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MODA E CULTURA: A cidade Capela do Morumbi Barbara Ferraz – barbarafferraz@hotmail.com Eloy Allegre – eloy_as@hotmail.com Gabriel Suman – gabrielsuman@hotmail.com Júlia Escobosa – ju_escobosa@yahoo.com.br Luana Cordenunzzi – lulu_blah@hotmail.com Maria Cristina Mansur – cristinatlmansur@hotmail.com Marina de Castro – maluca_182@hotmail.com Marina Schnitzer – mah_1207@hotmail.com Orientadora: Eliana Acar – Mestre em Design RESUMO A Capela do Morumbi estava localizada em uma fazenda. O Brasil teve sua independência reconhecida, a cidade de São Paulo se desenvolveu e as terras da fazenda passaram a ser mais valorizadas. A Moda passou a ser aberta para uso de todos, graças à revolução francesa. Posteriormente, a moda masculina cresceu. A Cia. Imobiliária Morumby tomou posse dos últimos lotes da fazenda e contratou Gregori Warchavchik para restaurar a casa sede e as ruínas. Gregori transformou as ruínas em uma capela e convidou Lucia Suanê para realizar uma pintura em afresco. No Brasil, o pensamento cultural cresceu graças à influência americana. Carmem Miranda foi a primeira brasileira a lançar moda. Grandes desfiles e shows, inclusive internacionais, foram produzidos pela Cia. Rhodia Brasileira. O movimento universitário revolucionou muito a moda. Em 1975, a capela passou a ser um patrimônio histórico da cidade de São Paulo e, foi aberta a visitação em 1980. Em plena ditadura militar, a moda se tornou a maior forma de expressão da população, com o movimento hippie e, posteriormente, com o movimento punk. PALAVRAS CHAVE Capela do Morumbi. Fazenda do Morumbi. Ruínas. Arte Contemporânea. Gregori Warchavchik. ABSTRACT The Morumbi Chapel was located in a farm. Brazil had your independency recognized, São Paulo city had developed, and the farm domain started to be more enriched. Fashion started to be more accessible to all due to the French Revolution. After that, Male fashion had grown. The “Cia. Imobiliária Morumby” had taken control of the last areas from the farm and invited Gregori Warchavchik to reconstruct the farm’s house and the ruins. Gregori transformed the ruins in a chapel and invited Lucia Suanê to do a painting made from “afresco”. In Brazil the cultural way of thinking had grown due to the American influence. Carmem Miranda was the first Brazilian trendsetter. Big runnaway shows and concerts, including the international ones were produced by the “Cia. Rhodia Brasileira”. The academic movement revolutionized fashion a lot. In 1975 the chapel started to be a property of São Paulo’s county and was opened to visit in 1980. In the middle of a military dictatorship fashion became the biggest way of expression from the population with the hippie movement and, lately, the punk movement. KEYWORDS Morumbi Chapel. Morumbi’s Farm. Ruins. Contemporary art. Gregori Warchavchik. INTRODUÇÃO Cultura e moda estão relacionadas. Cultura é tudo aquilo que o homem produz, seja material ou imaterial. A moda é uma representação do ser humano, que une o passado e o presente, ela é viva e dinâmica e está sempre criando e recriando. Descrevendo os fundamentos da história, a moda é um elemento vivo, sempre em trânsito, “jamais fútil, jamais inútil ou supérfluo” (JALES, 2009). É uma forma de expressão da sua personalidade, do seu pensar, da sua visão de mundo. O Brasil teve Paris como principal referência de estilo e tendências. As primeiras modistas eram francesas e chegaram ao Brasil por volta de 1814. Além delas, vieram muitas costureiras e costureiros. Foram as francesas que criaram as fantasias de carnaval e os penteados. Então cabia aos nossos profissionais adaptar e recriar as roupas para a nossa realidade. As influências estrangeiras vinham principalmente da Corte portuguesa, francesa e inglesa (principalmente nas roupas masculinas) após a abertura dos portos. Além dessas influencias, a moda está marcada pela população consumidora com o poder aquisitivo alto, que predominava sobre os demais. (SIGBOL, 2008) Este trabalho tem a intenção de mostrar como é possível, por meio de um marco histórico, resgatar traços culturais para o presente através da moda com a criação de um birô de criação e posteriormente de um look inspirado na Capela do Morumbi. Um patrimônio histórico possui significado e importância artística, religiosa, documental, ou estética de épocas passadas. Por isso, representa uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural. A Capela do Morumbi localiza-se onde era a extinta Fazenda do Morumbi, que originou o bairro com o mesmo nome. A história dessa capela é um grande mistério, pois não há documentos que provam o porquê de sua construção, há quem diga que ela era uma capela destinada a São Sebastião dos Escravos, há quem diga que havia sepulturas para os proprietários da fazenda, ou então que era apenas uma ruína de um paiol. Três grandes e importantes datas contam um pouco dessa história. O INÍCIO Antiga propriedade do inglês John Rudge, a Fazenda tem seu mais antigo documento datado de 1825, onde seu dono se dedicava ao plantio de chá. No decorrer dos anos a Fazenda passou por diversos proprietários. (Site Museu da Cidade de São Paulo, 2007) No mesmo ano o Brasil alcançou o nível de 5.000.000 habitantes e a independência brasileira foi reconhecida por muitos países, e a partir de então o desenvolvimento do país e da própria cidade de São Paulo que cresceu e se expandiu, valorizou as terras da fazenda. No século XVIII, as Revoluções Francesa e Industrial foram essenciais para o moderno conceito de moda, graças ao crescimento da classe média a rápida produção de tecido. A moda estava aberta para o uso de todos. Na época do Império, o Brasil foi completamente dominado pela moda francesa não apenas no vestuário, mas também em certos costumes “Para as mulheres, a influência era 100% francesa, e até mesmo as crianças chamavam suas mães de maman” (PALOMINO, 2002, p.73). Com o decorrer dos anos, ocorreram certas mudanças na moda que duravam em média 25 anos, como a mudança da silhueta feminina e a austeridade masculina. No final do século a moda foi estudada por filósofos que reconheceram a sua importância perante a sociedade. (POLLINI, 2009) A POSSE No ano de 1940 a Cia. Imobiliária Morumby tomou posse dos últimos lotes da fazenda, nos quais se encontrava sua casa sede e uma edificação em ruinas de taipa de pilão. Com a intenção de atrair compradores e valorizar ainda mais os terrenos, a imobiliária contratou o arquiteto Gregori Warchavchik para restaurar a casa sede, e as ruinas. Segundo Gregori as ruinas correspondiam à antiga capela da fazenda, então ele decidiu recupera-la completando-a com alvenaria de tijolos. Convidou a artista Lucia Suanê para realizar uma pintura em afresco representando o batismo de cristo, e anjos com a fisionomia de índios e negros. A obra se concretizou em 1950. (Site Museu da Cidade de São Paulo, 2007) Com a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos países entrou em crise, e com isso as roupas eram improvisadas com a necessidade de economizar. A partir de 1940, é proibido gastar mais do que 4 metros para o mantô e um para a camisa (as grávidas ficam liberadas dessa determinação). Os cinto de couro não podem ter mais de 4 cm de largura. As roupas são recicladas, e popularizam-se os sintéticos, como, por exemplo, a viscose, extraída de celulose. (PALOMINO, 2002, p.95) Em 1947 Christian Dior criou o “New Look” que causou revolução e polemica na época. “Com status equivalente ao de um pop star nos dias de hoje, Dior estabelece que a mulher quer ser feminina, glamorosa e sofisticada e está cansada das agruras da Guerra.” (PALOMINO, 2002, P. 95) No Brasil, o pensamento cultural em geral e na moda brasileira cresceu graças a influencia americana, devido a Segunda Guerra e ao imperialismo de Hollywood. Também foram bloqueadas as importações de bens de consumo, o que consolidou a indústria têxtil e de confecções no Brasil. Carmem Miranda, a primeira brasileira a lançar moda, inclusive nos Estados Unidos, criou o “Miranda Look”, que foi adaptado e usado nas ruas. Eram produzidos apenas modelos, e tecidos apenas e exclusivamente para a elite. (PITTA, 2006) Em 1944 foi inaugurada a primeira grande casa de alta costura, chamada “Canadá Luxe”; ocorreu o primeiro desfile com manequins; e inaugurava-se a grande tradição dos desfiles para lançar as tendências ao publico. (PITTA, 2006) Na década de 60, a Cia, Rhodia Brasileira promoveu grandes desfiles e shows, inclusive internacionais, apresentando as estampas e modelos de Alceu Penna, que fazia figurinos, fantasias de carnaval, decorações, renovou o “Carmem Miranda Look”, era detalhista com seus vestidos e cores, e dava sugestões de penteados. (PITTA, 2006) O movimento universitário revolucionou muito a moda. Eram usados sandálias e tênis, ao invés de mocassim; minissaias com cinco bolsos, blusões de atletas. A marca Calhambeque produziu cintos, camisas, chaveiros, chapéus e sapatos. A jovem guarda usava minissaias, camisas com cores brilhantes e golas grandes, calças saint- tropez com boca de sino e o umbigo de fora. Os biquínis lisos e estampados chegaram às praias substituindo o maiô. (SIGBOL, 2008) A TRANSFORMAÇÃO No ano de 1975, a Imobiliária Morumby fez a transferência dos terrenos restantes do loteamento da Capela ao município de São Paulo e então ela passou a ser responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico. Até 1979 a capela permaneceu fechada para obras de revitalização e adaptação, como a implantação de banheiros e cozinha. A nave central virou um espaço para realização de espetáculos, exposições fotográficas, artes plásticas concertos musicais, entre outros. (Site Museu da Cidade de São Paulo, 2007) Em plena ditadura militar a moda era uma das únicas formas de expressão da população. Surge o movimento Hippie, que dizia não ao consumo ocidental, valorizava o proveniente da natureza e da liberdade se inspirando na cultura oriental com o uso de kaftans, túnicas, indianas, roupas ciganas e bijuterias étnicas, a busca por brechós e pela customização, bordados, franjas, batas, couro e calças boca de sino. (POLLINI, 2009) Surgia também o movimento Punk, vindo da Inglaterra, tinha como repercursores Vivienne Westwood e seu marido, empresário da banda Sex Pistols, Malcolm McLaren. O movimento era uma forma de protesto contra o sistema e a busca por uma sociedade melhor. O modo de se vestir dos jovens eram os encartes de LPs importados como referência. (POLLINI, 2009) A ATUALIDADE Da década de 80 em diante a Capela vem abrigando exposições e atividades culturais, tornando-se um museu. Apesar do nome, seu acervo não é voltado para a arte religiosa, e sim para a arte contemporânea, tendo como principal objetivo relacionar essa arte com o patrimônio histórico, através das exposições. (Site Museu da Cidade de São Paulo, 2007) Uma das exposições foi a do artista José Spaniol que exibiu sua obra Tímpano. Tratava-se de uma peça circular construída com taipa de pilão, assim como as paredes da capela. Seu arco possuía um recorte vertical voltado para o altar, dando acesso para a parte interna. A instalação Contra.Céu, do artista Marcelo Moscheta também foi exposta na capela. Seu tema era a memória, o tempo, possuindo também interesse em cenários e ambientes, que pode ser visto na imagem do céu desenhada em grafite, refletida no interior da capela. A exposição “Ecco Narcisus”, do artista plástico Hudinilson Jr., mostra três grandes painéis: Santa Teresa D’Avila, Sudário e Pieta, no centro do piso da Capela, uma grande superfície reflexiva era formada por fragmentos de espelho, nos quais as imagens, os espectadores e o espaço arquitetônico se fundiam. CONCLUSÃO A Capela do Morumbi tornou-se um patrimônio histórico para a nossa cidade, tendo seu início como uma simples ruína em uma fazenda de chá e, sem saber sua real origem e função, hoje é símbolo de nosso patrimônio histórico, sendo, usada para exposições de arte contemporânea a ela relacionadas. A pesquisa sugere uma referência de criação inspirada na desconstrução e no inacabado, captando os elementos, acontecimentos, e transformações, que ocorreram durante suas mais importantes datas e que contribuíram para a confirmação de nossa identidade brasileira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS PALOMINO, Érika. Folha Explica – A Moda. 1ª edição, São Paulo: Editora Publifolha, 2002. POLLINI, Denise. Breve História da Moda. 2ª edição, São Paulo: Editora Claridade, 2009. SIGBOL, Fashion. História da Moda. 1ª edição, São Paulo: Editoria Sigbol Fashion, 2008. REFERÊNCIAS ELETRONICAS 50 anos da Moda no Brasil. In: “No século 19, a moda mudava em média de 25 em 25 anos...”. São Paulo, 2009. Disponível em: http://manequim.abril.com.br. Acesso em 28 de agosto de 2010. AFRESCO da Capela do Morumbi. In: “Nascida em Águas Belas, Pernambuco, Lucia Suanê radicou-se em 1946 na cidade de São Paulo, onde começou a pintar na técnica...”. São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.museudacidade.sp.gov.br. Acesso em 24 de agosto de 2010. CAPELA do Morumbi. In: “A Capela do Morumbi situa-se em um terreno da antiga Fazenda do Morumbi, cujo mais antigo documento encontrado, datado de 1825, registrava ser propriedade do inglês John Rudge...”. São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.museudacidade.sp.gov.br. Acesso em 31 de agosto de 2010. EXPOSIÇÃO “Contra.Céu” de Marcelo Moscheta. In: “O artista Marcelo Moscheta, nascido em São José do Rio Preto que agora mora em Campinas, expõe uma instalação intitulada ‘Contra.Céu’ na capela...”. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.eventos2010.com/evento/grafite. Acesso em 30 de agosto de 2010. EXPOSIÇÃO de uma Tese de Doutorado na Capela do Morumbi. In: “O artista José Spaniol exibe um trabalho na Capela do Morumbi...”. São Paulo, 2009. Disponível em: http://culturaefutebol.wordpress.com. Acesso em 30 de agosto de 2010. EXPOSIÇÃO “Ecco Narcisus” na Capela do Morumbi. In: “Hudinilson Junior, artista plástico e grafiteiro conhecido por frequentemente retratar em suas obras deuses...”. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br. Acesso em 30 de agosto de 2010. HISTÓRIA do Morumbi. In: “No início do século 19, o bairro do Morumbi era uma imensa fazenda com mais de 700 alqueires, localizada muito longe da cidade de São Paulo...”. São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.encontramorumbi.com.br/. Acesso em 24 de agosto de 2010. JALES, Gabriela Maroja. Relação entre Moda e Cultura. In: “Moda e Cultura estão intimamente relacionadas...”. São Paulo, 2009. Disponível em: http://coolturademoda.blogspot.com. Acesso em 31 de agosto de 2010. MESQUITA, Lauro dos Santos. Manifesto “A Cultura esta na Moda”. In: “Nunca antes na história deste país tivemos a oportunidade de fazer arte sentindo o gosto...”. Bahia, 2010. Disponível em: http://culturadigital.br/setorialmoda. Acesso em 31 de agosto de 2010. ORIGEM do SPFW. In: “O SPFW veio, certamente para abalar as estruturas da moda nacional.”. São Paulo, 2010. Disponível em http://sp.fashionweek.com.br. Acesso em 27 de agosto de 2010. PITTA, Denise. Identidade Brasileira na Moda. In: “Apogeu de Hollywood e Carmem Miranda, como um dos marcos desse período...”. São Paulo, 2006. Disponível em: http://fashionbubbles.com. Acesso em 29 de setembro de 2010. RETRATO do Pioneirismo. In: “Até meados dos anos 60, a maior parte do Morumbi era desabitada e coberta por mato...”. Disponível em: http://www.crecimg.com.br. Acesso em 24 de agosto de 2010.