RUI PEDRO MOREIRA LOPES
MUSEU ACADÉMICO DE COIMBRA: evolução histórica, coleções e proposta de
atualização
2012
Dissertação de Mestrado em História, especialização em Museologia, orientada pela
Professora Doutora Irene Maria de Montezuma de Carvalho Mendes Vaquinhas,
apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Faculdade de Letras
MUSEU ACADÉMICO DE COIMBRA: evolução histórica, coleções e
proposta de atualização
Ficha Técnica:
Tipo de trabalho
Dissertação de Mestrado
Título
MUSEU ACADÉMICO DE COIMBRA: evolução
histórica, coleções e proposta de atualização
Autor
Rui Pedro Moreira Lopes
Orientador
Júri
Identificação do Curso
Área científica
Especialidade
Data da defesa
Classificação
Professora Doutora Irene Maria Montezuma de
Carvalho Mendes Vaquinhas
Presidente: Professor Doutor João Paulo Cabral de
Almeida Avelãs Nunes
Vogais:
1. Professor Doutor António Nuno Rosmaninho
Rolo
2. Professora Doutora Irene Maria Montezuma
de Carvalho Mendes Vaquinhas
2º Ciclo em História, especialização em Museologia
História
Especialização em Museologia
08-11-2012
17 valores
INDICE
AGRADECIMENTOS
1
INTRODUÇÃO
3
CAPÍTULO I – OS MUSEUS UNIVERSITÁRIOS DA VIDA ESTUDANTIL:
PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL
6
1 – Os museus de vida estudantil
10
2 – Museus e instituições com coleções de vida estudantil
14
3 – Património da vida estudantil
15
4 – O caso português
16
CAPÍTULO II – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MAC
18
1 – O contexto académico de Coimbra entre 1951 e 1969
18
2 – Do museu d’ antiguidades ao museu académico
24
3 – O nascimento do MAC
27
CAPÍTULO III – O EDIFÍCIO E A GESTÃO (1951-1969)
29
1 – O Edifício
29
2 – A Administração (1951-1969)
32
3 – O potencial humano do MAC (1951-1969)
35
4 – As finanças do MAC (1951-1969)
37
CAPÍTULO IV – AS COLEÇÕES E A ATIVIDADE (1951-1969)
43
1 – As coleções do MAC
43
2 – As iniciativas
50
3 – As exposições
54
CAPÍTULO V – O MUSEU ACADÉMICO NA ATUALIDADE
63
1 – O edifício
63
2 – A administração do museu
64
3 – Recursos tecnológicos
65
4 – O potencial humano
65
5 – O público do MAC
66
6 – As coleções
66
7 – Atividades anuais programadas
67
8 – A exposição permanente
68
9 – As exposições temporárias
77
10 – A divulgação
78
11 - A LIMAUC
78
CAPÍTULO VI – O REJUVENESCIMENTO DO MAC
80
1 - A imagem identificativa
80
2 – As instalações e localização do MAC
81
3 – As finanças MAC
82
4 – A coleção e peças do museu
83
5 – Modificações na infra-estrutura do MAC
84
6 – Otimização da biblioteca e arquivo do MAC
86
7 – Inovação da segurança do museu
87
8 – Renovação da difusão do MAC
87
9 - A loja do museu
90
10 – Apostar na investigação no museu
91
11 – A programação anual
91
CONCLUSÃO
93
FONTES E BIBLIOGRAFIA
95
ANEXOS
LISTA DE SIGLAS
AAC – Associação Académica de Coimbra
AAC/OAF – Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol
AAEC – Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra
ATUC – Antigos Tunos da Universidade de Coimbra
AUC – Arquivo da Universidade de Coimbra
BGUC – Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
CAOUC – Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra
CELUC – Coro dos Estudantes de Letras da Universidade de Coimbra
CHUC – Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
CMUC – Coro Misto da Universidade de Coimbra
CIAB – Ciência da Informação Arquivística e Biblioteconómica
CITAC – Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra
COQF – Comissão Organizadora da Queima das Fitas
CR – Conselho de Repúblicas
CV – Conselho de Veteranos
ESEAF – Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca
ESENFC – Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
EUA – Estados Unidos da América
FDUC – Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
FFUC – Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
FMUC – Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
FMUP – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
GEFAC – Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra
GUDR – Grupo Universitário de Danças Regionais
HUC – Hospitais da Universidade de Coimbra
LIMAUC- Liga dos Amigos do Museu Académico de Coimbra
MAC – Museu Académico de Coimbra
MEN – Ministério da Educação Nacional
MUD – Movimento de Unidade Democrática
OAC – Orfeão Académico de Coimbra
RUC – Rádio Universidade de Coimbra
TAGV – Teatro Académico Gil Vicente
TAUC – Tuna Académica da Universidade de Coimbra
TEUC – Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra
UC – Universidade de Coimbra
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto
UMAC - Worldwide Database of University Museums & Collections
RESUMO
Os museus e o património da vida estudantil são importantes para compreender as
culturas e vivências estudantis em Universidades com carateristícas diferentes, em
países e continentes diversos. No entanto, a maioria das Universidades dá pouca
importância a estas coleções e património: ou estão incluídas em outros museus ou há
museus que dependem de particulares ou associações.
O museu académico de Coimbra representa um caso importante de museu de vida
estudantil a nível mundial com mais de meio século de vida que se iniciou como seção
da AAC. Coleções, património, documentação e biblioteca da vida estudantil
constituem um museu único que, no entanto, necessita de grandes reformas. Por essa
razão, após um estudo de caso do museu numa época específica do contexto académico
de Coimbra (1951-1969) quando assistimos à ruptura do regime vigente com os
estudantes. Após uma breve análise do estado atual do museu, apresentamos uma
proposta de renovação do museu de forma a dar-lhe a dignidade que merece.
Palavras-chave: Museu Académico de Coimbra, museus de vida estudantil, vida
estudantil, património de vida estudantil, coleções de vida estudantil, Academia de
Coimbra (1951-1969).
ABSTRACT
The museums and heritage of student life are important to understand the cultures and
student characteristics in different universities of the world. However, most universities
give little importance to these collections and heritage: or are included in other
museums or this museums are in individual persons or associations.
The academic museum of Coimbra is an important case of student life museum in the
world with more than half a century that began as a section of the AAC. Collections,
heritage, library and documentation of student life is a unique museum which, however,
needs major renovations. For this reason, after a case study of the museum in a
particular season of the academic context of Coimbra (1951-1969) when witnessing the
breakdown of the regime with students. After a brief analysis of the current state of the
museum, we presented a proposal for renovation of the museum in order to give it the
dignity it deserves.
Keywords: Academic Museum of Coimbra, student life museums, student life, student
life heritage, student life collections, Coimbra Academy (1951-1969).
1
AGRADECIMENTOS
Na elaboração de um trabalho desta dimensão contamos sempre com o auxílio
de pessoas sem as quais não teria sido possível a sua realização.
Começamos por agradecer à nossa orientadora, Professora Doutora Irene
Vaquinhas, pelo profissionalismo e rigor demonstrados na orientação, além da
disponibilidade para nos receber e pelos conselhos prestados.
Aos funcionários do Museu Académico de Coimbra, pela forma como nos
facilitaram o acesso à documentação do Museu, sem a qual teria sido impossível a
realização deste trabalho.
Aos funcionários do Arquivo da Universidade de Coimbra pelas informações
prestadas acerca da documentação de alunos relacionada com o Museu Académico.
Aos funcionários da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e da
Biblioteca Municipal de Coimbra pela companhia sempre presente e prestativa nas
inúmeras horas de pesquisas em publicações periódicas.
À Sra. Dr ª Manuela Teixeira Santos, pela oferta de uma obra de edição de autor
sobre o Dr. Joaquim Teixeira Santos onde constam várias informações importantes para
este estudo, além da cedência de uma fotografia com os elementos da comissão
instaladora do Museu Académico.
A todos e todas que, ao longo deste caminho, deram o incentivo e força
necessária para a elaboração deste trabalho, com papel destacado para os nossos pais e
restante família em Portugal, no Brasil e em França. Uma lembrança muito especial
para a nossa avó materna que “partiu” durante a elaboração desta dissertação sem a ver
concluída.
Também não poderia deixar de mencionar os amigos e amigas que
acompanharam este “longo caminho”: o Professor Doutor Manuel Marques Inácio, com
as palavras de estímulo e de caráter construtivo que sempre nos deu nas horas de maior
dificuldade, o Dr. Emídio Guerreiro, o Professor Doutor Fernando Rebelo e a
Professora Doutora Maria de Lurdes Rebelo, a Mestre Teresa Carreiro a Dr ª Fátima
Lencastre, o Dr. Joaquim Couto, o Dr. Augusto Roxo e o Dr. Augusto Camacho Vieira
2
pelas palavras de incentivo. Esperamos não olvidar qualquer nome, tão extensa é a lista.
Se tal acontecer, as nossas desculpas.
Aos colegas do curso de Mestrado pelo auxílio recíproco.
Também uma palavra de gratidão especial para a Liga dos Amigos do Museu
Académico de Coimbra e para todos os membros dos seus corpos sociais que sempre
estimularam a concretização desta obra.
A todos e todas, muito obrigado.
Rui Lopes
3
INTRODUÇÃO
Quando foi definido como tema de dissertação de 2 º Ciclo em História,
especialização em Museologia o Museu Académico de Coimbra, é natural que houvesse
razões para essa escolha.
O fato de há muito estudarmos a vida estudantil coimbrã e a canção de Coimbra
foi um dos fatores decisivos para melhor conhecer o museu, o seu historial e as suas
valências. Igualmente determinante nessa opção foi a nossa ligação à direção da recém
criada Liga dos Amigos do Museu Académico de Coimbra.
Também influenciou essa escolha o fato de que embora se trata de um museu
universitário de vida estudantil, possuidor de um património valiosíssimo e único sob
diversos níveis, é muito pouco conhecido e divulgado, tanto a nível nacional como
local.
O trabalho foi esquematizado em capítulos e a sua evolução foi determinada
pelas fontes históricas que foram sendo levantadas. Neste sentido, iniciou-se o estudo
por uma caraterização sumária dos museus de vida estudantil existentes tanto no país
como no estrangeiro.
Em termos metodológicos foi importante estabelecer limites temporais. A opção
recaiu nos anos de 1951 e 1969, balizas temporais que precisam de ser justificadas.
Quanto ao ano de 1951, foi nesta data que se fundou o museu, por uma direção da AAC
com elementos do MUD juvenil, no momento em que a demolição da velha alta
coimbrã ainda estava em curso. Já a escolha para o ano de 1969 se deve ao fato de essa
data assinalar a ruptura estudantil com o Estado Novo. A época temporal escolhida
constituiu um período de grande contestação estudantil durante o qual o museu teve
uma intensa atividade, estando, além do mais, associado ao movimento estudantil da
época em estudo.
Ainda no quadro metodológico, optámos por partir do geral para o particular. No
primeiro capítulo analisam-se, de uma forma sumária, museus universitários, mais
especificamente, museus de vida estudantil dando exemplos de alguns casos
representativos de coleções e património em vários países, através da seleção de casos
4
mais emblemáticos, não esquecendo de justificar as razões da sua existência em alguns
países e noutros não, esboçando-se o seu panorama atual. Na elaboração deste capítulo
foi necessário recorrer ao cruzamento de informações, tanto sobre a temática da
museologia, como da História da Universidade de Coimbra ou mesmo publicações
generalistas. Por outro lado, foi muito importante o site da UMAC 1, bem como a
pesquisa no “google”, através de termos como “museu de vida estudantil” (também em
francês, inglês e alemão) ou “Karzer” (para o caso das prisões estudantis), de grande
utilidade, sobretudo no que respeita a imagens.
No segundo capítulo é analisado o processo de criação do MAC, abordando-se,
em particular, as várias tentativas frustradas que antecederam a sua abertura no ano de
1951.
No terceiro capítulo serão particularizados alguns aspetos respeitantes sobretudo
ao edifício e ao processo de gestão financeira. Para além das questões envolvendo a sua
sede, analisar-se-á o modo como foi constituído o potencial humano do MAC.
No quarto capítulo destacamos, em vários pontos, as coleções e atividades
desenvolvidas. A época em estudo foi riquíssima em termos de incorporações de peças,
bem como em iniciativas (ainda que algumas não tenham passado de intenções), e de
algumas exposições.
No quinto capítulo, procuramos dar a conhecer, de forma sintética, o MAC na
atualidade (formalizado na sequência de um protocolo assinado em 1990) e as
dificuldades que padece a exigirem soluções. No sexto capítulo apresentamos várias
sugestões de otimização e de revitalização do MAC. No termo do trabalho,
apresentamos as conclusões finais e, face ao que o museu foi no passado, apontam-se
sugestões do que ainda poderá ser.
Em anexo, serão apresentados vários tipos de materiais de apoio que auxiliam na
compreensão do texto, como por exemplo: fotografias, quadros estatísticos (sobre as
exposições, as doações e os depósitos de coleções); alguns documentos significativos
como o protocolo de instalação de 1990, os estatutos da LIMAUC ou legislação
(inclusive o famoso decreto-lei nº 40900). Apresenta-se também o corpo constitutivo
das várias direções do MAC que as fontes tornaram possível conhecer, além de uma
cronologia com as principais etapas de evolução do MAC, tal como uma proposta de
programação anual e de exposições temporárias a concretizar.
1
Apesar de muitos sites de museus já não existirem online ou haver casos em que não existe mesmo site.
5
Na análise deste tema colocou-se o problema da escassez de fontes impressas
com informações relativas ao MAC, exceto no que respeita ao jornal académico “Via
Latina”. Os arquivos do MAC foram decisivos, disponibilizando fontes documentais
importantes para o seu estudo: atas da direção da AAC, documentação da comissão
instaladora e da seção MAC da AAC que ali se encontra arquivada, destacando-se
correspondência, atas, documentação financeira, tal como livros de doações e
depósitos2. Complementarmente recorreu-se a publicações relacionadas com a AAC, a
oposição estudantil ao Estado Novo, sobre a vida estudantil e mesmo sobre o MAC. No
entanto, quanto à contextualização histórica da academia coimbrã na época, as fontes
são abundantes, disponibilizando também o arquivo do museu alguns catálogos.
Já no quinto e sexto capítulo, notámos a quase ausência de fontes impressas
recentemente sobre o MAC, à exceção da “Cabra” e, mais recentemente, o MAC
ressurgiu na imprensa com as atividades da LIMAUC. Recorremos a publicações sobre
a temática da vida estudantil e uma publicação editada pela LIMAUC sobre o MAC,
tendo sido necessário também, por vezes, pesquisar no espaço cibernáutico.
Por outro lado, convém destacar que, neste estudo, também foram fundamentais
publicações sobre a temática da Museologia e, em alguns casos, sobre os museus
universitários, sem as quais não teria sido possível este trabalho.
2
Apesar de nos últimos três casos mencionados não existir informação para todos os anos.
6
CAPÍTULO I – OS MUSEUS UNIVERSITÁRIOS DA VIDA ESTUDANTIL:
PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL
Ao incidirmos o nosso estudo num museu da vida estudantil, um género
específico de museu universitário, importa analisar o panorama nacional e internacional
desta especificidade de museus através de uma breve análise dos museus universitários
na generalidade. Para a efetivação desse objetivo tivemos por base o espaço
cibernáutico com destaque para o site da UMAC, assim como a revista Museum
Internacional, além de publicações sobre a temática da vida estudantil.
A grande maioria das universidades possui museus universitários, a exemplo da
universidade de Coimbra que dispõe de museus da Ciência, de Antropologia, de
Botânica, de Física, de Mineralogia, entre outros.
No que reporta à definição de museu universitário, Fernando Bragança Gil
define-o da seguinte forma: “Além de depender de uma Universidade, colabora
estreitamente nas actividades docentes, científicas e culturais […] dos departamentos
universitários afins […]”3. Esta aceção permite-nos aferir que, entre o museu e a
universidade, existe uma relação reciproca de interdependência. As coleções e peças aí
disponíveis são úteis pedagogicamente para o estudo de várias disciplinas4 bem como,
para os investigadores em diferentes áreas de estudo com museus de Antropologia, de
História Natural, de Botânica, entre outros exemplos. Por outro lado, o museu depende
financeiramente da universidade. Por isso, não obterá financiamento para cumprir os
objetivos a que se propõe sem o estabelecimento de ensino que o tutela e a que pertence,
verificando-se que ambas as instituições são necessárias para que cumpram as metas a
que se propõem.
É certo que os museus universitários têm objectivos pedagógicos, adequando-se
às funções do ensino superior. Não estão, no entanto, imunes a vários problemas. O fato
de estarem agregados aos departamentos a que as suas coleções e peças dizem respeito,
3
Fernando Bragança Gil – “Museus de Ciências Exactas no âmbito dos Museus Universitários”. In Actas
do Colóquio Museus Universitários: sua inserção activa na Cultura Portuguesa. Lisboa: APOM, 1982,
p. 84.
4
Peter Stanbury – “Les musées et les collections universitaires”. In Museum International. Vol. 52: 6. N º
2. Paris: UNESCO, 2000, p. 6.
7
origina a sua dispersão, situação que é comum em outras universidades, caso dos EUA5,
quando seria porventura mais fácil a sua gestão se todas as coleções e peças se
concentrassem num único museu universitário.
Outra questão problemática que este tipo de museus levanta é a financeira. Em
muitos casos, a ausência de estatutos determina a falta de autonomia financeira e de
orçamento próprio para as atividades. Ora, sem orçamento é impossível qualquer museu
conseguir alcançar os objetivos a que se propõe.
A pesquisa efetuada permitiu verificar a existência de museus, de coleções e de
património da vida estudantil na Alemanha, na Argentina, na Austrália, na Bélgica, na
Bielorússia, no Brasil, em Espanha, na Estónia, na Finlândia, na Grécia, na Holanda, em
Itália, na Letónia, na Polónia, na Roménia, na Rússia, na Suécia, na Suíça, além dos
casos portugueses, num total de trinta e seis exemplos representativos, os quais podem
ser observados no quadro I.
Por outro lado, nos valores e percentagens indicados no quadro I, observamos
que a Alemanha possui a mais elevada percentagem de museus e património, com 25%
do total em relação aos restantes países, seguindo-se os exemplos da Bélgica e Portugal,
ambos com 8,30% do total.
Impõe-se, no entanto, a questão de se saber quais os motivos que justificam a
sua existência em apenas alguns países. A resposta à questão afigura-se dever a dois
fatores essenciais: a antiguidade e o modelo da universidade.
Em relação ao primeiro critério, embora grande parte das universidades seja de
origem medieval (casos de Salamanca, de Pádua, de Paris e de Montpelier), é a partir do
século XIV que o seu número aumenta: Praga (1347), Heidelberg (1385), Tübingen
(1476-1477)6. Na época moderna, as universidades são um suporte do aparelho político
do Estado, na medida em que são consideradas “[…] como “fábricas” de recrutas para o
serviço público e clerical […]”7. Ao tempo, a vida estudantil carateriza-se por dois
modelos distintos: O modus parisiensis um “[…] sistema de internato ou colégio mais
ou menos privado […]8 profundamente enraizado em “[…] Inglaterra (colleges), França
5
Glenn Willunson – “Quand le public des musées universitaires se transforme”. In Museum
International. Vol. 52: 15. Nº 2. Paris: UNESCO, 2000, p. 15.
6
Jacques Le Goff – Os intelectuais na Idade Média. Lisboa: Gradiva, s/d, p. 157-158.
7
Reiner A. Müller – “Educação e vida estudantis”. In Uma História da Universidade na Europa: As
Universidades na Época Moderna (1500 – 1800). [S.L]: Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas; Fundação Engº António de Almeida; Imprensa Nacional Casa da Moeda, s/d, Vol. II, p. 317.
8
Reiner A. Müller – ob. cit., p. 320.
8
(collèges) e Espanha (colégios mayores)”9. Já o modus bononiensis de “[…]frequência
relativamente livre da universidade e cama e mesa em alojamento particular[…]na
Itália, em Portugal, na Alemanha, na Europa sedentrional e oriental[…] onde a maior
parte dos estudantes vivia em alojamentos particulares e na esfera social dos cidadãos
de uma cidade universitária […]”10.
Quadro I – Os museus, instituições com coleções de vida estudantil e prisões estudantis
por país
PAÍS
MUSEUS DE
VIDA
ESTUDANTIL
%
MUSEUS E
INSTITUIÇÕES
COM
COLEÇÕES DE
VIDA
ESTUDANTIL
Alemanha
0
0,00%
1
6,30%
8
72,70%
9
25%
Bélgica
2
22,20%
1
6,30%
0
0,00%
3
8,30%
Holanda
0
0,00%
3
18,80%
0
0,00%
3
8,30%
Portugal
1
11,10%
1
6,30%
1
9,10%
3
8,30%
Austrália
0
0,00%
2
12,50%
0
0,00%
2
5,50%
Itália
1
11,10%
1
6,30%
0
0,00%
2
5,50%
%
PRISÕES
ESTUDANTIS
%
TOTAL
%
Letónia
0
0,00%
1
6,30%
1
9,10%
2
5,50%
Argentina
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Bielorússia
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Brasil
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Espanha
1
11,10%
0
0,00%
0
0,00%
1
2,80%
Estónia
0
0,00%
0
0,00%
1
9,10%
1
2,80%
Finlândia
1
11,10%
0
0,00%
0
0,00%
1
2,80%
Grécia
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Polónia
1
11,10%
0
0,00%
0
0,00%
1
2,80%
Roménia
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Russia
1
11,10%
0
0,00%
0
0,00%
1
2,80%
Suécia
0
0,00%
1
6,30%
0
0,00%
1
2,80%
Suiça
1
11,10%
0
0,00%
0
0,00%
1
2,80%
TOTAL
9
99,90%
16
100,60%
11
100%
36
100%
Fontes: sites da internet.
Estes dois modelos, associados a determinados países (como podemos verificar
no quadro I), estão diretamente relacionados com a existência ou ausência de coleções
de vida estudantil, associando-se o segundo aos países onde existem. De um modo
geral, nas universidades reguladas pelo modus parisiensis não existem coleções de vida
estudantil, à exceção de casos como o Museu Internacional do Estudante em Salamanca.
9
Reiner A. Müller – ob. cit., p. 320.
Reiner A. Müller – ob. cit., 320-337.
10
9
No entanto, podemos ainda observar que o património constituído pelas prisões
académicas está associado ao modus bononiensis, sobretudo na Alemanha.
O “modelo aberto” certamente que permitiria uma maior flexibilidade na
interpretação dos regulamentos, sendo estes frequentemente infringidos. A este
propósito, podemos evocar as palavras de Fernando Taveira da Fonseca, aplicadas ao
corpo
estudantil
de
Coimbra:
“[…]jovem,
desenraizado
do
seu
meio
ambiente[…]temporariamente liberto do poder paternal[…]”11 sendo os casos mais
comuns “[…]delinquência religiosa, ofensas morais, embriaguez[…]”12. Já no caso de
Heidelberg,
“[…]Theft,
carousals,
brawls,
student's
duels
and
nighttime
disturbance[…]”13, sendo estes os fatores determinantes para a existência das prisões.
Por outro lado, também há que ter em conta existência do foro académico que,
no caso de Coimbra, determinava que os estudantes estivessem “[…]isentos da
jurisdição das autoridades ordinárias e só respondiam perante os seus juízes
privativos[…]”14 havendo mesmo “[…]o meirinho e os seus dez homens[…]”15para
vigiar o comportamento dos estudantes. No caso de Heidelberg, a universidade “[…]up
to the beginning of the 20th century the university had an own jurisdiction[…]”16.
A antiguidade da universidade, em vários casos, também justifica a existência de
museus, de coleções e património da vida estudantil, entre os quais se inclui Coimbra,
Bolonha (disponibiliza o museu europeu do estudante). Fora do espaço europeu, poderse-á evocar o Brasil, com o Museu Memorial da Medicina na UFBA (herdeira da
primitiva escola médico-cirurgica fundada em 181317), ou o Museu da Faculdade de
Direito de Córdova (Argentina), tendo esta Universidade sido fundada no ano de 1614.
Também importa mencionar que existem universidades de grande longevidade que não
possuem coleções ou património de vida estudantil, sendo um dos casos mais
conhecidos o da Sorbonne, na cidade de Paris.
Fernando Taveira da Fonseca – A Universidade de Coimbra (1700-1771) (Estudo social e económico).
Coimbra: Universidade de Coimbra, 1995, p. 395.
12
Hilde de Ridder-Symoens – “Gestão e recursos”. In Uma História da Universidade na Europa: As
Universidades na Época Moderna (1500 – 1800). [S.L]: Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas; Fundação Engº António de Almeida; Imprensa Nacional Casa da Moeda, s/d, Vol. II, p. 168.
13
Online em: http://www.heidelberg-guide.com/heidelberg_old_university.html acedido em 5-3-2012 às
9.15.
14
“Foro académico”. In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial
Enciclopédia, s/d, Vol. XI, p. 664.
15
Hilde de Ridder-Symoens – ob. cit., p. 168.
16
Online em: http://www.heidelberg-guide.com/heidelberg_old_university.html acedido em 5-3-2012 às
9.15.
17
Online em: http://www.ufba.br/conteudo/memorial-de-medicina acedido em 2-10-2011 às 9.20.
11
10
Quadro II – Distribuição por continentes dos museus, instituições com coleções de vida
estudantil e património da vida estudantil
MUSEUS DE
VIDA
CONTINENTE ESTUDANTIL
%
MUSEUS E
INSTITUIÇÕES
COM
COLEÇÕES DE
VIDA
ESTUDANTIL
%
PRISÕES
ESTUDANTIS
%
TOTAL
%
Europa
8
88,90%
10
62,50%
9
81,80%
27
75,00%
Ásia
1
11,10%
2
12,50%
2
18,5%
5
13,88%
América
0
0,00%
2
12,50%
0
0,00%
2
5,56%
Oceania
0
0,00%
2
12,50%
0
0,00%
2
5,56%
África
0
000%
0
0,00%
0
0,00%
0
5,50%
TOTAL
9
100%
16
100%
11
100%
36
100%
Fontes: sites da internet.
1 – Os museus de vida estudantil
Figura 1 – Imagem de apresentação do Museu Internacional do estudante de Salamanca.
(Fonte: Online em: http://www.museodelestudiante.com/Indice.htm acedido em 2-102011 às 10.00).
Os museus da vida estudantil caraterizam-se por dois fatores fundamentais: estão
todos localizados na Europa (100%), como confere o quadro II e são constituídos por
coleções exclusivamente da vida estudantil (Cf. quadro III). No entanto, serão
apresentados outros casos.
a) Museu Internacional do Estudante (Salamanca)
O Museu internacional do estudante, de Salamanca, carateriza-se por ser um museu
virtual. O site do museu destaca valências importantes como a biblioteca e o
cancioneiro, mas também fotografias da vida estudantil de praticamente todo o
11
mundo18. Daí a justificação do título internacional. Aquando das comemorações dos
oitocentos anos da Universidade de Salamanca levantou-se a possibilidade de dispor de
um espaço, hipótese que foi inviabilizada devido à falta de apoios19.
b) Museu Europeu do Estudante (Bolonha)
O Museu europeu do estudante integra-se na Alma Mater Studiorum da
Universidade de Bolonha, mais concretamente no serviço de arquivo histórico, fato que
o torna financeiramente dependente da instituição em que se enquadra20. A sua criação
está, por um lado, relacionada com a antiguidade da universidade, tendo sido Bolonha a
primeira universidade a ser criada no contexto europeu; por outro lado, “[…]l'Alma
Mater studiorum ha voluto promuovere un'iniziativa culturale che favorisca la
conoscenza e lo studio del mondo studentesco e che possa in futuro operare come centro
permanente di documentazione del mondo studentesco europeo.”21.
O site do museu é bastante desenvolvido e convém destacar, entre as suas coleções,
cartões postais, fotografia, manifestos, diplomas e medalhas (Cf. quadro III).
c) Museu da vida de estudante (Antuérpia)
O Museu da vida de estudante, em Antuérpia, carateriza-se por desenvolver
arquivos e uma biblioteca de vida estudantil. Por outro lado, também possui uma
exposição, pretendendo vir a converter-se num museu virtual22. Não se explicita a
ligação a qualquer universidade.
d) Fonds Bossart (Liège)
O Fonds Bossart é uma associação estudantil belga cujo objetivo é preservar a
memória de tudo o que diga respeito aos estudantes aos mais diversos níveis. De forma
a concretizar-se esse objetivo, procede-se à recolha de informações e de património,
dinamizando ainda o projeto internacional dos goliardos23. No que respeita às coleções,
18
Online em: http://www.museodelestudiante.com/Indice.htm acedido em 2-10-2011 às 10.00.
Online em: http://www.museodelestudiante.com/Gestion.htm acedido em 2-10-2011 às 10.15.
20
Online em: http://www.archiviostorico.unibo.it/museostud/ acedido em 2-10-2011 às 9.00.
21
Online em: http://www.archiviostorico.unibo.it/museostud/storia.asp?LN=IT acedido em 2-10-2011 às
9.30.
22
Online em: http://www.mota.org/waarom.htm acedido em 4-3-2012 às 10.00.
23
Online em: http://www.fondsboussart.org/ acedido em 4-3-2012 às 9.15.
19
12
estas são, sobretudo, constituídas por cancioneiros e periódicos, com os quais se
organizam exposições24.
e) Museu dos estudantes do politécnico de Helsínquia
O Museu dos estudantes do politécnico de Helsínquia depende da União dos
estudantes da Universidade de Helsínquia25. O site nada informa quanto às respectivas
coleções.
f) Museu do Arquivo das fraternidades académicas polacas
O Museu do Arquivo das fraternidades académicas polacas em Pozen, embora tenha
sido captado nas pesquisas efetuadas, não disponibiliza qualquer informação sobre o seu
conteúdo26.
g) Museu de História estudantil (Assens)
Este museu desenvolveu-se a partir de uma associação criada em 1995, da qual
depende financeiramente, tendo sido inaugurado em 1997, sendo o seu espólio
constituído fundamentalmente por canções estudantis. Na atualidade está aberta ao
público a exposição “Gaudeamus”27.
h) Arquivo da Sociedade Académica e Museu do estudante (Lund)
O Arquivo da Sociedade Académica e Museu do estudante de Lund possui coleções
constituídas fundamentalmente por “[…]documents, photographs and press clippings
about students and their activities from Lund and all over Sweden”28. As informações
no site são muito escassas.
Da análise efetuada, tendo por base breves observações retiradas de sites na
internet, é possível concluir que estas instituições têm determinados denominadores
comuns, sendo de destacar a dependência das universidades (ou de respetivas unidades
orgânicas), embora também existam casos que fogem à regra, conforme se salientou.
Por outro lado, também existem museus que não têm qualquer vínculo ao meio
universitário, dependendo de fundações ou associações que preservam e divulgam o
24
Online em: http://www.fondsboussart.org/musee.xhtml acedido em 4-3-2012 às 9.30.
Online em: http://www.polyteekkarimuseo.fi/index.html acedido em 5-3-2012 às 8.30.
26
Online em: http://www.archiwumkorporacyjne.pl/en/ acedido em 4-3-2012 às 8.30.
27
Online em: http://www.musee-assens.ch/ acedido em 4-3-2012 às 9.00.
28
Online em: http://www.aswedenattraction.com/sweden-attractions/academic-society-archives-studentmuseum.htm acedido em 22-2-2012 às 9.00.
25
13
património da vida estudantil. O que afigura poder associar-se à desresponsabilização
das universidades em relação aos respetivos patrimónios históricos do seu corpo
discente.
Quadro III – As coleções nos museus de vida estudantil
COLEÇÕES
Nº
COLEÇÕES
%
Canções estudantis
4
11,76%
Fotos
4
11,76%
Imprensa
4
11,76%
Diversos
3
8,82%
Documentação
3
8,82%
Biblioteca
2
5,88%
Caricaturas
2
5,88%
Sem informação
2
5.88%
Cartazes
1
2,94%
Diplomas
1
2,94%
Filmes
1
2,94%
Gravuras
1
2,94%
Instrumentos musicais
Letras canções
estudantis
Partituras canções
estudantis
1
2,94%
1
2,94%
1
2,94%
Pastas académicas
1
2,94%
Slides
1
2,94%
Troféus desportivos
1
2,94%
TOTAL
34
99,96%
Fontes: sites da internet.
No âmbito das coleções disponíveis, é importante referir a diversidade notável29,
destacando-se várias tipologias (Cf. quadro III): canções estudantis (11,76%),
fotografias (11,76%), imprensa (11,76%), as bibliotecas (5,88%), embora com menor
percentagem devemos referir os diplomas (2,94%), instrumentos musicais (2,94%), as
letras e partituras de canções estudantis (ambas com 2,94%) e os troféus desportivos
(2,94%), entre outras, embora também existam museus que não informam das suas
coleções numa percentagem correspondente a 5,88%. Desta forma, entende-se que a
tipologia das coleções é vasta embora se destaquem as maiores percentagens nas fotos,
além de outras coleções como é o caso da documentação.
29
Apesar de não obtermos informações de alguns museus, entre os quais, o Museu dos estudantes do
politécnico de Helsínquia e o Museu das fraternidades académicas na Polónia.
14
2 – Museus e instituições com coleções de vida estudantil
No que respeita aos museus e outras instituições que possuem coleções de vida
estudantil, de acordo com o quadro II, situam-se maioritariamente na Europa
(Alemanha, Bélgica, Grécia, Holanda, Itália, Portugal, Roménia, Suiça), onde
destacamos dezasseis casos (62,50%), mas também em outros continentes com dois
exemplos (12,50%) na Ásia (Bielorússia, Letónia), dois exemplos (12,50%) na América
(Argentina e Brasil) e dois exemplos (12,5%) na Oceania (Austrália). Poder-se-á
perguntar as razões para não se autonomizarem como museus, embora tal se afigure, em
alguns casos, pela escassa relevância dada às coleções de vida estudantil. Estas
integram-se, amiúde, em coleções de outros museus ou instituições, como por exemplo,
arquivos.
Figura 2 – Poster de 1934 no Museu de História da Universidade de Grönigen. (Fonte:
Online em: http://www.rug.nl/museum/collecties/historisch/lustrumaffiche.jpg acedido
em 5-6-2012 às 8.08).
Quadro IV – Tipologia das coleções existentes nos museus e instituições que
possuem coleções de vida estudantil
COLEÇÕES
Nº
COLEÇÕES
%
Fotos
6
20,00%
Diplomas
5
16,67%
Documentação
4
13,33%
Diversos
4
13,33%
Livro de curso
3
10,00%
Sem informação
1
5,00%
Canções estudantis
1
3,33%
Cartazes
1
3,33%
Gravuras
1
3,33%
Medalhas
1
3,33%
Pastas académicas
1
3,33%
Programas
1
3,33%
Troféus desportivos
1
3,33%
Sem informação
1
3,33%
Total
30
96,64%
Fonte: sites da internet.
15
3 – Património da vida estudantil
Outro aspeto fundamental da vida estudantil que merece atenção são as prisões
estudantis. São em número significativo (72,70%) nas universidades alemãs (Cf. quadro
I), bem como existem na Estónia e na Letónia, além do caso de Portugal na UC (Cf.
quadro I).
Convém referir que as prisões estudantis são uma consequência do foro
académico, estando associadas ao modus bononiensis. No entanto, trata-se de um
património único que deve ser preservado, dispondo-se também de desenhos, de
pinturas, de inscrições nas paredes, havendo alguns casos que possuem cama, mesa e
cadeira.
Figura 3 – Imagem da prisão Académica da Universidade de Leipzig. (Fonte: online em:
http://www.archiv.uni-leipzig.de/karzer/gericht/Site/karzer_galerie1.htm acedido em 43-2012 às 8.00).
Em relação às coleções que constam no património que constituem as prisões
académicas, através do quadro V podemos observar que a tipologia maioritária é para os
desenhos (40,91%) e pinturas e inscrições (36,36%), no entanto, há que reparar que há
entre as coleções mesas e cadeiras (13,64%) e camas (9,09%).
16
Quadro V – As coleções nas prisões estudantis
COLEÇÕES
Nº
COLEÇÕES
%
Desenhos
9
40,91%
Pinturas e inscrições
8
36,36%
Mesa e cadeira
3
13,64%
Cama
2
9,09%
Sem informação
1
3,33%
TOTAL
30
103,33%
Fontes: sites na internet.
4 – O caso português
No que respeita a Portugal, existem apenas três casos: o Museu Académico de
Coimbra, a prisão académica da UC e as coleções de vida estudantil no Museu da
História da Medicina Maximiano Lemos, da Universidade do Porto, constituído no ano
de 193330, se bem que as coleções deste último museu estejam relacionadas com a
medicina. A sala João de Meira expõe peças da vida estudantil como por exemplo,
pastas de quintanistas de medicina, livros de curso de finalistas, programas de
festividades ou reuniões académicas31.
A coleção da FMUP tem origem na Escola Médico-Cirúrgica do Porto criada,
em 1836, por Passos Manuel (antecedente da atual FMUP)32.
Figura 4 – Pastas de quintanistas no Museu de História da Medicina Maximiliano de
Lemos na FMUP (Fonte: online em: http://museumaximianolemos.med.up.pt/index.php
acedido em 2-10-2011 às 14.00).
30
Online em: http://museumaximianolemos.med.up.pt/index.php acedido em 2-10-2011 às 14.00.
Online em: http://museumaximianolemos.med.up.pt/index.php acedido em 2-10-2011 às 14.00.
32
Online em: http://sigarra.up.pt/fmup/web_base.gera_pagina?P_pagina=1182 acedido em 2-10-2011 às
15.30.
31
17
Quanto à prisão académica da Universidade de Coimbra que conhecemos na
atualidade, encontra-se, desde 1773, nas infra-estruturas da biblioteca joanina33, junto
das escadas de minerva, sendo constituída por cárcere coletivo e cárcere individual,
fazendo hoje parte do circuito turístico da UC.
No final deste capítulo cumpre-nos afirmar que existem museus, coleções e
património de vida estudantil em diversos países e continentes, com destaque para a
Europa (Cf. quadro III), detendo a Alemanha a maior percentagem (33,3%), seguida
pela Bélgica, pela Holanda e por Portugal (11,1%). No entanto, há um problema de
fundo nos museus da vida estudantil. À semelhança das dificuldades já referidas para a
generalidade dos museus universitários, os museus de vida estudantil assumem outra
problemática: as suas coleções não são valorizadas como deviam, razão pela qual,
inúmeras vezes, fazem parte de outros museus ou instituições.
Quadro VI – Os museus, museus e instituições com coleções de vida estudantil e prisões
estudantis na Europa
%
MUSEUS E
INSTITUIÇÕES
COM
COLEÇÕES DE
VIDA
ESTUDANTIL
%
PRISÕES
ESTUDANTIS
%
TOTAL
%
PAÍS
MUSEUS DE
VIDA
ESTUDANTIL
Alemanha
0
0,00%
1
10,00%
8
88,90%
9
33,30%
Bélgica
2
25,00%
1
10,00%
0
0,00%
3
11,10%
Holanda
0
0,00%
3
30,00%
0
0,00%
3
11,10%
Portugal
1
12,50%
1
10,00%
1
11,10%
3
11,10%
Itália
1
12,50%
1
10,00%
0
0,00%
2
7,50%
Espanha
1
12,50%
0
10,00%
0
0,00%
1
3,70%
Finlândia
1
12,50%
0
0,00%
0
0,00%
1
3,70%
Grécia
0
0,00%
1
10,00%
0
0,00%
1
3,70%
Polónia
1
12,50%
0
0,00%
0
0,00%
1
3,70%
Roménia
0
0,00%
1
10,00%
0
0,00%
1
3,70%
Suécia
0
0,00%
1
10,00%
0
0,00%
1
3,70%
Suiça
1
12,50%
0
0,00%
0
0,00%
1
3,70%
TOTAL
8
100,00%
10
100%
9
100%
27
100,00%
Fontes: sites da internet.
33
Online em: http://www.uc.pt/informacaopara/visit/paco/prisao/ acedido em 1-08-2012 às 12.00.
18
CAPÍTULO II – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MAC
Este capítulo que trata da evolução histórica do MAC na época temporal em
estudo (1951-1969), foi dividido, para maior simplificação da sua análise, em vários
pontos: a contextualização da academia de Coimbra na época em estudo, os
antecedentes do MAC e, por fim, a sua abertura.
1 – O contexto académico de Coimbra entre 1951 e 1969
A segunda guerra mundial findara em Maio de 1945. Na sequência do seu termo
assiste-se ao fim de vários regimes autoritários, traduzindo-se num triunfo das
democracias ocidentais. Deste modo, em 1945, surge um mundo novo derivado do final
da guerra que terá consequências também em Portugal. Apesar de Oliveira Salazar
(1889-1970) sempre ter afirmado a neutralidade no conflito, manteve uma colaboração
discreta com os alemães e os ingleses.
As consequências do final da guerra e das mudanças subjacentes também
chegaram à academia de Coimbra. Em Janeiro de 1945, Francisco Salgado Zenha
(1923-1993), um estudante da FDUC natural de Braga34, toma posse como presidente
da AAC35. No entanto, em Maio de 1945, recusa ir a Lisboa apoiar Salazar por este ter
evitado a participação lusa no conflito mundial. Este fato originará a sua demissão da
presidência da AAC ainda em Maio de 194536.
Por outro lado, no ano de 1945, assistimos à criação do MUD37, o qual se
enquadra num contexto de “«abertura política», no sentido de prevenir eventuais
pressões político-diplomáticas”38, tendo esta organização “existência legal[…]até
34
Cf. anexo III.
João Pedro Campos – AAC: os rostos do poder. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009, p. 49.
36
João Pedro Campos – ob. cit., p. 50.
37
Teresa Carreiro – Viver numa república de estudantes de Coimbra: Real República Palácio da
Loucura: 1960-70. Porto: Campo das Letras, 2004, p. 37.
38
Fernando Costa – “Movimento de Unidade Democrática”. In Dicionário de História do Estado Novo.
Lisboa: Bertrand, 1996. Vol. II, p. 634.
35
19
1948”39. Apesar disso, o regime colocou sempre entraves à sua ação, o que originou a
criação do MUD Juvenil em 194640. Em Coimbra, a sede do MUD localizava-se nas
escadas do Quebra-costas41 e dele farão parte jovens estudantes mencionados numa lista
por Alberto Vilaça (1929-2007), entre os quais: Francisco Salgado Zenha, Joaquim
António Santos Simões (1923-2004), Alberto Vilaça, António Almeida Santos (1926-),
João Araújo Correia, entre outros42. Estes elementos virão a fazer parte dos órgãos
associativos da AAC no início da década de 1950, onde colaboraram “[…] nas
primeiras diligências para a formação do Museu Académico em 1951”43. Além disso, o
presidente da AAC em 1950-1951, Joaquim António dos Santos Simões44, no momento
em que foi fundado o MAC, integrava o TEUC e o MUD Juvenil45, para além de
presidir à assembleia magna da AAC em 194946, ou seja, a breve abertura que se fez
sentir no rescaldo da 2 ª Grande Guerra, possibilitou que listas contrárias à situação
política vigente dominassem a AAC.
No âmbito académico de Coimbra na época em estudo também deverá ser
evocado outro fator importante: a demolição da velha alta, durante a década de 1940,
para dar lugar à nova cidade universitária. Além de abranger o Colégio de S. Paulo onde
se encontrava instalada a sede histórica da AAC desde a “tomada da Bastilha”, em
1920, também originou alguma contestação, tendo deixado inclusive, de forma indireta,
ecos na própria música, de que são exemplos significativos os fados de Coimbra: “Rua
Larga” e “Balada do V Ano Médico 1948-1949”.
No que respeita à primeira canção, com letra de Carlos de Figueiredo 47, evoca-se
a memória da Rua Larga, uma das principais artérias da velha alta demolida:
Rua Larga é uma saudade,
De tempos idos, distantes,
Balada de mocidade,
Dos antigos estudantes.
Tens lá no céu um altar
Coimbra com outra lua
39
Fernando Costa – ob. cit., p. 634.
Fernando Costa – ob. cit., p. 636.
41
Alberto Vilaça – O MUD Juvenil em Coimbra: histórias e estórias. Porto: Campo das Letras, 1998, p.
13.
42
Alberto Vilaça – ob. cit., p. 126
43
Alberto Vilaça – ob. cit., p. 47.
44
Cf. anexo III.
45
Alberto Vilaça – ob. cit., p. 126.
46
João Pedro Campos – ob. cit., p. 56.
47
Online em: http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2007/11/120-anos-da-associao-acadmica-de.html
acedido em 19-01-2012 às 11.45.
40
20
Velas com luz do luar
Das pedrinhas dessa rua.
Já no que respeita à “Balada do V Ano Médico de 1948-1949”, com música de
Raposo Marques48 (1902-1966) e letra de Arquimedes da Silva Santos (1921-), também
membro do MUD Juvenil49, é percetível um sentimento de revolta pela destruição da
alta, se atendermos à última estrofe do poema:
Eram sonhos, alegrias,
E ilusões à chegada!
As fitas? – verdades frias
Para os que estão de abalada!...
Sete anos de mocidade
Te servimos e, à partida
Já semeias de saudade
A canção da despedida.
Adeus Coimbra! Adeus alta!
Que é do teu perfil de outrora?
O último curso que amaste
Contigo se vai embora50.
Durante a década de 1950 o quadro estudantil da UC conhecerá alterações por
influência de dois fatores fundamentais: o decreto-lei nº 40900 no final de 195651 e a
“conquista” da AAC por uma lista do CR em 196052.
O decreto-lei nº 40900 “[…]pretendia fixar a dependência das estruturas
associativas face ao MEN com a fiscalização de eleições e actividades em geral[…]”53.
De fato, as associações de estudantes estavam reguladas por uma lei de 1932 que estava
desatualizada para a época54. Assim, através do decreto-lei nº 40900 o governo tem
“[…]uma intenção de tutela do Estado sobre as associações académicas[…]”55no
48
Durante muitos anos maestro do OAC.
Alberto Vilaça – ob. cit., p. 126.
50
Online em: http://guitarracoimbra.blogspot.com/2010/04/balada-da-despedida-do-v-ano-medicode.html acedido em 23-10-2011 às 23.00.
51
Cf. anexo VI.
52
Miguel Cardina – “Memórias incómodas e rasura do tempo: movimentos estudantis e praxe académica
no declínio do Estado Novo”. In Revista Crítica de Ciências Sociais, n º 81, Junho 2008, p. 115.
53
Fernando Costa – ob. cit., p. 642.
54
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – Grandes planos. Oposição estudantil à ditadura: 19561974. Lisboa: Âncora Editora, 2002, p. 19.
55
Luís Reis Torgal – Estados novos, estado novo: ensaios de história política e cultural. Vol. II.
Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009, p. 453.
49
21
sentido de não permitir “[…]o trabalho inter-associativo que se vinha fazendo[…]”56e,
no caso específico de Coimbra, poderiam haver “[…]consequências da nova legislação
na actividade futebolística da Académica[…]”57, tendo em conta o prestígio da seção de
futebol da AAC, que já havia inclusivamente vencido a primeira taça de Portugal em
jogo, em 1939, sobretudo, tendo em conta o artigo 14º do decreto-lei nº 40900, o
ministro da educação nacional poderia nomear comissões administrativas para a AAC.
Além disso, o decreto-lei menciona no artigo 16º que o mesmo se estende aos
“[…]orfeões, tunas e grupos dramáticos ou corais que abranjam os estudantes de várias
escolas[…]”58.
Na verdade, a reação a este decreto faz-se sentir de imediato “[…]suspendendoo, na prática, por tempo indeterminado, a aplicação do diploma[…]”59, permitindo
“[…]as associações de estudantes viveram num período de vazio legislativo que lhes
permitiu consolidar e alargar a sua actividade.”60. Assim, este decreto pretendia retirar a
autonomia ao associativismo estudantil através de “[…]sufocação de organismos de
feição democrática que vinham ganhando algum prestígio[…]”61, tendo em conta que
essas instituições “[…]desempenhavam insubstituíveis funções no espaço circumescolar, designadamente de natureza sócio-cultural e desportiva[…]”62. Convirá não
esquecer que, além do MAC, também foram criadas outras seções pela AAC, em
virtude de se ter estimulado “[…]a realização de inúmeras actividades culturais e
desportivas[…]63.
Por
outro
lado,
existem
também
organismos
autónomos
fundamentais, como por exemplo: a TAUC, o TEUC, o OAC, o CITAC, o CELUC, o
CMUC, tendo os três últimos surgido na década de 1950.
O decreto-lei nº 40900 provocou reações distintas na Universidade (inclusive em
setores comprometidos com o regime), “[…]apontando a Universidade como espaço
autónomo[…]onde o governo não deve, em princípio, intervir[…]”64, pois “[…]o
56
Paulo F. de Oliveira Fontes – “A Universidade e o Estado Novo nos anos 50: a crise académica de
1956-1957 e o movimento estudantil”. In Maio de 68: trinta anos depois, movimentos estudantis em
Portugal. Lisboa: Edições Colibri, 1999, p. 158-159.
57
Paulo F. de Oliveira Fontes – ob. cit., p. 158-159.
58
Cf. anexo VI.
59
Fernando Costa – ob. cit., p. 642.
60
Online em: http://www.urap.pt/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=119 acedido em 5 de
Dezembro de 2011 às 14.50.
61
Francisco Salgado Zenha [et. al.] – Processo de uma expulsão disciplinar. Lisboa: [S. N.], 1967, p. 1819.
62
Álvaro Garrido – Movimento estudantil e crise do Estado Novo: Coimbra 1962. Coimbra: Minerva
Coimbra, 1996, p. 57.
63
Álvaro Garrido – ob. cit., p. 87.
64
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – ob. cit., p. 21.
22
regime identificou e tentou destruir os espaços associativos de expressão e
fortalecimento legal da oposição[…]” e […]a ideia de «autonomia universitária»” é o
reduto de defesa de aspiração democrática chegando mesmo a “[…]sectores afectos ao
próprio regime[…]”65.
Em 1960 assiste-se a uma mudança nas estruturas organizativas com a vitória da
lista do CR encabeçada por Carlos Candal (1938-2009)66. Convém, porém, mencionar
que os elementos associados às repúblicas de estudantes têm “[…]alguma experiência
dirigente, designadamente nos organismos autónomos[…]”67, além de conseguirem
conquistar os lares de universitárias68. À direção anteriormente referida sucedem-se
mais direcções da AAC afectas ao CR encabeçadas por José Pinheiro Lopes de Almeida
(1938-), Jorge Manuel Nunes de Aguiar, Francisco Leal Paiva (1937-) chegando-se à
crise académica de 1962 no mandato de José Pedro Belo Soares (1934-)69. Os
acontecimentos decorrentes originam o encerramento da AAC (em cujas instalações
estava o MAC), reabrindo a AAC, no ano de 1964, na nova sede na Rua Padre António
Vieira.
A lista do CR, encabeçada por Carlos Candal, por ser desafeta ao regime
político, segundo José Medeiros Ferreira, “[…]implementou novas actividades que já
não agradavam aos sectores do regime, como a realização em Lisboa do 1 º convívio
universitário (Fev. 1961), por outro lado, a Via Latina, em consequência do convívio
referido publica um texto intitulado “Carta a uma jovem portuguesa”70. Assim, se o
decreto-lei nº 40900 havia tido um papel importante no despertar de consciências, a
partir de 1962 a Universidade não será mais a mesma, através de uma nítida
contradição: por um lado questionada como espaço de liberdade e solidariedade, por
outro lado, continuava a obedecer ao regime e a formar a elite governamental71.
No entanto, nos anos de 1963 e de 1964, o CR vai de novo vencer as eleições da
AAC. Os conflitos permanentes com a reitoria da UC e a prisão de estudantes originam,
em 1965, a demissão da direção e encerramento da AAC em assembleia magna,72 Por
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – ob. cit., p. 26.
Cf. anexo III.
67
Álvaro Garrido – ob. cit., p. 85.
68
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – ob. cit., p. 34.
69
João Pedro Campos – ob. cit., p. 68-75.
70
José Medeiros Ferreira – “O movimento estudantil nos anos sessenta”. In Maio de 68: trinta anos
depois, movimentos estudantis em Portugal. Lisboa: Edições Colibri, 1999, p. 193.
71
Fernando Costa – ob. cit., p. 643.
72
Alberto Sousa Lamy – A Academia de Coimbra 1537-1990: História, praxe, boémia e estudo, partidas
e piadas, organismos académicos. Lisboa: Rei dos Livros, 1990, p. 276-281.
65
66
23
esse motivo, passará a funcionar através de comissões administrativas de nomeação
governamental até 1969, ano em que vencerá novamente as eleições uma lista afeta ao
CR presidida por Alberto Martins (1945-). Subsistirá, no entanto, uma comissão próeleições que era constituída por membros de repúblicas de estudantes e de organismos
autónomos73. Por outro lado, em Novembro de 1968, através da “declaração de
Coimbra”, que também integrava estudantes de Lisboa, vai haver uma maior agudização
no sentido de haver eleições, exigindo “[…]a imediata demissão das comissões
administrativas e eleições imediatas […]na AAC.”74.
Na “tomada da Bastilha” do ano de 1968, vão estar presentes elementos
contestatários de Lisboa e o CR avança com uma lista para a AAC sob o lema “para
uma Universidade nova”, sendo a maioria dos estudantes repúblicos ou pertencentes aos
organismos autónomos. A partir de 1966, o CR foi cada vez mais influente, através de
intervenção em diferentes campos como a cultura e o desporto, pertencendo muitos
repúblicos a seções e organismos autónomos75. O candidato Alberto Martins conciliava
precisamente essas duas caraterísticas: era membro do TEUC e repúblico nos “Pinguyns”, vencendo as eleições em Fevereiro e tomando posse em Março de 196976.
A causa imediata da crise académica foi a solicitação de Alberto Martins ao
Presidente da República para usar da palavra. No entanto, não se pode omitir o contexto
nacional de se acreditar numa abertura do regime com a “primavera marcelista” e o
contexto internacional com a contestação à guerra do Vietname e o Maio de 68 em
França. Por outro lado, à recusa do uso da palavra a Alberto Martins segue-se a
repressão. No entanto, esta não é eficaz, talvez pelas características de Coimbra e o fato
de ser uma cidade do interior com os estudantes deslocados que lhes dava “[…]um
sentido de vida académica muito mais forte e vivo[…]” e “[…]a Associação
Académica[…]congregadora[…]de praticamente toda a actividade lúdica e cultural da
cidade”77. Certo é que as tentativas governamentais de reprimir os estudantes foram
contornadas por estes, como se verá com a AAC na final da taça de Portugal em 1969.
No entanto, vários aspetos serão importantes reter: o afastamento de dirigentes
estudantis da UC, o posterior encerramento da AAC, a nomeação de um novo Reitor da
UC e a nomeação de José Veiga Simão (1929-) para Ministro da Educação.
73
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – ob. cit., p. 131-140.
Marta Benamor Duarte – “A crise académica de 1969 em Lisboa e em Coimbra”. In Maio de 68:30
anos depois, movimentos estudantis em Portugal. Lisboa: Edições Colibri, 1999, p. 201.
75
Teresa Carreiro – ob. cit., p. 209-210.
76
Gabriela Lourenço; Jorge Costa; Paulo Pena – ob. cit., p. 131-140.
77
Marta Benamor Duarte – ob. cit., p. 199.
74
24
Será este o contexto da academia na época em estudo: a alta demolida e a
contestação do MUD, as listas oposicionistas chegam à AAC através do CR e as
consequentes crises académicas, um decreto governamental contestado que reforça
ainda mais as associações de estudantes. Para mais, a Universidade de Coimbra era
“[…]para Salazar[…]a Alma Mater, o “santuário do saber”, de onde partira e onde
desejava voltar”78, além de estar ligada afetivamente ao regime e ser vista como a “[…]
guardiã de uma “tradição” política que se deveria perpetuar através dos seus
escolares.”79 De fato, não podia haver maior contradição para a elite do Estado Novo
que, em grande maioria, estudara em Coimbra, a “sua” universidade ter-se convertido
num foco de contestação ao regime.
2 – Do museu d’ antiguidades ao museu académico
O antecedente mais remoto sobre a criação do Museu Académico remonta ao
ano de 1902, mais precisamente à revista “Centenário da Sebenta”, na qual se manifesta,
por escrito, a intenção de concretizar, na AAC, uma exposição com “[…]as relíquias
existentes do glorioso e inolvidável centenário da Sebenta[…]”80, a qual era entendida
como o ponto de partida para se criar um “Museu d’ antiguidades”.
O evento ocorre em 1899, numa época em que os “[…]centenários estavam na
moda: o importante era que houvesse também um centenário para a Sebenta!”81.
Tinham-se realizado os centenários de Luís de Camões, de Marquês de Pombal e de
Almeida Garrett, entre outros, pelo que os estudantes decidiram homenagear a
“Sebenta” (apontamentos que passavam de geração em geração de alunos),
acontecimento que é considerado o antecedente da atual queima das fitas.
Em 1907 e 1912, embora não se trate de um museu académico há,
respetivamente, segundo a introdução do protocolo de instalação do museu82,
exposições de “pastas de luxo, fotografia e óleos” e de motivos académico com “pratos
do centenário da sebenta. É certo que não há museu, no entanto, já se realizam
exposições sobre a temática da vida estudantil.
78
Luís Reis Torgal – A Universidade e o Estado Novo. Coimbra: Minerva Coimbra, 1999, p. 35.
Pedro Santos Lopes – “Coimbra, tradição e desporto nos anos 50: a questão do 40900”. In Ideologia,
cultura e mentalidade no Estado Novo: ensaios sobre a Universidade de Coimbra. Coimbra: Faculdade
de Letras, 1992, p. 133.
80
“Museu d’ Antiguidades”, Centenário da Sebenta, n º único, 29 de Abril de 1902.
81
J. Mendes Rosa – Pad’ Zé: o cavaleiro da utopia. [S. L.]: Junta de Freguesia de Aldeia de Joanes,
2000, p. 73.
82
Cf. anexo VII.
79
25
Em 1922 a eventual abertura do MAC é de novo mencionada na imprensa
regional de Coimbra referindo-se, sob o título “MUSEU ACADÉMICO”, que “Vai
organizar-se um museu da academia que ficará instalado na Associação Académica”83.
Alude-se novamente à AAC como espaço do seu acolhimento, apesar de não se
referirem coleções. À data, estava instalada no colégio de S. Paulo, após a “tomada da
Bastilha” em 25 de Novembro de 1920.
Trata-se de uma única notícia e o projeto não avançou, o que coloca a questão de
se saber quais os motivos que determinaram a sua alusão no ano de 1922, podendo-se
colocar a hipótese de ter a ver com a questão de memorial após a abolição das tradições
académicas com a implantação da República em 1910. No ano de 1922, o doutoramento
de Aristides Amorim Girão é “[…]o 1º realizado, em forma solene, depois da
proclamação da República.”84, ou seja, o retomar das tradições académicas após o
interregno causado pela implantação da República e das reformas posteriores, terá
despertado as consciências para a questão de memorial.
Na década de 1930, tendo em conta o protocolo de instalação do museu
académico, retomam-se exposições relacionadas com a vida estudantil, como é o
exemplo de uma exposição de pastas em 1934, além de outra exposição de motivos
académicos em 1937. Por outro lado, também é mencionada a construção do edifício
“casa da saudade”, onde seria instalado o MAC85.
No entanto, uma vez mais, o museu não é concretizado.
No ano 1941, o tema é de novo retomado na imprensa estudantil através de um
artigo que destaca a importância da criação de um Museu Académico, referindo uma
vez mais que “[…]É uma ideia com que muitos sonharam mas que não passou de um
sonho”. São propostas soluções para que se possam constituir coleções, apelando-se a
que os antigos académicos enviem “[…]um livro, uma pasta, um gêsso, um quadro, um
desenho, uma capa de pessoa de família[…]colecção de livros e fotografias dos carros
da Queima das Fitas[…]revistas, jornais, folhetos”86. Esta notícia, tendo em conta que é
de maio de 1941 poderá, de certo modo, estar relacionada com uma “exposição de
atividades académicas” integrada no programa da queima das fitas desse ano87.
83
“Museu Académico”, Gazeta de Coimbra, n º 1359, 30 de Setembro de 1922, p.1.
Alberto Sousa Lamy – ob. cit., p. 817.
85
Cf. anexo VII.
86
“O Museu Académico”, Via Latina, n º 5, 27 de Maio de 1941, p. 3.
87
Cf. anexo VII.
84
26
Em 1943, o tema volta a ser novamente referido na imprensa, num diário
nacional, em primeira página, em Fevereiro e Maio do mencionado ano. Aparentemente
tudo sugere que a demolição da velha alta de Coimbra que se inicia em Abril de 194388
recoloca a questão de memória do passado, sendo esta a explicação mais plausível para
o destaque no jornal.
Quanto às notícias mencionava-se que “[…] o Museu Académico de Coimbra
deveria ficar instalado no segundo piso dos Gerais […]”89. Por outro lado, em Maio, o
então presidente da AAC, João de Matos Antunes Varela (1919-2005), refere que “o
encargo da sua instalação […] recai sobre o organismo a que presido […] instalar-se-á
nas salas da sede da nossa Associação […]”90, associando-se, de uma forma inequívoca
a sua criação à AAC.
A questão do conteúdo do museu em especial, as coleções, não é um assunto
claro, tanto se mencionando “[…]uma colecção de reconstituição de todo o trajo
académico […] colecção de fardas e armamentos de todos os batalhões Académicos
[…] Biblioteca […] fotografias, sebentas, caricaturas […] alegorias do «Enterro do
Grau» e dos cortejos das “Queimas das Fitas” […] músicas das peças de despedida dos
Cursos […]”91. O próprio presidente, Antunes Varela, refere que “iniciará em Outubro
próximo os trabalhos destinados à recolha dos objectos e recordações […]”92, sugerindo
as suas palavras que ou desconhece o que já existia ou não lhe atribui qualquer interesse
musealizável.
Ainda durante a década de 1940, mais concretamente, nos anos de 1948 e 1949,
são concretizadas mais exposições relacionadas com a vida estudantil, mas não se refere
a construção do museu93.
No ano de 1950 o tema do museu académico regressa novamente, embora, desta
vez, integrado num “Museu de História da Universidade”94. Onde seria incluída uma
coleção de vida estudantil noutro museu, embora prevista, não se concretizará.
Alberto Sousa Lamy – ob. cit., p. 823.
“O Diário de Notícias toma a iniciativa de promover a sua criação”, Diário de Notícias, n º 27666, 22
de Fevereiro de 1943, p. 1.
90
“Está criado o Museu Académico de Coimbra”, Diário de Notícias, n º 27753, 19 de Maio de 1943, p.
1.
91
“O Diário de Notícias toma a iniciativa de promover a sua criação”, Diário de Notícias, n º 27666, 22
de Fevereiro de 1943, p. 1.
92
“Está criado o Museu Académico de Coimbra”, Diário de Notícias, n º 27753, 19 de Maio de 1943, p.
1.
93
Cf. anexo VII.
94
Cf. anexo VII.
88
89
27
3 – O nascimento do MAC
Só em 1951 o MAC será uma realidade, embora o esforço para a sua
concretização se tenha iniciado mais cedo, a 9 de Fevereiro de 1950, através do
Conselho Cultural da AAC quando “[…]Almeida Santos levantou[…]a ideia da criação
de um Museu Académico que teve geral apoio[…]”95. Passados dias, na reunião de 20
de março levanta-se a questão do espaço da sua direção, recaindo “[…]a hipótese de ser
o Dr. Rocha Madhail o orientador técnico da montagem do Museu Académico[…]Para
a instalação do Museu colocou-se a hipótese de ocupar a sala da direcção da A.A.[C]”96.
A 17 de Abril “[…] foi lido, criticado e aprovado depois de algumas emendas o
relatório a enviar ao Reitor acerca da fundação do Museu Académico de Coimbra
[…]”97, referindo-se na ata de reunião de 4 de maio que houve uma proposta “[…] dos
Drs Rocha Madahil e António Soares para a realização, durante a queima das fitas, de
uma exposição de motivos académicos que constituirá uma base para o futuro Museu
Académico[…]”. Porém, o Conselho Cultural da AAC concluiu que a proposta era
inoportuna pela “[…]escassez de tempo.”98, ficando assim a criação do MAC uma vez
mais adiada.
Uma nova direção da AAC presidida por Joaquim António Santos Simões toma
posse em Outubro de 195099 e, ao longo do seu mandato, é constante a referência ao
MAC nas suas atas, mencionando-se tudo o que seria necessário para a respetiva
instalação: “[…]as estantes e as vitrines indispensáveis para a “montagem” do Museu
[…]”100. Posteriormente, a comissão central da queima das fitas associa-se ao projeto,
de duas formas. Por um lado, pelo fato do presidente da comissão central da queima das
fitas tencionar “[…]iniciar o Museu Académico como um dos números das festas deste
ano […]”101 e também pela via do financiamento, referindo-se que “[…] a Queima das
Fitas financiará a organização na AA [Associação Académica] de uma exposição que
J. Santos Simões – Sete anos de luta contra o fascismo. Academia de Coimbra: 1944-1951. [S.L.]:
Edição de autor, 2002, p. 68.
96
J. Santos Simões – ob. cit., p. 70.
97
Museu Académico de Coimbra, Livro de actas do Conselho Cultural da Associação Académica de
Coimbra (1948-1955), Acta n º 20, 17 de Abril de 1950, fl. 8.
98
J. Santos Simões – ob. cit., p. 71.
99
J. Santos Simões – ob. cit., p. 75.
100
Museu Académico de Coimbra, Livro de actas da Direcção Geral da Associação Académica de
Coimbra (1949-1952), Acta n º 17, 16 de Dezembro de 1950, fl. 33.
101
Museu Académico de Coimbra, Livro de actas da Direcção Geral da Associação Académica de
Coimbra (1949-1952), Acta n º 24, 2 de Fevereiro de 1951, fl. 47 v.
95
28
servirá para o futuro Museu Académico […]”102. A estas duas entidades junta-se a
comissão organizadora do Museu Académico que procedeu à recolha das coleções e de
peças, com apoio de antigos alunos da universidade e serventes dos estudantes como
esclarece a imprensa:“[…]o Dr. Rocha Madahil […] entregou peças valiosas da sua
grande colecção. Também o coronel Belisário Pimenta[…]uma valiosa colecção de
folhetos, fotografias, jornais, ilustrações[…]dr. Teixeira de Queiróz […]um interessante
livro de quintanistas de direito[…]o sr. José Raposo […]uma valiosa colecção de
cartazes das festas […]As antigas serventes que vivem na alta[…]também ofereceram
para a exposição recordações que possuem […]”103.
A criação do museu em 1951 não se figura arbitrária. Tudo sugere que se trata
de um momento chave de contestação académica contextualizado na demolição da
velha alta, sendo a ideia da sua criação levantada por figuras contestatárias ao regime
político. O Museu, que se pretendia fundamentalmente um memorial, enquadra-se neste
contexto de oposição, podendo ser considerado uma das vertentes da contestação
estudantil às mudanças impostas pelo regime à velha academia. O museu consistiu,
assim, uma reserva de memória de um passado que se impunha guardar.
102
Museu Académico de Coimbra, Livro de actas da Direcção Geral da Associação Académica de
Coimbra (1949-1952), Acta n º 27, 28 de Fevereiro de 1951, fl. 51.
103
“A exposição preparatória do Museu Académico”, Diário de Coimbra, n º 6848, 19 de Maio de 1951,
p. 5-7.
29
CAPÍTULO III – O EDIFÍCIO E A GESTÃO (1951-1969)
1 – O Edifício
No que respeita à questão das sedes, se retrocedermos à época em que se
pretendia a sua fundação, no ano de 1922, a AAC refere que “ficará instalado na
Associação Académica”104. Por outro lado, em 1943, o então presidente da Associação,
João de Matos Antunes Varela, menciona que o MAC “ficará nas salas da sede da nossa
Associação”105. Ou seja, verifica-se a intenção de integrar o MAC no edifício da AAC,
antes de o mesmo ser inaugurado.
A AAC foi fundada em 1887, dando continuidade à Academia Dramática106,
uma instituição existente desde 1849, cujos estatutos renovados e aprovados em 3 de
novembro de 1887 alteraram o nome de Academia Dramática para Associação
Académica de Coimbra107, tendo sido António Luís Gomes (1863-1961) o seu primeiro
presidente108. No entanto, apenas na noite de vinte e quatro para vinte e cinco de
Novembro de 1920 obteve uma sede condigna quando os estudantes tomaram de assalto
o “clube dos lentes”, acontecimento que ficaria conhecido pela designação de “tomada
da Bastilha”109, embora o edifício-mãe da AAC e a sua sede histórica permanecesse no
colégio de S. Paulo, na velha alta demolida.
Figura 5 – Colégio de S. Paulo – a sede histórica da AAC demolida com a velha alta.
(Fonte: online em: http://penedosaudade.blogspot.pt/2010_11_01_archive.html acedido
em 26-03-2012 às 15.10).
104
“Museu Académico”, Gazeta de Coimbra, n º 1359, 30 de Setembro de 1922, p. 1.
“Está o Museu Académico de Coimbra”, Diário de Notícias, n º 27753, 19 de Maio de 1943, p. 1.
106
António Luzio Vaz – Acção social escolar na Universidade de Coimbra. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 2010. p. 149.
107
Alberto Sousa Lamy – ob. cit., p. 134.
108
João Pedro Campos – ob. cit., p. 15.
109
Artur Ribeiro – Do associacionismo da Associação Académica de Coimbra e da tomada da Bastilha.
Coimbra: Pelouro da Cultura da DG/AAC, 2003, p. 96.
105
30
Com a destruição da velha alta coimbrã, o edifício da associação também foi
demolido, passando para o Palácio dos Grilos, onde se instalará também o MAC
aquando da sua inauguração, em 1951. Assim, as suas primeiras instalações coincidem,
no mesmo edifício (o Palácio dos Grilos) com a AAC110.
Figura 6 – Imagem do palácio dos “Grilos”, atual secretaria-geral da UC, que foi sede
da AAC e onde funcionou o MAC (Fonte: online em:
http://www1.ci.uc.pt/prospecto/est_central/index.html acedido em 5-6-2012 às 21.55).
O Palácio dos Grilos, onde atualmente funciona a Secretaria geral da UC, foi
construído pelos “[…] eremitas descalços de Santo Agostinho, também conhecidos por
frades grilos[…]” e “[…]pertenceu uma república de estudantes[…]”111, onde moraram,
entre outros, Oliveira Salazar e Gonçalves Cerejeira (1888-1977)112. Durante a década
de 1950, o museu permanecerá neste edifício, transitando, posteriormente, para o novo
estabelecimento da AAC, na Rua Padre António Vieira, aquando da sua inauguração.
Apesar da partilha de instalações, em missiva de Outubro de 1953, a comissão
instaladora indica que “[…]ainda não foi possível abrir definitivamente a salaexposição[…]” ao mesmo tempo que refere a pretensão da criação de “[…]um Grupo de
Amigos do Museu Académico[…]”113, fato que apenas se concretizará em Janeiro de
2011, com a criação da LIMAUC114. Estas palavras parecem demonstrar que o
problema da falta de espaço era uma das preocupações de várias direções, como regista
a documentação recolhida.
110
António Luzio Vaz – ob. cit., p. 10.
Online em: http://www.igogo.pt/palacio-dos-grilos-casa-dos-professores-colegio-dos-grilos-colegiode-santa-rita/ acedido em 23-11-2011 às 14.00.
112
Cristóvão de Aguiar – Com Paulo Quintela à mesa da tertúlia: no centenário do seu nascimento.
Coimbra: Imprensa da Universidade, 2005, p. 42.
113
Museu Académico de Coimbra – Correspondência expedida de 1953.
114
“Museu Académico: Sonho com 20 anos dá lugar a Liga de Amigos”, Diário As Beiras, n º 5218, 13 de
Janeiro de 2011, p. 7.
111
31
No decurso da tomada de posse de uma direção da secção MAC, no ano de
1959, o recém empossado presidente José Pais Borges Alves (1933-1995) chamava a
atenção para “[…]a extrema exiguidade do espaço que é destinado ao Museu na nova
sede da Associação Académica[…]”, sugerindo que este ocupasse “[…]todo o Palácio
dos Grilos”. Trata-se de uma opinião não consensual, já que, para o então presidente da
direção geral da AAC, José Manuel Cardoso da Costa (1938-), o museu deveria ficar na
sede da própria associação, mencionando mesmo a disponibilização de um pavilhão
para esse efeito115, sugestão que não é nova, tendo sido já levantada por outras direções
anteriores116. Esta hipótese não se chegaria a concretizar, visto que a edificação das
futuras instalações da AAC na Rua Padre António Vieira previa um espaço para o
MAC: uma “[…] sala de exposições[…]”117. Anos mais tarde, no ano de 1961, o
presidente em exercício, Jorge Pimentel Ladeira (1934-1993), esclarecia que o espaço
era demasiado exíguo, não chegando o espaço “[…]para as necessidades”118. Na
verdade, o problema das instalações vai persistir, alertando a direção de 1964, uma vez
mais para, “[…] a dificuldade do espaço[…]”, assim como, a necessidade de “[…]uma
sala de algum espaço adaptado[…]”, embora houvesse dificuldade na cedência de outra
sala por parte da direção geral da AAC119.
Figura 7 – Atual edifício da AAC onde se instalou o MAC depois de ter saído do
Palácio
dos
Grilos
no
ano
de
1964.
(Fonte:
Online
em:
http://www.aac.uc.pt/~sfaac/aac.php acedido em 26-3-2012 às 15.30).
115
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19591964). Acta de 13 de Novembro de 1959, fl. 2.
116
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19591964). Acta de 13 de Março de 1959, fl. 8-8v.
117
“As novas instalações da Associação Académica”, Via Latina, n º 135, 16 de Dezembro de 1961, p. 14.
118
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1959-1964).
Acta de 20 de Janeiro de 1961, fl. 4v.
119
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19591964). Acta de 15 de Fevereiro de 1961, fl. 9-9v.
32
Apesar de todas as dificuldades identificadas, relativas à questão das instalações,
o MAC permaneceu, na época em estudo, no edifício da AAC.
2 – A Administração (1951-1969)
Em termos administrativos, é possível, através da documentação consultada,
distinguir duas fases de gestão do MAC: uma primeira dirigida por uma comissão
instaladora, entre o ano de 1951 e o de 1958; e uma segunda, dependente da AAC, a
partir de 1958.
A primeira administração funciona como comissão instaladora até ao ano de
1958. É claro que uma comissão instaladora não é o ideal, em termos de gestão, mas
tão-só como preparatória. Em regra, quando se constitui uma nova entidade, existe uma
comissão instaladora que a prepara antes da sua formalização jurídica por escritura
notarial. No entanto, é fundamental referir que mesmo, sendo provisoriamente gerido,
se desenvolveram várias iniciativas.
Figura 8 – Vários elementos da Comissão Instaladora numa visita do então Reitor da
UC, Maximino Correia, ao MAC. Da esquerda para a direita: António José Soares
(1916–2002), Abel de Oliveira (1921-?) e Joaquim Teixeira Santos (1926-1996) (Fonte:
foto cedida pela Srª Dr ª Manuela Carvalhão Teixeira Santos).
Apesar do decreto-lei nº 40900 pretender cercear a autonomia das associações
estudantis, a “Via Latina” menciona que o MAC foi aprovado como seção da AAC
numa assembleia magna da AAC no ano de 1958120. Este fato foi corroborado pelo
relatório de contas da AAC, onde se explicita que, “Em Abril do corrente ano a
Academia de Coimbra, reunida em Assembleia Magna, deliberou, por proposta da
120
“Novas secções”, Via Latina, n º 79, 26 de Abril de 1958, p. 18.
33
Direção da Associação Académica, que o Museu Académico de Coimbra passasse a ser
Secção da AAC”121. A partir desse momento, à semelhança de outras seções, o MAC
ficava na dependência, orgânica e financeira, da direção geral da AAC. Afigura-se que,
mesmo com a existência de uma direção própria, se trata de um modelo de gestão de
dependência orgânica, através do qual os museus “[…]forman parte de un gobierno, una
universidade o una empresa”122, neste caso, o museu e a sua direção dependem da
direção geral da AAC. No entanto, a seção funciona e a primeira direção toma posse em
Janeiro de 1959123, verificando-se, que têm mandatos de um ano, pelas tomadas de
posse.
Figura 9 – A primeira direção da seção MAC da AAC em 1959. Da esquerda
para a direita, de cima para baixo: Horácio Alves Marçal, José Pais Borges Alves, ?,
Jorge Pimentel Ladeira e Jorge Silva Pinto Costa (conhecido no meio académico de
Coimbra por “Lyn-Kopo”) (Fonte: Museu Académico de Coimbra).
Ambos os modelos são diferentes. No entanto, na comissão instaladora não se
vislumbra qualquer hierarquia orgânica ao serem apenas indicados os nomes dos
respetivos membros: “[…]Joaquim Teixeira Santos, António José Soares, Abel de
Oliveira e Alberto Fontes”124. Por outro lado, a maioria da correspondência expedida é
121
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da Secção Museu Académico de Coimbra da
Associação Académica de Coimbra: época de 1957-1958. [Coimbra]: [Associação Académica de
Coimbra], [1958], p. 1.
122
Barry Lord; Gail Dexter Lord – Manual de gestión de museos. Barcelona: Ariel, 1998, p. 28.
123
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19581959), Acta n º 1, 16 de Janeiro de 1959, fl. 1v.
124
Manuela Carvalhão Mendes Teixeira Santos – Joaquim Teixeira Santos: defensor e mensageiro das
tradições académicas. Coimbra: Edição de autor, 2009, p. 12.
34
assinada por Joaquim Teixeira Santos e Abel de Oliveira, o que parece demonstrar o seu
dinamismo interventivo. No entanto, a partir da fase final da comissão instaladora,
novos nomes assinam a correspondência expedida: os estudantes de medicina
Guilherme Tralhão (1933-) e José Pais Borges Alves125. Salienta-se, neste campo, o
segundo, cuja atividade interventiva prosseguirá nos anos seguintes, dado que será o
primeiro presidente da seção MAC da AAC, se tivermos em conta que será o primeiro
presidente da direção da secção MAC da AAC126, para a qual transitará também o
conselheiro técnico da comissão instaladora António José Soares. Este último,
posteriormente será afastado do cargo por ser “[…]raro o Museu estar aberto aos
colegas[…]os objectos expostos eram quase sempre os mesmos[…]” e porque o museu
“[…]só teve projecção nas exposições itinerantes”127, sendo substituído por Manuel
Chaves e Castro (1922–2011)128.
Durante a fase de seção da AAC, notamos uma orgânica semelhante a outras
instituições no que respeita aos cargos que são comuns numa direção: presidente, vicepresidente, secretário, tesoureiro e vogais. Porém, ao longo do tempo, o número de
elementos das direções também sofreu diferenças no número de elementos, decerto,
atendendo às necessidades do museu. Notamos que a primeira direção inicia com seis
elementos em 1959, embora a direção seguinte aumente para sete elementos, atingindo
o auge em 1961 com doze elementos (incluindo o conselheiro técnico), embora a
maioria sejam designados de “conservadores adjuntos”, para terminarmos em 1967 com
11 elementos129, como podemos observar no gráfico I.
No que respeita aos elementos que constituíram a primeira direção do MAC, à
exceção do presidente, os restantes cinco elementos eram membros de repúblicas de
estudantes: tanto da “Boa-Bay-Ela” como dos “Pyn-Guyns”. Esta última desempenhou
um papel importante nas crises académicas da década de 1960, pela presença ativa de
alguns dos seus membros nas movimentações então efetuadas, como é o caso de Décio
Sousa, Rui Namorado e Alberto Martins.
É certo que a seção MAC da AAC funcionou e demonstrou atividade, à exceção
do período entre 1962 e 1964 (quando o museu reabre) após o encerramento da AAC
125
Museu Académico de Coimbra - Correspondência expedida de 1956.
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19581959). Acta n º 1, 16-1-1959, fl. 1 v.
127
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19581959). Acta n º 12, 18-3-1959, fl. 9-9v.
128
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (19581959). Acta n º 13, 23-4-1959, fl. 10-10v.
129
Cf. anexo VIII.
126
35
em virtude da crise académica de 1962. Porém, o modelo de gestão seguido, dependente
da direção geral da AAC a todos os níveis, determinava a falta de autonomia para a
realização de iniciativas. Todas as atividades realizadas, das mais simples às mais
elaboradas, exigiam confirmação superior, como foi o caso da aprovação da data para
reabertura do MAC em 1964130.
Gráfico I – Evolução do número de elementos da direção do MAC (Janeiro de
1959 a Setembro de 1967)
Evolução do número de membros da
direção
12
10
8
6
4
2
0
mai-67
jul-66
set-65
nov-64
jan-64
mar-63
mai-62
jul-61
set-60
nov-59
jan-59
Numero de membros da
direção
Fontes: Livros de actas da secção museu académico, correspondência expedida,
Via Latina.
3 – O potencial humano do MAC (1951-1969)
Em qualquer estudo de caso, afigura-se importante a análise do potencial
humano, dado se reportar a quem trabalha, transforma, higieniza e contribui para a
manutenção do Museu.
No caso específico do MAC, deve-se salientar que, nas duas fases de
administração que abrangem a época em estudo, o potencial humano era constituído por
membros da comissão instaladora e dos órgãos diretivos, competindo-lhes as mais
diversas tarefas, como por exemplo “[…]recolha de material e organização de
exposições temporárias”131. No entanto, importa referir que não eram remunerados, o
que contribuía para a contenção nas despesas.
O MAC também contou com trabalhadores pontuais, pessoas que eram
gratificadas e funcionários. Se tivermos em conta informação do “Livro de contas”, em
130
Museu Académico de Coimbra: Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1959-1964).
Acta n º 1, 15 de Fevereiro de 1964, fl.1v.
131
“Via Latina visita o Museu Académico”, Via Latina, n º 98, Maio de 1959, p. 6.
36
1954 procedia-se ao pagamento de quarenta escudos a duas mulheres para encerar o
chão e vinte escudos ao “rapaz de recados”132, havendo um total de quatrocentos e
noventa e três escudos de despesa, correspondendo a 18,51% da despesa total. No
entanto, em época de maior atividade, os próprios membros da direção da seção MAC
sentiram a necessidade de “[…]arranjar um fiel do Museu para tomar conta do Museu
Académico e tê-lo aberto diariamente”133. Por outro lado, refere-se o perfil profissional
de quem deveria ocupar o lugar: “um rapaz entre os onze e quinze anos” e que “a DG é
que paga o salário”134. Embora não seja referida a eventual contratação, é certo que no
relatório de contas da AAC de 1960-1961, na parte tocante ao MAC, surge a despesa de
“vencimento de funcionários” no valor de mil duzentos e setenta e sete escudos 135, o
que nos parece sugerir que a mencionada contratação se consumou. Por outro lado, já no
relatório de contas de 1958-1959 surge a despesa de trezentos escudos com
empregados136, como demonstra o quadro IX, que apenas se cingiu até 1961/1962, não
havendo posteriores registos de vencimentos. No entanto, também importa referir que
os maiores gastos com o pessoal se verificam a partir do ano lectivo de 1958/1959,
quando o museu passa a seção da AAC chegando a atingir 68,68% da despesa total do
ano letivo de 1960/1961.
Por norma, o potencial humano limitava-se aos elementos dos órgãos diretivos.
No entanto, quando a atividade do MAC era maior, recorria-se à colaboração de
estudantes. Ocorreu essa situação com a direção que tomou posse em vinte de Janeiro
de 1961. Além dos três elementos dos órgãos diretivos, contou-se com mais nove
colaboradores, designados por “conservadores adjuntos”, com tarefas distintas137,
podendo-se comparar à “distribuição de pelouros”.
Museu Académico de Coimbra – Livro de contas do Museu Académico (1951-1965), fl. 1.
Museu Académico de Coimbra – Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta de 24
de Fevereiro de 1959, fl. 7v.
134
Museu Académico de Coimbra – Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta n º
11, 13 de Março de 1959, fl. 8-8v.
135
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1960-1961. Apêndice ao
relatório: parecer do Conselho Fiscal. [Coimbra]: [S. N.], [1961], p. 30.
136
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1958-1959. Parecer do
Conselho Fiscal. [Coimbra]: [S. N.], [1959], p. 30.
137
Museu Académico de Coimbra – Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta n º 1,
20 de Janeiro de 1961, fl. 3v-4.
132
133
37
Quadro VII – Evolução das despesas com gratificações e salários relativamente ao total
do orçamento (1953-1962)
ANO
MONTANTE
EM ESCUDOS
%
DESPESA
1951
39$00
6,41%
1954
493$00
18,51%
1955
177$50
5,52%
1958/1959
300$00
4,24%
1960/1961
1277$00
68,68%
1961/1962
2000$00
40,82%
Fontes: Livro de contas do Museu Académico; relatórios e contas da direção da AAC;
correspondência expedida do Museu Académico.
4 – As finanças do MAC (1951-1969)
No estudo de qualquer instituição, neste caso específico de um museu, é
necessário analisar as finanças, setor da maior importância.
Apesar de os Museus serem “[…]une institution sans but lucratif[…]”138, é
necessário ter em conta a sua sustentabilidade, sobretudo no que respeita às receitas e
às despesas. Por isso, as finanças são “[…]un des aspects plus délicats de la gestion des
musées”139, pela necessidade de gestão de todo um conjunto de despesas que abrangem
“[…]salaires, depenses de funcionnement, investissements imobilliers, dépenses d’
aquisition des oeuvres et des objects”140, a que se somam outras despesas correntes
como água, luz, internet, telefone, fax, seguros, segurança, divulgação e conservação e
restauro de coleções e peças.
Em contraponto, surgem as receitas que poderão ter várias proveniências. Se o
museu não tiver autonomia própria e depender de um organismo, em princípio poderá
contar com uma percentagem do orçamento desse organismo. Por outro lado, o museu
também poderá auferir de receitas próprias para equilibrar o seu orçamento como são
exemplos “[…]des billets d’ entrée, la boutique, la vente de publications[…]”141 e o
restante “merchandising” das lojas dos museus.
Na atualidade, os museus enfrentam o problema de que as receitas próprias são
insuficientes para pagamento das despesas. Por isso, é necessário recorrer a outros
meios de financiamento como por exemplo o mecenato ou patrocínio, que é bastante
André Gob; Noémie Drouguet – ob. cit., p. 207.
Gary Edson – “Gestion des Musées”. In Comment gerer un musée: manuel pratique. Paris: UNESCO,
2006, p. 139.
140
André Gob; Noémie Drouguet – ob. cit., p. 207.
141
André Gob; Noémie Drouguet – ob. cit., p. 208.
138
139
38
importante para apoiar uma área cultural nos tempos que correm, apesar de ambos os
termos terem alguma diferença nos significados. O mecenato, além de provir da
civilização romana com Caius Mecenas, pode ser um indivíduo ou empresa que, com os
seus rendimentos, apoia a cultura, obtendo a contrapartida de benefícios fiscais. O
patrocínio também é um apoio, mas tem como fundamento de troca o marketing142, isto
é, “mostrar” a empresa que apoiou.
Como é que o museu foi gerido na época em estudo? Deve-se, em primeiro
lugar, esclarecer que não dispomos de informações financeiras para a totalidade da
época que estudamos (1951-1969). Tivemos, por isso, de nos cingirmos às fontes
disponíveis, mais precisamente, às seguintes: livro de contas do museu; relatórios de
contas da AAC de vários anos e algumas informações na correspondência expedida,
apesar de não existir uniformidade nas fontes (em alguns casos as contas são por ano
civil, noutros, por ano lectivo). Na análise efetuada, tivemos em conta vários fatores,
entre os quais destacamos: a proveniência das receitas, a sua aplicação e a evolução das
contas.
Iniciamos com a proveniência das receitas apoiando-nos no quadro VIII. O fato
de, na época em estudo o MAC ter duas formas de gestões distintas determina a origem
diferente das receitas, pelo menos em alguns aspetos. Durante o período de gestão da
comissão instaladora, a principal fonte de receitas é a comissão da queima das fitas,
naquilo a que atualmente poderíamos intitular de parceria, com valores consideráveis
para a época (dois mil escudos em 1954 e quatro mil escudos em 1955143),
respetivamente 74,51% e 100%. No entanto, essa parceria nem sempre terá sido
pacífica. A documentação menciona que, desde 1951 havia “[…]o compromisso de
entrega de mil escudos feita pela comissão central de cada ano. A comissão central de
1951 distinguiu-nos com aquela dádiva, mas até hoje ainda não chegou às nossas
mãos”144. Aquando da passagem do MAC para seção da AAC, no ano de 1958, o apoio
financeiro passa a ser prestado por meio de subsídios da AAC, como referem os
relatórios de contas. Por outro lado, também a Reitoria atribuiu, no ano de 1956, um
subsídio de mil escudos ao museu, correspondendo a 20% das receitas desse ano.
Outra forma de receitas eram as dádivas e abonos do que hoje poderíamos
chamar mecenas. Logo no ano de 1951, António José Soares comparticipa com mil
José Vieira Mendes – Marketing, patrocínio e mecenato. Lisboa: Texto Editora, 1991, p. 72.
Museu Académico de Coimbra – Livro de contas do Museu Académico (1951-1965), fl. 1v-3v.
144
Museu Académico de Coimbra – Correspondência expedida de 1953.
142
143
39
cento e dezassete escudos e cinquenta centavos (100% da totalidade das receitas); em
1954 é a vez de Joaquim Teixeira Santos (12,08% das receitas) mas, em 1956 chega do
Brasil a considerável quantia de quatro mil escudos (80% da receita), oferta da Tertúlia
Académica de S. Paulo. Por outro lado, com a passagem a seção da AAC as receitas
estabilizam-se com os subsídios provenientes da direção geral da AAC que chegam a
atingir 80,67% das receitas no ano letivo de 1958/1959.
Quadro VIII – Tipologia das receitas do museu por tipologia (1951-1961)
ANO
MONTANTE EM
ESCUDOS
% TOTAL RECEITA
ANUAL
4000$00
100,00%%
1955
TIPO DE RECEITA
Subsídio queima das
fitas
1951
Abono
1117$50
100,00%%
1953
1952
Entradas na exposição
Venda de badalos
418$00
180$00
100,00%
100,00%
1956/1957
Subsídio AAC
60$00
100,00%
1960/1961
Subsídio AAC
1752$50
99,43%
1958/1959
Subsídio AAC
5950$00
80,67%
4000$00
80,00%
2000$00
74,51%
1954
Dádiva da Tertúlia
Académica de S. Paulo
Subsídio queima das
fitas
1956
Subsídio Reitoria
1000$00
20,00%
1958/1959
1954
1954
1960/1961
Outras receitas
Inscrições
Abono
Diversos
1425$40
360$00
324$30
10$00
19,33%
13,41%
12,08%
0,57%
1956
Fontes: Livro de contas do Museu Académico; Relatórios e contas da AAC.
Outra forma de receita é muito semelhante às que se praticam na atualidade: a
venda de merchandising, com cento e oitenta escudos provenientes da “venda de
badalos” (que correspondeu a 100% da receita no ano de 1952). Já as entradas na
exposição, no ano de 1953, proporcionaram a receita de quatrocentos e dezoito escudos
ou as inscrições para as atividades (em 1954) também possibilitaram vários proveitos
(13,41% da receita). Ou seja, retirando alguns casos de receitas próprias, o MAC
conseguia sobreviver através dos subsídios da queima das fitas, da reitoria e da AAC, de
dádivas de pessoas ou instituições.
40
Quadro IX – A evolução das despesas do museu por tipologia (1951 a 1967)
ANO
1956
1956/1957
1951
1952
1960/1961
1963/1964
1958/1959
1955
1955
1954
1961/1962
1953
1952
1966/1967
1960/1961
1963/1964
1953
1966/1967
1966/1967
1961/1962
1953
1954
1951
1954
1954
1963/1964
1961/1962
1966/1967
1958/1959
1958/1959
1958/1959
1952
1961/1962
1961/1962
1953
1953
1955
1958/1959
1966/1967
1966/1967
1955
1961/1962
1954
1955
1958/1959
1953
TIPO DE DESPESA
Fotografias
Não especificado
Diversos
Materiais diversos
Empregados
Reparações
Aquisições
Diversos
Materiais diversos
Diversos
Empregados e carpinteiros
Diversos
Diversos
Material escritório
Reparação e conservação
Aquisições
Material escritório
Aquisição de coleções
Débitos
Aquisições
Fotografias
Materiais diversos
Material escritório
Gratificação
Expediente
Expediente
Diversos
Material para o museu
Reparação e conservação
Expediente e comunicação
Diversos
Miniaturas badalos
Credores
Limpeza
Materiais diversos
Gratificação
Gratificação
Empregado
Correio e expediente
Prospetos e propaganda
Expediente
Expediente
Material escritório
Material escritório
Limpeza
Expediente
MONTANTE ESCUDOS
352$50
22,50
300$00
455$00
1277$00
2000$00
3698$40
1512$30
1397$20
1105$00
2000$00
242$00
344$00
3800$00
582$40
1000$00
152$50
2800$00
1768$50
1000$00
122$50
536$00
73$50
493$00
476$50
600$00
800$00
2100$00
1079$80
1008$00
875$30
102$50
500$00
500$00
46$50
39$00
177$50
300$00
350$00
300$00
71$50
100$00
53$00
57$50
119$50
6$00
% RECEITA ANUAL
100,00%
100,00%
81,32%
50,47%
68,68%
55,56%
53,23%
47,03%
43,44%
41,00%
40,82%
40,00%
38,00%
31,36%
31,32%
27,77%
25,06%
23,10%
22,85%
20,41%
20,13%
20,12%
19,68%
18,51%
17,89%
16,67%
16,33%
17,33%
15,25%
14,24%
12,36%
11,37%
10,20%
10,20%
7,64%
6,41%
5,52%
4,24%
2,89%
2,47%
2,22%
2,04%
1,99%
1,79%
1,68%
0,99%
Fontes: Livro de contas do Museu Académico; Relatórios e contas da AAC;
Correspondência expedida do MAC.
No que respeita às despesas, como podemos observar no quadro IX, será
importante ter em conta o género de despesas que existiam que, poderão ser
41
apresentadas em grupos diversificados como por exemplo: aquisição de coleções,
potencial humano, manutenção das instalações e materiais para o MAC, atividades do
MAC, divulgação e conservação, correspondência, diversos.
Uma das principais despesas reporta-se à compra de coleções para o MAC
(chegando a atingir 53,23% das despesas no ano letivo de 1958/1959). Um dos
objetivos de qualquer museu é precisamente o de aumentar as suas coleções ou adquirir
novas que estejam relacionadas com a sua temática central, neste caso, com a vida
estudantil. Destacamos, neste aspeto, a aquisição de fotografias: 8 fotografias da
exposição à “Hilda” em 1953145 (20,13% do total da despesa). Por outro lado, o MAC
também se preocupou com a biblioteca, surgindo despesas com a aquisição de
bibliografia no ano letivo de 1958/1959, com aquisições a representar 53,23% das
despesas. Além disso, observa-se também a preocupação com um dos símbolos da vida
estudantil, o fado de Coimbra, materializado na aquisição de discos de temática
coimbrã.
Em relação ao potencial humano, importa referir que, a partir do momento em
que se contratou um funcionário, as despesas aumentaram para um valor considerável
de mil duzentos e setenta e sete escudos, que representou 68,68% da despesa no ano
letivo de 1960/1961.
Quanto às despesas de manutenção das instalações, eram sobretudo com material
de carpintaria, mobiliário, tintas mas também havia muitos gastos com o material de
papelaria146.
As despesas de conservação e de reparação também eram sempre bastantes
(apesar de inúmeras vezes surgir a rubrica “diversos”), por exemplo, no ano letivo de
1960-1961, atingiu os quinhentos e oitenta e dois escudos e quarenta centavos147, o que
representou 31,32% das despesas desse ano letivo, além de se verificar uma despesa
constante com o expediente, com uma previsão de seiscentos escudos no orçamento
para 1963/1964148, que correspondeu a uma despesa de 16,67% do orçamento.
Após anotar as despesas, será conveniente referir o evoluir das contas do MAC e
o respectivo balanço no quadro X. Através da análise que foi possível obter da
documentação, notamos que as receitas do MAC, apesar das dificuldades quando era
145
Museu Académico de Coimbra - Livro de contas do Museu Académico (1951-1965), fl. 1.
Museu Académico de Coimbra - Livro de contas do Museu Académico (1951-1965), fl. 2.
147
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1960-1961. Apêndice ao
relatório: parecer do Conselho Fiscal. [Coimbra]: [S. N.], [1959], p. XXII.
148
Museu Académico de Coimbra – Correspondência expedida de 1963.
146
42
comissão instaladora, e nem sempre conseguirem suportar as despesas, provinham de
abonos de particulares ou da comparticipação da queima das fitas. A partir do momento
em que se integrou como seção da AAC, passou a ter direito a um subsídio da direção
geral da AAC para promover as suas atividades. Tratando-se de um subsídio certo, no
montante de cinco mil novecentos e cinquenta escudos no ano lectivo de 1958/1959, o
que representou 80,67% das receitas, apesar de o subsídio ser inferior no ano lectivo de
1959/1960, (apenas com mil setecentos e cinquenta e dois escudos e cinquenta
centavos), este permitiu que as contas anualmente se saldem com resultados positivos.
Quadro X - Balanço das contas do museu em escudos (1951-1967)
ANO
MONTANTE
RECEITA EM
ESCUDOS
MONTANTE
DESPESA
EM
ESCUDOS
SALDO
1956
5000$00
352$50
4647$50
1954
2682$30
1634$00
1050$30
1955
4000$00
3166$00
834$00
1951
1117$50
373$50
744$00
1958/1959
7375$40
7080$00
295$60
1956/1957
60$00
22$50
37$50
1953
418$00
608$00
(-) 190$00
1952
180$00
1001$50
1966/1967
Sem informação
12118$50
1961/1962
Sem informação
4900$00
1963/1964
Sem informação
3600$00
1960/1961
Sem informação
1959/1960
1762$50
2266$40
Sem
informação
(-) 821$50
Sem
informação
Sem
informação
Sem
informação
Sem
informação
Sem
informação
Fontes: Livro de contas do Museu Académico; Relatórios e Contas do Museu
Académico; Correspondência expedida do Museu Académico.
Também há que ter em conta os balanços da época em estudo consoante a
informação disponibilizada. O quadro X permite verificar que no balanço das contas se
deteta um saldo negativo constante na década de 1950 (à exceção de 1951), havendo
apenas mudança a partir de 1955 e 1956 com a entrada dos subsídios da queima das
fitas e as dádivas. Por outro lado, a passagem do museu a seção da AAC e a
consequente atribuição de subsídio, foi fundamental para equilibrar as contas do museu,
embora a comissão instaladora já tivesse conseguido o equilíbrio a partir de 1955.
43
CAPÍTULO IV – AS COLEÇÕES E A ATIVIDADE (1951-1969)
1 – As coleções do MAC
Ao realizarmos um estudo de caso de um museu, não poderíamos deixar de ter
em conta as respectivas coleções. No que respeita ao termo coleção pode entender-se
como “[…]aquel conjunto de objectos que[…]se encuentra sujeto a una protección com
la finalidade de ser expuesto a la mirada de los hombres”149, além de serem
“[…]objectos e testemonios materiales del ombre y la información que sobre ellos se
tiene[…]”150. Por outro lado, também se carateriza pelas várias formas que podem
assumir “[…]toutes de multiples pièces et objects, spécimens, oeuvres d’ art, documents
et artéfacts[…]”151 ou “registros escritos, gráficos o sonoros[…]que nos ayudan a
contextualizar los objectos[…]”152. Assim, podemos entender a coleção de um museu
como o resultado da atividade humana num determinado contexto que pode assumir
várias formas através das suas peças, mas que têm um objetivo: dar a conhecer uma
realidade num determinado contexto a quem visita o museu.
Após a definição sumária do conceito de coleção importa analisar o caso
específico das coleções do MAC, tendo em conta a sua tipologia, as incorporações e os
respetivos fluxos, tendo por base as fontes, com destaque para o livro de registo de
depósito, para a correspondência expedida, para o livro de doações e mesmo para a
imprensa.
Tratando-se de um museu de vida estudantil, é coerente que as coleções estejam
relacionadas com essa temática153. Por isso, ao termos em conta o quadro XI, destaca-se
a documentação (55,87%), os jornais (10,53%), as fotos (8,70%) e os cartazes (3,64%).
Embora com menor percentagem há coleções que devemos referir pela relação que têm
com a vida estudantil: as plaquetes (2,63%), os selos da queima (1,21%), os discos
(1,21%), a loiça (1,01) e as guitarras (0,40%), entre outros exemplos.
Francisca Hernández Hernández – Manual de Moseología. Madrid: Editorial Sinteses, 1998, p. 13.
Francisca Hernández Hernández – ob. cit., p. 135.
151
Nicola Ladkin – Gestion des collections. In Comment gérer um musée: manuel pratique. Paris:
Unesco, 2006, p. 17.
152
Francisca Hernández Hernández – ob. cit., p. 135.
153
Embora também existam coleções que não são da vida estudantil.
149
150
44
Quadro XI – Tipologia das coleções ofertadas (1951-1969)154
TIPOLOGIA
OFERTAS
Número
Ofertas
%
Documentação
276
55,87%
Jornais
52
10,53%
Fotos
43
8,70%
Cartazes
18
3,64%
Plaquetes
13
2,63%
Boletins
12
2,43%
Livros
11
2,23%
Discos
6
1,21%
Selos da queima
6
1,21%
Outros
6
1,21%
Emblemas
5
1,01%
Loiça
5
1,01%
Pastas
4
0,81%
Tarjetas
4
0,81%
Bandeira
3
0,61%
Cinzeiro
3
0,61%
Faca
3
0,61%
Livro de oiro
3
0.61%
Livro quartanistas
3
0,61%
Anéis
2
0,40%
Galhardetes
2
0,40%
Guitarra
2
0,40%
Medalhas
2
0,40%
Alfinete
1
0,20%
Barrete
1
0,20%
Condecorações
1
0,20%
Livro de Curso
1
0,20%
Moedas
1
0,20%
Tinteiro
1
0,20%
Porta-chaves
1
0,20%
Porcelanas
1
0,20%
Postais
1
0,20%
Taças
1
0,20%
TOTAL
494
99,50%
Fontes: Livro de registo de depósitos no Museu Académico; Correspondência expedida
do Museu Académico; Livro de ofertas ao Museu Académico.
A existência das coleções mencionadas implicou a sua incorporação no MAC. Já
anteriormente referimos as várias formas de incorporação de coleções nos museus. No
154
Não há uniformidade para as ofertas, porque num livro de depósitos um ofertante poderia oferecer
vários objectos e só contava uma oferta. Já no livro de ofertas em 1964 e 1965 cada oferta corresponde a
um registo.
45
caso destas coleções foram-no “[…]por simples depósito ou oferta[…]”155 ou
“[…]mesmo por venda[…]”156.
Para além das formas anteriormente mencionadas, sobretudo oferta ou depósito,
também houve casos de aquisição de coleções, como se pode deduzir dos orçamentos da
década de 1960, em que grande parte dos fundos da seção se destinavam à aquisição de
discos, de livros ou de outras coleções.
Durante a época em estudo, com base no quadro XII, detetam-se fluxos de maior
e menor intensidade no que respeita à incorporação de coleções, sendo de destacar
três157, em consequência de fatores adiante nomeados.
Quadro XII – Evolução anual das ofertas entre 1951 e 1969
ANO
Número
Ofertas
%
1965
274
59,05%
1964
145
31,25%
1951
17
3,66%
1953
10
2,15%
1961
10
2,15%
1954
4
0,86%
1959
3
0,65%
1955
2
0,22%
TOTAL
464
99,99%
Fontes: Livro de registo de depósitos no Museu Académico; Correspondência expedida
do Museu Académico; Livro de ofertas ao Museu Académico.
Importa mencionar que as fontes que tivemos não são uniformes nas
classificações, por exemplo, nos registos de depósitos, cada registo tem por base a
pessoa ou a entidade ofertante. Já o livro de registo de ofertas, tem por base as peças
ofertadas.
O primeiro grande fluxo de incorporação ocorre na véspera da inauguração do
MAC, em 1951, com um valor de 3,66% do total das ofertas da época em estudo (Cf.
quadro XII), devendo-se ao apelo feito na imprensa pela AAC, bem como pelo
Conselho Cultural e pela Comissão Central da Queima das Fitas, “a [todos] quantos
possuam qualquer objecto que possa enquadrar-se na vida académica de Coimbra e
“Museu Académico: carta aberta aos antigos e actuais estudantes de Coimbra”, Via Latina, n º 86, 9 de
Fevereiro de 1959, p. 1-2.
156
“Está em marcha a ideia de criação da criação do Museu Académico de Coimbra”, Diário de Coimbra,
nº 6809, 10 de Abril de 1951, p. 7.
157
Além de casos isolados em épocas de menor fluxo de incorporações.
155
46
solicita-lhes encarecidamente a cedência do que tiverem[…]”158. O resultado não se faz
esperar, uma vez que, no livro de registo de depósitos no início de Maio de 1951, são
em número significativo as ofertas ao Museu (Cf. quadro XIII)159. Mesmo a imprensa
notícia o fato com exemplos “[…]O Dr. Rocha Madahil[…]vai depositar no Museu
Académico peças valiosas da sua grandiosa colecção[…]o Coronel Belisário Pimenta já
entregou uma valiosa colecção de folhetos, fotografias, jornais, ilustrações[…]O Dr.
Teixeira de Queiróz um livro de quintanistas de Direito do Século XIX[…]o Sr. José
Raposo[…]ofereceu uma valiosa colecção de cartazes das festas, além de outros
objectos[…]uma grande série de desenhos sobre motivos académicos foi entregue pelo
Dr. Octaviano de Sá[…]As antigas serventes dos estudantes[…]ofereceram aos
estudantes algumas intimas recordações”160. As coleções entregues ao museu estão
apresentadas no quadro XIII. Destacamos as fotos (15,22%), os cinzeiros e os jornais
(8,70%), as pastas (6,52%). Embora com menor percentagem também devemos
considerar a documentação (4,35%), as plaquetes (4,35%) e os discos (2,17%).
Quadro XIII – Tipologia das ofertas (1951)
TIPOLOGIA OFERTAS NÚMERO OFERTAS
Fotos
7
Cinzeiro
4
Jornais
4
Outros
4
Pastas
3
Alfinetes
2
Anéis
2
Documentação
2
Emblemas
2
Facas
2
Plaquetes
2
Porta-chaves
2
Bandeira
1
Cartazes
1
Discos
1
Galhardete
1
Ladrilho
1
Livro
1
Livro oiro
1
Moedas
1
Tinteiro
1
TOTAL
46
%
15,22%
8,70%
8,70%
8,70%
6,52%
4,35%
4,35%
4,35%
4,35%
4,35%
4,35%
4,35%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
2,17%
97,82%
Fonte: Livro de registo de depósito do Museu Académico.
“Está em marcha a ideia de criação da criação do Museu Académico de Coimbra”, Diário de Coimbra,
nº 6809, 10 de Abril de 1951, p. 7.
159
Museu Académico de Coimbra - Livro de registo de depósitos (1951-1961).
160
“Está em marcha a ideia de criação da criação do Museu Académico de Coimbra”, Diário de Coimbra,
nº 6809, 10 de Abril de 1951, p. 7.
158
47
O segundo grande fluxo verifica-se no final da década de 1950 e início da
década de 1960 com 0,65% em 1959 e 2,15% em 1961 (Cf. quadro XII), o qual parece
dever-se a vários fatores. Por um lado, a imprensa estudantil continua a apelar aos
estudantes que “[…]não deixem de enviar as suas recordações ao Museu
Académico[…]” solicitando “[…]aos elementos das Repúblicas, da Tuna, do Orféon,
Teatro,
Secções
desportivas[…]para
enviarem[…]fotos,
documentos
e
referências[…]”161. Por outro lado, a partir de 1959 e até pelo menos 1961, o jornal “Via
Latina” também publicita nas suas páginas o MAC, contribuindo para a sua divulgação.
Porém, também deve ser realçada a iniciativa dos membros da direção em contatar por
carta, pessoas que dispõem de coleções que se afiguram ser do maior interesse em
integrar o museu como refere, a título de exemplo, uma missiva de 1961: “Teve
conhecimento a direcção do Museu Académico que v ª exª está na posse de objectos que
ficariam só bem neste Museu”162.
Entre as coleções incorporadas nesta época, destacam-se as fotos (23,81%), os
cartazes (9,52%), as guitarras (9,52) e, embora em menor número, deverão ser
consideradas outras coleções como loiça (4,76%), discos (4,76%) e pastas (4,76%).
Quadro XIV – Tipologia das coleções ofertadas (1959 -1961)
TIPOLOGIA
OFERTAS
Número
Ofertas
%
Fotos
5
23,81%
Cartazes
2
9,52%
Guitarras
2
9,52%
Livros
2
9,52%
Loiça
2
9,52%
Outros
2
9,52%
Documentação
1
4,76%
Discos
1
4,76%
Emblemas
1
4,76%
Medalhas
1
4,76%
Pastas
1
4,76%
Postais
1
4,76%
TOTAL
21
99,97%
Fontes: correspondência expedida do Museu Académico.
“Museu Académico: carta aberta aos antigos e actuais estudantes de Coimbra”, Via Latina, n º 86, 9 de
Fevereiro de 1959, p. 1-2.
162
Museu Académico de Coimbra. Correspondência expedida de 1961.
161
48
O terceiro grande fluxo de incorporações verifica-se a partir de meados de 1964
em consequência da reabertura do MAC a 18 de Março desse ano163. A partir do “livro
de ofertas” (Cf. quadro XV) verifica-se que as incorporações consistem sobretudo em
documentação (66,83%), jornais (11,06%), fotos (6,14%) e cartazes (4.42%). Embora
com menor percentagem devemos destacar também os selos da queima (1,47%), os
discos (0,98%) e o barrete (0,25%), tendo em conta que o último exemplo pertenceu ao
Dr. António Luís Gomes, o primeiro presidente da AAC em 1887.
Quadro XV – Tipologia das coleções incorporadas (1964-1965)
TIPOLOGIA
OFERTAS
Número
Ofertas
%
Documentação
272
66,83%
Jornais
45
11,06%
Fotos
25
6,14%
Cartazes
18
4,42%
Boletins
12
2,95%
Livros
8
1,97%
Selos da Queima
6
1,47%
Discos
4
0,98%
Tarjetas
4
0,98%
Emblemas
2
0,49%
Barrete
1
0,25%
Livro de Curso
1
0,25%
Loiça
1
0,25%
Medalha
1
0,25%
TOTAL
407
98,29%
Fontes: Livro de ofertas.
Para além destes casos, que eram numericamente os mais significativos, também
houve incorporações pontuais que tiveram eco na imprensa. Trata-se, em 1952, da
entrega do badalo da cabra ao Museu Académico durante a “tomada da Bastilha”, e o
caso mais conhecido, a doação da Guitarra do Hilário em 1967.
No que respeita à tipologia das coleções, estas variam consoante os fluxos. Se
tivermos em conta o primeiro fluxo (Cf. quadro XIII) notamos que, além do depósito
das coleções, ser anterior à abertura do MAC (sobretudo os dias que antecedem a
abertura), enquadram-se na temática da História da Universidade mas, a sua grande
maioria está relacionada com a vida estudantil (caso para as coleções de fotografia, mas
163
Museu Académico de Coimbra. Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1959-1964).
Acta n º 2, 19 de Fevereiro de 1964, fl. 9-9v.
49
também cartazes, programas, jornais, livros de quartanistas, anéis das faculdades,
emblemas, galhardetes, loiça das repúblicas de estudantes e discos de fado de Coimbra).
No que respeita aos doadores, no primeiro fluxo (Cf. quadro XVI), verificam-se
18 doadores. Por outro lado, se tivermos em atenção o quadro XVI também notamos
que há diferentes géneros de doadores, como por exemplo: particulares, casas
comerciais, entidades académicas e serventes dos estudantes.
Quadro XVI – Doadores em 1951
TIPOLOGIA
OFERTANTE
Número
Ofertas
%
Particulares
9
52,92%
Casas comerciais
6
29,40%
COLEÇÕES
Alfinetes, cinzeiros,
documentação, fotos,
jornais, livros, moedas,
outros, pastas, plaquetes,
porta-chaves,
Anéis, discos, emblemas,
galhardetes, facas, outros,
pastas, tinteiros,
Entidades académicas
2
11,76%
Bandeira, cinzeiro, fotos,
livro de ouro, loiça,
Serventes dos
estudantes
1
5,88%
Fotos
TOTAL
18
99,96%
Fontes: Livro de registo de depósitos do Museu Académico.
O segundo fluxo coincide com a primeira direção da seção MAC da AAC e da
nova dinâmica que a mesma imprimiu, sendo possível identificar alguns géneros de
doadores (Cf. quadro XVII) em que destacamos os particulares (Artur Paredes doa a sua
guitarra), As entidades académicas (com destaque para o CELUC, OAC, TAUC e
TEUC) e as casas comerciais, entre outros.
Quadro XVII – Tipologia de doadores (1959-1961)
TIPOLOGIA
OFERTANTE
Número
Ofertas
%
Particulares
8
53,33%
Entidades académicas
4
26,66%
Fotos, discos, guitarra,
livros, loiça, pasta,
Condecorações,
documentação, fotos livro,
medalhas, taças
Casas comerciais
2
13,33%
Fotos
Outros
1
6,66%
Jornais
TOTAL
15
100%
COLEÇÕES
Fontes: Correspondência expedida do Museu Académico; Livro de registo de
depósitos no Museu Académico.
50
No terceiro fluxo (Cf. quadro XVIII), podemos identificar outro género de
doadores, como por exemplo membros das direções da seção MAC a doar coleções ao
museu (Crisanta Carinha, Joaquim Cantante Garcia, José Gomes Ermida), nos
particulares há alunos da UC, como é o caso de Décio Bernardino de Sousa ou ex
alunos como por exemplo Jacob Correia. Nos organismos académicos, a AAC através
da direção geral ou das suas seções, os organismos autónomos como o GUDR, TAUC,
várias repúblicas de estudantes, as comissões da queima, entre outros exemplos. Estes
elementos permitem-nos referir que, no terceiro fluxo de doações, assim como nos
anteriores, verificou-se uma grande diversidade de género de doadores, como foi
possível comprovar.
Quadro XVIII – Doadores nos anos de 1964 e 1965
TIPOLOGIA
OFERTANTE
Número
Ofertas
%
Membros da seção
MAC
129
31,70%
Sem informação
118
28,99%
Particulares
107
26,29%
Organismos
académicos
48
11,79%
COLEÇÕES
Boletins, cartazes,
documentação, loiças,
jornais, livros, selos da
queima,
Documentação, boletins,
cartazes, fotos, jornais,
livros,
Cartazes, discos,
documentação, fotos,
jornais, medalhas,
plaquetes, tarjetas
Boletins, cartazes,
documentação, jornais,
livros
Outros
5
1,23%
Documentação, jornais
TOTAL
407
100,00%
Fontes: Livro de ofertas.
Assim, podemos mencionar que, na época em estudo, o MAC conseguiu
angariar muitas coleções que enriqueceram o património, fato que não poderá estar
desligado das iniciativas do MAC, tema a desenvolver no ponto seguinte.
2 – As iniciativas
As diferentes iniciativas promovidas pelo MAC podem ser captadas em várias
fontes consultadas: fotografia, actas, imprensa estudantil, catálogos de exposições.
Porém, também se manifesta imperioso mencionar que se detetam dois géneros de
51
iniciativas distintas: as que foram concretizadas e aquelas que não passaram do papel,
não chegando a ser viabilizadas.
a) As iniciativas não concretizadas
A consulta das atas da seção MAC e, mais concretamente, as primeiras reuniões das
direções regista um número significativo de projetos para o MAC que, contudo, acabam
por não ser concretizados. É o caso, entre outros exemplos, da promoção de
“[…]conferências sobre etnografia académica[…]”164; a sensibilização das seções
desportivas165 e das seções culturais166 no sentido de enviarem para o MAC as suas
coleções como troféus, fotografias, livros de atas, documentos das seções, além de ter
sido promovida uma publicação sobre as Repúblicas de estudantes 167; a intenção de
promover nas novas instalações da AAC “[…]a construção de um pavilhão especial
para o Museu Académico[…]”168. No entanto o exemplo mais significativo de um caso
que não passou das intenções e das dificuldades em realizar os objectivos é mencionado
numa frase das atas da seção MAC “[…]algumas secções desportivas possuem taças e
pretendem continuar com elas”169.
b) As iniciativas concretizadas
Se muitas iniciativas não passaram do papel, outras foram concretizadas com
sucesso, podendo estas ser divididas em vários campos, consoante o seu objetivo.
Um dos objetivos a atingir era o de captar público a visitar o MAC, procurando-se
assegurar-lhe a viabilidade. No entanto, para atingir este objetivo, foram usadas várias
estratégias. Por um lado, logo a primeira direção da seção MAC apostou na propaganda
decidindo “[…]mandar fazer cinco mil panfletos do Museu Académico[…]”170. Não iria
ficar por aqui, uma vez que, a partir de 1959, o periódico estudantil “Via Latina” passa a
publicitar o MAC (Cf. figura 10).
164
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 6,
6 Fevereiro 1959, fl. 4-4v.
165
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 7,
17 Fevereiro 1959, fl. 5-5v.
166
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 8,
17 Fevereiro 1959, fl. 5v-6.
167
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 9,
19 Fevereiro 1959, fl. 6v.
168
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º
11, 13 Março 1959, fl. 8-8v.
169
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta n º 1,
15 Fevereiro 1959, fl. 8v.
170
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 3,
23 Janeiro 1959, fl. 2v.
52
Figura 10 – Publicidade ao MAC na imprensa estudantil. (Fonte: “Via Latina”, n º
130, 19 Abril 1961, p. 4).
Outra forma de divulgação do MAC consistiu também em convidar figuras de
relevo, tanto do panorama político como do meio universitário, destacando-se a visita
de personalidades ao museu como o professor Elysio de Moura171 (Cf. figura 11), o
então Presidente da República Almirante Américo Tomás (Cf. figura 12), ou o escritor
brasileiro Erico Veríssimo (Cf. figura 13), ou ainda, em 1965, o embaixador do Brasil
em Portugal, A. Boulitreou Cardoso (Cf. Figura14).
Figura 11 - Prof. Elysio de Moura de visita ao Museu em 1959, com membros da
direcção do MAC (Fonte: Museu Académico de Coimbra).
171
8.
“O prof. Elísio de Moura esteve no Museu Académico”, Via Latina, n º 86, 9 de Fevereiro de 1959, p.
53
Figura 12 - Almirante Américo Tomás visita o Museu Académico (1959) (Fonte:
Museu Académico de Coimbra).
Figura 13 - Erico Veríssimo no MAC em 1959. Da direita para a esquerda: José Pais
Borges Alves, Horácio Alves Marçal. Erico Veríssimo ao centro (Fonte: Museu
Académico de Coimbra).
54
Figura 14 - O embaixador do Brasil em Portugal A. Boulitreou Cardoso de visita ao
MAC em 1965 (Fonte: Museu Académico de Coimbra).
Outra forma de iniciativa prende-se com o objetivo de angariação de coleções para o
MAC, solicitando-se a cedência de coleções particulares como poderemos verificar
neste exemplo em 1961: “Teve conhecimento a Direcção do Museu Académico de
Coimbra que se encontra em poder de v.ª ex.ª, o cartaz do carro que obteve o 1º prémio
no 1º ano de carros enfeitados no Cortejo da Queima das Fitas.[…]ousamos vir pedir a v
ª Excelência[…]a cedência daquele precioso cartaz[…]”172. Por outro lado, também
optaram por outros métodos para a angariação de coleções através de apelos na “Via
Latina” de que é exemplo este comunicado: “Aos amigos antigos e actuais estudantes de
Coimbra nos dirigimos, para que não deixem de enviar as suas recordações ao Museu
Académico – por oferta ou por simples depósito”173. Mas, como podemos reparar em
vários orçamentos e relatórios de contas, também tiveram a iniciativa de adquirir
coleções por compra das mesmas.
Assim, podemos mencionar que o MAC e as suas direções tiveram inúmeras
iniciativas sempre com o objetivo de promover e ampliar as suas coleções, apesar de
nem todas terem tido resultados concretos.
3 – As exposições
Ao principiarmos este ponto entendemos ser pertinente fazer uma breve
abordagem ao termo exposição. Para vários autores é considerada uma “présentation
Museu Académico de Coimbra – Correspondência expedida de 1961.
Museu Académico: carta aberta aos antigos e actuais estudantes de Coimbra”, Via Latina, n º 86, 9 de
Fevereiro de 1959, p. 1-2.
172
173
55
publique d’ oeuvres d’ art et[…]documents, d’ objects se raportant à un thème[…]”174,
sendo considerada “[…]una das funciones prioritárias de los museos puesto que, antes
de abrirse al público las colecciones, ya existia la preocupación de mostrarlas y
ordenarlas”175. Por outro lado, a exposição é um instrumento fundamental do museu
para apresentar as coleções e as peças que possui, além de ter a função de cativar o
público para a sua visita e, por consequência, o museu. No entanto, também é
imperativo salientar que existem vários géneros de exposições, sobretudo três grupos
distintos: permanentes, temporárias e itinerantes.
Iniciamos com a exposição permanente. Este género de exposição baseia-se na
ideia de continuidade se tivermos em conta as palavras de Yani Harreman ao afirmar
que “[…]se prepare sur la base d’ un ensemble de concepts, de maniféstations ou de
discours propres au musée[…]”176, ou seja, transmite a ideia da temática central do
museu por tempo indeterminado. No entanto, também poderá ser objeto de uma
apreciação depreciativa se tal for identificado com uma exposição estática que não sofre
alterações significativas ao longo de um período de tempo indeterminado.
Em relação às exposições temporárias podemos caraterizá-las pela duração
temporal delimitada no início, embora existam outros aspetos a ter em conta. Para
André Gob e Noémie Drouguet, as coleções que permanentemente se renovam, um dos
seus objetivos é “Assurer la rotation des collections”177, permitindo, assim, que as
coleções ou peças de reserva sejam expostas e dadas a conhecer ao público. Por outro
lado, também é necessário ter em conta a importância do público que visita os museus,
porque ao “Raviver l’ intérêt sur le musée”178 através de uma exposição temporária há o
interesse claro de “[…]atraer a un mayor numero de visitantes[…]”,179 motivado por
uma exposição que apresenta algo de novo. Outro aspecto a ter em conta é a vertente
financeira porque, ao regressar-se ao museu para visitar uma exposição temporária
“Accroîte les rentrées financiéres”180, seja pela via dos ingressos de entrada, seja pela
aquisição de artigos na loja do museu, o que incrementa as receitas financeiras. Em
André Gob; Noémie Drouguet – ob. cit., p. 77.
Francisca Hernández Hernández – ob cit., p. 201.
176
Yani Harreman – Présentations, oeuvres exposées et expositions. In Comment gérer un musée: Manuel
pratique. Paris: UNESCO, 2006, p. 92.
177
André Gob, Noémie Drouguet – ob. cit., p. 171.
178
André Gob, Noémie Druguet – ob. cit., p. 171.
179
Francisca Hernández Hernández – ob. cit., p. 224.
180
André Gob, Noémie Drouguet – ob. cit., p. 172.
174
175
56
suma: as exposições temporárias são importantes para uma revitalização contínua de um
museu, trazendo mais visitantes e aumentando as receitas.
No que respeita às exposições itinerantes, podemos mencionar que se
caracterizam por dois aspetos essenciais. Por um lado, “[…]tienen una finalidade
educativa[…]181, por outro lado destinam-se a “[…]grupos de población que no tienen
possibilidades de aceder de outro modo[…]”182 ao museu, o que nos permite afirmar
que têm o objetivo de levar as coleções e peças do museu a outros locais e públicos que
não têm acesso aos mesmos, aumentando o seu conhecimento, bem como cumpre o
objectivo de divulgação do museu e constituindo um potencial incentivo a futuras
visitas ao museu.
No que concerne ao caso concreto das exposições do MAC na época temporal
em estudo, é-nos possível analisar vários aspetos. Para tal, elaborámos o quadro XIX
onde ilustramos as temáticas das diversas exposições que foi possível captar das
pesquisas.
Ao termos em atenção o quadro XIX, notamos que em 30,77% das exposições
não foi possível saber o tema. No entanto, um dos aspetos a salientar das exposições
realizadas pelo MAC é a conotação com festividades estudantis (realce para a queima
das fitas), aspetos da vida estudantil (caso das Repúblicas), e organismos autónomos da
AAC. Esta caraterística denota um objetivo: o de dar a conhecer a vida estudantil
coimbrã, nas suas diversas valências, sobretudo associativas.
Quadro XIX – Temas das exposições (1951-1964)
TEMA
Nº EXPOSIÇÕES
%
Sem tema
4
30,77%
Repúblicas e Tomada da Bastilha
1
7,69%
Artes Plásticas e Fotografia
Pintura, fotografia e cerâmica de
motivos académicos
1
7,69%
1
7,69%
OAC
1
7,69%
TAUC
1
7,69%
Récitas de despedida
1
7,69%
Motivos Académicos
1
7,69%
70 anos da AAC
1
7,69%
Fotografias da alta demolida
1
7,69%
TOTAL
13
99,98%
Fontes: Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., Diário de Coimbra; António José
Soares – ob. cit., sites da internet, Livro de atas da direção do MAC; Rui Pedro Moreira
Lopes – ob. cit.
181
182
Francisca Hernández Hernández – ob. cit., p. 228.
Francisca Hernández Hernández – ob. cit., p. 228.
57
Outra caraterística a relacionar com as exposições do MAC é a sua divulgação,
porque para que as exposições sejam visitadas é necessário proceder à divulgação das
mesmas e, notamos isso por várias formas: através da imprensa no caso das exposições
na queima das fitas (junto com os programas da queima das fitas na imprensa) ou, no
caso da exposição permanente, através de anúncios constantes na “Via Latina” onde
notamos dois aspetos distintos: um horário muito reduzido de apenas duas horas à
quarta-feira, para depois observarmos um horário mais alargado em que apenas encerra
à segunda-feira. Este fato prova que teria uma exposição permanente para justificar esta
abertura ao público. Por outro lado, os anúncios na “Via Latina”, também demonstram
quem pretendiam que fosse o público-alvo através da frase “Colega! Visita o Museu
Académico”183, ou seja, os estudantes.
Outro pormenor a mencionar é a periocidade das exposições, por isso,
elaborámos um quadro com datas limite (quadro XX) onde consta o número de
exposições. Ao termos em atenção o quadro XX reparamos que, embora a maioria das
exposições seja na década de 1950, também é notório que 61,54% das exposições são
no segundo lustro da década mencionada, o que não deixa de ter em conta as exposições
que adiante mencionamos e o fator de, durante a década de 1950, a maioria das
exposições ser durante a queima das fitas.
Quadro XX – O número de exposições por data limite
DATAS LIMITE
Nº
EXPOSIÇÕES
%
1951-1954
4
30,77%
1955-1960
8
61,54%
1961-1969
1
7,69%
TOTAL
13
100,00%
Fontes: Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., Diário de Coimbra; António José
Soares – ob. cit., sites da internet, Livro de atas da direção do MAC; Rui Pedro Moreira
Lopes – ob. cit.
Passamos agora à análise mais pormenorizada das exposições do MAC ao longo
da época em estudo, para isso, achámos importante apresentar a explanação através dos
diferentes géneros de exposição que o MAC promoveu.
183
Via Latina, n º 85, 2 de Fevereiro de 1959, p.7.
58
a) A exposição permanente
Sobre a exposição permanente, os elementos fotográficos de que dispomos são
muitos escassos, senão mesmo inexistentes e os disponíveis são de má qualidade, não
permitindo uma identificação objetiva das peças expostas, inviabilizando a sua
apreciação crítica. No entanto, afigura-se possível concluir que esta se manteve desde a
exposição em 1951 (apesar de não existirem imagens da exposição de 1951), no então
edifício da AAC nos “grilos”, como podemos verificar nas imagens (Cf. figuras 15 a
17).
Figura 15 – Exposição permanente do museu na década de 1950 (Fonte: Museu
Académico de Coimbra).
Figura 16 – Outro pormenor da exposição permanente (Fonte: Museu Académico de
Coimbra).
59
Figura 17 – Outra visão da exposição permanente do museu. (Fonte: Museu Académico
de Coimbra).
A exposição permanente manteve-se no edifício da AAC durante as décadas
de 1950 e 1960, embora nos seja dada a ideia de ser estática, tendo em conta as atas da
seção MAC aquando da saída de António José Soares como conselheiro técnico
referindo que “[…]os objectos expostos eram quase sempre os mesmos[…]”184. Importa
salientar que os acontecimentos estudantis, mais propriamente a crise académica de
1962 e o encerramento da AAC nesse ano, não proporcionaram o contexto favorável a
modificações
significativas.
No
entanto,
pretendeu-se
concretizar
algumas
transformações com a entrada para conselheiro técnico do Dr. Manuel Chaves e Castro
em que seriam expostas “[…]coisas da vida da nossa academia[…]praxe, os organismos
académicos, os troféus desportivos[…]”185, ou seja, tudo o que estivesse relacionado
com o universo estudantil de Coimbra.
A reabertura do MAC, no dia “[…] 18 de Março de 1964[…]”186 apresenta ao
público a sua exposição. No entanto, as atas dão a entender que a nova exposição
permanente seria a continuidade da anterior ao mencionarem “[…]a reinstalação de
todos os objectos existentes no Palácio dos Grilos[…]”, embora também alertem para a
problemática “[…]do desaparecimento de algumas coisas[…]”187.
No que toca à exposição permanente com a reabertura do Museu em 1964,
embora seja ultrapassada a problemática das imagens da exposição, surge o problema de
184
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 12,
de 18 de Março de 1959, fl. 9-9v.
185
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1958-1959). Acta n º 13,
de 23 de Março de 1959, fl. 10-10v.
186
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta n º 2,
de 19 de Fevereiro de 1964, fl. 9-9v.
187
Museu Académico de Coimbra - Livro de actas da secção Museu Académico (1959-1964). Acta n º 1,
de 15 de Fevereiro de 1964, fl. 8.
60
as fotos não focarem as coleções de modo a que possamos ter uma perspectiva das
coleções existentes, o que nos impede de concretizar uma análise mais detalhada da
exposição.
b) As exposições temporárias
Quadro XXI – Temas das exposições temporárias (1951-1964)
TEMA
Nº
EXPOSIÇÕES
%
Sem tema
2
20,00%
Artes plásticas e fotografia
1
10,00%
Evocativa do OAC
1
10,00%
TAUC
1
10,00%
Fotografias da alta demolida
1
10,00%
Motivos Académicos
Pintura, fotografia e cerâmica de motivos
académicos
1
10,00%
1
10,00%
Récitas de despedida
1
10,00%
70 anos da AAC
1
10,00%
TOTAL
10
100%
Fontes: Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., Diário de Coimbra; António José
Soares – ob. cit., sites da internet, Livro de atas da direção do MAC; Rui Pedro Moreira
Lopes – ob. cit.
Quanto aos temas das exposições temporárias as informações recolhidas estão
agrupadas e expostas no quadro XXI.
Todas as exposições realizadas estavam relacionadas com os organismos
autónomos da AAC, neste caso com a TAUC e o OAC em que mencionamos três
exemplos: em 1954, uma exposição sobre a TAUC que contou com a inauguração pelo
então Reitor da UC Maximino Correia188; em 1955, nas comemorações dos setenta e
cinco anos do organismo referido, o MAC, através de António José Soares, efetuou a
“Exposição evocativa da vida do Orféon Académico de Coimbra: 1880-1955”189; em
1960, nas comemorações dos oitenta anos do OAC, através de António José Soares
houve uma exposição de fotografias da “antiga alta demolida”190.
Uma das conclusões a retirar de imediato, é que a “época fértil” das exposições
temporárias foi a década de 1950, mais concretamente a partir do ano de 1953. Para a
188
Rui Pedro Moreira Lopes – Museu Académico de Coimbra: A sua evolução histórica Coimbra:
LIMAUC, 2011, p. 21-22.
189
António José Soares – Exposição evocativa da vida do Orfeon Académico de Coimbra: 1880-1955.
Coimbra: [S. N.], 1955.
190
Online em: http://virtualandmemories.blogspot.pt/2007/10/perfil-biogrfico-do-dr.html acedido em 6-62012 às 7.55.
61
década de 1960 não foi encontrada qualquer documentação que comprove a existência
deste género de exposições (embora tenha havido intenção de as realizar).
Outra caraterística é a sua relação com a queima das fitas, sendo a sua maioria
nessa ocasião festiva, o que se pode justificar na colaboração habitual do MAC com
“[…]a Comissão Central da Queima das Fitas, nas exposições que esta promove,
integradas nos seus festejos”.191
Para uma melhor apresentação do espaço utilizado na realização das
exposições elaborámos um quadro representativo das exposições por local. Através da
análise do quadro verificamos que uma maioria expressiva das exposições tiveram lugar
na AAC (54,55%), embora as fontes também refiram outros locais de Coimbra (como
podemos verificar no quadro XXII): o “[…]Teatro Avenida[…]” ou mesmo “[…]Este
ano[1958], a exposição efectuada no parque”.192 Além disso, também incluímos no
quadro a exposição itinerante a Angola.
Quadro XXII – Locais das exposições temporárias (1951-1964)
LOCAL
Nº
EXPOSIÇÕES
%
AAC
6
60,00%
Sem indicação
1
10,00%
Angola
1
10,00%
Parque da queima
1
10,00%
Teatro Avenida
1
10,00%
TOTAL
10
100%
Fontes: Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., Diário de Coimbra; António José
Soares – ob. cit., sites da internet, Livro de atas da direção do MAC; Rui Pedro Moreira
Lopes – ob. cit.
c) Exposições itinerantes
Ao longo da época em estudo, o MAC concretizou, pelo menos uma exposição
itinerante, através de uma digressão da TAUC nos meses de Agosto e Setembro de
1958193 tendo tido como organizadores o “[…]Dr. António José Soares e o Arquitecto
Deolindo Dias Pombo”194.
191
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1957-1958. Parecer do Conselho
Fiscal. [S. L.]: Associação Académica de Coimbra, [1958], p. 60.
192
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1957-1958. Parecer do Conselho
Fiscal. [S. L.]: Associação Académica de Coimbra, [1958], p. 60-61.
193
António José Soares – Breve história da Tuna Académica da Universidade de Coimbra – regentes,
repertório e viagens. Coimbra: Biblioteca Municipal, 1962, p. 34.
194
“A Tuna Académica da Universidade de Coimbra embarca hoje no «Pátria» para uma digressão
artística por Angola”, Diário de Coimbra, n º 9432, 15 de Agosto de 1958, p. 7.
62
Trata-se de uma exposição que foi importante para a divulgação do MAC e,
também da vida estudantil de Coimbra ao estar exposta nas várias cidades onde a
TAUC se exibiu em Angola: Luanda, Malange, Uige, Nova Lisboa, Benguela, Lobito,
Sá da Bandeira e Mocâmedes195.
Através da documentação é possível deduzir que as coleções utilizadas foram
oferecidas ao Museu Académico pela Tertúlia Académica de S. Paulo196 e as fontes
descrevem que se referem a: “[…]repúblicas, praxe, serenatas, queima das
fitas[…]actividades culturais e desportivas da Associação Académica e dos organismos
autónomos[…]Orféon, Tuna, Teatro, Coral de Letras e CITAC”197, além de
mencionarem que eram constituídas por “[…]fotografias, cartazes, estampas, prospectos
e programas[…]198.
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1957-1958. Parecer do
Conselho Fiscal. [S. L.]: Associação Académica de Coimbra, [1958], p. 61.
196
“Exposição itinerante a apresentar no ultramar”, Diário de Coimbra, 26 de Julho de 1958.
197
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1957-1958. Parecer do
Conselho Fiscal. [S. L.]: Associação Académica de Coimbra, [1958], p. 2.
198
Associação Académica de Coimbra – Relatório e contas da direcção: 1957-1958. Parecer do
Conselho Fiscal. [S. L.]: Associação Académica de Coimbra, [1958], p. 2.
195
63
CAPÍTULO V – O MUSEU ACADÉMICO NA ATUALIDADE
1 – O edifício
Do espaço temporal em estudo à atualidade, o MAC sofreu transformações a
vários níveis no seu edifício sede. Em Dezembro 1987, durante as celebrações do
centenário da fundação da AAC, no mandato de Benjamim Lousada199, o então
Presidente da República, Dr. Mário Soares, inaugurou oficialmente as instalações do
novo edifício do MAC no primeiro piso do colégio de S. Jerónimo200. Foi possível
instalar a sede neste local devido à mudança de instalações dos HUC (atualmente
CHUC), para a localização atual, tendo deixado livre o espaço do Colégio de S.
Jerónimo, como refere Fernando Rebelo no prefácio de uma publicação: “Iniciados os
trabalhos de limpeza do Colégio de São Jerónimo[…]Um desses espaços, por cima do
clausto renascentista[…]parecia bom para instalar o Museu Académico.”201
Figura 18 – Placa de inauguração do Museu Académico, em 1987, no Colégio de
S. Jerónimo (foto do Autor).
O edifício do Colégio de S. Jerónimo que acolhe, entre outras dependências
universitárias, o MAC, é um “Edifício barroco construído no século XVI[…]”202 que, ao
longo da sua existência, tem estado ligado à área da saúde, nele tendo funcionado desde
199
João Pedro Campos – ob. cit., p. 116.
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 26.
201
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 7.
202
Online em: http://www.igogo.pt/colegio-de-sao-jeronimo/ acedido em 28-1-2012 às 15.45.
200
64
o século XIX, os HUC e a então ESEAF203. Assim, desde o ano de 1987, o MAC ocupa
também algumas das dependências deste edifício.
Figura 19 – Entrada principal do Colégio de S. Jerónimo, ocupando o MAC
parte do primeiro piso (foto do autor).
2 – A administração do museu
Se durante a época objeto de estudo (1951-1969), o museu constituía uma seção
da AAC, mais tarde, careceu de revitalização. A principal etapa dessa transformação
materializou-se em Dezembro de 1990, durante o mandato de Emídio Guerreiro como
Presidente da AAC204, através da assinatura de um protocolo de instalação do MAC em
que foram signatários a Reitoria da UC, a AAC, os organismos autónomos e a
AAEC205. Dessa assinatura resultou uma comissão diretiva constituída por um
representante de cada uma das entidades signatárias que, entre si, elegeram um
presidente, cargo que foi ocupado por Joaquim Teixeira Santos até ao seu falecimento
em 1996, além de estar previsto o lugar de coordenador. No entanto, “[…]desde a morte
de Joaquim Teixeira Santos[…]a comissão não mais voltou a funcionar como se lhe
exige”206. Ou seja, após o falecimento do presidente, a comissão diretiva ficou inativa,
tendo o museu ficado na responsabilidade do coordenador até à sua aposentação, em
Novembro de 2011.
Por outro lado, a ausência de estatutos e de regulamento interno consagrados no
protocolo de 1990, mas nunca concretizados, penalizam o museu. A ausência de
estatutos não permite a sua existência legal, Por consequência, impede o MAC de ter
203
Ana Isabel Silva – A arte de enfermeiro: escola de enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca. Coimbra:
Imprensa da Universidade, 2008, p. 167.
204
João Pedro Campos – ob. cit., p. 122.
205
Cf. anexo VII.
206
“Museu Académico de Coimbra: museu sem casa própria”, A Cabra, n º 40, 19 de Outubro de 1998, p.
4.
65
orçamento próprio para desenvolver atividades. A estes fatores negativos adiciona-se a
falta de divulgação do museu. O jornal académico “A Cabra”, num artigo redigido no
ano de 2009, chama a atenção para o completo desconhecimento do museu por parte da
comunidade estudantil: “[…]poucos são os estudantes que ouviram falar dele. Menos
ainda os que o visitaram”207. Não duvidamos que essa falta de conhecimento decorre da
escassez de divulgação, seja do próprio museu por parte da Universidade que o tutela,
seja pela ausência de iniciativas mobilizadoras.
3 – Recursos tecnológicos
No que diz respeito aos recursos tecnológicos disponíveis constata-se a sua
escassez e desatualização. Até muito recentemente, o MAC possuía apenas um
computador rudimentar, um scâner e uma impressora. Neste momento foi equipado com
computadores mais atualizados, tanto na sala da biblioteca como na sala do
coordenador. Apesar deste “reforço tecnológico” continua a necessitar de novas
tecnologias.
Por outro lado, também abrangemos nos recursos tecnológicos, a necessidade de
criação de um site do MAC que não existe, apesar de, em tempos, o ter possuído208, o
qual disponibilizava informação muito básica tendo, entretanto, sido desativado.
4 – O potencial humano
Desde o ano de 1990 até à atualidade, o MAC funcionou com um potencial
humano insuficiente que inclui um “[…] coordenador,
209
administrativa[…]”
um guia, uma funcionária
. Porém, a aposentação do coordenador em Novembro de 2011 e o
fato de ainda não ter sido indicado o seu substituto afeta o potencial humano do museu
que, neste momento, apenas possui dois funcionários, agravando-se a situação quando
um desses se encontra de férias. Assim, um dos principais problemas do MAC é
precisamente o reduzido número de funcionários para fazer face a visitas de
“[…]estudantes, investigadores e turistas, com uma média de dois mil visitantes por
207
“O Museu que ninguém conhece”. A Cabra, n º 191, 27 de Janeiro de 2009, p.10.
Site online em: http://www.uc.pt/informacaosobre/universidadecoimbra/mac acedido em 1-5-2011 às
9.51.
209
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 28.
208
66
ano[…]210, além dos investigadores que necessitam de consultar. Trata-se de uma
questão urgente que importa solucionar no mais breve espaço de tempo.
5 – O público do MAC
Um dos fatores a ter em linha de conta num museu é o público, sendo importante
conhecê-lo com o objetivo de delinear estratégias no sentido de o cativar a voltar ao
museu ou atrair novos públicos.
Quanto às informações estatísticas disponíveis, o número de visitantes do MAC
manteve-se ao longo de cerca de 15 anos (1997-2012). Se, em dois mil e onze, o MAC
tinha “[…]uma média de dois mil visitantes por ano[…]”211, esse número não diferia
muito do do final do século passado se tivermos em conta que no ano de 1997
“visitaram o MAC 1768 visitantes[…]”212. Isto significa que o número de visitantes não
aumentou podendo-se questionar as suas causas, entre as quais, entre outras, se pode
salientar a falta de divulgação e a falta de sinalética a indicar a localização.
Em relação à tipologia dos visitantes, em 2011, a sua maioria dos visitantes era
constituída por “[…]estudantes, investigadores e turistas[…]de nacionalidade
portuguesa, como também um grande número de brasileiros, espanhóis e italianos.”213.
Poderá justificar este tipo de visitante, o fato de “[…]estudantes, professores e
funcionários da Universidade de Coimbra[…]terem entrada gratuita no Museu[…]214, se
atendermos ao fato do ingresso de visita ter o preço “simbólico” de um euro. No
entanto, os turistas e estrangeiros também poderão ser movidos pela curiosidade.
6 – As coleções
Apesar do estaticismo atual, continuam as incorporações de coleções e de peças
no museu, que se caraterizam por assumir duas formas distintas: através de ofertas ou
depósitos efetuados voluntariamente por particulares ou suscitadas pela diplomacia de
Joaquim Teixeira Santos (entre 1990 e 1996).
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 29.
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 29.
212
“Museu Académico de Coimbra: museu sem casa própria”, A Cabra, n º 40, 19 de Outubro de 1998, p.
4.
213
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 29.
214
“Museu Académico de Coimbra: museu sem casa própria”, A Cabra, n º 40, 19 de Outubro de 1998, p.
4.
210
211
67
Em relação à primeira forma de ingresso, refere “A Cabra”, em 1998, que “[…]
não há mês que não entrem 10, 15 20 peças doadas na sua maioria por particulares”215,
(apesar de não indicar a tipologia das coleções). Por outro lado, a diplomacia do então
presidente da comissão directiva do MAC, Joaquim Teixeira Santos, permitiu angariar
várias coleções para o MAC216, de que são exemplo a “[…]Biblioteca da AAC e dos
troféus dos vários Organismos Autónomos da AAC[…]colecções particulares de
antigos estudantes de Coimbra[…]como, por exemplo[…]a biblioteca e toda a colecção
recolhida[…]de tudo quanto se relacionasse com Coimbra, do Dr. Divaldo Gaspar de
Freitas217, […]a colecção particular de pesca do Dr. Carvalho Pinho[…]a recolha da
colecção camoniana de Monsenhor Nunes Pereira[…]os cadernos de campo do
cientista/investigador inglês Dr. Arthur Wallis Excel[…]as condecorações[…]as
insígnias doutorais que a Universidade de Coimbra lhe concedeu”218.
Porém, também será relevante afirmar que a maioria das coleções recuam ao
tempo em que o MAC era seção da AAC e estão directamente ligadas à temática da vida
estudantil: sobre as repúblicas de estudantes, troféus desportivos, discos de temática
coimbrã, pastas académicas, condecorações da AAC, instrumentos musicais
relacionados com a música de Coimbra, fotografias, bem como o acervo documental do
arquivo e a biblioteca do museu.
7 – Atividades anuais programadas
Nenhuma instituição pode dispensar a programação anual, já que se trata do
documento que indica as atividades a efetuar no ano em causa, bem como a respetiva
previsão orçamental para a sua realização. No entanto, tal não invalida a concretização
de atividades não previstas, mas que poderão ser efetuadas se se enquadrarem na
tipologia do museu e se o orçamento o permitir. Porém, como já mencionámos, devido à
inatividade do museu, à ausência de estatutos e de regulamento interno e a subsequente
inexistência de comissão diretiva e de orçamento próprio, a programação anual não tem
sido efetuada, mantendo-se apenas a exposição permanente: “o percurso do escolar de
Coimbra”.
215
4.
216
“Museu Académico de Coimbra: museu sem casa própria”, A Cabra, n º 40, 19 de Outubro de 1998, p.
Se bem que algumas não estão relacionadas com a temática da vida estudantil.
Onde virá todo o património da extinta Associação dos antigos estudantes de Coimbra no Brasil.
218
Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., p. 14.
217
68
8 – A exposição permanente
A exposição permanente designa-se “O percurso do escolar de Coimbra”,
existindo desde o início na década de 1990, com o objetivo mostrar o percurso do
estudante de Coimbra nas diversas vertentes, desde a chegada à universidade à
finalização do curso, prologando-se pelo “depois do curso” através associações de
antigos estudantes de Coimbra.
O espaço inclui corredores e várias salas dedicadas a temáticas diversas (sala
Joaquim Teixeira Santos, fado de Coimbra, queima das fitas, sala dos lentes), além de
duas salas de troféus desportivos no espaço não visitável.
A exposição principia com a temática do traje académico, através de uma
coleção de seis peças em quadros de azulejo que demonstram a evolução do traje
académico. Por outro lado, é conveniente mencionar que cada peça indica o ano ou
século em que o traje foi usado (Cf. fig. 20).
Figura 20 – A evolução do traje académico (foto do autor).
Após o traje académico contemplamos a estátua do estudante de Coimbra,
representativa do “ícone” do estudante de Coimbra no século XIX, época em que a
Universidade de Coimbra é a única do país até 1911 (embora já existam as escolas
médico-cirúrgicas de Lisboa e do Porto). Esta peça valoriza a exposição ao pretender
demonstrar que a UC era frequentada pela elite pensadora destinada à governação do
país. Por isso, estátua apresenta uma “pose de poder” (Cf. fig. 21).
69
Figura 21 – Estatueta do estudante de Coimbra no século XIX (foto do autor).
Na mesa seguinte observamos várias sebentas (apontamentos que possibilitavam
o estudo e passavam por diferentes gerações de estudantes), O Manuel das Barbas, que
fazia as sebentas e a Maria Marrafa, que as distribuía, eram célebres na comunidade
estudantil (Cf. fig. 22). As sebentas eram fundamentais para o estudo ao ponto de serem
classificadas de “[…] instituição bemdita e misericordiosa!”219. Não será ao acaso que
os estudantes a homenageiam com um centenário no ano de 1899220.
Figura 22 – As sebentas (foto do autor).
Prosseguindo a exposição, na estante seguinte observamos os “badalos da cabra”
(Cf. fig, 23). Os toques da “cabra” regulavam a vida na Universidade221 e até mesmo na
cidade, pois, não havia aulas na ausência do toque matinal da “cabra”. Isto proporcionou
várias tentativas de furto do badalo da “cabra” pelos estudantes com a finalidade de não
Antão de Vasconcellos – Memórias do Mata-Carochas. Porto: Empreza Litterária e Typográphica,
s.d., p. 277.
220
J[oão] Mendes Rosa – ob. cit., p. 72-73.
221
Nuno Rosmaninho – O poder da arte: o estado novo e a cidade universitária de Coimbra. Coimbra:
Imprensa da Universidade, 2005, p. 167.
219
70
terem aulas. Os dois exemplares expostos de badalos foram protagonistas de “histórias”,
uma vez que foram roubados e posteriormente devolvidos ao MAC.
Figura 23 – Os badalos da “cabra” (foto do autor).
Seguir-se-á a temática das repúblicas de estudantes através de coleções de
fotografia, de loiça e de imprensa estudantil editada pelas repúblicas (Cf. fig. 24). No
entanto, é necessário salientar o fato de que não estão representadas todas as repúblicas.
Figura 24 – Loiça das repúblicas de estudantes (foto do autor).
Segue-se a sala “Joaquim Teixeira Santos” (Cf. fig. 25), dedicada a Luís de
Camões através das ofertas de quem deu o nome a esta sala onde se encontram expostas
coleções como o busto e um quadro de Luís de Camões, loiça e o destaque principal
para edições em várias línguas dos “Lusíadas”.
71
Figura 25 – Sala Joaquim Teixeira Santos (foto do autor).
A estante sequente apresenta-nos a praxe académica de Coimbra (Cf. fig. 26),
através de coleções que respeitam a esta temática: os instrumentos da praxe (moca,
colher de pau e tesoura), as várias edições do código da praxe (desde o mais antigo, do
ano de 1957222 ao mais recente, do ano de 2008223), um exemplar de cabelo de caloiro
alvo de “rapanço” por troupe datado da década de 1950. Por outro lado, neste contexto
também é relevante salientar palmatória que pertenceu a Antero de Quental.
Figura 26 – Instrumentos da praxe na respetiva estante (foto do autor).
Seguem-se duas salas temáticas: fado de Coimbra e queima das fitas. No que
respeita ao primeiro caso (Cf. fig. 27), contemplamos a coleção de instrumentos
musicais relacionados com o género musical a que respeita a sala, imagens de cantores e
instrumentistas que nos remetem para nomes sonantes do género musical associado à
Mário Saraiva de Andrade; Vítor Dias Barros – Código da Praxe Académica de Coimbra. Coimbra:
Coimbra Editora, 1957.
223
MAGNUM CONSILIUM VETERANORUM – Código da Praxe: Universidade de Coimbra.
Coimbra: Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra, 2008.
222
72
sala, como por exemplo: Hilário, Artur Paredes, Ângelo de Araújo e António Menano,
entre outros, além de pautas e discos de vinil.
Figura 27 - Sala do Fado de Coimbra, em primeiro plano a guitarra de Artur
Paredes (foto do autor).
Por outro lado, na sala da queima das fitas (Cf. fig. 28), encontram-se expostas
várias coleções: os cartazes da queima, o penico com o “grêlo” da cor de cada
faculdade, as fotos, os ingressos nas noites do parque, as plaquetes com caricaturas, os
selos da queima, entre outros exemplos.
Figura 28 – Sala da queima das fitas (foto do autor).
No corredor, encontra-se a estante onde estão expostas as condecorações da
AAC (Cf. fig. 29), resultantes da múltipla vertente cultural, desportiva e humanista,
entre as quais, destacamos a “Ordem da Liberdade”, resultante da intervenção cívica da
73
AAC nas crises académicas de 1962 (resultante da proibição do dia do estudante224) e de
1969 (resultante da inauguração do edifício das Matemáticas225).
Figura 29 - As medalhas e condecorações da Associação Académica de Coimbra
(foto do autor).
Na “sala dos Lentes” (Cf. fig. 30), podem-se contemplar coleções e peças
relacionadas com os professores da universidade, desde miniaturas de professores
(Bernardino Machado, Elysio de Moura, Oliveira Salazar), às insígnias doutorais com a
borla e o capelo de ciências, o anel e o diploma, legados ao museu pelo Dr. Arthur
Wallis Excell (doutorado Honoris Causa pela Universidade de Coimbra226). Isto fará
compreender ao aluno que cada Faculdade tem uma cor, assim como, a borla e o capelo
representam as insígnias académicas dos professores da Universidade de Coimbra.
Figura 30 - Sala dos lentes (foto do autor).
Álvaro Garrido – ob. cit., p. 126.
Celso Cruzeiro – Coimbra, 1969. Crise Académica, o debate de ideias e a prática. Porto:
Afrontamento, 1989.
226
Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit., p. 14.
224
225
74
Retomando o corredor, encontramos várias mesas e uma estante que pretendem
demonstrar a evolução das pastas académicas, desde os primórdios à pasta académica
atual. Por outro lado, também podemos observar as pastas de luxo (Cf. fig. 31) que, uma
vez mais eram uma representação de riqueza e poder.
Figura 31 – Exemplo de uma pasta de luxo de medicina (foto do autor).
Por outro lado, existem duas estantes com coleções relativas a duas festividades
académicas: centenário da sebenta e enterro do grau. As coleções destacam-se por
serem em loiça, imagens do “Almirante Rato” e “Maria Marrafa”, entre outras (Cf. fig.
32).
Figura 32 – Estante do “centenário da sebenta” (foto do autor).
75
Prosseguindo com a exposição, observa-se a evolução dos livros de curso desde
as orlas de fotografias do século XIX (Cf. fig. 33), com os estudantes identificados pelo
nome e naturalidade, os livros de curso no início do século XX até chegarmos às atuais
plaquetes de caricaturas.
Figura 33 – Uma orla de fotografia (foto do autor).
A exposição prossegue com diplomas (Cf. fig. 34), onde podemos observar
diplomas de várias épocas e de várias faculdades, destacando-se também o diploma do
primeiro odontologista em Portugal, datado de 1913.
Figura 34 – Os diplomas (foto do autor).
A exposição continua com uma estante relacionada com a temática das
Associações dos Antigos Estudantes de Coimbra (Cf. fig. 35) com várias tipologias de
coleções: documentação e publicações (atas, estatutos de associações em vários locais
do mundo), partitura de hino, loiça, entre outras peças.
76
Figura 35 – A estante com a temática das associações de antigos estudantes de
Coimbra (foto do autor).
Posteriormente, observamos mesas com coleções de loiça referentes a reuniões
de curso onde se inserem também alguns exemplos de loiça dos centenários de
repúblicas de estudantes (Cf. fig. 36).
Figura 36 – Mesa com loiça dos encontros de antigos estudantes (foto do autor).
Por fim, resta a componente desportiva complementada com a visita às salas de
troféus desportivos das seções desportivas da AAC (Cf. fig. 37), com destaque para a
Taça de Portugal de 1939.
77
Figura 38 – Troféus das seções desportivas da AAC (Fonte: online em:
http://www.acabra.net/artigos/histrias-na-vitrina acedido em 20-6-2012 às 22.35).
Ao finalizarmos a exposição, compre-nos referir que se trata de um museu da
vida estudantil, apesar de existir uma coleção sobre Luís de Camões que não se
enquadra na temática do museu, no entanto, tratou-se de uma oferta.
9 – As exposições temporárias
Após a formalização do protocolo de instalação do MAC em 1990 e a
prevalência da comissão diretiva presidida por Joaquim Teixeira Santos, foram
realizadas várias exposições temporárias, das quais mencionamos alguns exemplos. Em
1991 foi inaugurada uma exposição sobre o desporto a iniciar a abertura do “novo”
museu, como afirmou o então Presidente da AAC, Emídio Guerreiro, em entrevista à
“Cabra”: “O Museu vai abrir com uma exposição de troféus desportivos da AAC. Cerca
de 3000 troféus vão estar em exposição[…]” e “[…]vai estar lá a taça de Portugal de
certeza”227. Esta exposição inicia a dinamização do museu renascido através do
protocolo de 1990. Além desta exposição temporária, foram realizadas outras: sobre a
evolução do traje académico, ainda em 1991 sobre a República dos Kágados mais um
centenário e sobre a comunidade lusófona em Coimbra228. Por outro lado, mais
recentemente, o museu tem colaborado nas semanas culturais da UC, com a organização
de exposições: o Sol quando nasce (Março de 2007), o Núcleo da República (Março de
2010)229.
A falta de dinamismo levou ao abandono das exposições temporárias,
permanecendo apenas inalterada a exposição permanente já referida. A ausência de
“Somos de novo um sindicato”, A Cabra, n º 0, 1 de Janeiro de 1991, p. 12.
Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit. p. 14-15.
229
Rui Pedro Moreira Lopes – ob. cit., p. 29.
227
228
78
exposições temporárias penaliza bastante a divulgação do museu, uma vez que não
apresenta nada de novo para cativar o potencial público visitante.
10 – A divulgação
Na atualidade, o museu é muito penalizado pela ausência de divulgação (à
exceção da promovida recentemente pela LIMAUC), fato confirmado pela imprensa ao
referenciar que “Para muitos dos estudantes e habitantes de Coimbra a existência do
Museu é praticamente desconhecida […]230. Saliente-se que esta não constava nos
objectivos do anterior coordenador do museu como se deduz das suas afirmações: “[…]
prefiro que as pessoas digam umas às outras[…]não vou ser eu a dizer para virem cá e
que isto é uma maravilha, até porque o Museu nunca esteve da maneira que
quisemos.”231 Trata-se de uma questão que importa mudar.
11 - A LIMAUC
Na atualidade, existem inúmeras Ligas de amigos cuja finalidade principal é
auxiliar as instituições com dificuldades. Atendendo ao estado atual do MAC e,
segundo o então presidente da AAC, Miguel Portugal, “[…]O Museu Académico de
Coimbra “tem esmorecido ao longo dos anos” e, por isso, “tem de ser reativado”232.
Assim, em 12 de Janeiro de 2011 “[…]27 antigos e actuais estudantes de
Coimbra[UC]uniram-se para criar a LIMAUC – Liga dos Amigos do Museu Académico
de
Coimbra”233.
Estava
formada
a
LIMAUC
que
“[…]visa
promover
o
engrandecimento do espaço, onde se encontra a primeira Taça de Portugal, e o estudo e
divulgação do espírito e vivências académicas”234, cujos objetivos podem ser
consultados nos estatutos235.
Pouco tempo após a sua criação, no ano transato de 2011, a LIMAUC iniciou a
tarefa de desenvolver atividades no sentido de promover o museu em que consideramos
230
“O Museu que ninguém conhece”, A Cabra, n º 191, 27 de Janeiro de 2009, p. 10.
Online
em:
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Coimbra&Concelho=Coimbra&Option=Interi
or&content_id=1037345 acedido em 14-6-2012 às 10.05.
232
Online em: http://www.acabra.net/artigos/museu-acadmico-ganha-amigos acedido em 11 de Junho de
2011 às 9.20.
233
“Museu Académico: sonho com 20 anos dá lugar a liga de amigos”, Diário as Beiras, n º 5218, 13 de
Janeiro de 2011, p. 7.
234
Online em: http://sicnoticias.sapo.pt/Lusa/2011/01/12/coimbra-liga-de-amigos-criada-para-promovermuseu-academico?tabPane=Comments acedido em 11 de Junho de 2012 às 9.15.
235
Cf. anexo II.
231
79
fundamental destacar o seguinte: visita guiada ao MAC com uma serenata em 7 de Maio
de 2011; enquadrado no sexagésimo aniversário da fundação do MAC, em 21 de Maio
de 2011, uma conferência de Carlos Carranca intitulada “Coimbra o canto, a guitarra e a
poesia” […]” e “[…] uma comunicação de Rui Lopes sobre o “Museu Académico de
Coimbra: das origens à actualidade”[…] e um espaço para a Canção de Coimbra com o
grupo “Raízes de Coimbra” […]”236.
Durante o corrente ano de 2012, as atividades têm prosseguido, entre as quais,
mencionamos, a título de exemplo: em Janeiro 2012 a apresentação de um livro sobre o
MAC editado pela LIMAUC, a doação de coleções e peças ao MAC e uma serenata
pelo grupo “Porta Férrea”237; em Abril, a realização de uma tertúlia na “Livraria
Minerva”, em Coimbra, intitulada “Museu Académico de Coimbra: o passado e o
futuro”238.
Por outro lado, a classificação da AAC/OAF para a final da taça de Portugal
motivou a LIMAUC, em colaboração com a Reitoria da UC, a promover a exposição “A
AAC e a 1 ª taça de Portugal”, a qual teve forte impato no espaço cibernáutico e na
imprensa239. A imprensa desportiva também noticiou online o evento, com destaque
para “A Bola”240 e o “Record”241. Por último, no evento “noite dos Museus”, a
LIMAUC e a Reitoria da UC promoveram a abertura do museu ao público entre as 21 e
as 24 horas de 19 de Maio de 2012242. O evento traduziu-se num sucesso se
considerarmos que, no espaço temporal de três horas, ultrapassou uma centena de
visitantes.
Assim, consideramos fundamental referir que as atividades da LIMAUC têm
promovido a divulgação do MAC. Mais que nunca, o MAC é focado na imprensa e no
espaço cibernáutico, remando contra a maré do desconhecimento em que este caíra.
236
“Figuras da Semana: Carlos Carranca”, Campeão das Províncias, n º 574, 19 de Maio de 2011, p. 6.
On
line
em:
http://ligamuseuacademico.blogspot.pt/2012/01/tarde-de-actividades-no-museu14.htmlhttp://ligamuseuacademico.blogspot.pt/2012/01/tarde-de-actividades-no-museu-14.html acedido
em 11-6-2012 às 9.40.
238
Online em: http://minervacoimbra.blogspot.pt/2012/04/museu-academico-de-coimbra-passado-e.html
acedido em 13-6-2012 às 14.18.
239
Destaque para o “Diário de Coimbra” que foi “media partner”.
240
Online em: http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=329277 acedido em 11-6-2012 às 9.45.
241
Online
em:
acedido
http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/academica/interior.aspx?content_id=754797
em 11-6-2012 às 9.50.
242
Online em: http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=331353 acedido em 11-6-2012 às 9.55.
237
80
CAPÍTULO VI – O REJUVENESCIMENTO DO MAC
Face às dificuldades atuais do MAC expostas no capítulo anterior, entendemos
ser necessário apresentar soluções e sugestões com o objetivo de o revitalizar através de
uma nova dinâmica. Por isso, com o desígnio da concretização desse objetivo, optámos
por dividir o capítulo em vários pontos que consideramos essenciais.
1 – A imagem identificativa
O MAC atual não dispõe de quaisquer elementos caraterizadores como a missão,
a visão, valores e objetivos. Deste modo, entendemos ser primordial propor estes
elementos.
Iniciando com a “missão”, esta deve ser objetiva e breve, além de justificar a
existência do museu243. Por isso, sugerimos que no futuro site do museu surja como
missão as palavras que se seguem: “Sendo Coimbra a “ex-libris” da vida estudantil.
Através das suas coleções e peças, o Museu Académico de Coimbra, possui um
património único, que edifica o memorial da vida estudantil onde, de forma pedagógica,
o visitante sustenta a sua curiosidade sobre o assunto, o estudante obtém mais
conhecimentos sobre a vida estudantil e o investigador da temática dispõe de um
arquivo, biblioteca e registos sonoros, indispensáveis nas pesquisas”.
No que respeita à “visão”, esta objetiva-se no que se pretende elaborar a médio
prazo (cerca de cinco anos). Porém, poderá ser redefinida consoante as situações. Desta
forma, sugerimos como intenção/visão do MAC: “Fazer do Museu Académico de
Coimbra um dos melhores museus de Coimbra capaz de atrair os visitantes e
investigadores, através da divulgação, de exposições, de colóquios sobre a temática do
museu”.
Prosseguindo com os elementos caraterizadores, sugerimos como “valores” a ter
como referência, o “Compromisso para com o visitante ou investigador atendendo às
suas necessidades; trabalho em equipa envolvendo todos os funcionários; valorização
profissional dos funcionários através de uma formação permanente; responsabilidade
pedagógica através das visitas guiadas; importância a dar à palavra do visitante através
243
Barry Lord; Gail Dexter Lord – ob. cit., p. 246.
81
do livro de registo, com as críticas e sugestões de forma a otimizar o Museu e a sua
atividade”.
Quanto aos seus “objetivos”, ou seja, as configurações para alcançar o sucesso
ou as expressões quantitativas anuais que as instituições devem seguir com vista aos
objetivos de longo alcance244, sugerimos o seguinte: “recolher, conservar e expor
coleções e peças, publicações, documentação e registos sonoros sobre a vida estudantil
de Coimbra; promover exposições temporárias sobre as várias temáticas da vida
estudantil; promover o aumento de conhecimento através de colóquios, de aulas, ou
outras atividades pertinentes; promover e apoiar estudos, publicações e a investigação
da temática da vida estudantil; colaborar com a Universidade de Coimbra, com a
Associação Académica de Coimbra, com a Associação dos Antigos Estudantes de
Coimbra e outros organismos académicos no que respeita à temática do museu;
colaborar com a Liga dos Amigos do Museu Académico de Coimbra – LIMAUC com
vista à dinamização e divulgação do Museu Académico de Coimbra”.
2 – As instalações e localização do MAC
Mencionámos no capítulo anterior que o MAC se situa no primeiro piso do
colégio de S. Jerónimo desde 1987. Encontra-se, pois, em pleno “coração” da alta
universitária de Coimbra. Este fator é essencial no que respeita às caraterísticas do
território. Se tivermos em conta os parâmetros das análises swot considera-se uma
“força” devido à localização estratégica numa cidade que tem como imagem-força a
função cultural e o ensino. Por outro lado, essa localização na alta universitária constitui
uma mais-valia, dado o museu se situar no coração da comunidade académica, e no
âmago do roteiro turístico da UC, diariamente visitado por turistas, o que poderá trazer
benefícios em termos de bilheteira e de venda de artigos na loja do museu. Aliás, será de
toda a conveniência incluir este museu no roteiro turístico no roteiro da Universidade de
Coimbra, o qual inclui a sala dos capelos, a sala do exame privado, a sala das armas, a
torre, a varanda panorâmica, a Biblioteca Joanina, a capela de S. Miguel e a prisão
académica245. Relacionando ainda a importância da localização e a sua proximidade
244
Barry Lord; Gail Dexter Lord – ob. cit., p. 17.
Online em: http://noticias.universia.pt/destaque/noticia/2011/08/03/853009/universidade-coimbra-criaroteiro-turistico-em-braille.html acedido em 28-6-2012 às 18.00.
245
82
espacial com a UC a qual se poderá revelar benéfica em termos de equipamentos e de
espaços.
Afigura-se, pois, concluir que a localização do MAC constitui uma mais-valia,
apesar da falta sinalética. Deste modo, a sugestão que podemos apresentar é, no caso de
necessidade de mudança de local, que seja para outro edifício da alta universitária
coimbrã onde continuará estrategicamente bem localizado.
Apesar da vantagem considerada existe um outro problema para o qual é
necessária uma solução: a falta de espaço. No momento atual de crise financeira não se
afigura possível a construção de um edifício de raíz, hipótese que não é considerada. No
entanto, parece que podem ser encontradas outras soluções. No caso de saírem do
Colégio de S. Jerónimo alguns dos serviços agora existentes e a consequente
desocupação de espaço, parte destes poderiam passar para o MAC que se debate com a
escassez de espaços para arrecadação de coleções e peças.
Por outro lado, a saída da FMUC para o pólo 3 da UC deixou salas vagas no
antigo edifício desta Faculdade, o que também poderia ser uma solução para o MAC (no
que respeita à questão de espaço de arrecadação, trata-se, pois, de meras hipóteses.
3 – As finanças do MAC
Como já mencionámos, a questão financeira do MAC está intimamente ligada às
finanças da UC. Enquanto se mantiver este enquadramento, o MAC não poderá ter uma
gestão autónoma.
Por outro lado, ao depender da Reitoria de UC, o MAC tem direito a uma
dotação orçamental. Contudo, atendendo à contenção financeira atual resultante da crise
financeira, as verbas que a UC poderá disponibilizar ao MAC não serão suficientes para
fazer face às despesas e desenvolver atividades. Esta situação requer outras soluções
alternativas com vista à angariação de verbas para garantir a sua sustentabilidade e
actividade. Nesse sentido, sugerimos várias formas de obtenção de verbas para o
prosseguimento dos objetivos do MAC.
a) Através da loja do museu. A venda de artigos relacionados com o MAC na loja
do Museu (mencionados no ponto referente à loja), poderá proporcionar um
reforço das receitas do MAC;
83
b) Através dos ingressos. Os ingressos de entrada no MAC também são outra fonte
de receita. É certo que atualmente têm o preço simbólico de um euro (sendo
gratuito para estudantes, funcionários e professores da UC). Assim, sugerimos a
revisão do preçário dos ingressos, embora sem exageros (que podem afastar os
visitantes devido ao seu custo). Por outro lado, o aumento de visitantes (e
naturalmente dos ingressos) está condicionado pela divulgação do museu. Por
outro lado, também sugerimos acordos ou protocolos com agências de viagens e
guias turísticos para que o MAC se integre nos circuitos turísticos da cidade de
Coimbra;
c) Outra forma de resolver o problema financeiro consiste no mecenato, através do
qual empresas ou particulares apoiem financeiramente o museu e as suas
atividades alcançando, como retorno, benefícios fiscais. Por isso, sugerimos que
exposições temporárias sejam apoiadas financeiramente mediante a celebração
de protocolos mecenáticos. O ideal seria conseguir um ou vários mecenas que
apoiem continuamente o MAC, mesmo para a resolução do problema do
potencial humano.
4 – A coleção e peças do museu
As coleções são fundamentais em qualquer museu pois, sem a sua existência,
seria impossível concretizar exposições e, consequentemente, não haveria motivos para
atrair os visitantes. No que diz respeito ao MAC, entendemos que este deverá continuar
a incorporar coleções da vida estudantil. No entanto, para um aumento do seu ingresso
implica tomar medidas e incentivos, entre os quais sugerimos:
a) Divulgação. Sugestão de doação ou depósito de coleções, à semelhança do que
se verificou nas décadas de 1950 e de 1960, com a imprensa estudantil a sugerir
a entrega de coleções no MAC. Na atualidade, a “A Cabra” e a RUC poderiam
cumprir esse papel através de anúncios;
b) Protocolo com a AAC. Propomos a concretização de um protocolo com a AAC,
de forma a que esta instituição, as suas seções culturais e desportivas e os
núcleos de estudantes da AAC, entreguem, no MAC, em intervalos temporários
acertados, as suas coleções, com expressividade para a documentação, de modo
84
a ficar conservado o património e documentação da vida estudantil, que, por sua
vez, poderá constituir fonte de estudos;
c) Protocolo com a AAEC. Propomos um protocolo com a AAEC e as respetivas
delegações regionais (Lisboa, Porto, Braga, Gouveia), no sentido de enviarem a
documentação dos seus arquivos para o MAC;
d) Protocolo com as Tunas e grupos de fado de Coimbra. Sugerimos a
concretização de um protocolo com as Tunas e grupos de fado de Coimbra,
incluindo o CAOUC e os ATUC, no sentido de entregarem no MAC os seus
arquivos e documentação, assim como um exemplares de CDs de música ou
DVDs editados;
e) Acordo com as Repúblicas de estudantes. Na medida do possível, também
propomos um entendimento com as repúblicas de estudantes de Coimbra, no
sentido destas enviarem os seus arquivos ou coleções para o MAC;
f) Compra de coleções. Consoante o orçamento do MAC, deverá disponibilizar-se
uma verba destinada à compra de coleções relevantes para o MAC;
g) Protocolo com os organismos autónomos. Propomos a concretização de um
protocolo com os organismos autónomos (TAUC, OAC, TEUC, CITAC,
GEFAC) no sentido de os mesmos enviarem coleções para o MAC;
h) Protocolo com a COQF e com o CV. Na mesma ordem de ideias, sugerimos a
elaboração de um protocolo com a COQF, com vista ao envio de documentação,
sobretudo, das plaquetes de caricaturas dos cursos. Igualmente um protocolo
com o CV no sentido de disponibilização qualquer “decretus”, “informatio” ou
outro documento.
5 – Modificações na infra-estrutura do MAC
Com a reativação do MAC através do protocolo de instalação em 1990 no
Colégio de S. Jerónimo, não se observaram alterações no espaço disponível até à
atualidade. Este divide-se em duas áreas distintas: o espaço visitável e não visitável.
Quanto ao primeiro, é constituído por aquele onde está a exposição permanente (se bem
que o espaço não visitável também tem duas salas visitáveis com troféus desportivos).
O espaço não visitável situa-se no piso superior com o gabinete do coordenador, duas
salas de arrecadação de coleções, sala de arquivo e de documentação, sala da biblioteca,
duas salas de troféus desportivos e duas salas que se encontram livres.
85
Dado que, como afirmámos anteriormente, não foram visíveis quaisquer
modificações, sugerimos algumas alterações com o objetivo de revitalizar o espaço. No
que respeita ao espaço visitável, no qual se encontra atualmente a exposição
permanente, sugerimos uma renovação de mobiliário. Ou seja, a sua manutenção como
espaço expositivo para exposições temporárias e permanente, extensível também às
salas de troféus, se bem que estes necessitem de maior segurança.
No espaço não visitável propomos um vasto conjunto de mudanças: a atual sala
do coordenador, dada a sua extensão, deverá converter-se em sala de reuniões, devendo
ser dotada de mobiliário adequado a essa função, além de poder também poder servir
para receber individualidades. As duas salas contíguas, que atualmente servem como
salas de arrecadação de coleções, passariam a gabinetes do coordenador e técnico
superior ou estagiário, devendo ser devidamente apetrechadas com secretárias, cadeiras
e estante.
No que respeita às duas salas onde estão acondicionados o arquivo e
documentação e a biblioteca sugerimos várias transformações. Ambas as salas
(biblioteca e arquivo) mantêm as valências que possuem. Porém, na sala de arquivo será
de crucial importância retirar o fogão que se encontra naquele espaço (não é concebível
a coabitação entre um fogão e documentação). Por outro lado, sugerimos a substituição
das estantes de madeira por estantes de metal, libertando a sala e rentabilizando o
espaço com várias filas de estantes onde serão acondicionadas as caixas com
documentação, ficando o espaço somente para esse fim: acondicionamento da
documentação.
Na sala da biblioteca sugerimos a manutenção das estantes atuais que estão
adaptadas à sala. Por outro lado, importa dotar a sala de maior funcionalidade. Por
exemplo, na atual sala encontram-se duas secretárias com computador. Propomos que se
destinem aos funcionários, que terão como missão o atendimento dos investigadores,
através da entrega dos livros e documentos, assim como, da recolha das requisições,
além de procederem à vigilância. O restante espaço da sala da biblioteca, dado tratar-se
de um espaço com magnas dimensões, poderá ser equipado com mesas e cadeiras com a
finalidade dos investigadores poderem desenvolver as suas pesquisas.
86
6 – Otimização da biblioteca e arquivo do MAC
Como já foi mencionado, o MAC possui uma biblioteca e um arquivo relevantes
para o estudo da vida estudantil de Coimbra. No entanto, para que uma biblioteca e
arquivo possam ser efetivamente úteis, será imprescindível a respetiva catalogação e
inventariação.
Quanto à biblioteca, propomos que a catalogação deverá ser integrada no
catálogo geral da BGUC, de modo a que as publicações surjam na pesquisa geral do
catálogo.
Em relação ao arquivo, embora uma parte da documentação esteja inventariada
no âmbito de trabalhos efetuados para o curso de especialização em ciências
documentais da FLUC, na verdade, ainda falta inventariar e acondicionar devidamente
imensa documentação e temos de prever a incorporação de novos documentos. Por isso,
este trabalho será fundamental no MAC revitalizado.
Temos a noção de que as tarefas de inventariação e catalogação, além de terem
um elevado grau de dificuldade, são morosas. No entanto, seria conveniente juntar
sinergias com a FLUC para solucionar esta problemática, através da licenciatura em
CIAB e do curso de especialização em ciências documentais.
Desta forma, sugerimos a assinatura de um protocolo entre o MAC e a FLUC no
sentido dos alunos dos cursos mencionados efetuarem trabalhos de inventariação e
catalogação no âmbito das disciplinas ministradas nos cursos referidos. Outra solução,
será através de estágios no MAC, com o objetivo de respetivamente catalogar e
inventariar a biblioteca e o arquivo. Quando estas tarefas estiverem terminadas, os
investigadores terão mais facilidade no acesso à informação.
Ainda no âmbito da biblioteca e arquivo, propomos a obrigatoriedade de
requisição para consulta de qualquer livro ou documento pelos investigadores. Sabendose que por requisição pode entender-se como uma transmissão de responsabilidade da
instituição que possui a custódia do livro ou documento para o investigador que
requisita. Com esta medida evitar-se-á o extravio de livros e documentos. Ainda no
âmbito desta proposta, além da biblioteca não ser de livre acesso (o investigador
requisita o livro ou documento que lhe será entregue pelo funcionário, no final, o
investigador entrega o livro consultado ao funcionário que terá de colocar a indicação
de “entregue” na requisição e colocar o livro ou documento no devido lugar). Esta
proposta tem o objetivo de evitar a desarrumação de livros catalogados (um livro mal
87
arrumado numa biblioteca é um “livro perdido”). No caso específico do arquivo, após o
investigador proceder à requisição dos documentos, o funcionário deverá conferir os
documentos e estado de conservação, antes de serem entregues ao utilizador. No ato da
entrega dos documentos pelo investigador, o funcionário deverá novamente conferir os
documentos e colocar a indicação de “entregue” na requisição.
Estas medidas propostas têm um duplo objectivo: evitar a desarrumação após a
inventariação e catalogação, por outro lado, evitar extravios de livros ou documentos,
sobretudo numa biblioteca sem funcionário a tempo inteiro.
7 – Inovação da segurança do museu
Na atualidade a questão da segurança deve ser uma prioridade das instituições e,
sobretudo, dos museus, atendendo ao património valioso que possuem, o que poderá
constituir um móbil para assaltos, além de eventuais incêndios.
Além dos extintores já existentes, propomos a colocação de alarmes antiintrusão e de anti-incêncio. Além disso, devem ser efetuados contratos de seguro para
cobertura das coleções e peças existentes no MAC.
8 – Renovação da difusão do MAC
Quando abordamos a questão da divulgação e difusão do MAC é necessário ter
em conta vários fatores que deverão ser tratados individualmente em vários pontos,
como por exemplo: o logótipo, o site do MAC, a sinalética, a importância da LIMAUC,
outras formas de divulgação.
a) O logótipo. O logótipo é importante para qualquer instituição por dois fatores:
por um lado identifica uma instituição (é a imagem de marca), por outro, é a
imagem que divulga a instituição.
Verdadeiramente o MAC nunca teve um logótipo, tendo um dos membros da
LIMAUC criado um logótipo para o museu, pelo que o novo protocolo e os novos
estatutos já o deverão incluir. Dois autores, reportando-se a uma situação desportiva,
referem a importância do logótipo em relação a um clube de basquetebol esclarecendo
que se o fornecedor das tabelas de basquetebol incluir o logótipo do clube nas mesmas
fará com que o clube “[…]se promova nas escolas, consiga uma boa imagem, atraia
88
mais público ao pavilhão”246. Esta aceção pode partilhar-se com o caso do MAC pois o
logótipo é uma forma de promover a imagem do MAC.
b) O site do MAC. Na atualidade é fundamental para qualquer instituição possuir
um site, pelas vantagens que este apresenta a vários níveis: por um lado, dá a
conhecer a instituição, por outro, divulga-a em qualquer ponto do globo que
tenha acesso à internet.
O fato de o MAC não possuir um site é grave e constitui um entrave à sua
divulgação. Para colmatar essa situação propomos a criação de um site, enquadrado no
site da UC, elaborado com o apoio do centro de informática da UC.
Este deve ser adequado de forma a apresentar o MAC e a proporcionar o acesso a
informações, devendo constar dessas a missão e os objetivos, tal como o logótipo. O seu
historial também deverá constar, mas de forma sintética. Outra área que também deverá
ser coberta são as coleções do museu. É certo que as coleções não estão inventariadas na
totalidade. No entanto, somos de opinião que se deverão colocar no site as principais
coleções, sobretudo as que despertem interesse no público (com o objetivo de cativar
visitantes para o museu). Desta forma, sugerimos as seguintes coleções: de guitarras de
Coimbra (destacando a de Artur Paredes e do Hilário), os troféus desportivos (dando
especial relevo à taça de Portugal de 1939), a documentação do arquivo e a biblioteca
que motivará os investigadores a frequentar o MAC. Por outro lado, na referência às
coleções deverão também constar imagens das mesmas para que o visitante do site as
possa visionar e, com isso, despertar ainda mais interesse.
Deverá, também, naturalmente, constar na página informática os contatos (telefone,
fax e mail), localização e a morada postal. No que respeita à localização, deverão
constar as formas de acesso ao MAC, destacando que se situa próximo da estátua do D.
Dinis e no Colégio de S. Jerónimo (ou usando a referência que é no antigo edifício dos
HUC). Além disso, também devem ser mencionados os autocarros com paragem
próximo, além de se aconselhar também o acesso pedonal pelas dificuldades de
estacionamento na alta da universidade.
O site também deverá conter imagens do museu e das suas coleções bem como de
exposições temporárias a concretizar no momento ou já efetuadas.
Daniel Sá; Carlos Sá – Marketing para o desporto: um jogo empresarial. [S. L.]: Instituto Português
de Administração de Marketing, s/d, p. 142.
246
89
Sugere-se ainda um espaço para comentários/sugestões, por parte do visitante, bem
como dados sobre a “loja do Museu” mais precisamente sobre a indicação de produtos
de merchandising que se podem adquirir, dando-se a possibilidade de compra on line.
Outro espaço do site será dedicado às “novidades” e uma newsletter (que poderá
ser
concretizada
em
espaços
temporais
pré-estabelecidos).
As
“novidades”
representarão uma mais-valia fundamental, porque o visitante interessado que não viva
em Coimbra saberá, por exemplo, quando será inaugurada uma exposição temporária.
c) A sinalética. A sinalética é um fator indispensável na divulgação e difusão do
MAC, devendo ser colocada em locais estratégicos e de forma visível.
Dada a praticamente inexistência de sinalética do MAC apresentamos várias
soluções. É certo que na entrada do Colégio de S. Jerónimo existe uma referência à
localização do MAC. Porém, é de reduzida dimensão e não causa o impato desejado.
Assim, propomos que a indicação na entrada do Colégio de S. Jerónimo seja de maiores
dimensões e a referência que o MAC se situa no primeiro piso do edifício.
Por outro lado, existiu durante muito tempo na entrada do parque de
estacionamento, uma pequena placa do Colégio de S. Jerónimo com a indicação de
“Museu Académico” e uma seta a indicar, que entretanto foi retirada. Desta forma,
sugerimos a sua reposição, no mesmo local, mas de maiores dimensões a referir “Museu
Académico” e, se possível, em vários idiomas, como por exemplo: Academic Museum e
Musée Académique.
Outra forma que sugerimos para otimizar a sinalética é, à semelhança de setas
indicadoras de outros museus e monumentos nas vias da cidade de Coimbra, sejam
também colocadas setas indicadoras do MAC;
d) A importância da LIMAUC. A LIMAUC, como se mencionou no capítulo
anterior, tem promovido várias atividades que têm divulgado o MAC,
esperando-se que assim continue;
e) Outras formas de divulgação. Além das formas de divulgação mencionadas
existem outras que devemos referir. Sendo o MAC um museu de vida estudantil
poderá estabelecer parcerias no âmbito dos meios de comunicação estudantis
como a RUC e “A Cabra” com a finalidade de se tornarem media partners do
MAC. Por outro lado, também a comunicação social poderá divulgar as
atividades do MAC, se for informada através de press release.
90
Outra forma de divulgação consiste em colocar cartazes e flyers em locais
estratégicos, como as Faculdades, cantinas escolares, AAC e TAGV a divulgar as
atividades do MAC.
Também o espaço cibernáutico e as redes sociais não deverão ser ignoradas. Se o
MAC ainda não possui site, a LIMAUC possui um blog onde divulga a sua informação,
assim como espaço na rede social facebook onde coloca informação e os eventos que
decorrem no MAC.
9 – A loja do museu
No momento atual de crise financeira é basilar que os museus possuam lojas que
possibilitem a venda de artigos, como por exemplo: postais, canetas, lápis, t-shirts,
bonés, cadernos de apontamentos, publicações, etc.
A loja do museu proporciona “[…]um outro olhar sobre as colecções[…]”247
uma vez que, o visitante ao adquirir um objeto, fica com uma recordação de uma
coleção ou peça existente no museu. Carateriza-se também por dois fatores importantes:
a realização de venda de objetos permite a angariação de receitas que podem ser
utilizadas em multiplas atividades. A este nível é representativo o caso do Museu da
Ciência e da Técnica da Catalunha, onde “[…]se produzem vários tipos de papel –
inclusive reciclado – o qual é vendido na loja do museu. Devido a uma boa estratégia de
gestão, 84% dos gastos de funcionamento são cobertos pelos fundos angariados pelo
próprio museu”248. Por outro lado, o visitante que adquire um objeto na loja e o utiliza
posteriormente (por exemplo uma t-shirt com o nome do museu) está a divulgar e
promover o museu noutro local, dando a conhecer que aquele museu existe e, por
consequência, a despertar a curiosidade a possíveis visitantes.
A loja do museu também pode assumir um papel de destaque na atração de
público através do marketing se o museu tiver “[…]trésors uniques au monde[…]”249.
Essas peças únicas terão um papel importante na sua promoção se estiverem ilustradas
nos artigos que estão à venda na loja. Nesse âmbito, as coleções e as peças raras
existentes no museu são a via para alcançar o sucesso, podendo-se destacar, no caso do
247
Online em: http://www.ipmuseus.pt/pt-PT/recursos/loja/HighlightList.aspx acedido em 15-5-2012 às
18.05.
248
José Amado Mendes – História e património industrial do papel: a industria papeleira no distrito de
Coimbra. In “Estudos do Património. Museus e Educação”. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009,
p. 141.
249
Paal Mork – “Marketing”. In Manuel de Muséologie, Paris: UNESCO, 2006, p. 163.
91
MAC, a primeira taça de Portugal, troféus das seções desportivas, os cartazes da queima
das fitas, as guitarras do Hilário ou de Artur Paredes, peças das repúblicas de
estudantes, entre outros exemplos. Os exemplos mencionados podem figurar em postais,
baralho de cartas, t-shirts, lápis, canetas, pulseiras e outros objectos de merchandising
que podem ser vendidos na loja.
10 – Apostar na investigação no museu
Um dos papéis fundamentais a ter em conta na revitalização de um Museu é a
potencialização as suas valências como forma de atrair os visitantes e investigadores. O
MAC tem a possibilidade de os atrair, na medida em que possui arquivo, documentação
e biblioteca. Iniciamos com a investigação.
No arquivo existe documentação da AAC e das suas seções (ainda ativas ou já
extintas como é o caso do organismo autónomo CELUC), de eventos estudantis como a
queima das fitas (cartazes, programas, livros de curso), fotografias, recortes de jornais
com notícias conotadas com a vida estudantil, o arquivo da já extinta Associação dos
Antigos Estudantes de Coimbra no Brasil, documentação relativa às crises académicas
da década de 1960, além de na biblioteca existirem obras relacionadas com a temática
da vida estudantil.
O museu, ao possuir a documentação necessária para o estudo da vida estudantil,
deverá fazer disso uma mais-valia que, certamente, contribuirá para o seu sucesso ao
atrair investigadores da temática mencionada.
11 – A programação anual
A programação anual é importante em qualquer instituição, porque se trata de
agendar as atividades a concretizar no ano em causa. É certo que terá de se avançar com
um novo protocolo e estatutos do MAC para que este possa ter existência legal. Apesar
de esta fase ainda não estar concretizada, tal não nos impede de elaborar uma
programação para o ano de 2013250.
As ações a desenvolver deverão ser precisas e eficazes, se durante 2013 se
pretende renovar o MAC. Deve-se ter em conta as alterações no mobiliário, nas salas,
na biblioteca e no arquivo, entre outros pormenores.
250
Cf. anexo V.
92
Outras ações a desenvolver são as exposições temporárias. Poder-se-iam
concretizar inúmeras exposições temporárias. Porém, há necessidade de as gerir tendo
em conta os temas possíveis (que se podem esgotar). Por isso, as exposições
temporárias a realizar anualmente deverão ser duas, no máximo três, e deverão estar
enquadradas temporalmente pela temática da exposição.
Desta forma propomos duas exposições, uma sobre o CELUC251, a inaugurar em
Abril, tendo em conta a data da fundação deste organismo autónomo; outra em
Setembro, sobre o Brasil e os brasileiros no Museu Académico252, a inaugurar no dia 7
de Setembro, a coincidir com a independência do Brasil.
251
252
Cf. anexo V.
Cf. anexo V.
93
CONCLUSÃO
A investigação que levámos a cabo demonstra que existem coleções de vida
estudantil em todos os continentes, à exceção de África. No entanto, também notamos
que enfrentam dificuldades semelhantes às que atualmente se fazem sentir na
Universidade de Coimbra, pelo fato de as instituições universitárias prestarem escassa
atenção às respetivas coleções e ao património da vida estudantil, remetendo-as para
segundo plano e integrando-os em outros museus universitários. Em certos casos, estão
sob a tutela de associações ou de particulares. Apesar disso, verificam-se exceções no
que respeita ao património estudantil, sobretudo no caso das prisões estudantis, havendo
uma grande preocupação das tutelas das universidades para este património, o qual
parece suscitar um grande interesse junto do público visitante.
Outro fator que mereceu atenção foi a tipologia das coleções, as quais
apresentam afinidades entre si, independentemente do país e da universidade a que se
reportam, sendo comuns os núcleos de fotografia, de imprensa estudantil, de canções
estudantis, de diplomas e de documentação, espólios idênticos aos do MAC.
O estudo desenvolvido, com base sobretudo em fontes arquivísticas, permitiu
concluir que o MAC nasceu num tempo histórico com uma especificidade muito
própria: a demolição da alta de Coimbra e a presença de elementos do MUD juvenil na
condução dos destinos da AAC, tendo sido uma direção contestatária ao regime então
vigente a edificar o MAC. Trata-se também de um período em que se começa a acentuar
o comportamento estudantil no sentido da contestação em reação ao decreto-lei nº
40900, fato que leva ao surgimento de novas seções e organismos autónomos, no seio
dos quais o CR adquire experiência associativa para a década de 1960. O caso do MAC
é bem exemplo disso, se tivermos em conta que as primeiras direções são formadas por
estudantes “repúblicos”, tradicionais contestatários políticos, tendo o MAC sido
encerrado no ano de 1962, juntamente com a AAC, em consequência da crise
académica desse ano.
Através do estudo efetuado, pode-se concluir que o museu está, desde a sua
génese, relacionado com a AAC, ao partilhar o edifício e, mais tarde, ao funcionar como
seção deste organismo estudantil. Por outro lado, a relação com a AAC é “umbilical”,
94
passe a expressão, pelo fato de tratar de um museu da vida estudantil: um “museu do
estudante”.
Apesar das dificuldades financeiras até se tornar seção da AAC e ter acesso a um
subsídio da parte desta, não deixou de desenvolver atividades. A incorporação de
coleções não parou e, durante a década de 1950, foram concretizadas várias exposições
destacando-se as realizadas durante os períodos da queima das fitas. No entanto, o MAC
ganhou sucesso e prestígio mesmo com óbices financeiros. Após a sua passagem a
seção, os membros das respetivas direções preocuparam-se em dinamizar o museu,
apostando em exposições, visitas de personalidades e, sobretudo, na sua divulgação na
imprensa estudantil.
Será pertinente mencionar que, na atualidade, o MAC não está nas melhores
condições. Apesar de ter mudado de instalações e de ter sido elaborado um protocolo
que lhe imprimiu, na fase inicial, algum dinamismo. No entanto, não foi cumprido um
aspeto fundamental: a formalização de estatutos e de um regulamento interno que, como
consequência, o impedem de ter orçamento e, como tal, autonomia financeira. Além
disso, também foi perdendo dinâmica, chegando a uma situação insustentável. Este fato,
esteve na base da criação da LIMAUC, a qual tem como finalidade constituir uma
“alavanca de auxílio” ao MAC, promovendo a sua dinamização.
O estado atual do MAC levou-nos a apresentar um conjunto de propostas de
revitalização do museu e que visam dar-lhe a grandiosidade que merece. Assim o
esperamos ….
95
FONTES E BIBLIOGRAFIA
1 – FONTES MANUSCRITAS
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- Correspondência expedida (1953-1969), Cx. “Museu Académico”.
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- Livro de actas da direcção geral da Associação Académica de Coimbra, (1949-1952),
A-II-P-IV Cx. 37.
- Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1958-1959). A3-P2 Cx 9.
- Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1959-1964). A3-P2 Cx 9.
- Livro de actas da direcção da secção Museu Académico (1967). A3-P2 Cx 2.
- Livro de contas do Museu Académico (1951-1965). A3-P3 Cx 2.
- Livro de ofertas do Museu Académico (1964-1965). A3-B3 Cx 1.
- Livro de registo de depósitos (1951-1961). Cx “Museu Antigo”.
- ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
- Carta de Curso de José Pais Borges Alves. AUC-2ªD-15-1-23, 4ª série, Cx 163,
Medicina 1961.
2 – FONTES IMPRESSAS
- A Cabra (1991-2012).
96
- Centenário da Sebenta (1902).
- Correio de Coimbra (1951-1969).
- Diário as Beiras (2011-2012).
- Diário de Coimbra (1951 – 1969).
- Diário de Notícias (1943).
- Gazeta de Coimbra (1922).
- Via Latina (1941 – 1969).
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[Associação Académica de Coimbra], [1958].
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Parecer do Conselho Fiscal. [Coimbra]: [S. N.], [1959].
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5 de Dezembro de 2011 às 14.50.
- http://virtualandmemories.blogspot.pt/2007/10/perfil-biogrfico-do-dr.html acedido em
6-6-2012 às 7.55.
5 – LEGISLAÇÃO
- Decreto-lei n º 40.900, publicado no Diário do Governo, n º 209, I Série, de 12 de
Dezembro de 1956.
ANEXOS
ANEXO I – CRONOLOGIA
1902 – No número único da revista Centenário da Sebenta é mencionado um “Museu d’
antiguidades” a ser constituído com as coleções das comemorações do Centenário da
Sebenta.
1922 – O periódico Gazeta de Coimbra menciona que se vai constituir um Museu
Académico na Associação Académica.
1941 – Num artigo da Via Latina é referido o fato de ser necessário efectivar o Museu
Académico.
1943 – Em Fevereiro e Maio o Diário de Notícias destaca, em primeira página, a
necessidade de se organizar um Museu Académico, sob a responsabilização do
presidente da AAC.
1950 – Santos Simões refere que António Almeida Santos propôs no Conselho Cultural
da AAC, a criação do Museu Académico com uma exposição na queima das fitas. É
apresentado o projecto de uma exposição, porém, o fato de ter sido muito em “cima da
hora” tornou inviável a proposta.
1950 – Em Novembro o tema da criação do museu é de novo retomado pela AAC.
1951 – Nos primeiros meses de 1951 o assunto é tema nas reuniões da AAC.
1951 – No dia 21 de Maio, é inaugurado o Museu Académico de Coimbra.
1952 – A 25 de Novembro, durante a tomada da Bastilha, é entregue ao Museu
Académico de Coimbra o badalo da “Cabra”.
1953 – É realizada uma exposição sobre as repúblicas e tomada da Bastilha.
1954 – Exposição sobre a Queima das Fitas.
1955 – Em Maio, realizam-se no museu exposições de pintura, de fotografia e de
cerâmica, sobre motivos académicos.
1956 – Exposição de récitas de despedidas.
1958 – É criada a secção Museu Académico na AAC por decisão de uma Assembleia
Magna.
1958 – Exposição itinerante sobre a “tertúlia académica de S. Paulo”.
1959 – O escritor brasileiro Érico Veríssimo visita o museu.
1959 – Visita de Elysio de Moura ao museu.
1959 – Visita do Presidente da República, Almirante Américo Tomás ao museu.
1960 – Exposição de fotografia sobre a velha alta demolida.
1960 – O guitarrista Artur Paredes oferece ao museu uma guitarra, após intermediação
do Dr. Afonso de Sousa.
1964 – Mudança de instalações do museu, do Palácio dos Grilos para o novo edifício da
AAC, sito na Rua Padre António Vieira.
1965 – Visita do Embaixador do Brasil em Portugal.
1967 – Doação da guitarra do Hilário.
1967 - Destaque na imprensa (junho) pelo fato de ter sido doada a guitarra do Hilário.
1987 – Com a saída dos HUC para o local onde atualmente se encontram, o Museu
Académico de Coimbra passa a ocupar o primeiro piso do colégio de S. Jerónimo,
sendo inaugurado, em Dezembro, pelo então Presidente da República, Dr. Mário
Soares.
1990 – Em Dezembro, na Reitoria da UC, é constituído o Museu Académico de
Coimbra, através de um protocolo de instalação assinado entre a Reitoria da UC, a
AAC, os organismos autónomos e a AAEC;
1990 – Eleição do Dr. Joaquim Teixeira Santos como Presidente da Direcção do Museu
Académico de Coimbra.
1991 – Exposição dos troféus das secções desportivas da AAC.
2007 – Exposição O Sol quando nasce … na semana cultural da UC.
2010 – Exposição O Núcleo da República na semana cultural da UC.
2011 – A 12 de janeiro, por escritura notarial, é criada a Liga dos Amigos do Museu
Académico de Coimbra – LIMAUC.
2011 – A 7 de Maio, durante a queima das fitas, a Liga dos Amigos do Museu
Académico de Coimbra – LIMAUC, promove uma serenata no museu pelo grupo
“Raízes de Coimbra” e uma visita guiada ao museu orientada por Rui Lopes.
2011 – Comemoração do 60º aniversário do museu, a 21 de Maio, na Biblioteca Joanina
da UC, pela Liga dos Amigos do Museu Académico de Coimbra – LIMAUC.
2012 – Publicação do 1º livro sobre o MAC, edição patrocinada pela LIMAUC. A
sessão de lançamento, na sede do MAC, foi complementada com cerimónia de oferta de
doações e uma serenata.
2012 – A 28 de Abril, em colaboração com a “Livraria Minerva Coimbra”, a LIMAUC
promove uma tertúlia subordinada ao tema “Museu Académico de Coimbra: o passado
e o futuro”.
2012 – Inauguração, em Maio, da exposição “A AAC e a 1 ª Taça de Portugal”.
2012 – A 19 de Maio, pela primeira vez, o MAC está aberto na “noite dos Museus”, das
21 às 23 horas.
ANEXO II – ESTATUTOS DA LIMAUC
Capítulo I
Denominação, Sede e Objectivos
Artigo 1 º
A Associação adopta a denominação de Liga dos Amigos do Museu Académico de
Coimbra, adiante designada de LIMAUC, constituindo-se como associação de direito
privado, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, regida pela lei portuguesa e
pelos preceitos desde Estatuto.
Artigo 2 º
A LIMAUC tem a sua sede em Coimbra, no Museu Académico de Coimbra, Colégio de
S. Jerónimo, Praça D. Dinis, Freguesia de Sé Nova, podendo por deliberação da
Assembleia Geral deslocar a sua sede social para outro local dentro da cidade de
Coimbra.
Artigo 3 º
A LIMAUC é estranha a qualquer actividade política ou religiosa.
Artigo 4 º
A LIMAUC tem como objectivo geral promover o engrandecimento do Museu
Académico de Coimbra e o estudo e a divulgação do Espírito e Vivência Académica de
Coimbra em todas as suas vertentes.
Artigo 5 º
Para a prossecução do artigo 4 º, a LIMAUC propõe-se a realização dos seguintes
objectivos específicos:
a) Divulgar o Museu Académico e o seu património, estimulando a apetência e o
gosto da comunidade em geral pela visita a Museus enquanto pólos difusores da
cultura.
b) Promover e incentivar a investigação e a edição de estudos sobre a Universidade
de Coimbra e o Espírito e Vivência Académica de Coimbra.
c) Participar e promover iniciativas que visem a conservação e a divulgação das
tradições académicas coimbrãs.
d) Providenciar a obtenção de peças ou núcleos de peças que possam ampliar ou
inovar as coleções do Museu e que reflictam de forma permanente a Evolução
da Sociedade Académica de Coimbra face ao futuro.
e) Colaborar em atividades do Museu Académico.
f) Cooperar com outras instituições em tudo quanto seja consentâneo com estes
objectivos.
g) Incentivar a valorização cultural dos seus associados, providenciando-lhes
acções didáctico-pedagógicas e sócio-culturais e, bem assim, actividades de
lazer.
h) Estimular a auto-estima de pertencer a Coimbra e à sua Universidade.
Artigo 6 º
Constituem receitas da LIMAUC as quotas do Sócios, donativos, receitas dos
eventos que promova e outros.
Capítulo II
Dos Associados
Artigo 7 º
A LAMAC tem sócios efectivos e sócios honorários.
1. Podem ser associados da LIMAUC, pessoas singulares ou colectivas de natureza
pública ou privada que estejam interessadas na prossecução dos seus fins.
2. Os associados que sejam pessoas colectivas terão de designar uma pessoa
singular que as represente para todos os efeitos junto da LIMAUC.
Artigo 8º
A LIMAUC tem as seguintes categorias de associados:
a) Fundadores, as pessoas singulares ou colectivas que subscrevam a acta da
assembleia constitutiva.
b) Efectivos, as pessoas singulares ou colectivas que subscreveram o respectivo
boletim de inscrição, por proposta de um sócio efectivo ou fundador ou por auto
proposta e cuja admissão mereça aprovação da Direcção.
c) Beneméritos, as pessoas singulares ou colectivas que prestarem contributos de
grande relevância na prossecução dos fins da LIMAUC ou do Museu
Académico e cuja designação seja proposta pela Direcção ou por um vigésimo
do conjunto de sócios efectivos e fundadores à Assembleia Geral e mereça
aprovação desta nos termos dos estatutos.
d) Honorários, as pessoas singulares ou colectivas que pelos contributos prestados
à LIMAUC, e cuja designação seja proposta pela Direcção ou por um vigésimo
do conjunto de sócios efectivos e fundadores à Assembleia Geral e mereça
aprovação desta nos termos dos estatutos. O estatuto de sócio honorário pode ser
atribuído a título póstumo sempre que tal distinção seja justificada.
Artigo 9 º
Os sócios Beneméritos e Honorários estão isentos de todos os outros deveres
sociais, e gozam de todos os direitos, com excepção do direito de discutir, participar e
votar as deliberações nas Assembleias Gerais e de exercer cargos sociais.
Artigo 10 º
Constituem direitos dos sócios fundadores e efectivos, entre outros, a estabelecer em
regulamento interno aprovado em Assembleia Geral, sob proposta da Direcção:
a) Discutir, participar e votar as deliberações nas Assembleias Gerais;
b) Participar nas iniciativas e demais actividades da LIMAUC;
c) Votar e ser votado em eleições para os órgãos sociais da LIMAUC.
Artigo 11 º
Constituem deveres dos sócios fundadores e efectivos, entre outros a estabelecer em
regulamento interno aprovado em Assembleia Geral, sob proposta da Direcção:
a) Pagar pontualmente a quota anual que for fixada pela Assembleia Geral;
b) Desempenhar os cargos sociais para que forem eleitos;
c) Cumprir e fazer cumprir os Estatutos da LIMAUC
Artigo 12 º
Deixa de ser sócio da LIMAUC todo aquele que o solicite por vontade própria ou que
seja excluído pela Assembleia Geral por incumprimento dos Estatutos.
Capítulo III
Dos Órgãos Sociais
Artigo 13 º
A LIMAUC tem como órgãos sociais:
1. Assembleia Geral;
2. Direcção;
3. Conselho Fiscal.
Artigo 14 º
Da Assembleia Geral
1. A Assembleia Geral da LIMAUC é constituída por todos os sócios no pleno uso
dos seus direitos, sob a presidência da Mesa da Assembleia Geral.
2. A Assembleia Geral reunirá em sessão ordinária a realizar no mês de Janeiro de
cada ano civil para eleição dos corpos sociais da LIMAUC, no caso de fim de
mandato e aprovação do Relatório Anual e Contas do ano findo.
3. A Assembleia Geral reunirá em sessão extraordinária sempre que convocada por
iniciativa da Mesa ou a requerimento da Direcção ou, ainda, a requerimento de
um décimo dos sócios.
4. Se, à hora estipulada na convocatória, não estiverem presentes cinquenta por
cento mais um dos sócios, A Assembleia Geral funcionará passados trinta
minutos, com qualquer número de sócios, devendo o facto ser referido na
respectiva Acta.
5. A Assembleia Geral delibera por maioria absoluta dos votos dos sócios
presentes, salvo o disposto nos números seguintes.
6. Qualquer deliberação sobre a alteração dos Estatutos da LIMAUC exige o voto
favorável de três quartos do número de sócios presentes.
7. A deliberação sobre a dissolução da LIMAUC exige o voto favorável de três
quartos do número total dos sócios.
Artigo 15 º
Das competências da Assembleia Geral.
1.
2.
3.
4.
Eleger a Mesa da Assembleia, a Direcção e o Conselho Fiscal;
Aprovar o Regulamento Interno;
Discutir e aprovar alterações aos Estatutos e ao Regulamento Interno;
Apreciar e Votar o Relatório e as Contas do exercício de cada ano fiscal
apresentados pela Direcção e depois de ouvido o Conselho Fiscal;
5. Deliberar sobre a dissolução da LIMAUC fixando o destino a dar ao seu
património.
Artigo 16 º
A Mesa da Assembleia Geral é constituída por um Presidente, um Vice-Presidente e um
Secretário.
Artigo 17 º
Compete ao Presidente da Assembleia Geral:
a) Convocar, nos termos legais, estatutários e do presente regulamento, as sessões da
Assembleia Geral;
b) Declarar a abertura e o encerramento das sessões;
c) Dirigir e orientar os trabalhos da Assembleia Geral, assegurando que a mesma
decorra segundo preceitos legais, estatutários e regulamentares e a validade das suas
deliberações;
d) Dar posse aos associados eleitos para os órgãos associativos;
e) Autenticar os livros oficiais da associação.
Artigo 17 º
A Direcção da LIMAUC é constituída por um Presidente, um Vice-Presidente, um
Primeiro Secretário, um Segundo Secretário, um Tesoureiro e dois Vogais.
Artigo 18 º
O Conselho Fiscal é constituído por um Presidente, um Secretário e um Relator.
Capítulo IV
Das Eleições
Artigo 19 º
1. A eleição dos titulares dos órgãos de gestão faz-se por escrutínio secreto, no
decurso do mês de Janeiro, mediante a apresentação de listas de candidatos.
2. As listas deverão ser subscritas por um numero mínimo de dez sócios e ser
apresentadas antes dos quinze dias que antecedem a data das eleições.
Artigo 20 º
O mandato dos Órgãos Sociais é de três anos.
Artigo 21 º
Os membros cessantes dos Órgãos Sociais exercerão as suas funções até à tomada de
posse dos novos elementos eleitos.
Capitulo V
Disposições Finais
Artigo 22 º
A LIMAUC poderá filiar-se como Sócio de outras organizações, cujos princípios
identitários se enquadrem na letra destes estatutos e sejam um garante de prossecução
dos seus objectivos.
Artigo 23 º
O Ano Social coincide com o ano Civil em tudo quanto se refere às actividades da
LIMAUC.
Artigo 24 º
Sem prejuízo de outras formas de divulgação a convocatória para as Sessões da
Assembleia Geral será remetida a cada associado por via postal, com a antecedência
mínima de oito dias, devendo o aviso mencionar o dia, a hora, o local e a respectiva
ordem de trabalhos.
Artigo único
A Lei Geral e o Regulamento Interno da LIMAUC suprirão as situações em que estes
estatutos sejam omissos.
Capítulo VI – Foro
Artigo 25 º - Em caso de litígio entre sócios e a LIMAUC, é competente para a sua
resolução unicamente o foro da Comarca de Coimbra.
ANEXO III – NOTAS BIOGRÁFICAS
ANTÓNIO GOMES ROCHA MADAHIL
Nasceu em Ílhavo em 10 de Dezembro de 1893 e faleceu em 1969. Licenciou-se
em Filologia Românica na Universidade de Coimbra.
Esteve ligado à arqueologia, biblioteconomia, paleografia, etnografia e
museologia. No que respeita à museologia, desenvolveu os seus trabalhos no Arquivo e
Museu de Arte Universidade de Coimbra. Por outro lado, em conjunto com António
Teles, teve um papel fundamental na fundação e consolidação do Museu Marítimo de
Ílhavo.
É autor de várias publicações, no entanto, destacamos o “catálogo” da exposição
que inaugurou o MAC em 1951.
(Fontes: online em: http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=3907959 acedido em 19-062012 às 16.42; Álvaro Garrido; Ângelo Lebre – Museu Marítimo de Íhavo: um museu
com história. [S.L.]: Âncora Editora/Câmara Municipal de Ílhavo, s/d, p. 34-37).
ANTÓNIO JOSÉ SOARES (1916-2002)
Nasceu em Coimbra a 12 de Julho de 1916, falecendo em Matosinhos a 28 de
Março de 2002. Matriculou-se na FDUC em 1933, formando-se em 1946. Foi membro
do OAC e uma das figuras ligadas à fundação do MAC em 1951. Fez parte da Comissão
instaladora do MAC e foi conselheiro-técnico da secção MAC da AAC em 1959.
Promoveu exposições itinerantes do MAC, destacando-se a que fez a Angola em 1958.
Por outro lado, durante as comemorações do OAC também foi um dos organizadores de
exposição sobre a alta demolida.
(Fonte do texto e foto: online em: http://virtualandmemories.blogspot.pt/2007/10/perfilbiogrfico-do-dr.html acedido em 19-6-2012 às 16.35).
CARLOS CANDAL (1938-2009)
Carlos Candal nasceu em Aveiro em 1938 e faleceu em Coimbra em 2009.
Licenciado em Direito pela FDUC, viveu na república “Corsários das Ilhas”, enquanto
estudante e foi Presidente da AAC no ano lectivo de 1960-1961. Distinguiu-se por ter
elaborado um extenso relatório de contas da AAC e por ter negociado a primeira
“transferência” do jogador Jorge Humberto da AAC para Itália. A sua presidência na
AAC destaca-se por ter “conquistado” este organismo estudantil para as listas do CR.
Exerceu a sua vida profissional como advogado em Aveiro, além de ter sido
também deputado na Assembleia da República.
(Fontes: online em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Candal acedido em 1906-2012 às 14.30; João Pedro Campos – AAC: os rostos do poder. Coimbra: Imprensa
da
Universidade,
2009.;
online
em:
http://abertasociedade.blogspot.pt/2009/06/despedida.html acedido em 19-06-2012 às
14.34).
FRANCISCO SALGADO ZENHA (1923-1993)
Francisco Salgado Zenha nasceu em Braga em 1923 e faleceu em Lisboa em
1993. Durante o seu tempo de estudante, na FDUC, viveu na extinta “República do
Kalifado”. Foi Presidente da AAC no início de 1945, sendo demitido pela recusa em ir
“agradecer” a Salazar pela não participação de Portugal na 2 ª Guerra Mundial.
Terminou o curso com elevada classificação, não ingressando no corpo docente
da FDUC por motivos políticos. Ingressa no gabinete de advogados de Adelino da
Palma Carlos e mantém a atividade de combate ao Estado Novo.
Ministro da Justiça nos governos provisórios, candidata-se à presidência da
República em 1986, da qual sai derrotado.
(Fontes: online em: http://josepaulofafe.blogspot.pt/2010/03/memorias-ii-franciscosalgado-zenha_07.html acedido em 19-06-2012 às 14.41; João Pedro Campos - AAC: os
rostos do poder: Coimbra: Imprensa da Universidade, 2009; Artur Ribeiro – As
Repúblicas de Coimbra. Coimbra: Diário de Coimbra, 2004; online em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Salgado_Zenha acedido em 19-06-2012 às
14.51).
JOAQUIM ANTÓNIO SANTOS SIMÕES (1923-2004)
Joaquim António Santos Simões nasceu em 1923 na Vila de Espinhal (Penela).
Desde 1944 participou ativamente na contestação ao Estado Novo, sendo elemento do
MUD. Além de membro do TEUC, foi Presidente da AAC no ano letivo de 1950-1951:
a direção que concretiza o MAC.
Após a conclusão da licenciatura em Matemática torna-se professor e leciona em
Guimarães onde mantém a actividade oposicionista ao Estado Novo que o leva a ser
expulso do ensino.
Após o 25 de Abril de 1974 é reintegrado no ensino e proposto para Governador
Civil de Braga, embora o seu nome para o cargo seja rejeitado por António de Spínola.
Faleceu em Guimarães em 2004.
(Fontes: Online em: http://www.csarmento.uminho.pt/amap_434.asp acedido em 19-062012; João Pedro Campos – AAC: os rostos do poder. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 2009).
JOAQUIM TEIXEIRA SANTOS (1926-1996)
Joaquim Teixeira Santos nasceu em Coimbra em 1926, tendo falecido em 1996.
Licenciou-se em Histórico-Filosóficas na FLUC tendo, posteriormente, sido
professor em Setúbal. Ainda como estudante, faz parte da comissão instaladora do
MAC, tendo colaborado nas respectivas atividades.
Em 1990 assina pela AAEC o protocolo de instalação do MAC, tendo sido o
Presidente da comissão diretiva do MAC até ao seu falecimento em 1996.
Na sua qualidade de Presidente dinamizou bastante o museu com exposições.
(Fonte: Manuela Carvalhão Teixeira Santos – ob. cit.).
JOSÉ PAIS BORGES ALVES (1933-1995)
José Pais Borges Alves nasceu a 25 de Abril de 1933 na freguesia de
Travancinha, Concelho de Seia.
Caloiro de Medicina na Universidade de Coimbra em 1953, fez parte da
comissão instaladora do Museu Académico nos anos de 1955 e 1956, vindo depois a ser
o primeiro presidente da seção Museu Académico em 1959.
Foi um dos fundadores e a sua caricatura reflecte a “paixão” que tinha pelo
Museu.
Licenciou-se em 1961, tendo exercido medicina em Seia e mais tarde em
Avanca (Estarreja). Faleceu em 1995.
Note-se na caricatura o emblema do Museu Académico.
(Fontes: Carta de Curso de José Pais Borges Alves; Livro dos fitados de Medicina de
1959).
ANEXO IV - PROPOSTA DE PROGRAMAÇÃO DO MUSEU ACADÉMICO DE
COIMBRA PARA O ANO DE 2013
1 – Elaborar um desdobrável do Museu Académico de Coimbra onde constem os
contatos, localização, breve historial e as peças ou coleções mais apelativas, o
desdobrável destina-se a ser distribuído aos visitantes, assim como em locais como a
Associação Académica de Coimbra.
2 – Construção do site do Museu Académico de Coimbra.
3 – Diligenciar no sentido de formalização de um protocolo com o Conselho de
Veteranos e a Associação Académica de Coimbra com o objetivo dos mesmos
cativarem estudantes a visitar o museu.
4 – Diligenciar junto das tunas académicas que, em festivais de tunas que promovam
seja colocado no programa uma visita das tunas participantes ao museu.
5 – Organizar duas exposições temporárias, uma, em Abril, sobre o CELUC, em que
solicitaremos a colaboração da Associação Académica de Coimbra e de ex membros do
organismo mencionado. Outra, em Setembro, sobre o Brasil e os brasileiros no Museu
Académico, com a colaboração da Associação de Estudantes e Pesquisadores
Brasileiros em Coimbra, a Casa do Brasil em Lisboa a Embaixada do Brasil em Lisboa.
6 – Proceder à reorganização do espaço, sobretudo as salas do coordenador,
arrecadação, biblioteca e arquivo, no sentido de poder disponibilizar um espaço com
vista à criação de uma “loja do museu”.
7 – Atendendo que em 2012 a adesão ao evento “noite dos museus” foi um sucesso.
Proceder-se-á no sentido de abrir novamente o museu no evento mencionado, ao qual
será adicionada a vertente musical com tunas académicas ou serenata com grupo de
fados.
8 – Proceder à organização de tertúlias mensais sobre temas da vida estudantil.
9 – Organizar periodicamente um momento para ofertas de coleções e peças ao museu.
10 – Manter a colaboração com a LIMAUC.
ANEXO V – PROGRAMAÇÃO DAS EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
EXPOSIÇÃO: O CORAL DE ESTUDANTES DE LETRAS DA UNIVERSIDADE
DE COIMBRA: MEMÓRIAS DE UM ORGANISMO AUTÓNOMO DA AAC
O fato de o CELUC constituir um organismo autónomo da AAC já inexistente,
serve de motivo para elaborar uma exposição com a finalidade de dar a conhecer o
coral.
Objetivo da exposição - Através das coleções existentes no museu, o objetivo
da exposição consiste em apresentar o que foi o CELUC durante os trinta anos da sua
existência (1954-1984) a vários níveis: repertórios, direções, maestros, troféus.
Para que o objetivo seja concretizável, será solicitado o apoio de entidades para
patrocinar financeiramente a exposição, além do apoio da UC, AAC, LIMAUC e ex
membros do coral que serão contatados para auxiliar na concretização da exposição. O
património existente no museu, o regulamento existente na biblioteca municipal de
Coimbra e outras coleções que, eventualmente venham a surgir, constituirão a
exposição que se pretende levar a efeito.
O espaço da exposição e as coleções a expor - Devido aos problemas de espaço
do museu, à semelhança de exposições temporárias anteriores, será utilizado utilizado o
espaço que constitui a “sala dos lentes” e o corredor onde está a vitrine com as medalhas
da AAC.
Nesse sentido, apontamos vários espaços e coleções para a exposição.
A exposição terá no início um painel com um texto alusivo ao CELUC e o
emblema deste coral a que se seguirão os diferentes espaços.
1 – O CELUC na imprensa
Neste espaço, prevemos que sejam colocados nas mesas recortes da imprensa
com notícias do CELUC de épocas diferentes existentes no museu, com indicação da
data e jornal. As notícias de maior importância serão ampliadas em “Kapa-line” e
colocadas neste espaço. Por outro lado, procurar-se-á colocar notícias de épocas
diferentes. Neste espaço pretende-se demonstrar o quão importante foi o CELUC
através das notícias na imprensa.
2 – O CELUC e os seus corpos diretivos, regulamentos e coralistas.
Para este espaço sugerimos a exibição de coleções relacionadas com este ponto
com destaque para: Livros de atas e tomadas de posse de direções, fotos das diferentes
direções do coral existentes no museu, estatutos e um regulamento do coral de 1956
(existente na biblioteca municipal de Coimbra a quem será solicitado o empréstimo).
Serão também colocadas listagens de coralistas e algumas fotos de grupo do coral em
diferentes épocas. Assim, cumpre-se o objetivo de mostrar como eram constituídos os
corpos diretivos da organização, as suas regras, assim como, os seus coralistas.
3 – O repertório do CELUC.
O fato de se tratar de um coral não poderia deixar de parte dois fatores
essenciais: as partituras das peças de músicas e programas de atuações com as peças
cantadas em épocas diferentes existentes no museu. Desta forma, sugerimos que sejam
expostas de forma a mostrar como foi evoluindo o repertório do coral ao longo da sua
existência.
4 – O CELUC e as suas atuações
As atuações constituem um elemento vital a integrar numa exposição sobre um
coral. Neste espaço prevemos a exposição de documentos relativos a atuações
complementados por uma vasta componente fotográfica, cumprindo-se o objetivo de
mostrar as atuações do coral, como se dispunham em palco, e o próprio traje que
usavam através das fotos.
5 – Os maestros e o CELUC em tempos de glória.
Neste espaço, que será na “sala dos lentes” prevemos a colocação do troféu
internacional de coros vencido pelo CELUC na década de 1950 num espaço central. Por
outro lado, ter-se-ão em conta os maestros com várias fotos ampliadas em “kapa-line”
de cada maestro, além de fotos dos maestros em atuação a dirigir o coral. Por outro
lado, também será colocada uma imagem ampliada de grandes dimensões do emblema
do CELUC.
A inauguração da exposição
A exposição será inaugurada no dia 24 de Abril, dia do nascimento do CELUC
em 1954, mantendo-se até Julho. Para a inauguração da exposição, além das entidades
que patrocinam a exposição serão convidadas a reitoria da UC, a direção-geral da AAC,
a LIMAUC, assim como, toda a comunidade académica (estudantes, professores e
funcionários). Além disso, também serão encetados esforços no sentido de localizar
membros do CELUC que serão também convidados.
Serão elaborados convites para enviar, tanto por carta, como por e-mail,
respetivamente para as entidades e público em geral dos contactos da lista de e-mails do
museu.
Proceder-se-á à divulgação do evento através de cartazes e flyers colocados em
locais estratégicos (nas faculdades, nas cantinas universitárias, na AAC, entre outros
locais). Por outro lado, também haverá esforços no sentido de haver media partners
através dos órgãos de comunicação social, sobretudo no Diário de Coimbra, na RUC e
na Cabra. Além disso, próximo da inauguração do evento, também será enviada uma
press release à imprensa.
EXPOSIÇÃO O BRASIL E OS BRASILEIROS NO MUSEU ACADÉMICO
As exposições temporárias constituem um atrativo para mais visitantes ao
museu, se convenientemente divulgadas. No início de Setembro, quando se comemora
mais um aniversário da Independência do Brasil, será um bom mote para as
comemorações.
Objetivo da exposição – demonstrar a importância que a Universidade de
Coimbra teve na formação da elite intelectual brasileira aos mais diversos níveis,
realçando casos. Por outro lado, apresentar a importância que tiveram agremiações
como a “Tertúlia Académica” e “Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra no
Brasil” para a continuação da vivência académica coimbrã no Brasil.
Para que o objetivo seja concretizável, será celebrado um protocolo de
colaboração com a Embaixada do Brasil em Lisboa, Casa do Brasil em Lisboa e
Associação de Estudantes e Pesquisadores Brasileiros em Coimbra, com o objectivo de
que esta exposição seja divulgada entre os brasileiros que residem em Portugal. Além
disso, também solicitaremos o apoio de empresas como a “Petrobras”, “Electrobras” e
de Fundações brasileiras no sentido de concederem apoio financeiro. Teremos a
colaboração da LIMAUC, também será solicitada a colaboração do Arquivo da
Universidade de Coimbra no sentido do empréstimo de documentação acerca de
estudantes brasileiros, da BGUC e Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC no sentido
de empréstimo de obras ou outras formas de material importante para a exposição.
O espaço e as coleções e peças da exposição
O MAC padece atualmente de problemas de espaço. Durante a exposição “A
AAC e a 1 ª taça de Portugal” foi utilizada a sala dos lentes e o corredor onde está a
vitrine com as medalhas da AAC, obrigando a modificar esses espaços. Parece-nos
também ser este o local mais adequado para esta exposição que terá vários espaços que
apresentamos nos pontos que se seguem.
No início da exposição, além de um texto inicial a apresentar a exposição,
estarão as bandeiras de Portugal, Brasil, da UC e da AAC.
1 – A documentação dos estudantes brasileiros que se licenciaram em Coimbra.
A iniciar a exposição, no início do corredor, sobre mesas, dispor-se-á
documentação que será solicitada ao AUC sobre os vários alunos brasileiros, entre os
nomes que serão destacados adiante, poderemos acrescentar: Pedro Quartin (um dos
grevistas de 1907), Antão de Vasconcelos (o famoso boémio “Mata Carochas”), Lucas
Rodrigues Junot (estudante brasileiro que cantou e tocou Coimbra). Dar-se-á também
um destaque especial à estudante América do Sul Fontes Monteiro, a primeira estudante
brasileira em Coimbra.
2 – Os estudantes brasileiros na canção de Coimbra
Seguir-se-á uma estante com as coleções de Lucas Junot, com o sentido de
demonstrar que um estudante brasileiro cantou e tocou Coimbra no tempo de figuras
como Artur Paredes, António Menano ou Edmundo Bettencourt. Serão expostas, entre
outras peças, a guitarra, os discos, a capa e a foto, as fitas de curso e a sua fotobiografia.
3 - Os brasileiros formados em Coimbra e as suas publicações.
Seguir-se-ão mesas com publicações de José Bonifácio Andrada e Silva,
Bernardino Machado, e as memórias de estudante de Coimbra de Antão de Vasconcelos
“As memórias do Mata Carochas”, bem como o primeiro Código Civil da
responsabilidade do Visconde de Seabra.
4 - O Associativismo dos ex alunos de Coimbra no Brasil e o Dr. Divaldo
Gaspar de Freitas.
Neste espaço, terão destaque as coleções da Tertúlia Académica de S. Paulo e da
Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, doadas pelo Dr. Divaldo de Freitas,
onde se incluirão publicações, fotografias, loiça e a partitura do hino da Tertúlia
Académica. Por outro lado, estará em destaque o livro de atas da Associação dos
Antigos Estudantes de Coimbra no Brasil, juntamente com algumas fichas de sócios
desta organização (com relevo para os estudantes de medicina brasileiros que estudaram
em Coimbra) assim como, documentos importantes da correspondência. Além disso,
tendo em conta a importância do Dr. Divaldo de Freitas nas organizações referidas,
haverá também um grande destaque para a sua figura, através da sua documentação no
AUC e das fotos que integram a sua doação ao museu.
5 – Visitantes brasileiros ilustres à academia de Coimbra
Por fim, antes da intitulada “sala dos lentes”, tendo em conta que muitos
brasileiros visitaram a UC prevemos um espaço onde destacaremos a visita de
individualidades como por exemplo: Erico Veríssimo, Ligia Fagundes Telles, e
sobretudo presidentes da República do Brasil: Café Filho, Juscelino Kubitcheck de
Oliveira, Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e, mais
recentemente, Lula da Silva e Dilma Rousseff (muitos deles, doutorados honoris causa
pela UC). Assim, neste ponto da exposição prevemos expor duas tipologias de coleção:
a imprensa e a fotografia.
6 – Individualidades brasileiras que estudaram se licenciaram na UC e tiveram
projeção posteriormente.
A “sala dos lentes” será o “núcleo duro” da exposição em termos de peças
apontam-se as seguintes: no centro da sala será colocado o busto de José Bonifácio
Andrada e Silva existente no museu. O destaque dado à escultura de José Bonifácio, terá
como objetivo demostrar o papel importante que os brasileiros formados na UC
Coimbra tiveram na independência do Brasil, tendo havido vários professores e reitores
de origem brasileira.
Sugerimos a retirada do mobiliário e a colocação nas paredes, após se obterem
imagens em “Kapa-Line” de figuras importantes do Brasil que estudaram em Coimbra
com destaque para Alexandre Rodrigues Ferreira (professor de Coimbra, natural da Baía
que fez viagens científicas ao interior da Amazónia e Mato Grosso), Bartolomeu de
Gusmão (também estudante de Coimbra célebre pela construção do aeróstato designado
por “passarola voadora”), de Bernardino Machado (Professor da UC e futuro presidente
da República), de Magalhães Lima (Fundador do jornal “O Século” e Grão Mestre do
Grande Oriente Lusitano Unido) e do “Visconde de Seabra” (Reitor da UC e o principal
autor do código civil português). Neste último caso, deverá ser solicitado ao Magnífico
Reitor o quadro existente na reitoria da UC. Esta sala terá o objectivo mostrar tanto a
importância da independência, como das personalidades que tiveram sucesso aos mais
diversos níveis.
No final da exposição, estará um “livro de opiniões” para que o visitante possa
fazer críticas ou sugestões.
A inauguração da exposição.
A exposição será inaugurada no dia sete de Setembro, dia da independência do
Brasil, mantendo-se até ao final de Outubro. Para que se concretize este objectivo serão
convidadas a Embaixada do Brasil em Lisboa, a Casa do Brasil em Lisboa, a
Associação de Estudantes e Pesquisadores Brasileiros em Coimbra, representante da
“Petrobras”, “Eletrobras” ou outras entidades que prestem o apoio financeiro.
Serão elaborados convites a enviar, tanto por carta para as entidades, como por
e-mail, sobretudo para o público em geral, constante nos contatos de da lista de e-mails
do museu.
O evento também será divulgado através de cartazes e flyers, colocados em
locais estratégicos e enviados para entidades como Embaixada e Consulados do Brasil,
Casa do Brasil, Associação dos Estudantes e Pesquisadores Brasileiros em Coimbra,
através de publicidade, tentando que vários órgãos de comunicação social sejam “media
partners”. Por outro lado, com vista à divulgação, também será enviada uma pressrelease à imprensa.
Na inauguração da exposição, será distribuído um guião explicativo da
exposição com a sugestão do percurso expositivo.
Após os discursos haverá um serviço de katering com comes e bebes e convidarse-ão os presentes a visitar a exposição.
ANEXO VI - DECRETO-LEI Nº 40900
ANEXO VII – PROTOCOLO DE INSTALAÇÃO DO MUSEU ACADÉMICO
ANEXO VIII - DIREÇÕES DO MAC E INTERLIGAÇÃO DOS SEUS
MEMBROS COM AS REPÚBLICAS DE ESTUDANTES DE COIMBRA
Janeiro de 1959
Presidente - José Pais Borges Alves (Medicina)
Secretário - Jorge Silva Pinto Costa (Farmácia) – república “Boa-Bay-Ela”
Tesoureiro - Jorge Pimentel Ladeira (Ciências) – república dos “Pyn-guyns”
Primeiro Vogal - José de Almeida Rocha (Medicina) – república dos “Pyn-guyns”
Segundo Vogal - Horácio Alves Marçal (Medicina) – república “Boa-Bay-Ela”
(Fontes: Via Latina de 2 de Fevereiro de 1959, n º 85, p. 6.; Correspondência expedida
do MAC de 3 de Fevereiro de 1959; Livro de Actas da Secção MAC da AAC, acta n º 1
de 16-1-1959, fl 1v.).
Novembro de 1959
Presidente – José Pais Borges Alves
Vice-Presidente – José António Vieira dos Santos
Primeiro-Secretário – António Manuel de Almeida Cipriano Miranda
Segundo-Secretário – José Gomes Ermida
Primeiro-Tesoureiro – Jorge Pimentel Ladeira
Segundo Tesoureiro – Sérgio Sousa da Silva Pereira
Vogal – João Eduardo Cura Gomes Soares
(Fontes: Livro de actas da secção MAC da AAC. Acta de 13 de Novembro de 1959, fl.
2.).
Fevereiro de 1960
Presidente – José Pais Borges Alves (Medicina)
Vice-Presidente – José Vieira dos Santos (Medicina)
1 º Secretário – António Manuel Cipriano Miranda (Direito)
2 º Secretário – José Gomes Ermida (Medicina)
1 º Tesoureiro – Jorge Pimentel Ladeira (Ciências)
2 º Tesoureiro – Sérgio Silva Pereira (Ciências)
Vogal – João Cura Gomes Soares (Medicina)
(Fonte: Via Latina 22 de Fevereiro de 1960, n º 109, p. [8]).
Janeiro de 1961
- Presidente – Jorge Pimentel Ladeira (Ciências)
- Secretário – Lourenço José Oliveira Gonçalves (Medicina)
- Tesoureiro – Luís Manuel Pinheiro Gonçalves Marques (Medicina)
Conservadores Adjuntos:
- António Miguel Rosado Marção (Letras)
- Hamilton de Almeida Lebreiro (Letras)
- António Mendes Monteiro da Costa (Ciências)
- Vieira dos Santos (Medicina)
- Hermes Castanha (Medicina)
- Joaquim Cantante Garcia (Medicina)
- Alberto Júlio da Silva Fernandes (Direito)
- Manuel Prazeres Pais (Direito)
Conselheiro Técnico: Dr. Manuel Chaves e Castro
(Fontes: Via Latina de 25 de Janeiro de 1961, n º 123, p. 4; Livro de actas da secção
MAC da AAC, acta n º 1 de 20 de Janeiro de 1961, fl 3v e 4).
Fevereiro de 1964
Presidente – José Manuel Pinheiro Gonçalves Marques
Vice-Presidente – Crisanta Augusta Rosa Soares Carinha
1 º Secretário – Lourenço José de Oliveira Gonçalves
2 º Secretário – José Ferreira Correia de Paiva
1 º Tesoureiro – José Manuel Cálix Augusto
2 º Tesoureiro – Armando Nunes Figueiredo
Vogais:
- Victor Manuel Gonzalez Rosete
- Mário Magalhães Borges Alexandrino (Medicina)
- Emídio Rodrigues Carvalheira
(Fontes: correspondência expedida do MAC de 3 de Julho de 1964; Livro de actas da
secção MAC da AAC, acta n º 1, de 15 de Fevereiro de 1964, fl. 8).
Janeiro de 1967
Presidente – Baltazar dos Santos Miranda (Direito)
Vice-Presidente – Alter Rui Rafael Martins Leitão (Direito)
Tesoureiro – Vitor Manuel Barradas de Carvalho Sequeira (Direito)
Tesoureiro – Eduardo Manuel Pereira de Almeida (Direito)
(Fontes: correspondência expedida de Janeiro de 1967).
Dezembro de 1967
Presidente – Baltazar dos Santos Miranda (Direito)
Vice-Presidente – Rui José Mendes Pereira Coelho (Medicina)
Tesoureiro – Vítor Manuel Barradas de Carvalho Sequeira (Direito)
Secretário – José Luís Barradas de Carvalho Sequeira
Vogal – Aloísio Albano de Castro Lúcio
Colaboradores:
- Luís Filipe Castel Branco Sacramento
- António Pereira Gonçalves
- Alcides Soares Henriques
(Fonte: Livro de actas da secção Museu Académico (1967), acta n º 1, 12 de Dezembro
de 1967, fl 2).