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Paulo Roberto Gonçalves-Segundo Adriana Moreira Pedro Agildo Santos Silva de Oliveira Alexandre Marques Silva Douglas Rabelo de Sousa Letícia Fernandes de Britto Costa Sergio Mikio Kobayashi (Organizadores) Discurso e Identidade: múltiplos enfoques FFLCH/USP SÃO PAULO, 2018 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques 291 Uma lulik: o sagrado na expressão da identidade nacional leste-timorense Alexandre Marques SILVA1 Resumo: Neste artigo objetivamos discutir a relação entre cultura, tradição e identidade a partir da consideração das uma lulik (casas sagradas) como símbolo de resistência e de preservação de elementos da cultura e da identidade lestetimorenses. Nossas análises realizam-se a partir de depoimentos apresentados no documentário Uma lulik: futuro de uma tradição, produzido pela ALGA (Associação Luso-Galega de Antropologia Aplicada) em colaboração com a secretaria de Estado da Cultura do Timor-Leste, em 2011, e fundamentam-se nos estudos acerca da identidade desenvolvidos por Bhabha (1998), Hall (2000), Mendes (2005), Moita Lopes (2006) e nos relativos à cultura realizados por Anderson (2009, 1993), Cinatti (1986), Giddens (1991) e Smith (1997). Observamos que, em Timor-Leste, as casas sagradas constituem um referencial para a preservação da memória coletiva e, portanto, consistem em um importante patrimônio relacional daquela nação, assegurando-lhe a preservação e a disseminação de uma (possibilidade de) identidade nacional. Palavras-chave: Identidade Nacional; Timor-Leste; Uma Lulik; Cultura Tradicional. Introdução Os estudos acerca da identidade têm interessado a diversas disciplinas das Ciências Humanas desde a virada do século XX. Não se trata de um fenômeno casual, mas de uma tendência oriunda das profundas transformações pelas quais o mundo vem passando desde o advento da globalização e de seus impactos na estruturação das sociedades e das distintas formas de identificação decorrentes de tal processo. Por meio do metafórico encurtamento entre as distâncias possibilitado fundamentalmente pelo desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e das telecomunicações, tornou-se mais facilitada a difusão de determinados modelos socioculturais produzidos por/em países de cultura hegemônica – no sentido de terem a posse dos meios de produção da Indústria Cultural e das ferramentas necessárias para disseminação de seus produtos culturais (música, cinema, propagandas, entre outros). Nesse sentido, o contato entre culturas, por um lado, pode promover o enriquecimento das que estão em contato, quando se trata de uma relação simétrica (em condições ideais) de cooperação, na qual elas se influenciam mutualmente, sem que haja qualquer espécie de “predatismo cultural”. Talvez se trate de uma perspectiva romântica e bastante idealizada da globalização, quando se observam seus efeitos já no século XXI. Em contrapartida, quando atrelada a valores econômicos, a cultura de uma sociedade hegemônica tornase, invariavelmente um produto de dispersão de valores, e é exatamente essa relação (que se tornou) intrínseca entre mercado e cultura que tem levado estudiosos a se interessarem pelos impactos desse processo na conformação das identidades. 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Filologia e Língua Portuguesa de Universidade de São Paulo, sob a orientação da Profª Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino. Bolsista CAPES. E-mail: alexandremarques@usp.br SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques Como um contraponto a essa tendência homogeneizante, observamos que, em Timor-Leste, as casas sagradas (uma lulik) desempenham papel fulcral na preservação de tradições e identidades que estão fortemente arraigadas naquela sociedade. Trata-se, assim, de um símbolo de resistência – oqual se manteve firme mesmo após dois processos consecutivos de dominação colonial, protagonizados respectivamente por Portugal e Indonésia – que possibilita a manutenção de elementos culturais os quais participam da construção identitária dos leste-timorenses. Em função dessas características, tendo como eixo norteador a cultura tradicional, objetivamos realizar uma discussão acerca da relação entre as casas sagradas, a preservação e a disseminação de um projeto de identidade nacional em Timor-Leste, bem como discorrer sobre a concepção de identidade vinculada a elementos imateriais: as “comunidades imaginadas”. Cumpre salientar que consideramos tratar-se de um projeto, pois, no que se refere a identidades nacionais e, sobretudo no caso de uma nação jovem, que conquistou a independência definitiva há menos de 20 anos, seria bastante precipitado afirmarmos haver“a” identidade nacional. Menos problemático, no entanto, é considerarmos que essa identidade é objeto de permanente disputa, cujos contornos e conteúdos são fixados pelos grupos que, em determinados momentos, gozam de poder e de legitimidade para determiná-los. Ademais, os estudos contemporâneos sobre identidade, e aos quais nos filiamos, buscam discuti-la sob a perspectiva da complexidade que lhe é inerente: como um fenômeno dotado de plasticidade, fragmentado, contraditório e, consequentemente, passível de múltiplas possibilidades de definição e de negociação. Assim, a fim de realizarmos uma discussão mais profícua desse processo, passamos a caracterização das uma lulik e de sua relação com a conformação identitária leste-timorense. 1 Lulik: o lugar do sagrado na cultura tradicional As práticas culturais podem ser observadas como características de dada comunidade – entendida como a agregação de práticas e símbolos em um sistema de significados o qual pressupõe não apenas a interpretação, mas também parte do pressuposto de que essa interpretação é partilhada pelos indivíduos que a constituem. Nesse sentido, a compreensão da cultura como um sistema fundamenta-se na ideia de que “os significados culturais são normalmente partilhados, fixos, interligados e profundamente sentidos” (Sewell, 1999,p. 47).Além disso, autores como Hall (2000) e Bhabha (1998), a seu turno, partem de uma concepção segundo a qual a cultura é portadora e atribuidora de significados; apreendida pelos indivíduos, e, por conseguinte, arbitrária. Ainda, de acordo com Hall (2000), compartilhar uma cultura significa também partilhar a mesma forma de construir inteligibilidades sobre o mundo por meio da linguagem. Esse compartilhamento não implica, todavia, que uma cultura seja dotada de significados homogêneos e únicos, ao contrário, as representações SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 292 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques produzidas nas práticas culturais são diversas, regem comportamentos e influenciam as ações dos sujeitos. Dessa forma, então, as culturas nacionais não podem ser pensadas como sistemas unificados, mas constituídos por divisões fundamentadas em diferenças étnicas, sociais ou culturais. A partir dessa delimitação acerca do conceito de cultura, compreendemos que as comunidades são compostas por indivíduos que, de diversas formas, têm experiências, dão sentido ao seu meio cultural e, por conseguinte negociam as formas de interpretar a realidade. A cultura, assim, não se revelaria em ações e sistemas de crenças individuais, mas na partilha de similaridades e padrões observados dentro de um mesmo grupo. Desse modo, no que tange às culturas tradicionais e sua necessidade de adaptação às novas demandas dos agrupamentos sociais, Giddens (1991, p. 38) aponta para o fato de que: Nas culturas tradicionais, o passado é honrado e os símbolos valorizados porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um modo de integrar a monitoração da ação com a organização tempo-espacial da comunidade. Ela é uma maneira de lidar com o tempo e o espaço, que insere qualquer atividade ou experiência particular dentro da continuidade do passado, presente e futuro, sendo estes por sua vez estruturados por práticas sociais recorrentes. A tradição não é inteiramente estática, porque ela tem que ser reinventada a cada nova geração conforme esta assume sua herança cultural dos precedentes. A tradição não só resiste à mudança como pertence a um contexto no qual há, separados, poucos marcadores temporais e espaciais em cujos termos a mudança pode ter alguma forma significativa. Observamos, assim, que o lulik (o sagrado) está fortemente arraigado à cosmogonia leste-timorense e, por isso, converte-se em elemento que permite, ao mesmo tempo, a perpetuação da tradição e a transformação dela. Em Timor-Leste, para além da metáfora, da casa como nação, há um vínculo muito particular entre os indivíduos e as suas uma lulik:como uma metonímia das relações sociais e com o sagrado, elas ganham relevo como expressão de uma cultura genuína, uma forma de manutenção identitária, tornando-se o elo entre presente e passado, sagrado e profano, modernidade e tradição. No que tange à conformação de uma identidade nacional, as casas sagradas corresponderiam, portanto, à materialização das necessidades de uma variedade de grupo sociais e de indivíduos que conceptualizam o território como uma casa comum à qual todos pertencem. Segundo Mendes (2005), expressões como sangue, família e casa possuem em Timor-Leste um efeito mobilizador do imaginário da nação, o qual está na base da edificação da identidade nacional, assim, a nação concebida como casa converte-se em uma unidade vivencial que “circunscreve uma unidade sacralizada, em torno da qual, em actos e processos rituais, se posicionam e articulam processos de identificação e pertença. ” (MENDES, 2005, p.110). Discutimos, a seguir, a relações que se estabelecem entre as casas sagradas, como elemento congregador de paradoxos aparentes, a construção de projetos identitários para Timor-Leste. SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 293 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques 1.1 Uma Lulik: elementos de uma arquitetura identitária O significado social da uma lulik funda-se em suas dimensões imateriais, as quais lhe outorgam um papel central na construção da identidade do povo leste-timorense e na configuração de seu patrimônio cultural. Considerada nesses termos, “a casa sagrada constitui uma síntese simbólica do cosmos e, em termos físicos a sua arquitetura reflete-o.”. (MENDES, 2005, p. 112) As casas sagradas são, simultaneamente, uma entidade física e uma categoria cultural, pois constituem um importante recurso à preservação da memória, além de serem um repositório de objetos ancestrais que fornecem a evidência física de uma continuidade específica com o passado. (FOX, 1993). Dessa forma, podese compreender, segundo o que postula Souza (2007, p. 198), que as uma lulik representam uma continuidade que “é essencial numa sociedade que privilegia a noção de fluxo de vida como fundamental para a sua subsistência. A casa é um marcador temporal e geográfico da história tal como é percepcionada localmente”. Assim, sob as dimensões material e espiritual, Benjamim Corte-Real, presidente do Instituto Nacional de Linguística, em depoimento no documentário Uma lulik: futuro de uma tradição2, produzido pela ALGA (Associação Luso-Galega de Antropologia Aplicada) em colaboração com a secretaria de Estado da Cultura do Timor-Leste, em 2011, assim define a casa sagrada: Uma lulikpode ser entendida em duas dimensões: tem um sentido material e um sentido espiritual. O sentido material é como uma construção física, com exigências arquitetônicas próprias: um lugar de abrigo, um lugar de refúgio, um lugar de recolha, de meditação para uma aglomeração mais ou menos grande de uma genealogia, são por, assim dizer, um lugar onde os elementos desse aglomerado se reúnem para cerimônias, para ritos tradicionais é, portanto, um repositório de bens materiais, herança de geração em geração, um repositório da memória institucional da linhagem. No sentido espiritual, podemos dizer que é o lugar do sagrado, é o ponto de ligação entre os vivos e os mortos, os espíritos dos antepassados é, em última análise, um ponto de ligação entre os vivos e o sobrenatural, o invisível, o Deus. As uma lulik, por conseguinte, possuem essencialmente um valor de uso, seja pela relação pragmática que se estabelece diante da necessidade básica de proteção contra as intempéries, seja como forma de preservar uma tradição ancestral, cosmogônica, por meio da qual se forja a coesão da sociedade lestetimorense. Da perspectiva simbólica, os espaços internos das uma lulik, de modo geral, obedecem a esta lógica: 2 Todos os depoimentos apresentados ao longo do artigo foram transcritos do documentário supramencionado e estão indicados com o ano de 2011. SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 294 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques Figura 1. Organização interna da uma lulik, segundo a cosmogonia tradicional leste-timorense3 Fonte: Trindade(2011, s/p)4 Figura 2. Detalhe de entalhamentos na estrutura de uma casa sagrada. Fonte: Fundação Mário Soares. Disponível em: <https://upload.Wikimedia.org/wikipe dia/commons/7/79/Mau-Nuno,_Uma_lulik_ManeHitu.jpg> Acesso: 01 fev. 2018. 3 Tradução nossa: 1. Estrela (coisa sagrada, branca) representa entidade mais alta (Deus), o espírito dos avôs, coração, os valores fundamentais. 2. Pomba (feminina, verde) representa paz, fertilidade e prosperidade, 3. Chifre (masculino, preto) representa força, segurança e proteção. 4 Não nos é possível localizar a referência na página uma vez que o documento encontra-se em formato HTML. SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 295 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques Figura 3. Uma lulikda região de Los Palos Fonte: Fundação Mário Soares. Disponível em: <http://farm8.static.flickr.com/7203/ 6960386671_09f2aeddaa.jpg > Acesso: 01 fev. 2018. A casa sagrada é o espaço em que se praticam os rituais de casamento e outras cerimônias, além de ser o centro do poder político. Cinattiet. al. (1986, pp. 38-39 e 54) salienta o seu simbolismo cósmico e a importância dos nexos genealógico-familiares: Ela é habitada pelos espíritos dos antigos guerreiros, antepassados do que habitam o povoado ou o reino. Construída por uma várias famílias é propriedade de toda a população e o elemento de união entre o clã: se a “uma lulik” desaparecer por ruina ou incêndio, grande desgraça abater-se-á sobre o povo e as famílias dispersar-se-ão. (...). O núcleo familiar com os seus limites territoriais demarcados estabelece-se num espaço sagrado, constituindo um microcosmo autónomo, reflexo do Universo. A adoração comum dos antepassados reforça a solidariedade e as ligações genealógicas entre os seus membros, e a casa sagrada, a árvore, os lugares votivos, tendem a ter em conjunto um efeito estabilizador na estrutura da pequena comunidade. As uma lulik exemplificam, então, os valores e ideais da sociedade leste-timorense e condensam, de certo modo, a visão de mundo que a caracteriza e os princípios que a organizam, constituindo um elemento fundador da identidade leste-timorense. Desse modo, ao inscreverem-se no rol de símbolos nacionais, as casas sagradas são convertidas em poderosas manifestações de um sentimento coletivo de pertença identitária fundado no princípio de uma origem ancestral comum. Como corolário dessa perspectiva, entendemos que o projeto de identidade nacional leste-timorensealicerça-se também no plano simbólico, já que, segundo Smith (1997, p. 31): “Através da utilização de símbolos – bandeira, moeda, hinos, uniformes, SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 296 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques monumentos e cerimónias – os membros recordam sua herança comum e as suas características culturais, sentindo-se fortalecidos e exaltados pela sensação de identidade e pertença comuns”. Em síntese: a construção do projeto identitário nacional funda-se tanto no campo simbólico quanto no social. Sob o viés social, o depoimento do deputado leste-timorense, Manuel Tilman (2011), acerca da relação com sua uma luliké esclarecedor: Para mim, a minha casa sagrada, a minha uma lulik, a minha casa sagrada é o centro do mundo. Tudo gira à volta da minha casa lulik. Para eu poder olhar para a Espanha, Portugal, Austrália ou América, olho a partir da minha casa sagrada, olho a partir da casa sagrada onde meus antepassados chegaram a Timor, ocuparam, construíram, fizeram sua vida. Mesmo que a minha família esteja na Europa, meu filho venha a se casar com uma alemã ou a minha filha, com um espanhol, eles vão sentir sempre que o centro não é na Espanha ou em Portugal, mas que o centro é onde está a minha casa sagrada. [...] A uma lulik não só recupera ou une todos os vivos dos dias de hoje, mas através da ligação, através da nossa casa sagrada, estamos continuamente ligados ao primeiro homem que chegou a Timor, aquele que viveu em Timor, aquele que morreu em Timor. Para nós, não é [a lógica do] “tudo se transforma”, tudo existe tal qual como está. Na nossa casa sagrada, estão todos, até os animais que nós matamos pela memória de nossos antepassados, por isso, a uma lulik significa: entram todos, e todos não são apenas os que vivem neste século, no tempo presente, mas aqueles que já foram e os que hão de vir, nos unindo para que não se perca a autoridade sobre as nossas tradições sobre as nossas casas sagradas. O depoimento do deputado é revelador do poder da tradição na definição da identidade, de sua intrínseca relação com o sentimento de pertença e de profunda ligação com a terra. A uma lulik constitui, assim, um padrão de referência soberano a partir do qual todo o mundo é mesurado e avaliado, pois preserva um conhecimento ancestral que se converte em força coercitiva, responsável por unir, por meio de laços familiares, gerações mesmo que geograficamente dispersas. Além disso, as casas sagradas respondem a uma finalidade ritual e cerimonial, ligadas às tradições das comunidades em que são construídas. A relação com Deus e com os antepassados é mediada por um luliknae – uma espécie de sacerdote gentílico – geralmente o homem mais velho da comunidade, possuidor dos conhecimentos ancestrais. Embora desempenhem uma função marcadamente religiosa, em que se estabelece contato com os ancestrais por meio de ritos, como o sacrifício de animais, característico do animismo, as uma lulik constituem, também, um espaço importante para o exercício da vida política, havendo, pois, uma confluência entre instâncias sociais. Nas palavras do professor Nuno Silva Gomes (2011): Nas uma lulik, velhos e novos se reúnem para discutir sobre os problemas do presente, rezar, planejar ações futuras das novas gerações. Nas lulik, não há regras escritas, mas a prática ensina. [...] A prática da democracia que se faz no parlamento nacional, devo dizer, já existe há muito tempo nas uma lulik. As uma lulik, além de templo, desempenham um papel político importante na organização da vida coletiva, por meio da prática de ações democráticas, como a deliberação, entre jovens e velhos, acerca de assuntos que dizem respeito ao coletivo. Explicita-se, assim, que a multiplicidade de atividades que podem ser abrigadas em uma mesma casa sagrada, permite estabelecer uma relação especular com os processos de construção de identidades, conforme discutidos por Moita Lopes (2006), que as entende como SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 297 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques fragmentadas, processuais e contraditórias. Para o autor (op. cit.), as identidades, caracterizadas pela pluralidade, são oriundas das distintas posições sociais ocupadas pelos indivíduos. Tais posições são dotadas de significado e implicam padrões de ação e de ser, estando, portanto, atreladas aos processos de representações sociais, o que, no caso das casas, corresponde aos distintos usos a que elas se prestam, conforme vimos discutido. Podemos observar, também, que, por constituir uma manifestação cultural popular, a preservação das uma lulik está estritamente ligada à memória e ao saber-fazer, decorrente do aprendizado ancestral transmitido oralmente pelos homens mais velhos da comunidade.A partir dessas considerações, entendemos que, como parte do processo de construção da identidade nacional, a memória constitui um importante patrimônio, pois é por meio do apelo a ela que se erigem as grandes narrativas míticas, os mitos fundadores, a exemplo do mito do crocodilo, o ancestral, que deu origem à ilha de Timor. Por meio de narrativas ontológicas e da conservação de objetos materiais da cultura – como as uma lulik –, assegura-se coesão social, forjam-se identidades e memórias coletivas. Nesse sentido, o valor mítico atribuído às casas sagradas reitera sua importância no processo de manutenção das tradições, da identidade nacional e da coesão social leste-timorense. Para Manuel Tilman (2011), as regras para a construção das casas sagradas, embora não sejam escritas, passam de geração em geração de forma espontânea, a partir do contato diário entre os jovens e os mestres, guardiães da tradição. As casas sagradas fazem sentido como máxima expressão do vínculo entre passado, presente e futuro, tratase, assim, de uma construção coletiva aglutinadora de símbolos e promotora de identidades. A ex-ministra de Educação de Timor-Leste, Rosária Corte-Real (2011), explicita o caráter aglutinador das casas sagradas, já que elas: [...] vêm desde nossos antepassados. Somos de cinco ou seis gerações diferentes e ainda nos conhecemos, fazemos parte da mesma origem ancestral, pois temos uma mesma uma lulik. Nossos irmãos casam-se, dividem-se, mas irmão é sempre irmão. Na uma lulik, sempre tem cerimônias e festas que reúnem os irmãos, estamos sempre juntos. É importante destacar que, sob a perspectiva leste-timorense, o conceito de família supera os laços consanguíneos. Assim, para além de familiares de ascendência direta, podem ser agregados sob a mesma umalulik familiar aqueles com quem há fortes vínculos de amizade ou, ainda, aqueles que, por exemplo, forem escolhidos como padrinhos de crianças ou de casamento. Desse modo, podemos observar que o conceito de família, segundo a percepção leste-timorense, possui uma dimensão mais ampliada que a do paradigma ocidental e isso permite que as relações familiares sejam estendidas, conforme elucida o excerto a seguir, extraído do site oficial do Governo de Timor-Leste: A cultura tradicional timorense – tão bem defendida durante a resistência, e que, serviu, também, para ajudar a defender o argumento da independência, pela diferença cultural relativamente ao povo ocupante – assenta na complexidade da estrutura familiar praticada em Timor-Leste. Trata-se de uma estrutura muito particular, muitas vezes mal-entendida pelos malae (estrangeiros). Não é por acaso que mesmo os desconhecidos, em Timor-Leste SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 298 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques – e isso sim, já assimilado pelos malae – se tratam por mana (irmã) ou maun (irmão) (se a idade ou situação social é semelhante para o feminino e masculino, respetivamente), tia ou tio (se se trata de alguém mais velho, uma ou duas gerações), avó ou avô (se a idade é já avançada). Na prática, filhos, afilhados, primos ou pessoas da mesma ligação da estrutura tradicional, são considerados familiares diretos, situação que traduz o papel central estruturante dos laços familiares na sociedade timorense. “O laço de parentesco oferece uma perspetiva de longo prazo, que falta noutras relações. A permanência das relações familiares, normalmente garantida pelo laço biológico, permite, em larga medida, a construção de confiança e compromisso mútuo. Criam-se âncoras - materiais e afetivas entre os indivíduos e as suas famílias. Isto significa, numa família mais alargada como a que existe na estrutura tradicional de Timor-Leste, que existe um vínculo forte na sociedade que tem garantido o bem-estar entre as famílias. Existe uma solidariedade familiar, especialmente visível em cerimónias, como as de casamento, de funeral, ou nas cerimónias de feto saumane (parentes por afinidade, por parte da mulher e por parte do marido), que são cerimónias tradicionais ainda muito conservadas na nossa sociedade”, explica a Ministra da Solidariedade Social, Maria Domingas Fernandes Alves. (TIMOR-LESTE, 2011. s/p) Ademais, asuma lulik constituem um cenário privilegiado para a realização das cerimônias da vida social, ao redor delas tem lugar a comemoração de todo o ciclo da vida humana, desde o nascimento até a morte. Nelas se guardamtambém todas as heranças deixadas pelos avôs aos seus netos. Rosária Corte-Real (2011) defende a ideia de que a uma lulikrepresenta um umbigo que une e amarra a relação entre as gerações. No contexto da crença leste-timorense, concebe-se que o umbigo constitui o centro da vida e, por isso, é costume que, quando uma criança nasce, o cordão umbilical dela seja conservado na uma lulik. É um ritual que se mantém para evitar que haja rupturas entre laços familiares ou entre gerações e, em termos identitários, implica que os indivíduos, simbolicamente, possuam uma ligação indissociável com a terra na qual nasceram. Em termos estéticos, à entrada da uma lulik, estão dispostas duas estátuas, a de um homem e a de uma mulher, representando a união, o casamento, o ciclo da vida e da morte, além da ancestralidade comum e, figurativamente, da fertilidade. Cada uma lulik tem a sua doutrina. Geralmente, as casas são construídas sobre oito colunas. Quatro representam o homem, quatro, a mulher. Cada um dos pilares masculinos, os mais fortes, é fincado na terra como homenagem aos avós, os homens ancestrais que deram origem à família proprietária da uma lulik. Os demais representam o apoio necessário da mulher à fortificação da família e, por extensão, da comunidade. Vale ressaltar que o sistema político das comunidades tradicionais lestetimorenses, embora organizado de forma patriarcal, reconhece a importância da autoridade, identificada à forma feminina, ao lado do poder, considerado essencialmente masculino, de modo que, para que haja a preservação da harmonia social, poder e autoridade devem estar equilibrados. Na relação entre a casa e o universo cosmogônico que ela simboliza, Cinattiet. al. (1986, p. 34) observam que: Na estrutura da habitação revela-se o simbolismo cósmico: a casa é a imagem do mundo, a sua cobertura é o Céu, o pilar ou poste principal é assimilado ao “eixo do mundo” que sustenta o imenso tecto celeste e desempenha um papel ritual importante: é na sua base que têm lugar os sacrifícios em honra do ser supremo, Marômac (…) Toda a construção e SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 299 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques inauguração de uma moradia equivalem a um começo, a uma nova vida: para que a obra dure e “viva” deve ser animada, isto é, deve receber ao mesmo tempo uma vida e uma alma. A transferência da alma só é possível pela via de um sacrifício sangrento. O esclarecimento apresentado por Cinattiet. al. põe em relevo uma interessante questão acerca da conformação religiosa dos leste-timorenses. A maior parte da população da porção oriental da ilha costuma autodefinir-se como católica e uma série de estudos (CASTAGNA, 2015; CASTELO, 1998; COSTA, 2012, 2005; FELGAS, 1956; GAGLIATO, 2008, só para citar alguns) sobre isso revelou que, de fato, o sincretismo seria a forma mais apropriada para definir as práticas religiosas de muitos leste-timorenses. A associação aos preceitos cristãos deve-se, em grande parte, à aproximação da Igreja Católica ao movimento de resistência contra a invasão indonésia a Timor-Leste entre os anos de 1975-1999. Por ter sido uma instituição que prontamente se dispôs a proteger os leste-timorenses das arbitrariedades indonésias, a Igreja, representada pela figura do Bispo Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, conquistou a admiração e o respeito da população local, além disso, fundaram-se escolas nas igrejas, nas quais o português era utilizado como língua de instrução, em movimento oposto à obrigatoriedade imposta pelo novo colonizador de que toda a instrução e comunicação em Timor-Leste fossem realizadas em língua indonésia.De acordo com Gagliato (2008, p. 4): [...] esse novo cenário religioso de maioria Católica que se constituiu, principalmente, em virtude do amparo, assistência e defesa que a população de Timor-Leste encontrou na Igreja Católica do Timor-Leste, não só no aspecto de resistência política, mas de resistência social, cultural e até religiosa, já que também a população, tornando-se Católica, encontrou na Igreja uma maneira de preservar a transmissão e herança da religiosidade tradicionalanimista timorense. Esse amálgama religioso constituiu uma religiosidade de práticas tanto Católicas quanto Tradicional-animistas, constituindo, assim, um sincretismo de ritos e símbolos – sincretismo religioso. Afora as questões de natureza religiosa, observamos que a nação conceptualizada sob a forma de casa converte-se em espaço de interação intergeracional, em que se “articulam processos de identificação e pertença” (MENDES, 2005, pp. 110-111), o que é ainda reforçado pelo fato de as atividades – rituais e políticas – realizarem-se nas umalulik de forma pública e performática (existe um “iniciado” responsável por estabelecer a relação entre os vivos e os mortos, por exemplo). Portanto, é “[...] inegável o valor simbólico da casa enquanto matriz e a sua assimilação à nação, como casa comum de todos os timorenses” (MENDES, 2005, p. 115). Além da dimensão material – ilustrada pelas uma lulik –, o processo de edificação de identidades também se apoia no que Anderson (2009) denominou de “comunidades imaginadas” e sobre as quais discorreremos a seguir. 2 A identidade como produto de “comunidades imaginadas” De acordo com o posicionamento de Smith (1997), a identificação do indivíduo com uma comunidade política possui base ideológica ocidental e étnica, nas sociedades não ocidentais. No Ocidente, a identidade SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 300 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques do indivíduo baseia-se em uma relação ideológica e cívica com a nação; nas comunidades não ocidentais, em contrapartida, a ênfase à construção identitária é dada à origem étnica e cultural de pertencimento. Assim, tomando como ponto de partida a perspectiva ideológica, o autor (p. 14) apresenta cinco atributos basilares da identidade nacional: i) um território histórico; ii) a existência de histórias coletivas e mitos comuns; iii) uma cultura pública de massa compartilhada; iv) direitos e deveres legais comuns a todos os membros e, por fim, v) uma economia comum com possibilidade de mobilidade para todos os membros. Já, da perspectiva da etnicidade, Smith (1997, p. 21) define seis características que participam da conformação da identidade: i) um nome coletivo próprio; ii) um mito ancestral comum; iii) memórias históricas compartilhadas; iv) um ou mais elementos diferenciadores de uma cultura comum; v) a associação com uma “pátria” específica; vi) um senso de solidariedade com setores significativos da população. Considerando esses elementos em seu conjunto, Smith (1997) defende que a identidade está imbuída de certa instrumentalidade, a qual serve a uma elite política, que, com o propósito de mobilizar a população, lança mão dessa identidade de forma sistemática, convertendo-a em uma ideologia nacionalista, cujo propósito é forjar a unidade política da nação. Desse modo, observa-se que o poder político pode transformar as raízes históricas e étnicas em discursos, a fim de promover interesses individuais ou coletivos. Nas palavras de Smith (1997, p.20): “...esse poder aumenta imensuravelmente pela presença viva das tradições, que incorporam os símbolos memórias, mitos e valores oriundos de eras muitos anteriores na vida de uma população, comunidade ou área. ”. No caso específico de Timor-Leste, os valores ancestrais ainda continuam preservados, conforme apresentamos ao tratar das uma lulik, mesmo após os dois períodos coloniais por que passou o país, e da influência de atores internacionais envolvidos diretamente no seu processo de reconstrução (Brasil, Portugal e Austrália, principalmente). [...] as casas sagradas não foram totalmente eliminadas. Tornaram-se um bastião da cultura e da identidade timorense dotada de uma estrutura simbólica. Muitas foram destruídas durante a guerra de invasão Indonésia e em 1999 foram objecto de ataque específico como uma fonte de resistência timorense [...]. (SOUZA, 2007, p. 201) A esse conjunto de valores que estão arraigados no seio de dada população, comunidade ou área, considerado uma identidade natural e pré-existente, Smith (1997) dá o nome de etnicidade, esta, quando instrumentalizada por uma elite política como projeto de construção de uma nação, converte-se em identidade nacional. Nesse sentido, o autor (1997) postula que as nações erigem-se de identidades étnicas e de todos os elementos subjacentes a elas, como os culturais, históricos, cívicos, ideológicos e políticos. Na mesma perspectiva de construção instrumental de identidades nacionais, Anderson (2009) defende a tese de que toda nação deve ser considerada “uma comunidade política imaginada”, pois, mesmo na menor das nações, jamais todos os membros poderão conhecer, encontrar ou ouvir falar da maioria dos outros membros, embora haja em suas mentes a imagem de comunhão nacional. Nesse sentido, compete ao Estado, por meio da mobilização de seus instrumentos simbólicos, forjar uma identidade nacional, ou seja, trata-se SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 301 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques da “invenção de nações onde estas não existem”. Os nacionalismos – e as identidades nacionais, por extensão –, portanto, não seriam resultado de uma autoconsciência, se não um produto artificial das escolhas de conteúdos simbólicos realizadas, de forma utilitária, pelo Estado (ou pelo grupo que busca representá-lo legitimamente). Quando se trata da análise da situação de Timor-Leste, Anderson (1993, s/p)5, postula que as comunidades imaginadas não resultam unicamente da soma de crenças de um grupo nacional específico, pois, além da existência física dos indivíduos, elas manifestam sua existência por meio de símbolos, práticas institucionais e discursivas. “[…] from the start the nation was conceived in language, not in blood, and that one could be ‘invited to’ the imagined community6”. Nesse sentido, então, a nação leste-timorense passa a ser compreendida como uma soma de representações culturais, pois o que é imaginado tem de ser representado, o que, necessariamente, demanda um processo intermitente de criação.Para Mendes (2005, p. 441), a construção da nação leste-timorense “se deve à edificação e disseminação de narrativas, assim, a ideia de comunidade nasce da experiência histórica e de uma mitologia” e, desse modo, constitui um “processo de invenção, de dentro para fora, configurando um projecto político que se pretendia concretizar em Estado e que daria unidade à diversidade de identidades, criando um povo timorense”. Subjacente à criação instrumental de narrativas, as uma lulik, ao condensarem elementos importantes da cultura autóctone, surgem como parte do patrimônio material sob o qual se preservam símbolos que conformam a identidade leste-timorense, entre os quais se destacam: os elos com os antepassados; um local de cerimônias em que tradição e modernidade encontram espaço harmônico de expressão, o que contribui para aedificação de identidades caracterizadas pela plasticidade, pois, no mesmo espaço sagrado, coexistem práticas religiosas sincréticas como os rituais animistas e os da liturgia cristã; representa, metaforicamente, por meio das colunas masculinas e femininas, a importância da união entre homens e mulheres na construção de uma base sólida da nação, figurativizada pela casa propriamente dita, isto é, constitui um princípio organizador das práticas sociais. Considerações finais Diante das demandas de um mundo marcado pela velocidade e pela volatilidade de valores, voltarmos nossa atenção para a análise da sociedade leste-timorense e para algumas de suas idiossincrasias relativas à preservação das culturas tradicionais, permite-nos reconhecer a importância dos símbolos para a conformação de identidades, por isso, buscamos destacar a importância das casas sagradas como elemento 5 Não nos é possível localizar cada referência na página uma vez que o documento encontra-se em formato HTML. Tradução nossa: Desde o início, a nação foi concebida pela língua, não pelo sangue, e qualquer um pode ser “convidado” para a comunidade imaginada. 6 SILVA, Alexandre Marques | IX EPED | 2018, 291-304 302 IX EPED - Discurso e Identidade: múltiplos enfoques – atemporal – responsável pela conservação e pela reafirmação de traços identitários considerados relevantes e dignos de serem legados como herança às próximas gerações de Timor-Leste. A partir dos relatos de atores leste-timorenses, reconhecemos que as uma lulikcorrespondem a uma forma de ser e de estar no mundo – em suma: conformam projetos identitários – e revelam-se como signos de resistência, corroborando a tese de Smith (1997) de que, nas sociedades orientais, a etnicidade é o maior fator de promoção de pertença e identificação entre os indivíduos. Além disso, como produtos de disputas pelo poder de criar significados, as casas sagradas integram um projeto de construção de “comunidades imaginadas” e condensam em si narrativas e conteúdos simbólicos cujo propósito é criar um referencial comum ancestral entre os indivíduos que compõem a nação possibilitar-lhes a construção de uma identidade nacional. Na sociedade contemporânea, marcada por rupturas, fragmentações e descontinuidades identitárias, as uma lulik – e sua função como um dos paradigmas sobre os quais se assenta da construção da identidade leste-timorense – seguem em direção radicalmente oposta: são a continuidade, a preservação e a tradição as responsáveis pela constituição de um projeto de identidade nacional que se pretende legítimo, por estar arraigado na cultura local, preservado pela memória; e desvinculado – ainda que parcialmente – das demandas desterritorializadas da sociedade pós-moderna. Referências ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. ANDERSON, Benedict. Imagining East Timor. Arena Magazine, n. 4, apr/may, Australia: Arena Printing and Publishing Pty Ltd., 1993. Disponível em: http://www.ci.uc.pt/timor/imagin.htm. Acesso em: 14 jul. 2015. BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila; Eliana Lourenço de Lima Reis; Gláucia Renate Gonçalves. 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