A Arquitectura Gótica, As Catedrais
A Arquitectura Gótica, As Catedrais
A Arquitectura Gótica, As Catedrais
O Gtico
Construda em louvor de Deus e dos homens, a arquitectura religiosa tem como sua representao mxima a catedral, smbolo da f e da cidade onde era erigida. Os seus pinculos e agulhas elevam-se para o alto, encarnando o novo pensamento teolgico dos intelectuais da poca. Estes haviam comeado a valorizar a razo humana como reflexo da inteligncia divina, nica fonte da luz, isto , de todo o conhecimento e de toda a sabedoria. Por isso, Deus era a luz que, quando descia sobre as criaturas, as inundava da Sua graa e virtude. Atravs da luz de Deus, as almas elevavam o seu esprito at Ele.
A catedral gtica expresso da cidade e da renovao econmica: arte urbana, por excelncia, o gtico contemporneo e produto do ressurgimento urbano e do desenvolvimento econmico europeu nos sculos XII-XIII; reflecte a riqueza, o prestgio e a capacidade tcnica e empreendedora das cidades; a sua construo constitua um motivo de orgulho para as cidades, que competiam entre si na construo, em altura, de belos e sumptuosos edifcios; igreja do bispo, tornou-se o smbolo do poder espiritual e temporal da autoridade religiosa; smbolo do poder econmico da burguesia mercantil e letrada que financiava a sua construo e manuteno, contribuindo assim para o engrandecimento cultural da sua cidade.
O Gtico
O Gtico nasceu na le-de-France, nos arredores de Paris, graas a Mestre Suger, abade de Saint-Denis desde 1122. Suger reconstruiu a igreja abacial de Saint-Denis, entre 1137 e 1144, criando o modelo da arquitectura gtica.
Suger (1081-1151) foi abade de Saint-Denis (Frana), desde 1122 at sua morte. Hbil diplomata, foi conselheiro de Lus VI e de Lus VII e Regente durante a Segunda Cruzada. Numa monografia sobre Suger, Panofsky defende a tese de que este tenha sido muito influenciado pela leitura das obras de Pseudo-Dionsio, o Areopagita. Suger teria encontrado naquelas obras uma justificao filosfica para toda a sua atitude com respeito vida e arte e, consequentemente, para as intervenes arquitectnicas que realizou, ao conceber o monumento como obra teolgica. O Abade Suger, informa-nos Panofsky, ainda, "professava como telogo, proclamava como poeta, e praticava como patrono das artes e organizador de espectculos litrgicos", a abordagem anaggica, (o mtodo que eleva, que provoca o xtase mstico, o arrebatamento da alma na contemplao das coisas divinas) no sentido empregado pelo Pseudo-Areopagita. considerado o primeiro mestre-de-obras da arquitectura gtica, pelas inovaes promovidas na Baslica de Saint-Denis.
O Gtico
O Gtico exprimiu-se sobretudo na arquitectura ( qual se submeteram as artes plsticas), caracterizando-se pela inovao das tcnicas e processos construtivos o arco quebrado, a abbada de ogivas e os arcobotantes e definindo uma nova concepo de espao e de luz.
Arco quebrado
O arco quebrado formado por dois segmentos de crculo que se intersectam e, por ter uma maior verticalidade, faz com que as cargas exercidas sejam menores que as do arco de volta perfeita. Mais dinmico que o esttico arco redondo do romnico, e exercendo menores presses laterais, o arco em ogiva, quebrado ou apontado, possibilitou a construo de abbadas de cruz ou cruzaria - , que permitiu uma melhor articulao dos panos murais que as enchiam, conseguindo uma mais eficiente distribuio das foras que exercem sobre os pilares e paredes da construo.
Uma das portas da fachada ocidental da Catedral de Amiens, Frana, sculo XIII.
Arco ogival ou quebrado
Arcobotantes
A maior altura das abbadas obrigou a reforar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes, formados por um elemento macio vertical adossado s paredes exteriores das naves laterais o botaru e pelos arcobotantes. O arcobotante um arco de descarga que transmite o impulso da abbada para o exterior, mas sem o neutralizar, pelo que necessita de um contraforte para levar esse esforo ao solo. O arcobotante transfere para o exterior as presses das abbadas, permitindo construir naves mais altas sem pr em perigo a sua estabilidade.
Arcobotantes
Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1245. Esta catedral foi a primeira a beneficiar de arcobotantes duplos, cuja inveno ter ocorrido cerca de 1180, durante a sua construo.
O Gtico Primitivo
Desenvolvido na le-de-France (Saint-Denis e Notre-Dame de Paris), corresponde ao perodo de 1140-1190 e apresenta as seguintes caractersticas: Introduo do sistema estrutural gtico (arco quebrado, abbada de cruzaria de ogivas e arcobotante); A construo de quatro andares compostos por grandes arcadas rasgadas no piso inferior, a tribuna, o trifrio e o coroamento por janelas altas.
O Gtico Clssico
Corresponde aos modelos de Chartres, Reims, Bourges e Amiens, entre 1190 e 1240. Consiste num amadurecimento do sistema estrutural gtico, acompanhado de algumas inovaes:
normalizada a utilizao da abbada de cruzaria de ogivas e do arcobotante; A construo aligeira-se e as paredes adelgaam-se; Existem trs andares (suprime-se a tribuna, existindo apenas um trifrio baixo);
Catedral de Amiens
A catedral de Chartres
A catedral de Chartres
Catedral de Reims
Catedral de Reims
O Gtico Radiante
Desenvolveu-se aproximadamente entre 1240 e 1350 e corresponde a um perodo de plena expanso do gtico pela Europa. O seu prottipo a Sainte-Chapelle de Paris.
A decorao adquire uma maior complexidade; As janelas altas, cada vez maiores, enchem-se de motivos muito elaborados; As grandes rosceas atingem um grande virtuosismo decorativo.
A catedral de Estrasburgo
O Gtico Flamejante
a ltima fase do estilo gtico e estende-se aproximadamente de 1350 a 1520, no chamado Gtico Tardio. Afirma-se sobretudo na Frana e na Alemanha e caracteriza-se por:
Intensa decorao de motivos ondulantes, de curvas e contracurvas, e uma luxuriante decorao ornamental; A decorao sobrepe-se estrutura, numa elaborao crescente de molduras, lintis e capitis, cada vez mais fantasiada e desordenada, que acabam por revestir todo o edifcio.
Catedral de Troyes
Catedral de Milo
Catedral de Milo, Itlia, 1385-1485. Exemplo elucidativo dos exageros do tardo-gtico flamejante. Tem mais de duas mil esttuas e cinquenta e dois pilares, exaustivamente decorados.
Catedral de Salamanca, sc. XVI, com decorao plateresca do Gtico Tardio espanhol. visvel a influncia rabe na sua decorao.
Catedral de Salisbria
Catedral de Salisbria, Inglaterra, , 1220-1226, exemplo perfeito do perpendicular style, influenciada pelo despojamento e austeridade da Ordem de Cister.