Apostila Gestao de Riscos
Apostila Gestao de Riscos
Apostila Gestao de Riscos
GESTO DE RISCOS DE
MERCADO POR MEIO DE
DERIVATIVOS
Murilo Castellano
APOSTILA
Sumrio
I. Introduo
III. Swaps
III.1 Introduo
III.2 Estrutura Geral de um Swap
III.3 Precificando um Swap
IV.1 Introduo
IV.2 Estrutura da Taxa de Juros
IV.3 Duration e Convexidade
IV.4 Value at Risk da Carteira de Renda Fixa
V. Mercado de Opes
V.1 Introduo
V.2 Estratgias Bsicas
V.3 Precificao: modelo de Black-Scholes
I. Introduo
Esquematicamente teramos:
Note que a empresa esmagadora de soja consegui travar o preo de aquisio da soja
em 48/saca e o lucro de 4/saca. O exemplo meramente ilustrativo do ideal de hedge
pois a operao futura de soja, como veremos mais adiante, cotada em dlar e a
empresa ainda correria o chamado risco de base que detalharemos mais frente. Note,
entretanto, que aps realizado o hedge o empresrio poderia se concentrar na sua
atividade produtiva j que se livrou de grande parte do risco financeiro. Portanto, os
derivativos so instrumentos de gesto de riscos financeiros. Note tambm que no
momento zero a soja estava sendo negociada para o futuro com um gio (R$ 2,00) em
relao ao mercado vista. Isto bastante comum e explicvel. Isto ocorre para que
no haja arbitragens entre os mercados vista e futuro como demonstraremos mais
adiante.
na forma de organizao da bolsa e nas regras que ela cria para operar
futuros que percebemos a diferena entre operaes a termo e operao a futuro. De
uma maneira geral, negocia-se operaes a termo sem apregoao, sem garantias e
sem padronizao. Um exemplo de mercado a termo no Brasil so as operaes a
termo com o dlar comercial e as operao de troca de reservas entre os bancos, as
chamadas operaes de CDI Certificado de Depsito Interbancrio. Nelas os bancos
se organizam em torno de sistemas eletrnicos, negociam diretamente uns com os
outros por meio de um sistema informatizado e estabelecem os preos em negcios
customizados. Assim, existe o chamado DI FUTURO na BMF, que projeta quanto
ser a taxa de juros acumulada num determinado perodo temporal. Dois bancos que
operem no mercado futuro de DI no chegam nem a saber que so contrapartes do
mesmo negcio, ao contrrio de uma operao de CDI. A BMF a grande
intermediadora entre os dois e, alm disso, enquanto numa operao de CDI os bancos
podem escolher o valor exato do negcio e o prazo de vencimento, no contrato futuro
tudo isso padronizado pela BMF.
Vamos tomar um exemplo de negociao com o FUTURO DO IBOVESPA,
um dos contratos financeiros futuros mais negociado na BMF. Veja no site
WWW.BMF.COM.BR que existem contratos de derivativos financeiros (juros, dlar,
futuro de Ibovespa etc..) e derivativos agropecurios (soja, caf, boi gordo etc..). O
nosso objetivo no propriamente detalhar o CONTRATO FUTURO DE
IBOVESPA, isto pode ser visto no citado site. E note desde j quantas regras existem
no contrato. Vamos pegar este exemplo com futuro para demonstrar a mecnica de
funcionamento da BMF e das corretoras em torno de um negcio. Vamos supor uma
estratgia de hedge por parte de um fundo de investimento que estando posicionado
Note que o ajuste feito com sinal contrrio posio do fundo de investimento. A
posio vendida positiva e a posio comprada negativa. O ajuste feito sempre
com o sinal contrrio. Ento, para a posio vendida (positiva) de 50.040.000 reais
fez-se o ajuste por compra (negativo) correspondente ao preo de fechamento do dia.
Note tambm o terceiro fator das duas multiplicaes acima, o fator 1. Ele
representa o valor de um real por cada ponto negociado do ndice. Este valor varia de
acordo com os critrios da BMF. No presente momento este parmetro vale 1 mas
pode ser alterado por deciso unilateral da BMF para os novos contratos e sob aviso
com razovel antecedncia.
Continuando o exemplo, este valor de 834 mil creditado na conta do cliente (do
fundo de investimento) junto BMF (a BMF tem um banco).
Eis que o fundo compra mais aes, mantendo as mesmas propores da carteira
inicial (que replica o IBOVESPA). Vamos supor que tenha adquirdo mais R$ 20
milhes de reais em aes e, portanto, d a ordem sua corretora para vender mais
uma quantidade equivalente em contratos futuros para continuar com o hedge total de
sua posio acionria pelos 44 dias restantes. A corretora passa a ordem para o
operador de prego que, logo pela manha, realiza o seguinte negcio:
No segundo dia o fundo de investimento ter um ajuste negativo e este valor lhe ser
debitado em conta no dia seguinte.
Sim, falta falar tambm na margem inicial de garantia. No se opera sem depositar a
margem. Ento no exemplo colocado neste item faltou acrescentar o fato de que, antes
de qualquer coisa, a BMF exigir uma margem de garantia inicial para o cliente
operar. Esta margem calculada em funo da volatilidade histrica mas tambm
fruto de deliberao da diretoria da BMF. Caso a Diretoria entenda que a volatilidade
histrica dos preos negociados no reflete o que ir acontecer no futuro a diretoria
determina por cenrios o valor desta volatilidade.
Risco de Liquidez: probabilidade de uma empresa no ter caixa para honrar os seus
compromissos financeiros nos prazos avenados ou ainda ter
que se desfazer de ativos realizando perdas para satisfazer os
compromissos.
a) as garantias do devedor;;
b) sua corretora de mercadorias se responsabiliza por honr-la;
c) Fundos especiais depositados pelas corretoras membro de compensaao;
d) em ltima instncia, a Bolsa, atravs de seu Fundo de Garantia de Operaes,
cumpre o contrato.
Assim, o risco de crdito destas operaes o do sistema Bolsa, que deve ser
avaliado pelos participantes. No Brasil, temos dois mercados principais de Bolsas de
Valores, um em So Paulo e outro no Rio de Janeiro, onde negociam-se aes e
opes sobre aes com grande liquidez e contratos futuros e a termo, ambos de
aes, com fraca movimentao. Quanto a Bolsas de Futuros, a nica a BMF,
localizada em SP. Atualmente a BMF controladoria da Bolsa do Rio de Janeiro que
ficou com a funo de negociar os ttulos pblicos atravs do sistema SISBEX. A
BMF controla ainda a Bolsa Brasileira de Mercadorias onde se negocia as
commodities agrcolas no mercado vista.
As operaes realizadas fora das bolsas, fechadas diretamente entre as partes ou
com a intermediao de instituies financeiras, so ditas operaes de balco. Nestas,
s os participantes conhecem os termos do contrato, que pode ser completamente
adequado (customizado) s necessidades especficas de cada parte. So operaes
mais sigilosas, menos sujeitas fiscalizao e regulao e sem qualquer divulgao
para o mercado (a no ser que seja do interesse dos contratantes). As particularidades
prprias de cada contrato dificultam sua negociabilidade posterior, sendo comumente
posies que os participantes mantm em suas carteiras at o vencimento. No Brasil
temos um grande mercado de balco de ttulos pblicos (SISBEX) , de certificado de
depsitos interfinanceiros (CETIP), de moeda estrangeira (SISBACEN) e de outros
ttulos menos lquidos como debntures, certificados de privatizao, ttulos de dvida
pblica securitizada (CETIP). Quanto a ativos derivados, os principais contratos
negociados em balco so os termos de moeda estrangeira, os swaps e os termos de
ttulos pblicos. A prpria BMF mantm alguns balces de negociao, sendo o mais
interessante para ns, no contexto deste curso, o mercado de swaps (troca de
rentabilidades) que ser abordado mais frente.
O aluno deve estar pensando porque juntamos aqui as operaes a termo com
as operaes a futuro se j citamos as suas principais diferenas. que elas so muito
parecidas do que diferentes. Na verdade, em termos conceituais, elas tem a mesma
natureza da operao a futuro. A diferena est na prtica, na operacionalizao. Uma
operao a termo regra geral cursada num mercado de balco, sem apregoao, as
contrapartes acertam o negcio diretamente e fazem os negcios de acordo com as
suas vontades sem se submeterem enorme padronizao tal e qual as operaes a
a) Compra da ao a Termo
Qual a motivao para se comprar o termo de uma ao. Ora, no se ter todo o
dinheiro no momento e acreditar na alta futura do preo da ao. Exemplo, o preo
da ao VALE5 no prego de 01 de fevereiro de 2.008 fechou a R$ 47,00. A voc
recebeu algumas informaes de natureza fundamentalista e acredita que o preo
de mercado no reflete corretamente o valor da empresa. Ento, acredita que no
prazo de um ms o mercado vai despertar para aquilo que ele j percebeu (no
fundo ele acredita que o mercado no to eficiente assim como preconiza a
moderna teoria financeira) e, portanto, resolve compr-la a termo. A BOVESPA
no perdoa, por questes relacionadas com o risco de crdito exige uma margem
de garantia inicial. O Conselho Diretor da bolsa estabeleceu a margem de 20%
sobre o preo do termo. Ento, o nosso agente percebe que o termo da ao
VALE5, com vencimento em 30 dias, est cotado a R$ 47,42. Depositando o valor
de R$ 9,48 o investidor no termo compra a ao com vencimento em 30 dias.
Abaixo apresentamos alguns cenrios possveis para o resultado deste investidor:
A moderna teoria financeira iniciada por Harry Markowitz na dcada de 50, Ross (8),
definiu o conceito de arbitragem, um ganho certo sem que o agente corra risco. Para a
mesma teoria, num mercado teoricamente eficiente e em equilbrio no haveria
oportunidade para arbitragens. Entretanto, na prtica h fortes evidencias de que no
existem mercados completamente eficientes ou perfeitos, havendo aqui e ali, alguns
momentos de desequilbrio onde , de fato, possvel ganhar dinheiro com arbitragens.
Vamos mostrar um tipo de arbitragem famosa, onde o agente ganha dinheiro operando
o desequilbrio de e entre alguns mercados. Consideremos a mesma ao VALE5 do
exemplo anterior, com preo spot ( vista) de R$ 47,00 em primeiro de fevereiro de
2.008. Vamos supor que a taxa de juros de mercado, por exemplo, a taxa SELIC esteja
a 12,00% ao ano over, ou seja, uma taxa de 0,04498% ao dia til. Suponha que neste
mesmo dia o mercado a termo negocie o termo de VALE5 para da a 30 dias, a uma
taxa de 5,00% ao ano, ou seja, o termo est precificado a 47,19 (consideremos a taxa
de juros acumulada por 21 dias teis equivalentes aos 30 dias corridos). O agente faz
ento as seguintes operaes:
D0 D30
Vende a ao pelo preo 47,00
Spot
Paga a margem de garantia -9,40
da compra a termo
Aplica a juros no mercado -37,60
financeiro
Resgata a aplicaao 37,96
Resgata a margem de 9,40
garantia sem correo
Paga o Termo e resgata a -47,19
ao para coloc-la
novamente em carteira
Fluxo Lquido 0 0,17
Quadro 3: arbitragem - operao caixa
Note que o resultado de R$ 0,17 ao final dos trinta dias um resultado certo. No
depende do preo da ao. Isto uma arbitragem. Se o agente fizesse isso para 50.000
aes VALE5 ele teria um ganho de R$ 8,500,00 ao final de 30 dias sem correr risco.
um bom salrio mensal. Ou no ? Como diria o nosso grande filsofo Caetano
Esta operao, na vida real, poderia ser feita por fundo de penso que precisa carregar
determinado papel em carteira por exigncia estatutria. Mas o check do carregamento
feito s no balano e, portanto, ele poderia fazer uma estripulia dessas no meio do
caminho.
Pessoal, a BOVESPA aceita operaes com aes alugadas. Sim, tudo normal, legal.
Nada de errado. Voc pode alugar uma ao e vend-la para depois recompr-la e
devolv-la ao verdadeiro dono acrescida do aluguel do perodo. Vamos tomar o
exemplo anterior e implementar algumas mudanas no cenrio que permitiram
realizar uma operao como essa e ainda ter um lucro certo e fcil sem qualquer risco.
Consideremos os seguintes dados:
Ento veja que o cidado que fez a operao no estava interessado no ativo em si,
no queria proteger nada ele ser somente um arbitrador, um tipo de investidor que se
aproveita do desequilbrio de preos de alguns mercados relacionados entre si. No
presente caso envolvemos o mercado a vista de aes, o mercado a termo e o mercado
de aplicaes bancrias. Mais frente veremos que o conceito arbitragem de
fundamental importncia tanto na teoria quanto na prtica. Muitos modelos de
precificao de ativos em finanas partem do princpio de que no h arbitragem no
mercado.
O leitor atento j deve ter percebido que a arbitragem do tipo caixa ocorre quando se
tem:
d) Operao de financiamento
Aposto que o leitor j estava mentalizando o nosso prximo assunto. Claro, quando o
preo a termo est barato como na inequao (1) retro, se pode fazer a operao caixa.
Caso contrrio, quando se verifica a inequao (2) abaixo
Tudo o que descrevemos para o mercado a termo vale para o mercado futuro.
Em termos tericos elas so iguais ou equivalentes. A diferena a forma de
implementao em termos prticos, em termos transacionais. J apresentamos uma
operao com o Futuro de Ibovespa no item I.2 retro. A questo do preo futuro (tanto
da operao a termo quando da operao no mercado futuro) segue a mesma lgica
descrita no item II.2. Na prtica uma operao no mercado futuro uma operao a
termo totalmente padronizada em termos de vencimento, tipo de contrato, quantidades
negociadas, tipo de ativo negociado. O mercado praticamente lida com os preos o
resto fica padronizado pela BMF. Regra geral, no vencimento de um futuro temos:
Os participantes das operaes nos mercados futuros podem ser tanto pessoas
fsicas como pessoas jurdicas, atuantes nos mais diversos segmentos econmicos e
com diferentes objetivos a serem alcanados nestes mercados, o que as leva a
estruturar diferentes estratgias operacionais, conforme apresentaremos em captulos
especficos deste livro. comum classificarmos os participantes conforme os
objetivos de sua atuao, sendo genericamente divididos em hedgers, especuladores e
financiadores.
II.4.1 Hedgers
Mais frente mostraremos que o hedge contra a variao cambial pode ser feito tanto
no mercado a termo, com operaes de balco de compra e venda da moeda americana
a termo ou atravs de operaes com Futuro de Dlar Americano na BMF. Voc j
deve estar imaginando que a operao de Futuro de Dlar na BMF cheia de regras,
padronizao e isso mesmo.
II.4.2 Especuladores
II.4.3 Arbitradores
Vimos nos itens anteriores que os mercados futuros podem ser utilizados, por
exemplo, para uma empresa que precisa comprar uma mercadoria no futuro e deseja
se garantir contra variaes indesejveis no preo de tal mercadoria. Este tipo de
operao , no jargo do mercado, denominado long position. Na verdade a
aplicao de tal estratgia aplica-se s seguintes situaes: a) compromisso de venda
no mercado fsico, sem que exista a mercadoria em estoque; b) previso de consumo
futuro da mercadoria (proteo contra a subida do preo).
Vamos nos concentrar na situao b, ou seja, uma empresa sabe que ir
consumir em futuro prximo um determinado tipo de mercadoria, teme a alta do preo
e, portanto, fica numa posio long no mercado futuro, ou ainda, comprada, para
vencimento na data prevista para a aquisio da mercadoria. a possibilidade de se
liquidar a posio comprada no mercado futuro atravs do recebimento da mercadoria
que garante a convergncia dos preos futuros e vista para um mesmo valor.
Entretanto, j dissemos, poucos negcios futuros so liquidados pela entrega dos bens
fisicamente (cerca de apenas 2 %). Assim, qualquer vendedor pode optar por receber
(ou entregar) fisicamente sua mercadoria negociada a futuro.
O preo futuro carrega um prmio em relao ao preo vista que inclui: a)
custo de armazenamento da commodity e de transporte; b) custo de seguro; c) custo de
financiamento dos estoques e d) componente aleatrio. De maneira que podemos
escrever:
Regra geral o preo futuro maior do que o preo vista. Isto se d normalmente
porque um arbitrador poderia tomar o dinheiro emprestado (pelo qual pagar juros) e
realizar arbitragens, ou seja, mais uma vez, ganhos fceis sem risco. Ento
interpretamos a frmula (3) como sendo: o preo futuro a soma do preo vista
mais os juros correspondentes ao perodo que vai do momento presente at o
vencimento do contrato futuro mais os custos de carregamento do perodo. Se o
derivativo refere-se a uma commodity agrcola falamos em custos de armazenamento,
se refere-se a financeiros, teremos custos de custdia e assim por diante.
O fato que os preos futuros vo declinando com o passar do tempo (at a data de
vencimento do contrato futuro) e, na data de vencimento, convergem para o preo
vista.
Os pequenos exemplos que demos at aqui, regra geral, preveem que no fechamento o
preo futuro convirga para o preo vista. Isso nem sempre acontece na prtica.
Temos o chamdo risco de base. A base a diferena entre o preo vista e o preo
futuro num determinado momento que vai do momento do negcio at o vencimento
do contrato futuro. O que se espera que no vencimento tenhamos o preo do futuro
igual ao preo no mercado vista. Mas caso isso no acontea isto colocar em risco o
hedge descrito nos exemplos que colocamos at aqui.
III.1.1 Exemplos
a) Dadas as sries de preos anuais (fim de ano) e dividendos pagos para as aes A e
B no quadro 5 a seguir, calcular o retorno mdio, a varincia e o desvio-padro para
cada uma das aes:
formulrio:
(r r
j m )2
j =1
2 = (4) varincia de uma populao com os dados individualizados.
n
(r r
j =1
j m )2
S2 = (5) varincia de amostra para dados individualizados;
n 1
(r r
j =1
1
j
1
m ).(r j2 rm2 )
COV(r1 ,r2 ) = (8) covarincia entre os retornos dos ativos 1 e 2.
n
cov (r1 , r2 )
Correl (r1 , r2 ) = (9) a correlao entre dois retornos obtida dividindo-se
1 . 2
a covarincia entre eles pelo produto dos desvios
padres individuais.
A B C
RETORNO RETORNO PROBABILIDADE
AO 1 AO 2 CONJUNTA
-89,74% 1,00% 2%
-54% 9,00% 5%
1% 4,20% 10%
1,60% 3,78% 23%
22,00% 3,18% 45%
36,00% 1,23% 12%
98% -2,67% 3%
Quadro 7: distribuio conjunta de probabilidades de retorno
e) Suponha que voc misture as duas aes numa carteira com iguais propores
(50%). Calcule agora o retorno esperado da carteira, a varincia e o desvio-padro da
carteira. O que aconteceu com o desvio-padro da carteira? Tente explicar por que o
desvio-padro mudou e o que isso significa.
n
RC = j =1
p j. R j (11)
Onde
Ao 1 Ao 2
Retorno Esperado 13,30% 3,26%
Variancia 0,0797 0,0003
Desvio Padro 28,22% 1,86%
Quadro 10: Grfico risco x retorno da carteira com dois ativos de risco
Neste caso, no se trata de determinar uma nica proporo (p) como no caso
anterior. Trata-se de determinar n propores de ativos que vo corresponder aos
pontos da fronteira eficiente. Para tanto, podemos utilizar um software de otimizao
no-linear, como o SOLVER do Microsoft Excel. Modelamos as propores como
Obs.: pode-se demonstrar que a relao risco x retorno pode ser trabalhada
indistintamente com o desvio-padro ou varincia. Ao se trabalhar com a
varincia, o aspecto do grfico risco x retorno seria praticamente o mesmo.
Logo, em se tratando de utilizar o software para otimizao, basta trabalhar
com a varincia.
Vamos tomar um novo exemplo, cujos dados encontram-se resumidos no quadro 11,
para aplicar o modelo de Markowitz e encontrarmos a fronteira eficiente para os trs
ativos de risco (trs aes). O nosso objetivo encontrar alguns pontos singulares
como a carteira de mnima varincia de Markowitz e a carteira de que produz o
mximo retorno. Ademais vamos esboar novamente os pontos da fronteira eficiente e
somente desta, desprezando os pontos correspondentes carteiras ineficientes.
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Retorno Mensal Esperado 1,60% 2,30% 3,50%
varincia 0,000361 0,000961 0,003136
dp 1,90% 3,10% 5,60%
Matriz de Correlaes Ao 1 Ao 2 Ao 3
Ao 1 1,00 0,40 0,30
Ao 2 1,00 0,20
Ao 3 1,00
Quadro 11: dados individuais e matriz de correlao para trs aes.
Ora, note, que na linguagem do excel estas frmulas ligam as diferentes clulas. No
pense que o modelo s isso. E o que est contido na clula c14 ? um valor qualquer,
atribudo, a cada rodada, para o retorno desejado da carteira. Portanto, vamos atribuir
um valor para o retorno que desejamos e o excel atravs do seu add in SOLVER ir
tentar encontrar a carteira que atenda a esta condio e que tenha o menor retorno
possvel. O SOLVER utiliza tcnicas de programao matemtica para otimizao de
modelos. De incio, ns vamos atribuir o valor zero para esta clula, ou seja, vamos
pedir ao SOLVER que encontre uma carteira de risco mnimo e com retorno maior ou
igual a zero. De outro lado, precisamos cadastrar o nosso modelo no SOLVER. Para
isso, se voc est com o excel 2007 voc vai no menu DADOS e CLICA em
SOLVER para abrir a janela de impostao do modelo. Se voc estiver com verso
mais antiga do excel v no menu FERRAMENTAS e l escolha SOLVER. No quadro
13 apresentamos o nosso modelo cadastrado no SOLVER. Veja com ateno os
diferentes blocos. Veja que o nosso modelo procurar minimizar o contedo da clula
Mais abaixo vem as clulas variveis onde est a faixa que contm as nossas variveis
de deciso. Claro que fomos ns que impostamos esta faixa na caixa de dilogo do
SOLVER. O EXCEL facilita muito esta impostao pois admite que marquemos a
faixa na planilha e teclemos ENTER para concretizar a ao. No bloco de baixo esto
as restries do nosso modelo. Sim, porque o nosso modelo no um modelo de
otimizao irrestrita, ao contrrio, apresenta as seguintes restries:
Indica que o retorno esperado da carteira deve ser maior do que o retorno
contido na clula c14. J dissemos que este um parmetro, vamos alter-lo a
cada rodada e comeamos com o valor zero.
b) B6:D6 >= 0
Vamos zerar a faixa b6:d6, atribuindo zero na clula c14 e rodar o modelo clicando
em RESOLVER conforme aparece no quadro 13. A tela resultante ser exatamente
igual mostrada no quadro 12. O solver encontrou a carteira abaixo como sendo a
carteira com menor risco possvel e retorno maior ou igual a zero:
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Propores 84,71% 14,62% 0,68%
Note que o incauto poderia pensar que a estratgia de menor risco seria investir todo o
dinheiro no ativo 1 que o que produz o menor retorno e tambm possui o menor
risco, a saber 1,60% e 1,90% ao ms, respectivamente. Entretanto, o modelo de
Markowitz mostra que a carteira eficiente de menor risco (denominada carteira de
mnima varincia) tem retorno de 1,72% e risco de 1,85% ao ms e domina
completamente a carteira citada. Este o primeiro ponto da fronteira eficiente que j
sabemos ser uma semi hiprbole.
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Propores 70,07% 22,39% 7,54%
Retorno da Carteira
Risco da Carteira Eficiente Eficiente
1,85% 1,72%
1,90% 1,90%
2,19% 2,20%
2,66% 2,50%
3,75% 3,00%
5,60% 3,50%
Quadro 14: resultado de seis rodadas do modelo SOLVER
Quadro 15: esboo da semi-hiprbole que representa a fronteira eficiente para trs
ativos de risco
1 1
2
c =
V A R + (1 ) COV (12)
N N
Na equao 1, percebe-se que aumentando o valor N (N infinito), a
varincia da carteira tende a COV, ou seja, no limite temos varincia da carteira =
COV, ou em outras palavras, para uma carteira muito diversificada o que interessa a
relao de cada um dos ativos para com os demais e no mais o risco individual. No
quadro 16 ilustramos o efeito da diversificao em funo do nmero de ttulos na
carteira conforme o raciocnio retro desenvolvido.
Vamos supor agora que o mercado trabalhe com um ativo sem risco e com
um determinado nvel de retorno mnimo, denominados, respectivamente, F e rF .
Imaginemos que combinemos uma carteira M formada por ativos com risco e com o
ativo sem Risco (F), nas propores p e (1-p), respectivamente, para formar uma nova
carteira C. Manipulando as equaes do retorno mdio da carteira e da varincia
concluimos facilmente que:
r rF
= rF + .
M
rC (13)
M
C
RC
T
B
M
Rf
C
Quadro 17 A fronteira geral de Investimentos
RI = = RF + (RM - RF) . II , M ,
onde:
Ri Retorno do ativo i;
RF Retorno do ativos sem risco;
RM Retorno da carteira de mercado;
cov(R i,R m )
II , M beta do ativo i, igual a
v a r( R m )
R
e
t
o
B
r
n
o A C
0 A B C betas
Quadro 18: Linha de Ttulos do Mercado SML
cov( Ri , Rm)
(14)
var( Rm)
RI = b . RM + a (15)
O ltimo termo em (3) representa o risco especfico que pode ser anulado
pela formao de carteiras diversificadas.
N
P = I =1
X I I (17)
onde:
p BETA da carteira: igual mdia ponderada dos betas dos ativos;
I BETA do i-simo ativo;
xi Proporo do i-simo ativo na carteira
Exemplo:
Soluo:
10.000.000
VPL = 40.000.000 + = 6.728.972
0,2140
EMPRESA A EMPRESA B
custos fixos
custos fixos
volume volume
Onde
Obs: aqui podemos estender tal equao considerando o d como sendo um perodo
qualquer e o n uma coleo de perodos.
Exemplo:
Dados:
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Retorno Mensal Esperado 1,60% 2,30% 3,50%
varincia 0,000361 0,000961 0,003136
dp 1,90% 3,10% 5,60%
Matriz de Correlaes Ao 1 Ao 2 Ao 3
Ao 2 1,00 0,20
Ao 3 1,00
Retorno Desejado
Retorno Esperado da
Carteira 1,72% 0,00%
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Exposiao 84,71% x 100 mi = 14,62% x 100 mi = 0,68% x 100 mi =
Individual 84.705.276,73 14.616.847,51 677.875,76
(a)
Volatilidade 1,90% 3,10% 5,60%
mensal das taxas de
retorno
(b)
VAR mensal 2.655.510,43 747.651,75 62.635,72
individual
(a) x (b) x 1,65
Uma maneira alternativa e mais rpida de calcular o mesmo VAR da carteira tomar
toda a exposio de 100 milhes e considerar a volatilidade da carteira que igual a
1,85% ao ms. Ento, teremos:
Importante dizer que o VAR que apresentamos apenas uma das modalidades de
clculo de VAR, denominada delta normal. Atualmente h uma verdadeira famlia de
VAR que so calculados por diferentes processos.
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Propores -175,45% 152,79% 122,66%
Retorno
Desejado
Retorno Esperado da Carteira 5,00% 5,00%
Varincia da Carteira 0,0067370
Risco da Carteira 8,21%
Quadro 22 Carteira alavancada com venda a descoberto na Ao 1
Aps termos apresentado o conceito de carteira alavancada vamos ver agora uma
situaao em que uma posiao vendida numa ao pode diminiuir o risco da carteira at
que se possa vend-la sem prejuizo. Vamos partir do mesmo exemplo de trs aes
apresentado no item III.1.4 mas, de incio, vamos eliminar a terceira ao e trabalhar
apenas com as duas primeiras. Ento vamos supor que a opo de um investidor muito
avesso ao risco, no mundo das duas primeiras aes, fosse a de investir na carteira de
mnima variancia para estas duas aes conforme abaixo:
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Retorno Mensal Esperado 1,60% 2,30% 3,50%
dp 1,90% 3,10% 5,60%
Propores 85,26% 14,74% 0,00%
Retorno Desejado
Retorno Esperado da Carteira 1,70% 0,00%
Varincia da Carteira 0,0003425
Risco da Carteira 1,85%
Quadro 23 Carteira de Mnima Varincia para dois ativos
Note que a proporo no ativo 3 zero. Claro, estamos supondo de incio que
podemos trabalhar apenas com as duas primeiras aes. E neste caso a carteira de
menor risco a carteira com retorno de 1,70% e risco de 1,85%. Suponha que o
agente ainda ache extremado tal risco, sobretudo para uma exposio de 100 milhes,
correspondendo a um VAR mensal de 3.052.500, para 95% de confiana estatstica.
Se o investidor teme a queda de preos dos ativos ele poderia vender a descoberto a
ao 3 (ou alugar e vender a termo, ficando coberto na bolsa) pelo mesmo perodo.
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Propores 85,26% 14,74% -10,31%
Note que a venda a descoberto da ao 3 reduziu o VAR de 3,051 milhes para 2,901
milhes. O retorno esperado desta carteira em termos percentuais de 1,34% e o
desvio-padro da carteira formada de 1,76% ao ms (menor do que os 1,85%). No
prximo captulo iremos mostrar o hedge de mnima varincia com o futuro do
ibovespa na BMF, bem mais prtico e lquido para negociao e para sair fora da
posio com rapidez, quando for necessrio. Note tambm que no h lanche grtis, o
retorno esperado da nova carteira formada diminuiu.
Ao 1 Ao 2 Ao 3
Retorno Mensal Esperado 1,60% 2,30% 3,50%
dp 1,90% 3,10% 5,60%
Matriz de Correlaes Ao 1 Ao 2 Ao 3
Ao 1 1,00 0,40 0,30
Ao 2 1,00 0,20
Ao 3 1,00
Retorno Desejado
Retorno Esperado da
Carteira 1,72% 0,00%
.VC V
N = C
R = F 1 . C
V V V p VV
(19) (20)
Onde
Vamos logo aplicar estas frmulas para irmos entendendo aos poucos. Para
determinarmos a quantidade de contratos temos Bc = 0,35, Vc igual a 100 milhes,
vamos supor que o Vv est em 60 mil pontos e que o Vp seja 1. Ento, a quantidade
de contratos a ser vendida igual a:
Supondo que no momento do hedge o contrato futuro esteja sendo negociado a 60.500
pontos, calculemos a rentabilidade que fica travada pelo hedge:
Note que para uma variaao de 3,33% no ndice, a nossa carteira variar apenas de
0,35 x (-3,33%) = - 1,16%. Note tambm que quando o ndice sobe o resultado do
hedge negativo mas no final o resultado global permace contante e a taxa de
rentabilidade sempre igual a 0,29%.
Do ponto de vista terico algo que precisa ser falado que este hedge implica tambm
num hedge de mnima variancia. Ou seja, a carteira formada pelos tres ativos e a
posiao vendida de 34.980.000 a carteira que mais reduz o risco (variancia ou
desvio padrao) de uma nova carteira formada pelos tres ativos e a posiao derivativa.
Note que se dividirmos esta posiao vendida em futuro de ibovespa pelo total da
carteira que se deseja imunizar o nmero obtido exatamente o beta da carteira,
0,35% (aqui no foi exatamente igual por problemas de arredondamento). Vamos
rodar o modelo solver de forma anloga ao que fizemos no item III.5. L partimos da
carteira de variancia formada pelos dois primeiros ativos e vendemos a descoberto a
terceira ao. Aqui vamos partir da carteira de mnima varincia para as trs aes e
vamos rodar o solver para encontrar a proporo negativa de futuro de ibovespa a ser
aquirida pelo modelo. De posse dos betas inviduais dos ativos e dos desvios-padro
dos ativos vamos precisar calcular as correlaes entre cada uma das trs aes e o
IBOVESPA. Note que aqui estamos admitindo que a prpria correlaao entre o ndice
vista (IBOVESPA) e o futuro do ndice, negociado na BMF, igual a 1. Isto
razoavelmente tranquilo na prtica. Veja o resultado do clculo do hedge de mnima
ao 1 ao 2 ao 3 Futuro
Retorno Mensal Esperado 1,60% 2,30% 3,50% 1,90%
Ao 3 1,00 0,31
Futuro 1,00
Retorno Desejado
Ret. Esp. Carteira 1,06% 0,00%
Note no quadro 27 que a proporo calculada para a venda de futuro de ibovespa foi
realmente o beta com o sinal trocado e de valor identico ao que encontramos pelas
frmulas anteriores. Isto LINDO! Um modelo que atende a condio de SHARPE,
ou seja, o risco sistemtico nulo e o risco de Markowitz (desvio-padro da carteira)
mnimo.
V,1 Introduo
Quase todas as empresas, qualquer que seja o seu ramo de atuao, esto
sujeitas ao risco de taxa de juros. O fato de movimentar fundos financeiros (dinheiro),
operar com crdito, comprar a prazo acaba implicando em variaes no seu resultado
independente da qualidade de suas operaes industriais ou comerciais. O simples fato
de se vender a prazo, por uma taxa pr-fixada, pode comprometer o resultado de uma
empresa comercial dada uma variao brusca (ascendente) da taxa de juros.
Evidentemente as empresas financeiras (Bancos) so as maiores vtimas (e tambm
beneficiadas) pelo movimento das taxas de juros. Veremos aqui mtricas para
avaliao do risco de taxa de juros, para administrao do portflio de ativos e
passivos financeiros (ALM - ASSET LIABILITY MANAGMENT) e utilizao de
instrumentos derivativos no auxlio gesto do risco de taxa de juros.
V.2.1 Motivao
Aumenta a taxa
Pessoa Fsica < Pequena Empresa < Mdia Empresa < Private Bank < Corporate Bank < outros Bancos.
Aumenta a taxa
outro banco (CDI) < corporate < private < empresa mdia < pequena empresa < pessoa fsica
Quando vamos aplicar nossos recursos, desejamos que a taxa de juros nos
remunere em termos reais. Para tanto, a taxa efetiva i deve cobrir todos os riscos a que
estamos sujeitos e termos ainda uma remunerao real. Fisher props a seguinte
equao para a composio da taxa de juros:
onde:
V.3.1 Introduo
F1d 1 + F2 d 2 + ... Fn Dn
d= (22)
F1 + F2 + ...+ Fn
Exemplo:
1 1
FV d 770.000 32 ,33
i= 30 1 = 30 1 = 0,0385 ou 3,85% a. m.
PV 739.297,72
V.3.4 Duration
D=
PV (23)
Note que a DURATION obtida por um prazo mdio ponderado pelos fluxos,
entretanto, os pesos no so os valores nominais dos fluxos mas sim os valores
presentes em relao data origem. Vale a pena citar que a frmula acima prev a
utilizao de diferentes taxas para os diversos fluxos (de acordo com os seus prazos e
a estrutura temporal dos juros). Entretanto, num caso mais simples em que a estrutura
de juros seja "flat" a frmula comportaria apenas uma taxa de juros, a taxa flat.
Aplicando a frmula da duration para o caso das duplicatas teremos:
Vamos considerar que a taxa para todos os fluxos (prazos) de 3,85% ao ms
conforme apurado no exemplo anterior, logo:
. , x 28 + 14407578
9653555 . , x 32 + 19113587
. , x 36 + 24073182
. , x 30 + 6681337
. , x 37
D= = 32,31
739292
. ,39
Veja que a diferena para o prazo mdio calculado anteriormente (32,33) e
muito pequena neste caso. Entretanto, no devemos nos esquecer que o clculo da
duration contempla o valor do dinheiro no tempo, algo sagrado em finanas.
Substituindo o fluxo pelo valor FT = 100.000 + 150.000 + 200.000 + 250.000 +
70.000 = 770.000 concentrado na data 32,31 teramos a seguinte taxa mdia:
[770.000/739.292,39]30/32,31 - 1= 3,85% ao ms, idntico ao apurado com o prazo
mdio.
Seja
C C C + F
P= + + ... +
(1 + r ) (1 + r ) 2 (1 + r ) n
Onde:
P preo do ttulo
C cupon anual de juros
r taxa de juros de mercado
n nmero de perodos at o vencimento
F valor de face do ttulo
dp 1
= [ P x D] (32), onde D a duration do ttulo.
dr 1+ R
dp
P
= D (24), indicando que a duration mede a elasticidade do preo do
dR
(1 + R)
ttulo em relao taxa de juros, ou seja, mede o quando percentualmente varia o
preo do ttulo frente a uma pequena variao na taxa de juros. A frmula da duration
apresntada no item III.3.4 chamada frmula (ou duration) de Macauley. comum
tomar a frao D/(1+R) e design-la por duration modificada, DM, e a frmula (1)
seria reescrita para
dp
= P x D M (25)
dr
Note que o modelo de Macauley permite linearizar a relao entre a variao no valor
e a variao na taxa de juros. Isto acaba ajudando na hora de construir modelos de
hedge como veremos mais frente.
F j j ( j + 1)
C (r ) = (26)
(1 + r ) j +2
D. P 1
P = . r + . C (r ). r 2 (27)
(1 + r ) 2
A B
E D
r r + r taxa
Quando 30 aproximao da perda de valor pelo modelo de Macauley
D
BD = P . P. r
1+ r (28)
Finalmente, chamamos a ateno para o fato de que dadas duas carteiras com o
mesmo valor presente e mesma duration a carteira mais convexa vale mais. Isto se d
em funo de que, dada uma variao na taxa de juros, em qualquer direo, a carteira
mais convexa fica com maior valor em relao outra.
J vimos o conceito de VAR para uma carteira de aes. Dissemos que era
uma aplicao pura e simples da teoria das carteiras de Markowitz. Da mesma forma
estendemos o VAR para a carteira de renda fixa. Vimos que a variao do valor
presente pode ser estimada a partir do modelo de duration, frmula (29), ou seja:
D .P
P = . r
(1 + r )
Ora, num dado momento, uma vez calculados D, P e avaliada a taxa atual de
mercado fica faltando to somente estimar a possvel variao da taxa de juros.
Supondo que r seja uma varivel aleatria com distribuio normal, tomamos o
desvio-padro (volatilidade) como medida desta variao. Podemos ainda estimar um
nvel de confiana sob a curva normal.
VAR=P.( DM ). r .Z
(30)
VAR = (var1
2
+ var22 + 2.var1 var2 r12 ) (31)
Cabe ainda ressaltar que o presente modelo apesar de trabalhar com uma curva
de juros (no exige que a estrutura seja flat) supe que o deslocamento na curva de
juros seja paralelo, ou seja, todas as taxas (para os diferentes prazos) movimentam-se
na mesma direo e com a mesma intensidade. Vamos a um exemplo:
Exemplo 1:
Soluo:
P1 = 50.000.000/(1+0,016) = 49,212,598
D1 = 1;
r1 = 1,6%
P2 = 50.000.000/(1+0,017)2 = 48.342.388
D2 = 2;
r2= 1,7%
VARC = 1.921.192
Note que o VARC final menor do que a soma dos VAR individuais devido ao efeito
da correlao.
VI.1 Introduo
100 . 000
PU = 6
= 99 . 745 , 4220
(1 + 11 , 30 %) 252 (32)
At bem pouco tempo o que era apregoado era o PU. Dizia-se (e ainda se diz) comprar
o PU quando se queria vender a taxa de juros ou vender o PU quando se queria
comprar a taxa de juros. Atualmente as taxas so apregoadas. No caso acima o que
aparece na tela da BMF a taxa de 11,30% para setembro de 2007. Note que algum
que tema o aumento das taxas de juros deveria comprar a taxa ou vender o PU.
Podemos imaginar, s para efeito de clculo, que quem vende o PU fica numa
situao equivalente a quem emite um ttulo de dvida pr-fixada, no valor de 100 mil
unidades monetrias, para um certo vencimento. Hipoteticamente, ele pegaria tais
recursos e aplicaria a taxas over dirias crescentes formando um lucro. Vamos supor
que no exemplo acima, as prximas taxas negociadas foram todas iguais a 11,40% ao
ano e que o agente tenha vendido o PU ou comprado a taxa:
Em suma, a operao descrita acima bem poderia ser uma operao de hedge de um
indivduo que tivesse tomado um hot Money , normalmente indexado ao CDI. Tal
pessoa estaria fazendo um hedge ao comprar a taxa (ou vender o PU).
De uma maneira geral, se h uma dvida ps-fixada ou uma carteira ativa pr pode-se
vender PU (ou comprar a taxa) para se proteger contra o aumento da taxa de juros. No
primeiro caso perde-se dinheiro com o pagamento de mais juros ao credor, no segundo
se perde oportunidade de investir o dinheiro a taxas maiores.
A frmula (28) mostrada no item IV.1 pode ser generalizada parra quando temos um
balano de renda fixa e no somente uma carteira ativa. Neste caso ambos os valores
presentes sero desvalorizados mas no podemos nos esquecer que ter um passivo de
renda fixa um valor e no uma perda. De uma maneira geral estendemos a frmula
de Macauley para um balano de renda fixa conforme a frmula (29) a seguir:
( D P .P D A . A )
R = . r
(1 + r ) (29)
Onde:
Note que o smbolo P na seo anterior era utilizado para indicar o valor presente de
uma carteira nica e ativa. Agora, quando estivermos tratando de balano de renda
fixa, vamos utiliz-lo como o valor presente do passivo de renda fixa. Note que a
condio de imunizao ao risco de taxa de juros pela tica do modelo de Macauley
a de que
Esta frmula vai nos ser til para dimensionar hedge da carteira de renda fixa atravs
de DI FUTUROS e SWAPS como veremos mais adiante.
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
Cotaao do PU 99.009,90 98.029,60 97.059,01 96.098,03
Fluxo 40.400.000,00 40.804.000,00 41.212.040,00 41.624.160,40
Valores presentes 40.000.000,00 40.000.000,00 40.000.000,00 40.000.000,00
Valor Presente Total 160.000.000,00
Linha auxiliar para
duration 2,50 40.000.000,00 80.000.000,00 120.000.000,00 160.000.000,00
Choque na taxa 0,10%
Perda Aproximada (396.039,60)
Taxa de Juros Ps-
choque 1,10%
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
De incio atribumos um valor qualquer para a varivel citada, no caso, pode-se ver
que atribumos o valor 1 o que implicou num gap duration muito negativo (cerca de
395,6 milhes e, portanto, uma grande sensibilidade ao risco de taxa de juros. No
Quadro (33) apresentamos a tela em que utilizamos a funo atingir meta para zerar o
gap duration e encontrar a quantidade terica de contratos de DI Futuro a ser vendida.
DA . A
N contratos =
D p . PU (31)
VI.4 Modelo de Duration aplicado para dimensionar um hedge para uma carteira
ativa de renda fixa utilizando dois vrtices de vencimento de PU na BMF
N1.PU1 + N2PU2 = A
(32)
VII.1 Introduo
Vamos ver um exemplo de um swap. Imagine que uma empresa tenha custos
operacionais de $1.000.000 e tenha que vender a prazo num momento em que a taxa
de juros est a 22% ao ano. A empresa no tem como financiar as vendas com
recursos prprios e recorre a emprstimo bancrio ps-fixado. Ora, j sabemos que o
resultado da empresa pode ser afetado em funo da volatilidade dos juros. Basta a
taxa subir alguns pontos para que o resultado fique comprometido. Suponha que o
financiamento ao cliente seja de trs meses e o emprstimo bancrio tenha o mesmo
prazo.
A empresa recorreu a um banco e fez a proposta de trocar uma taxa fixa por
uma taxa ps (cdi), ou seja, o banco receberia a taxa fixa e a empresa a taxa ps.
Vamos supor que a taxa fixa combinada foi de 23% ao ano, ou, 1,74% ao ms (5,31%
em trs meses). Na tabela abaixo ilustramos os resultados possveis do negcio:
Veja que a empresa fez uma operao de swap com o Banco em questo, no
caso um swap pr x DI. Neste caso note que o risco est todo na taxa ps (no caso
DI). Existem swaps que envolvem mais de uma taxa ps, como DI x DLAR
COMERCIAL, DI x TR como veremos mais adiante.
descasamento entre ativo e passivo das partes contratantes (as partes, cada
uma delas, tm algum tipo de exposio, por exemplo: captado em TR,
aplicado em dlar etc..);
prazo de vencimento das operaes que causam o descasamento (exemplo:
um determinado agente tm uma carteira de renda fixa com prazos de at
um ano para vencer);
caracterstica do descasamento (descasamento de prazo, taxas, moedas);
troca do fluxo, ou resultado financeiro, resultante do descasamento;
eliminao ou diminuio dos riscos existentes (o swap feito em torno de
um valor principal, NOTIONAL, que pode corresponder ao valor total ou
parte da exposio do agente)
Regra geral, uma operao de swap feita sem garantia e registrada ou na CETIP ou
na BMF. Entretanto, a BMF tem a modalidade swap com garantia onde exige margem
de garantia inicial ou adicional das contrapartes.
A operao em tudo semelhante ao que foi visto no exemplo do swap de taxa fixa e
flutuante. Entretanto, vamos colocar uma situao nova. Vamos admitir que ao final
de seis meses a empresa olhe para o mercado e a taxa de cmbio est no momento
igual a 1,42 DM. E mais, que o mercado esteja negociando swap por mais 6 meses
entre as moedas do exemplo taxa de 1,43 DM e que a taxa de juros esteja a 5% ao
ano (em dlar). Quanto vale o swap em questo? Quanto a empresa deveria pagar ao
Banco para desfazer a operao? Primeiramente, vamos lembrar que a operao foi
feita para liquidao em um ano. Se estamos na metade do percurso podemos apurar
uma posio parcial do swap conforme abaixo:
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
Note que escolhemos o ms quatro para vencimento porque ele cobre todo o fluxo de
caixa a ser hedeada swap em questo trocou a taxa de 1,00% ao ms pela taxa ps-
fixada em CDI. Normalmente, utiliza-se a taxa over anual e se conta os prazos em dias
teis. Aqui, para simplificarmos os clculos, resolvemos adotar os prazos em meses e
a taxa mensal.
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
De qualquer maneira, no caso, a loja travou uma receita de 7,156 milhes para
qualquer choque na taxa de juros do tipo paralelo e instantneo. Para choques e
movimentos diferentes (toro na curva de juros) existem outros modelos mais
sofisticados mas que esto fora do escopo deste curso.
Meses 0 1 2 3 4
Taxa flat de juros 1,00%
Fluxo Ativo 40.400.000,00 40.804.000,00 41.212.040,00 41.624.160,40
Note que a perda estimada pelo modelo de GAP DURATION (frente a um choque de
0,10%) de 237,62 mil. Claro que uma perda estimada menor do que a perda do
exemplo anterior onde o Banco financiava as vendas com o capital prprio. Pode
conferir, naquele caso a perda estimada pelo mesmo modelo de 396,04 mil. Claro,
aqui temos algum passivo pr, natural, que diante do choque positivo na taxa de juros
acaba gerando valor para o proprietrio do balano. Mas no suficiente para
imunizar o balano contra o risco de taxa de juros. Ora, voc j deve estar pensando,
vamos arrumar passivo virtual, no caso vamos dimensionar um swap pr x di, com
ponta passiva pr (trocando a taxa de 1,00% ao ms pela taxa ps CDI na ponta ativa).
Claro, vamos negociar um swap pelo prazo de quatro meses de forma a cobrir todo o
fluxo de caixa ativo. No Quadro 42 vamos apresentar o resultado de um fluxo de caixa
natural aumentado pelo fluxo de caixa virtual do swap. Ou seja, no nosso modelo
embora o swap tenha duas pernas, s aparece a ponta pr (passiva) do swap. A ponta
ativa no faz diferena pois indexada ao CDI e tem o seu valor presente sempre
constante quando das mudanas de taxa.
a) Swap pr x di
b) Swap Dlar x DI
VIII.1 Introduo
Nas operaes com futuros e termos vimos que o titular da operao tem
direitos e obrigaes. Quando se contrata um futuro h a obrigao de liquid-lo,
pode-se at antecipar tal obrigao mas no se pode fugir da mesma. E em muitos
casos de hedge apresentado at aqui, via futuro ou operao a termo, fica-se com um
gosto amargo na boca quando se faz o hedge mas o movimento que se tem no fator de
risco o contrrio do que espervamos e, pensamos instantaneamente: que pena que
eu fiz uma trava ! Se no tivesse uma trava eu poderia estar lucrando mais. Entretanto,
no nos esqueamos que tambm se evitou o risco ou perda potencial. Mas agora
iremos apresentar um derivativo em que se tem maior grau de liberdade com relao a
esta situao, ou seja, nas opes o titular s exerce o seu direito se ele quiser. Ele
paga por isso. relevante registrar desde j que a teoria de opes transcende a
simples aplicao em derivativos financeiros. Existem tambm opes reais e a teoria
ganha aplicaes sofisticadas seja para avaliar empresas, projetos ou mesmo risco de
crdito em bancos e outras instituies financeiras. S para ilustrar imagine as
seguintes opes reais:
Listamos, portanto, dois casos simples de opes reais embutidas em certos projetos.
H uma tendncia em se utilizar a teoria que iremos ver aqui neste captulo para se
precificar corretamente os projetos que contenham estas opes. Entretanto, aqui no
nosso curso de derivativos o que interessa so as opes sobre aes na BOVESPA, as
opes sobre ativos financeiros ou futuros financeiros na BMF ou sobre commodities.
Vamos procurar ilustrar essa introduo teoria de opes com exemplos com aes,
opes sobre aes, por ser este um dos mercados mais tradicionais e lquidos aqui e
no mundo afora.
srie "a"
preo de exerccio 11,00 11,00
Prmio 1,50 1,70
srie "b"
preo de exerccio 13,00 13,00
Prmio 1,10 1,30
Note que as sries acima, a e b, diferem pelo preo de exerccio. Para a opo 1, por
exemplo, paga-se R$ 1,50 para ter o direito de comprar a ao do BB daqui a dois
meses. Na srie b paga-se R$ 1,10. Claro, a opo s ter valor se ela superar o preo
de exerccio. Caso contrrio ele virar p. Ora, quem vai querer exercer um contrato
que lhe d o direito de comprar um ativo por R$ 9,00 se ele vale, por exemplo, R$
8,00 no mercado. Ningum. Pois , a opo chega no vencimento OUT OF MONEY
O titular de uma PUT tem o direito de vender um certo ativo no vencimento por um
preo de exerccio previamente estipulado. O lanador da PUT tem a obrigao, caso
seja exercido, de comprar o ativo pelo preo de exerccio. completamente anlogo
ao caso e aos grficos da PUT, seno vejamos:
srie "a"
preo de exerccio 8,00 8,00
prmio 0,60 0,80
srie "b"
preo de exerccio 7,00 7,00
prmio 0,50 0,70
Note tambm que as sries, da mesma forma, diferem pelo preo de exerccio e aqui
quem tem maior preo de exerccio vale mais, ao contrrio da CALL. Note tambm
que tanto aqui quanto no exemplo de CALL, o prazo para vencimento encarece o
valor do premio. A explicao a seguinte, aumentando o prazo, aumenta a
volatilidade do preo, ou seja, tem mais chance de o preo do ativo flutuar e como se
tem um piso para a perda do titular, isso provoca uma valorizao da opo.
1. Na data do exerccio
c = PV - PE
onde
Estratgia de arbitragem:
(-rt)
Se S > X c > S - X.e
Demonstrao
(-rt)
caso b: S > X --> C > S - X.e
S 16,00
X 12,00
C 1,50
r 2,00%
t 4
(-rt)
c > S - X.e 4,92
Data Inicial
Exemplo:
O investidor acredita que o ativo objeto ter uma ligeira alta no perodo, ento negocia
com duas sries da mesma opo que diferem entre si somente pelo preo de exerccio.
Vamos ao exemplo:
X Vencimento Prmio
call1 (comprada) 12,00 1 ms 0,90
call2 (vendida) 14,00 1 ms 0,80
O investidor acredita que o ativo objeto ter uma ligeira queda de preo no perodo,
ento negocia com duas sries da mesma opo que diferem entre si somente pelo
preo de exerccio. Vamos ao exemplo:
X Vencimento Prmio
call1 (vendido) 12,00 1 ms 0,90
call2 (comprado) 14,00 1 ms 0,80
opo X Prmio
call1 (comprado) 11,00 0,90
put1 (comprado) 11,00 0,80
opo X Prmio
call1 (vendido) 11,00 0,90
put1 (vemdido) 11,00 0,80
Esta uma estratgia que alm de ter valor prtico tem um valor didtico muito
importante para ns. A precificao das opes, atravs do modelo binominal ou do
modelo de Black & Scholes (que valeu prmio Nobel em 1990) da condiao mostrada
nesta estratgia.
S + p c = X .e rt
(33)
Onde
onde
S 2
Ln + (r + ). t d2 = d1 . t
d1 = X 2
. t
(35) (36)
Sabendo que a taxa de juros sem risco de 1,60% ao ms, calcule o preo justo
de uma call, faltando 2 meses
para o vencimento. Sabe-se, ainda que o preo vista est sendo negociado a
10,50 e que o preo de exerccio
de 11,00 e que a volatilidade histrica do retorno da ao de 4,50% ao ms.
Soluo
S 10,50
X 11,00
r 1,60% ao ms
sigma 4,50% ao ms
t 2 meses
c igual a 0,20
possvel utilizar a frmula de B&S (Black & Scholes) para avaliar a relao entre
cada uma das variveis e o valor do prmio, isto d origem s outras gregas. No
Quadro 56 abaixo apresentamos o grfico da relao c x . A Derivada primeira de c
em relao a recebe o nome de vega ().