Quatro Olhares Fundadores
Quatro Olhares Fundadores
Quatro Olhares Fundadores
Editora CirKula
Rua Ramis Galvão, 133 - Passo d’Areia
Porto Alegre - RS - CEP: 91340-270
e-mail: editora@cirkula.com.br
Loja Virtual: www.cirkula.com.br
QUATRO OLHARES FUNDADORES
2017
Conselho Editorial: César Alessandro Sagrillo Figueiredo,
José Rogério Lopes, Luciana Hoppe, Mauro Meirelles
15 Introdução
21 Capítulo 1
Perspectiva: biografia e contexto histórico
de produção intelectual
Sumário
81 Capítulo 2
Abordagem: concepção de ciência, objeto e
procedimentos metodológicos
133 Capítulo 3
Narrativa: concepção teórica e conceitual
sobre a vida social
187 Referências
Leandro Raizer
Mauro Meirelles
11 de Março de 2017.
13
Introdução
20
Capítulo 1
Perspectiva: biografia e contexto histórico
de produção intelectual
43
Um “manual” como As Regras não foi facilmente acei-
to em muitos círculos acadêmicos. O objetivo parece ter
sido exatamente esse, provocar inquietude entre outros
interessados, ao ponto de lançar as bases para um deba-
te acerca da constituição de um campo de conhecimento
especializado. Em 1897, supostamente em resposta a seus
críticos, publica outra obra, O Suicídio, em que promete
aplicar o método proposto, mas avança em relação aos as-
pectos metodológicos originalmente concebidos na obra
anterior. Tal obra transforma-se num exemplo magistral
de análise sociológica, uma vez que demonstra como o
suicídio, um fenômeno tipicamente psicológico, poderia
ser analisado sob um olhar sociológico. Nesse trabalho,
Durkheim negou a ideia corrente em seu tempo de que
o suicídio resultava apenas de uma enfermidade mental.
Comparou as taxas de suicídio em diferentes populações e
dedicou-se a demonstrar que essas variavam também de-
vido a causas sociais, ou seja, em função do grau de coesão
social, observado em diferentes regiões, grupos sociais e
religiosos.
Diante do permanente desafio de delimitar a sociolo-
gia, em 1898, Durkheim ainda escreveu um artigo o qual
esboça a relação entre as representações individuais e as
representações coletivas dialogando com o campo da psi-
44
cologia. Afirma ainda, que a sociologia não se reduz a um
corolário da primeira.
Durante os quinze anos que permaneceu em Bor-
deaux, Durkheim introduziu nas aulas de pedagogia o
tema da sociologia da educação, enfatizando o conceito de
socialização. Nos cursos de sociologia que ministrava, o
autor abordou diversos temas tratados em seus livros, tais
como solidariedade social, coesão social, autoridade, tra-
balho, suicídio, anomia, direito, representações coletivas,
entre outros, profundamente preocupado com a manu-
tenção da estabilidade da nova ordem social que viven-
ciava. Em 1896, Durkheim fundou uma revista periódica,
L’Année Sociologique, que rapidamente se torna exemplo
de publicação científica voltada à pesquisa sociológica.
Visando ampliar o espaço de discussão sociológica, Dur-
kheim promoveu, nessa revista, um programa destinado a
divulgar trabalhos de destacados cientistas preocupados
com as questões sociais.
Após dedicar-se a seu grande projeto de transformar
a sociologia em disciplina acadêmica e formar sua repu-
tação como sociólogo em Bordeaux, Durkheim foi colher
os frutos de seu trabalho em Paris. Tornou-se auxiliar de
Ferdinand Buisson, na cadeira de Ciência da Educação da
Universidade de Sorbonne, e sucedeu-o, a partir de 1906.
45
Na Sorbonne, criou, em 1910, a primeira cátedra de socio-
logia em uma universidade francesa, consolidando o sta-
tus acadêmico que projetara para essa disciplina. Segundo
Rodrigues (2004, p. 15), suas aulas na Sorbonne transfor-
maram-se em verdadeiros acontecimentos, exigindo um grande
anfiteatro para comportar o elevado número de ouvintes (...).
Continuamente preocupado com as questões morais
de seu tempo, em 1911, Durkheim escreve um ensaio so-
bre juízos de valor e julgamentos de realidade, no qual
chegou a afirmar que o valor simbólico das coisas é maior
que o seu valor material. Nesse sentido esboça a concep-
ção de que emana da sociedade a valorização que os ho-
mens dão as coisas e,
60
A organização actual amarra cada indivíduo a uma
infinidade de outros indivíduos por incontáveis
fios. Cada um procura as suas conveniências, pu-
xando pelos fios da rede para chegar ao lugar que
julga ser o seu; mas, mesmo que ele seja um gigan-
te e reúna nas suas mãos muitos dos fios, o mais
certo é que os outros o arrastem para onde exista
um lugar vago à sua espera” (Weber, 2004b).
64
A perspectiva de Georg Simmel
80
Capítulo 2
Abordagem: concepção de ciência, objeto e
procedimentos metodológicos
84
O concreto é concreto porque é síntese de muitas
determinações, isto é, unidade do diverso. Por
isso o concreto aparece no pensamento como o
processo da síntese, como resultado, não como
ponto de partida [...]. (Marx, 1999, p. 39-40).
85
A abordagem de Émile Durkheim
106
Esta ideia ainda pode ser complementada pela ob-
servação de Alcântara Jr. (2006a, p.184-5):
129
O autor transpõe conceitos metafísicos em ele-
mentos estruturais de observação. Exemplo disso são
as noções de porta e de ponte, as quais metaforicamente
revelam limites, fragmentos, liberdade, separação e pos-
sibilidade de aproximação e associação.
132
Capítulo 3
Narrativa: concepção teórica e conceitual
sobre a vida social
137
O resultado geral a que cheguei e que, uma vez ob-
tido, serviu-me de fio condutor aos meus estudos,
pode ser formulado em poucas palavras: na pro-
dução social da própria vida, os homens contraem
relações determinadas, necessárias e independen-
tes de sua vontade, relações de produção estas
que correspondem a uma etapa determinada de
desenvolvimento das suas forças produtivas ma-
teriais. A totalidade dessas relações de produção
forma a estrutura econômica da sociedade, a base
real sobre a qual se levanta uma superestrutura
jurídica e política, e a qual correspondem formas
sociais determinadas de consciência. O modo de
produção da vida material condiciona o processo
em geral de vida social, política e espiritual. Não
é a consciência dos homens que determina o seu
ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que deter-
mina sua consciência. Em uma certa etapa de seu
desenvolvimento, as forças produtivas materiais
da sociedade entram em contradição com as rela-
ções de produção existentes ou, o que nada mais
é do que a sua expressão jurídica, com as relações
de propriedade dentro das quais aquelas até então
se tinham movido. De formas de desenvolvimen-
to das forças produtivas essas relações se trans-
formam em seus grilhões. Sobrevém então uma
época de revolução social. Com a transformação
da base econômica, toda a enorme superestrutura
se transforma com maior ou menor rapidez. Na
consideração de tais transformações é necessário
distinguir sempre entre a transformação material
das condições econômicas de produção, que pode
138
ser objeto de rigorosa verificação da ciência na-
tural, e as formas jurídicas, políticas, religiosas,
artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas
ideológicas pelas quais os homens tomam cons-
ciência desse conflito e o conduzem até o fim.
Assim como não se julga o que um indivíduo é
a partir do julgamento que ele se faz de si mes-
mo, da mesma maneira não se pode julgar uma
época de transformação a partir de sua própria
consciência; ao contrário, é preciso explicar essa
consciência a partir das contradições da vida ma-
terial, a partir do conflito existente entre as forças
produtivas sociais e as relações de produção. Uma
formação social nunca perece antes que estejam
desenvolvidas todas as formas produtivas para as
quais ela é suficientemente desenvolvida, e novas
relações de produção mais adiantadas jamais to-
marão o lugar, antes que suas condições materiais
de existência tenham sido geradas no seio mesmo
da velha sociedade (MARX, 1999, p. 52)
151
[...] foi na vida coletiva que o indivíduo aprendeu
a idealizar. Foi assimilando os ideais elaborados
pela sociedade que se tornou capaz de conceber
o ideal. Introduzindo-o na sua esfera de ação, a
sociedade fê-lo contrair a necessidade de se alçar
acima do mundo experimental e fornecer-lhe ao
mesmo tempo os meios de conceber um outro
mundo. Pois esse mundo novo ela o construiu ao
construir-se a si mesma, visto que ela o exprime.
Assim, tanto entre os indivíduos como no grupo,
a faculdade de idealizar nada tem de misteriosa.
Ela não é uma espécie de luxo que o homem pode-
ria dispensar, mas uma condição de sua existên-
cia. Ele não seria um ser social, isto é, não seria
um homem, se não a tivesse adquirido. Sem dú-
vida, os ideais coletivos, ao se encarnarem nos in-
divíduos, tendem a individualizar-se. Cada um os
entende à sua maneira e lhes empresta sua feição;
eliminam-se alguns elementos e acrescentam-se
outros. O ideal pessoal deriva pois do ideal social,
na medida em que a personalidade individual se
desenvolve e se torna uma fonte autônoma de
ação. Mas se pretendemos compreender essa ati-
tude, tão singular na aparência, de viver fora da
realidade, basta referi-la às condições sociais de
que depende (DURKHEIM, 2004e, p. 171).
176
Considerações finais
178
Dicas de como utilizar os clássicos
em sala de aula
185
Referências
187
______. Solidariedade mecânica. In: RODRIGUES, J. A.
(Org.). Durkheim – Sociologia. São Paulo: Ática, 2004c.
Pp. 73-79.
188
GEERTZ, C.. A Interpretação das Culturas. São Paulo:
LTC, 2003.
194
______. Economia e sociedade: fundamentos da socio-
logia compreensiva. Brasília: Editora UnB; São Paulo:
Imprensa Oficial, 1999. Volume 1 e 2.
195
Sobre o Autor
197
Anotações