(A) Sociologia e Filosofia No Ensino Médio
(A) Sociologia e Filosofia No Ensino Médio
(A) Sociologia e Filosofia No Ensino Médio
DIAS BRAGANA
Aluno finalista de
licenciatura plena em
C incias Sociais da
Universidade Federal
do Esprito Santo e
atuou como professor
de Histria e
Geopoltica no ensino
fundamental e mdio
pdfcrowd.com
pdfcrowd.com
Sendo assim, a idia difundida pela Escola Nova na dcada de 20, de que a
Sociologia no ensino secundrio serviria para a formao de indivduos com
capacidade de questionar, investigar e compreender a realidade social foi,
decerto, assaz para que as autoridades educacionais dos regimes ditatoriais
decidissem pelo seu alijamento.
Deste modo, fica claro que a disciplina de Sociologia no perodo ditatorial era,
para as autoridades, mais do que desnecessria, era impertinente, indesejvel.
Embora neste perodo a Sociologia tenha se ausentado, os trabalhos para sua
reinsero no ensino mdio no cessaram. Em 1949, no Simpsio O Ensino de
Sociologia e Etnologia seu retorno foi defendi por Antnio Cndido. E em 1955,
no Congresso Nacional de Sociologia Florestan Fernandes discute as
possibilidades e os limites da Sociologia no ensino mdio.
RETORNO (1982-2001)
O ltimo perodo da anlise traz algumas curiosidades. Permanece a luta pelo
retorno, definitivo, na forma de disciplina obrigatria, porque indispensvel,
tanto da Sociologia quanto da Filosofia ao ensino mdio. E com sensatez,
rechaa-se a idia de diluio dos contedos de ambas cincias em outras
reas do saber tais como a Histria e a Geografia, disciplinas que se entende
ser to indispensveis quanto a Sociologia e a Filosofia, mas por suas
especificidades, no como um sobrado onde como querem alguns seriam
lanados de modo estril teorias e conceitos sociolgicos e filosficos. No se
preconiza a fragmentao do conhecimento, muito pelo contrrio, acredita-se
no s na importncia, mas nas possibilidades da interdisciplinaridade e do
trabalho transversal dos temas-pilares seja da LDB, seja dos PCNs, seja da
UNESCO, que tm por fim, o exerccio pleno da cidadania, direito de todos.
Contrrios a fragmentao, a luta marcada pela tentativa de se oferecer aos
educandos um ensino de boa qualidade, e pelo desejo de garantir de modo
institucional enquanto cientistas sociais e por meio da educao, uma cota de
open in browser PRO version
pdfcrowd.com
pdfcrowd.com
pdfcrowd.com
quanto outras que passaram, e decerto, quanto outras que viro. No chegou
a ser um golpe (inapelvel como o de Durkheim aos seus adversrios), o veto
por parte do nosso Presidente. Para alguns, o veto j era at esperado. Muitos
ressaltam a contradio de um socilogo vetar a incluso da Sociologia e da
Filosofia no ensino mdio, e tm razo, pois embora a contradio seja uma
fora propulsora e pertinente s Cincias Sociais, lhe tambm trao marcante
o seu carter discursivo, e nos estranha no no Presidente, mas no socilogo,
tamanha pobreza de argumentos. difcil decidir o que pior, se acreditar que
realmente se trata de debilidade na construo e verbalizao dos motivos que
levaram ao veto, ou se o que vimos representa nada menos que o mais
completo descaso.
Marx escrevera em O Dezoito Brumrio que os homens fazem sua prpria
histria, mas no a fazem como querem; no a fazem sob circunstncias de sua
escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e
transmitidas pelo passado. Os homens a que Marx faz referncia representam
as classes, que em conflito movimentam a histria, e fazem acontecer. Quando
as classes evitam o confronto, Marx afirma se tratar de um perodo improdutivo,
sem relevncia da histria, marcado por paixes sem verdade, verdades sem
paixes, heris sem feitos hericos, histria sem acontecimentos;
desenvolvimento cuja nica fora propulsora parece ser o calendrio (...). As
circunstncias sob as quais se encontra a luta de hoje, no foram escolhidas,
mas so as que se deve defrontar diretamente. Assim, cabe fazer uma
pergunta: Qual a histria de amanh que hoje se pretende fazer acontecer?
(...).
Tornar obrigatrio o ensino de Sociologia e de Filosofia no ensino mdio, to
importante quanto sua legitimao por parte da sociedade, outro desafio que
gradativamente vem sendo superado. Mais do que ornamentaes pedaggicas,
ou meros limbos curriculares, a docncia destas disciplinas vem para contribuir
de modo especfico e peculiar junto s demais disciplinas para construo de
uma sociedade reflexiva, investigadora de seu meio, e capaz de problematizar
sua prpria realidade. Decerto no s possvel, embora no simples, mas
open in browser PRO version
pdfcrowd.com
_______________
(1) - (Meucci, Simoni. A institucionalizao da Sociologia no Brasil: os primeiros manuais e cursos.
Campinas, UNICAMP, 2000).
Te x to de apoio: AS R e pre se ntae s Sociais de C i ncia e Sociologia dos Profe ssore s de
Sociologia da R e de Pblica de Distrito Fe de ral, captulo 2, C onhe cim e nto, Sociologia e
R e form as Educacionais.
pdfcrowd.com
sandersondb@ig.com.br / sandersondb@hotmail.com
http://www.e spacoacade m ico.com .br - C opyright 2001-2003 - Todos os dire itos re se rvados
pdfcrowd.com