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Reflexões Sobre Homeopatia, História e Epistemologia - Jorge Storace
Reflexões Sobre Homeopatia, História e Epistemologia - Jorge Storace
Reflexões Sobre Homeopatia, História e Epistemologia - Jorge Storace
FACIS/IBEHE
São Paulo, 2001
2
Banca Examinadora:
___________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
___________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
___________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
3
avô Lauro Jorge de Oliveira, homeopatista idealista, que manteve acesa e soube
Cada um por si tem seus próprios limites, mas juntos podem levar o nosso
David Bohm
5
Agradeço a meus pais Maria Luísa e Giorgio, e meus tios Lygia e Verany, pelo
suporte e carinho; a minha filha Fernanda pela paciência e atenção; aos amigos
José Bachur, José Romão, Jorge Gribov, Luís Salama e Marina Pedroso pelo
RESUMO
da Homeopatia, utilizando para isso uma análise histórica, onde são revistas as
complexidade e Morin).
7
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
1. Organograma Histórico-Epistemológico..........................................................7 a 9
[DEICHER,1995]..................................................................................................35
[HENDRICKSON, 1994]......................................................................................58
SUMÁRIO
1. Introdução..............................................................................................................1
2. Homeopatia e História...........................................................................................5
3. Homeopatia e Epistemologia................................................................................19
4. Conclusões...........................................................................................................71
5. Referências Bibliográficas....................................................................................75
10
1. INTRODUÇÃO
não sem muitas polêmicas, disputas e críticas que a acompanham desde seu início. Ela
foi e é exercida por médicos, em alguns lugares por práticos, e utilizada pela população
de distintos países com diferentes culturas, como Inglaterra, EUA, França, Alemanha,
XIX através de Benoit Mure (1809-1958) até a atualidade, pode ser dividida em 6 fases:
longo de todas essas fases, assim como desde sua origem européia, a Homeopatia
buscou sua legitimidade como saber, dos aspectos filosóficos até a busca por uma
uma crise na Medicina “oficial”, manifestada pelos seus altos custos econômicos, grande
1
Atualmente são 15000 médicos homeopatas (6,5% do total e médicos no país) contra 300 na
década de 80, 1600 farmácias homeopáticas contra 10 na década de 70, 9 milhões de usuários
estimados, dados da Associação Médica Homeopática Brasileira, 2001 [ORLANDI, 2001].
11
Ainda assim, seu estatuto como saber é seguidamente questionado por parte da
pois além de uma prática oficializada (1980), é também uma especialidade oficial (1990)
[LUZ, 1996]. Torna-se explícito que a oposição se dá agora, como sempre se deu, entre
Estas três definições são usualmente tomadas como sinônimos, o que permite que se
Homeopatia não pode ser. Em outras palavras, a Ciência, tomada como sinônimo da
é ou não saber qualificado. Alguns exemplos tornam clara a questão: no primeiro deles,
pseudociência:
Por último R. Sabatini, outro médico, aqui no papel de formador de opinião através da
[SABATINI, 1997].
já que o parâmetro científico é o que norteia quase que exclusivamente todas as questões
que é Ciência?”.
A primeira das questões propostas levará a uma análise histórica dos fundamentos do
2. HOMEOPATIA E HISTÓRIA
Renascimento3;
Medicina4;
- opção pela descrição dos indivíduos historicamente notáveis associada a uma sucinta
relevante, a saber:
2
Baseado principalmente em [JACKSON, s/d; GOETZ, 1950; BULLOCK&STALLYBRASS, 1977;
BUNGE, 1987; PESSANHA,1996; DURANT,1996; COMPTON, 1996].
3
Seguindo a definição consagrada de Renascimento [in BURCKHARDT, 1991].
4
Idem nota 1, além de [COULTER, 1981; GEHSPBM, 1986; NOVAES, 1989; BYNUM, 1995; LUZ,
1996; FOUCAULT, 1998; ROSENBAUM, 2000; STORACE, 2001].
15
consideradas relevantes.
As linhas que ligam Hahnemann a outros filósofos, cientistas e médicos visam indicar
Homeopatia6.
5
É comum encontrar-se na literatura filosófica a descrição de uma epistemologia ligada ao
empirismo descrita como “escola inglesa”, devido à preponderância de filósofos dessa
nacionalidade (Locke, Hume, Mill) mais ligados à essa linha considerada mais próxima de como se
admite o trabalho científico, em oposição aos filósofos do continente (europeu) como Descartes,
Leibnitz ou Kant, mais próximos de um racionalismo especulativo [FERREIRA/XIMENEZ, 1998].
6
Baseado especialmente em [COULTER, 1981; GEHSPBM, 1986; NOVAES, 1989; LUZ, 1996;
CHIBENI, 1998; ROSENBAUM, 2000]
16
Monismos corporalistas
Idade Antiga e Tales, VII-VI a.C. aprox.
Média - physis (água) – hilozoísmo
Anaxímandro, VI ac aprox.
Anaxímenes
- arché – ápeiron – pneumon
Eleatismo (discussão lógica e (ar)
ontológica) Pitágoras, VI a.C. aprox.
Parmênides, VI-V a.C. aprox. - mímesis numérica, natureza
aletheia divina única e imutável descontínua, discreta
Zenão, V a.C. aprox.
Aporias (paradoxos), crítica à
multiplicidade monista Heráclito viveu por volta de
504 a.C.
Logos-Fogo, fluxo universal
tensão harmônica dos opostos
Plotino 205-270
Neoplatonismo
S. Agostinho 354-430
Neoplatonismo cristão
T. Aquino 1225-1274
Filosofia escolástica
Paracelso 1493-1541
Quimiatria
Lei das assinaturas
17
Copérnico 1473-1543
Idade Moderna e Heliocentrismo
Contemporânea
Vesálio 1514-1564
Anatomia
Galileu 1564-1642
Experimentalismo,
observação natural
Bacon 1561-1626
Indutivismo ingênuo Kepler 1571-1630
Leis dos movimentos
planetários
Harvey 1578-1657
Circulação sanguínea Descartes 1596-1650
Racionalismo dicotômico
Sydenham 1614-1689
“Medicina de espécies” Spinoza 1632-1677
Monismo imanente
Locke 1632-1704
Empirismo Newton 1642-1727
Leis da gravitação Leibnitz 1646-1716
Síntese da mecânica Monadismo
Galvani 1737-1798
Eletricidade animal
Lavoisier 1743-1794
Oxigênio, Química
moderna
Lamarck 1744-1829
Evolução por
caracteres adquiridos
Hahnemann1755-1843
Homeopatia
Dalton 1766-1844
Atomismo moderno
Hegel 1770-1831
Bichat 1771-1802 Idealismo dialético
Histopatologia
Broussais 1772-1838
Fisiologia inflamatória
Ampére 1775-1836
Eletricidade
Schelling 1775-1854
Magendie 1783-1855 Filosofia Natural
Fisiologia mecanicista
Faraday 1791-1867
Campo eletromagnético
Darwin 1809-1882
Evolucionismo
J. S. Mill 1806-1903
C. Bernard 1813-1878
Fenomenalismo
Medicina experimental
Virchow 1821-1902
Patologia celular
Mendel 1822-1884
Genética
Pasteur 1822-1895
Microbiologia
Maxwell 1831-1879
Eletromagnetismo
Boltzmann 1844-1906
Mecânica estatística
Poincaré 1854-1912
Convencionalismo
Freud 1856-1939
Psicanálise
Planck 1858-1947
Teoria quântica Bergson 1859-1941
“Elán” vital
Russell 1872-1970
Positivismo atômico Einstein 1880-1955
Relatividade
Bohr 1885-1962
Princípio da
complementariedade
Hubble 1889-1953
Expansão universal
Bertalanffy 1901-1972
Teoria geral dos
sistemas
Heisenberg 1901-1976
Popper 1902-1994 Princípio da incerteza
Falsificacionismo
(C. Viena 1927-1938- Shannon 1916-2001
Positivismo lógico) Teoria da informação
Crick 1916- ]
Watson 1928- ] DNA
Prigogine 1917-
Termodinâmica
dissipativa
Bohm 1917-1992
Holonomia
Lorenz 1917-
Bunge 1919- Teoria do Caos
Racionalismo sistêmico
Morin 1921-
Complexidade
Maturana 1928-
Varela 1949-
Autopoiese
19
Já uma linha muitas vezes rotulada de relativista entende a história mais como uma
...os fatos de que realmente precisamos são somente aqueles que caracterizam
Afirma ainda que o estudo histórico tem um caráter distinto do estudo filosófico, uma
vez que
Esta sub-seção será, então, elaborada sob um ponto de vista histórico, sem um rigor
primeira edição de 1810), mais tarde Organon da Arte de Curar (a partir da segunda
edição de 1819 e nas seguintes, em 1824, 1828, 1833, e na póstuma, em 1921), pode-se
7
As três citações são de P. Burke [in BURCKHARDT,1991].
20
- patogenesia / individualização;
- vitalismo / miasmas.
O próprio título da obra remete sua origem remota a Aristóteles no século IV a.C.,
para o pensamento correto, nome dado ao conjunto de suas obras referentes à Lógica; e
extrai o princípio ativo do quinino, origem da China homeopática), e somente após ter
indução de leis gerais, para posterior dedução nos casos particulares. Esta última retoma
da mesma forma, por Hipócrates (460-370 a.C.) e, posteriormente, por Paracelso (1493-
1541) e sua Lei das Assinaturas, mas sem nenhuma proposição experimental-indutiva
como vista depois. E o conceito de ação e reação que Hahnemann sugere como estando
fenômenos como domínio científico completam, junto a Bacon, o conjunto dos pais
[PUSTIGLIONE, 1987].
Hahnemann recebe, ainda por esse lado, a influência de Locke (1632-1704) e Hume
[ROSENBAUM, 2000], e por outro lado toma de Sydenham (1614-1689) e Lineu (1707-
e para isso sintomas e sinais, tomados como equivalentes, eram o único guia. As
seja pelos maus hábitos de vida, morais, etc., seja pela contaminação por
patogenesias podem ser entendidas, então, como uma espécie de “cultivo” ou “criação”
artificialmente controlada para melhor apreensão, uma espécie de “nosocultura” para uma
Fica mais claro, dado esse panorama, porque Hahnemann segue um estilo
com sucesso na apreensão dos fenômenos naturais, ainda estava por se fazer sentir na
microbiologia.
socráticos (VII-VI a.C.), passando por Heráclito (VI a.C.), Empédocles (V a.C.) e
que é no homem e através do homem, animado por esse princípio vital, e não somente
retivessem uma ação sobre o organismo ao mesmo tempo em que eram atenuadas suas
propriedades toxicológicas8.
dissociação do saber científico na sua principal corrente evolutiva posterior, que passa
historicamente pré-científico.
(1949-) e teoria do caos de Lorenz (1917-) passam a redefinir a Ciência [CAPRA, 1997],
cujos conceitos clássicos podem, a partir de então, ser chamados da mesma forma de
pré-científicos.
8
Demonstrado, pelas variações e evoluções metodológicas de Hahnemann [in BARTHEL, 1993].
26
tecnologia gerada modernamente (laser, ressonância magnética). Sobre ela passa então
também a recair o rótulo do pré-cientificismo, antes de tudo por força da mesma crise
já proposto9:
as outras disciplinas e repartir esse legado (homeopático)... para tanto não basta
referido a uma interlocução entre uma realidade eleita e uma mente disposta a
9
Por Paulo Rosenbaum [in ROSENBAUM, 2000].
27
[ROSENBAUM, 2000].
evolução e seu confronto com a Homeopatia, é o assunto da seção seguinte, bem como a
visão (neo)vitalista-holista.
28
3. HOMEOPATIA E EPISTEMOLOGIA
conhecimento científico... Até meio século atrás... não era mais que um capítulo
Alguns dos mais importantes epistemólogos clássicos são Auguste Comte, Adrien
Marie Ampére, Bernard Bolzano, Claude Bernard, Pierre Duhem, Henri Poincaré,
Friedrich Engels, Bertrand Russell, Alfred North Whitehead, Vladimir Illich Lênin, Ludwig
A fundação do Círculo de Viena em 1927 marca uma mudança radical rumo a uma
de nomes como os de Moritz Schlick, Rudolf Carnap e, menos diretamente ligado, Karl
A obra de Popper marca uma linha divisória importante: antes dele, a maioria ou
quase totalidade dos epistemólogos erige suas obras sob influência do modelo indutivista
proposto por Bacon, refinado pelo empíricos posteriores como Locke, Hume, Mill, pelos
como a do próprio Popper e de nomes como os de Imre Lakatos, Thomas Kuhn, Paul
[LAKATOS, 1998; CHALMERS, 2000] para análise das proposições teóricas de cada
Homeopatia.
- Escher e as ilusões paradoxais do que parece ser “verdade” mas se revela “falso”;
extremamente reduzidos e destituídos de todo seu imenso impacto e valor, de cada uma
lógica do tipo:
“Para quaisquer A e B
Portanto, a partir de certos dados (A e B), uma vez conhecida uma ou mais relações
categoria.
partir delas se propõe experimentos que a deduzam para casos particulares, confirmando-
observação.
Sua aparente simetria lógica está provavelmente na origem de que o senso comum
entre cientistas mesmo hoje em dia, costuma se assemelhar muito a esse modelo. Essa
sua origem foi progressivamente reformulado devido a inconsistências tanto lógicas como
fenomenalismo, positivismo).
Francis Bacon, nascido na Inglaterra, foi o proponente original desse modelo, através
do qual pretendia, e que de certa forma ocorreu, erigir uma nova Ciência e uma nova
Utopia livres da metafísica escolástica e dos antigos erros na observação dos fenômenos
e construção de leis:
Aqui, pela primeira vez, estão a voz e o tom da Ciência moderna [DURANT,
1996].
coletivo ocidental desde então. A Ciência não como uma tradição, mas como verdade e
Não é difícil notar a semelhança entre esse novo espírito científico e o universo por
Toda experiência pura, contudo, e toda pesquisa perfeita nos convencem que
derivada de um indutivismo poderiam se estender por muitas páginas. Pode-se dizer que
a previsão baconiana de uma nova Ciência toma uma primeira forma definida, em
Medicina, com Hahnemann: experiência pura como dados empíricos confiáveis, pesquisa
perfeita, estudos com experimentos, para indução de leis gerais como a de semelhança.
observacionais):
O fato da Homeopatia ter enfrentado tantas e tão contínuas oposições desde o seu
quais proposições são aceitas e quais são rejeitadas, na medida em que, ao aceitá-las,
cética: consiste em mostrar que (se) uma proposição não está comprovada... é
[LAKATOS, 1998].
...o historiador indutivista não pode oferecer uma explicação... racional para o
motivo que conduz no caso presente a uma seleção preferencial de certos fatos
tida pela metafísica por alguns grandes cientistas e, na realidade, o motivo que
os levava a pensar que as suas descobertas eram importantes por razões que à
contato entre os corpos na natureza. O modelo newtoniano permaneceu acuado por anos,
correção de seu modelo, até que corroborações da teoria feitas por previsões bem
indutivismo: a suposição de que uma observação é pura, que o dado empírico dos
sentidos corresponde a uma verdade, uma tábula rasa, é uma falsa suposição. Toda
psicológicos, não havendo de forma nenhuma algo como um dado puro dos sentidos
(crítica exercida por Hume, para quem crenças em leis e teorias são hábitos psicológicos
relacionadas a B seriam suficientes para permitir a indução, e isso não se daria de forma
10
Tendo o próprio Newton avançado o conceito indutivo de método científico em seus Principia:
1) não se admite mais causas dos que as verdadeiras e suficientes para a explicação do
fenômeno; 2) os mesmos efeitos naturais se relacionam com as mesmas causas; 3) as qualidades
dos corpos se estendem universalmente; e 4) as proposições serão consideradas acuradas até
que sejam contrariadas por outros fenômenos [WEISSTEIN, 2000].
37
lógica, mas por simples convenção (que influenciará a adoção de um modelo probabilista,
ou então convencionalista).
afirma algo que pretende precisamente provar, o que gera uma assertiva que pretende
delimitação das condições empíricas mínimas necessárias para que, apesar de não
produção do saber científico não foram cumpridas na grande maioria dos exemplos das
Pressupõe que a escolha entre duas teorias rivais, competindo pela primazia da
indutiva e mais de um acordo geral (convenção) no âmbito dos que fazem Ciência.
consideração o método científico basicamente como colocado por Newton (vide nota 10,
pág. 27).
- e será considerada correta até que seja contrariada por fenômenos ou outras teorias
caráter, respectivamente:
substituída por uma melhor, uma teoria já não carrega completamente a verdade em
Essa postura foi adotada por inúmeros cientistas ao longo da história. Um exemplo
anéis fechados do benzeno (inspirado pelo sonho que teve de uma cobra mordendo o
próprio rabo). Acreditava ser tal estrutura uma descrição teórica fictícia; útil, mas não
teorias científicas, uma melhor substituindo a outra menos precisa, sem rupturas12.
11
Nome dado para a proposição epistemológica que defende que, apesar de existir uma realidade
externa ao observador, a teoria não é a descrição direta dela mas apenas uma aproximação útil,
em oposição ao realismo científico que advoga que uma teoria corresponde à realidade em um
certo grau, ou à própria realidade [CHALMERS, 2000]. Para Lakatos [LAKATOS, 1998], o
instrumentalismo não é mais que uma versão degenerada do convencionalismo.
12
Conceito que é contestado por epistemólogos com Thomas Kuhn, como será visto adiante.
40
realidade em si, mas apenas os fenômenos e suas relações apresentadas por ela. A
mundo confrontadas com as verificações. De qualquer forma, essa não é uma posição
subjetivista (tal como não há uma realidade, apenas o que pensamos que ela seja),
mas apenas indica que as noções científicas falam minimamente sobre fragmentos da
realidade:
preconcebidas. Isso não é possível; não somente seria tornar estéril toda
desfazer assim tão facilmente... (então) precisamos tirar o melhor partido desse
pouco que podemos atingir diretamente. É preciso que cada experiência nos
Assim, graças à generalização, cada fato observado nos faz prever um grande
seguro, de que todos os outros são prováveis. Por mais sólida que nos possa
nos sentir satisfeitos. Mais vale prever sem certeza do que absolutamente não
- a unidade e simplicidade da natureza: o fato de poder haver uma hipótese indica que
tanto mais apreensível quanto mais simples, o que deve indicar essas duas
propriedades da mesma:
não fossem como os órgãos de um mesmo corpo, elas não agiriam umas sobre
as outras... logo não temos que nos perguntar se a natureza é una, mas, sim,
como ela é una... (mas) não é seguro que a natureza seja simples... se nossos
diante... em algum momento, temos que parar e, para que a Ciência seja
- a experiência crucial: seguindo Bacon, acredita que uma experiência bem conduzida
ou malfeitas:
malfeitas. Estas últimas se acumularão em vão, quer sejam cem, quer sejam mil.
42
fará, todas, cair no esquecimento... O que é então uma boa experiência? É a que
nos desvenda algo além de um fato isolado; é a que nos permite prever, isto é, a
universo), uma verdade relativa (provável), o valor de uma experiência singular (crucial)
1962]) pode ser considerado como mais simples e mais simétrica: um pequeno conjunto
imunológico, psicossomatismo; possui maior poder preditivo, tais como leis de cura,
prognóstico clínico dinâmico, miasmas entendidos como padrões evolutivos gerais, não
13
Parcialmente desmistificado pela historiografia mais recente, tendo manipulando experiências a
seu favor com por exemplo a ocultação da morte de uma criança e de cães pela vacinação anti-
rábica, apesar do inegável sucesso nas campanhas posteriores [SCLIAR, 1995].
43
Por outro lado, algumas escolas entendem que a Homeopatia descreve a realidade
médica de uma forma literal, o que pode se chocar com uma postura convencionalista.
Mas o principal é a crítica corrente por parte da Ciência, e que parece ter uma caráter
ação de ultradiluições.
Apesar disso, esses critérios podem estar sendo cumpridos em nossos dias, em face
dessas questões14.
14
Estudo metanalítico de trabalhos clínicos homeopáticos nos últimos 25 anos demonstrou eficácia
em 81 dos 107 trabalhos analisados; dos 22 estudos de metodologia considerada ótima, 15
apresentaram positividade [ULMANN, 1995]. Recentemente 4 laboratórios independentes
confirmaram os então controversos resultados positivos da degranulação de basófilos por altas
diluições obtidos em 1988 [BENVENISTE, 1988; BROWN&ENNIS, 2001; FISCHER, 2001;
MILGROM, 2001].
44
ao... reducionismo... que pode ser contrastado com o holismo... e negado pelo
homeopáticas. A noção de que sistemas biológicos podem ser reduzidos aos sistemas
processos fisiológicos, físicos e químicos encontra aqui sua maior antinomia em relação à
contra essa visão que a Homeopatia surge como uma das possibilidades de resposta às
inquietudes surgidas nas últimas décadas. Portanto, pode-se dizer que o modelo
45
homeopático e o modelo positivista são irredutíveis: não se comunicam, a não ser para se
Física) às mais “complexas” (Medicina, sociologia), o saber das mais simples necessário
positiva, por, muito antes de Comte ter nascido, ter transformado o pensamento médico
fisiológica cerebral do que espiritual; a ação dos medicamentos, próxima aos conceitos de
Uma vez que a Homeopatia não continha, em sua origem, elementos da filosofia
positivista, e nem esta a via como Ciência positiva –pelo contrário, taxava-a de
médicos homeopatas, de alguns pontos de sua teoria para que ela pudesse ser
De qualquer forma, o positivismo comteano é muito diferente daquele que vai inspirar
Círculo e Viena.
que ele havia reprimido de maneira tão resoluta na sua atitude para com a
que considera os dados dos sentidos como uma aproximação à realidade, sem que seja a
troca de análises parciais da questões, apesar de conceber que a crença ocupa um lugar
como há de conhecimento, a tarefa filosófica é apontar o seu mais alto grau de verdade,
saber se o termo verdade está sendo corretamente utilizado, mas sim que frases, crenças
ou juízos são verdadeiros ou falsos. Por outro lado, o trabalho epistemológico se traduz
na tarefa de
dúvida em certo grau”... assim quer a verdade, quer a falsidade são relações
esforço do Círculo de Viena, descendente direto de suas idéias, permite que se abram os
Para Popper, o fato da postura realista por ele adotada sofrer a crítica de pertencer à
ordem da metafísica não é relevante, já que é o realismo que autoriza o “jogo” científico:
segundo algum idealismo existencialista, se tudo não passa de um “sonho da mente” não
Sob uma perspectiva histórica, a metafísica pode ser vista como a fonte de que
E adota a de maior valor, sob seu ponto de vista, para a Ciência: o realismo. A Ciência
[POPPER, 1972].
uma) tradição racionalista que nós herdamos dos gregos... (o que implica em
grande função é) sua influência liberalizadora – como uma das maiores forças
A partir disso, para Popper a Ciência surge de um consenso, isto é, um acordo entre
os investigadores a respeito dos valores e objetivos comuns que partilham, dentre eles:
pessoais;
Da parte de quem faz Ciência, estes cientistas devem possuir um espírito crítico e um
busca o aprimoramento. Até aqui, Popper parece quase indistinguível de uma posição
50
Popper evita o conceito absoluto de verdadeiro e falso em Ciência; uma teoria, uma
vez aceita em lugar de outra, não significa que diga como a realidade é verdadeiramente,
mas sim que descreve uma melhor aproximação dos fatos. Portanto, a evolução da
Ciência se dá com base a uma aproximação cada vez maior e melhor, sem nunca se
chegar a uma verdade absoluta, que, se existir, é incognoscível. Com isso, uma teoria
pode ser melhor quanto mais, em termos lógicos, possa ser refutada; se não houver
possibilidade de refutação, não é uma teoria e sim um dogma, e, portanto, não pode ser
sentido de que se ratifique que seu resultado é mais valoroso que outro;
Deve-se notar que ainda faltaria à Homeopatia, segundo estes critérios, o denominado
consenso científico, tanto “interno” quanto em relação à Ciência em geral. Com relação à
dinâmico da totalidade psicofísica, que pode ser auxiliado na sua correção pela utilização
condições gerais15) X pode ser mais precisa em certas condições (por exemplo,
2) semelhante à anterior;
3) não é possível responder à esta condição, já que X não passou ainda pelo mesmo
4) semelhante à anterior;
5) parece (mesma condição que itens 1 e 2) que X contextualiza melhor problemas antes
isolados por Y.
15
Aqui valem as mesmas observações referidas na nota 14 (pág. 34), na medida em que os dados
homeopáticos passam a satisfazer as condições gerais e se tornam, portanto, dados científicos.
53
- a hipótese da força vital: não é refutável a não ser que seja trocada por uma hipótese
força (fisicamente) imaterial não pode ser negada nem confirmada, tornando-se então
a identidade dada por seu conjunto ao mesmo tempo que ganharia uma consistência em
vários séculos– é que a nova teoria pôde ser comparada com sucesso aos
explicação da Ciência pode ser aceita como suficiente a menos que possa
de programas de pesquisa.
teoria, que formariam o seu núcleo irrefutável, o “coração” de determinado programa. Por
convenção, esse núcleo não seria mudado apesar de provas em contrário, mas antes ele
16
A irrefutabilidade convencionada do núcleo corresponderia ao que Lakatos denomina de
heurística (método que consiste no procedimento de busca de um objetivo desconhecido com base
em critérios conhecidos [BULLOCK/STALLYBRASS,1977]) negativa; as progressões e regressões
do cinturão, variáveis em cada programa são chamadas de heurística positiva [CHALMERS, 2000].
56
não traria nenhum ônus para o núcleo em si. Abandonar as idéias nucleares significa
seria constituído pelas leis da gravitação mais o conceito de força gravitacional, foi
corretas se o Sol fosse considerado um ponto e não esférico, por exemplo. As evoluções
adequaria melhor aos exemplos históricos bem como seria um modelo epistemológico
17
página 27.
57
mais produtivo para as pesquisas atuais, já que não exige que programas rivais se
pode ser encarada como um programa de pesquisa. Seu núcleo irredutível ou rígido,
- lei da semelhança;
psíquicos, agravação, dentre as mais destacadas, que poderiam ser refutados sem
comprometimento do núcleo.
18
“A Questão da Cientificidade da Homeopatia” [in CHIBENI, 1998].
58
seja tratado por duas teorias, uma fenomenológica e outra construtiva; nesse
forma, por adotarem o mesmo núcleo, estariam trabalhando sempre dentro do mesmo
enfoque é mais realista ou mais instrumentalista, é considerar de mais alto valor uma
de ser uma pseudociência e passa a adquirir caráter científico, como um programa rival
59
enquanto o outro progride. A resposta para a pergunta sobre qual cumpre qual descrição
é impossível dentro do modelo, e isso é admitido por Lakatos a respeito de sua proposta,
no entanto sua prática o nega, e até afirma o contrário; o inverso é algumas vezes
imprevisível em um tempo futuro, como atestado novamente por Newton e seu conceito
“matéria escura”, procurada hoje em dia por astrofísicos para melhor “acomodar” a
como insuficiente enquanto uma epistemologia prospectiva, sendo mais uma descrição
do que em uma história externa, interpretada ora como história geral, ora como sociologia,
ora como psicologia, ou combinações das mesmas, apoiando-se nesta última em maior
ou menor grau para corroborar seus modelos, mas procurando independer-se dela na
19
Do grego para=proximidade e deikmen=mostrar, modelo, exemplo [WEBSTER, 1951;
JACKSON, s/d].
61
De forma diversa, Kuhn passa a integrar com muito maior intensidade elementos da
conceituação de paradigma,
compreensão da realidade;
- metafísico, onde representa uma determinação mais ampla e mais difusa que a teoria,
ou seja, não é uma teoria e pode funcionar sem ela, sendo nessa caso mais extenso
já que uma etapa não sucede à outra por ser melhor per se, mas por trazer melhores
comunidade científica passarão a buscar novos modelos. É uma fase onde predomina
são irredutíveis, isto é, um não pode ser explicado pelo outro, pois muitas vezes suas
diversas áreas da cultura e atividade humanas, pode-se dizer que antes do Renascimento
- raciocínio analógico;
64
- raciocínio analítico;
Cabe, aqui, um critério de distinção que KUHN aplica entre Ciência e arte, para
arte, embora se busque o novo, um paradigma antigo ainda é uma fonte viva de
coletiva.
ela carrega é apenas uma parte de uma questão mais complexa. A Medicina é
Ciência na medida em que se baseia na Biologia (que por sua vez se baseia na
[STORACE, 2000].
66
Kuhn, na medida em que relativiza sua análise epistemológica (apesar de não ter se
portas para que se trate a Ciência e suas relações com todas as outras áreas da cultura
consta da contracapa de sua obra Adeus à Razão, onde é dito que faz
Ciência. Esta crítica, porém, está aliada a um profundo respeito pelos saberes e
1991].
características à ele atribuídas, mas que não fazem jus à profundidade e extensão de sua
obra. Seu trabalho é mais crítico do que construtivo, já que não se dispõe a substituir uma
filosofia de Ciência por outra melhor, mas sim explicitar os limites e deficiências de
qualquer epistemologia, bem como, e principalmente, tornar claro o uso ideológico que é
relação à cultura e a sociedade que a geram. Nesse sentido, alia-se a Kuhn, mas vai mais
além: não existe nenhuma história “interna” ou “externa”. Considera que esse
aos pré-socráticos, tem por objetivo legitimar a Ciência como um saber detentor de uma
“verdade” superior e portanto inquestionável a não ser por quem a faz, trazendo como
direto por uma democracia e humanitarismo de “fachada” que esconde de fato uma
postura autoritária, totalitária e destrutiva sob os pontos de vista ético, político e social,
... combater aquilo que pode ser chamado de ideologia da Ciência, tal como
[CHALMERS, 2000].
69
superior a qualquer outro; Ciência, religião, os saberes e práticas das diferentes culturas e
Essa escolha não deve ser imposta ou “vendida”, podendo ser no máximo argumentada
processo deve se dar por uma verdadeira escolha democrática, a melhor das formas
Além do relativismo ser sua proposta epistemológica explícita para uma sociedade,
de mundo de uma cultura, e esta por sua vez está ancorada no conjunto das
havendo, portanto, nada como “leis universais absolutas”. Portanto, apesar de concordar
com o realismo, isto é, com a existência de um mundo real que se dá a conhecer pelos
sentidos, as noções daí derivadas não podem ser generalizadas, por ser impossível fugir
1916), físico nascido na antiga Tchecoslováquia (atual Morávia), que defende o uso de
como uma legítima e até mesmo refinada busca do saber, mas se posiciona contra a idéia
relativiza essa posição como uma dentre muitas igualmente possíveis, e concorda que
Nesse sentido, aponta que as soluções ou visões holísticas não são nada mais do que
sobre o mundo, para novamente tentar integrá-las e subjugá-las sob novas visões
alguma forma melhorado, pretenda transformar-se numa novo e próxima noção absoluta
de verdade médica.
Pode-se dizer que para Feyerabend não há uma noção de pseudociência, pois não há
um parâmetro absoluto, ou, mais tecnicamente, não há uma demarcação absoluta entre
relativa na medida que uma cultura ou população se considera “bem”: melhor, mais feliz
ou mais adaptada ao mundo com determinada escolha, e que isto não é subjetivo, apesar
técnica da Ciência por parâmetros sempre quantitativos é uma distorção que afasta o
valor qualitativo que o ser humano atribui às coisas como irrelevante ou de menor
71
Protágoras, 485-411 a. C., filósofo grego, autor da frase “O Homem é a medida de todas
quais se destacam:
culturas, instituições, idéias estranhas (por muito fortes que sejam as tradições
semelhante estudo num requisito metodológico... apenas... que pode ter efeitos
considerados benéficos...
a Ciência deve ser tratada como uma tradição entre tantas e não como um
parâmetro de avaliação do que é ou não é, do que pode ou não pode ser aceito.
combinados com promessas no campo das Ciências naturais que nunca virão a
ser cumpridas.
esforço humano, faz parte de uma tradição especial que, avaliada pelos seus
– para cada afirmação, teoria, ponto de vista acreditado (como verdadeiro) com
sentido de um saber, no seu conjunto, válido, criativo e eficiente nas respostas que dá à
respondendo “regionalmente” (do ponto de vista ocidental) com uma prática relevante ao
20
Vide nota 1 (pág. 1).
73
preponderância a priori de qualquer uma delas sobre outra, no sentido de uma maior
proposta relativística é deixado em aberto. Uma possível resposta à esta questão será
contemplada a seguir.
74
vivos apresentam-na da forma mais elaborada; todos os átomos de tudo o que existe
foram forjados a partir da singularidade inicial, e os átomos que formam os sistemas vivos
evolução no planeta, em estreita simbiose, e no entanto, em cada ser vivo, os átomos que
holonômica [BOHM, 1989]. O ser humano individual, inserido e originado deste fluxo
75
organização social e cultura, e com isso passa o olhar reflexivamente para todo o
processo.
pré-socráticos pela busca racional de uma Ciência que gira continuamente entre o
importância, mas antes aponta para uma necessidade da cultura ocidental, em particular,
[LOVELOCK, 1991].
76
Uma dessas possibilidades é a proposta de Edgar Morin (1921-), francês, que pode
qualidades, mas às medidas; não aos seres e aos entes, mas aos enunciados
Portanto, fica claro que para Morin o vitalismo ou qualquer outro tipo de holismo é
outra sendo capaz de dar conta da complexidade, como deixa claro a seguir comentando
...tudo aquilo que era matéria no século passado tornou-se sistema (o átomo, a
molécula, o astro), tudo aquilo que era substância vital tornou-se sistema vivo;
tudo aquilo que é social foi sempre concebido como sistema... (mas isso)
77
1990].
singularidade local;
- necessidade de inclusão de uma história, em seu sentido lato, bem como no sentido
- conceituação de uma causalidade complexa, que envolve, nos seres vivos, a questão
- distinção mas não disjunção entre observador e objeto, objeto e ambiente, ser vivo e
complexo.
Uma reflexão de Morin, sociólogo, sobre “duas sociologias” que vê em curso pode
muito bem ser adaptada para a Medicina. Há uma Medicina (convencional) que se
pretende científica, que se serve das noções mecânicas e energéticas para eliminar a
convencional) que resiste a esta cientificação, que fala de um sujeito vital essencial no
melhor inclusão das noções das psicologias analíticas, bem como uma reformulação da
simplificador.
que
... hoje diríamos aos vitalistas: têm razão em insistir no aspecto maravilhoso da
vida. Mas é necessário alargá-lo a toda a matéria. Aos mecanicistas diremos: têm
razão em insistir na continuidade entre a matéria e o ser vivo, mas nem um nem
4. CONCLUSÕES
evidentemente situada dentro das principais correntes filosóficas que regeram a evolução
aspectos clássicos da Ciência também são, no curso de sua evolução, considerados pré-
científicos, e então essa categoria passa a ser igualmente estendida à toda Medicina
Portanto, a partir da leitura histórica proposta, a Homeopatia não pode ser designada
de nenhuma forma como um culto ou uma seita dogmática. Seus estatutos e proposições
não são de natureza religiosa, pelo menos não mais do que os estatutos e proposições
originais da Ciência. Nesse sentido, o caráter histórico científico da Homeopatia deve ser
ocidental. Apenas depois de bem estabelecido esse panorama pode-se passar ao longo
tanto mais eram considerados não-científicos. A seguir, essa norma passa a ser
insuficiente como demarcação estrita do que pode ou não ser considerado Ciência, como
convenção clássica.
mesmo tempo que se mostram mais dependentes da cultura e sociedade em que está
inserida do que se supunha tempos atrás, dessa forma procurando responder a “O que é
Ciência”: uma busca de um novo saber rigoroso e totalizante, que passa a excluir de sua
esfera tudo o que não pode ser reduzido às suas normas, para então mais recentemente
objetivos.
apresenta dificuldades ainda não superadas pela convenção clássica e tem seu caráter
científico positivo negado. Algumas de suas proposições falseáveis passam a poder ser
consideradas científicas, uma vez desmembradas de seu conjunto, conjunto esse que
aponta para um novo paradigma e que pode ser considerado legitimamente um programa
de pesquisa científico. Uma vez restituído seu papel científico dentro desses critérios,
uma crítica relativa o situa como um dos possíveis saberes (médicos) social-comunal-
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culturalmente relevantes para que se obtenha uma nova noção complexa de Ciência e do
mundo.
evolução da Ciência. Surge então que o diálogo crítico e democrático entre os diferentes
lados, historicamente ligados, uma vez que não haja submissão ideológica ou
desqualificação apriorística.
O caráter evolutivo e até certo ponto aberto da Ciência é sua principal e grande
melhores características relativas que a tem tornado uma melhor opção de visão de
mundo. Seu caráter ideológico é idêntico a quaisquer ideologias de cunho filosófico e/ou
sua visão. Já suas verdades são relativas à escolha que uma comunidade faz, consciente
natural. Uma face da moeda onde números são talhados, revelando as características
tendência a explicar as partes pelo todo. Fadadas a não se olharem face a face, a via de
comunicação possível é por meio da própria matéria de que são feitas. Essa eterna
simplicidade e simetria. Talvez uma sociedade que consiga enxergar o belo também na
e menos egoísta, mais tolerante e mais justa, mais equilibrada nos seus muitos e
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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