Palacete Helvetia
Palacete Helvetia | |
---|---|
Informações gerais | |
Arquiteto | Achilles Isella |
Estado de conservação | SP |
Património nacional | |
Classificação | Condephaat |
Data | 1985 |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | São Paulo |
O Palacete Helvetia é uma construção localizada no bairro dos Campos Elísios, centro de São Paulo. O edifício fica na esquina das ruas Santa Ifigênia e Aurora, bem no centro da região que é hoje conhecida pela forte presença do setor terciário[1], com o comércio de eletrônicos e softwares e por construções históricas e notórias, como a Estação da Luz. [2]
Foi inaugurado em 1923, época em que vários prédios vizinhos também foram erguidos, e são símbolos da São Paulo do final do século XIX e início do século XX, principalmente no que diz respeito à arquitetura[3]. E também era um local muito agitado e intenso, em consequência de estar muito próximo à significativa Estação da Luz . Foi construído a partir de um projeto de 1922, por Achilles Isella, um industrial e cônsul da Suíça, proprietário da Casa Helvetia, especializada no comércio e importação de materiais de construção de origem europeia.
História
[editar | editar código-fonte]Década de 1920
[editar | editar código-fonte]Com os estímulos da municipalidade em promover uma remodelação na região central da cidade, ainda na década de 20, vários edifícios foram construídos na região onde hoje se encontra o Palacete Helvetia. A construção, desde o projeto até depois de inaugurada, ficou sob a responsabilidade de Achilles Isella, um industrial e cônsul suíço radicado no Brasil desde o fim do século XIX, segundo informações do Departamento de Patrimônio Histórico,
Achilles e seu irmão, Louis, juntos fundaram a Casa Helvetia, localizada na avenida Rio branco, um negócio especializado em matérias de construção importados diretamente da Europa. Outro negócio dos irmãos era uma fábrica que produzia cimento, ladrilhos, ornamentos e decorações, esta sediada na rua Dr. Pedro Vicente. [4]
O projeto idealizado por Achilles destinava o edifício a abrigar apartamentos residenciais nos dois andares superiores, sendo o pavimento térreo destinado ao comércio - estilo comum a muitos outros edifícios da região. À época, a região era rica em residências e hotéis de luxo, e contava com o glamour da presença da elite paulistana cafeeira, que ainda habitava o atual centro velho da cidade. A rua Santa Ifigênia ainda era cortada por bondes e a Aurora tinha uma característica mais residencial.
Logo após a inauguração, o prédio era utilizado como hotel nos andares superiores, e nos inferiores era destinado ao comércio. O Hotel Luanda chegou a funcionar por muitos anos no palacete. [5]
Anos 60 e 70
[editar | editar código-fonte]Depois do luxo da primeira metade do século XX, o Centro Velho viveu por uma época de grande desvalorização. O Centro da Cidade se expandiu e ganhou novos contornos e localidades. Além do então Centro Novo, na região da República e arredores, a Avenida Paulista nos anos 60 e a região da Faria Lima, a partir dos anos 70, receberam grandes atenções imobiliárias e passavam por uma forte valorização, com a chegada de diversos bancos, empresas e escritórios.[6]
A migração da elite do centro para bairros até então mais afastados, fenômeno que acontecia também desde os anos 40, contribuiu para tal decadência. E a região da Luz era cada vez menos atraente perante os novos centros econômicos de São Paulo, afastados dessa região. O resultado foi a deterioração do bairro e, consequentemente, das construções. A região se esvaziou, era possível observar pelas ruas diversos prédios abandonados e também o aumento da criminalidade, fazendo com que fosse desvalorizada e só voltou a ser ocupada, desta vez pelo comércio popular, a partir dos anos 90 até os dias de hoje[7].
Em 1986, em uma tentativa de revitalizar a região, o ex-presidente Jânio Quadros propôs a demolição de prédios históricos no centro da cidade, e não apenas renovar, para dar espaço à construção de prédios mais modernos no local, convidando o arquiteto Oscar Niemeyer para projetá-los. O plano foi chamado de "Nova Luz". Entretanto, o palacete foi tombado em 17 de março de 1986 pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), juntamente com 47 imóveis no bairro de Campos Elísios e 107 imóveis na região de Santa Ifigênia, sendo estudado desde 1982. [5]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]Assim como várias outras construções do centro de São Paulo, o Palacete Helvetia tem uma arquitetura inspirada no estilo Art-nouveau. Em toda sua fachada, são observáveis ornamentos feitos com argamassa e elementos metáblicos, representando anjos, flores, plantas, frutos, cabeças de homens e animais, detalhes observados principalmente nas janelas do edifício.
O Palacete Helvetia possui uma belíssima arquitetura riquíssima de detalhes. Há inúmeros elementos decorativos e no alto da construção há o nome do palacete, juntamente com o ano de sua construção e com uma tradicional Cruz Helvética.[2]
Bem na esquina do edifício de fachada branca, a edificação tem ainda mais detalhes. No frontão, em curva, o destaque é todo do deus Mercúrio, protetor do comércio, representado também com argamassa, "abençoando" o comércio do andar térreo. No topo, destaque para o coroamento com uma cruz, símbolo da Suíça, o nome do edifício e a data de construção.
É um dos patrimônios mais preservados da região, tendo recebido pintura externa há aproximadamente quatro anos. Juntamente com seu vizinho de esquina, o Palacete Lellis, o Helvetia tem uma arquitetura expressiva que conta um pouco da história da cidade nos anos 1920. É justamente por ser um imóvel antigo, histórico e de tamanha riqueza arquitetônica que o Palacete é considerado um patrimônio histórico protegido pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo)[8], criado em 1985. [9]
Reformas e restaurações
[editar | editar código-fonte]Mesmo com a reocupação da região pelo comércio, a Santa Ifigênia sofre com a insegurança. Durante os anos1990 e 2000, com o aumento da epidemia de crack, surgiram bolsões de usuários nas áreas centrais, as chamadas cracolândias. A maior e mais conhecida delas fica logo ali, nos arredores da avenida Cásper Líbero e da estação da Luz.
Desde os anos 80, a região da Santa Ifigênia e do Centro Velho, em geral, foi alvo de um projetos de reurbanização da prefeitura. Um dos primeiros foi o do Governo Jânio Quadros, no comando da prefeitura de São Paulo, que tinha um plano polêmico para a região, onde queria revitalizar esta área onde o palacete estava situado, recuperando esses imóveis históricos, porém essa ideia foi impedida por uma resolução da CONDEPHAAT.[2]
Em 1986, ele queria revitalizar a área. Não através da restauração dos edifícios deteriorados, mas da demolição destes e da construção de novas e moderna construções. O polêmico projeto, chamado de "Nova Luz", contaria até com a assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer. Mas o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico de Turístico)[10], órgão da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, publicou uma resolução tombando mais de 150 imóveis nos Campos Elísios e na Santa Ifigênia, o que barrou os planos de Jânio.[11]
Em junho de 2012, no esforço de cumprir seu programa "Nova Luz", que previa uma "renovação urbana" no centro de São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab assinou um Protocolo de Intenções com a marca de tintas Suvinil para a restauração, pintura e revitalização de dois patrimônios do centro da cidade. Um deles, o próprio Palacete Helvetia, e o outro os Arcos do Jânio. [12]
Uma política de recuperação do local é discutida até hoje, já que mesmo depois de passadas mais de duas décadas e a região ainda carece de reestruturação, além das inúmeras tentativas sem sucesso das administrações municipais para resolver o problema do bairro. Mas ainda assim o Palacete Helvetia segue como patrimônio que faz parte da história de São Paulo. [13]
Estado atual
[editar | editar código-fonte]Estando em uma área de amplo comércio popular, a Santa Ifigênia, o Palacete Helvetia ainda mantém no andar térreo sua principal função, a do comércio, onde se vendem produtos e peças eletrônicas. Depois da pintura feita em 2012, a parte externa do edifício conserva um bom estado e parece revitalizado, destacando-se das demais construções ao seu redor. Seu interior, entretanto, é desocupado, e encontra-se descaracterizado após as reformas e adaptações feitas pelos proprietários ao longo de sua existência. [4]
Muitos dos edifícios ainda existem, alguns em ótimas condições, inclusive funcionando, outros não muito bem conservados e até mesmo fechados.[7]
Galeria
[editar | editar código-fonte]-
Placa colada na fachada indicando presença de comércio
-
Fachada lateral do Palacete, na rua Santa Ifigênia
-
Representação do deus Mercúrio abaixo da marquise da esquina do prédio
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Teatro Municipal de São Paulo
- Centro Histórico de São Paulo
- Praça da República
- Pateo do Colégio
- Santa Ifigênia
- ↑ «Setor Terciário. Características do setor terciário da economia - Mundo Educação». Mundo Educação. Consultado em 27 de abril de 2017
- ↑ a b c «Palacete Helvetia – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 21 de abril de 2017
- ↑ «Arquitetura e Urbanismo | Guia do Estudante». Guia do Estudante. 10 de maio de 2012
- ↑ a b DPH, Relatório de Bens Protegidos do Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo. Palacete Helvetia. Acesso em 20 de outubro de 2016
- ↑ a b «Palacete Helvetia – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 21 de abril de 2017
- ↑ SILVA, Luís Octávio da. A reabilitação do Centro de São Paulo. Salvador, 2005
- ↑ a b «Palacete Helvetia – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 26 de abril de 2017
- ↑ «Conpresp - Portal da Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 22 de abril de 2017
- ↑ ZANIRATO, Silvia Helena. São Paulo: exercícios de esquecimento do passado. São Paulo, 2011
- ↑ «Secretaria de Estado da Cultura». www.cultura.sp.gov.br. Consultado em 22 de abril de 2017. Arquivado do original em 1 de abril de 2017
- ↑ NASCIMENTO, Douglas. Palacete Helvetia, 2012. Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/palacete-helvetia/>. Acesso em: 10 de nov. 2016.
- ↑ PREFEITURA DE SÃO PAULO. Prefeito assina Protocolo de Intenções com a Suvinil para revitalizar patrimônios históricos, 2012. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/comunicacao/releases/?p=142036/ Arquivado em 17 de novembro de 2016, no Wayback Machine.>. Acesso em: 12 de nov. 2016
- ↑ «Palacete Helvetia – São Paulo Antiga». www.saopauloantiga.com.br. Consultado em 25 de abril de 2017