Uma didática para a pedagogia histórico-crítica
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Sobre este e-book
O autor divide a nova didática em cinco passos, e cada um deles tem como objetivo envolver o educando na aprendizagem significativa dos conteúdos. Desta forma, os conteúdos e os procedimentos didáticos são estudados na interligação que mantém com a prática social dos alunos.
O livro destina-se a professores do ensino fundamental e médio que desejam oferecer aos educandos uma possibilidade de aprender criticamente o conhecimento científico. Professores do ensino superior encontrarão nele um novo caminho para seu trabalho na formação das competências e habilidades dos futuros mestres.
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Uma didática para a pedagogia histórico-crítica - João Luiz Gasparin
Uma Didática
para a Pedagogia
Histórico-Crítica
Coleção Educação Contemporânea
Esta coleção abrange trabalhos que abordam o problema educacional brasileiro de uma perspectiva analítica e crítica. A educação é considerada como fenômeno totalmente radicado no contexto social mais amplo e os textos desenvolvem análise e debate acerca das consequências desta relação de dependência. Divulga propostas de ação pedagógica coerentes e instrumentos teóricos e práticos para o trabalho educacional, considerado imprescindível para um projeto histórico de transformação da sociedade brasileira.
Conheça mais obras desta coleção, e os mais relevantes autores da área, no nosso site:
www.autoresassociados.com.br
Uma Didática
para a Pedagogia
Histórico-Crítica
João Luiz Gasparin
5ª EDIÇÃO REVISTA
Copyright © 2020 by Editora Autores Associados Ltda
Todos os direitos desta edição reservados à Editora Autores Associados Ltda
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gasparin, João Luiz
Uma didática para a pedagogia histórico-crítica [livro eletrônico] / João Luiz Gasparin. -- Campinas, SP : Autores Associados, 2020. -- (Coleção educação contemporânea)
ePub
Bibliografia.
ISBN 978-65-990552-5-6
1. Educação - Finalidade e objetivos 2. Educadores - Formação profissional 3. Pedagogia crítica 4. Prática social 5. Sociologia educacional I. Título. II. Série.
Índices para catálogo sistemático:
1. Pedagogia histórico-crítica : Educação 370.115
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Ebook – setembro de 2020
Conversão ePub – Bookwire
[versão impressa: 5ª ed., jan. 2011 | 2ª reimpr., jul. 2015 | 1ª reimpr., mar. 2013 | 1ª ed. set., 2002]
EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA.
Uma editora educativa a serviço da cultura brasileira
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Catálogo on-line: www.autoresassociados.com.br
Conselho Editorial Prof. Casemiro dos Reis Filho
Bernardete A. Gatti
Carlos Roberto Jamil Cury
Dermeval Saviani
Gilberta S. de M. Jannuzzi
Maria Aparecida Motta
Walter E. Garcia
Diretor Executivo
Flávio Baldy dos Reis
Coordenação Editorial
Érica Bombardi
Revisão
Aline Marques
Rafaela Santos Lima
Rodrigo Nascimento
Diagramação
Maisa S. Zagria
Capa
Baseada em pintura de
Paul Klee, Insula dulcamara, 1938
Milton José de Almeida
Arte-final
Maisa S. Zagria
Ao professor Dermeval Saviani,
por sua luta em defesa de uma
educação engajada e crítica.
SUMÁRIO
PREFÁCIO À 5ª EDIÇÃO
APRESENTAÇÃO
Dermeval Saviani
INTRODUÇÃO
PARTE I
PRÁTICA SOCIAL: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ATUAL DO EDUCANDO
Capítulo 1
PRÁTICA SOCIAL INICIAL DO CONTEÚDO: O QUE OS ALUNOS E O PROFESSOR JÁ SABEM
1. Fundamentos teóricos
2. Procedimentos práticos
3. Exemplo
PARTE II
TEORIA: ZONA DE DESENVOLVIMENTO IMEDIATO DO EDUCANDO
Capítulo 2
PROBLEMATIZAÇÃO: EXPLICITAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS DA PRÁTICA SOCIAL
1. Fundamentos teóricos
2. Procedimentos práticos
3. Exemplo
Capítulo 3
INSTRUMENTALIZAÇÃO: AÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A APRENDIZAGEM
1. Fundamentos teóricos
2. Procedimentos práticos
3. Exemplo
Capítulo 4
CATARSE: EXPRESSÃO ELABORADA DA NOVA FORMA DE ENTENDER A PRÁTICA SOCIAL
1. Fundamentos teóricos
2. Procedimentos práticos
3. Exemplo
PARTE III
PRÁTICA SOCIAL: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ATUAL DO EDUCANDO
Capítulo 5
PRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO: NOVA PROPOSTA DE AÇÃO A PARTIR DO CONTEÚDO APRENDIDO
1. Fundamentos teóricos
2. Procedimentos práticos
3. Exemplo
CONCLUSÃO: COMO INICIAR?
REFERÊNCIAS
ANEXOS
PREFÁCIO À 5ª EDIÇÃO
Aelaboração deste livro e sua primeira edição, ocorrida em setembro de 2002, era o cumprimento de um desafio que me impus: traduzir a pedagogia histórico-crítica para uma didática. De certa forma, a obra constitui-se uma resposta a uma provocação do professor Saviani, quando, durante o meu curso de doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ao tomar um cafezinho na cantina da instituição, comentei que seu livro, Escola e democracia, era uma obra de grande aceitação entre os docentes, mas que se destinava mais aos estudos da filosofia da educação ou da pedagogia. Perguntei-lhe, então, por que não traduzia sua proposta de pedagogia histórico-crítica para uma didática, no intuito de que mais professores, nas diversas áreas do conhecimento, pudessem melhor realizar o processo de ensino e aprendizagem. Ele respondeu-me, simplesmente: Eu fiz a minha parte
, e continuou tomando seu cafezinho. Entendi que se alguém quisesse arriscar-se a dar um passo adiante, que o fizesse. Tentei e fiz. O que pretendi realizar foi uma proposta de didática que tivesse como fundamento teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético. Estava ciente dos riscos, das dificuldades e das possíveis críticas.
O trabalho foi estruturado em quatro níveis descendentes. O primeiro deles, o mais amplo e profundo, tem como base a teoria do conhecimento do materialismo histórico-dialético, cuja diretriz fundamental no processo de conhecimento, consiste em partir da prática, ascender à teoria e descer novamente à prática, não já como prática inicial, mas como práxis, unindo contraditoriamente, de forma inseparável, a teoria e a prática em um novo patamar de compreensão da realidade e de ação humana. O fundamento para esta fase é o método da economia política de Marx.
O segundo nível tem como suporte a Teoria Histórico-Cultural de Vigotski, quando explicita o nível de desenvolvimento atual e a zona de desenvolvimento imediato, dos quais resulta o novo nível de desenvolvimento atual, como síntese de ambos.
O terceiro nível são os cinco passos da pedagogia histórico-crítica de Saviani: Prática Social, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social.
Por fim, como quarto nível, no chão da sala de aula, está minha leitura e interpretação de Marx, Vigotski e Saviani, buscando transpor seus fundamentos teórico-metodológicos para uma didática teórico-prática.
A boa aceitação do livro tem sido demonstrada por sua utilização em concursos públicos do magistério de ensino fundamental e médio, tanto em nível estadual quanto municipal, bem como pela quantidade de palestras que proferi, atendendo a solicitações de núcleos de educação, escolas públicas e particulares de educação básica, bem como de instituições de ensino superior do estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Todavia, seu maior reconhecimento foi dado por diversas Secretarias de Educação de prefeituras municipais do Paraná e Santa Catarina. Atendendo a solicitações desses órgãos, a fim de que fosse explicitada a forma como a didática da pedagogia histórico-crítica poderia ser utilizada nas diversas áreas do conhecimento do ensino fundamental e médio, desenvolvi os seguintes passos, como assessor: 1) elaboração de projeto de assessoria; 2) realização de palestra para a equipe pedagógica e todos os professores municipais, a fim de explicitar os fundamentos teórico-práticos da teoria dialética do conhecimento e da pedagogia histórico-crítica e da respectiva didática; 3) realização de oficinas de planejamento de unidades de conteúdos que efetivamente seriam desenvolvidos em aula pelos professores, dentro desta proposta; 4) análise da ficha de acompanhamento da implantação da nova proposta, conforme anexo D do livro; 5) implantação, nas escolas, da nova metodologia; 6) relato, por escrito, dos professores, após a execução das unidades de conteúdos, sobre os aspectos positivos e críticos dessa forma de trabalho, conforme ficha de acompanhamento
; 7) envio das fichas para o assessor a fim de proceder à análise e, posteriormente, fazer a devolutiva aos professores sobre seu trabalho; 8) reencontro do assessor com a equipe pedagógica e os professores para apresentação da análise dos relatos e aprofundamento de aspectos teórico-práticos da proposta; 9) oficinas de planejamento de novas unidades de conteúdo; 10) avaliação coletiva dos trabalhos desenvolvidos.
Os resultados obtidos com essa forma de trabalho tem sido muito bons porque a proposta, nos diversos municípios em que atuamos, foi assumida coletivamente pelas Secretarias de Educação: secretário, equipes pedagógicas e professores.
Considerando que se trata de uma alternativa nova de ensino e aprendizagem para a maioria dos professores, é necessário um tempo relativamente longo para sua efetivação, isto é, de dois a três anos, pois não basta aos professores conhecer teoricamente a proposta; é necessário assumir uma nova atitude, uma nova postura prática e poder executá-la em sala de aula. Ocorre que as mudanças de partidos políticos na administração das prefeituras têm, com muita frequência, interrompido a continuidade do trabalho, pois cada novo prefeito, em geral, pretende iniciar do zero a modalidade educacional de sua gestão, muitas vezes com outras linhas teórico-metodológicas. Isto poderia ser muito bom, se os professores tivessem tido tempo de conhecer e dominar na prática a proposta apresentada. Poderiam, então, realizar o processo dialético de superação por incorporação das diversas correntes didático-pedagógicas.
Outro ponto crítico da implantação do novo processo de ensino e aprendizagem diz respeito à falta de suporte para os professores. Não existem, na educação básica, materiais de apoio ou manuais didáticos, das diversas áreas do conhecimento, elaborados dentro dessa nova proposta de trabalho. Por outra parte, os professores nem sempre têm tempo disponível para elaborar os planos de todos os conteúdos que ministram, dentro da nova perspectiva, o que enseja o desânimo e o retorno ao velho caminho. Acresce a tudo isso o fato de que a maioria dos docentes de ensino fundamental e médio, que estão atualmente no exercício do magistério, não tiveram sua formação inicial, na universidade, fundamentada, de forma sistemática e prática, nesta metodologia de trabalho.
Há, contudo, aspectos significativos a serem considerados. Um destes indicadores é o fato de a obra ter sido traduzida para o espanhol com o título Una didáctica para la pedagogía histórico-crítica: un enfoque vigotzquiano e publicada, em 2004, pelo Instituto de Pedagogia Popular de Lima, Peru.
Além disso, observa-se que bom número de professores de didática e de prática de ensino dos cursos de formação de professores das instituições de ensino superior e dos cursos de formação de professores em nível médio, modalidade normal, estão dando ênfase a essa nova proposta de trabalho e preparando os estagiários para que utilizem em suas práticas esse processo de ensino e aprendizagem.
Como conclusão destas breves considerações, esclareço que a obra, intencionalmente, se constitui uma didática da pedagogia histórico-crítica e não a didática desta perspectiva, estando aberto, portanto, o caminho para que outros pensadores arrisquem dar um novo passo adiante.
João Luiz Gasparin
Maringá, julho de 2009
APRESENTAÇÃO
Conheci o professor João Luiz Gasparin quando da realização de seu curso de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação: História e Filosofia da Educação da PUC-SP, entre 1987 e 1991. Já tendo como objeto de preocupação os problemas didáticos, Gasparin tomou como tema de sua tese a obra de Comênio. Revelando-se um pesquisador meticuloso, rastreou toda a produção desse mestre da didática moderna, produzindo um trabalho de grande envergadura. Defendeu sua tese de doutorado, denominada Comênio ou da arte de ensinar tudo a todos totalmente, no dia 27 de março de 1992. Concluído o seu doutorado, Gasparin reassumiu suas funções docentes na Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, passando a desenvolver suas atividades de ensino, pesquisa e extensão em torno das questões didáticas trabalhadas na perspectiva da pedagogia histórico-crítica. Tais atividades se desenvolveram nas aulas de didática e metodologia de ensino nos cursos de graduação e pós-graduação, assim como nos cursos de atualização para docentes de ensino fundamental e médio ministrados nos diversos núcleos de educação do estado do Paraná. O resultado desse trabalho de cerca de dez anos está consubstanciado no presente livro.
A obra, organizada em três partes, desdobra-se em cinco capítulos. As três partes procuram traduzir o movimento do trabalho pedagógico proposto pela pedagogia histórico-crítica, que vai da prática social inicial à nova prática social pela mediação da teoria. Por sua vez, os cinco capítulos correspondem aos cinco momentos previstos no método pedagógico proposto pela pedagogia histórico-crítica. Assim, o primeiro capítulo, que compreende a primeira parte do livro, correspondente à prática social, versa sobre a Prática Social Inicial do conteúdo do trabalho pedagógico. O segundo capítulo corresponde ao segundo momento do método, a Problematização; o terceiro capítulo, ao terceiro momento, a Instrumentalização; e o quarto capítulo, ao quarto momento, a Catarse. Esses três capítulos intermediários estão contidos na segunda parte do livro (Teoria) e traduzem a mediação pela qual o exercício do trabalho pedagógico permite a passagem do primeiro nível ao segundo nível da prática social. Por fim, o quinto capítulo corresponde ao quinto momento do método e constitui o objeto da terceira parte do livro, que trata da Prática Social Final, sintetizando o conteúdo do trabalho pedagógico. Cada um dos capítulos é trabalhado em três níveis: os fundamentos teóricos, os procedimentos práticos e uma ilustração (exemplo) de como trabalhar cada um desses momentos do método pedagógico na relação educador-educando. Perpassa, também, a organização do livro a inspiração de Vigotski, incorporando-se os conceitos de nível de desenvolvimento atual do educando, de zona de desenvolvimento imediato ou proximal do educando e a teoria da formação dos conceitos científicos na criança. Completam a obra oito anexos contendo os materiais elaborados pelo autor em seu trabalho com os professores e que constituem ricas sugestões e orientações aos leitores que quiserem organizar e desenvolver sua prática docente na perspectiva da pedagogia histórico-crítica.
O autor teve a cautela de denominar o seu livro Uma didática para a pedagogia histórico-crítica, querendo, com isso, alertar para o fato de que esta é uma forma possível de traduzir os princípios da pedagogia histórico-crítica para o campo específico da didática, isto é, do trabalho pedagógico em sala de aula, sem exclusão de outras. Não obstante a modéstia do autor, devo registrar que se trata de um trabalho extremamente coerente e consistente do ponto de vista lógico e relevante sob os aspectos pedagógico e social. A coerência e consistência lógicas impõem-se porque o autor se apropria criteriosamente da teoria, orientando-se atenta e cuidadosamente por ela na realização do seu trabalho educativo. Por isso, assim como os passos do método pedagógico proposto pela pedagogia histórico-crítica serviram de guia para as experiências didáticas encetadas, a estrutura do livro segue, também, rigorosamente os referidos passos, tornando, assim, explícita a intenção de construir a didática própria da pedagogia histórico-crítica. Pedagógica e socialmente, este é, portanto, um estudo da maior relevância porque traduz, para efeitos do trabalho com os alunos no interior da sala de aula, uma teoria da educação que se quer, ao mesmo tempo, crítica e transformadora.
À vista do exposto, fica evidente que estamos diante de uma significativa contribuição à didática que se expressa na forma de uma nova aproximação à pedagogia histórico-crítica, que, como sabemos, vem sendo construída por aproximações sucessivas. Nesse contexto, esta obra, juntamente com a obra de Suze Scalcon, À procura da unidade psicopedagógica, também ora lançado pela Editora Autores Associados, vem somar-se à Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações, por mim publicada em primeira edição em 1991, alcançando atualmente a sétima edição. Trata-se, pois, de um acontecimento auspicioso que sinaliza um revigoramento do interesse pelo aprofundamento teórico e pela aplicação prática de uma teoria pedagógica que desde os anos iniciais da década de 1980 vem buscando, diante de obstáculos de toda ordem, encontrar saídas para os impasses da educação brasileira.