Águas de Oxalá
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Candomblé |
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Cidades sagradas |
As águas de Oxalá[1][2] é uma festa anual em homenagem a Oxalá, no Ilê Axé Opô Afonjá. É descrita sem detalhes por Mestre Didi:
Na quinta-feira à noite, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimônia, das 7 horas da noite até à meia noite, todos os filhos da casa devem fazer um bori. Em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi, para poderem carregar as águas.
Depois desse Bori ou obi, [os filhos da casa] recolhem-se, até que são acordados, antes do nascer do sol pela Ialorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas.
Os filhos do axé, trajados de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e moringas, tendo à frente a Ialorixá tocando o seu ajá.
No tempo de Mãe Senhora, dirigiam-se para uma fonte chamada Riacho, que fica ao lado da Lagoa da Vovó, nessa roça de São Gonçalo do Retiro. Hoje, essa obrigação é feita dentro do próprio terreiro.
Trata-se de um ato de respeito, um pedido de perdão pelas injustiças ocorridas com Oxalá em sua visita ao Reino de seu filho Xangô (Ver a lenda da viagem de Oxalá ao reino de Xangô, em Airá).
Na parte externa, é feita uma caminhada pelas ruas de Salvador até Igreja do Senhor do Bonfim. Esta grande homenagem é iniciada através de vários rituais iniciados no ano anterior e concretizados no mês de janeiro através da lavagem das escadas da igreja, em homenagem ao Pai Oxalá, chamada de Lavagem do Bonfim.
Não se pode esquecer que a lavagem das escadarias é um ritual criado pelo sincretismo religioso, forçosamente adotado pelos escravos para ocultar seus orixás dos senhores e que Oxalá nada tem a ver com Jesus Cristo, sendo então duas divindades de religiões distintas.
- ↑ Beniste, José (2001). As águas de Oxalá. [S.l.]: Editora Bertrand Brasil
- ↑ Rodrigué, Maria das Graças de Santana (2001). Orí apéré ó: o ritual das águas de Oxalá. [S.l.]: Selo Negro