Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Consílio Deuses Paráfrase

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 11

Parfrase Incio da narrao e Conslio dos deuses

19 A narrativa inicia-se com a viagem martima dos portugueses. Estes encontravam-se j em pleno oceano ndico (in
medias res), os ventos sopravam de feio e as naus iam cortando as ondas...

20 Os deuses reuniram-se no Olimpo para discutirem as cousas futuras do Oriente). Atravessaram a Via Lctea,
convocados, da parte de Jpiter, pelo jovem Mercrio.

21 Os deuses que, tm o governo dos sete cus, reuniram-se todos, vindos do Norte, do Sul, do Oriente e do
Ocidente.

22 Estava o pai dos deuses, Jpiter, sentado num trono feito de estrelas; a sua atitude era to digna, sublime, e o
aspecto era to alto, severo e soberano que tornaria divino qualquer ser humano. A coroa e o ceptro eram feitos de
pedras mais brilhantes que o diamante.

23 Os deuses estavam sentados, em cadeiras marchetadas de ouro e de prolas, de acordo com a sua hierarquia:
primeiro os mais antigos e honrados e depois os mais jovens, quando Jpiter comeou a falar com uma voz forte e
firme.

24 Jpiter comeou por saudar os presentes e passou seguidamente ao assunto, o valor da forte gente de Luso, os
Portugueses, dizendo que os Fados determinaram que a sua fama faa esquecer a de antigos imprios: De Assrios,
Persas, Gregos e Romanos.

25 Referiu-se ao passado glorioso dos Lusos mencionando as suas vitrias contra os mouros, na reconquista crist, e
os castelhanos na luta pela manuteno da independncia e paz com Castela, salientando a desigualdade entre os
exrcitos.

26 Recuando mais no tempo, salientou a resistncia lusitana frente aos romanos com Viriato e Sertrio, que era
romano e que acabou por comandar batalhas contra os romanos.

27 Alertou por fim os deuses para o presente dos Lusos: estes desafiam o mar desconhecido em pequenas
embarcaes no temendo a fora dos ventos, determinados em chegar ndia.

28 Os Fados j determinaram que os portugueses dominaro o Oceano ndico durante muito tempo. J suportaram o
duro Inverno no mar e j esto cansados por causa da longa viagem. Parece justo, ento, que cheguem terra
desejada.

29 Jpiter termina o seu discurso enaltecendo a coragem dos Portugueses que ultrapassaram todos os obstculos
(Tantos climas e cus experimentados, tantos perigos e ventos inimigos) e por isto determina que sejam
recebidos, como amigos, na costa africana para que, depois de restabelecidos, possam seguir sua longa rota.

30 Findo o discurso, os deuses, pronunciaram-se ordenadamente apresentando as suas ideias. Baco no concordava
com Jpiter, porque temia que os seus feitos no Oriente fossem esquecidos se os portugueses l chegassem.

31 Baco tinha ouvido aos Fados que viria / uma gente fortssima de Espanha (os Portugueses) e que dominaria toda
a costa indiana, fazendo esquecer qualquer fama anterior. Di-lhe perder assim a glria conquistada.

32 Baco j dominou a ndia, faanha cantada pelos poetas, receia agora cair no esquecimento se l chegarem os
Lusos.

33 Vnus no concordava com Baco, pois era muito afeioada gente lusitana, porque via nela as qualidades dos
seus amados romanos: a coragem guerreira contra os mouros e a lngua to parecida com o latim.

34 Alm destas causas, Vnus sabia pelos Fados que iria ser celebrada onde quer que os Portugueses chegassem.
Ento, um (Baco) com receio de perder a glria e outra (Vnus) com desejo de a ganhar, entram em discusso,
defendendo a sua causa com o apoio de outros deuses.

35 Gerou-se uma grande discusso entre os deuses. Como ventos ciclnicos que na densa floresta partem ramos,
arrancam as folhas das rvores, silvam e fazem estremecer toda a montanha, assim era o tumulto que se levantou
entre os deuses, no Olimpo.
36 Marte, que apoiava Vnus por causa de amores antigos ou porque os Lusos mereciam a sua proteco pelas suas
qualidades guerreiras, levantou-se, atirando o escudo para trs das costas, visivelmente irritado.

37 Levantou um pouco a viseira do elmo, colocou-se em frente de Jpiter e bateu com o cabo da lana no cho de tal
forma que o cu tremeu e o prprio sol empalideceu de medo.

38 E disse: Pai, a quem obedecem todas as criaturas, se no queres que esta gente sofra afrontas, como j tinhas
decidido, no ouas por mais tempo as razes de quem suspeito (Baco).

39 Se o medo no lhe turvasse o raciocnio, Baco deveria defender os portugueses, que descendem de Luso, seu
ntimo. Esquea-se o que ele disse, porque reage com inveja e nunca a inveja triunfar sobre o que o Cu deseja.

40 E tu, Pai de grande poder, no voltes atrs na deciso j tomada, pois fraqueza desistir-se da cousa
comeada. Manda, pois, Mercrio mostrar aos Portugueses um porto seguro onde se possa informar da ndia e
recuperar as suas foras.

41 Ouvido isto, Jpiter, inclinando cabea, concordou com Marte, e esparziu nctar sobre os deuses, dando por
terminada a assembleia. E todos os deuses partiram a caminho de suas moradas.

42 Enquanto isto se passava no Olimpo, os Portugueses navegavam j no Oceano ndico entre a costa africana e a ilha
de Madagscar. O sol estava muito quente e situava-se no signo de peixes (entre 10 de Fevereiro e 11 de Maro).





Conslio dos deuses

Vamo-nos concentrar agora na caracterizao dos deuses, analisando tambm a inteno do
poeta ao imprimir-lhes um ar de sublime nobreza e de grandeza majesttica.
Os deuses so-nos apresentados como seres superiores respeitados e temidos pelos homens.
Assim, em relao a Jpiter, o poeta diz: o Tonante, o Padre sublime e digno, com gesto
alto, severo e soberano, do rosto respirava um ar divino, Jpiter alto, grave e horrendo.
Mercrio, o mensageiro dos deuses, caracterizado, salientando-se a sua simptica presteza
e resistente velocidade: o neto gentil do velho Atlante. Os deuses so ainda caracterizados
pelos ricos ambientes onde se movem, pela maneira de vestir e pela grandeza das regies que
dominam ou governam: Vm pisando o cristalino cu formoso; deixam dos sete cus o
regimento que do poder mais alto lhes foi dado; num assento de estrelas cristalino; com uma
coroa e um ceptro rutilante, /de outra pedra mais clara que diamante; Em luzentes assentos,
marchetados de ouro e de perlas, os outros deuses todos assentados; eternos moradores do
luzente, estelfero polo e clar assento (magnificncia do Olimpo).
Todas estas expresses nos revelam os deuses como seres superiores aos homens, imponentes
no aspecto e nos ambientes que frequentam. Esta imponncia est de acordo com a funo
do maravilhoso n'Os Lusadas: uma alegoria de enaltecimento dos feitos portugueses, que, por
aco dos deuses, adquiriram uma grandeza transcendente. A sublime majestade dos deuses
reflecte-se na sublimidade dos feitos lusos.


Os deuses, reunidos em conslio, discutiam as cousas do Oriente e no estavam todos de
acordo em relao ao destino dos nautas portugueses. Jpiter, Vnus e Marte pretendiam
ajudar os portugueses no grande empreendimento da descoberta do caminho martimo para a
ndia, mas Baco opunha-se. Gerou-se um grande tumulto entre os deuses...

Razes de Jpiter para que se deixem seguir os portugueses

Segundo Jpiter, deve-se no s permitir a viagem dos portugueses, mas at ajud-los a
alcanar o seu objectivo, pelas seguintes razes:
o seu grande valor e forte coragem j revelados em to grandes vitrias contra os
mouros, castelhanos e romanos;
os Fados (o destino) j tinham determinado que o povo luso ultrapassasse a glria dos
assrios, gregos e romanos (os povos greco-romanos acreditavam que o Fado (Destino)
era mais poderoso do que os prprios deuses);
os portugueses j tinham feito grande parte da viagem em luta vitoriosa contra os
elementos martimos e o Fado j determinara que eles tivessem, por largo tempo, o
domnio do Oriente.
Por todas estas razes e, como prmio de tantos perigos j vencidos e de "tanto furor de
ventos inimigos", Jpiter determinava que os nautas fossem agasalhados na costa africana,
para depois seguirem a sua rota at ndia .

Razes de Baco, adversrio dos portugueses

Razes que levam Baco a contrariar a viagem dos portugueses:
Baco sabia pelos fados que os portugueses dominariam todo o Oriente, que era seu
domnio e que no queria perder;
ele tinha dominado toda a ndia e ainda nenhum poeta tinha cantado a sua vitria,
temendo agora que o seu nome caia no esquecimento, se os fortes portugueses l
chegarem (se os portugueses chegarem ndia ganharo o estatuto de deuses, pois
realizaro algo que s um deus tinha realizado; Baco perder o seu estatuto, pois
simples humanos conseguiram igual-lo).

Razes de Vnus, favorvel aos portugueses

Razes que levam Vnus a ser favorvel ao povo luso:
Ela gostava da gente lusitana pelas qualidades, que via neste povo, semelhantes s do
povo romano, que ela tanto amava;
gostava tambm dos portugueses pela lngua que ela achava ser, com pouca
diferena, a lngua latina;
Ela sabia que seria celebrada em todos os lugares onde os portugueses chegassem.

Razes de Marte

Razes que levam Marte a favorecer os portugueses:
o grande amor que antigamente tivera a Vnus, tambm favorvel aos portugueses;
a bravura dos portugueses, reconhecida at pelo prprio Jpiter;
a falsidade das razes apresentadas por Baco (que suspeito).

Caracterizao de Marte

A gravidade, a fora, a majestade de Marte so bem visveis, no seu aspecto, nas suas
atitudes e no efeito que estas atitudes tiveram na natureza e nos prprios deuses: "Marte se
levantava de entre os deuses, merencrio no gesto, o forte escudo, ao colo pendurado,...
medonho e irado... ps-se diante de Jpiter, armado, forte e duro; e dando uma pancada
penetrante com o basto... o cu tremeu, e Apolo, de torvado, um pouco a luz perdeu, como
enfiado".
O poeta faz surgir, diante de Jpiter, o deus Marte com uma fora e autoridade, quase igual
do pai dos deuses. No era apenas por se tratar do deus da guerra; a inteno do poeta era
mostrar o deus Marte como o smbolo da fora, da coragem, da vitria. Marte aparece aqui
como que para personificar a fora dos portugueses (povo que a Marte tanto ajuda), o seu
amor luta, as suas vitrias passadas e futuras. Reparem que, aps o discurso de Marte,
favorvel aos portugueses, nenhum deus se atreveu a contrari-lo, e o prprio Jpiter, o
Padre poderoso, a cabea inclinando, consentiu no que disse Mavorte valeroso.

Valor simblico do maravilhoso pago n'Os Lusadas

A navegao dos portugueses obriga os deuses a reunirem-se em conslio, envolvendo-se uns
com os outros em luta acesa, uns como oponentes, outros como adjuvantes da aco
martima dos portugueses. A interveno dos deuses pagos constitui no apenas um adorno
externo do poema de Cames, tornando-o semelhante s grandes epopeias antigas. Mas esta
bela alegoria dos deuses reveste-se de um alto valor simblico, relacionado com a prpria
inteno do poema: exaltar o empreendimento martimo dos portugueses. A descoberta da
ndia era to importante que interessou s prprias divindades. A convivncia das deusas, na
Ilha dos Amores, com os nautas portugueses representa no apenas uma concesso formal do
poeta aos processos e mentalidade renascentistas, mas insere-se dentro de uma linguagem
altamente literria e simblica: o empreendimento martimo da descoberta da ndia era de
tal forma extraordinrio que o poeta se serviu desta fbula dos deuses para realar a
transcendncia dessa descoberta.
este portanto o valor simblico da mitologia n'Os Lusadas: uma alegoria de exaltao do
grande feito dos portugueses.



Conslio dos Deuses no Olimpo
A 1 parte descreve-nos o espao e a organizao dos deuses no conslio
(estrofes 20 a 23).
Os deuses deixaram os seus locais de governao, vindos do Norte, do Sul, do
Nascente e do Poente, para se dirigirem ao Olimpo para um conslio convocado da parte
de Jpiter pelo jovem Mercrio. O poderoso pai dos deuses aguardava os seus sbditos
sentado num trono de estrelas. Como determinava a ordem, os deuses sentavam-se em
cadeiras marchetadas de ouro e pedrarias e em lugares determinados consoante a
antiguidade. Jpiter situava-se em lugar mais alto, seguido, mais abaixo, pelos deuses
mais velhos e, ainda mais abaixo, pelos deuses mais novos.

O plano da viagem e o plano mitolgico
Em toda a narrao esto presentes dois planos O Plano da Viagem e o Plano dos
Deuses.
Esta associao revela que a viagem de descoberta do caminho martimo para a ndia
depende do parecer favorvel dos deuses.
Os deuses, ao dificultarem ou facilitarem a viagem dos portugueses, permitem que a aco
se desenvolva.
O Plano dos Deuses ou Mitolgico era fundamental numa epopeia, mas nesta
obra os deuses no tm apenas a funo de embelezar a aco, eles so elementos
geradores da prpria aco.
neto gentil do velho Atlante = Mercrio

as partes onde / A Aurora nasce
e o claro Sol se esconde. = Nascente / Poente
Estava o Padre ali sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano, = Jpiter
"Eternos moradores do luzente
Estelfero plo, e claro assento, = deuses

Nestes casos, o poeta substitui as palavras Mercrio, Nascente e Poente por expresses
mais longas e descritivas, para chamar a ateno para caractersticas especficas, e
tambm para tornar o texto mais bonito.
Perfrase
A este recurso de estilo d-se o nome de perfrase. O prefixo peri- significa andar volta,
portanto, a perfrase consiste numa frase que anda volta, que aponta para uma entidade sem a
referir.

Depois de caracterizado o espao onde se vo reunir os deuses, o conslio inicia-se
com o discurso de Jpiter (estrofes 24 a 29).
O pai dos deuses refere que o valor dos portugueses to grande que pode obscurecer a
fama dos antigos imprios dos assrios, persas, gregos e romanos.
Jpiter faz uma descrio enaltecedora da nao portuguesa, forte, capaz de actos
grandiosos e que revela o propsito de navegar at ao Oriente como o destino Fado
eterno lhes prometeu.
Depois dos portugueses terem passado por to speros perigos, das tripulaes
estarem extenuadas pelos trabalhos da viagem, Jpiter determina, ento, que os
navegadores sejam recebidos e agasalhados na costa africana. O discurso de Jpiter
apresentado atravs do discurso directo.



Esta terceira parte consiste na apresentao das opinies dos outros deuses,
destacando-se os pareceres de Baco e de Vnus (estrofes 30 a 35).
Depois de apresentada a deciso de Jpiter, os deuses vo dando as suas
opinies. Destas destacam-se a de Baco, que contra os portugueses, pois considera que
eles se tornaro superiores a si no Oriente, e a de Vnus, que defende com amor os
portugueses, pois via neles as virtudes romanas a valentia, as vitrias no norte de
frica e o idioma to parecido com o latim.
Assim, Baco, com receio de perder a glria no Oriente, e Vnus, com desejo de a
ganhar, pois sabe que ser celebrada onde quer que os portugueses cheguem, entram em
discusso e levanta-se um grande tumulto entre os deuses. As opinies destes deuses
so transmitidas em discurso indirecto.
Se leres a estrofe 35, apercebes-te que a confuso gerada entre os deuses foi
grande, at os prprios verbos sugerem essa confuso: rompendo, Brama,
murmura, Rompem-se, ferve. O tom utilizado nesta estrofe hiperblico, h um
exagero intencional da realidade para enfatizar a confuso.
Esta quarta parte expe o discurso de Marte, deus da Guerra (estrofes 36 a 40).
No meio da confuso gerada pelos deuses, Marte, dando uma pancada penetrante com
o cabo da lana no trono, apresenta a sua opinio favorvel aos portugueses. Marte
apoiava os portugueses provavelmente porque estes eram protegidos por Vnus, por
quem Marte morria de amores, ou ento porque reconhecia os feitos lusitanos,
considerando que era um povo que merecia proteco. Marte aconselha Jpiter a no
voltar atrs na deciso de apoio aos portugueses.

E dando uma pancada penetrante,
Com o conto do basto no slio puro,
O Cu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado.
Na realidade, uma pancada, por muito forte que seja, no faz tremer o cu. Estamos perante um
exagero do poeta, que pretende, com este recurso, dar mais fora ao texto. A este recurso d-se o
nome de hiprbole.
A hiprbole um recurso estilstico que consiste em referir-se a um ser, circunstncia,
sentimento ou objecto, exagerando os seus atributos
Deciso final de Jpiter e concluso do Conslio (estrofes 41).
Depois de Marte apresentar a sua opinio favorvel aos portugueses. Jpiter concordou,
com uma inclinao de cabea, e deu por terminado o conslio. Os deuses partiram de
regresso s suas moradas.
Resumindo, Jpiter e os deuses consentiram a paragem e o descanso dos portugueses na
costa africana para recuperarem foras e, posteriormente, seguirem viagem rumo ao
desconhecido, ndia.









GUIO DE LEITURA
1. Baseando-te nas estrofes 19 e 42, localiza geograficamente este momento da viagem. (Observa o mapa)
2. A narrao da viagem comea in medias res.
1. Que entendes por esta expresso?
2. Qual o objectivo desta tcnica narrativa, isto , que efeito se procura produzir no leitor?
3. Identifica, agora, nesta passagem d Os Lusadas (estncias 19 a 42), os dois planos que constituem a aco
central do poema e completa:
1. Identifica os vocbulos do texto, que assinalam a relao de encaixe (ou interdependncia) entre
os planos acima referidos.
4. Detm-te na estrofe 19, onde o poeta refere a presena da armada de Vasco da Gama j no oceano ndico.
1. Caracteriza as condies em que decorre a viagem. Justifica com expresses do texto.
2. Indica alguns recursos expressivos utilizados.
3. Classifica as formas verbais utilizadas e justifica o seu emprego.
4. Identifica e classifica, quanto presena na aco, o narrador desta passagem.
5. A partir da estncia 20, o poeta introduz a intriga mitolgica na narrao.
1. A intriga dos deuses n' Os Lusadas ter uma funo de simples adorno, exigido pela lei de
imitao das epopeias clssicas? Ou outras funes, como a de superlativao dos que
navegavam?
2. 0 Conslio dos Deuses pode ser dividido em vrios momentos. Delimita-os e refere o assunto de
cada um deles.
6. Quem convoca os deuses para se reunirem em Assembleia? E por ordem de quem?
1. Qual o motivo deste Conslio?
7. O espao do conslio
1. Caracteriza o espao onde se realiza o Conslio.
2. Transcreve expresses que, na descrio do espao, sugiram:
sensaes visuais;
sensaes auditivas.
3. H dois recursos expressivos que predominam nesta descrio. Indica-os e exemplifica.
4. No espao do Conslio - o Olimpo os deuses esto dispostos segundo uma ordem hierrquica.
Elabora, com base em expresses do texto, um esquema visualizador dessa disposio.
8. Jpiter preside ao Conslio.
1. Caracteriza esta divindade mxima.
2. Indica os smbolos do seu poder referidos no texto.
3. Podemos distinguir no discurso de Jpiter trs momentos. Indica as ideias contidas no seu
discurso, agrupando-as de acordo com o seguinte esquema:
Introduo
(informa)

Argumentao
(convence)

Deciso
(decide)

9. 0 discurso de Jpiter, e sobretudo a sua deciso, provocou uma grande polmica no Olimpo, com uns
deuses pr e outros contra a posio da divindade mxima.
1. Sobre quais dos deuses presentes ele teve maior efeito?
2. Explica por que motivo Baco o primeiro a intervir.
3. Sintetiza a interveno dos deuses aps o discurso referido, preenchendo o seguinte esquema:
Deuses Posio Assumida Argumentos / razes apresentadas



10. A personagem Vnus
1. Transcreve os adjectivos caracterizadores de Vnus.
2. Na perspectiva desta deusa, os portugueses continuam duas caractersticas romanas. Refere-as.
3. Enumera as razes por que Vnus "afeioada gente lusitana".



O Conslio dos deuses integra o plano paralelo e tem uma funo alegrica, servindo para exaltar os feitos dos
portugueses e para os engrandecer.
A aco comea num meio avanado e s mais tarde que se vai contar incio em retrospectiva, como normal
numa epopeia. Os portugueses j estavam no Oceano ndico e o tempo estava propcio viagem. Enquanto isso,
os Deuses iam-se juntando no Olimpo, convocados por Jpiter, cujo objectivo da assembleia geral era determinar
se os portugueses deveriam ou no chegar ao seu to desejado destino a ndia.
Quem presidiu a reunio foi Jpiter, o deus de todos os Deuses, e todos eles estavam sentados por escales desde
os mais importantes aos menos importantes.
Jpiter dirige-se ento aos Deuses e fala-lhes nos grandes feitos dos portugueses, dizendo que at agora j
venceram os Mouros, conquistaram terras aos castelhanos, j para no falar nos feitos antigos que fizeram
sempre com fama e glria. Passaram tambm, muitos sacrifcios no mar e merecem ver a terra desejada. Jpiter
faz um pedido, para que os portugueses sejam recebidos em frica, que descansem e que encontrem informaes
sobre a ndia para que possam prosseguir viagem.
Perante o discurso de Jpiter surgem foras apoiantes e foras oponentes. Vnus e Marte apoiam a deciso de
Jpiter: Vnus porque gosta dos lusitanos e -lhes descendente, bem como sabia que estes nunca a iam esquecer,
pois os portugueses celebram muito o amor e Marte, ou porque os portugueses mereciam mesmo, ou porque
tinha gostado de Vnus. Baco, no entanto discorda com Jpiter, pois tinha muita fama no Oriente e temia ser
esquecido.
Finalmente, e aps um pequeno discurso de Marte apoiando os Portugueses, Jpiter decide que os Portugueses
iro ver terra firme e manda Mercrios, que rpido como uma seta, v mostrar terra aos portugueses




Intervenes de Baco, Vnus e Marte




BACO



VNUS

MARTE
Posio face
determinao
de Jpiter.
Discorda Concorda
Concorda
Razes para a
posio
assumida.
Receio de ser
esquecido no
Oriente, mal
os
Portugueses l
cheguem.
Semelhana do
povo portugus
com o povo
romano, no que
respeita s
qualidades
guerreiras e
lngua que com
pouca corrupo
cr que Latina
(est. 33, v. 8).
Convico de que
Apoiava a
posio de
Vnus:
- Ou por amor
antigo a Vnus,
- Ou por
considerar que
os portugueses
mereciam a
sua proteco
devido sua
os Portugueses a
tornaro clebre
onde quer que
cheguem.
coragem.





































































Histria de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar uma fbula em que
as personagens so gatos e gaivotas. a histria do Zorbas, gato grande, preto e gordo, que mora numa
casa perto do porto de Hamburgo. Numas frias, Zorbas fica em casa, sozinho, e estava a apanhar sol na
varanda, quando lhe cai ali, mesmo sua frente, uma gaivota moribunda. Esta, depois de ser apanhada
pela mar negra, perde-se do seu bando e o seu ltimo destino a varanda do Zorbas. Porm, antes de
morrer, pe um ovo e faz dois pedidos ao grande gato: este dever tomar conta da gaivotinha, quando esta
nascer e dever ensin-la a voar. Zorbas concorda, sem se aperceber da grande responsabilidade que era
educar uma pequena ave.
E, assim, comea a sua grande aventura, querendo ser fiel sua palavra, vai empenhar-se para cumprir a
sua promessa.
Zorbas, at quele momento, tinha tido uma vida descontrada e feliz, mas, agora, v-se com a rdua
tarefa de chocar um ovo. Quando a pequena gaivota nasce, chama mam ao Zorbas, porque foi ele quem
chocou o seu ovo e foi ele que ela viu primeiro.
O gato procura os seus amigos para que o ajudem a cuidar e a educar a pequena Ditosa. Os seus amigos
so, Collonelo, um gato j com alguma idade, sempre pronto a dar um bom conselho; Secretrio, o seu
ajudante; Sabetudo, um gato muito inteligente; Barlavento, um gato marinheiro.
Com as enciclopdias do inteligente Sabetudo, a boa vontade de todos e o sentido do dever de cumprir a
palavra dada, a todo o custo, este pequeno grupo de gatos, comea a difcil e delicada tarefa de educar a
pequena gaivota. Todos se empenham para dar lies de sobrevivncia a Ditosa, ensinam-na a voar e do-
lhe o amor e o carinho que a sua me no lhe pde dar.
Ditosa to bem aceite no grupo e sente-se to bem com os seus novos amigos que comea a achar que,
tambm ela, um gato. Assim, com eles que ela quer ficar, com eles que quer partilhar as suas
aventuras e comea a lutar contra o esforo que os seus amigos fazem para a educar, para que se torne
uma verdadeira gaivota.
Ditosa , no entanto, uma gaivota e a sua verdadeira natureza comea a vir ao de cima e apesar da imensa
vontade que tem de ficar com a sua famlia, seus amigos e companheiros, o desejo de abrir as asas e de
voar tambm a invade e muito mais forte. Ento, numa noite chuvosa, Ditosa finalmente abre as suas
asas, segue o seu destino e voa, deixando Zorbas com lgrimas nos olhos, mas feliz, porque a sua amiga
segue o seu caminho.
uma linda lio: o destino encarrega-se de juntar dois seres completamente distintos que, por causa de
uma promessa, constroem uma bela amizade. Por outro lado, temos um grupo de amigos leais que, apesar
de todas as dificuldades, ajudam Zorbas a cumprir uma promessa quase impossvel de realizar.
Trata-se da histria de uma linda amizade e de valores que j no vemos muito no nosso dia-a-dia,
infelizmente. Podemos tirar a seguinte concluso: Querer poder.








































Ins de Castro


Apesar de ser um episdio pertencente ao Plano da Histria de Portugal, no se trata de um
episdio pico, mas sim de um episdio trgico e lrico.
Trgico porque contempla momentos caractersticos de uma tragdia clssica:
- a paixo entre Pedro e Ins um desafio ao poder real, por Ins representar um perigo para
o reino;
- a punio, a deciso de matar Ins;
- a piedade, presente no discurso de Ins quando tenta demover o rei;
- a catstrofe quando se consuma a morte de Ins.
Lrico porque o narrador interpela o Amor acusando-o de ser responsvel pela tragdia,
expressando ao longo de todo o episdio a inconformidade do eu potico, bem como a
repulsa pela morte trgica de Ins, que compara morte da natureza.


Estrutura do episdio
(diviso em partes)

1. parte Exposio (estrofes 118 e 119)
Trata-se de uma breve introduo ao episdio. Vasco da Gama localiza a histria no
tempo e no espao, apresenta brevemente o caso que vai narrar e atribui as responsabilidades
ao amor.
Consideraes iniciais do poeta (119)
O episdio comea com consideraes do poeta sobre o Amor acusando-o de ser o
causador da morte de Ins.

2. parte Conflito (estrofes 120 a 132)
A felicidade de Ins (120 121)
Ins vivia tranquilamente nos campos do Mondego, rodeada por uma natureza alegre e
amena, gozando a felicidade do seu amor por D. Pedro.
O narrador, no entanto, vai introduzindo indcios de que essa felicidade no ser duradoira e
ter um fim cruel:
Naquele engano da alma, ledo e cego, (120, v.3);
Que a fortuna no deixa durar muito, (120, v. 4);
De noite, em doces sonhos que mentiam, (121, v. 5).

Condenao de Ins (122 125)
D. Afonso IV, vendo que no conseguia casar o filho em conformidade com as necessidades do
Reino, decide mandar matar Ins.
Os algozes trazem-na presena do rei.
O rei vacila, apiedado, quando a v surgir com os filhos, mas as razes do Reino levam-no a
prosseguir.

Discurso de Ins (126 129)
Ins inicia a sua defesa, apelando piedade do rei atravs:
- do exemplo das feras e aves de rapina que se humanizaram ao cuidarem de crianas
indefesas:
Se j nas brutas feras (126, v. 1);
Com pequenas crianas viu a gente (126, v. 5);
Terem to piedoso sentimento (126, v. 6);
- da afirmao da sua inocncia;
- do respeito devido s crianas (seus filhos, netos de D. Afonso IV);
- do apelo ao desterro.

Sentena e execuo da morte (130 132)
O rei mostra-se sensibilizado mas, uma vez mais, as razes do Reino soam mais fortes e a sua
determinao mantm-se.
Ins executada.

3 parte Desenlace (estrofes 133 a 137)
Consideraes finais do poeta (133 135)
O poeta compara esta atitude a outras atrocidades conhecidas.
Repudia a sua morte, aliando-a morte da natureza e eternizando-a na Fonte dos Amores.

Vingana de D. Pedro (136 137)
Quando D. Pedro sobe ao trono, concretiza a vingana, mandando matar os carrascos de Ins.

Você também pode gostar