OS TRATADOS DO SÉCULO XX-Arqurb5 07 Artigo Fernando Vazquez
OS TRATADOS DO SÉCULO XX-Arqurb5 07 Artigo Fernando Vazquez
OS TRATADOS DO SÉCULO XX-Arqurb5 07 Artigo Fernando Vazquez
EDIES ESPECIAIS.
Fernando Guillermo Vzquez Ramos*
Grandes exemplos desse tipo de produto cultural so: I Sette libri dell'architettura (publicados de for-
ma irregular desde 1537), trabalho de uma vida de Sebastiano Serlio (1475-1554); o influente Regole
delle cinque ordini d'architettura (1562), de Giacomo Barozzi da Vignola (1507-1573), ver fig. 02, cujas
re-edies chegaram at o sculo XX2; e, ao colossal I quattro libri dell'architettura (1570), de Andrea
Palladio (1508-1580). Contudo, os tratados dos Padres Fundadores da arquitetura moderna circularam
Com a apario deste volume, fruto de dois anos de intenso trabalho, a empresa editora considera-se ampla-
mente satisfeita ao ver cumprido seu desejo de oferecer aos estudantes das faculdades, escolas tcnicas e
academias de Belas Artes, e a quem ministra aulas nesta matria, uma obra tecnicamente insupervel que h de
permitir-lhes sanar os inconvenientes de toda ordem que derivam dos textos j conhecidos. (VIOLA, 1948, p. 3)
A fora dessas publicaes estriba, justamente, nesse amparo tcnico e na preciso de suas informaes. A
edio acima referida foi, segundo diz o Editorial, o resultado empreendido pela editora de dedicar-se com
afinco tarefa, por certo rdua, de revisar e executar novamente todos os desenhos que compem a parte
grfica deste estudo (Idem, p. 03). E, de fato o resultado de Viola, como popularmente conhecido o tra-
tado, magnfico, (ver fig. 03). As lminas so impecveis, e o tratamento das partes sombreadas e dos textos
apresenta-se com uma definio apurada para um texto feito com as tcnicas de impresso do sculo XX.
O sculo XVIII, por exemplo, nos presenteou com obras magnficas, como o Prcis ds leons darchitecture
(1802-1805)3, de Jean-Nicolas-Louis Durand (1760-1835), que influenciaram todo o desenvolvimento da ar-
quitetura da primeira metade do sculo XIX. Esse trabalho importante no plano doutrinrio, pois expe a
ideia de uma estandardizao ou de uma esquematizao do projeto arquitetnico (EVERS, 2003, p. 328),
que se estende, sem dvida, pelo menos do ponto de vista conceitual, at o sculo XX. Estudos crticos
sobre o projeto, como os de Corona Martnez, citam profusamente Durand, e no o fazem de um ponto
de vista historicista, mas como uma referncia viva. Corona pergunta como o processo da projetao que
continuamos praticando, aquele que est implcito em todos os estilos que tm se sucedido por duzentos
anos? (CORONA MARTINEZ, 1998, p. 241), e responde citando amplamente Durand:
Temos visto que, quando desejamos expressar graficamente um pensamento em arquitetura, temos que comear
por fazer uma planta que representam a disposio horizontal dos objetos que devem entrar na composio de
um edifcio ou de uma parte de um edifcio; depois o corte que expressa sua disposio vertical, finalmente sua
elevao ... (DURAND apud CORONA MARTNEZ, 1998, p. 241-242)4
Mas, dentre as revistas, as edies monogrficas se apresentam como as herdeiras diretas da tradio tra-
tadstica. Os nmeros monogrficos no so, contudo, comuns nos primeiros anos do sculo XX. Primeiro
existiram os nmeros temticos, que pretendiam mostrar o estado da arte em aspectos particulares. Por
Justamente sobre Wright destaca-se sem dvida, como um antecedente importante, o nmero monogrfico
que sob o nome de Ausgefhrte Bauten und Entwrfe von Frank Lloyd Wright (Edifcios concludos e projetos
de Frank Lloyd Wright), foi publicado pelo editor alemo Ernst Wasmuth em 1910-11, e que ficou conhecido
como Wasmuth Portfolio, atravs do qual os arquitetos europeus conheceram e estudaram a obra do mestre
norte-americano. A difuso da obra de Wright, e de seu prestgio, no teriam sido possveis sem esse n-
Os desenhos apresentados incluem plantas e fundamentalmente perspectivas, muitas delas areas (vo de
pssaro), como a Lmina VII: Lexington Terraces, Chicago.
S tem um par de cortes, nas lminas XII, v. 1 (Studie zu einem Bankgebaude in beton - Perspektive und
Grundriss); e LXIII, v. 2 (Aufriss und querschnitt vom Unity Tempel, Oak Park, Ill.).
Tem outro par de perspectivas de interiores nas lminas XXXIII, v. 1 (Verwaltungsgebaude fur The Larkin
Company Grundriss und Perspektive) e LVI, v. 2 (Wohnzimmer fur Herrn Coonley, Riverside,Illinois).
Os desenhos no tm texto explicativo, salvo os das legendas indicativas das plantas (quase sempre a plan-
ta do andar principal e a dos dormitrios). As perspectivas no apresentavam qualquer tipo de indicao ou
comentrio. As plantas no possuem cotas ou qualquer outro tipo de indicao de medidas ou dimenses,
no apresentam tampouco escala grfica.
Pareceria ser que, salvo pelo texto inicial escrito pelo prprio Wright, onde ele explica sua viso da arqui-
tetura, a proposta do mestre resumia-se a que a arquitetura deveria poder explicar-se por si, sem interme-
diao de textos ou referncias de outra ndole. O poder do desenho deveria ser suficiente para mostrar, e
demonstrar, a arquitetura. Esses desenhos lembram os do tratado Architettura e Prospecttiva (1740), (ver
fig. 13), de Giuseppe Galli Bibiena (1695-1757)27, que foi o primeiro tratado no qual se apresentavam, como
27. Se podem ver desenhos dos Bibie-
na em Les Dessins dArchitecture au nica explicao da arquitetura, s desenhos sem textos de apoio, como tinha sido costume nos trezentos
XVIII Sicle, de Daniel Rabreau. anos anteriores. Os desenhos do tratado de Bibiena so tambm majoritariamente perspectivas, as plantas
A proposta certamente foi eficiente, haja vista a quantidade de arquitetos que enveredaram pela trilha wrightiana.
S como exemplo, poderamos citar Casa Heide (1915-1919), de Robert Vant Hoff (1887-1979), ou a obra de
W. M. Dudok, especialmente sua obra mais importante, o Raadhuis (Pao Municipal), de Hilversum (1928-1931),
que uma expressiva releitura de todos os preceitos wrightinos apontados nos desenhos do Wasmuth Portfolio.
Curiosamente, as primeiras duas imagens (p. 6) so de obras de outros arquitetos, e devem ser entendi-
das como referncias aos maestros que influenciaram a viso da arquitetura de Mies. So obras de Peter
Behrens (1868-1940), a fbrica de turbinas da AEG (1910), arquiteto, para quem o jovem Ludwig trabalhou
28. Trata-se do n. 79, ano 29 da famosa nos anos 10, e de H. P. Berlage, sua Bolsa de Amsterd (1896-1903), obra que impactou Mies durante sua
revista francesa. visita capital holandesa, tambm em 1912.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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