. Joo V,
No que
em
se
menos
se conseguiu
uma
reis').
struco, porque
posa funco,
'
com
arraial e feira.
.43-44.
um pom-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
um
JD7
quem
visita as
Caldas da Rainha.
uma
aldea triste
em
terreno magro,
chamada
um
brao de
nuas.
Porque
comquanto ampla
infunde no espirito
uma
certa
de
e rica,
quietude vasta-
mente morta.
Eu
estive
ali
em
apontamentos:
Cheguei Foz do Arelho ao cahir da tarde. A lagoa principiava a esbater-se
na penumbra, n'uma doce
tranquillidade. Os pescadores
recolhiam nas bateiras, que
singravam mansamente. Mulheres e creanas esperavam-
nos sentadas na
as creanas,
aproximar-se
areia,
mas
um
trem,
fize-
chegando
a engalfinhar-se
nas portinholas.
E na grande paz da
la-
Ponte do Arrabalde
tambm recebeu
impres-
so idntica:
um panorama
mas
as suas
margens ridas
escalvadas apresentam
desolador.
De inverno deve ser tristssimo aquelle sitio. Ento a lagoa to serena agita-se
o rumor da procella, a chuva tolda os horizontes e os pobres habitantes
da Foz do Arelho e dos outros casaes dispersos pela margem, vivem to afastados do
mundo como se estivessem no meio de serras invias e inaccessiveis. ^
A lagoa, que tem um desenho irregular, mede de norte a sul 3 '/^ kilometros, e
tambm com
em cem me-
tros. *
dos,
'
A Foz tem uns 100 fogos, e o Arelho, outro logar que lhe fica prximo, junto estrada de bitem apenas uns 40. P"oz do Arelho uma expresso geographica, porque as povoaes sio duas, e
separadas.
2
'
'
Baptista.
alem do marisco, ostras e mexilhes, que se colhem nc seu mbito hoje menos
abundantemente do que outrora.
Comtudo, a lagoa ainda oferece no estio uma attrahente distraco aos frequentadores das Caldas que gostam de pescarias, de caadas ou de pic-uics.
Vamos agora saborear a nossa merenda no pittoEsta palavra cai a propsito.
resco sitio da Cabana, dentro da quinta do Bom Successo, embora j falte a vasta mesa de pedra, que foi n'outros tempos prerogativa de reis.
Ao menos a sombra no faltar profunda e deleitosa.
No ha duvida que a lagoa um brao de mar, Mas no vero, a foz ou aberta,
como l dizem, costuma assoriar-se, sendo preciso remover as areias custa de esforlhas,
Na
varias
mas
e Arnoia, e
insignificantes ribeiras.
ali ele-
gantes casas de habitao, para seu uso, os srs. conde de Almeida Arajo, Francisco
Grandella e dr. Moyss. Actualmente, aquelle mesmo titular mandou construir, junto
da praia de banhos, um magnifico edificio para holel (systema suisso) e outros para
garage e estabelecimento de banhos quentes. Ha estao telegraphica e posto da seco
fiscal.
So melhoramentos recentes
e vitaes.
uma populao
vinho,
cereaes,
fructas
total
e judicialmente
legumes, e tem
um
importante commercio de
aguardente.
vamos
visitar.
II
AMOREIRA
A
freguezia da Amoreira
habitantes,
comprehende
trs legares
Amoreira,
Rego Travesso.
O
boriz a
uma
em
Innocente pastorinha,
L nos dias do passado,
Pelas veigas de Bobriz
alcantil
Foi n'esse
Apoz
sitio,
agora culto,
N'essa ra de poesia.
elle a
pastorinha
da Ferraria.
tempo
E no tronco cavernoso
V a imagem de Maria
D'um loureiro magestoso.
distante,
A EXTREMADURA POBTUGUEZA
Como sempre
uma
em
359
capella para a
imagem
mas
melhor templo, e assim se fezN'esta construco prevaleceu a memoria das catacumbas em que os primeiros
christos soffreram por sua f, pois que ficou o templo meio soterrado para lembrar
esses remotos e piedosos successos:
crescendo os auxilios da devoo, pensou-se
Do
singular construco:
poema
soa de
um
Comeou
fabricar
a ser
chamada
um
Senhora d'Aboboriz.
-'
T~~~-
,--
repatriasse.
uma
corrente
de ferro a
^K^
uma
pedra.
Para eterno monumento
Do premio de tanta F
Inda no Templo a corrente
E a dura pedra se v.
O
situado
logar da
um
Amoreira
est
kilometro a oeste da
margem esquerda do
rio
Real, na
da cabea do concelho 5
kilometros, a sudoeste.
Tem
bos os sexos.
Houve
frades
aqui
um
convento de
vam frequentemente
43-1
os frades por
Padre
i.*
olleco dos
so
Para o frontispicio da igreja escreveu Malho a seguinte legenda, cujo ultimo ver
supponho andar adulterado nas copias, o que no pude verificar:
em
36o
Ao Corao de Maria
Sempre Puro e Immaculado
Pelo povo e seus amigos
Foi este Templo consagrado.
Malho era menor poeta que pregador, tem por vezes desleixes de
mas no creio que lhe escapasse o defeito do ultimo verso.
Esta inscripo deu origem a um pasquim, que nunca tambm pude
Malho respondeu com um artigo.
No
Nascem
uma
metrificao,
vr, ao qual
aqui
der-
matoses.
Ha
III
BOMBARRAL
A
uma
tem 2.65
plancie
habitantes.
na margem esquerda do
rio
Real.
menos de 20
Hoje
em
linhas.
uma
com-
mercial.
constituio geolgica
bom
quando
sem
a areia e
Sabendo
te ligado
por
tirar
uma
rede de estradas
a serra
l-
guas de distancia,
regio
frtil e
com
Lisboa.
Os viticultores esmeram-se nos processos de vinificao, no s no fabrico dos vinhos de pasto, como no da aguardente, que tem grande procura nos mercados tanto
do sul como do norte, especialmente do norte para tempero dos vinhos do Porto.
Na estao do Bombarral o numero de pipas despachadas annualmentc ora por
35 mil a 40 mil de vinho e 5 a 6 mil de aguardente.
Na povoao
la
sua vastido e movimento: refiro-me aos Grandes arma^ois de Saiilo Antnio, que
so de Jlio Tornelii, e
loja
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Tem
uma
lias
ambos os
sexos,
em
consultrio medico,
um
syndicato agrcola,
As aguas so excellentes e o clima muito saudvel, motivo por que algumas fam'
de Lisboa procuram o Bombarral para veranear.
igreja parochial
construida
foi
em
que
um
escola para
foi
uma
capella da
com o terremoto
de i53i
sitio
mesma
invocao
o cemitrio da freguezia,
<(33
Na
matriz actual,
uma
BombarruI Um
trecho
terremoto dizendo:
A XXV DE JANEIRO MDXXXI TREMEO A TER
templo comprehende duas capellas que foram mandadas erigir por famlias nose verifica pelos seus brazes de armas, que so os dos Gorjes, hoje repre-
como
bres,
sentados pelo
sr.
dos
No
dia 2 abril de igoS verificou-se a inaugurao de dois sinos, adquiridos por sub-
palcio dos Gorjes fica na rua-estrada de Torres s Caldas por bidos, fron-
teiro ao palcio
Torre.
No
capitulo seguinte,
relativo
freguezia do Carvalhal,
daremos
noticia da bella
por aqueila.
ambas administradas
So
VOL.
ria e a
duas capellas,
um
qual
recinto fechado,
j foi cemitrio.
46
362
que
elle
occupou
hoje
ali
edif-
do Bomjardim.
Funccionou
particular.
at 1834,
poca
em
foi
nome
de Ar-ca de No.
em
Sernache
attin-
sitio
O
legio
com
dotou o
col-
e,
em
porta-
de 27 de novembro de i85o, o governo cedeu a parte superior do extincto Recolhimento do Amparo, Mouraria, em Lisboa, para n'elle ser estabelecido um collegio firia
lial
Em
i853
este reaberto.
foi
So duas as irmandades constitudas na freguezia do Bombarral, a saber: a do Senhor dos Passos, que realisa a respectiva procisso no penltimo domingo da quaresma;
e a do Santssimo Sacramento, que celebra todos os annos o Corpo de Deus com festa
de igreja e arraial,
Fazemse no Bombarral duas feiras, uma no principio de fevereiro, chamada de S.
em de agosto.
Ambas costumam ser muito concorridas e animadas.
Na Praa de S. Joo efFe:tua-se todos os domingos um mercado,
Braz, e outra
copiosamente
Os
e outra
regeneradora,
mas
fundirara-sc
reiras, Portelia,
dos AfHictos.
s primeiras casas da
Como
de Leiria,
se viu, esta
ricas,
prosperas
e activas
do
districto
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Com
Por
isso se
villa e, talvez,
3G3
villa
barral.
Ao
passo que bidos allega as suas tradies histricas para manter o predominio
ra e
de^agosto
com amargura
o tempo
em
que, dizem os
Os
encargo.
d'esta povoao,
elles
No Bombarral houve um
barrai., e foi seu redactor
Actualmente, publica-se
bm
redactor o
mesmo
Clamor do Bom-
Joo Monteiro.
sr.
uma
folha republicana
Monteiro.
com
o titulo
.ui4
IV
CARVALHAL
A
com
uma
casquilha alde.
Muitos
mendam
titulos
honrosos
IO kilometros, e da estao do
recom-
e enfeitam.
sua situao
Bombarral
na
pittoresca,
villa
3,5.
margem
do
direita
rio
uma
Real, sobre
ribeira
milagres da
Desde
imagem como
j
uma
Estamos em terreno
advertncia.
da vida de Jlio Csar Machado, que se creou n'um logar d'esta freguezia,
vos,
posto
elle
sei
bem
por
qu talvez
Dos Rui-
mais tom.
Julio^nasceu em Lisboa, a i de outubro de i835, mas foi para A Dos Ruivos aos
annos de idade, e ali lhe decorreu a infncia at 1844. Depois veiu para Lisboa
estudar preparatrios, porque o pai o queria fazer medico. Nisto, ao menos, me pareo
com elle. A morte do pai Machado em i85i e tambcm a balda litteraria do filho como
trs
No podemos,
me
visitar a
Mas durante
toda a sua
ali.
ter
Vedras.
Sobre
a porta
a seguinte quadra,
que
foi
com-
Oh
Que
por ns balida,
Dai-nos a mo, ajudai-nos
A subir eterna vida.
Uma
'
-'
j foi
Parochiar
A vidii alegre,
pgs. i3i
um homem
i3a.
do Carvalhal.
fora encontrada
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
tambm
gente da Athouguia e
gem
3G5
ter corrido
um
que a ima-
pertencia ao achador.
Este trouxe-a, muito contente, para a sua terra, onde logo se tratou de edificar-lhe
templo no mesmo logar em que estava uma ermida de S. Pedro, de modo que a
ermida ficara dentro do templo, e s foi abatida quando a construco do templo ter-
um
minou.
D'aqui veio que ha dois oragos da freguezia, S. Pedro e o Senhor Jesus, com-
Mas S. Pedro
As romarias
official.
ao
uma boa
feira.
Senhor Jesus
A
e
tanoeiros
que
em
os ha
grande
rea-
em
honra de
S. Jos, a 19 de maro, havendo mislisa
sa
brilhantes
cantada,
festas
procisso,
arraial
com
oblige.
freguezia
os logares de a
calvo.
Salgueiro,
comprehende mais
Dos Ruivos, BarroSobral
Sangui-
^3--(a-,ad<.-
Juii..
cai Macaduna ho
kui*,,,
nhal.
Vamos
Em
Dos Ruivos.
visitar a aldea a
da minha
Alluso affectuosa
me que
vivia ainda.
Mas
A
em
mundana de
3o de setembro de 1876 fallecra n'aquella aldea Dos Ruivos, onde tinha nascido
me de Jlio, o qual lhe assistiu at aos
ltimos
momentos com
inexcedivel dedicao.
um
dos
do seu tempo, filho de uma rica viuva, D. Gertrudes Prophyria da Purificao da Costa Machado.
O pai de Jlio era geralmente conhecido em Lisboa por o cognome de o filho da
viuva.
'
Pag.
ii',.
e instrudos
3G6
uma
excessiva boa
f e
dentro de alguns annos elle visse muito reduzidos os seus largos haveres.
Depois de 1876, a casa da Dos Ruivos comeou a ser uma solido cheia de dolorido
encanto para o Jlio, pela viso retrospectiva de melhores dias e de entes queridos;
em 1880, aos 45 annos, o cansao do m.undo contribue tambm para tornar-lhe mais
bello o aspecto d'essa
e
o escriptor
fala
no tem,
amado
sido
e celebrado por
um
e inconfundvel.
Como
todos os intellectuaes
a titulo de curiosidade,
uma
em
Portugal, Jlio
comeou por
fazer versos.
Vou
dar,
E eu
esperava... esperava!
(Fabiako le Blanc).
Vi
nos cos
Que me
Deu-me
uma
estrella,
fitava a sorrir,
Vi meiga
e linda donzella.
dar
Aquelia estrella a
E oh
Mas
luzir.
Mas
De novo
Bem
a estrella
brilhou!
Que algum me
'
'
havia damar,
Ah
vi
S no
seu corao
I7.
li
estrella se ia offuscar
N'este
Eu
mundo, nem
posso alimentar
espVana
!
'.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
36;
Por esse tempo, 1849, tentou, tambm infantilmente, o theatro, escrevendo para o
comedia n'um acto Umas calas de lista.
Tres annos depois ensaiava o romance publicando Cludio, A mulher casada, e em
i853 Estevo, paginas da ultima noute da vida\ 'Paulo e Eslrella d'alva.
A propsito direi que no romancesinho Paulo se encontra, rapidamente contada, a lenda etymologica da sua alde: Ha no caminho das Caldas um logar pequeno, mas que nem por isso se pode chamar feio, e que tem o nome de Durruivos, cuja
etymologia passa por duvidosa; os mais versados em cousas da antiguidade asseveram
que se devera dizer Dos Ruivos em consequncia da maior parte d'aquella povoaosinha
pertencer a uns taes fidalgotes, que, valha a verdade, tinham por alcunha Os ruivos.
Jlio, a breve trecho, desanimou na poesia, talvez por se reconhecer ahi medocre
do
Salitre a
'
bom
No
Para
ter as
as melancias: mui-
ou nada.
rheatro, depois
as eleies.
As
a ser feliz
um
no
entre- acto
cmico
tsuccesso de estima e
que
trazia
em
Jlio
scena.
poesia
um
e theatro
infeliz
cachc-ne^
seu caminho,
procurou outro.
foi
talvez a
lher casada
dedicado
N'este gnero
carreira,
foi
grande o
Jlio,
pequenos.
nem
a graa
espumante
'
falando
como
escrevendo.
Semana por
interveno de Camillo.
Veja-se, nos Esboos de apreciaes tilferarias, o artigo que se intitula "Jlio Csar Machado.
'
litteraria.
368
Comprehende-se que este escriptor, assim dotado de exuberantes disposies natuchamada ligeira, nunca tomasse relaes intimas com o chrnicon fradesco nem com o pergaminho bafiento, mas antes lhe preferisse a vivacidade,
raes para a litteratura
mestres no gnero.
humor dos livros francezes
Ademais, o facto de ter sido durante alguns annos traductor eftectivo do repertdo Gymnasio feio tomar ainda maior gosto pelas altas qualidades litterarias da
a ironia, o
rio
Frana.
um
defeito? Elle
se
subtil
franceza,
lingua
"
todo o mundo.
Como
cdio
de, dois
triste
sar
acontecimento, Jlio C-
e mais que
nunca susceptvel, combinar
com sua mulher uma tragedia
de desespero que os devia vi-
ca melanclico
ctimar a ambos.
Foi
438 t.ntrada da
1890,
em que
um
12
de janeiro de
domingo
hora
Lisboa,
'
Jlio
pes decisivos.
N'esse
mesmo
dia, portanto,
sr.*
funestamente assignalado
cm
um
Jlio:
em
10 de
novembro de
Dos Ruivos,
sr.
dr.
em
Lisboa.
A um quarto de lgua do logar Dos Ruivos fica uma quinta notvel, a dos Loridos.
com uma bella matta, vastos jardins, excellente casa de habitao, entrada nobre, c
uma capella espaosa e clara, onde costuma ir ouvir missa algum povo dos arredores
mais prximos d'esta quinta que da
'
iitre
do Senhor Jesus.
Este prdio, que na~travessa do Moreira (hoje rua Jlio Csar Machado) faz esquina para o S.icom a casa na Dos Ruivos, o resto da minguada heran
pHterna. Foi
DO
igreja
2.
um
prdio habitado, no
Rangel de Lima, no
3,
Jlio.
litteratos:
no
i."
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
369
Os Loridos
disse Jlio
so uma propriedade extensa, bem cuidada, abundante de arvores e de vinhas, e famosa peia sua matta, da qual o povo diz com respeito:
S os medronhos que l ha, do para as vindimas! Dezesete cascos, de aguar-
Em
como era
costume
em
um
aposento para
todas as grandes
casas.
capei-
chamado dos
li-
moeiros.
de romper
em
alarido.
m.
coisa
Certo dia
um
maspreveniram-n'o doque
se passava. Elle sorriu, desdenhoso.
Alta noite ouviu rumor no aposento,
pegou na espada e, por estar s escuras,
da. Deram-lh'a,
coruja,
439
ficou
nome
Jlio Ceaar
Machado
casa e quinta.
Referindose ao vinho produzido na rea do logar Dos Ruivos (400 a 5oo pipas)
em 1880 Jlio Csar Machado: E' vendido quasi todo casa Fonseca, do
Sanguinhal, a qual, de sua lavra, tem umas poucas de mil pipas; obrigou-se este anno
a dar todo o vinho para o consumo do Par, e gasta, por dia, s no que paga aos seus
empregados, setecentos mil reis. *
Sobre a casa Fonseca, do Sanguinhal, ainda Jlio Machado nos d mais algumas
interessantes informaes dizendo que dois filhos d'essa familia, D. Sophia da Fonseca
e Paulo Romeiro da Fonseca, que chegou a ser muito conhecido em Lisboa e estimado
pelo seu merecimento -, tiveram como preceptor o beneficiado Malho logo ao principio da sua carreira ecclesiastica.
escrevia
'
A
A
VOL.
47
como
do principio de
se v
uma
Collinas do Sanguinhal,
Doces margens do Fames,
Inda excitaes em minha alma
Saudosas recordaes.
em
deputado s cortes.
foi
Malho honrou-lhe a memoria n'uma sentida necroque sahiu estampada no Dirio do Governo de 18 de outubro d'aquelle mesmo
Quando
logia,
elle falleceu
1839,
anno.
o Sanguinhal no , a bem dizer, mais do que uma obra produzida pela dydigamos d'esta familia ainda alguma cousa.
Paulo e seu irmo Francisco eram filhoi de Francisco Antnio da Fonseca, proprietrio e lavrador no Sanguinhal, e de uma senhora de appellido Romeiro, que julgo
Como
Paulo entregou-se
politica,
morreu antes do
pai,
na quinta de Tagarro,
em
Romeiro, que no s desenvolveu muito a exportao de vinhos para o Brazil e Livermas tambm fez grandes benefcios ao logar do Sanguinhal, onde edificou uma
pool,
No
um
aqueducto.
uma
laborao annual de 13 a 14
rea de terreno.
nome,
um
filho,
do
mesmo
actual administrador.
Paulo e Francisco Romeiro tiveram trs irms: D. Maria do Carmo, D. Gertrume do importante e j fallecido viticultor das Gaeiras Jos
Pinheiro.
No
sahirei
aos casaes do
do Carvalhal sem
sitio
lenda:
referir ainda
sar a
em
me
lobo!....
sitios a visitar
um compadre
publica
'
te
homenagem
alde
em que
38.
meu
pobre,
te creaste, e
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
371
A DOS NEGROS
Afreguezia,
com
i.35i habitantes,
Bom
est
villa
sobre
um
de bidos seis
kilo-
situado
jetus da Pedra
de e Sanclieira Pequena.
D'onde
razo do caso:
."72
Parece que nos primeiros tempos era esta alda senhoreai a uns fidalgotes de cr
puzeram de alcunha os negros. Hoje j nem se sabe alli de tal
familia, e o povo do logar reduz-se a trabalhadores d'enxada, e a cabreiros; todavia
'
dizer-se
lenda dos fidalgos negros parece cahir pela base deante d'este trecho de folhetim.
ele-
algo sinistros.
Tambm
Jlio
uma
Sorri
de uma alma o olhar d'ellas n'esse instante; o pastor acercou-se e viu n'uma toca
da arvore a imagem da Magdalena; ento, como contasse isso aos outros guardadores
de cabras, a noticia espalhou-se, e a gente dos arredores fez levantar sombra do so-
vir
breiro
um
d'elle!.. .
que
para o Folklore.
Jlio
as
lendas de
com
celebrar
Merece
o
humilde
dar-lhe a honra de ser a ptria d'aquelle Pedrinho dos Contos ao luar, filho da se-
amava
um
Como
ella
De mais
tente:
memoria de uma impresso de theatro insistente e persisapenas esboada pela saudade de outra mulher no romancesinho
a mais essa
a encontro
Eslevo.
A Dos Negros quero dizer por ultimo que coraprehende vaque no logar da Sancheira Grande funcciona uma escola para o sexo masque se faz aqui uma feira chamada de Santa Magdalena a 22 de julho.
Sobre
a freguezia de
rias quintas;
culino; e
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
VI
ROLIA, SOBRAL DA
E'
uma
No
localidade celebre
Rolia.
1)41
-Runas do
como
pela
memoria
histrica
infligiu n'esta
bidos
caslello de
de bidos
LAGOA E VAU
em
374
Junot, perante o duplo perigo que lhe offereciam a insurreio popular e o exerprocurou concentrar todas as foras em torno de Lisboa.
general Delaborde sahiu da capital com uns 7.000 homens para se reunir a Loi-
cito inglez,
son,
As
tropas
mas tambm
a Columbeira,
um
mon-
a sudoeste da Rolia.
te,
A's tropas
portuguezas
coube
S.
Ma-
mede.
Uma
Delaborde,
receando
compro-
na Columbeira.
O
tentado
442 bidos Uin trecho
combate travou-se
de parte
com
quatro horas,
a parte,
brio
rijo,
sus-
durante
bravura,
desproporo nume,
rica dos dois exrcitos inimigos. Mas Delaborde foi obrigado a retirar da Columbeira
para Zambujeira dos Carros, como j havia retirado da Rolia para a Columbeira; e
por ultimo a tomar a estrada de Torres Vedras, tendo deixado no campo 5oo a 600
homens, mortos, feridos e extraviados, bem como trs peas de artilharia.
no obstante
litoral
Em
inglez
Sacred
To
the
memory
of the Jlon.
Lieut. Col... G. A. F.
2y Rev.
who
fcll
Lake ofthe
at the heatl
of his corps
in
enemy from
lhe heights ol
driving the
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Em
i
375
memoria do
il.
tenen-
tc-coronel G. A. F. Lake do
accomettendo o inimigo
nas alturas da Columbeira
no dia
17
de agosto de 1808.
monumento
pelos
em
commemorar
feitos
To
plausvel
alvitre foi
Custance, tenente do
sr.
i.
mandando
de lim bravo
em que tomou
communcado pelo
sr.
batalho Worcestershire,
monumento da
mas tambm
Christovam Ayres ao
mas nascido em
sr.
Alfredo
Portugal, e filho do
restaurar o
official inglez,
sr.
uma
Walter Custance,
monumento restaurado em
guintes.
No
Worcestershire Reg
in igoS
Na
Restaurado
pelos ofQciaes do
Reg. 29
i.
Bat. Worcestershire
em
igo3
com o nome z batalha da Rolia, porque ahi comeou em verdade, postoque a sua parte mais brilhante se desenrolasse durante o renhido ataque forte posio da Columbeira.
O nome de Casaes da Victoria dado a outro logar da freguezia da Rolia perpetua certamente o momento do triumpho para o exercito anglo luso.
ninsular
do Vimeiro, de que
depois, a
esta batalha succedeu-se, quatro dias
falamos no
sexo masculino.
Funcciona na freguezia da Rolia uma escola do
da Rainha, quizer ir visitar o moSe o kitor, estando alguma vez nas Caldas
que lhe offereo aqui:
numento do tenente-coronel Lake, acceite esta indicao
A duas lguas das Caldas para o sul
encontra a Rolia, onde dever deixar a estrada que segue para o Bombarral.
D'ahi at Columbeira o caminho
O
com
concelho
de
bidos completa-se
Lagoa e
freguezias de Sobral da
as
que so pequenas.
primeira dista da cabea do concelho
habitrs kilometros, para oeste, conta 678
tantes, e tem por orago S. Sebastio.
do
V^au,
uma
quinta
chamada
da Cumeira.
No nico legar da freguezia (porque o
mais so casaes) funcciona uma escola para
o sexo masculino.
dade.
comprehendida a quinta do
que pertence ao sr. Paes Abranches.
Vau ha uma escola do sexo feminino.
Bom
Successo, a que
nos
referimos, e
No
XXIII
Caldas da Rainha
villa
uma
Jlio
em
com
Ramalho nas
Farjpas^
cezas e allems.
Entre os escriptores extrangeiros que teem passado pelas Caldas, citaremos um,
s porque esteve ali ha poucos annos (1896), mas tambm pela
madame Adam, no
difficeis
ala
mens.
Pois bem.
ie
Madame Adam
das Caldas
fala
como de
Chama-lhe cidadesiuha;
Comquanto desde
1886,
mais adeante
cite jolie
em que Ramalho
linda
cidade.
um
pouco
em moda
o Vidago;
el-rei
gadas.
Mas
'
as Caldas da Rainha
La palrie porlugaise,
VOL.
i.
no opsculo
vol.
nem
da
A fabrica
2.*
pag. 354.
48
578
em
reno ou baixado
nem ccmo
ter-
cotao.
e fatigante a
sem
ali
foi,
Hoje, de Lisboa s Caldas da Rainha so, pela linha de oeste, viagem directa, ape-
de espirito, porque a
villa est
villa
sem
nem
subir
descer e
como
se
mas sim o
logar onde
Praa
edifcio
nem
disposio
com boa
liga-se
defronta
por
D. Carlos
I,
e,
que
da luz elctrica
parece
uma
Desde o reinado de D. Joo V at hoje a vida thermal das Caldas tem acompanhado a evoluo dos tempos e, portanto, as modificaes dos trajes e do trato social;
mas o caracter galante e frvolo pouco se tem alterado, como se v do opsculo em
verso
Vero nas Caldas
publicado em 1806 e composto por Francino Obidense,
se exceptuarmos os frades que Deus e o Aguiar levaram, pelo que os supprimimos
'
na transcripo;
tambm
No bando das Nynfas bellas
Humas ver mui rosadas,
E muitas muito amarellas.
Saber
Ver
quem tem
lombrigas.
Marte,
Tem
cardume, e rebolio,
estas aguas
guerra co'Solimo.
A's
Quando
as
Madamas
Como
Narcisos
S'esto de
Hum
No
relance, ao
reinado de D. Joo
Ao cabo
quantum
II
satis
si
fonte,
namorando.
chego.
a iVf, outr'a Corilla
Dizem
Vamos, de
d'ilharga,
Em
Dar
ao caro
alii
ardor,
Ou
fortes Militares,
No ousSo, porque
Assente-se
Que
chistes
narro petas,
de historia.
Gomes
da Silveira Malho,
pai,
como
uma
casa
em
sabemos, do fam
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
379
cabidas, sem haver nos arredores mais que mattos maninhos, ameaes a
quaesquer terrenos de lavradio.
Mas havia no logar algumas presas ou poas de agua clida, que talvez estivessem
dentro d'aquellas casas arruinadas ', a qual agua clida sahia fumegando, e os povos
circumvizinhos procuravam-n'a especialmente para tratamento de rheumatismo ou frialp, e outras
dade.
Uma chronica indita, composta por Frei Jorge de S. Paulo, e existente ainda
agora na contadoria do hospital das Caldas, forneceu-me no s algumas das referidas
indicaes, mas tambm estas que vou dar sobre a origem da prosperidade da povoao por causa das suas aguas medicinaes.
Frei Jorge formula trs h^vpotheses, que envolvem sempre a
,
Conforme
a rainha, indo
sua
villa
onde
mesma
pessoa, isto
II.
a primeira^hypothese,
em
julho de
1484, da
j el-rei
tavam
ali
as
Ihe
virtudes
curativas
d'essas
Se o
da,
Senhor Ueus
me
der
vi-
tero melhor
commodidade em suas
Esta hypothese a mais inverosimil, por isso que a rainha frequentava bidos,
onde as prximas caldas j deviam ser conhecidas por sua fama.
terra sua,
segunda hypothese refere que ficando D. Leonor quasi entrevada em conseum mvito que teve na quaresma de i4>13 em Almeirim, os mdicos a aconselharam a que fosse para bidos e, logo que viesse o tempo quente, tomasse banhos
nas caldas que to perto estavam d'esta villa. D. Leonor assim fez, e para seu uso mano banho da rainha. Tendo
dou construir um tanque, que por esse motivo se chamou
quncia de
lida,
No
seu
inicio,
o hospital tinha
seis enfermarias,
uma
' Porque
proviso regia dada em Beja a 4 de dezembro de
V] falam de fazer de novo, de repairar e reedificar.u
<>
cle-
3So
homens do p&vo,
Na
commum.
Havia uma escada
uma
quem
mesma
condio.
os pudesse pagar.
, a
entrada
4)5
Torre da
no topo da qual
se erguia
um
pe-
queno alpendre, que dava accesso para o mirante, aberto cm intercolumnios. donde a
fundadora assistia aos touros que na Praa velha eram corridos por occasio da feira
grande de agosto.
Esta
feira
Alem da
feira
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Entre a porta grande do hospital e a escada do mirante medeava
uma
arcada, que
em
frente d'esta
um
sei
No
alto
do
edifcio es-
tava a
mandou
erigir os
Em
Seria ento que se construram dois novos annexos, do lado opposto escada particular: a
4(6 Entrada do
rei.
l'arque D. Carlos
Mas D. Joo V
felizes, ali
Em
e a igreja.
e freiras
enxameavam em
As freiras deram ali brado. Em 1644 um fidalgo aventuroso, de parceria com quatro
amigos igualmente audazes, tentara pr fogo ao hospital para na confuso do incndio
raptar uma freira. Em i65i, D. Joo IV, escandalisado com as mundanidades das freiras, ordenou que ellas no fossem admittidas a tratamento. Em i653, os abusos freiraticos no tinham diminudo, apesar d'aquella prohibio, e o rei teve de renoval-a.
Mas os empenhos e rogos foram taes, que no mesmo anno D. Joo IV deu alguma
382
elasticidade
das.
prohibio
ram plena
rei ali
liberdade.
rei estava com a sua gente, e as freiras estavam com o seu rei.
comno pudesse com uma gata pelo.
manto real.
Mas quem lucrou o melhor quinho foram as Caldas, que renasceram materialmente, e ficaram em moda, graas prodigalidade e exemplo d'aquelle rei faustoso e
Pudera! o
quanto
elle j
combalido.
De
ento at hoje a
villa
tem continuado
Modernamente,
foi
um
bem como
rstica,
das Caldas
por passagens cobertas, com o fim de estabelecer ahi todas as vantagens da hospitalisao moderna * e desacumular os doentes tanto do hospital real como do hospital civil
de Santo Izidoro. Dos cinco pavilhe projectados apenas esto construdos trs, que
no foram utilisados ainda.
Coisas nossas.
tambm junto Malta que, por iniciativa de Raphael Bordallo Pinheiro, uma
companhia fundou a fabrica de faianas, que elle dirigiu com a sua especial competnE'
caracterisado por
uma
como
abundante.
O fim a que Raphael Bordallo visou foi dar uma remodelao superior loua que
desde longa data se fabricava nas Caldas, tradicionalmente ingnua, porque esta industria nasceu ali das propriedades cermicas do solo ricamente argiloso e foram ellas que
crearam o primitivo ncleo de oleiros em estado rudimentar.
Essa ingenuidade originaria prolongou-se durante sculos no fabrico da loua das
Caldas, cujos exemplares imperfeitos, s vezes grotescos, todos ns conhecemos pela
tradio do boi-paliteiro, do prato florido, e da caneca esmaltada.
Raphael Bordallo propoz-se, e conseguiu-o, imprimir a essa vulgarisada loua uma
estilisao galantemente artstica, que conquistasse o gosto publico, e o levasse a accetar as grandes peas de luxo nacionaes
estatuetas, jarres, candelabros, centros e servios de mesa, bem como os azulejos de typo antigo, e os bibelots graciosos com a inteno de caricatura em barro.
Morreu Raphael Bordallo, seu filho tomou conta da direco da fabrica, e vejo
agora nos jornaes (novembro de iqo7) que ella vai praa para liquidao.
uma
bella iniciativa.
Faz pena.
'
As amantes de D. Joo
V, pag. iSo-iSi.
civil de Santo Ijidoro nas Caldas da Rain\a, elaborado por R. M. Berqu, administrador do mesmo hospital. Alcobaa, i8gi.
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
li
383
384
com
via ch
bolos aos scios, e o certo que n'esse tempo, sob a gerncia do conse-
no havia
lheiro Pimentel,
rio,
deficit
havia superavit. Mais remotamente o Club dava dois bailes, no principio e no fim
da poca thermal.
'
central,
em
edifcio prprio,
de vastas dimenses,
de
quartos
com
iCooo
1:^200 a
reis dirios.
Ha tambm
ca.sas
mobi-
com
ra-
bem
so
em
geral frescas e
lavadas de luz.
Publica-se
com
titulo
um
peridico
de Circulo das
da Copa
e director
Mas
se
sr. J.
P. Ferreira.
publicaram outros
peridicos; que
e a
Tentativa.
mercado
concelho,
dirio
muito abundante
farto,
excellentes
em
no s do
pomares de Alcobaa.
As Caldas
Em
t
I
cio de 1896-1
'97,
12191400
reis.
800
96J1000
>
40C?ooo
45><)00
Servente,
SoJdooo
00 dias a 200
Servente para a
loilelte
20(>coo
Guarda-portes
Um
53 dias cada
um
2^0
a
reis
240
sextetto
reis
'
20{)0oo
363)720
73.;?>440
Sioooo
6oo5ooo
1:894*160
'
Pag. i63.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
nem
gosto, e
tambm muito
efficazes,
385
tiase tuberculosa.
estabelecimento actual
nistrado pela
villa
foi
fundado
em
camar municipal.
das Caldas, que tem por orago Nossa Senhora do Ppulo, conta 4:63o ha-
bitantes, e o concelho, de
villa
As
tambm cabea
freguezias
^'*"CiIiy'
Na Fanadia
em
1747,
fabrica-se excellente
freguezia de Alvorninha,
com
i:io5 habitantes,
foi
uma
das 14
villas
coutadas ao
mosteiro de Alcobaa.
um
ia
dama muito formosa, que morava no que hoje logar principal, e que a mulher
legitima lhe dizia com amargo despeito quando elle sahia de casa: A vr la nina!
certa
fala
Fora da
VOL.
11
49
386
O
O
solo muito
frtil
em
povo d'esta parochia no falta nunca feira do Landal; nem romaria da Nazareth, para vr o cirio da Prata Grande.
Alvorninha fica na estrada de Rio Maior s Caldas e passa por ser a freguezia
mais antiga do concelho, pois que j o era em 1286.
A freguezia de Carvalhal Bemfeito (843 hab.) assenta n'um ridente valle, a 10 ki"
lometros das Caldas, sobre a ribeira do seu nome.
A do Cotto (574 hab.) demora apenas a 3 kilometros da cabea do concelho.
Ambas estas freguezias contem quintas frteis e pittorescas, as quaes constituem,
'
freguezia do Landal (900 hab.) fica na estrada real das Caldas ao Carregado.
bidos.
de Santa Suzana, porque se faz no logar d'este
em
trs voltas
em
foi
concedido o
tambm
se encontra
elles
titulo
de visconde de Lan-
com
nome de
Salir
ou
Selir, ono-
Salir
direito.
mstico que
feira
redor da capella.
como o
seu
nome
inculca, 3
Salir
S.
mede
As
Foi porto de
de navios,
um
um
uma
mar importante
posto da guarda
fiscal, e
um
forte, junto a
em
pharol.
Perto do antigo
centes que
edifcio
o mar deixa
visiveis
em
trs nas-
ali
banhar-se dentro de
uma
barraca n'um
podem
fazer
decente,
mas
quando
As circumstancias especiaes
um
balnerio
commodo
mais
e at pittorescas
cm que
se
encontram
aproveitam
Almanach de tembrjnjs, 1^81, pag. j6o. Eu dou muita f ao que escreve a respeito do qualquer
algum habitante d'ella, sob a forma de apontamento ou lembrana, porque o faz com amor patrir
conta tudo quanto sabe e lem ouvido dizer aos velhos.
'
terra
construir
a tentativa mallogrou-sc.
A EXTREMADURA3PORTUGUEZA
estas aguas constituem,
um
no dizer de
illustre
medico
',
387
interessantes
Tambm
uma
em
nascem umas
uso interno.
difficil
'
'
Ver
1."
388
Alcobaa^ dedarava-se que a diviso do termo se havia de fazer pela foz de Salir, se-
ou garganta de Olmos.
II, no segundo testamento ', doou ao mosteiro de Alcobaa, entre oupovoaes, Salir do Porto, portiim de selir.
Em 1559 j os navios no podiam ir descarregar a Salir, como d'antes iam, por a
guindo o
rio
Mas Sancho
tras
dos direitos do pescado e das marinhas, e com S. Martinho por causa dos limites.
A freguezia de Santa Catharina da Serra (1.79S hab.) est situada em um outeiro
a nordeste de Salir dos Mattos.
Teve
em
uma
villas
comprehendidas nos
ferraria.
i5i8.*
tem
feira a
simas fructas.
noroeste, e
n'ella
freguezia da
uma
Tornada (1.567
Francino Obidense:
Ou no Sobral apanhado.
Ou nos campos da Tornada.
freguezia de Vidaes (1.286 hab.) estancea n'um valle aprazvel, cortado por
ribeira, e dista
escolas primarias
boas estradas.
hectolitros.
dos foraes, abrangeu tambm os coutos de Alcobaa, cujo Abbade (comnendatario) era ento sen
o Cardeal Infante D. AfTonso.
3
Em
1907
uma
foi
creada
uma
tilho
XXIV
Alcobaa
A VILLA-O MOSTEIRO
rFMO-NOS na estao de Vallado, que
depois da das Caldas da Rainha.
Estamos na extensa
do Vallado.
Alcobaa peia primeira vez, tracei
rapidamente as seguintes linhas, que depois archivei no livro Chro11 ias de viagem:
Quando em 1888
plancie
visitei
o O Vallado
realmente uin sitio delicioso, vasto, lavado de
puro ar saudavelmente temperado com o oxygenio dos campos e o iodo do mar,
que no fica longe. Principia ahi o grande pinhal de Leiria; uma guarda avanada de
bastos pinheiros faz sentinella ao chalet encarnado onde rifside um fiscal da matta. Ao
longe, dominando a estrada da Nazareth, o morro de S. Bartholomeu, phantasiosamente
um
recortado,
com
para a planicie
infinita
Do Vallado para Alcobaa ha diligencias, a tosto por pessoa. E' preciso deixar
passar o comboio para podermos atravessar a linha. Esperam-se cinco minutos, o com*
aguas sulphurosas,
se
no
onde
um
tabelecida
como um sorriso luminoso da natureza, feiro de clabreve trecho estamos na Fervena, cujo nome provm das suas
ridade e verdura.
em
alli
a flux,
uma
floresta
es-
uma
enlearia o olhar,
1874.
marca 100
me
distancia de 3
i(il.
apenas.
tosto.
frescos
Hoje a Guia
claros, brilhando
official
na
do caminho de ferro
igo
Surge-nos
margem da
vitalisado
pela industria,
da diligencia, e
nellas
em
um
palcio,
dominador
em
linha,
correndo a par
diligencia entra
poeira igual
a todos os outros
no
eA
igreja,
um
passado
extincto,
da guarda municipal.
Foi o que
me
aconteceu.
alli,
e plantou
uma
um
mosteiro.
Mas
veio depois a
em
mundo, no conheceria
de Santarm.
Aberta a porta do templo, talhada em arcos ogivaes, as suas vastas trs naves
aiongam-se n'uma Iria extenso silenciosa, e ao fundo a capella-mr, em semi-circulo
como todas as charolas das grandes baslicas, esfuma-se como n'um nevoeiro, que dufeito
como
lhe
chamou
Luiz de Sousa.
um
reis,
'
E'
um
em
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
ciativas diveras,
391
no obstante
zer,
a sua falta
de unidade architectonica, o
authenticos ou apocriphos:
histricas
se
se os
representa
fabricaram os frades ou se
emanaram de
origens
mas
da Batalha,
um
e outros; a
acto politico,
sem
prejuizo d'aquelle,
como o de D. Joo
to natural
um
com
a respeito
geral
tambm haver
sido
historia
da fundao de Alcobaa
e ser, falta
de provas irrecusveis,
um campo
prprio foro das botas, de que mais adeante falaremos, no conhecido na sua
origem documental, mas apenas por alguns diplomas e referencias que na successo dos
tempos a
elle
Como
de
o
II 52 a
dizem respeito.
quer que
seja,
ii34, e que no pode haver duvida sobre ter sido D. Affonso Henriques que
mandou edificar.
Quando a construco comeou,
estavam
em
cezes, os
Em
ali
estiveram 69 annos.
392
que j excediam meia altura, e mandou degolar os frades de Santa Maria a Velha, certamente porque lhe offereceram resistncia.
Depois reconstruiu-se o que fora destrudo, e s em 1222 foi sagrada a igreja do
mosteiro novo de que o actual uma transformao diluida.
O systema ogival trazido de Frana, * no sculo xii, talvez por algum architecto
francez enviado do Claraval, no ficou constituindo em Alcobaa um estilo puro e uniforme,, que tornasse aquelle mosteiro o monumento caracteristicamente representativo
do cyclo artstico e histrico em que foi fundado.
'
Mas
o mais
como
tanto os claustros
bello,
chamado do
em
parte destrudo.
bem como
outros
refeitrio,
onde
villa,
Um
foi
n."
(i."
grupo),
e o tribunal
da
Vide pag.
no I vol. (l'esta obra.
Este systema architectonico, ou seja o gothico, parece ter tiJo origem na
obstante as contestaes dos allemiies e dos inglezes sobre a prioridade do systema.
'
um
lau$-
1 1
'
atra-
O
A
em
p;ig.
i3y-i40.
Ilha de Krana,
no
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
393
5o
394
Na grande
em cama-
em
grande numero.
Ali trabalharam alguns dos mais afamados cistercienses de Alcobaa, taes como
Frei Bernardo de Brito, em quem a probidade no igual erudio Frei Affonso da
Cruz, o polygrapho Frei Manuel de Figueiredo, Frei Manuel dos Santos, auctor de
rata de soldados, existiram livros e cdices de subido valor e
Alcobaa illustrada,
e outros.
Quando
os frades
Com
razo nota o
Panorama
a injustia
com que
a tra-
Eu pendo
que o apparato culinrio de Alcobaa, assombro de naclonaes e exdas beniardices pela supposio de que a
gastronomia havia de tornar as digestes laboriosas, maior a plasticidade do sangue, e
portanto mais difficil a irrigao do crebro, e conduzir, finalmente, ao embrutecimento.
Comtudo no so poucos os escriptores e artistas brilhantes dados gastronomia.
Theophilo Gautier era capaz de comer um boi ; e o mesmo Gautier diz de Rossini
il a toujours Tme la cuisine ou aux envivons.
Ora se a cozinha de Alcobaa era vasta, a populao do mosteiro era numerosa
e alem d'isto os frades davam quotidianamente grossas esmolas de po e vitualhas.
Alcobaa uma eloquente prova contra aquella falsa lenda, no s por alguns cistercienses do seu mosteiro, como por muitos naturaes da villa que professaram a mesma
ordem, e foram homens do valor de Frei Bernardo de Alcobaa, a quem se attribue a
verso da Vita Chrisi, que Rivara suppe ser o primeiro livro em vulgar impresso no
nosso paiz e uma das maravilhas typographicas do sculo xv; o illustre Frei Antnio Brando, - continuador da Monarchia Lusitana, seu sobrinho Frei Francisco Brando, e o talentoso foliculario miguelista Frei Fortunato de S. Boaventura.
Foi no mosteiro de Alcobaa que em 1269 se abriram as primeiras escolas publicas
do paiz, aulas de grammatica, lgica e theologia, regidas pelos frades.
Foram elles que favoreceram nos seus coutos o desenvolvimento da agricultura
nacional antes de D. Diniz, creando granjas ou escolas praticas; e fomentaram a metallurgia pela explorao de minas e fundio em officinas suas.'
Em 1697 havia dentro do mosteiro uma t3'pographia, porque n'esse anno se acabou
ali a impresso da i." parte da Monarchia Lusitana, escripta por Frei Bernardo de Brito.
O instituto monstico de Alcobaa cobrava rendas e tributos largussimos.
a crer
Alem de
tos
varias quintas, casaes, pinhaes, olivaes, foros, laudemios, etc, os seus cou-
comprehendiam
'
pag. 106.
'
Ttnhann ferrarias
Na
em Aguas
Delias,
Em
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Os abbades do
39S
Viviam
lei
de Herculano
com grande
da nobreza e
O monge
fausto,
449
1-
com
relao ao
sculo xvni.
Fosse to
lata a
doao
feita
menos
extensa,
o que se pode affirmar que os frades de Alcobaa receberam territrios, como outros
colonos, no principio da monarchia, o que representava para a Coroa uma dupla convenincia de momento, politica e econmica.
Apenas a Coroa parece ter tido a cautela de affirmar o seu direito de predomnio
n'um tributo ou conhecena que hoje nos parece ridculo pela forma, mas que suppomos
representar
um
symbolo
jurdico
Refiro-me ao ro de
de pagar annualmente aos
um
do padroado
reis.
pertencia
real.
como sabemos, na
historia de
3g6
Afonso
como
II
foi
respeito
chamando
a si
mas
N'uma
Um
de Pedro
I e Ignez de Castro, collocados no pantheon real ou sala dos tmulos, que est
agora na nave direita do cruzeiro, desde o sculo xvi, mas que primitivamente era no
claustro de D. Diniz.
rainha D. Beatriz de
Gusmo
Depois foram substitudos pelos commcndatarios, que no eram monges, e por ultimo houve
abbades triennaes, como os outros prelados das congregaes regulares; tudo isto representa um abai'
xamento das
regalias monsticas de
Alcobaa
'
Mesma obra
e cap.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
3CJ
Em Alcobaa os francezes encontraram muito que roubar vasos sagrados, paramentos, candelabros, tocheiros e por fim tentaram pr fogo ao mosteiro e villa.
E tudo violaram e roubaram n'uma brutal selvageria de rapinancia execranda.
Ignez de Castro tem sobre a cabea a coroa real, e talvez d'aqui nascesse a lenda
da coroao por a phantasia do povo englobar esta circumstancia no apparato magestoso com que a ossada foi conduzida da igreja de Santa Clara de Coimbra para a de
Alcobaa, por entre milhares de homens com brandes accesos, ou, como diz Schcefer
poeticamente, por entre duas
Fernam Lopes no
fala
de
filas
estrellas.
da coroao,
motivo para
duvidas, ainda que Faria e Sousa, no commentario aos Lusadas, diz possuir
uma
copia
Por
isso,
quando
faiamos
mesmo
fidelidade;
mas como
Inglaterra
fosse muti-
falta, fica
que
no
foi
Os
a fidelidade
inabalvel
li
completa.
gresso da esculptura
um
de D. Pedro
nem
em
mostram o
pro-
como
pintura
fiel,
total
Lavrouos o
flores,
cinzel
Em i56g, por occasio da peste, D. Sebastio que tinha a esse tempo quinze
annos de idade e um de reinado
veio fugindo epidemia de Coimbra para bidos e
de bidos viera a Alcobaa, onde teve a velleidade de mandar abrir os tmulos dos
seus antepassados, que jaziam no pantheon do mosteiro.
Como lhe dissessem que o moimento de D. Pedro se no poderia abrir sem causar
Deixem-n'o,
o de Affonso
IIj
'
Pag. 43.
Kieg's Charles.
398
guir
',
Mas um
com hombridade.
D. Sebastio ficou agastado e encarregou seu tio, o cardeal D. Henrique, ento
abbade commendatario de Alcobaa, de reprehender o monge. Assim se fez, mas o
cardeal, particularmente, louvou o frade.
Parece que D. Sebastio, n'esta revista ao contheudo dos tmulos, queria principalmente verificar se a rainha D. Beatriz de Gusmo era rabuda, como o povo dizia,
lenda que parece ter-se filiado em dois factos: ser descendente por sua me de uma
casa de prncipes alcunhados agotes por execrao publica contra a sua tyrannia * e
haver introduzido em Portugal os vestidos de cauda.
A
E
lenda desfez-se
com
a inspeco,
em
foi aberto.''
uma
copiosa
littera-
gum que ha
como ao
norte,
sem que
n'ellas se
Afigura-se-me, pelo contrario, que seria a cesura medial da palavra Alcobaa que
baptisaria o Alcoa e o Baa.
Sousa, nos Vestgios da lngua arbica, suppe que o onomstico Alcobaxa (carporiam os mouros a esta localidade por comparao dos outeiros, que a cercam,
neiro) o
com
Contra esta imaginosa etymologia oppe o meu erudito amigo sr. Vieira Natividade
outra pelo menos mais terrena que Alcobaa vir de Helcobalae, cidade romana que
os antigos geographos collocam junto da velha Callipo (Leiria).
:
'
Sobre esto lenda vejase Frei Francisco Brando na Mon. Lus. e Viterbo no artigo Rabudos do
1'^lucidario.
* Alcobaa illustrada
de Alcobaa por Frei Fortu(1710) por Frei Manuel dos Santos; Historia.
nato de S. Boaventura (1827); Alcobaa vindicada por Frei Manuel dos Santos (1714) resposta Justa
defensa do Padre Francisco de Santa Maria; Chronica <f Ci/t (1602) por Frei Bernardo de Brito;
.
in Portugal por Murphy, e outras ol^ras extrangeiras, a destacar as Redigresso a Alcobaa i87t>); O Mosteiro de Alcobaa (iSS5); Tioteiro archeologico de Alcobaa e coutos (ifgo), e Grutas de Alcokia (1901), por M. Vieira Natividade; Alcobaa,
poeir.eto por Minioso Ruiz, (1858) ec.; e uma infinidade de artigos em revistas illustrada s e peridicos
tanto antigos como modernos.
'
mea,
Uma
etc.
in
suo (Castello
illos
(mobitinos) quos
mando
dari pro
anima
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Mas como
399
villa,
com
em
largas
bonssimas fructas.
D'estas
mente
se
em Melgao, Grndola,
uma Alcobacinha ?
uma populao de 2.3o6
e oblongas, a
que
falsa-
Mas por
este vario
pomo,
filhas
de Alcobaa.
*;
e hoje a
foi
Santa Maria
do mosteiro.
#f
em
!663 por
um
abalo de terra,
foi
recon-
O hospital da Misericrdia magnifico e est situado no cabeo da Rocha, na extrema oriental da villa, bem como o annexo para doenas infecciosas, que foi inaugurado no dia i de maio de 1906.
Tem Alcobaa um asylo de infncia desvalida, devido ao conselheiro Peito de Carvalho quando governador civil de Leiria, um museu archeologico, que propriedade do
sr. Vieira Natividade, um monte pio, e, alem de theatro, club, gabinete de leitura, uma
fanfarra e praa de touros.
Existem n'esta villa umas thermas, que se denominam da Piedade, pertencem
camar municipal e gosam de bons crditos.
O movimento industrial de Alcobaa, especialmente fabril, data de antigos tempos.
'
400
Alcobaa;
conhecida
em
foi
1811.
No
sitio
uma
da Fervena,
fabrica de papel,
No
tentou aproveitar
n'um estabelecimento
Sousa
fabril
Companhia de
fiao e tecidos,
uma
de
&
valho
moagem, de
graphica do mosteiro.
Em
a publicar-se
Correio
de Alcoba.
da Silva,
cense,
Em
m
Semana
alcoba-
durante a noite.
Pois eu,
bem
intio
ao couii
villa
fazem-se duas
feiras, a
em
mesma
1888, comi
muito barato
alem d'cste
pela
Na
no
/io/,'/,[que
no
sei se
ainda dirigido
pessoa, ha outro.
Em
Era par do
'
com o
i8j6 por
titulo
em ma^o
de
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
15 freguezias incluindo a da
No
40,
habitantes, e compe-se de
villa e
922 hectolitros.
Almeida
ali
um
citou a respeito
que se no perguntasse
adagio tpico:
Quando
que ao che-
i-.
Afc,'
453 -Cipell a de S. Jarge, que representa o terreno onde Nun'Alvares arvorou a sua bandeira
e,
facto,
como
tal,
Evocaram-n'o Almeida
verdade
a sua
com
de
uma
occorrencia vulgar,
recordao
irrita
difficuldade, to
um
apagada era
II
Tem um
casteilo,
em
aos mouros
Orago
da
nome.
serra do seu
em
147.
por
uma
em
i5i4.
torre,
que Alfeizero vem do rabe Alcheizaran, e exprime canio ou canalocal conta que, tendo os mouros opprimido os habitantes
da alde do Casal, estes se queixaram a D. Affonso Henriques, que ento se encontrava
em Alcobaa, e que lhes respondeu: Ide-vos em paz, que os mouros a alfange iro. A primitiva Alfeizero parece ter tido assento Soo metros ao sul da villa actual.
Querem alguns auctores que ficasse perto de uma cidade chamada Eburobritium;
outros sustentam e o dr. Hubner cita esta opinio que Eburobritium fosse onde agora
fica Ebora de Alcobaa, cujo onomstico se poderia assim explicar.
Sousa
vial
diz
que
certo
d'este
nome
em
uma pequena
uma
velha fortificao
freguezia
diz,
com
como
que estende ao
comprehende vrios
entre
logares,
elles
iniciativa
Luiz da
Tambm
Teve Alfeizero
ambos os sexos.
'
de
rio
D.
el-rei
hoje extincta
de Alfeisero quatro lguas distante do logar de Paredes para o sul, era capai, em tempo
Manuel, de oitenta navios de alto bordo, por inforaaao que o Infante Cardeal D. AlTonso
(abbade ento de Alcobaa) de cujo districto so estes portos, mandou fazer, e no tempo que isto escrevemos (i63o) tem to pouco fundo, que apenas nada nellc um barco, e at o mesmo porto, e bahia
de
Selir,
e dos
cap. LXI.
'
VIII, 92.
i.'
Parte,
liv.
XVI
A EXTREMADURA PCRTUGUEZA
Aljubarrota. A
villa
d'esta
Esta ultima
com
4o3
fregiiezias
S. Vicente,
com
2.044.
'^
vez.
tambm
uma
sem
sei
oE'
que
tem o auctor de
terra
em
que nos d
ar,
Uma
decomposio.
tristeza.
digresso a Alco-
Ha
alli
o silencio
Mas, em compensao, nada mais bello do que o panorama da encosta que sobe
de Alcobaa para Aljubarrota.
Talvez a belleza d'este panorama contribua em parte para acharmos Aljubarrota
feia e triste,
menos melanclica.
pelo
com o seu
da Nazareth
no
alto
de
um
gftipo
um
e florestas; e
uma segunda
mada
a sudoeste a Ves-
que
Na
com
rei e
do
armas andavam
a bravura militar.
promette
erigir
um
templo Virgem se
ficar vi-
Vamos pr
lhana.
Verso portuguesa
'
*
'
S.
La
D.
Joo
de
Fora da
Portugal soube
em
Abrantes que o
rei
de
404
possveis:
em Portugal. Nun'
commando da vanguarda, 600 lanas Mem Rodrigues e Ruy Mendes
de Vasconcellos o da ala direita a dos namorados 200 lanas; Anto Vasques o da
ala esquerda, tambm 200 homens, principalmente extrangeiros. Os pees e besteiros
no tiveram logar marcado, e as bagagens ficaram na rectaguarda do exercito. Os
bardas ou trons, peas de artilharia, ainda ento desconhecidas
Alvares tomou o
castelhanos vieram
do norte para o
postaram-se
com
Ento o
de Portugal operou
rei
campo onde
a frente
sul, e os
em
Aljubarrota.
uma
obstculos naturaes.
Foram
454 A p de Aljubarrota
uma
converso.
commandado
pelo
rei,
os
* Fernam Lopes
calcula pouco mais de
que eram J2.000.
trinta mil
mas na
com
rios
nada
Isto
'
Os
alis
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
40S
Corre a tradio de que uma padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, por alcunha a Pisqneira, matara sete castelhanos com uma p de ferro.
Herculano diz a tal respeito: se attendermos a que estes sete homens podiam ser
assassinados depois da batalha, quando as gentes d'elrei de Castella, cheias de fome e
cansao, se derramaram pelos campos de Aljubarrota, sem ofFerecerem a minima resistncia a quem as accommettia, de que so testemunha os antigos chronistas, ento a
faanha da celeb-e padeira, perdendo grande parte do seu maravilhoso, se torna possivel.
Mas
um
symbolo,
uma
e geral
tempo
monges de Alcobaa)
foi
em
coUigida,
d<:
portuguesas.
'
famosa p esteve por muitos annos guardada nos paos do concelho, e figurava
na procisso que se fazia a 14 de agosto. Durante a occupao hespanhola, Manuel
Pereira da Motta escondeu-a dentro de uma parede do edifcio d'aquelles paos. S
depois de 1640 a tiraram desse esconderijo. Actualmente mostra-a o sr. Jos Maria
Carreira, que a conserva em sua casa.
Ha 3o annos, no tempo em que Pinheiro Chagas foi a Aljubarrota, o depositrio
da p chamava-se Antnio Pedro.
Apenas
saiu o
i.
tomo; em
1861, Lisboa.
'
4o6
de Almeida.
Sobre o onomstico
Aljubarrota Frei
um
tasiosamente.
sr.
Eu acho tudo
isto
muito escuro.
villa
em
boas
fructas.
Em
foi
o architecto da recon-
struco de Lisboa depois do terremoto. Pertencia illustre familia dos Carvalhos e Negreiros. Dirigiu a escola de architectura,
chamada ento Casa do Risco. No resurgimennova Salento de Fenelon, sem reflectir, diz
Em
mau
architecto.
em
da aco do Cho da Feira, se realisou uma conferencia como tentativa para chegarem
a accrdo os belligerantes sobre a questo constitucional. Mas a tentativa falhou.
Alpedriz. Orago Nossa Senhora da Esperana, populao 1.089 hab. Diz-se ter
fundada pelos mouros com o nome Abi Dri\., que significa Pai de Driz.
D. Sancho I mandou occupar por cavalleiros de Calatrava esta villa *, que no fazia
parte dos coutos do mosteiro de Alcobaa. Est situada n'uma plancie )unto ao rio
Abbadia, e dista de Alcobaa 12 k. para o norte. Teve Misericrdia, hoje extincta.
sido a villa
E' tradicional a
em
cuja procisso
com
fogaas,
lin-
damente ornamentados.
Em
mordomos
igreja.
entregar
um
Chama-se
po
a isto
a fatia.
Benedicta
Orago Nossa
Est situado o logar principal janto serra dos Candieiros ou dos Molianos.
Suppe-se que lhe deu o nome alguma antiga capella do tempo dos frades.
Tinha
feira a 3
de fevereiro,
no
kil.
sei se
para o
ainda tem.
sul.
Cella Orago Santo Andr. Populao Sog hab. Situada cm logar alto na
uma das villas dos coutos. Deu lhe foral o abbade de Alcobaa
Alfeizero. Era
tinho
'
II
em
1324.
Os
em
davam
se
'
uma
D. Mar-
serra de
foi
da padeira.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
pratica.
kil.
Tem
para sudoeste.
mandada
feira a 10
Coz Orago
uma
em
i585,
um
fecundo, junto a
407
n'um
ameno
valle
Gonalves. D. Sancho
um
concelho, rica
ro,
foi
em
villa
no
real mosteiro.
II em i332. Est situada meio kil. a oeste da marBaa, e dista de A Icobaa 4 kil. para o sul. Querem alguns auctores que seja a Ebiirobritium de Plinio. Nos documentos antigos vem graphada El-
gem esquerda do
rio
Teve esta villa durante algum tempo escola agrcola. Junto a vora houve um
convento de pobrssimos frades franciscanos, a que os de Alcobaa davam uma penso,
e que foi fundado pelo cardeal D. Henrique em i5G6.
bora.
de, est no
Maiorga Orago
encosta no
Dom
Abba-
campo do
S.
de povoao em
D. Manuel deu-lhe novo foral em i5i4.
O auctor de Uma digresso a Alcobaa menciona as festas que se faziam, e talvez
alguma coisa reste d'isso, a S. Loureno, especialmente a encamisada, na vspera.
diz elle-e j depois das fogueiras accezas comeava
Ia j bem entrada a noute
de juntar-se porta dos festeiros grande quantidade de indivduos cavalgando pela
maior parte em burros.
ta
em
eram im-
Os
nem
to pouco se
occupavam
d'isto
as arranj adeiras de anjos. Para onde convergiam todos os cuidados, era para a barre-
como em taboleta de ourives, grande quantidade de ouro em anneis, brincos, cordes, pulseiras, etc. Era o mais bem vestido
aquelle que maior numero de objectos de ouro trouxesse.
Proseguindo na descripo, o auctor faz mover a encamisada para a igreja, deante
esta
ultima la
4o8
tu, infeliz
Bem
S.
Maiorga,
residncia
do
parocho.
S.
Era na rea
Martinho do Porto
hoje assoriado, o qual ficava duas lguas ao norte da Pederneira, e servia tanto os interesses da pesca
como da marinha
do commercio.
os ventos revolveram as areias a ponto que com ellas soterraram as casas e obstruiram
o porto pelo que a villa veio a despovoar-se totalmente.
A villa de Paredes estava situada junto da embocadura dos rios Liz e Lena, e D.
Diniz queria fazer do porto o fundeadouro principal da sua esquadra.
A Rainha Santa teve o senhorio da villa, e os seus moradores uma vez lhe recla.
'
marem
que lhes impediam a compra de ceeram para consumo, mas sim para revender.
Rainha quiz informar-se pelos seus ouvidores, e convenceuse de que no havia
justia contra as auctoridades de Leiria,
em
em
um
>
Monarc
Quinta Parte,
liv.
'
i.'
Lusit,
vol.
I,
pap.
1411
em
Leiria todos
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
409
CS cereaes que lhes fossem precisos para consumo, podendo os habitantes de Leiria, se
do termo,
nem
vendido a outrem.
'
doao de Paredes, com todas as suas rendas, fructos e foros ao mosteiro de Alcobaa, como subsidio aos suftVagios que os frades deviam realisar diariamente por alma de el-rei D. Pedro.
O logar da viUa de Paredes apenas tem hoje a indical-o uma capella da Senhora
El-rei D.
Fernando
fez
feitas
do Porto. Populao
i.Syo hab.
Afamaram-n'a a barra
e a bahia,
sobre as antigas.
em
i352.
vizi-
uma
concha,
se lhe d, e fica
maior parte dos habitantes so homens do mar, retirados, que possuem alguns
Na
que
este
Figanire,
VOL.
Alem do
Mas
Memorias das
club,
pode dizer-se
communica-
fcil
52
4IO
co
com
as Caldas
passeios.
E' propriamente
uma boa
es de talassotherapia.
E especialmente para a hygiene das creanas no ha melhor.
No
mas pode
nho
tes,
S.
elles
embarcavam
em
que so conduzidas
25
tinho.
custa
litros
e estaleiros.
Hoje
uma
dos quaes
Em
alis
collegio, onde,
oficial,
ha
um
primaria,
e espada de U. Joo
de Porliigal
em
Veja-se o
arti(?o,
que
foi
citamos, do
am
sr. dr.
P'erreira
As madeiras do pinhdi de
Leiria
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Turquel
sr.
povoao que
em
Ihe foral
Orago
foi
villa
de Turquel
em
i352. El-rei D.
Manuel deu-
i5i2.
Teve
411
em
ampliou em 1870.
Esta freguezia celebre pelas suas grutas, das quaes as mais notveis so: a Casa
da Moura, no Cabeo de Turquel, contguo serra de Albardos, a trs kil. da villa para
o nascente, cuja entrada ogival faz lembrar um templo gothico-; a Cova do Cabeo da
Ladra, a i kil. da Casa da Moura para o norte e o Algar do Estreito, a i kil. da
1762 a ermida do Senhor Jesus
',
que
se reconstruiu e
em
prhistoricos.
sr.
Memorias de Turquel
Turuquello,
(Porto.
Tiiruquel,
Turquel
como tambm as diversas hypotheses sobre a res.
do latim orcular, torcularium, lagar de vinho; do grego trokl,
caverna; de turtur querula, por alluso padroeira da parochia, Nossa Senhora, cujo
Menino tem na mo uma rola (turtur); e, finalmente, assignala a etymologia popular,
segundo a qual ceita escrava preta, que n'aquelle logar servia u.ma dama abastada e
egoista, costumava dizer d'esta sua ama: Alia sira turo quere, turo quere!
Pinho Leal suppe que Turuquel seria o diminutivo do vocbulo cltico turuco,
Truquel
por ultimo
pectiva etymologia
monte.
sr.
que
nel;
Ribeiro menciona os seguintes dictados tpicos: Turquel cada qual o seu farelle
quer ter
uma
com
fre-
voa na se7-ra, agua na et ra\ Encarnado para a serra, ceiva os bois e deixa a terra
encarnado para o mar, toma os bois e vai lavrar; Vento de Teira (logarejo a sueste)
toma os bois, derrega a geira.
;
Vestiaria
A
A
Orago
villa
V2 kilometro.
do tempo de D. Manuel.
Diz-se que se chamou primeiro Vestiairo, e depois Vestiaria, por ser n'esta
dade que se faziam as roupas dos frades de Alcobaa.
Vimeiro Orago
dado
'
2
'
Ha
no Vimeiro
um bom
Fazenda Nacional
" s)
locali-
gi.
XXV
Pederneira
D. Diniz
em
vieram,
em
em
1190, e
em ugS
constitua parochia dos coutos de Alcobaa, pelo que no s se reconhece ser inexacta^
aquella tradio,
de iz^ a i283,
foral
hoje extincto pelo assoriamento da lagoa que o formava, fosse primeiro fundada junto
mesmo
dondo
grosso
Como
feito
de
nome da Pederneira
a certo
marco
re-
silex.
villa uma povoao decadente e abatida, cuvivem da sua restricta agricultura, especialmente da cerealfera.
Esta villa fica a meio kil. da Praia da Nazareth e a iVa kilometro do Sitio da
Nazareth, sobre a estrada que vai da estao do Vallado para aquella praia.
Foram as duas povoaes da Nazareth, a Praia e o Sitio, que absorveram toda a
importncia do municpio.
E comtudo ainda em 1008 havia na Nazareth apenas sete famlias, um ferreiro,
um tendeiro e alguns poucos vendedores de comestveis para os romeiros.
Foi durante o reinado de D. Joo IV que a povoao comeou a tomar incremento.
Mas j durante a occupao hespanhola se tinham construdo no estaleiro da Nazareth duas naus por ordem de D. Gonalo Coutinho.
jos habitantes
'
Vieira Natividade,
414
Actualmente
antigo
hospital
Nazareth.
De modo que
Pederneira ficou
em
como
decadncia municipal,
Me
fez seu
embaixador,
'
E
E
per razo
biographia de
apesar de tudo.
Gil Vicente
Eu no
sustento
cesse na Pederneira ;
Braga deu quella passagem do auto. *
A Praia de Nazareth, na duvida, foi inscrevendo o nome de Gil Vicente n'uma das
suas ruas. Fez bem. A gloria agarra-se sempre. .. ainda que seja pelos cabellos.
Quanto a costumes tradicionaes, lembrarei Otcerimonial popular dos casamentos na
Pederneira, que ha muitos annos me serviu para colorir um singelo conto, includo no
Homens
livro
Creio
que da Pederntira,v significa, no que ahi nascesse, mas que nas suas comedias e faramarrava ao Pelourinho ou Picota da ignominia os indivduos que o mereciam ; e tomava aqui a
povoao pelo symbolo que ella tinha e que ainda hoje conserva, e que j no seu tempo era affamado.
Sua me era parteira; na velha comedia franceza os que dialogavam em scena eram Parteiras^
e tambm se chamava Parteiras aos dilogos facetos, no sul da Frana.
E seu pae era albardeiro; segundo o Leal Conselheiro de D. Duane, albardeiros {do cehko
lairtui) eram os arremedadores e narradores de historias entre o povo.
Neto de um tamboril eir, e tecelo de mantas, tambm se ligam capa da Comedia, de que se
conserva ainda a locuo do pintar a mania, e do instrumento popular com que se abria e fnalisava a
comedia no seu exrdio.
K
as
No
tira a gloria
Vai o cortejo nupcial caminho da igreja, por debaixo de uma chuva de confeitos o noivo adeante
em seguida a noiva entre as duas madrinhas. Depois da cerimonia religiosa ha
bodo, e depois do bodo ha dana. Assiste ao sero a noiva sentada no meio da casa entre as madrinhas
Todas as mulheres, quando entram, jogam sobre ella, m cura, punhados de confeitos. No primeiro
*
com
os convidados, e
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
a sua industria
ris
em
bateis
Mas
colnia
e flo-
rescimento.
como o
Foi a temporada dos baohos que promoveu o estabelecimento de hotis
Grande Hotel Club, o Hotel Jos Lcio, antigo Hotel T^omo; o Restaurant Club e o
Restaurant Madrid, sendo os preos dos hotis 1.200, i.ooo e 800 ris por dia; e que
Alem
Ultimamente,
um
edifcio
porto.
Este edifcio, cuja pedra foi toda apparelhada em Pao d'Arcos, occupa uma rea
de 282 metros quadrados, e tem quatro faces, medindo a que d para a Praa Sousa
com
Oliveira 18 metros,
No
i.
dois portes.
foi inaugurado o moderno pharol, de luz vermelha,
sobre o alto morro da Nazareth, hoje reduzido a ser habi-
de dezembro de 1903
forte,
tao do pharoleiro.
fim de obstar s invases do mar, que por vezes teem sido violentssimas
no sentido norte
caes,
sul,
em
fevereiro de 1904
est-se
construindo
com
fazem ha
seis
um
"/q
como
paredo-
sobre o im-
annos.
que
mencionamos, ha na
uma
nascente do areal.
As
mar
so de lona
como no
norte do paiz.
rio
utilisado
Alca
vai
desaguar
e,
na estao balnear,
Como a Ericeira, a Praia da Nazareth est dividida em bairro sul e bairro norte.
Tambm como na Ericeira ha casas mobiladas para arrendar aos banhistas.
Imminente Praia
o. Ahi
mais
vem
com
*0
fica
do casamento, vo
os noivos
A sua
uma
estrada, e do qual
elles.
4i6
um modo
se percorrer
uma pequena
nos de sbito n'uma ladeira formada de profundissimas camadas de areia, por onde se
escorrega suavemente e com uma rapidez vertiginosa. Cahe a gente, levanta-se, estende-
se, rebola,
Ha
annos construiu-se
um
Vamos
um
prazer
'.
escripta, * firmada na oral, que um monge grego da Nazareth, cidadesinha da Palestina na Galilea, chamado Cyriaco, trouxera, escondida, a Hespanha
Conta a tradio
uma imagem
grassava no Oriente, e
monge Cyriaco
ram repouso.
a
wisigdos.
Mas
a invaso
um
sagrado. Sopitou-o
Assim o
mano, e que
veiu encontrar
lhe
com que
mas
sem companheiro: oereceu-se para o ser. E ambos porfiaram
em guardar, sob suas vistas, aquella pequenina imagem que outro monge havia trazido
Reconfortado, quiz o
o frade no o deixou
rei
ir
ella
bom caminho
completaram
a sua devota
bagagem com um
Fora da
que
cofre que
no tem cora-
Antiguidade da sagrada imagem de Nossa Senhora da Njjireih, grandezas do seu sitio, casa, e
jurisdico real, sita junto villa da Pederneira por Manoel de Brito Alo (presbytero secular). A i.' edi'
Ambas de Lisboa.
abbade de S. Joo de Campos e administrador da Casa da Nazareth, escreveu tambm Prodigiosos historias e miraculosos succcssos acontecidos na casa de N. Senhora da Naza-
de 128
O mesmo
1.',
de 1GH4.
auctor, que
foi
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
gem
47
quem se aproxima do occaso da existncia foram prodo mar, por ser caminho de maior solido e segurana.
Ao cabo de mais de vinte dias de trabalhosa jornada, cansados e derreados, cortando montes e valles, brenhas e rios, areaes e charcos, avultouse-lhes deante dos olhos
para seguir outro rumo
curando
a costa
um
alto
quem, como
elles,
Pederneira.
Rei
459 Pederneira o
encontraram
nem
uma ermida
fadiga,
Sitio e Keal
dentro d'el!a
um
Casa da Nazaretb
crucifixo e
uma
sem
sepultura rasa,
lettra
epitaphio.
Pareceu-lhes primeira vista azado o sitio para retiro de fugitivos, que ambos o
eram. Ficaram ali, contentes do achado. Mas a breve trecho reconheceram que tinham
a luctar com grandes dificuldades para obter sua frugal alimentao: era preciso descer do nronte a buscar legumes, fructos e agua.
Frei
Romano
deixou o
rei,
quem
na desgraa,
e foi-se,
com
mar com
que, desde a ponta do rochedo at o remanso das ondas. Entre dous grandes penedos,
'
um dos quaes sai com sua ponta ao mar, e ficam suspensos no alto da rocha, em
forma, que parecem ameaar ruina a quem os contempla da praia, achou Romano
uma pequena cova, feita naturalmente no penedo, que acrescentou com algumas parecada
des de pedra seca, fabricadas por sua mo, e ordenada certa feio de ermida, poz n'ella
a imagem da Virgem Maria da Nazareth, que trouxe do mosteiro de Cauliana, que com
ser
pequena
rosto,
com
ia
Este monte descripto pelo chronista Frei Bernardo de Brito aquelle da Nazareth
actualmente conhecido pela designao de
Sitio.
VOL.
II
-3
4,8
de tamanho apartamento.
fora parar a
Conta a tradio que o desfortunado monarcha dos godos occidentaes
penitencia.
grande
em
dias
seus
acabou
ahi
Fetal, junto a Vizeu, e
Romano
Permaneceu a imagem de Nossa Senhora escondida na lapa onde o monge
ficaram dominadores da
que
mouros
dos
ultrages
dos
escapasse
que
para
a soterrou
godos vencidos.
pennsula, se exceptuarmos os morros das Astrias, refugio dos
mourama do
Chegou, porem, a hora de Afonso Henriques se propor desbravar a
depois foram chaque
ricas
e
largas
terras
as
Ms
e
de
Porto
Leiria,
sul, conquistando
madas os coutos de Alcobaa.
Um dos auxiliares illustres do valoroso prncipe portuguez foi um cavalleiro de nome
foi um dos liFus Roupinho, que, segundo certa memoria do mosteiro de Santa Cruz,
sendo ento alcaide
dadores portuguezes que assistiram batalha de Campo d'Ourique,
castello defendeu habilde Coimbra, bem como o fora tambm de Porto de Ms, cujo
ficou derromente, com um feliz ardil de guerra, contra a hoste do rei de Mrida, que
tada.
Aps
commandou
a primeira frota
eram todos
Espichel,
d'aquella idade
Venerou-a devotamente
e tel-a-ia
offendel-a tocando-lhe.
montear.
com
ces,
Amanh
era de
atravs da bruma.
Avistando
um
em
furiosa correria.
Fus Roupinho, soltando as rdeas ao cavallo, foi-lhe na pista at chegar, sem o saber, ponta do rochedo que, junto da lapa, mede duzentas braas de altura sobre a praia.
N'um relance, conheceu o sitio e o perigo. Sofreando o corcel, invocou o auxilio de
Nossa Senhora, de que era devoto, e o corcel estacou com tamanha firmeza, que ficaram
as ferraduras para sempre gravadas na pedra.
Saltar por terra,
oPor
r.
ti,
clamando
Senhora, por
Prostrou se
u
humilde
l
ti
!>>
deu graas,
Um
Que
cavallo
e o
o remessra at
ali,
Ms
artfices
um
Ao
excavai
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
com
as relquias de S.
dos
fieis,
Deu
Bartholomeu
a historia d'aquella
era aberto
em
419
e S.
Braz
um
per-
imagem milagrosa.
altar, e
ali.
a corte o
da Senhora.
E, auctorisado pelo rei e principe, fezlhe D. Fus Roupinho doao das terras circumpostas, que eram mattos speros, povoados de caa brava.
Em 1377 mandou el-rei D. Fernando fabricar melhor templo, que depois foi acrescentado pela rainha D. Leonor em tempo de D. Joo II e eirei D. Manuel fez construir os alpendres destinados aos romeiros, que de anno para anno iam augmentando
;
em numero
e devoo.
diz
com
graus,
turio
'
notvel consolao de
quem contempla
N'uma
inscripo composta
um
voto.
em
latim
rcal.s;;r
um
faz parte o
secretario e
um
thesoureiro.
Real Casa administrou-se por muitos annos sem compromisso. Mas em iSSg
dado um regulamento por decreto de i3 de agosto, e em 1854, por decreto de
27 de dezembro, foi reformado aquelle regulamento. ^ Depois outras providencias legaes
teem sido adoptadas.
Em i855, os fundos da Real Casa montavam a 76:4i6c:?355 reis. Com referencia
foi-lhe
No
Sitio
ha
tambm
alguns
prdios
de
boa
apparencia,
habitados
por
parti-
culares.
E abundam
festa
'
chamada Ja casa
realisa-se
Portugal, pag. 18 a
rios
religiosa
culto de
Nossa Senhora em
29.
O regulamento approvado pelo decreto de 1854 definiu taxativamente os fins religiosos e utilitda instituio, a saber: culto de Nossa Senhora com a decncia e esplendor devido; obras de pie-
lei,
for-
420
sexta
feira,
cirios
Um
da
uma
de dezesete freguezias, de
volta quella que visitou.
Por sua vez cada parochia guarda a
festa,
que
ella
ella parte
durante
todo o anno,
modo que
s passado igual
visita,
depois
numero de annos
JuIio
assistiu
Nos Contos
se refere ao theatro,
tem todas
as propores de thea-
uma
cirios
um
kilometro ao
N'uma
um
lindo parque.
empolgou
praa de toiros,
Tem
^i
vida industrial:
C.*, estabelecida
em
uma
edificio prprio; e
ultimamente fundou-se
uma
Asccnso
fabrica de con-
servas.
Tem um
uma
philarmonica,
uma
fan-
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
farra
42'-
um
Houve
Na:^areth.
existncia,
ses
phia Freire.
Real Casa, que j dissemos sustentar no Sitio uma escola para o sexo feminino,
masculino outra escola.
No censo de 1900 que foi aquelle de que nos servimos sempre n'esta obra a populao da Nazareth (Praia e Sitio) vem englobada na parochia da Pederneira ao todo
5.397 habitantes.
Mas em
2.
Soo almas
te
populosa.
Divide-se
em Famalico
de cima e Fa-
malico de baixo.
logares.
ma
fazer uso.
freguezia de Vallado
de acre-
Famelies fundadores.
foi d'ella
Vieira Natividade.
depois
foi
reis
Em
sr.
sr.
em compensa-
a guerra"civii.
Manuel Yglesias,
e hoje creio
que pertence ao
Tambm
uma
ferraria de
que
baa).
freguezia
cada mez.
uma
feirn
de gado a 24 de
422
um
Distante
kil.
chamado de
S. Bar-
No
da de romeiros.
aE' ento digno de ver-se, diz uma noticia descriptiva, uns assentados nos pontos
mais culminantes d'aquelles penedos, que ameaam despenhar-se sobre nossas cabeas,
outros subindo o monte por uma estreita vereda, levando cada famiiia seu jantar; e
os mais devotos telhas que piedosamente tiram a seus vizinhos para testemunharem as
E'
O
umas
te-
a devota.
^
No quer? mas elle tirou-me as sezes!
No dia 24 de agosto realisa-se no mesmo local
Em
ter furtado
a romaria de S. Bartholomeu.
1847, o^ pjtuleas fizeram d'este santo seu correligionrio, ao passo que os ca-
oppunham
bralistas lhe
ento,
n'essa
svel. ^
concelho
da
'
Esta tradio das telhas furtadas no exclusiva da provincia da Estremadura. Tambm existe
no Minho, por exemplo em Sanfins, no concelho de Valena, relativamente a Santo Ovidio.
' Am. de lembranas de
it*86, pag.
238. Veja tambm este almanach, do anno de 1862, a pag.
33
'
Uma
titalo
com o
logar deste
neira
^^mm^
f(^
XXVI
Porto de Ms
A falda Occidental da serra de Ayre est recostada a villa de Porto
de Ms, que d o nome a esta seco da mesma serra.
O rio Lena, trazendo j as aguas do rio Alcaide, passa no Ro-
cio
da
villa e vai
A
como
banhar a Batalha.
sua corrente
a Ribeira de
fertilisa
as terras.
Cima qut
fica a
e productivas.
com
nenhum
de frades agostinhos,
Como
se v,
um
convento
villa.
tambm, no portuguez
',
pode
ter concor-
si-
com
Baptista
2:008, S.
Pedro com
2.3 16.
e ape-
villa
nome no
districto de Leiria e de
uma comar-
ca de 3.* classe.
Quanto ao
No
um
forte.
uma pequena
praia
villa,
pos-
424
Em
bi-
em
saias uma barra encarnada, e d'ahi para cima, avanando sobre o norte, o vestido femenino comea a tingirse de cores vivas, que so o reflexo de uma paizagem mais luminosa e ridente
As produces agrcolas do concelho, cujo principal labor a agricultura, distinguem-se principalmente pela boa qualidade do azeite e das fructas.
Fazem-se na villa duas feiras annuaes uma pelo Espirito Santo e outra em de:
462
zembro
I'orIo
de
M6s-Visu
mercado de gados
geral
a i3 e 29 de cada
mez,
mercado sema-
A
ma
pouco tem penetrado em Porto de Ms. Na villa no ha nenhuno concelho unicamente encontramos oflicinas pyrotechnicas e fabricas de
industria fabril
fabrica, e
telha K
A Rua
d'esta, a
e a rua Gallega.
Havia duas praas, separadas por um quarteiro de casebres, que foi demolido, formando-se assim uma grande praa bem calcetada, que tem o nome de Augusto Crespo.
O melhor ediScio da villa aquelle, de construco 'moderna, occupado pelo tribunal da comarca e camar municipal, na praa Augusto Crespo.
Nos antigos paos da vereao, tambm na Praa, ficou a administrao do concelho no primeiro andar, e a cadea comarca, algum tanto acanhada, no pavimento trreo.
Ha Misericrdia com hospital, fundada em iSiG, sendo a sua receita annual de
874.31)000 reis.
Falta
em
Porto de
Ms um bom
caracter provinciano.
No se fazem romarias.
hotel, pois
procisso dos
Passos.
cm
Pinho Leal fala de uma festa que na parochial de S. Joo Baptista era celebrada
honra de Santa Catharina a expensas das raparigas solteiras.
Tal
'
Em
festa j se
no
effectua.
Kio-Alcaidu houve
uma
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Possue a
villa
um
Club,
um
em
cuja coUeco se
theatro,
um
uma
noticias
Ao
philarmonica,
antigo peridico,
encontram
425
sr.
A. de Jesus e Silva.
villa,
sa durante a noite.
como alcaide-mr
D. Fus Roupinho, de
quem
neira.
tra-muros.
de
es-
D. Fus,
tragos ao castello.
Sancho
tambm
tratou de povoar a
villa.
Sancho
II,
Rainha Santa. D. Manuel renovou o foral era i5i5, e creou a Misericrdia com as rendas da velha gafaria, edifcio que D. Diniz tinha deixado extra-muros ^.
Certamente que no actual estado do castello de Porto de Ms j nada existe da
sua primitiva construco, nem das restauraes mais antigas. Antes se julga que as runas hoje existentes so as da reconstruco
la
mandada
fazer pelo
marquez de Valena, D.
No
actual
districto
de
Leiria, houve,
I,
5o.
em
Leiria (cidade)
II
54
426
No padece duvida
que, na
em
tambm deram
torno da qual
trs voltas.
Do
da Nazareth,
em
camar
municipal.
chamou um monumentosi-
foi
removido do
local
em
que estava
remoo
Na mesma
fez-se ao
occasio
tempo de
foi
tambm
primitivo,
porque
lhe
falta
o lanternim octogonal
'
a mais no fuste
um
painel da
Virgem
uma cortina a
uma banqueta,
adornal-o, e
e enfiada
uma
trana de flo-
na cruz do capitel
uma
Joo
e D. Affonso
V quando
em
paragem
Porem
Mas
os res-
do fretro
de D. Joo II minuciosamente diz Garcia de Rezende que o levaram pela serra da
Mendiga e pela serra Ventosa, e sobre o Porto de Ms, t chegarem egreja de S.
Jorge onde EIRei o estava aguardando.
Um dos logares comprehendidos na freguezia de S. Joo Baptista denomina-se Cho
da Feira. Fica entre S. Jorge e os Carvalhos. Foin'esse logar que em agosto de 1837 se
feriu a rpida mas sanguinolenta aco em que tomaram parte os marechaes Terceira
e Saldanha, cartistas, e o baro do Bomfim, setembrista
violento episodio das nossas
luctas caseiras por causa da questo constitucional.
De portomosenses distinctos, especialmente nos tempos modernos, longo o rol.
Eu s mencionarei um dos antigos, que foi illustre D. Antnio Pinheiro, bispo de
Miranda e de Leiria, guarda-mr da Torre dq Tombo c visitador e reformador da
Universidade de Coimbra, no sculo .xvi.
pectivos chronistas no especificam
n'esta villa.
a respeito
'
Reproduzid,! no
Panorama de
1839 e na
3.'
edi(;o
Ms
ficou proverbial,
bem como
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
a altivez
com que
de Minde.
Um
427
nomeadamente os
A justia da Feira
E' m.
Um
demandista
quem
a queira.
Ms
Com
juizes
Tem
464
juiz,
Ningum
justia de Porto de
como vs
juiz tratara
Porto
de
Ms l-Yeguezia
de S. Joo
indignado, o mandasse sahir do tribunal, desfechou-lhe sabida esta quadra, que Al-
e Baptista
lu,
Juiz de
Ms,
Porto de Ms
!?
sabida.
O minderico respondeu
Se a demora na casa
'
emolumento do
fr grande,
carcereiro.
I.
428
Os
um
d'aquelles no quiz
L vos avinde
Nas provncias do
em
caia
viila
baa.
menos
pelo
dois
forra,
profisso.
Tambm
no encontrei noticia de existirem representantes do morgado dos Eivaque se diziam descendentes do Cid Campeador, e com que os nossos antigos chorgraphos encheram algumas paginas.
res,
tes freguezias
Orago
Alaria
de Porto de
viila
tello,
Tem
Ms
feira.
Alqueido da Serra
Orago
S.
Tem
kil.,
Na aba da
para o norte.
lentes passas,
Baptista, na
'
"
E no Cezar como
dii a
'
Sy.
sr.
titulares,
Portomo^ense.
II,
pag. 336.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
429
cobaa,
Alvados
uma grande
festa
em
honra de S. Sebastio.
^63
Ms
Porlo de
dez
para sueste.
kii.
Ms -Praa
Os nomes
de alguns logares d'esta freguezia como que pintam o agreste e penhasCoves Largos, Covo da Nogueira, Covo do Sabugueiro, Moliana, Cabeo das Pombas, Covo da Fonte, Covo do Frade, Barreira da Junqueira, Penedos
Bellos, Mouta do Aor.
A poucos metros da igreja parochial, n'um logar chamado Vallinho, dizem os habitantes de Alvados que nasceu o herico D. Fus, e tanto esto n'esta f que indicam
umas ruinas como sendo as do solar dos Roupinhos.
coso
d'ella
de Pias, a sueste
da sede do concelho.
E' n'esta freguezia que existe o arco allusivo tradio do veto de D. Affonso Henriques antes da
tomada de Santarm.
D'este pequeno
monumento
a que o
povo chama
Rei da Memoria
j dmos
no-
no vol. 1 *.
Sobre os antigos trajes das mulheres de Arrimai veja-se o que diremos no capitulo
'Pombal, quando tratarmos da freguezia de Vermoil (citao do sr. Jesus e Silva).
ticia
Juncal Orago
Assenta
kil.
de Porto de
villa
'
'
Pag. 394.
Pag- 394-
Ms
10
kil.
para oeste.
43o
Mendiga Orago
Na
1 1
kil.
1.238 hab.
sua instituio parochial data do
sculo xvni. At ento fizera parte da
freguezia de Minde.
AzamMs
Serro Ventoso
bastio; populao
nome
Orago
S. Se-
930 hab.
serras de Carvalho e Penedos Negros, revela quanto aoitada dos ventos na alta portella em que est sias
tuada.
em
toque
uma em
cada
freguezia.
bm
nas conheo
em
todo o concelho a da
Conceio na Ribeira.
politica,
cruzeiro de Porto
a referencia
'
No
Ms
da pag. 46)
e Villa
quentes.
outros
Real de Trazos-Montes.
confli-
partidrios
No
tempos
em
duas
localidades
XXVII
Batalha
um pequeno concelho de 7.000 habideve a sua origem ao soberbo monumento religioso que no-
tavelmente a glorifica.
Os
artistas e operrios
hum
Mosteiro, etc
*.
Depois conta D. Joo I que o seu confessor Frei Loureno Lamprea e o Dr. Joo
das Regras lhe requereram que o mosteiro fosse da Ordem de S. Domingos. Poz duvidas elrei, porque em honra de Nossa Senhora o promettera, mas quelles lhe dissiparam todos os escrpulos demonstrando a venerao que os dominicanos tinham pela
Virgem Santssima.
fundador recommenda aos seus successores a concluso da obra, indica as renconsignadas e ao sustento de 3o frades. A estes impe a obrigao de determinados sufragios, e especialmente ao herdeiro do throno a de velar pelo exacto cumdas a
ella
primento do que
fica
exposto.
Provas da
Ilisl.
Gen
I,
pag. 357.
432
Emfim, o testamento do
rei
fundador
mosteiro.
J dissemos n'outro logar que a batalha de Aljubarrota se no feriu no
gar
em que
o templo
procurar terreno
foi
frtil
erigido,
porque D. Joo
mesmo
lo-
Na
Comeou
a egreja
diz
-com
ptuosidade
proporo,
tempo
gastar de
de boa
regras
A
em
edificao
principiou
em
logo
1387.
estava concluida
em
1416.
Mas D.
Joo I falleceu em 1433 e o mosteiro achava se ainda por concluir. Todavia, considerada a magnificncia
da obra, e a difficuldade
d'ella. pa-
respeito
mandara
uma
vir
de
casa da sua
lotiges terras os
era, informa
e os
que D. Joo I
mais peritos officiaes de
cantaria.
te,
um
irjandez,
David Ache-
O architecto inglez James Murphy diz, por o ter ouvido em Lisboa a empregados
da Torre do Tombo, que o encarregado da construco fora o seu patrcio Stephan
Stephenson, e confirma esta verso pela analogia que encontrou entre a Batalha e a
cathedral de York.
Ainda ultimamente,
mou
York
em
limita-se a notar
semelhana de
e a Batalha.
categoricamente: Batalhe,
le
principal
monument
portugais. est
du
Murphy,
affir-
style anglais et
terreno era o de
uma
quinta
el-rei
comprou
A EXTREMA.DURA PORTUGUEZA
434
monumento.
Manuel dos Santos na VIII parte da Monarchta
Seguiu
as pisadas de Frei
n'isto
Lusitana.
Mas no tem apparecido prova definitiva de que esse nosso compatriota fosse o
nem tambm de que o fosse algum architecto inglez.
Apenas Sousa Viterbo encontrou uma escriptura da ra de 1440 (anno de 1402)
em que Affonso Domingues mencionado como teado sido meestre da obra do dito
auctor do risco,
que no
mosteiro., o
a hypothese
Francisco de S. Luiz,
bastante
Sem embargo,
foi
acceita e correu.
em
relevo a
ptria.
E,
com
effeito,
talha.
quando ns,
mais tarde,
certo,
comeamos
gothico puro
um
estilo
que
bellamente conjugado
com
Europa ao
manuelino.
um
esta
mentos da
igreja
de Jesus
em
em
um
rei
estilo original
em
architecttira
um
reinado que
l.
mos um
ou
mundo
de que
te-
o manuelino.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
? Vemos o que toda a gente v o que viu e notou um
mr. Quillardet, Edgar Quinet, tambm francez, e cremos que
Ns vemos
triota de
bem
illustre
elle
compa-
interpretou
o que viu.
-165
Ns vemos
cain-
preexistentes:
spirao nacional e patritica por entre as recordaes de estilos extranhos
436
O gothico e o rabe. Nos ltimos tempos assim o reconheceu o sbio professor Max
Dessoir, lente de esthetica e philosophia da arte na Universidade de Berlim, que visitou
monumentos de Portugal.
a Ramalho para sustentar que a Batalha no caractepaiz; mas certo que representa um cyclo pico, e que a sua architectura,
os principaes
um
risa
com
ser normando-gothica,
uma
coincidncia
um
paiz possue de
Mais de
um
maiormente sagrado
uma
feliz
da ra ogival
batalha
solemne
em que
com
da
quanto
ideia
se jogou tudo
a sua independncia.
47()
chitectura e esculptura
cantam
um hymno
de triumpho e sorriem
uma
claridade de or-
gulho nacional.
Eu tambm propendo verso extrangeira, talvez ingleza pelas relaes que tnhamos com a Gran Bretanha, sobre o risco da Batalha, mas julgo que os artistas portuguezes, especialmente os canteiros, facilmente comprehenderiam e executariam os mais
arrojados perfis e trabalhosos lavores, c que a prpria construco seria
pidamente productiva de
officio
de canteiro
uma
escola ra-
artistas.
'
em
como
ainda
modernamente tem procedido s restauraes da Bacomo bem ou mal lh'as impuzeram, e que nas horas vagas fazem graciosos
'
me
Aos
um
canteiros chamamos outrora imaginrios. Seria provavelmente algum d'elles que deu o nodos becos de Lisboa, o Bi-co do imaginrio, na freguezia dos Anjos.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
437
438
Na
si
mesmo, sem
escola e
sem
promptos
e hbeis, a
realisa pro-
tirocnio.
auxiliares
em
Portugal
que
irlandez,
faz o
petncia e de raa.
Sob
alguma coisa da alma artsnem se pode condos mestres da obra, ainda quando no fosse o
tica
testar
foi
um
auctor do projecto.
E, pelo facto memorvel que representa, identifica-se com o sentimento nacional
n'uma concretsao de alto patriotismo.
Empregou-se na construco a cantaria branca do Valie da Quebrada, cujas qualidades Frei Luiz de Sousa preconsou. Em i855 dizia D. Antnio da Costa a respeito
d'esta cantaria: S para a Batalha vo cada anno lo.ooo ps cbicos, ou Soo carradas.
Sobre a fundao e construco do monumento ca dito o que essencial.
Vamos agora vstalo, se no com a minudncia de um artista ou de um archeologo, pelo menos de modo a colher uma impresso geral, ainda que pallida.
Por mais que se tenha lido sobre a Batalha com pleno elogio nas descripes de
nacionaes e extrangeiros, sempre a visita ao famoso templo nos causa surpresa e assom'
Quer isto dizer que todas as descripes, sem exceptuar as de maior brilho ou de
maior individuao, deixam muito a desejar, se as confrontamos com a realidade e com
a nossa ennoo pessoal.
em
monumento
se
modo
nos n'um primeiro lance de vista; mas succeda que principiemos por ver os altos coruchos rendilhados aflorarem orla da estrada que parte de Leiria, como que enterrado o edifcio n'um terreno baixo.
Mas esse mesmo facto contribue por certo para augmentar o deslumbramento que
nos causa o templo, quando, dobrando a estrada para uma rampa, nos encontramos
ante a fachada principal e o prtico, mais encantadores ainda na pedra que na photographia.
E logo que entramos na igreja sentimo-nos como que humilhados da nossa pequenez humana em presena d'essa maravilhosa obra de arte, que parece subir para
Deus n'um sonho areo de f religiosa.
Razo teve o cardeal Vicente Justiniano para chamar Batalha outro templo de
Salomo Frei Luiz de Sousa para dizer que este templo excede todos os famosos da
christandade; o cardeal S. Luiz para o classificar de sublime; e Alexandre Herculano
;
para o definir
um poema
de pedra.
em
esplendores de architectura
madame Adam
para o con-
o.
O
'
architecto inglez
Veja-se o vol.
Murphy
desta obra,
a pag. aj,
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Em
lha.
1789 passou
ali
trs
439
Comtudo o Cardeal
S. Luiz, na sua
em Sousa
Memoria
histrica publicada
em
1827, nota
Murphy.
Isto levou o principe Lichnowslcy, segundo elle confessa, a inutilisar todos os
apontamentos que havia tomado e a convencer-se de que nunca deveria intentar uma
superficialidade e inexactido
Veja o
em algumas
paginas.*
Tanto na fachada
principal
ogivas ao
Os
de altos
pilares
abobada.
um
nellas.
Logo
no
mesmo
direita de
quem
qual,
I
Notaremos que, alem das descripes de Frei Luiz de Sousa (na Hist. de S. Domingos), Murphy
Memoria indita de Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque, cuja ultima edio creio ser a de 1897 a serie de artigos de Vilhena Barbosa no 8. vol. do Arc/iivoPi/oreico; O
Mosteiro da Batalha (Pariz, 1892) pelo visconde de Condeixa: e, com um fim de vulgarisao, Resumo
da fundao do real mosteiro da Batalha, de que tenho a 5.* edio (iSiio) e a 8.' (1890); e O monumen1
e Frei
to
Francisco de S. Luiz, ha a
da Batalha, guia do
visitante,
recentemente publicado,
em
1904.
440
do
Os
rei
como no
acto de
em
torre, e a
uma
eterna
mo
phicos e laudatorios
como
direita
benam
e
mo
nupcial.
os longos epitaphios
em
latim biogra-
472
Nos
enquadram
se desde
de Affonso V, sua mulher D. Izabel de Lencastre, D. Joo II e seu filho o mallogrado principe D. Affonso, que at ento estiveram provisoriamente em outros logares
los
com
a rainha D.
Amlia e seus
filhos,
os
membros do governo
e as auctorida-
Quero ainda
me
referiram na Batalha.
uma
superstio que
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
441
beatas
costumam
ma
tomam como
fio
uma
estreita abertura
do fron-
dentro
em
al-
patrocnio milagroso.
Na passagem
d'esta capella para a igreja encontramos as campas de Martim GonMaada, que em Aljubarrota denodadamente protegeu a vida do rei, e a de
Diogo Gonalves de Travassos, grande amigo do infante D. Pedro e aio dos seus filhos.
Outras campas se nos deparam na igreja da Batalha. D'ellas mencionarei apenas
a de Matheus Fernandes, porque elle foi o primeiro mestre de obras das Capellas Imperfeitas, a que logo me referirei com mais alguma pausa.
Na capella rar, junto ao supedaneo, jazem n'uma caixa de pedra as cinzas de elrei D. Duarte e de sua mulher a rainha D. Leonor de Arago.
Pinheiro Chagas, falando d'este jazigo, diz parecer que a influencia nefasta de D.
Leonor ainda na morte prolongou a sciso entre a familia do fundador. Referindo-se a
D. Duarte e rainha aragoneza, escreve: L esto as suas estatuas de mos enlaadas, emquanto ao fundo da igreja, encerrados na sua funerria capella como que choram seus pes e seus irmos a ausncia do monarcha eloquente.
Estas estatuas jacentes no so perfeitas, e de mais a mais os francezes mutiiaramn'as brutalmente no rosto esbrucinaram-lhes o nariz, como fizeram em Alcobaa de
Ignez de Castro. Era a troa no vandalismo. Essa bria soldadesca napoleonica, quando metteu o seu nariz em Portugal, no consentiu o confronto com outros narizes.
Em geral as estatuas da Batalha desdizem do mrito tanto da architectura como
do trabalho ornamental. Judiciosamente faz esta observao o principe Lichnowsky.
A capella-mr, traada em polygono, afina architetonicamente com o estilo do corpo
alves de
igreja,
o lithurgica.
foi
ahi
tros.
Uma
Evangelho para a
architecionica, mas
sacristia,
nhadas.
communica com
em
Lisboa.
a celebre
Na
trs
dias
brilhante
narrativa
de
Herculano, Allonso
abobada
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
no
mas o
caiu,
Num
bea.
architecto victorioso
morreu
ali
de inanio
uma
em
figura de
443
homem,
de touca na ca-
Impei
feitas
que tem
um
attingida
444
Ao
norte do Claustro Reai fica o de D. Affonso V, assim chamado talvez por ser
soberano que o mandou concluir.
No magnificente nem bello, e o mesmo se pode dizer do claustro que tem o
nome de D. Joo III, por ser obra sua, assim como o loi tambm um grande dormiteste
rio,
pegaram
lhe
os francezes
fogo.
Passarei rapidamente pelos terraos superiores, pelo refeitrio e pela adega, que
bem como por outras officinas do mosteiro, para dar alguque succinta, das chamadas Capellas Imperfeitas ms propriamente deveria dizer-se incompletas e destinadas a pantheon real.
Por muito tempo se discutiu qual fosse o seu fundador, mas devese a Vilhena Barbosa o servio de haver feito luz no pleito co-n a simples indicao do testamento
so da poca do fundador,
ma
noticia, ainda
D. Manuel na passagem
em que recommenda
de
el-rei
se diz claramente
que D. Duarte
foi
tos de
uma
columnas delgadas,
um
Em
nosso
do
Eu
las,
sigo Ramallio
do motivo
Murphy fez um projecto de concluso das Capellas Imperfeitas '. Falta-lhe caracter
meridional. No se lhe deu andamento, e ainda bem.
O grandioso monumento da Batalha teria sido votado a um abandono igual ao de
Alcobaa, se
el-rei
em
i8;56,
no chamasse para
elle a
atteno de governo.
De 1840
'
Vem
retrato e
uma
reproduido a pag.
noticia biogr.iphica
Mousinho de Albuquerque
3i)3
pag. S; do
mesmo
foi
vol.
encarregado
encontra-se o
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
443
Desde aquella poca faltou um plano systematico de coordenao de trabalhos, falque o promovesse num paiz indiflerente a bellas artes, faltou o dinheiro
pas arcas do Estado, e hoje, desde julho de 1907, apenas esto encarregados da con-
tou
um homem
446
servao do
monumento
3 operrios!
resto
do pessoal limitase
servente, 2 jar-
dineiros e 2 guardas.
nacionaes
estrangeiros
A primeira vez que ali fui, preferi a estao de Pombal de Cho de Mas, e fiz
em diligencia o resto da viagem. Aberta a linha de oeste, a estao mais commoda para
quem parte de Lisboa a de Leiria, sendo comtudo preciso ir da estao cidade e da
cidade Batalha em qualquer vehiculo. Um ramal que ligasse a estao de Martinkilometros, seria de
gana directamente com o monumento, que d'ella dista apenas
uma grande vantagem para os visitantes, e de muita utilidade para o commercio e in1 1
do concelho.
da Batalha, cuja sede
dustria
A freguezia
a villa,
tem 3.869
altar-mr, est
com
em
ruinas,
descantes populares.
No
edifcio
tambm
alojadas a adminis-
Os melhores
prdios da
villa
mandada
Vl da Matta.
As
Praa ha
Na
villa
laboram fabricas de
distillao
de agua-ardente vinica,
e,
nas proximidades,
Tem
villa,
J ha alguns annos que foi supprimida a seco da escola industrial de Leiria aqui
destacada, na qual se ensinava desenho linear, ornamental e architectonico, bem como
cisco
em i85i foi agraciado com o tide baro de Nossa Senhora da Victoria da Batalha o brigadeiro Sebastio P^ran:
assi-
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
447
gnalou nas luctas constitucionaes por servios militares, e que at pelos sobrenomes e
appellidos parecia fadado para a carreira das armas, bem como pela expresso marcial
com
d'elle existem.
a freguezia do
3.
160
almas.
Este concelho pertence administrativamente ao districto de Leiria, judicialmente
comarca de Porto de Ms, e, no ecclesiastico, est sujeito ao Patriarchado.
A.
da
villa
No outono
tal,
kil.
a sueste
um
processo muito
interessante.
pittoresco pela
azeite e
in-
dustrialmente pela explorao das suas pedreiras, as quaes forneceram toda a cantaria
concelho
ou 8 milhes de
abundante
em
produces agrcolas
em
litros.
de Sousa, modernos como Herculano, Rebello da Silva, Latino Coelho, Pinheiro Chacomo Soares de Passos:
Coruchus
Roando
d'imiiiensa altura
XXVIII
Leiria
CIDADE
foi administrador do conceenscenou n'esta cidade a aco d'0 crime do Padre Amaro, romance realista em que perpassam relances de pai-
lho de Leiria
zagem
*,
e vida local.
cessria.
da
noite,
Era-o
VOL.
em
comeou
11
a escrever o
53.721 habitantes.
57
45o
E em
Leiria,
como em Thomar
em
cado mensal;
estes
em maro
e agosto
em
estudantes e os soldados
flaino, os
em
nos dias 8
emquanto duram
a cidade recae
burocratas
que
se reahsa o
as feiras annuaes;
em
no langor
mer-
mas apagados
e
no tdio, os
descanso, e o castello
em
ruinas
477 Vista
geral de Leiria
um
corvo de
bom
agouro,
como dizem
lenda
brazo da cidade.
Eu
resumi no
o monte de Leirena
i.
'
Agora
se
nos reinados de
L^
direi
de
villa
em
E, dito
castello
isto,
passarei
elaborado pelo
em
funcciona
sem demora
iilustre
com devotado
artistico e histrico
elle
do
castello, o sr.
Korrodi comeou a
affecto.
constitue
do
Domingos Sequeira, que
um
frisante
Leirea Leiria.
Leirena
Pags.
'
6, 7 e 10
do
i."
volume.
I).
Joo
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
4JI
ressanie da ruina, o antigo palcio real, dos poucos elementos que ainda restam no
paiz de construco
visivel
lias
castello,
fundado
em
1128
em
do
alto
do
Na
rea da povoao
inicial,
'
foi
D.
extincta diocese de Leiria durou mais de tresentos annos e teve vinte e dois bispos.
em
1S73.
uhimo
452
XIV (D.
um
extrangeiro, que
bem merece
ser conside-
Sem curar de saber onde perto de Leiria existiu uma cidade romana com o nome
de Gallpo, eu mencionarei por ultimo que foi D. Joo III que elevou a antiga villa de
Leiria categoria de cidade e, obtida a indispensvel bulia em i545, de sede de
bispado; que, finalmente, em Leiria se reuniram cortes nos reinados de AFonso III,
D. Fernando e D. Duarte, sendo estas ultimas para tratar da
D. Fernando
A
tal
em
triste
situao do infante
Fez.
cidade actual assenta n'uma plancie, banhada pelo rio Liz, junto falda orien-
do monte do castello.
Este rio, formado por duas ribeiras, passa
Lena, seu
Ao
Liz e ao
afluente, reune-se-lhe
Lena
se refere
um
em
elogio
da cidade
De
os brandos rios.
Rocio hoje Campo de D. Luiz I que, seChagas, a transxo da cidade para o campo.
E ao longo do rio, sobre o maracho, ensombra se o mais encantador Passeio Publico que uma cidade pode desejar, com aspectos florestaes e frescura de aguas corEntre Leiria e o Liz medea o vasto
gundo uma
rentes.
Por sua vez, Ea de Queiroz descreve: Ao p da Ponte, uma rampa desce para
se estende um pouco beira do rio. F2' um logar abrigado, recolhido, coberto de arvores antigas. Chamam-ihe a Alameda Velha.
Todo o ameno trecho marginal do Liz, inclusa a curiosidade natural da Fonte
Quente, nos compensa da estreiteza das ruas no interior da cidade, cuja impresso de
asphyxia a Praa Rodrigues Lobo, com o seu nientidcro em arcos, semelhana de
Braga, Aveiro, vora (e por que, no Lisboa? onde a arcada c maior por serem maiores as mentiras) no teria podido desvanecer nos completamente.
Na cidade no abundam os palcios, ao contrario do que era de esperar da antiga
tradio fidalga de uma terra onde os reis folgavam e mandavam crear seus filhos.
Lembro me apenas das residncias da famlia Athayde, baro de Salgueiro, do solar
que foi do conde de Valladares e do prdio que pertence hoje ao sr. Carlos d'Oliveira.
Casas de regular apparencia ha muitas, especialmente na Praa.
'
mas
Todas
palavras.
do trabalho do sr. Korrodi, s vezes at nas suas mesProcuramos vuigarisar aquellas indicaes, por isso que esse estimabilissimo trabalho
fcil
acquisio.
em
folio grande,
com
magnificas estam-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
A
A
cidade constitue
extincta
s,
uma
Assumpo
actual matriz,
453
ao monte do Castello.
Comquanta a fachada seja singela, o interior do templo, que de trs naves formadas por dez arcos, aos quaes altas cohimnas sustentam, tem imponncia e belieza.
O palcio da mitra com a cerca, a torre, separada da s, com o seu carrilho offerecido pela bispo Aguiar, o edifcio do governo civil, acrescentado ultimamente com
um
cm
terreno superior
inKn?FiiffKiT~ki^
igreja de
Santo Agostinho,
Tem uma
um
em
cuja fachada
tambm
reconstruco do
altar-
mr, segundo
um
ainda incompleta.
No
edifcio
do convento aquartela
se infantaria 7.
igreja
de Sant'Anna, de
uma
s nave tambm,
com
azulejos na capelia-mr e
alguma obra da talha no seu altar, era de freiras dominicas, e no respectivo convento,
fundado por D. Catharina de Castro, filha do 2. duque de Bragana, est hoje installada a roda dos expostos.
igreja
deselegante
na
fa-
chada,
do
Li:{,
estes, fique
desde
j dito,
2/',
de 800 a 1.200.
da cidade.
da Misericrdia impe-se pela capella-mr, cujo altar de mrmores vabem lavrado em mrmore amarello.
O benemrito prelado D. Msnuel de Aguiar mandou erigir, de 1798 a 1800, o hospital civil d'aquella invocao, para o qual passaram os doentes do antigo hospital, aos
quaes elle prprio acompanhou na sua carruagem.
A irmandade da Misericrdia havia sido instituida em Leiria no anno de 1544.
igreja
riegados, e o sacrrio
hospital
um
alem de
uma
ambos
de cirurgia para
os sexos,
sala de opera-
seu rendimento annual de 5.4ooC>ooo ris. E d'este rendimento, por diliberarao do referido prelado, saem 400^^000 ris, que so entregues irmandade da Misericrdia para custeio do culto no templo.
foi
cedido a
um
D. Manuel de Aguiar o prelado cuja memoria Leiria mais abenoa e venera, por-
que
elle,
como
diz
um
seu biographo,
foi
um
'
em
Antnio, de
igreja de
pequena
castello,
desyaliosa.
um
escadorio no
um
uma
das coUi-
Como
na Nazareth ha
um
trio
ou
O
A
um
Aymaro, depois
Encontraram-se ahi j os restos de uma antiga ermida, e dentro de uma gruta uma imade Nossa Senhora em pedra branca, com dois palmos e meio de altura. Edificouse a nova capella sem grandeza, dando-se-lhe a invocao de S. Gabriel. No reinado
de D. Joo III o i. bispo de Leiria, D. Frei Braz de Barros, intentou ampliar o tem-
gem
plo,
que s
em
i554 se concluiu.
comeou tamanha
melhor
Mas
tanto,
erigir
Por occasio do terremoto de 1755, Leiria, postoque menos prejudicada que Lisboa, soffreu todavia alguns damnos, especialmente na s e outros templos, mas o san-
Um bispo segundo J)eus ou memorias far a vida de D. Manuel de Aguiar, ly.' bispo de Leiria.
Coimbra, i8i5.
' Corre impressa a orao fnebre recitada por Fr. I''ortunato de S. Boaventura nas exquias de D.
Manuel de Aguiar. Lishoa, 1820.
'
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Nossa Senhora da Encarnao
tuario de
foi
455
muitos leirienses.
bispo D. Joo
em
pressa
crucifixo nas
lhou.
Os
que
francezes,
to
em
Leiria,
mar
as
devastaram o santurio de
Nossa Senhora da Encarnao.
Restauraram-n'o
os seus devotos
com
depois
o auxilio
to era D.
em
escor-
da imagem,
sul e
poente do hospital
civil
da
sua igreja, que na extrema oriental da cidade se ergue no alto de uma collina, cuja
base o Liz banha pelo nascente e norte.
Em 1904 o sr. Tito Benevenuto L. de Sousa Larcher, escrivonotario, publicou
uma desenvolvida Memoria sobre o templo e o culto de Nossa Senhora da Encarnao
padroeira da cidade de Leiria.
o, a historia
Os
elles
paos do concelho antigos eram mesquinhos, mas est sendo construdo para
O
erigir
mandado
fazer
um
o seu jazigo.
Mas
cidade.
Alem do
>
A. F. Barata,
Memoria
histo-ica sobre
a fundao da S de vora
(2."
456
ambos os
sexos,
com
outros
ele-
mentar, desenho de architectura e decorativo, lingua portugueza, arithmetica e geometria, elementos de physica e chimica, e tem officinas technicas de carpinteiro, serralheiro, pintor, e canteiro, bem como, para o sexo femenino, aula de costura e lavores.
Ha
Estevam
Leiriense.
Em
pode dizer outrora os intellectuaes de Leiria n'essa poca fundaquatro d'elles foram meus amigos
D. Antnio da Costa, que n'estas iniciativas era sempre o primeiro; Rodrigues Cardeiro, Cndido Cau da Costa e Augusto Luso, estes ltimos ali professores do lyceu.
Entre as instituies de recreio avulta o theatro D. Maria Pia, por cujo palco teem
1864
se
em
passado
tournes
No
falta
um
e
circo tauromachico.
um
Grmio
litterario re-
creativo, e
de
carreira
de infanteria
7,
bilhares e cafe.
em
com uma
Marrazes,
As
tiro,
Faz
falta
luz
elctrica,
cuja
acquisio
se
confli-
ctuosos.
bres.,
Existem associaes de bcneficedcia e mutualidade, taes como Protectora dos poMonte pios Leiriense, fundado em 1834, e de Nossa Senhora da Encarnao, em
1872.
Alguns escriptores, entre os quaes o nosso grande Pedro Nunes, suppozeram que
a primeira terra da pennsula hispnica onde funccionara uma oflcina typographica. Mas parece certo que j em 1474 se imprimia cm Valncia. Um argumento
decisivo a favor da. prioridade de Leiria no pde ser verificado ainda.
Comtudo dos prelos leirienses sahiu em 1494 a edio hebraica dos Prophetas
primeiros, e em 1495, em latim, o Almanach perpetuo dos movimentos celestes, redigido
pelo )udeu Abraho Zacuto, livro impresso por mestre Ortas, que tambm era hebreu.
Rivara, no seu interessante estudo sobre a typographia em Portugal, conduc que
Leiria se anticipou a outras terras do paiz apenas na impresso de livros de origem
fosse Leiria
'
hebraica;
em
vulgar
foi
a verso
da
\'ita
em
'
Panorama,
I,
pag. 164.
Innocencio, no
1."
tomo do seu
Dicc. Bi/., pag. Sg, fala dos raros exemplarei; d'esta obra co-
O
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Como
d'aquelle
quer que
sculo e
seja,
457
menos do fim
leirienses
com
assidua actividade
Que
O
(J
eu saiba, publicaram-se
em
Tentativa,
Outubro de 1860
a outubro de
i863
Janeiro de i863 a janeiro de 18GS Jornal dos sargentos, semanrio de inCorrespondncia de Le/ra, folha semanal
struco e recreio. Junho a julho de \%']'}
Leiriense.
81
Outubro de 1874
tinuava
em
Opinio.
a julho
Boletim
1878
official
em maio
litterario.
a fevereiro da
De 180
a 1881
em
1896.
No momento em que
Districto de Leiria
em Leiria 4 semanrios
XXVI anno de existncia e
escrevo publicam-se
(2.)
que vai no
propriedade do
do partido republicano.
Echos do Li^ (I anno), semanrio catholico, do qual proprietrio Manuel Jos
Alves de Mattos e redactor principal o Padre Manuel Pereira da Silva.
proprietrio Gaudncio Pires de
voL. u
Campos. Segue
a politica
5S
4-18
D'estes semanrios, o
i."
e 3." so
compostos
na Imprensa Commercial.
Certamente causa justificada estranheza o facto de nenhuma das obras do preclaro
leiriense Francisco Rodrigues Lobo ter sabido dos prelos de Leiria. O maior numero dos
riense; o 2." e 4-"
seus biograph
)s
F-iz,
seria
da regio ba-
e Lena,
em Coimbra,
que por
onde Rodri-
effeito
de
um
falua, entre
1623 e 1627.
fez a
Lisboa
bem
Leiria.
em 18.8, surprehendeu-se com esta onovidade biographirecommendou-a aos investigadores de historia litteraria.
Nada se tem adeantado, porm.
O i." duque de Caminha, D. Miguel Luiz de Menezes, contemporneo do poeta,
tinha effectivamente
em
Leiria
um
palcio que
foi
Uma
mou
Brites,
que
bem poder
com
em
corresponder a Beatriz.
D. Pedro de Mdicis, de
quem
segunda mulher,
foi
em
e es-
Dentro d'estes tpicos pode estar o drama. O poeta, postoque oriundo de sangue
como diz Costa e Silva, no poderia hombrear em nascimento e riqueza com a famlia dos Menezes ^. D'aqui o infortnio amoroso, que resalta dos seus versos pastoris. Por isso elle teria sido um Desenganado, e se ausentaria
qualificado e possuidor de bens,
errante
culo
um
les
'
As
Hisi- Gen.,
casas,
prximas
II,
intimas, e apenas
um
s-
se refere.
dr.
Antnio da
(]osta Santos.
pag. 5i e seg.
' A lenda conta que o rio Liz passava ento perto do palcio dos Menezes e que
o poeta ia para
aude descantar as suas trovas apaixonadas; diz tambm qtie elle fora assassin.ido por ordem d'aquel
fidalgos, sendo talvez o cadver conduzido at ao Tejo e ahi lanado agua para desviar suspeitas
de crime.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
459
Theophilo Braga, que tocou de leve o assumpto, apenas colhe do Pastor peregrino a indicao de que a mulher amada pelo poeta se chamava Luiza *.
Ora nenhuma das filhas dos quintos marquezes e primeiros duques de Villa Real
chamou Luiza, e o i. duque de Caminha, seu filho, no teve seno uma filha natuque se chamou Maria.
Rodrigues Lobo foi mavioso buclico e vernculo prosador. Jardineiro da lingua
portugueza lhe chama, com razo, D. Francisco Manuel. Hoje est completamente illise
ral,
bado da accusao que lhe fez Faria e Sousa quando divulgou que elle se apossara do
manuscripto do Parnaso de Cames, e o dera como seu.
E' que em plena decadncia do sculo xvii um poeta lyrico de tamanha valia causou surpresa, e por isso
mesmo
mve)as e suspeitas.
Quanto ao poema
pi-
co Condestabre eu vou
com
mesmo
D.
opinio do
que o melhor
lanalo
afogou,
emende ou
Em
que
sepulte.
no
onde nasceu Rodrigues Lobo, a
sua historia amorosa esconcluso
se sabe ao certo
4S2 Abside da
do Tejo
lhidos
sepultados
em
mandara
fazer
em
II
um
pai
retrato de Rodri-
d'el rei
D. Joo IV
este poeta.
Conta Suppico de Moraes que, tendo Lobo ido visitar o duque, reparou faltar no
uma cutilada que elle havia recebido n'uma das faces, e que logo
improvisou a seguinte quadra
retrato a cicatriz de
Que
a estares ao natural.
Freis mofino,
como
eu.
acrescenta que, tirando uma faca, deu no retrato um golpe como o que tinha na
descomposta audcia certamente menos verosmil do que o resto da anecdota.
Deixarei em claro outros leirienses illustres para lembrar apenas o ultimo que eu
conheci o distincto e popular poeta Antnio Xavier Rodrigues Cordeiro.
Digo leiriense porque nasceu na alde das Cortes, a pouco mais de uma lgua
da cidade, n'uma casa fronteira velha ponte do Liz
casa modesta que, sendo ainda
estudante, Cordeiro fez substituir por outra de aspecto apalaado, ampla e confortvel.
N'esta ultima residncia, que elle habitava durante o estio, falleceram seus pais
cara,
>
Curso de
hist.
da
lit.
4<Jo
hospedou Castilho, Joo de Lemos, Bulho Pato, Thomaz Ribeiro ; expirou sua esposa,
D. Maria da Piedade Aboim, victima de ura lamentvel sinistro'; e morreu elle prprio
no dia ii de dezembro de 1896.
Rodrigues Cordeiro tornou-se popular no s por algumas das suas poesias, taes
como A douda de Albano e lasso no hospital dos doudos, mas tam_bem por ser durante longos annos director e proprietrio do Almanach de lembranas.
Colleccionou na velhice os versos da mocidade sob o titulo de Esparsas, e colligiu
dois volumes de prosa, que intitulou Seres de historia.
Era um homem de pequena estatura, bigode e olhos pretos, muito vivo no olhar e
expansivo na palavra, grandemente conversavel,
de maneiras simples, e propenso a abstraces
e esquecimentos, que se tornaram proverbiaes.
Depois da morte da esposa, fez- se triste e
concentrado, no parecia j aquelle alegre e falador Rodrigues Cordeiro de outro tempo.
Jaz no cemitrio das Cortes, ao lado de sua
me, n'um singelo tumulo.
No
poetas
dois
um Lobo
mesmo
e outro Cor-
d tiro.
de
phia Leiriense
em
i855).
Esta monographia
foi a primeira,
pelo meque respondeu s concluses
do congresso de Bruxellas em setembro de i853,
no qual toda a Europa foi chamada a reconhecer a importncia da informao estatistica e a necessidade de harmonisala pela uniformidade de um plano geral methodico e
nos
em
Portugal,
seguro.
E'
um
garismos
officiaes,
meou
do paiz
especialmente
Quando
a rainha D.
com grande
com que
em
al-
a instruco nacional.
Maria
II e
em
seu marido o
um
rei
com o titulo de Lembranas para o itinerrio de Suas Magestc.des, no qual opsculo esto espalhadas node
no s
ticias
do
a respeito
Lisboa
opsculo de 61 pag.
villas e
monumentos importantes
districto.
1."
baro (i835) e
concellos Bandeira de
'
'
i."
Lemos,
no por ser
leiriense,
foi
mas por
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
vernador de Leiria no regimen constitucional (1834)
D. Gonalo Barbas Alardo Lencastre e Barros.
em
461
foi
d'esta senhora,
Quero
de
referir
um
adagio
Almocreves
apparelham pela
partem ao meio dia.
Leiria
manh
voga
nova estrada de Lisboa ao Porto por
ter tido
tigo,
quando
ainda
se abriu a
Pombal.
Hoje no digo que no
Leiria e
ci-
d'elles
em
visita
Ba-
toda a parte.
Ademais da
recommendare-
tros passeios
mos
por
serem
convidativos
O CONCELHO
O
A
agricultura e
de trigo
cria
em
agua-ardente
fina,
ir
beneficiar
os vinhos do Douro.
A
Leiria;
riqueza florestal d'este concelho toda a gente a conhece pela fama do Pinhal de
mas alem do famoso pinhal, verdejam nas vertentes, que dominam o oceano,
'
*.
Pag. 24.
1."
402
de Frana, tendo
em
el-rei
D. Diniz o
mente
a de guerra.
Mas
cho
parece que
os
n"esta regio, e
que San-
II
O que alguns escriptores sustentam, com relao cpoca de D. Diniz, que este
mandara coutar o pinhal como dominio da Coroa e cortar ali pinheiros para construces navaes, sendo que essas arvores deviam j ter mais de 5o ou 6o annos.
Predomina n'esta vasta floresta de Leiria o pinheiro bravo, que to bem se d nos
climas martimos, e que pode fornecer madeira para trabalho, madeira de refugo para
rei
As ramas
a lavoira.
Fica o pinhal de Leiria dez kilometros ao sueste da cidade. Estolhe annexas duas
coutadas,
uma
ao norte, outra ao
sul, e
ali
funccionam
com a vista todo esse onducomas verdenegras parecem ondas movendose n'um rythmo
lante
mar
vegetal,
cujas
fica
prximo.
longa referencia,
Memoria
'
mas remetto o
leitor
para a
e para as
ao dar
e industria
martima adoptei o
mesmo
fabricas existentes
explorao de pedreiras
systema.
Quando
falei
'
Memoria sobre
2 * ei
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
mulher da regio
um
leiriense apresenta
463
gncia natural.
Os homens, quando
se
endomingam, vestem o
mente
Na cabea usam
botas pretas,
extreme-
barrete, ordinaria;
O que no fato masculino ha de mais notvel o leno ao pescoo (cachem^) de ramagens, largo e farto, cahindo sobre o peito com uma grande laada ou enoutros lavores..
to a tiracollo.
Vamos
Amor
10
Orago
S. Paulo, populao
Leiria
para noroeste.
kil.
Eu no pude
estava a esse
Cortia,
mas
pedi ao
sr.
o favor de
mas impresses de
me
visii.
enviar algu-
Fui gentil-
mente attendido.
Amor impunha-se-me pela tradio que lhe dera o nome: as relaes galantes do rei D. Diniz com
uma camponeza do sitio.
A povoao assim chamada fica
a 4. kil. da estao de Monte Real e
uma
sas,
alde, talvez
com
duzentas ca-
pedra
nas da costa.
A
uma
valia,
campo
que
chamam
Real, e attribuem,
com
Tem
alagadio.
igreja
parochial construco de
1782.
com
dois sinos.
amorosa do
rei
da camponeza.
Crem elles ter existido um ces pro.ximo da alde, onde D. Diniz desembarcava
quando, a pretexto de excurses venatorias, visitava a manceba.
Chamam a esse local O Barqueiro.
As valias do campo de Leiria Valia Real, Valia Morta e Valia de Fora so mais
'
46+
rio, e hoje nem a Valia Real nem o rio, muito assoriado, permittem a
navegao entre Monte Real e Amor. Mas lembramse ainda pessoas idosas de ser o Liz,
ha 5o annos, mais abundante de aguas, o que permitte suppr que no tempo de D.
Diniz pudesse ser navegado entre aquellas duas povoaes, e talvez que tambm o fosse
fundas do que o
a Valia Real.
d'Urso at Amor.
Certa occasio diz a lenda em que D. Diniz regressava ao pao de Monte Real,
perguntou-lhe a Rainha
D'onde vindes?
De amor, respondeu
o rei.
mais talvez por causa da manceba do que por este dito
Com
nome
ficaria
inicial
da palavra: pronun-
povoao.
belleza
tal
Tal camponeza,
Dos campos
flor,
Soprou a chamma
Que
ciam
Os habitantes
Amor.
inda se
chama
Amor
alde
Arrabal
1
kil.
Orago
para sueste.
uma
culina e
Tem
philarmonica.
Orago
Azoia
entre
1708 e
Ha
No
sei
Tem
Baroaa Orago
nome
de Cnrlota.'
Matheus,
occidente.
Azoia.
com
S.
Barreira Orago
sudoeste.
a quinta
da Cortia, do
Caranguejeira
kil.
tes,
para
leste.
Salvador,
sr.
Tavares Proena.
quente, outra
de agua
Uma
Tem
uma de agua
'
S.
fria,
que
chamam
olhos.
Comprehende
A EXTREMADURA PORTUGUE2A
uma
muitos logares, e
charneca, por
uma
fabrica
Carvide -Orago
noroeste. Escolas para
Coimbro
uma
d'ella.
S.
ambos
Orago
norocite. Inclue
465
S. Miguel,
praia,
kil.
para
os sexos.
Pedrogam. com
industria piscatria.
Em
para
kil.
1862, tinha 80
Colmeias
nordeste.
OragoSS.
Cortes
6
kil.
para o
Orago
feira
kil.
Ha
para
escola
sul.
como
Tenho saudades dos trs dias que, ha j hoje oito annos, ali passei, patriarchal
Gesncricamenle hospedado pelo meu poeta. Quanto no era eremitica, melanclica
guarita desamparada, onde conversvamos, liamos,
e voluptuosa ao [mesmo] tempo, a
ou scismavamos, impendentes do alto da ribanceira ao estrpito da catadupa do rio, aos
murmrios da espessura to verde que a insombra, e aos rouxinoes, que no querem
sitios!
^9
406
'
descantou-a d'est"arie
Junto s margens do
por vergis
Na
onde
tranquilla regio
sorri
ventura
ao corao attribulado,
onde o ar
e a terra
perfumado,
subtil e
uma
alcatifa de verdura-,
Cortes
a prola
As Cortes no despresam,
fabricas de aguaardente.
escolas para
kil.
ambos
da Luz,
a aldeia to formosa,
para sudoeste.
rea d'esta importante freguezia
litteraria, a
os 5exos
vida industrial
teem
noblesse oblige.
extensa, e recorta-se
em
collinas,
rasgadas
Maceira est situada em terreno p.lto, sobre uma ribeira affluente do Lena.
Tem muito pinhal, olivedo e vinha.
Na sede da freguezia, e junto ao passal do parocho, a ribeira forma uma encantadora catadupa, que vem rolando de uma altura de mais de 2o metros, e subdividindose
em pequenas
cascatas.
frontispcio
Fazem-se duas
da igreja parochial
festas religiosas
foi
com
restaurado recentemente.
arraial:
em
honra de Santo
Amaro
do Cora-
o de Jesus.
logar chamado Fonte do Rei, a uns Soo metros da igreja, conta-se esta lenda:
Passando outrora por ali um rei, com a sua comitiva, parou ao p de um rochedo. Levava muita sede e, por no encontrar agua, disse: No dar este cavallo ura
Logo o cavallo, comprehendendo o cavaileiro.
couce que fizesse rebentar a agua.
deu um couce na pedra, em que ficou gravada a ferradura, signal que ainda hoje se
Do
mostra.
rei,
d'ella
U
s o
fio
orificio
comeou
excavar a rocha,
aberto na pedra
era
um
e ento ) no era
manancial copioso a
alegrarlhe os olhos.
Em
teiro, e
ha
uma
Marinha Grande.
Dista da cidade \2
kil.
Orago
para o occidente.
auxiliada pela cultura do pinheiro, a arvore principal d'esta regio leiriense, onde c to
'
fallecido.
A EXTREMADURA POftTUGUEZA
abundante que
consumoMas
.67
d'ella
fabricas de vidros.
freguezia
foi
em
creada
meado o
Mas
sculo
de 7 de
julho de 1769,
inicio
ali
annos depois,
xvii.
em
Guilherme Stephens falleceu em 1802, e succcdeu-lhe seu irmo Joo Diogo *, que
benemeritamente legou a fabrica nao portugueza, em especial Marinha Grande,
para que os operrios no ficassem privados de trabalho.
Joo Diogo Stephens falleceu em 1826.
Depois da sua morte, o governo tem arrendado successivamente a fabrica a diversas empresas, mas o pessoal operrio no se mostra to contente como o do tempo
dos irmos Stephens, e protesta por meio de greves, s vezes longamente conflictuosas.
No momento em que escrevo (janeiro de 1907) abriu-se mais um concurso para
explorao da fabrica, e ficou deserto.
Houve uma
esta
importante.
Os
dados
e lapidados
so
em
conhecidos tanto
da Nova crystaes lisos, floreteados, molLisboa como no Porto, onde aquellas fa-
venda a
retalho.
As
A Fabrica Real est situada a pouco mais de meio kil. do Pinhal de Leiria.
Em 1864 concluiu se a construco de um caminho de ferro americano para
ao Porto de S. Martinho os productos d'esta fabrica, hoje servida,
bem como
levar
as outras,
Marinha Grande
foi
elevada categoria de
villa
em
1892.
povoao vem da actividade fabril, e este facto nos testemunhado ali a cada passo que damos. O theatro que existe o da Real Fabrica, e serve
de distraco aos operrios. Os principaes edificios so as fabricas e os chalets da administrao florestal do paiz. Os largos e ruas teem nomes que em geral se relacionam
Toda
com o
'
a sua vida de
o do concessionrio poder
2
praso indeterminado,
foi
de 80.000 cruzados.
Um
Uma
rua
a laborao da fabrica.
e a
Brito
tirar
Ha
Um
com
tomou o nome
a fabrica
d'esse industrial.
foi
"
48
denominada
uma
Direita,
nos exerceu na Marinha Grande o logar de chefe dos servios regionaes e que hoje dirige a respectiva repartio junto ao ministrio das obras publicas. Ha medico, pharmacias, professores, como necessidade resultante da agglomerao de muitas famlias
17
operarias.
Tambm
ha
uma
Vista
agencia bancaria
com
titulo
de Economia
Portugueza
uma
dros, laboram
do caminho de
Em
tal
de soda
artificial e
ferro.
do districto.
Modernamente
foi
concedido o
um
titulo
peridico
Autonomia
impresso
na capi-
sr.
Af-
Na
villa faz-se
freguezia
quena, e outro
do Pinhal de Leiria.
E' bellamente pittoresca a alameda de pinheiros que, beira mar, liga a Marinha
Grande com
S.
Pedro de Muel.
uma
quinta senho-
rial.
A
um
praia,
com
sorriso de hospitalidade
como
'Palavras suas
EXTREMADURA PORTlIGUEZA
469
Pede
me
v.
como que um
uma
arte carinhosa de
um
sana-
onde as crianas e os filsofos vivero contentes. Quando v. me quizer dar o gosto d'uma visita sua a estas terras d'entre matto e mar, no me esquecerei de lhe mostrar a vizinha Vieira, to original nas suas cabanas lacustres, e aonde ha de admirar
uma forte colnia de homens e miilheres de nobre tipo.
O meu antigo e querido amigo dr. Aflonso Xavier Lopes Vieira, pai do j notvel
poeta cuja a ntula acima transcripta, possue em S. Pedro de Mutl uma linda casa
que se defronta com o oceano ao poente.
A ella, gracioso ninho martimo, se refere Aftonso Lopes Vieira n'uma das canes
trio
luminosas que o
Ar hvre
lhe inspirou:
Do nosso jardimzinho
agreste, aonde
mar, bravo vizinho, s vezes rega.
Sim, o mar que s vezes rega o seu jardim agreste, como aconteceu na invernia
de 1904, em que arruinou o paredo de supporte e derruiu no prdio a clara varanda
sobre a praia.
Um
ribeiro,
serpenteando
em
Ha
osis de ver-
um ptc-nic
sobre a
um
pou-
so
em
S<
Pedro de Muel
da Marinha Grande.
cirio
470
excellente, e
ruas muito
dista
Cintra
seus fre-
Marinhense.
grande rivalidade conta da entrega das alfaias do culto, que s foram obtidas pela
fora armada.
igreja
do .\rrabalde
d'eila cavaliaria.
No
foi
em Marrazes que
E"
parecem muito
antigas.
funcciona a carreira de
tiro,
como
dissemos.
Ha
e
escolas
18
de
cada mez.
Orago
cidade
kii.
para o
norte.
de cada mez.
i.o3o hab.
noroeste da
cidade, na
Aqui reatamos
Sobre o monte
eleva-se
uma
a tradio galante
d'esta invocao.
capella
no
sitio
parte do
monte ao
sul
Satij,
da capella chama-se,
man-
daram
que
fazer,
J sabemos que D.
uma camponeza da
alde de
No
a Valia
campos do
inverno, os
com
Amor.
Amor
fica a
rio Liz.
campos
esto completamente
inundados. D. Diniz
mandou
abrir
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
47'
Para ir de Monte Real a Amor visitar a manceba, o rei, se no pudesse ir embarcado pelo Liz ou pela Valia Real, teria que fazer um desvio, quasi em semicrculo, pela
Serra, e que passar no logar hoje chamado Sgodim. Ainda agora, no inverno, quando
o campo est encharcado, no ha outro caminho.
Conta-se que a Rainha Santa, sabendo das relaei do rei com a zagaia, mandara
certa noite esperal-o na Serra por criados munidos de brandes accesos. D. Diniz irri-
com
tou-se
Mas
Vindes
teve
El-rei
um
relance de
*"
'
Cego
vim, senhora.
encontro
se
ficou
chamando,
e hoje,
a Serra
nome da appariao de
um urso a el-rei,
rosas.
Esta
tradio
parece ser
'
D'este
Pao d
notcia D.
llistorii da
Rainha Santa,
i.*
edio,
47
O
dores
rei
deu
Monte Real
mora-
Monte Real e Regueira de Pontes so, na tradio, elos da cadea galante que
prende a memoria de D. Diniz alde de Amor.
E talvez a esta ultima povoao se refira aquella trova provenal do rei-poeta
:
Vou
na'a la baylia
que fazen en
do amor.
foi
vila
manceba
real era
commendadeira.
assim o
rei se
Lobo
rios, e
vivendo
ali
em Amor,
to gostoso
como
Monte Redondo
Dista
de Leiria 20
Orago
kil.
a 16 e 17 de janeiro, superior
sal
para noroeste.
em gado
Tem
x."
do-
hab.
populao 2.85o
antiga-
Leiria e o ociano.
mercado men-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
473
Parceiros
Orago Nossa Senhora do Rosrio, populao, 728 hab. Na estrada
de Leiria para Cho de Mas. Dista da cidade 3 kil. para sueste. Tem escola masculina na sede da freguezia, e outra no logar da Boa Vista. Tambm tem uma philarmonica.
Pousos
Reg-ueira de Pontes
Orago S. Sebastio, populao 1.172 hab. Dita da
dade 8 kil. para noroeste, fica a sueste de Amor, e um kil. ao occidente da margem
reita do Liz.
'!
ci-
di-
474
freguezia
Referiu se o
em
a parochia
em
1740-,
mas
a igreja
1767-
gentil carta, s
cabanas lacus-
tres
uma
No
um
distincto.
A
cionou.
Tem
monica, e
Em 1876 Ramalho no a menTheatro Recreativo Vieirense, uma philaragradveis passeios na margem do Liz ou nas aguas d'este lindo rio.
Veja-se
um
interessante artigo do
sr.
um
gj Casa cm
Leiria
pag. 92 e gS.
XXIX
Pombal
Vede dos
polticos o desconcerto!
Mas
d'isso a
certeza,
476
Com
razo
diz.
um
em
I,
quando
se construiu a
Thomar.
viajante:
com o seu formoso arvoredo, povoado por grande quantidade de rouxinoes, que enchem da mais suave harmonia aquelles legares, o termo do
bello paiz que atravessamos desde Coimbra.
Para quem partiu de Lisboa no o termo, mas o inicio.
A primeira estao depois da de Pombal, em viagem ascendente, assenta sobre
terreno do districto de Coimbra, Soure, e por isso se explicam o arvoredo e os roufA. avenida
de Pombal,
xinoes de
sempre o mesmo.
Quanto s origens do castello, os nossos chorgraphos so concordes em
fundado por D. Gualdim Paes, Mestre dos Templrios, no anno de iio.
Pela extinco d'aquella ordem, teria passado de Christo, que senhoreou
e o castello at
dizel-o
a villa
ao reinado de Affonso V.
foi
Paes-, e o foral
novo por
D. Manuel.
villa
concluda
em
Um
de Pombal sob
uma
uma
Pombal
foi
principiada
em
1798 e
lapide.
a maravilha
do seu
rio correr
de baixo para
cimai.
No tal maravilha. O Liz, por exemplo, tambm corre do sul para o norte.
Pinho Leal considera aquelle rio alHuente do Mondego, mas Baptista representa-o
affluente do rio Anos, e estriba-se no argumento de que Villa Nova de Anos fica
muito abaixo da foz do Arunca.
Faz-se em Pombal uma festa antiga e notvel, chamada do Bodo, a Nossa
Senhora do Cardai, em o ultimo domingo de julho e nos dois dias precedentes.
To notvel, que d'aqui irradiaram, como ramificaes de um ironco secular,
outras festas imitativas para diversas terras da Extremadura.
Diz a tradio que no sculo xii vivera junto ao rocio, para o sul, n'uma casa torreada, certa dama nobre, rica e solteira, de nome D. Maria Fogaa.
Esta dama, por sua grande piedade, mandou edificar a uns vinte passos da residncia, banda do norte, uma capella em honra de Nossa Senhora de Jerusalm, cuja
imagem ella e os seus conterrneos fervorosamente veneravam.
Succedeu cahir sobre a povoao uma praga de gafanhotos, que devastou as searas
e poz em risco de fome os habitantes de toda a regio circumjacente.
Tratou-se de implorar a clemncia do co n'esta alllictiva calamidade, e organi'
Uma
i3.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
uma
sou-se
matriz,
j a
esse
em
nada do Cardai
477
uma
festa, se a
invaso
Logo no
ram
de to cruis invasores
livres
N'esse
mesmo
dia
se
era o ultimo
que rodas
domingo de
devastadas,
fica-
julho.
nhou por todos os modos possveis a gratido e jubilo das povoaes convizinhas.
No anno seguinte foi D. Maria Fogaa que tomou sua conta a commemorao do
4^3-Pombal- P
milagre, ordenando
Thomar
uma pomposa
festa,
Santarm.
Como
offerta devida ao parocho mandou aquella dama cozer dous bolos de farinha
grandes que aconteceu entortarem dentro do forno por mal acommodados.
Querendo remediar este inconveniente promptificou-se um criado da casa a entrar no
triga, to
e,
Mas
construir
que
um homem
ia
um
forno privativo no
sitio
collocar a geito.
n'um
s,
de vinte alqueires, e
do Cardai.
Desde ento, seis homens conduzem o bolo n'um charola e o vo levar ao fogo,
que durante muitas horas tem sido alimentado por algumas carradas de lenha.
Depois da festa de igreja por memoria do antigo successo, um homem de casaca
azul com botes amarellos, chapo armado, bota de barriga e cravo escarlate na bocca,
entra no forno, em presena da multido, d trs voltas dentro
no tendo mais espao
livre para o fazer que trs palmos de largura
e sai inclume e triumphanle, entre applausos delirantes do povo que anciosamente o espera.
chamou Cardai
47S
Conta-se que
um
Vem
tempos em que a
propendia ao maravilhoso;
em
nos-
Referindose a
Ora o
em
esteja
elle, aizia
em
1906
um
peridico da Extremadura
facto fcil de ser executado por qualquer pessoa, desde que a sua altura
relao
com
bocca do forno,
isto , ser
em
no
forno ser invadido pelo ar exterior que soffre grandes renovaes por virtude
resto do
e exterior.
com adobes
grande calor
e tijolos
bem
argamassados, este se concentra no forno, queimando o bolo que, pelo seu tamanho ao
entrar no forno, absorve grande quantidade de calor.
o ar quente junto das paredes, que o pde prostrar e ento apoiandose nas paredes e
muito maltratado e por isso leva uma flor na bocca, e a cada uma das
que d em volta do bolo, chega porta e recita uma loa para assim respipoder aguentar outra volta.
pavimento
ficar
trs voltas
rar e
Mettendo-se a
pde
verificar
como
mo
j
homem l
em qualquer
terior,
Fique cada
um com
est,
qualquer pessoa
ponto
inferior ex-
bolo,
villa e
pelos
Dse-lhe o nome de fogaa, palavra com que hoje so designados todos os bolos
que ainda se offerecem s imagens nas romarias.
Quanto origem da palavra, o artigo Fogaa, no Elucidrio de Viterbo, mais a
complica do que esclarece.
Eu continuo a crer {Espelho de portugueses, vol. I, pag. 179) que ella se deve procurar no supposto milagre da festa de Pombal, em tempo de D. Maria Fogaa, e que
d'esse facto viria o adoptarem os Fogaas para o seu brazo uma fogaai azul, gretada de prata ; por timbre um feixe de lenha ardendo. Antes d'isso, a palavra existiria^
mas sem valor lendrio, apenas para significar uma espcie de po cozido no rescaldo
da lareira; no como sinonymo de oferenda devota. Parece-me que por mera casualidade se encontrou onomasticamente aquella espcie de po com o appellido de uma
senhora piedosa, e que d'esta coincidncia procede toda a confuso em que se enreda
Viterbo. O brazo e a offerenda, a meu vr, commemoram o acontecimento de Pombal.
e fructas
N'uma
E'
provncia.
muitos annos antes, n'uma nota ao D. Jayme, Thomaz Ribeiro havia dito
que aquelle vocbulo era provinciano chapado, beiro dos quatro costados, e aldeo
Ora,
sem mistura.
Eu penso que no; penso que o termo, na accepo de bolo votivo, veio de origem
extremcnha e do appellido d'aquella dama.
Quem observa a marcha da tradio da fogaa e do forno, reconhece que ella
'
'
Semana
ihyrsense, de 17 de
novembro de
1907.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Extremadura para
partiu da
479
leste,
Se, porm,
me
fosse a ellas,
no poderia
ser preso quinze dias antes e quinze dias depois, excepto por crime de lesa magestade.
Outrora tiveram maior brilho popular. Cantavam-se as alvoradas (de que Almeida
Pinho Leal do trechos), organisavam-se encamisadas, danas mouriscas, entremezes,
jogos de cannas, alcanzias, escaramuas, etc.
A igreja parochial da villa a de S. Martinho, historicamente celebre, por n'ella
se terem jurado as pazes alis ephemeras entre elrei D. Diniz e seu filho D. AEfonso
na presena da Rainha Santa e por instancias d'ella.
A actual igreja de Nossa Senhora do Cardai a antiga do convento de Santo
Antnio, que fora destinado aos cnegos regulares de 8. Joo Evangelista, e que elles
no quizeram acceitar.
Erigiu-a o conde de Castel-Melhor, valido de Afonso VI, em cumprimento de
um voto que fizera se escapasse aos seus inimigos depois da desthronisao d'este rei.
O senhorio da villa de Pombal andava na casa dos condes de Castel-Melhor por
doao de D. AfFonso V.
O templo magespso no interior, comquanto a fachada seja simples.
Para esta igreja foi transferida depois de 1709 a imagem de Nossa Senhora do
Cardai, que esteve na antiga capella, a qual, muito arruinada, teve de ser demolida em
i855.
N'uma das
marquez de Pombal
anno em que o quarto marquez o mandou trasladar pomposamente para a capella das Mercs, na rua Formosa, em Lisboa, onde se conserva.
Foi no dia 9 de junho de ib56 que se celebraram os actos religiosos a que se seguiu
a trasladao. Assistiram o bispo-conde com o cabido de Coimbra, o vicereitor, lentes
e secretario da Universidade, as auctoridades administrativas, representantes da famdesde
lia,
1782 at
i856,
etc.
No
dia
populao da cidade.
Um
fundo de
vado
portas.
ahi
As
lojas
assistir
passagem do
prstito, e
e abatido, e
de
um homem,
que a
tadistas.
em
seguida morte
i."
conde de Oeiras
e 1.
marquez de Pombal,
mas
assistia j
ao
como
ramos principiam
cujas folhas
no tardar
a rolar
comeam
no p.
a cahir,
48o
N'esta
uma
vez,
situao
mas
como
elie
degrau da
Ento o marquez retirou-se por ordem da rainha para a sua quinta de Pombal e a
nobreza e os jesuitas emprehenderam rehabilitar-se das accusaes que lhe tinham
sido feitas e das perseguies que soffreram. Libellos tremendos foram produzidos |
,
em
ta.
marquez
publico contra o
como homem
Jf^iV
como
estadis-
violentamente
ministro.
antigo
defendeu-se
com
energia
que dois
juizes
da sua administrao
(decreto de 3 de setembro de
1779-)
Este
cial
interrogatrio judi-
comeou em 9 de outubro
de janeiro de 1780.
Um
decreto
de
de
16
aniquilao
do
marquez
declara
sados.
O marquez, cuja sade, abalada pela velhice, pelo trabalho c pelos desgostos, se
mostrava periclitante, sentira-se esmagado pelo decreto de 17S1.
Comtudo, a instancias ^o duque de Sullj', redigiu ou ditou uma petio de recurso
Coroa com o fim, principalmente, de esclarecer a origem dos seus haveres.
Esta defesa no fez impresso no publico.
espirito
no dia
Assim expirou na amargura do ostracismo aquclle homem que tamanhas honras alcanara e outras maiores repellira. Diz-se que, pensando D. Jos cm elevai o a duque,
o marquez lhe respondera: Meu senhor, os duques em Portugal nascem, no se fazem.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
481
O seu cadver foi conduzido igreja de Santo Antnio da villa de Pombal, onde o bispo D. Francisco de Lemos, raro amigo fiel, chamou todo o clero da diocese para
tomar parte nos funeraes.
O
mesmo prelado >ncarregou Frei Joaquim de Santa Clara Brando (mais tarde
arcebispo de vora) de recitar o elogio fnebre.
Este illustre frade benedictino vaciilou, mas o bispo insistiu, e elle obedeceu.
Quando chegou
mento
beijar a
mo
Q
O
iiid
'
Pom-
exilio
do marquez prolongou-se
exercito de
Massna, quando
em Pombal,
entrou
profanou lhe
ossos,
deposital-os
n'um
A
ou
em
gando a Lisboa, o
Mas
os
a oi)inio nacional
no se unificou para
glorificar a
foi
maior de todos
o applauso incondi-
erigir solidariamente o
memoria de
um
estadista
cional da Historia.
Eu
disse ha annos
o, fundirmos a estatua do
E
'
hoje parece-me.
marquez sem
em nome
da na-
tarde.
f ? S.
vers. 25 e 2G.
V01-.
11
6,
48a
Ao meio
em marcha
o cortejo, que se organisou nos paos do concealem da commisso, a camar municipal com o seu estandarte, as auctoridades locaes, uma fora militar, representantes da imprensa e de todas
as classes sociaes, bem como a Philarmonica Pombalense.
Chegado o cortejo ao largo do Cardai, o presidente da commisso, dr. Jos Ferreira de Andrade, leu um discurso em que foram relembrados os servios prestados ao
paiz pelo marquez de Pombal.
Seguiram-se no uso da palavra o presidente da camar, Izidoro Nunes Baptista, e
o administrador do concelho, bacharel Mrio Correia d'Aguiar, que terminou o seu disdia poz-se
incorporando-se
lho,
curso por
um
n'elle,
Procedeu-se depois
leitura
raez
na presena da cx.* camar municipal d'este concelho, das dignas auctoridades administrativas e judiciaes, de varias pessoas no fim d'este auto assignadas e de grande
concurso de povo,
foi
levantar,
villa
decidiu,
como
em
todos
a intima affinidade
com
titulo
que tanto o
distii)guia e
em
com
esta
modesta povoao,
do seu crebro excepcional. E para constar se lavrou e assignou em duplicado o presente auto, sendo um encerrado na pedra fundamental e o outro entregue
camar municipal, para ser devidamente archivado.
O cortejo regressou aos paos do concelho, onde se dispersou.
sciniillao
projecto do
monumento
foi
elaborado pelo
sr.
in-
dustrial
D. Jos.
pedestal, singelo
mas
mrmore da
elegante, de
bm
foi
fundido
localidade; o busto,
em
modelado
bronze, e de bronze
tam-
a inscripo.
Uma
No
districto,
dia 8 de
com
philarmonica, etc.
A EXTREMADURA POKTUGUEZA
palcio do marquez de Pombal era o que fora dos CastelMelhor, na Praa,
junto Igreja parochial de S. Martinho (Vide est. 497). Passou a extranhos. Ainda hoje
um
Outrora
tinho,
uma
commendando-se
tambm
sua
pela
elegante
em
trs parochias,
Santa
como
architectura,
em
pedra An, trabalhados por Jacome de Bruges e Joo de Ruen, foi profanada e despojada pelos francezes em 1810. Depois arruinou-se ao abanpelos lavores
dono.
igreja matriz.
Da
de . Pedro
igreja
como uma
4g5-Ernesto Korrodi
de Hespanha em 25 de agosto e
8 de novembro, com as respectivas comitivas na rua das Cannas, antiga rua das Bengalas, a casa onde nasceu o Beato Antnio (Frei Antnio da Conceio), que deixou o
de outubro e Carlos
III
seu
nome
ligado reedificao de
uma
viziense
Sebastio de Almeida Amaral, cujas obras tiveram menos celebridade do que a fama
que ao poeta attribue uma inscripo posta na face interna do peitoril de uma das janellas.
Tambm,
qual ha
um
poo, e
uma assemblea
um
para
ambos
Defesa^ rgo dos interesses do concelho de Pombal, redigido por Joaquim Ignacio
Cardoso Pimentel Jnior.
sita
impresso na
mesma
villa,
em
typo-
na rua Direita.
Anteriormente houve, que eu saiba, os peridicos seguintes: Co de fila, folha saPombalense, semanrio noticioso e litterario, janeiro de iSSi a
1 865-1 866
maro de 1886 Correio de Pombal, noticioso, politico e independente. De abril a ou.
tyrica.
tubro de ib86.
Vide
1."
vol. pag.
8f).
484
zea,
Ha
um
A. villa
Passemos
kil.
da
villa
de
Pom-
villa
de Abiul
Deram-lhe
foral
foi
em
a todos os
homens
que moram em Abiul, e de bom foro assim aos presentes como aos vindouros, o qual
os povoadores devem ter de direito perpetuo.
De todo o trabalho que lavrarem dem a decima parte ao Senhor, e uma teiga
de trigo na eira e uma quarta de vinho. E em servio uma fogaa de dois alqueires de
trigo
um
capo.
semelhantemente faa
homem
de Abiul seja
licito
mas convm
decima do preo
foro.
Se algum
em portagem. A nenhum
pto nossa igreja ou ao nosso mosteiro, por forma que o senhor no perca o casal
nem o foro.
lavrador no faa foro de montaria.
monteiro que ficar uma noute ou
mais no monte d um coelho com sua pelle, se porm nada caar nada d. E dem de
todo o veado o lombo e costa. Colmeiro d meia libra de cera. No haja entre vs enganos, nem rouso, homicdio e esterco na bocca, e quem destruir casa com armas, ou
ferindo, ou arrombar portas e entrar em casa fora no couto da villa pague quinhentos soldos e o furto. E todas esias multas sejam pagas pelo ro de Pombal. Se algum
fizer alguma tortura contra o juiz e justias a elle satisfaa seu preito. O juiz tenha as
honras devidas, e o seu signal seja estvel. Feita esta carta de confirmao e firmeza
no mez de dezembro na era de mil duzentos quarenta e quatro (1200 da nossa era).
Eu Joo abbade de Lorvo juntamente com os meus frades, com nossas mos a firmamos. Se algum este foro quizer quebrar, seja maldito.
Depois os duques de Aveiro foram os donatrios da villa, e n"ella tiveram um palcio, que se arruinou.
Parece que n'este palcio esteve hospedado el rei D. Manuel, o qual mandou acrescentar a igreja; e talvez que por essa occasio lhe desse o 3." foral, que tem a data de i5iS.
Abiul foi Hagellada por uma intensa peste, e d'aqui veio o adoptar, por idntica promessa, em honra do seu orago, a festa do bodo que se realisa em Pombal, com o
mesmo apparato e entrada no forno.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Uma
semanal
portaria de 2 de setembro de
Abiul mercado
touros.
villa
esquerda do
rio
agrcola consiste
^ouriai.
Arunca.
em
foi
igreja parochial
de
uma
s nave.
principal
produco
cereaes.
Orago Santia-
em
e feira annual.
da
485
vil-
cabea de concelho at
i855, poca
em que
passou ao
D.
Affonso
Manuel
foral
o primeiro
Henriques;
novo
em
foral
D.
i5i4.
tor-
como para
abrigo militar
esta-
o de caa.
vaga
Da fundao do convento
do Lourial, que era de freiras
franciscanas, escreveu o Padre
Manuel Monteiro, oratoriano,
uma extensa
da em 1750,
chronica, publica-
Lisboa.
falleceu o
Marquez de Pombal
recolhidas.
altarmr e os lateraes da igreja conventual so de variegados mrmores de Itbellas columnas de mrmore preto encimadas por capiteis de jaspe. As imagens, especialmente as de S. Francisco e Santa Clara, teem valor artstico. As alfaia*,
paramentos bordados a matiz, outros a ouro, e uma custodia de prata doirada com
pedras preciosas, merecem a atteno do visitante.
Este templo fundouo D. Joo V em 1707.
A igreja parochial, cuja fachada singela, foi restaurada modernamente.
lia,
com
titulo
Na
um ramo
da casa de Marialva.
freguezia
^86
kil.
Pelariga. Orago S. Joo Baptista, populao 1.444 h^b. Dista da villa de Pomkil. para o norte. Esta freguezia foi creada por decreto de 10 de maro de 1847,
a instancias do baro de Venda da Cruz, no logar d'este nome, que ainda no sculo xvii
se chamava Venda do Diabo.
Quero suppr que a origem d'este logar, junto estrada real de Coimbra a Leiria,
seria uma venda infernal pelo mal que servia os viandantes ou talvez pela m fama
bal 7
proveniente de crimes
ali
praticados.
o,
nome em ^enda
da Cruz.
Orago
Redinha.
villa
de Pombal i3
kil.
uma
das
villas
do mestrado da ordem de Christo, e foi commenda dos condes de Castel-Melhor. Vagamente se diz ter havido uma antiga povoao no logar da Roda, e que do diminutivo
d'este nome veio por corrupo a chamar-se Redinha a freguezia actual.
Faz-se mercado de gado suino
Misericrdia
foi extincta.
19
titulo
de conde da Redinha
Jos Francisco Xavier Maria de Carvalho Mello e Daun, filho segundo do i.^marquez
de Pombal.
titulo
tem continuado
n'esta linha.
de Almeidinha.
Santiago de Litem.
Populao 2.585 hab. Perto e ao norte do rio Arunca.
Pombal 10 kil. para sueste. Tem uma quinta, a de S. Loureno, notvel na
Dista de
do paiz: ahi viveu retirado, durante trs annos, e ahi falleceu no dia
20 de outubro de 1670, o famoso historiador Joo de Barros, casado com uma senhora
nascida na villa de Pombal, D. Maria de Almeida.
N'esta freguezia tambm se faz, como em Pombal e Abiul, a festa do bio.
historia litteraria
Vermoil.
junto
Orago
margem esquerda do
uma
capoeira, ctc.
chama-se
maiar
modo
Almeida
em
1866 e o
sr.
A. de Jesus e Silva
em
inte-
As mes de
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
tendem casar suas
487
filhas,
quelles arredores
compram tremoos
Dou
mim, dou
Os Maneis todos
nhos
de
dizem:
ti.
tafues,
com
com
coliari-
33 centme-
abrem
tros,
a jaleca,
mostrando s Zefas
Dou
ti.
Tirando ellas os
tremoos dos bolsos e
elles
do guardanapo.
D'aln a pouco
ouve-se
na
vezes
egreja as denunciaes
com que
re
ciprocamente se brin-
daram os
dois contra-
hentes.
Sobre os
trajes
Quando nos
populares escreveu o
fins
de maro de 1860
em 1902:
em Pombal
Joaquim Romo de Arajo
sr.
Jesus e Silva
me
e
apresentei
Vermoil.
Esperei a festa do Espirito Santo que
os trajes de
meus
patrcios adoptivos.
As mulheres usavam o cabello cortado com duas melenas crescidas que extendiam
com seus lenos encarnados com suas ramagens e por cima chapos de abas largas, camisas de estopa com mangas compridas, pequenos collarinhos
por traz das orelhas,
com
No concelho
em
menos
de Porto de Ms.
mos,
em
que as tinham) de
um guardanapo
vez de leno,
483
em
fios
de contas
gerao.
Eram estes os vesturios que ento observei nas moas que aspiravam as matrimonio, variando nas que j dobraram o terrvel cabo dos 3o, nas beatas que abundavam, nas casadas e viuvas.
Nas moas, apesar dos vesturios as no ajudarem, notavam-se olhos impregnados
de
feitios;
em
filhas e
com
Como vem
Dois
Mendes, do Feijoal
uma
vez
me
sujeitos de
um n'um
O' compadre, diz ao companheiro, que seria da minha bota se a trouxesse calada
arreda
!...!>
O homem
usavam ceroulas
Joaquim da Ponta Gato, Jos Ferreira Moo e poucos mais, ningum as usava. Hoje o
calo, banido de todo, s o encontramos em actos solemnes em altos dignitrios e camaristas.
A moda
Um
impz-se.
dos logares d'esta freguezia de Vermoil chama-se Gafaria, por n"elle ter exis-
um
hospicio ou hospital para leprosos. Outro chama-se Peste e d'elle diz um viaPara attestar a aridez do terreno encontra-se o miservel logarejo da Peste
que pela sua pobreza e gnero de industria, mais prova que vive da bolsa do passageiro
do que dos fructos que o terreno lhe subministra.
Como vimos pela citao d sr. Jesus e Silva, tambm em Vermoil se faz a festa
tido
jante:
do bodo.
Villa Ca Orago S. Bartholomeu, populao 1.981 hab. Foi commenda da
de Christo. Dista da villa de Pombal 10 kil. para sueste, e est situada entre
Ordem
Uma
3.
XXX
Ancio
concelho de Ancio, povoado por 13.299 habitantes, dista mais de
g lguas de Leiria, capital do districto, para nordeste.
E' um dos concelhos do districto de Leiria chamados da ser-
montanhosa que
ra, regio
na extenso de
As
distancia de 89
fica
Pombal
vai de
Pedrgam Grande
seis lguas.
com
menor
kil.
a cidade de
Coimbra, que
Leiria.
O
suino.
azeite de
Ao
concelho
boa qualidade,
e a bolota
tambm produz
anima
em
alguns cereaes.
villa
a serra
de
A
villa
ribeira de Ancio,
rio
Nabo
e fertilisa os arredores.
que no seja aproveitada toda a sua agua em beneficio da agricultura.
fundao da primitiva villa no sitio Valle do Mosteiro
distante cerca de 200
Pena
metros da
villa actual,
Assim o testemunha
da monarchia portugueza.
Uma
de
xiu,
e a
mstico da povoao.
Conta-se que esta piedosa Rainha, de uma vez que por aqui passara em caminho
de Coimbra, viu junto a uma choupana um mendigo muito velho, a quem soccorreu.
Depois, sempre que passava no sitio da choupana, ou ida ou volta de Coimbra,
quando no avistava aquelle velho mandava saber d'elle designandoo carinhosamente por
seu ancio. Tal seria, segundo o crer dos mesmos auctores, a origem do nome da
nascente povoa.
Outra lenda
se, certo dia,
local conta,
da ribeira de Ancio,
justificar
n'ella lavara os ps
a tradio
foi
uma
pia de
II
6a
490
E para avivar a mesma tradio se edificou ali uma capellinha com a invocao
da Rainha Santa aonde convergem os povos circumvizinhos em romaria nos dias 28 e
29 de )unho. Na noite de 28 costuma haver arraial, illuminaes, fogo de artificio, descantes e bailes populares. No dia 29 sai processionalmente a imagem de Santa Izabel
da sua capellinha para a igreja da villa, na qual se realiza a funco religiosa, com
missa cantada a grande instrumental, e sermo.
Depois a imagem reconduzida com o mesmo apparato sua capellinha, e o ar-
vendendo-se durante elle em leilo as fogaas que, sobre taboleiros enforam offerecidas e transportadas pelos devotos.
O povo tem por milagroso o banho tomado durante os dias da festa, bem como nas
noites de S. Joo e S. Pedro.
Uma anecdota picaresca refere que em determinado anno, por estar quasi secca a
ribeira, a engrossaram com algumas pipas de agua para se no quebrar a tradio do
banho. A mordacidade no tem poupado Ancio por vezes. Assim, no obstante o seu
povo ser trabalhador, pacifico, religioso e respeitador dos bons costumes, ha um ada-
raial continua,
feitados,
Em
Ancio
Trinta habitantes
trinta e
um
ladro.
Mas
este adagio
vem
talvez da poca
um
em que
preto, o
No momento em que
No
nome
faz-se
D'esta Senhora ha
uma
estimvel
imagem na
capella da Misericrdia.
i."
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
As
II
49'
feiras
de agosto. Estas
A
villa
alem das
villa,
j referidas
5oo
linha
uma
a estao de
Pombal
com
de Coimbra.
a cidade
e a
di-
por logar.
ris
Em
com
estrada municipal
um
club
alugadas.
tentativa
que no
sei
ao certo se
pharmacia Lima.
Na
villa e
logares pr-
Um
lares
consiste
em
os noivos
Os
com 5oo
re-
reis.
carros so puxados
por muares
com
Uma
as respecti-
visla da villa
No
s n'isto,
como em
em Ancio
o Alemtejo
alis
to dis-
tante.
vida
triste,
levanta-se a 8 e 10
em
de )uro.
Comtudo vou
referir outro
O dinheiro de emprstimo
costume popular que logra
Por
ter
vindo ao
olival.
penhora obriga ao pagamento de uma contribuio em vinho, castanhas e cigarultimo dia dos trabalhos vo os trabalhadores ouvir missa, e em seguida dirigem-se para o olival, onde organisam um bando que tem muito de carnavalesco, porque
alguns d'elles envergam trajos exticos, cobrem a cabea com altas barretinas de papel,
ros.
No
viola,
bombo,
492
Todo o bando reconduz a casa do patro os utenslios da apanha e os bois da carreagem, cujas pontas vo adornadas com flores e verduras.
Patro e trabalhadores fraternisam entre expanses de alegria, e depois servido
um abundante jantar, ao qual se segue o bailarico at madrugada. Tal , n'est^ regio
extremenha, a festa chamada do acabamento, festa ingnua, patriarchal, essencialmente
agrcola, e que passa fugaz como relmpago de prazer e momento de folga.
Um dos mais illustres filhos de Ancio foi o abalisado jurisconsulto Paschoal Jos
em
tituem venerandos
estante
latira,
que cons-
monumentos na
dos jurisconsultos.
Falleceu
em
philarmonica da
de Mello
-Kua du Conselheiro Aiilonio Jos
cia
Tambm
mandou
villa.
Paschoal Jos
edificar
um
prdio
Silva
hoje
com
em
se
no teve o
cnones, e falleceu
F^inalmente, outro
em
filho
tambm
1816.
de Ancio, cujo
nome
foi
dado
em
e
freguezia de Ancio
habitantes.
Comprehende
Num
d'elles,
e conta 2.164
chamado Constantina,
ha feira a 19 de maro.
As
Alvorge Orago Nossa Senhora da Conceio; populao .:.oio hab. Est situada
na coroa de um monte, mas ainda assim afogada pelas serras circumvizinhas. Dista da
cabea do concelho 10 kil. para noroeste. O logar sede da parochia e os da Junqueira
e Alcalamouque, que, alem de outros, lhe pertencem, so servidos pela estrada municipal de
Ancio
Coimbra.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
freguezia,
Torrinha) apenas
fica
liga
a tradio mourisca a
493
(Frei J. de
uma
signi-
As
Ateanha (este era da famlia Chichorro de Ges) indicam grandiosas construces, que alis no ultrapassariam a poca da fundao da monarchia portugueza. Os outros edifcios antigos attingem unicamente o sculo xvi.
O altar-mr da igreja parochial manuelino.
A capella do Espirito Santo, onde existiu uma confraria, que outrora fazia a festa
e o bodo a que se refere o Padre Cardoso no seu Dicctonario, tem um prtico em esdos solares de Alvorge
ruinas
tilo
gothico
com
a ra de i565.
hospital da M5ericordia,
Pode
com
poca da funda-
, ignora-se a
o d'estes
edifcios.
registosparochiaes,que abran-
gar.
Os
nomes so
seus
Juro-
mello e Germanello.
E' no logar
ha
(lagoa
reiro
rada) que se
chamado Ter-
domingo de junho,
Ha
;oi-o uneiro
de
AUorge
realisa,
Avellar
Orago
em
logar
templo de Nossa Seahora da Guia, celebre pela grane pomposos festejos realisados em sua honra no
um
como
fazendo-lhes
uma ermida
sob o patro-
lindo menino,
erigiu-se
no
local d'ella
nato de Nossa Senhora, por se considerar que aquelle menino seria Jesus.
imagem
em
a invocao
deu-se
1767 fez-se nova ampliao de que resultou a actual igreja, que tem magnifcos azuboa obra de talha.
lejos e
o governo nomea.
bas
Os rendimentos
so avultados.
Em
uma commisso,
cujo presidente
Cofre permanente durante o anno, 5835000. Cofres junto da Senhora nos dias dos
villa
4^
da commodamente.
Para os bufarinheiros construiu-se
um
No
Senhora, que
O
nhas
dia,
i."
que
No
Na
procisso
dr.
Costa Simes.
as
primeira
pendes
e bandeiras,
uma
azul, as
da
algumas carradas de lenha, com que o povo vai successivamente atiando as chammas do mesmo forno.
Quando elle j est bem afogueado, um romeiro, que previamente se confessou e
commungou, apparece vestido de tnica branca e ajoelha tomando na bocca o palmito
que a imagem da Virgem empunha n'uma das mos.
tas
em
que
conduzido,
foi
um
ta milagre, festivas acclamaes atroam victoriosamente os ares em louvor da Senhora da Guia. Os sinos repicam, os foguetes estalam, e os msicos executam, em jubilo, o hymno da Senhora. No ultimo dia da festa repete-se mais uma vez a procisso
para ser tirado do forno o bolo, que se reparte na igreja pelos romeiros, os quaes conservam devotamente o seu quinho como reliquia.
Avellar, que era uma das antigas Cinco Villas cujos foraes lhes foram dados por
D.
Costa Simes
o seu
A
de
se
titulo
reclama.
prophecia no falhou.
villa
l; e
Tambm em
Foi outrora cabea da comarca das Cinco Villas, e cabea de concelho at i855.
Padre Carvalho diz que aquella categoria era apenas nominal, pois que pertencia
de facto villa de Mas de D. Maria. Ao tempo da publicao da Corografia, Cho
de Couce era a tmais limitada e falta de moradores entre todas as Cinco Villas.
nhoriaes
com
mesmo Padre
Carvalho,
viria
'
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
495
Esta grande propriedade, que se chamou Quinta de Cima, foi doada por Affonso
peripcias voltou
III a uma''dama da rainha D. Beatriz de Gusmo. Depois de varias
Coroa no reinado de D. Diniz. D. Affonso V doou-a ao conde de Villa-Real D. Pedro
confisde Menezes, e n'esta casa se conservou at que os bens dos Villa-Reaes foram
em 1641. Passou depois ao Infantado at i834, e em 1860 foi adquirida pela faLopes do Rego.
O Padre Cardoso, no seu Diccionario, diz que a povoao teve antigamente o nome
parochial
de Palhaes. Parece que o nome Cho de Couce proviria de estar a igreja
cados
mlia
Como
quer que
nenhuma que
lenda
no conheo
seja,
justifique este
ono-
Acaso
ter derivado de
que
uma
tradio
sei
menciona
este:
Em
Quem
Em
no cho do Gouse,
no puder andar choute.
Xavier, tambm
cisco
citado
mesmo
adagio.
Fazse
era
com
procisso
gran5o2
ao Corao de Jesus,
de festa annual
em
que
tomam
Avellar Igreja de
parte mui-
fogaceiras,
N'esta
villa
Thomar.
Lagarteira
celho 7
kil.
Orago
S.
para nordeste.
Em
Pois a
villa
em tempo
no morreu
de residncia ao parocho.
a prospera Avellar, pois comprehende muitos logares, dois dos quaes teem a singularidade de chamar-se Lisboinha, e Lisboinha de Alem.
e seg.
496
igreja
parochial foi
modernamente
iHavia
Pousa,
disse
Flores
por
sitio.
vem
E' certu ter vivido n'estes logares alguma pessoa importante, porque ainda se
junto da egreja as paredes de
uma
um carvalho,
Tambm ainda
cortado
que
No
teria sculos.
vem no meio da
mesma
villa
hora
um
em
um
uma
jardim^
referida propriedade,
pia, feita
coincidncia notvel.
chamado
velhinho
Izidoro
quem em
um
dia e
facto ao conhecimento
um
villa
de Ancio 7
pessoalfilhos,
kil.
para
noroeste.
Tem
feira a 21
de julho.
Orago
populao 83o
Em
4.* classe.
'
Justifica-se
de telha
^
v,
em
Cinco Villas,
con-.o diz
1904
ou
1903.
^-^"'^r^
XXXI
Alvaizere
cabea do concelho d'estc nome, era em 1465, segundo a informao de um viajante extrangeiro, apenas insignificante /og-are/o '.
villa,
Gomtudo a regio
como se conhece pelos
fora j habitada
Ma-
cedo estudou; e no tempo dos romanos como demonstraram os restos de construces observados e descriptos pelo sr. Marques Rosa.
te"
Parece, porem, que a antiga povoao portugueza ficaria ao norda Igreja Velha, onde o sr. Santos Rocha analysou os escomcemitrio, que julga ser da poca de Affonso III. -
da actual, no
bros de
um
Alvaizere
foi
sitio
uma
vamos falar.
comprehende a villa e alguns logares tem por orago Santa Maria
Magdalena e 2.054 habitantes de ambos os sexos.
A villa est situada n'uma vrzea, d'onde, segundo o pensar de crdulos etymologistas, viria chamar-se lhe primeiro Alva var^ea^ e depois, por corrupo, Alvaizere.
Fica a 9 kilometros da margem direita do Zzere, para o occidente.
E' de Alvaizere, no seu aspecto actual, que
freguezia que
Uma
esta
rua,
Fundo da
'
rua principal atravessa a villa de um extremo a outro. E' a rua Direita. Mas
no ponto de que parte, toma o nome de Principio da villa:, e no fim, o de
villa.
Cousas leves
Tambm
i.*
mesmo
voL.u
63
'
No
Est-sc construindo
um
hospital.
igreja,
Pinto.
trs kilometros
mas
que de-
Sobre
este
rio
ha
uma
em
que
Da
villa
Pinho Leal
fala
Taes ruinas
Com
dos Coves, a
a serra
um
kilometro da
villa,
Sobre
que se faz
uma
Por de traz da capella abrese uma lapa entre dois grandes penedos.
Segundo o Santurio Mariano, Nossa Senhora appareceu a uma pastora
n'esta
lapa.
Tambm em
Hoje j no ha bispo em Leiria, nem freires em Thomar; mas, alem d'islo, o facto
que Pinho Leal se refere no se dava no logar de Botelho, e sim no de Avellar, freguezia de Cho do Couce, concelho de Ancio.
Ali que, segundo a tradio, podiam estar reunidos trs prelados, achando-se
cada um d'elles em terreno da sua prelazia.
Tambm
ha
uma
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
499
Caminho, Almoster,
mido em i8gb.
Mas o concelho de
mais
zias e
Alvaizere foi restaurado em 1898 com todas aquellas freguede Mas de D. Maria, que pertencia ento ao concelho de Figueir dos
Vinhos.
de Alvaizere
(3.* classe).
Camar
Desde a villa d'este nome at ViUa Nova de Pussos prolonga-se uma estrada
mente marginada de eucalyptos.
Quem vem
Thomar
de
para Alvaizere
fica
agradavelmente impressionado
linda-
com
Tambm
lar
com um
ao fundo
chalei
pertencem ao
sr.
uma
dr. Jos
Castro.
O
3.
do
titulo,
Este
titulo foi
em
em
em
1818, a
Manuel Vieira da
novado
i65
seu
filho
struco
e recreio.
i863
Archivo
2.
Silva, re-
baro.
Patriota,
artigos
5oo
kil.
Ha
concelho,
guezias, que
em
com
populao
total
seguida mencionaremos.
Pedrogam Grande,
faz parte
dos
aro pedregoso dos montes, entre os quaes se cavam valles estreitos, onde a populao e a cultura se confrangem, o predomnio da oliveira cinzenta na arborisao,
apenas esmaltada temporariamente pelo fructo colorido das macieiras, das cerejeiras e
dos pecegueiros; o frio que vem das serras e o nevoeiro que se levanta das ribeiras; os
fatos de saragoa e borel impostos pela aspereza do clima, entristecem a regio, tor-
Almoster Orago
da
villa,
parochia, e
c agreste.
distante d'ella 6
Mas de CaminliO
Dista da villa 3
kil.
kil.
Tem
Orago
Nossa Senhora da
Graa; populao
698 hab.
para o norte.
kil.
Est situada no
bea de concelho.
Tem uma
ras,
casa nobre,
cem brazo
Altar Trevitn
mano, no tempo de
ou Trivim um alto cabeo da serra da Louz, no qual um ttiumviro rosegundo conta a lenda, celebrava sacrifcios aos deuses. Trivim parece ser
Sertrio,
abreviatura de Triumvir.
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Casualmente encontrei
5oi
noticia de ter D.
mais querida,
D. Maria, a qual
foi
Um
rei
portuguez teve
uma
Uma
residia
no
sitio
de Pe-
da capella particular da infanta bastarda correspondia ao da capellamr da actual igreja matriz. As duas primas
escreviam-se e presenteavamse. D. Maria mandava prima as bellas maas do
seu pomar, e em troca recebia raminhos de flores do campo. Aquelles sitios eram agresreiro,
onde ha ruinas de
sitio
mal povoados, mas quando algum dos raros camponezes levava mas
que eram to lindas como as de D.
ella, para o lisonjear, dizialhe
Maria. D'aqui viria o nome d'esta dama a ligar-se ao de Mas, que j era o da terra
e de um seu riacho. Refere a lenda que D. Maria casou depois com um nobre senhor, o
qual obteve grandes privilgios para a povoao, motivo por que esta floresceu no detes e ainda
prima da infanta,
mstico
dava a
flumimm de
uma
nome sem
que resulta da
masaiiis,
leitura
da doao encontar-se
n'ella
o ono-
nome de Mas,
foi
actual da
5o2
Que, antes
{b)
do mesmo
chamada
territrio
Mas de
hoje
Tanto quanto
n'estes
nossa hy-
pothese.
No
amplo
Pelm Orago
ella,
bello,
villa
Em
terreno montanhoso,
de Alvaizere.
um
alcunha de Pclle m.
No
sitio
Antnio Peres)
Ha uma
um
palacete.
s escola parochial.
kil.
i.byS hab.
para sueste.
onJe
se
Escolas para
ambos
Thomar
S. Pedro;
populao
3i8 hab.
kil.
para sueste.
bra a Thomar.
Escolas para
um
outro sexo.
estrada de Coim-
XXXII
iz
fizera
II
villa
o logar de Figueir
antes
chamado
Fi-
para
Crdova.
E o mesmo Andrada prosegue dizendo como um troo de mouros vinha guardando
aquellas seis donzellas pela estrada que de Coimbra conduzia por Thomar a Tancos.
cautela
sitio
um
ditos
mosrabes
que
moirama ao con-
passando a ribeira de
Alge, fez alto no logar de Figueiral, esperando ahi,o reforo de outros mouros que
tra-
2."
edio, tom.
II,
pag. 3oo.
'04
em
Portugal
donzellas?
cias
de fuso nos
'H
,#*.. >ltl
como seu
geral
em Pedrgam
Fi-
Bernardo^de Brito.
mas accentuou-lhe romanticamente um caraaGuesto Ansur o ter praticado a faanha por amor de uma
"-.
mas creio que o thema popular da helembrana dos povos agradecidos; e que
posto n'esse ou^noutro parecido canto pelos singelos poetas dos primeiros tempos, assim foi passando de gerao^ em gerao, traduzindo-se insensivelmente de dialecto
este^proposito diz Garrett:
No o
creio,
tomo
'
Hist. de Port.
'
'
III,
.*.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
5o5
para dialecto, segundo elles se foram alterando na successo dos tempos at o xvi sculo
em que
se imprimiu.
Vamos
reproduzir esse antigo romance popular, que Frei Bernardo de Brito e Mi-
primitiva, fal-
No
Eu ento
fgueiral fgueiredo,
L no
f, no irei;
Antes olhos d'essa cara
Bem
Para
ellas
caminhara,
Para
ellas
caminhei
Logo
ali
Quem
No
caros os comprarei;
Atraz de vs andarei;
Por vs eu as
lhes perguntei,
fallarei;
me apparecerem
Moiros se
todos os matarei.
figueiral figueiredo,
L no
Uma
Mal
No
figueiral entrei.
haja,
sei.
figueiral figueiredo.
L no
d'ellas respondera:
Cavalleiro, no
Perto
Se
d'ali
elle
encontrei:
bem me ameaara,
Eu melhor
Um
Um
o ameacei ;
tronco secco esgalhara.
As donzellas libertara,
Todas sim as libertei;
Aquella que
Com
No
ella
me
me
fallra
casarei.
No figueiral figueiredo.
L no figueiral entrei.'
figueiral figueiredo,
L no
figueiral entrei.
N'isto o
.
Em
lhe replicara:
Por minha
figueiral entrei.
fgueiral entrei.
em
sificao
Eu
ria
creio
de
uma
a partilha
de
com Miguel
um mytho
ou da
Leiglo-
mas, ao entrar n' aquella localidade, encontrei os vestitradio cavalheiresca, tirei-lhe o meu chapo em signal de respeito, e
gios
em
to a
o logar da aco e o
Beira a primitiva ver-
d'elle;
passo adeante.
villa
em
lo-
gar plano a meia encosta do Cabeo do Peo, n'um ramal da serra da Louz.
Estrella.
'
Raios de extincta
VOL. u
lu:;,
pag. 21
5.
pag. 191
5o6
Em
predominando o castanheiro
Nos ltimos quinze annos, Figueir progrediu notavelmente. D'antes as casas eram
desprovidas de vidros nas janellas, e de chamins; hoje poucas deixam de tel-as.
quasi todos os prdios de habitao se nota uma varanda de madeira (nos me-
Em
lhores prdios
envidraada):
"
>.
pe o milho a seccar.
A praa nobre da villa
Conselheiro
chama-se do
''
Joo Franco.
Est situado n'esta praa
um
com
tos,
i3 janellas
na facha-
armas reaes no fronto a casa da camar, onde tambm funccionam as reparties do concelho e o trida, e as
:
bunal da comarca.
zios
zia
com
honras de prior.
as
em
Soffreu modificaes
ditferentes pocas, c
foi
em
1903
Ento organisou-se
uma
de
um
com
o auxilio
al-
estivessem
mesmo
ainda conckiidas.
Sobre o prtico, estilo Renascena,abre-se um nicho com a imagem de S. Joo Baptista, em pedra lioz, trabalho de Simes de Almeida, tambm auctor do desenho da fachada. A torre, quadrada na base e
oitavada na cpula, lembra a da igreja de S. Joo na cidade de Thomar.
O interior do templo divide-se em trs naves separam-n'as duas arcadas, assentes
fachada
ao
passo elegante
e simples.
cada
mr
dourada,
estilo
As paredes
lateraes
do
altar-
so revestidas de azulejos.
Ladeam o arco
e
foi
cm
talha.
em forma
de capella
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
5o7"
O corpo da igreja, cujas paredes so cobertas por alguns quadros que Simes de
Almeida obteve na Academia de Bellas Artes, tem quatro altares lateraes.
Um d'elles merece especial meno, por haver sido destinado ao Christo em gesso,
que serviu de modelo para o que tanto notabilisa a capella funerria de Alexandre
Herculano nos Jeronymos.
J tive occasio de referir-me
meida,
artista
que
em
natural de Figueir,
como o
leitor teria
dicado affecto de
risco
do
uma
terra
representam de-
filho.
altar foi
de Almeida, e a pintura de
artistas
como
chamam
as aves
Malhoa possue em
gueir
um
com
chalet,
Fi-
ate-
lier envidraado.
Logo
falarei de outro
Thomar.
cola industrial de
faltam em Figuei.
No
r
de seduco
motivos
gem, os costumes,
a luz,
e a cor.
5c
Malhoa
disse
No
Figueir dos
uma vez,
preciso
ir
Referia-se a Figueir
Ao
da,
com brazo
de armas e
uma
inscripo
em
direita,
um
Ruy Mendes Vasques, filho de Ruy MenMendes e de D. Thereza Ribeiro; e de D. Viode Lopo Dias, mestre de Christo, neta de D. lvaro
Christo de 1456.
se v, trata-se de
este
Vasconcellos.
5o8
a Kuy Mendes de Vasconcellos diz o sr. Anselmo Braamcamp - exda successo da sua casa aos Vasconcellos, que depois foram condes de Castello
Melhor. Na casa no entraram elles, mas com o titulo j teem sido enobrecidos dois.
O actual conde de Figueir o sr. Antnio de Sousa Vasconcellos, veador da
rainha D. Amlia, casado com a sr. D. Josepha Sandoval, dama da mesma rainha.
tNo valeu
cluir
'
Alem da praa ou
Teve
a villa
um
hospital.
eram franciscanas,
um
por
rido
foi
adqui-
particular e
transformado.
Junto a este edifcio
um
ca
fi-
de corre
uma
fonte, ainda
Misericrdia de Fi-
gueir
Mas
em
existia
i53o.
de 1625.
noti-
actual
foi
com
hospital,
ser
Estlhe annexa
ja
a igre-
litas.
costuma celeSenhora
N'ella
brar-se
a festa da
do Carmo.
Tem
villa
uma
So-
roense estabelecida
fcio
prprio, que
tado
por meio
em
foi
edi-
levan-
aces
de
da igreja m.itriz
Comprehende o
Esta possue actualmente duas mil obras, que representam mais de trs mil volumes.
Simes de Almeida ofFereceu para ser coUocada na sala da bibliotheca uma estatua de
o poeta, de p,
em
br?.o direito
a cabe-
a descoberta.
Sei da existncia de trs peridicos publicados
em
Figueir
Zzere, cujo
."
nu-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
mero appareceu em
509
em Pombal; O Echo
de Fi-
Figueiroetise, ni-
co actualmente, que vai no XI anno da sua publicao, dirigido pelo seu proprietrio
Antnio de Vasccncellos e impresso em Figueir na typographia estabelecida na rua
da Agua.
N'esta mesma rua se encontra o Hotel Commercial, prximo estao de diligen-
Companhia Thomarense.
cias da
Tambm
proprietrio Joo
e a
Pedro Godinho.
citarei, segundo os meus
Casa do Baraeiro.
Pinto)
Os homens usam, no inverno, uma espcie de varinos tambm com mura e capuz.
Temos agora occasio de falar outra vez de Henrique Pinto, a propsito do seu
quadro de costumes figueiroenses.
A
geada
tela
',
representa
uma
um
A geada ou orvalho gelado frequente n'esta regio durante quasi todo o inverno,
sendo a neve
muito mais rar^.
5io
Uma
me
serve os
Um
proficientemente observada.
Que
eu saiba, laboram
em
lanifcios,
uma
de cortumes (chamada do
menos importante.
po de
l.
Tambm
gnero
uma
recentemente se estabeleceu
uma
caracter da populao
villa e
no seu
vrios logares.
N'um d'e!les, a Bairrada, a 6 kilometros da villa, faz-se no dia \b de agosto a romaria da Senhora do Livramento, muito brilhante de trajes vivazes e animada de bailaricos e trovas.
Senhora do Livramento,
Senhora to desejada,
Mal empregada Senhora
'Star no sitio da Bairrada.
Senhora
do' Livramento,
Eu no hei de c voltar
Sem meu amor vir comigo.
Estas e outras trovas so harmoniosamente cantadas a muitas vozes, e algumas
em
terceiras.
Na
festa
ir
deitar foguetes.
um
quadro,
volta
da romaria^ que em
com
edifcio:
Vide Alraizert').
foi
Tem
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Um
Em
Sii
1860 ainda
ali
se
conservavam,
e talvez se
conservem
e balas.
A
e
As
pittorescas
Fragas
de S. Simo, a que
tambm
me
referi
no capitulo an-
distam de Figueir
terior,
margens do Zzere,
'
para combustvel.
kilometros.
Da
(47
villa
ris
estao de
Pombal
ha diligencia para a
kil.)
de Figueir a
.3)000
kil.)
i.t~i20 ris.
com uma
concelho,
populao
Aguda, da
as freguezias da
Arga
de Campello.
E' abundante
e madeiras,
em
azeite
produz milho
centeio, vinho de
dade, cortia,
e,
boa
quali-
entre os
le-
servido de
peixe pelos
Zzere e Pra.
em
tuada sobre
serra do seu
i5i4. Est
um
si
outeiro da
nome,
da cabea do concelho 7
kil.
Na
e dista
da Senhora da Graa.
A esta ultima chama o povo a festa da Graa. Sai procisso, na qual se enfileiram 40 ou 5o raparigas levando cabea as fogaas. Em todas as ruas do transito erguem-se arcos floridos e atapeta-se com juncos o cho.
Depois da procisso ter recolhido, procede-se no arraial ao leilo das fogaas.
Quanto especialmente ao arraial, disse um chronista anonymo: O arraial que
10.
5i
aqui e
ali,
originaes.
e descantes
verdadeiramente
>
freguezia
comprehende diversos
logares.
No
Outro chronista, tambm anonymo, descreveu assim uma excurso a esta romaria:
Subindo, subindo sempre, chegmos ao alto da serra da Aguda.
Deslumbrante,
encantador, empolgante o panorama que d'aqui se disfructa em
todas as direces.
e,
um
denso
Ao sul fica nos a serra de Alvaizere coroada por um extenso plat, onde se admira o seu histrico algar com a sua fonte de finssimas aguas, e a meia encosta a
branca ermida de Nossa Senhora dos Coves, miraculosamente apparecida c amavelmente protegida.
Mais para quem, as serras do concelho de Ferreira do Zzere, tornando-se mais
visvel a da Guimareira encimada pela capellinha de S. Saturnino, e que um dos
principaes pontos de vista que conhecemos.
Quasi na mesma direco e muito mais perto de ns, ve-se o agudo pico chamado Serra de S. Neuthel, cuja ermida lhe assenta no cimo e que de difficil accesso
rio
paragens,
tal
sol vae-se
e os
aquecendo fortemente.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
os
as suas festas,
SiS
ren-
dimentos
de a
Mo Figueir
figuras da musica
da
e o
mordomo
festa.
Como
sem
poderem
chegam
fogaceiros,
O
'
arraial vae-se
animando.
VOL. U
65
5!4
No
moagem.
um
alto
um
ella.
Santo Antnio, havendo por essa occasio arraial. O logar principal, sede
da parochia, abastecido de boa agua por um chafariz. Falta uma estrada que d fcil
accesso povoao. A freguezia produz cereaes, especialmente milho.
uma
festa a
ria, e
no
ecclesiastico diocese de
Herc
Hist. de Pori.,
7.'
edio,
Coimbra.
kil.
tomo
^^(
II,
pag. 100.
XXXIII
Pedrgam Grande
antigamente certa
iziA
Grande
era
um
pessoa
distincta
que
villa
de Pedrgam
caminho pelo
purgatrio.
circumjacentes,
margens do Zzere
aspereza
dos montes
dos caminhos.
parcella
tence,
Os
e meia,
para nordeste.
tratam de arredondar
em punho,
districtos.
um
Pedrgam Pequeno
fica
Pedrgam Grande.
5,6
seu filho natural Pedro ATonso ', para que reerguesse a villa da ruina em que a tinham
deixado os mouros, e a povoasse; outrosim que este bastardo lhe concedera foral depois conrmado por Afonso III. E na casa da camar existe o foral novo dado por el-
pecto interior,
tal
como
no principio do sculo
elle era
em
villa
triangulo,
em
dizendo:
xvii,
harpa deitada
figura de
quasi da
(e
ero seus antigos limites), entrando n'ella da parte do ponente por huma
hermida de S. Pedro, que he a primeira casa, d'onde vai huma rua que chamo rua
rica, muito direita e comprida, mais que a rua nova de Lisboa, e acaba n'huns pene-
mesma forma
dos onde considero o tangedor desta harpa, com as costas pra o meio dia. E do seu
brao direito por arco desta harpa, outra rua chamada raposeira, que vai pra o norte
entestar na da Igreja matriz, e por detraz delia vai dar n'hum recio dito Adeve-^a
(bella sahida da villa). E passada sua largura, torna huma rua que vai direita dar n'outra,
que dizem do eirado, e assim direita mais comprida que a rua rica, vai fechar no p
desta harpa em S. Pedro, onde fazem huma praceta com um crucifixo de pedra no meio.
E o brao esquerdo deste tangedor he outra rua direita e comprida (onde me criei) que
vai por diante da dita Igreja dar na devera. E os dedos da mo outras ruas e travessas,
e por dentro desta harpa, em logar das cordas delia, muitas ruas, becos e travessas; e
no meio em lugar do espelho a Misericrdia e Hospital com as costas na rua rica pra
ficar mais adequada a comparao, fazendo melhor harmonia.
Este bosquejo topographico estimvel, sendo para sentir que outros escriptores
antigos no tivessem descripto suas terras com igual minudncia, embora se lhes houvesse de descontar hoje a rhetorica patritica.
Deveza, quizeram os
que se refere Andrada dando-lhe o nome de
que se chamasse modernamente Largo do Conselheiro Jos Luciano
mas o povo no quiz saber de modernices e politiquices, chama-lhe hoje,
rocio, a
polticos locaes
de Castro
como
lhe
a Deveza
porque
da
este
sombream
villa.
mas
carece de obras.
No
edifcio
fizera
um
tambm
em tempo
administrao, e
Tambm
ali
occupa
mas
hoje
aquelle,
porm no envergonha
villa.
da
feira
de cada mez.
mercado semanal
eftectua-se aos
ro de Salgueiro.
'
llerc.
tambm designada
Hisl de Port.,
pelo
mesmo
cJio, torno
II,
um
Club Pedrogueuse, e
adjectivo toponymico.
pag. loo
uma
A ESTREMADURA PORTUGUEZA
Na
falda de
chamada do
Cabril
uma
sobre o Zzere,
em que
construda.
foi
dos Filippes;
mas deve
ser
pontes,
expresso do logar
',
5.7
foi
publicada
em
A ponte do Cabril
como de uma construco
Miguel Leito nasceu em Pedrgam Grande, no anno de i555, de uma familia nobre e opulenta, oriunda da Galliza. Esta familia teve casa e quinta em Lisboa no
Bairro Alto, junto a S. Roque
ramo de que proviera Miguel Leito possuia pro'^.
priedades
na
mesma
em Pedrgam, uma
casa na
villa, e
villa.
um
ficou
em
l.eito
I.
sr.
ge-
5i8
um
mas tambm
livro interessante,
no s pelo que
re-
mau
e
logar a discus-
ses pr e contra.
mim
tros auctores
sem
nomes, deixando de p
lhes declarar os
a duvida
de que os queria
perfilhar.
Entre esses versos ha alguns de Cames, que decerto Miguel Leito sendo adoem Lisboa, de iSyo a i58o, e que porventura os seus ascendentes teriam tratado de perto, se que o poeta no foi hospede
d'eiles quando, desterrado na Extremadura, visitou Pedrgam, porque a familia Andralescente dado s lettras procuraria conhecer
nome de Cames, quando lhe reproduz os verem passagens de menor importncia, como
de o citar
huma
he tudo quasi
pedra,
mas por
nome, por
se criar
somente
quem o
rio
deu o
ri-
beiros que por cima desta penedia vo fazendo diversas formas de espadanas e escu-
mas, voo por cima muitas guias, que todos os annos aqui crio.
V-se deste outeiro e hermida {dos Milagres) aquella to afamada ponte, que chamo do Cabril, que lhe fica ao p, e a eminncia, a qual toma todo o rio em salvo,
com hum s arco de mais de cem palmos de vo, posto tem mais outros dous cm secco, pra evaso das grandes crescentes, e cheias, que muitas vezes so tamanhas, que
parece querem subir a estes outeiros, pola muita estreiteza do leito.
A estampa que, segundo uma photographia de Carlos Relvas, pomos deante dos
olhos do leitor, servir de contra prova d descripo de Andrada.
da Lisboa antiga; c o
sr.
Jlio
de Castilho no
i.
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
5.
O sitio em verdade to agreste e fragoso, que nem a actual estrada, que vem zigzagueando passar sobre a ponte, conseguiu pentear a penedia desgrenhada de modo a
alisal-a
com um sopro
de civilisao macia.
De um
e outro
noticia.
Conta Frei Luiz de Sousa como na segunda metade do sculo xv um frade dominicano, natural de Pedrgam Grande, auxiliado pelo concurso de alguns devotos, impetrou licena do Papa Xisto IV para edificarem ali, sua custa, um templo da invocao de Nossa Senhora da Luz, e conjunto um mosteiro da ordem de S. Domingos.
Veio de Roma um breve, datado de 28 de dezembro de 1475 concedendo a auctorisao pedida. Logo o donatrio de Pedrgam, que era ento Joo Rodrigues de Vasconcellos, e sua mulher D. Branca da Silva, doaram, no sitio chamado as Mais, o terreno necessrio para a edificao do templo e do mosteiro,
incluir cerca e
com
largueza sufficiente a
pomares.
A igreja a principio foi muita pequena, diz Sousa, como obra de povo, e povo de
montanha, no grande, nem rico.
E o mosteiro nasceu humilde,pouco maior do que um cenbio.
Comearam a affluir as romarias de todas as provncias do reino, especialmente do
Alemtejo, e era principalmente de esmolas que se sustentavam o culto da Virgem e os
primeiros frades.
um
breve,
520
mes durante o seu desterro na Extremadura, e foi por isso que o poeta, entrando no
pomar dos dominicos em Pedrgam, achou n'elle uma suavidade consoladora, que chegou a ser deleitosa, porque ao mesmo tempo era descanso para os olhos, fatigados da
severidade
triste
tambm
pela
desesperana.
No pomar
uma doce
em
feliz
Gozas d'hum
ti
te mais cuidado,
terreno
ar
puro
mais sereno
'.
por subscripo.
Do
religio-
sas,
pouco
to ainda extinctos.
O peditrio feito nos logares do norte da freguezia (i3 logares), cada um dos
quaes recebe a bandeira por seu turno. Este peditrio efectua-se ao som de gaita-defoUes, guitarra e versos. Um individuo se encarrega ha annos de fazer os versos, monopolisando-os. No i." dia do anno os festeiros em seus respectivos logares oferecem
comes e bebes a quem querem obsequiar, mas no ha bodo publico.
Assim se relacionam as janeiras com a festa do Espirito Santo.
No dia de S. Martinho reza-se uma missa por alma dos irmos fallecidos da respectiva irmandade. Outrora, alem da missa, havia otlicio. O que ainda tambm se faz
c o magusto acompanhado de libaes.
As mais notveis solemnidades religiosas em Pedrgam Grande so as da Quares-
ma
Semana
Santa.
Passos,
custeada
pela
Misericrdia;
dos
fogarcos
na
noite
Alem
e
d'estas procisses,
tambm
se
fazem as das
festas
do orago, do Sacramento
de S. Sebastio.
O
'
i."
com
as seguintes freguezias:
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Castanheira
Orago
S.
vem
d'onde
uma
direita
do
rio Pra,
estrada
com
a cabea do concelho, de
que
dista
para o norte.
kil.
um
E'
Na
em
uma
em Pra uma
de fiao.
tem pssimas
vias de
freguezia possue
Ha
escolas para
Coentral
um
com-
da Lou-
ambos
Orago
a serra
Tem uma
Graa
Orago
Dista da
kil.
margem
Tem
escola
do sexo masculino.
diocese de
muito gado;
e farto
populao total de 3.623 hab; pertence no eccleCoimbra; produz cereaes, legumes, azeite, vinho e madeira cria
de caa na serra e de peixe nos rios Zzere e Pra.
produziriam ptimo
Mas
trigo.
em
circumstancias pecunirias de
FIM DO
C6
CORRECES
J^O
ADDITAMENTOS
1."
^^7'OLXJ1v:E
Pag. 102:
duvida que a rainha D. Fiiippa de Vilhena falleceu em Odivellas. Dil-o
in monasterio de Odivellis, etc.
claramente o seu epitaphio, na Batalha: Obiit
No
sofFre
Pag. 105:
No
que
ferro,
dia 4 de
liga
Pag. 151:
monumento
Sousa Martins,
maro
por
em
Alhandra,
em que
iliustre
foi
foi
professor nasceu.
fundido
em
Motta.
Pag. 247
pao
real de Vallada
D*
mo
mez.
Pag. 264-.
Uma
Foste
Iria, foste
Deste o
nome
Irene,
a Santarm.
Pag. 347:
Paul de Boquilobo
foi
c Cascae..
Pag. 406:
Em
Villa
ual d'Oiirem.
a publicar-se
um
524
Pag. 476:
maro de
em
Lisboa s 2
'/a
horas da madrugada de 5 de
1909.
um monumento,
e creio
que pensa
em
erigil-o.
Pag. 481-484:
Confrontando a descripo da antiga procisso da mucharinga em Abrantes com a
de uma dana de mochachins (Hist. Geit., VI, 416) realisada em Villa Viosa no anno
de i6o3, por occasio do casamento do duque de Bragana D. Trieodosio 2., mais me
persuado de que o caracter burlesco ^'aquella procisso e d'esta dana lhes assignala
uma origem commum, e de que, portanto, a palavra mucharinga veio de mochachins ou
mochachos.
Pag.
Com
7:
tributo viesse
Pag. 27:
povoao do Cercal, situada n'uma das abas da Serra da Neve, tem humilde igreja parochial, que os francezes profanaram, e que parece datar apenas do sculo
XVII ; pelo menos l se na porta principal, que de pau santo, a era de 171.
Comtudo ha na povoao uma botica, uma albergaria, uma escola em casa prpria
e duas hospedarias.
Na do Moreira, de que falei no texto e a mais afamada, pousaram modernamente
pessoas reaes: D Maria II, D Fernando, D. Pedro V, D. Luiz, D. Maria Pia e o imperador do Brazil, D. Pedro II.
Todos ali tomaram ch, porque o ch do Cercal gosa de superior reputao, devida talvez especial excellencia da agua, que se colhe n'um chafariz mandado construir pela rainha D.
Prximo
te existe
Maria
I.
igreja depara-se-nos
uma
cravada
lapide
com
uma
casa de
um
s andar,
em
cuja
modesta
a seguinte inscripo:
Aqui pouzo
u Ei.Rei
N
J."
Do
QUART
D.
1645
'
se
que
a orthographia
Corografia.
do Cercal
24'}.
ali
se faz.
fren-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
52 5
Pag. 34:
Na Lourinh
publica-se actualmente
um
semanrio
rgo dos
Arthur Gonalves.
litterario e noticioso,
sr.
Pag. 39:
Dissemos que no logar do Vimeiro, concelho da Lourinh, no havia nenhum monumento commemorativo da batalha ali travada com os francezes em 21 de agosto de
1808.
a Lourinh.
Mas
ideia
patritica
Com
enthusiasmo
acolhida e
em
igoS
um monumento
no Vimeiro.
realisada rapidamente pelos habitantes
d'aquella regio.
uma
collna, junto
povoao do Vimeiro,
monumento
mas
elegante. Antes
monumento
Dever
foi
lioz,
com
uma
grade de ferro.
inaugurao effectuou-se pomposamente no dia 21 de agosto de 1908, assistindo a
el-rei D. Manuel II, deputaes do parlamento, representantes do governo, commiscircuital-o
ella
Os
privilgios
em duvida.
uma carta
terra.
Tendo o almoxarife do
sistisse
Tambm
Pag. 66:
tas
No Monte
em 1909 as
um
interessante
monumento
funerrio, prhistorico.
526
Pag. 71:
capella mr,
a julgar
culo XVII.
corpo da igreja, dentro de uma arqueta de mrmore branco enxerida na parerestos mortaes de Anto Martins e seu filho Filippe Ximenes, caval-
No
repousam os
de,
da casa do
leiros
rei.
Pag. 81
No
de abril de 1909 inaugurou-se na villa do Sobral, solemnemente, o monumento erigido, por iniciativa da camar municipal de 1906, e subscripo publica,
memoria do benemrito sobralense e prestante medico dr. Eugnio Dias, grande amigo
dia 20
da sua terra.
projecto do
monumento
foi
da Cosra, e o busto
um
plintho,
obra
Pag. 84:
No
sei se a
Negro exaltado
pela residncia do
ill.""'
e e;c." sr.
Cardoso Leito, era professor de primeiras lettras no Turcifal e foi contemporneo das invases francezas. Segundo Innocencio, publicou muitos folhetos de
pouco valor.
Pag. 116.
cisco da Silva
Quando escrevamos o
capitulo
em
como
construco,
Tambm
mas
nem
assim no
o interior;
de Cintra.
edifcio
villa
sinistro
na apparencia;
prpria a situao.
Pag. 240
struiu-se
uma em
Pag. 284
Do
vro
em Almada no
foi
substituda.
Mas recentemente
con-
Cacilhas.
:
escriptor setubalense
um
li-
Ensaios poticos.
Pag. 289
Nas Viagens de Pedro da Covilhan pelo conde de Ficalho, encontramos este apho
rismo genealgico do Padre Francisco Alvares
Mello com dom, Menezes sem elle,
trampa de Palmella para elle.
:
Camhronne na
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
Pag. 293
duque de Albuquerque, a que nos referimos em nota a esta pagina, era 4. visconde e 2." conde de Mesquitella, depois da renovao do titulo, entenda-se, porque o
mesmo titulo j tinha andado, no sculo xvn, em outra familia de que D. lvaro de Cas-
Pag. 368
foi
gmentado pelo actual proprietrio. Sobre a janella, que forma como que
da porta de entrada, est coUocada uma lapide com a seguinte inscripo:
a bandeira
A
12 DE JANEIRO DE iSqO
JuLio Csar
Machado
Pag. 481:
sculo XIX, a primeira demonstrao publica de respeito pela memoria do Marquez de Pombal foi o decreto de 10 de outubro de i833, o qual ordenou que a ima-
No
de Pombal, Sebastio Jos de Carvalho e Mello, que haarrancada do pedestal da Estatua Equestre de Meu Augusto Av, de quem
fora to leal servidor, e de quem to zelosamente procurara sempre honrar a memoria,
seja reposta no mesmo logar; e que por lembrana do dia, em que se praticou este
sido
em
12 de Outubro de i833t.
Nota sobre
os abalos de terra
em 1909
No devemos
NNW
abril.
528
Distvicto
Na capital Desabamento
Tombo (em
que
a sala
bliotheca Nacional,
cie
Lisboa
foi refeitrio
bem como em
dos frades)
Douradores por se ter desiquilibrado a lmpada de um oratrio no quarmoradores haviam fugido, espavoridos, para a rua. Queda do tero
superior das pyramides que, na fachada da estao central do Rocio, ladeavam o reldio da rua dos
to andar, cujos
gio.
e a noite
Alemquer Prdios
derrubadas.
Alverca Prdios
Azambuja Toda
Abriram
fen-
foi
avaliado
cm
reis.
Carregado Ficaram em
dades da
te-
16.
villa
Oastanlieira
Prdios
em
ruinas, 7; prdios
em mau
edifcios.
torre
da igreja
abriu
cora fendas, a
I>istricto
Cidade d'este
tro
nome Dos
clc
Santarm
alicerces das
blocos, que foram deslocar os carris da linha frrea. Grandes estragos no edifcio
particulares.
rante a noite.
'
de maio de 1909.
locali-
A EXTREMADURA PORTUGUEZA
529
Salvaterra de Magos Parece que um sopro de maldio perpassou pela villa. Aqui e
montes de entulho, grades torcidas, frontaes estilhaados. Nas paredes caiadas os
rasges em zig-zag entremostram a negrura das taipas.
Visitamos os acampamentos onde ha gemidos dolorosos, a nostalgia do lar em
ali
ruinas.
Benavente
N'um
Nem uma
casa habitvel!
destelha-
das.
indgena,
Tudo anda
ra de zinco.
mondando o
trigo e
igreja
fendida.
No
chorando as suas
se
uma alma
pelas ruas.
Andam
nos campos
7 victimas.
Cartaxo
para a de vora.
as casas d'esta
O
6
O numero de mortos
em Samora Correia.
'
Amplo
recinto gradeado,
calculado de 23
com renques de
em
povoao apenas 7
ruina.
Benavente, de
em
Salvaterra- e de
em Praa Anselmo
Xavier.
2
VOI.
II
n.
de mortos
em
fi-
Salvaterra era
7.
A-
S3o
Os
feridos,
em numero
No numero dos
feridos esto
comprehendidos dois
em
estado gravssimo.
gurana.
Em
Lisboa o abalo do dia 4 de maio pouco se fez sentir; algumas pessoas no de-
ram por
elle.
governo propoz,
credito de
as cortes
oo:ooo.::^ooo ris
abertura de
um
immediatas.
com
valiosos donativos,
emanados
es-
pnico, felizmente,
foi
511
ndice d'este
I
Regio
volume
dos saloios
Capitclos
I
Pag.
Caracterisao
geral
Cadaval
Lourinh
IV Torres Vedras
V Sobral de Mont'Agrao
VI Arruda dos Vinhos
23
II
ll
55
8
85
VII
Mafra
91
VIII
Cintra
107
IX
Loures
i35
II
e Cascaes
1
A cidade de Lisboa
XII Oeiras
XIII Cascaes
XI
III
XIV -
Da
207
223
Seixal
XV Almada
Alccer do
26-7
Sal
3o5
XIX Grndola
XX Santiago
de
Cacem
IV
XXI
XXII
Peniche
Caldas
XXIV
Alcobaa
da Rainha
XXV Pederneira
XXVIII
Ms
de
Batalha
XXIX Pombal
XXX Ancio
XXXI Alvaizere
XXXII
Figueir
XXXIII
Pedkgam
E
Districto de Leiria
377
389
4i3
423
431
- Leiria
CORF ECES
343
XXIII
XXVII
33i
bidos
XXVI Porto
235
243
25t
Cezimbra
XVII Setbal
XVI
XVIII
49
161
dos Vinhos
Grande
ADDITAMENT0S
449
475
4S9
497
5o3
5
523
ERRATAS
KTO
fag.
1."
"VOLXJIv^E
i^^m^
DP
702
Pimentel, Alberto
A Extremadura portugueza
E36P5
pt.2
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LIBRARY
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