Carta Pastoral e Teológica Sobre A Liturgia Da Ipb
Carta Pastoral e Teológica Sobre A Liturgia Da Ipb
Carta Pastoral e Teológica Sobre A Liturgia Da Ipb
Conclio
da
IPB,
servir
de
orientao,
instruo
SUMRIO
1. CONSIDERAES PRELIMINARES
Tipos de culto
Vida crist e culto pblico
O templo
A igreja como comunidade social
Culto e cultura
2. O CULTO PBLICO
O princpio regulador do culto
Elementos de culto
As circunstncias do culto
Mudanas histricas nos cultos
Princpios do culto aceitvel a Deus
A responsabilidade pela conduo do culto
3. EXPRESSES CORPORAIS NO CULTO
Danas litrgicas e coreografias
Fortes expresses corporais
Palmas
Aplausos
4. ORIENTAES PASTORAIS A SEREM SEGUIDAS PELAS IGREJAS
LOCAIS
1. CONSIDERAES PRELIMINARES
Em virtude da amplitude e complexidade dos temas propostos, se faz
necessrio abordar nesta parte preliminar da Carta alguns temas que
provem o fundamento para o tratamento dos pontos centrais.
TIPOS DE CULTO
Existe uma distino entre a vida crist como culto constante a Deus (Dt
6.6-7; Cl 3.17), o culto individual (Mt 6.6), o culto familiar (J 1.5) e o
culto pblico solene (Is 56.7; Hb 10.25). A Confisso de F menciona que
Deus deve ser adorado tanto em famlias, quanto em secreto, e mais
solenemente em assemblias pblicas.
1 Os Princpios de Liturgia seguem essa distino, mencionando o culto
pblico, em famlia e individual.2
1. CFW, XXI.6.
2. PL, artigos 7-10.
Em diversos aspectos estas modalidades de culto convergem. Em todas
elas, buscamos servir a Deus de todo o corao, na mediao de Cristo
e no poder do Esprito Santo (lTm 2.5; 1CO3.16;Jo 14.26; 1Jo2.27).
Todavia, as mesmas diferem quanto s circunstncias, local, participantes e
elementos que as compem.
VIDA CRIST E CULTO PBLICO
A vida crist um culto constante a Deus, que oferecido individualmente,
em qualquer tempo e lugar e no qual no necessrio que se exeram os
chamados elementos de culto, como por exemplo, orao, cnticos e leitura
da Bblia.
O culto pblico o ajuntamento solene do povo de Deus, convocado para
reunir-se em dia, hora e local estabelecidos, com o objetivo de prestar
servio espiritual a Deus sob a liderana de pessoas especialmente
designadas para tal. Deste culto constam elementos que sero abordados
mais adiante nesta Carta Pastoral, alguns dos quais no fazem parte da
vida crist como culto.
preciso que se entenda claramente que existe uma diferena fundamental
entre nossa vida diria como culto a Deus e o culto que a ele prestamos
publicamente, juntamente com os demais irmos em Cristo. Determinadas
atividades que seriam pertinentes nossa vida como culto no seriam
prprias a este culto pblico.
O TEMPLO
O culto pblico a Deus pode ser prestado em qualquer local pelo seu povo
(Jo 4.21; Ml 1.11), no havendo para isto local mais sagrado que outros,
conforme ensina a Confisso:
Agora, sob o evangelho, nem a orao, nem qualquer outro ato do culto
religioso restrito a certo lugar, nem se torna mais aceito por causa do
lugar em que se oferea ou para o qual se dirija, mas, Deus deve ser
adorado em todo lugar, em esprito e verdade. 3
3 CFW, XXI.6. Muito embora nossos PRINCPIOS DE LITURGIA se refiram
ao templo das igrejas como a casa de Deus (PL, artigo 5), entende-se que
4 CFW, I.6.
A IGREJA COMO COMUNIDADE SOCIAL
As igrejas locais no so apenas uma expresso visvel da Igreja de Cristo.
Elas tambm so comunidades que se organizam socialmente. admissvel
que atividades de cunho sociocultural faam parte da vida das igrejas
locais, como festividades relativas s datas do calendrio pblico,
eventos de lazer e culturais, acampamentos, retiros, formao de
grupos por interesse cultural, encontros que visam simplesmente a
socializao dos membros, a discusso de temas da atualidade, ou at
mesmo atividades que visam proporcionar oportunidades de melhora
profissional, como cursos profissionalizantes e de lnguas. Outro exemplo
so as tradicionais reunies sociais, onde ocorrem brincadeiras, danas
de roda, encenaes, etc.
Assim sendo, preciso fazer uma distino muito clara entre atividades de
natureza social e cultural das igrejas locais e aquilo que se faz no culto
pblico a Deus. Muitas atividades que so cabveis, pertinentes e prprias
natureza social das igrejas locais no devem ter lugar no culto, pois nem
so elementos deste e nem contribuem para que os referidos elementos
sejam mais bem utilizados pelo povo de Deus.
Consequentemente, preciso que os pastores e presbteros das igrejas
locais instruam as suas igrejas acerca desta diferena, de preferncia ao
incio das atividades sociais, evitando denominar como culto aquelas
atividades que no o so de direito.
CULTO E CULTURA
Entende-se como a cultura de um povo o conjunto de crenas, valores,
costumes, prticas, tradies, religies e smbolos de determinados grupos
tnicos. Como tal, a cultura no deve ser percebida como algo moralmente
neutro. A queda do homem afetou profundamente todas as dimenses de
sua existncia. As culturas, embora preservando valores morais e ticos
bons por causa da graa comum de Deus, refletem o atual estado do mundo
cado e sem Deus, morto em ofensas e pecados e, por natureza, debaixo de
sua santa ira e condenao. Muitos aspectos culturais so distores da
revelao natural de Deus (Rm 1.18-31).
Por esse motivo, costumes e hbitos de um povo no devem ser tomados
como critrios e referenciais daquele culto que Deus revelou e que lhe
agradvel, como por exemplo, as danas religiosas que alguns povos
incorporaram de longa data em suas tradies e expresses religiosas. A
Palavra de Deus, e ela somente, a nica regra de f e prtica do seu
povo, e nela que devemos buscar os princpios e elementos que compem
o culto que Deus busca.
2. O CULTO PBLICO
5 CFW, XXI.1.
O conceito refletido nesta seo da Confisso de F tem sido chamado na
tradio reformada de princpio regulador do culto. Em linhas gerais, o
princpio regulador nos ensina que o culto que aceitvel a Deus aquele
oferecido de acordo com sua vontade revelada nas Escrituras (Dt 12.32; Mt
4.9-10; Jo 4.23-24), e que ele no tem prazer em um culto onde constam
invenes humanas, por mais antigas, atraentes, bem intencionadas,
contemporneas e razoveis que possam parecer (Mt 15.9).
ELEMENTOS DE CULTO
Do culto pblico a Deus constam os elementos, que so aquelas atividades
determinadas pelas Escrituras nas quais o povo de Deus reunido se engaja
com o propsito de ador-lo (SI 96.9; 99.9), render-lhe graas e louvor (SI
100.4; 30.4; 33.2), dar a conhecer as suas peties (Is 56.7; Fp 4.6),
edificar-se internamente (Rm 14.19; ICo 14.3; Ef4.l6), e anunciar o
evangelho ao mundo (ICo 14.24-25).
Na determinao do culto e dos elementos que o compem, devemos
recorrer s Escrituras Sagradas, nossa nica regra de f e prtica,
lembrando sempre que a essncia do culto no Antigo e no Novo Testamento
a mesma. Ainda que sejam administraes diferentes, a aliana entre
Deus e seu povo uma s. Todavia, ao usar o culto do Antigo Testamento
como base para o culto cristo, devemos empregar especial cuidado, tendo
em vista que o mesmo contm diversas cerimonias, partes e elementos que
eram prefiguraes de Cristo, sua vida e obra, e que foram abolidos no Novo
Testamento.6
Todos os princpios e elementos do culto pblico mencionados no Antigo
Testamento e que so confirmados no culto pblico revelado no Novo
Testamento, quer por preceito, exemplo, ou inferncia legtima, podem e
devem ser utilizados para o servio a Deus (Hb 9.1-22; Cl 2.16-17).
6CFW, XIX.3.
Nem todas as atividades realizadas pelos seres humanos so prprias,
adequadas ou eficazes para estes fins elevados. Embora muitas dessas
atividades no sejam intrinsecamente erradas em si mesmas, elas no
cabem no culto prescrito por Deus. Por este motivo, o prprio Deus nos
revelou em sua Palavra quais os elementos apropriados para o seu culto,
que so assim definidos por nossos smbolos de f:7
ORAES
LEITURA DA PALAVRA DE DEUS
PREGAO DA PALAVRA DE DEUS
CANTAR SALMOS, HINOS E CNTICOS ESPIRITUAIS OU SAGRADOS
CELEBRAO DA CEIA (QUANDO HOUVER)
7 CFW, XXI.5 e PL, artigo 8Q, pargrafo nico. Ver ainda: Fp 4.6; lTm 2.1;
Ef 5.19; SI 100.2; Cl 3.16; 2Co 8.1-9.15; 2Tm 4.2; Lc 4.16; At 15.21; 20.7;
Dt 6.13; Ne 10.29; Ec 5.4-5; Jl 2.12; Mt 9.15; ICo 11.23-29; At 20.7.
12 CFW, XXI.1. Veja ainda as seguintes partes dos Smbolos de F que nos
orientam a no inventar maneiras de se adorar a Deus, e que nos
conclamam a nos opor aos cultos falsos: Catecismo Maior perguntas 108 e
109; Breve Catecismo perguntas 50 a 52.
Todavia, possvel, e mesmo desejvel, que haja uma variedade saudvel
quanto sequncia, frequncia e intensidade com que os elementos de culto
so empregados. A razo que as Escrituras no nos fornecem uma ordem
litrgica fixa e estabelecida, e a tradio reformada jamais adotou uma
liturgia nica para todas as suas igrejas.
AS CIRCUNSTNCIAS DO CULTO
Enquanto que a igreja deva se restringir zelosamente aos elementos
prescritos na Palavra de Deus, conforme entendidos pelos smbolos de f,
existem determinadas circunstncias referentes ao bom andamento do culto
pblico (ICo 11.13-14, 33-34) que foram deixadas a critrio dos pastores
e conselhos das igrejas locais, conforme estabelece a nossa Confisso:
h algumas circunstncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da
igreja, comuns s aes e sociedades humanas, as quais tm de ser
ordenadas pela luz da natureza e pela prudncia crist, segundo as regras
gerais da Palavra, que sempre devem ser observadas.13
13 CFW, 1.6.
Outras coisas caram no desuso, como o uso da peruca por parte dos
pregadores. Tambm o uso do clice comum foi abolido e substitudo pelos
clices individuais, por motivos de sade pblica. O uso de saias pelas
mulheres deu lugar s calas compridas e, em alguns lugares, deixou-se de
usar o vu. Introduziram-se cnticos ao lado dos hinos tradicionais.
Todas estas mudanas, todavia, dizem respeito s circunstncias do culto.
Nenhuma delas tem a ver com acrscimo ou diminuio dos elementos do
culto pblico. Assim, o fato de que mudanas tm ocorrido no culto ao
longo da histria da IPB no justifica a incluso de novos elementos hoje,
seja a ttulo de modernidade, adaptao, contextualizao e renovao.
Por causa de sua natureza circunstancial e secundria, as providncias que
atendem o culto no devem tornar-se um fim em si mesmas, nem assumir
carter religioso, tomar o lugar dos elementos ou impedir que os mesmos
sejam utilizados de forma prpria, eficaz e correta pelo povo de Deus.
Apesar disto, elas so importantes e seu objetivo permitir que o culto a
Deus acontea de maneira adequada, apropriada, facilitando a sua
realizao e maximizando o potencial dos elementos (ICo 14.40).
Destarte,
Supremo
Conclio
determina
aos
seus