As Imagens Da Modernidade Nos Quadros Parisienses
As Imagens Da Modernidade Nos Quadros Parisienses
As Imagens Da Modernidade Nos Quadros Parisienses
23 a 26 de outubro de 2012
Ufop Mariana, MG, Brasil
Utilizaremos nesse estudo a edio de As Flores do Mal publicada em 2006, pela editora Nova
Fronteira, traduo de Ivan Junqueira.
2 Trabalhamos com essa definio a partir da proposta por Baudelaire no ensaio O Pintor da Vida
Moderna onde o poeta diz que A modernidade o transitrio, o fugidio, o contingente, a metade da arte
cuja outra metade o eterno e o imutvel. (BAUDELAIRE, 2010, p.35)
23 a 26 de outubro de 2012
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1. O cisne
O cisne, poema que, segundo Benjamin, possui o movimento de um
bero que balana entre a modernidade e a Antiguidade ([J 72,5] BENJAMIN, 2009,
p.402), considerado pelo filsofo como grande expoente da alegoria em Baudelaire,
justamente por expor a frgil constituio da cidade e dos habitantes de Paris, alm
de realizar com maestria a interpenetrao entre antiguidade e modernidade. Segundo
Luciano Gatti, no artigo Experincia da Transitoriedade: Walter Benjamin e a
Modernidade de Baudelaire, possvel reconhecer a interpenetrao mais ntima da
modernidade com a antiguidade em poemas como O cisne, tendo em vista que ambas
se cruzam pela marca do novo: na transitoriedade que a modernidade se apresenta
mais intimamente ligada a antiguidade. (GATTI, 2009, p.165)
A transitoriedade de Paris revela seus smbolos de fragilidade, presentes no
poema na figura dos exilados na alegoria de Andrmaca e do cisne - dentro de um
tempo regido pela produo de bens materiais, tempo esse que no permite a reflexo e
retomada da rememorao do passado. Nesse sentido, de acordo com Gatti,
o exlio de Andrmaca pode ser lido como exlio de uma tradio histrica e
literria que ela representa e que no pode ser acolhida no espao da cidade. A
mesma expulso ocorre com o cisne. Ele indica tanto a expulso da vida orgnica
pelo processo de urbanizao e transformao em concreto de todo o ambiente como
uma alegoria de todos os exilados sem lugar na cidade. (GATTI, 2009, p. 168)
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O crepsculo matinal
Quadros Parisienses
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3. Poemas Crepusculares
Restam-nos, ainda, apontar as imagens alegricas que propiciam a relao
entre antiguidade e modernidade nos dois poemas crepusculares dos Quadros
Parisienses, O crepsculo vespertino e O crepsculo matinal. Inicialmente,
Benjamin relaciona O crepsculo vespertino s iluminaes que surgiam na nova
metrpole e apontavam para um crescimento na segurana das ruas, algo que despertava
na multido o sentimento de que mesmo estando nas ruas ainda encontravam-se
acalentadas, como nos interiores de suas residncias. Para ele, a nova iluminao
removeu do cenrio grande o cu estrelado (BENJAMIN, 1989, p.47), afirmao
que o prprio filsofo aproxima do verso baudelairiano Qual grande alcova o cu
se fecha lentamente (BAUDELAIRE, 2006, p. 323). Isso remete ao movimento de
superao da engenhosidade humana sobre a natureza: o homem moderno, com a sua
iluminao artificial, retira a dignidade da Lua e das estrelas e sentencia o habitante da
cidade grande ao desconhecimento de um verdadeiro crepsculo da tarde ([J 64, 4]
BENJAMIN, 2009, p. 388).
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O crepsculo matinal
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Referncias Bibliogrficas
BAUDELAIRE, Charles. Quadros Parisienses. In: As Flores do Mal. Rio de Janeiro.
Nova Fronteira, 2006.
BENJAMIN, Walter. J Baudelaire. In: Passagens. Belo Horizonte: ED. UFMG, 2009.
______. E Haussmannizao, Luta de Barricadas. In: Passagens. Belo Horizonte: ED.
UFMG, 2009.
______. Paris do Segundo Imprio. In: Obras Escolhidas III. Charles Baudelaire, um
lrico no auge do capitalismo. So Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
______. Sobre Alguns Temas em Baudelaire. In: Obras Escolhidas III. Charles
Baudelaire, um lrico no auge do capitalismo. So Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
COSTA LIMA, Luis. Paris ante o olhar baudelairiano. In: Mmesis e Modernidade:
formas das sombras. Rio de Janeiro. Edies Graal, 1980.
GATTI, Luciano. Experincia da Transitoriedade: Walter Benjamin e a Modernidade de
Baudelaire. In: Revista Kriterion, vol. 119, p.159-178. Belo Horizonte, jun. 2009.
HANSEN, Joo Adolfo. Alegoria, Construo e Interpretao da Metfora. Campinas:
Ed. da Unicamp, 2006.
OLIVEIRA, B. B. C. Baudelaire, Benjamin e a Arquitetura D As Flores do Mal. In:
Revista ALEA, vol. 9, n.2, p. 48-63. Rio de Janeiro, jul.-dez. 2007.