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Cada vez mais idosos vivem em situação vulnerável, sobretudo em regiões isoladas. Só no último ano, aGuarda Nacional Republicana (GNR) detetou 44 mil casos em todo o país. Nos últimos 10 anos, a Polícia de Segurança Pública (PSP) sinalizou mais de 12 mil idosos em risco. Nos casos de burlas, são as principais vítimas.

Cristina tem 86 anos. Recorda todos os dias quem já partiu e deixa saudade. “Foi a minha, foi o meu pai, foram os meus irmãos todos. Agora estou eu sozinha.”

É pela janela de casa que vê a vida a passar, à espera de quem ainda a faz esquecer das dores que a solidão carrega. Maria e Letícia entraram na vida de Cristina há nove anos. Trouxeram uma mudança profunda. A dor não desaparece, mas é encarada de outra forma.

“Eu gosto muito das moças, todas elas são boas. Têm muita paciência para me aturar. Tenho sempre muitas saudades delas”, diz Cristina.

A Associação Mais Proximidade existe há 14 anos e tem como objetivo combater a solidão e o isolamento vivenciados pela população mais velha. Está a acompanhar 120 idosos.

As pessoas idosas não são todas iguais, não devem ser metidas todas dentro do mesmo saco. As medidas que são encontradas não devem ser iguais para todos”, defende Maria João Xavier, diretora da Associação Mais Proximidade.

“Era muito importante que houvesse mais serviços que fossem personalizados, que olhassem para as necessidades de cada pessoa, porque só assim poemos ter um envelhecimento digno.”

Cair no 'conto do vigário'

A PSP afirma que os idosos isolados são alvos mais fáceis para os criminosos. Na última década, a polícia realizou quase 40 mil contactos de prevenção criminal. Destes, foram registadas 9.427 situações de risco, tendo sido sinalizados 12.322 idosos.

“Infelizmente, no caso das burlas, têm vindo a aumentar nos últimos anos”, constata Inês de Lemos, subcomissário da PSP. “A PSP lança várias campanhas de sensibilização, para alertar a sociedade com mais de 65 anos para não cair no famoso ‘conto do vigário’.”

No último ano, a GNR registou mais de 44 mil idosos a viver em situação de vulnerabilidade.