"A Vida Num Só Dia" é uma comédia dramática como raramente se vê, um filme feito com gosto, a partir de um romance destemido que, embora foque a vida de uma governanta com pouco jeito para as crianças, acaba por se centrar em todo um universo social da Londres dos anos trinta, tudo isto, numa acção desenrolada em menos de 48 horas.
Miss Pettygrew é uma pessoa pura que recebeu uma rigorosa educação cristã e está marcada pela dor de ter perdido o seu único amor aquando da Primeira Grande Guerra Mundial. Ganha a vida como governanta em casa de famílias abastadas nas quais não perdura em funções, desconhecendo-se o porquê não se veste com os cortes ou as cores da moda, não se conhecem amigos e, por necessidades financeiras, recorre à "sopa dos pobres". Esta é a personagem principal deste filme espantoso, a qual tinha tudo para não nos conquistar, mas que nos devora durante os intensos 80 minutos que a película dura.
Delicia Lafosse é uma impostora americana que procura a sorte em Inglaterra pavoneando-se por entre a alta sociedade. Tem o coração dividido entre três amores (entenda-se namorados) que em nada são iguais, um é magnata, proprietário do luxuoso bar onde esta actua pela noite dentro; outro é humilde, pianista com engenho e ex-presidiário com o sonho de regressar aos Estados Unidos; e outro é filho de um abastado produtor teatral, jovem robusto que não sabe se lhe há-de proporcionar o papel principal na sua primeira peça ou mesmo de casar com ela Por falar nisso, o maior pesadelo de Lafosse é Charlotte Warren, concorrente ao anel de noivado e ao estrelato nessa tal peça, num duelo venenoso, ainda que leal, que acrescenta vigor à obra.
Os destinos de Pettygrew e Lafosse cruzam-se numa manhã em que uma procura desesperadamente um novo trabalho e a outra um braço direito que a ajude a orquestrar uma infinidade de artimanhas num quadrado amoroso sem igual. Pois bem, sem ser o trabalho ou a secretária social que uma e outra esperavam, a verdade é que ambas acabam por viver situações mutuamente proveitosas e com isso criam laços de afecto inegáveis. Pettygrew vive um dia que dificilmente se repetirá em toda a sua vida, inclusive encontrando o verdadeiro amor onde menos esperaria; enquanto Lafosse enfrenta um oceano de emoções, acabando por seguir o coração e atravessar o Atlântico com aquele que demonstrou ama-la de corpo e alma, para gáudio da adversária, Warren, a quem saiu o jackpot – ficou noiva e será a actriz principal da mais aguardada estreia da temporada teatral.
Este é um filme muito simpático, com interpretações irrepreensíveis encabeçadas pela fabulosa Francês McDormand ("Terra Fria" e "Cidade do Passado"), no papel de Miss Pettigrew, e pela "deliciosa" Amy Adams ("Apanha-me Se Puderes" e "Divorcio de Milhões"), como Delicia Lafosse. Foi realizado por um realizador praticamente desconhecido, Bharat Nalluri, a partir de um argumento adaptado por Simon Beaufoy, o cérebro por detrás de "Quem quer ser Bilionário", que se baseou numa modesta (mas poderosa) obra da escritora britânica Winifred Watson, que já há 70 anos havia cedido os direitos à Universal Pictures sem que no entanto esta avançasse. Conta ainda com uma banda sonora bem contextuada, uma agradável fotografia e locais de filmagem extremamente glamourosos, em especial os interiores, sendo que a obra foi integralmente rodada em Londres.
Um filme numa linha já não muito frequente, com o Holocausto como pano de fundo, numa sátira à promíscua sociedade britânica da primeira metade do Século XX. Sem grandes efeitos especiais ou acção desalmada, compete com muitos aos quais esses não faltam na luta pelo título de "companhia certa para uma tarde de fim-de-semana". Ideal para quem procura boa disposição sem recurso ao ridículo ou caricato, ingredientes cada vez mais predominantes nas comédias contemporâneas Muito interessante!
Miss Pettygrew é uma pessoa pura que recebeu uma rigorosa educação cristã e está marcada pela dor de ter perdido o seu único amor aquando da Primeira Grande Guerra Mundial. Ganha a vida como governanta em casa de famílias abastadas nas quais não perdura em funções, desconhecendo-se o porquê não se veste com os cortes ou as cores da moda, não se conhecem amigos e, por necessidades financeiras, recorre à "sopa dos pobres". Esta é a personagem principal deste filme espantoso, a qual tinha tudo para não nos conquistar, mas que nos devora durante os intensos 80 minutos que a película dura.
Delicia Lafosse é uma impostora americana que procura a sorte em Inglaterra pavoneando-se por entre a alta sociedade. Tem o coração dividido entre três amores (entenda-se namorados) que em nada são iguais, um é magnata, proprietário do luxuoso bar onde esta actua pela noite dentro; outro é humilde, pianista com engenho e ex-presidiário com o sonho de regressar aos Estados Unidos; e outro é filho de um abastado produtor teatral, jovem robusto que não sabe se lhe há-de proporcionar o papel principal na sua primeira peça ou mesmo de casar com ela Por falar nisso, o maior pesadelo de Lafosse é Charlotte Warren, concorrente ao anel de noivado e ao estrelato nessa tal peça, num duelo venenoso, ainda que leal, que acrescenta vigor à obra.
Os destinos de Pettygrew e Lafosse cruzam-se numa manhã em que uma procura desesperadamente um novo trabalho e a outra um braço direito que a ajude a orquestrar uma infinidade de artimanhas num quadrado amoroso sem igual. Pois bem, sem ser o trabalho ou a secretária social que uma e outra esperavam, a verdade é que ambas acabam por viver situações mutuamente proveitosas e com isso criam laços de afecto inegáveis. Pettygrew vive um dia que dificilmente se repetirá em toda a sua vida, inclusive encontrando o verdadeiro amor onde menos esperaria; enquanto Lafosse enfrenta um oceano de emoções, acabando por seguir o coração e atravessar o Atlântico com aquele que demonstrou ama-la de corpo e alma, para gáudio da adversária, Warren, a quem saiu o jackpot – ficou noiva e será a actriz principal da mais aguardada estreia da temporada teatral.
Este é um filme muito simpático, com interpretações irrepreensíveis encabeçadas pela fabulosa Francês McDormand ("Terra Fria" e "Cidade do Passado"), no papel de Miss Pettigrew, e pela "deliciosa" Amy Adams ("Apanha-me Se Puderes" e "Divorcio de Milhões"), como Delicia Lafosse. Foi realizado por um realizador praticamente desconhecido, Bharat Nalluri, a partir de um argumento adaptado por Simon Beaufoy, o cérebro por detrás de "Quem quer ser Bilionário", que se baseou numa modesta (mas poderosa) obra da escritora britânica Winifred Watson, que já há 70 anos havia cedido os direitos à Universal Pictures sem que no entanto esta avançasse. Conta ainda com uma banda sonora bem contextuada, uma agradável fotografia e locais de filmagem extremamente glamourosos, em especial os interiores, sendo que a obra foi integralmente rodada em Londres.
Um filme numa linha já não muito frequente, com o Holocausto como pano de fundo, numa sátira à promíscua sociedade britânica da primeira metade do Século XX. Sem grandes efeitos especiais ou acção desalmada, compete com muitos aos quais esses não faltam na luta pelo título de "companhia certa para uma tarde de fim-de-semana". Ideal para quem procura boa disposição sem recurso ao ridículo ou caricato, ingredientes cada vez mais predominantes nas comédias contemporâneas Muito interessante!