ACTAS
I Encontro da
FundacIón olga gallEgo:
arquIvos prIvados dE
pErsoas E FamIlIas.
Os a
SEPA
rq
RAT
Port uivos p
unha ollada á
A
esso
uga
l en
tre d ais e fa
m
ous
da t
eorí
para iliares e
FundacIón pEnzol
aà
m
digm
prá
Ab
a
el R
2018
[Pax
tica
.
gue
s
odrí
s 31
-50]
s:
Encontros da
FUNDACIÓN
OLGA GALLEGO
ACTAS DO I ENCONTRO DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO:
ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS.
UNHA OLLADA Á FUNDACIÓN PENZOL
Vigo, 27 de outubro de 2017
SEPARATA
Os arquivos pessoais e familiares em Portugal entre dous paradigmas:
da teoría à prática.
Abel Rodrígues
[Paxs 31-50]
2018
Imaxe da capa
- 1890. Saniago de Compostela. Retrato da familia Pintos / E Carrero.
Arquivo da familia Vilariño-Pintos
- [Ca. 189-?. S.l.]. [Árbore xenealóxica da familia de Manuel José Villarino Vázquez Varela.
Arquivo de Galicia. Familia Vilariño Pintos, G121316
Edición: © 2018, Fundación Olga Gallego
© 2018, Os autores
Deseño e maquetación:
Estudio Herminio Martínez
ISBN: 978-84-09-00372-3
Os arquivos pessoais e familiares em Portugal: uma relexão crítica dos últimos vinte anos
Abel Rodrigues
Universidade do Porto
abel.roiz@gmail.com
Resumo
Nos últimos vinte anos tem-se assistido, em Portugal, a um profícuo debate em torno da teoria e da
prática aplicadas aos arquivos pessoais e familiares, colocando em confronto uma Arquivística tecnicista
e custodial (baseada no conceito de “fundo”), e uma nova corrente enquadrada na Ciência da Informação (que assenta num método cientíico e advoga uma abordagem dinâmica e interactiva, evidenciada
no conceito de sistema de informação). A emergência recente de outros campos de estudo, como a Arquivística Histórica, têm colocado estes arquivos na encruzilhada dos saberes histórico e arquivístico. É
certo que, em Portugal, nunca se estudou tanto os arquivos pessoais e familiares como hoje em dia, seja
por iniciativa institucional, seja por iniciativa individual - (através de trabalhos académicos de licenciatura, mestrado e doutoramento). Aos poucos, foram-se abrindo também novas perspectivas que izeram despoletar o interesse não apenas nos arquivos de famílias nobres de Antigo Regime, mas também
nos arquivos pessoais contemporâneos, de proissionais liberais, como escritores, arquitetos, médicos,
políticos, etc. Têm sido factores determinantes para esta dinâmica a crescente consciencialização da
riqueza informacional que estes arquivos detêm, o contributo que podem prestar para a construção da
memória colectiva e, ainda, a existência de linhas de apoio destinadas ao seu tratamento e divulgação
em larga escala. Pretendemos apresentar uma síntese crítica do panorama português nos últimos vinte
anos ilustrando-a com diversos casos práticos.
Palavras-chave: Arquivos pessoais e familiares; Arquivística; Ciência de Informação; Sistema de informação.
Abstract
In the last twenty years there has been a lively debate in Portugal on the theory and practice applied to
personal and family archives, bringing technical and custodial Archivistics (which is based on the concept of fonds) into confrontation to a new perspective framed in Science of Information (which defends
a scientiic method that promotes a dynamic and interactive approach, evidenced in the concept of in-
31
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
formation system). The recent emergence of new ields of study, such as Historical Archivistics, also places these archives at the crossroad of historiographic and archivistic knowledge. In Portugal, personal
and families archives have never been studied as much as today, by institutional or individual initiative
- through academic works (degree, masters and PhD studies). Gradually new perspectives were opened up, not only concerning the archives of noble families of the Old Regime, but with contemporary
personal archives (of writers, architects, medical doctors, politicians, etc.) The increasing awareness of
the informational richness of these archives and the contribution that they can give to the construction
of collective memory are determining factors for this dynamic, as well as the existence of inancial resources for treatment and for large-scale dissemination. We intend to present a critical synthesis of the
portuguese panorama in the last twenty years with several practical cases.
Keywords: Personal and Family Archives; Archivistics; Information Science; Information System.
Introdução
Nos últimos vinte anos, assistiu-se em Portugal a um profícuo debate em torno dos arquivos pessoais e familiares
(APF).
A década de 80 simbolizou para a Arquivística a sua libertação das amarras da História e a sua constituição como
disciplina autónoma, alargando e aprofundando o seu campo de acção. Até aos dias de hoje, assiste-se à dinamização de um intenso debate teórico-epistemológico, transversal a toda a Arquivística, que tem permitido a
relexão acerca das abordagens práticas, dos modelos de formação e de novos enquadramentos no exercício da
proissão.
Hoje, para além da acção da Arquivística – pautada pelo debate entre uma a perspectiva tecnicista e custodial
e outra a cientíica com enquadramento na Ciência da Informação – no sentido de salvaguardar e divulgar os
APF, assistimos também á emergência de novos campos de estudo, como a Arquivística Histórica que se situa na
conluência dos saberes historiográicos e arquivísticos.
Desde então, organizaram-se encontros cientíicos e publicaram-se as actas, os proprietários revelaram estar
cada vez mais sensibilizados para o contributo que os seus acervos dão à construção da Memória Nacional, as
instituições de memória – não se restringindo apenas a Arquivos, mas também a Bibliotecas, Museus e Centros
de Documentação – modernizaram-se, a oferta formativa para os proissionais de Informação conheceu profundas mudanças e a Universidade, instituição de Ensino Superior por excelência, ao mesmo tempo que renovava
a sua oferta formativa nas Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos, posicionou-se, também, como entidade
promotora da salvaguarda de acervos arquivísticos, bibliográicos e museológicos produzidas por pessoas e por
famílias.
Surgiram os apoios inanceiros que permitiram desenvolver estratégias de conservação e restauro, de tratamento arquivístico e de divulgação da informação. Os proprietários constituíram-se em Associação de salvaguarda
dos seus acervos, dinamizando um conjunto de iniciativas de debate público e de sensibilização.
Entre os inais da década de 80 e a actualidade, o imperativo tecnológico, decorrente da Era Digital em que vivemos, fez-se sentirde forma progressiva (mas determinante), constituindo-se hoje como um vértice primordial
em todos os campos de trabalho da Ciência da Informação e, muito especialmente, nas estratégias de divulgação
e de valorização dos acervos.
No entanto, a primeira vez que os APF são abordados no âmbito da Arquivística, em Portugal, decorreu em 1987,
através da comunicação de Olga Gallego Dominguez, apresentada ao 2º Congresso Nacional de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas, realizado em Coimbra. Ao mesmo tempo que alertava a comunidade arquivística
portuguesa para a imperiosa necessidade de incluir estes acervos na sua agenda de trabalho, propunha metodologias para a sua incorporação, tratamento e divulgação. Até então, os APF, muito especialmente os das famílias
nobres de Antigo Regime, constituíam-se como prolíicos e quase exclusivos campos de estudos para a História,
a Genealogia, a Heráldica, para a elaboração de biograias ou para a edição de fontes, tendo sido produzidos
inúmeros resultados (hoje dispersos por revistas da especialidade), mas que são manifestamente insuicientes
para a compreensão do valor informativo que estes acervos encerram e, até, para o desenvolvimento de linhas
de trabalho sistemáticas.
Apesar de ainda hoje não ser consensual a sua constituição como fundos arquivísticos – o que em muito se deve
às concepções administrativistas provenientes do célebre manual dos arquivistas holandeses – veriicou-se, a partir do inal da década de 80, a um notável desenvolvimento teórico-metodológico que icou a dever-se, numa
primeira fase, a Pedro de Abreu Peixoto no âmbito do já extinto Instituto Português de Arquivos e, depois, com
a criação do “Grupo de Trabalho de Arquivos Pessoais e Familiares e Espólios” na Associação de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas. A publicação de diversos artigos e dos dois únicos manuais técnicos em língua
portuguesa, acompanhado do trabalho prático em contexto de Arquivo, tiveram o condão de alertar a comunidade portuguesa para a necessidade de salvaguardar estes acervos e de deinir um caminho a seguir.
A Universidade entrou em cena no debate teórico-epistemológico, que se mantém activo e dinâmico, espe32
cialmente através de Armando Malheiro da Silva que advogou uma perspectiva cientíica no âmbito de uma
Arquivística renovada entendia como ramo teórico-prático da Ciência da Informação. E o debate fez-se e faz-se,
diversiicando-se cada vez mais os protagonistas.
Temos vindo a defender que os APF constituem-se como conjuntos informacionais de difícil compreensão e tratamento devido às suas características intrínsecas, sendo que essa complexidade é exponenciada quando o produtor, pessoa singular ou membro de uma família, desempenha funções públicas, conservando em seu poder na
maior parte das vezes documentação pública, com tramitação burocrática na entidade em que prestou serviço.
Se por um lado, é evidente a complementaridade que estes acervos têm em relações aos institucionais que são
detidos pelos Serviços de Arquivo Públicos, por outro lado, revela que o processo de problematização e interpretação do fenómeno informacional atinge níveis de complexidade extremamente exigentes. A linha entre o
público e o privado é extremamente ténue, mas existe e deve estar presente na representação da informação
para ins de divulgação (RODRIGUES, 2008).
Neste ensaio, tendente a traçar um panorama evolutivo, mas não exaustivo, dos trabalhos em torno APF em Portugal, não podemos restringir a análise apenas às instituições arquivísticas. Devemos incluir, também, os centros
de documentação, as bibliotecas e os museus – estes últimos que foram, historicamente, as instituições pioneiras
no acolhimento de APF. Basta relembrar “o melhor amigo das bibliotecas”, o célebre Don Ferrante -com que
Umberto Eco deiniu um paradigma- “alguém que tem a sua biblioteca pessoal, que não precisa, portanto, de ir
à biblioteca e que, quando morre, a deixa em herança” (ECO, 1994). Na verdade, o processo de incorporação de
acervos pessoais e familiares (ou de parte deles…) inicia-se com as livrarias dos homens notáveis, no que foram
secundadas pelos museus que ao procederem à aquisição de colecções de artefactos tridimensionais constataram
que, não raras vezes, estas peças vinham acompanhadas de “papéis” manuscritos que, fugindo à sua esfera de
actuação, eram (e são) relegados para um plano secundário.
Todavia, o processo de autonomização e de especialização progressiva da Arquivística, da Biblioteconomia e
da Museologia, provocou a compartimentação estanque e a incomunicabilidade normativa entre si, ao arrepio
da tradição, por exemplo, dos Homens de Letras do Iluminismo, tão ciosos dos seus Gabinetes de curiosidades
históricas que conviviam intimamente com as suas livrarias e com os seus “papéis”. A normalização é, efectivamente, necessária no sentido de garantir a partilha de metainformação descritiva no âmbito nacional e internacional, mas deve garantir que a informação seja tratada de forma a proporcionar ao utilizador o acesso ao seu
contexto originário de produção e, caso se veriique, a correlação permanente entre manuscritos, impressos e
artefactos tridimensionais, garantindo assim a compreensão holística do acervo. Estudos recentes têm vindo a
demonstrar a existência de um conjunto signiicativo de elementos comuns entre a Arquivística, a Biblioteconomia e a Museologia (JUSTINO, 2012) e, como tal, defendemos que deve ser aprofundada essa comunicabilidade
no sentido de providenciar uma correcta representação do conhecimento, independentemente da forma, suporte ou técnica de registo da informação.
1. Um ponto de partida: uma abordagem comparativa aos APF nos Arquivos e Bibliotecas Portuguesas entre
1998 e 2017
Na sua tese de doutoramento intitulada “O acesso à informação nos Arquivos”, defendida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1998, e publicada em 2003, Fernanda Ribeiro apresenta um ponto da situação
exaustivo relativamente aos instrumentos de acesso à informação até então publicados no panorama português,
sendo de salientar dois importantes quadros para o tema que abordamos neste texto: um destinado aos Arquivos de Família, outro aos Arquivos de Pessoas (RIBEIRO, 1998).
A maioria destes acervos dotados de instrumentos de acesso à informação encontravam-se depositados em instituições públicas, sendo de salientar também a existência de conjuntos informacionais em posse de entidades
privadas.
Os instrumentos de acesso à informação então existentes, que haviam sido produzidos entre 1889 e 1996, eram
muito diversiicados na sua forma e substância, podendo ser encontrados catálogos, inventários, guias preliminares, roteiros, recenseamentos, simples relações de documentos, etc. e cujo critério de ordenação dos registos
oscilava entre o alfabético (incluindo aqui o antroponímico, o geográico, o ideográico e o onomástico), o
sistemático (classiicação genérica, classiicação temática ou orgânico-funcional), o cronológico, o numérico e o
topográico (RIBEIRO, 2013).
Num tempo em que estes instrumentos eram produzidos na sua quase totalidade em suporte papel, Fernanda
Ribeiro alertava para o impacto da mudança a breve prazo, com a automatização dos canais de difusão da informação arquivística, através das novas tecnologias de informação, que permitiriam a divulgação dos acervos
em maior escala, democratizariam o acesso à informação diversiicando o peril dos utilizadores e permitiriam às
instituições cumprirem a sua missão de divulgação da informação com custos signiicativamente mais baixos. E
esse tempo chegou. Pretendemos avaliar, tanto quanto possível, as mudanças que se veriicaram, decorridos que
são quase vinte anos, no tratamento e na divulgação dos APF nas instituições públicas portuguesas e aquilatar
33
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
o impacto das plataformas digitais de divulgação de informação que se tornaram no vértice incontornável do
trabalho de mediação desenvolvido pelos proissionais da informação (MALHEIRO, RIBEIRO, 2011).
E, como tal, elaboramos uma análise comparativa da informação disponível para o utilizador entre 1998 e Outubro de 2017. Contabilizamos o universo total de arquivos pessoais e familiares recenseados em 1998 e em
Outubro, mas para o presente exercício comparativo optamos por restringir a amostragem ao Arquivo Nacional/
Torre do Tombo, aos Arquivos Distritais (incluindo os de Braga e de Coimbra, dependentes das respectivas Universidades) e à Biblioteca Nacional.
E podemos retirar duas conclusões imediatas: a primeira, é que não há um aumento signiicativo de informação
disponível sobre os APF nos Arquivos Públicos portugueses; a segunda, é que, hoje como em 1998, os APF não se
coniguram como uma questão exclusiva das instituições arquivísticas, mas também das bibliotecas e, com toda
a certeza, dos museus e centros de documentação especializados.
É interessante veriicar que, em 1998, a quantidade de arquivos de pessoas (344) é mais do dobro dos arquivos de
família (148). Podemos, também, veriicar que, no conjunto total de APF, a Biblioteca Nacional detinha mais de
metade dos acervos (50,4%), relegando para segundo plano o então IANTT e o conjunto de Arquivos Distritais,
com 8,7% cada um, o que não deixa de ser surpreendente face à sua missão de salvaguardar e de dinamizar a
memória arquivística do país (ver gráicos 1 e 2).
No que diz respeito exclusivamente aos arquivos de família (ver gráico 1), veriicamos que se encontravam
maioritariamente dispersos por várias instituições (39,1%) – câmaras municipais, fundações, proprietários, etc. ,
sendo estas seguidas de muito perto pela Biblioteca Nacional (29,7%), pelo IANTT (30,3%) e pelo conjunto dos
Arquivos Distritais (10,8%) (ver gráico 1).
No que concerne aos arquivos de pessoas singulares (ver gráico 2), a Biblioteca Nacional continua a ser a instituição com maior percentagem de acervos (59,3%) – fruto da sua “Secção de Espólios”, depois transigurada em
Arquivo da Cultura Contemporânea Portuguesa – deixando a larga distância o então Instituto dos Arquivos Nacionais/ Torre do Tombo com 3,8%, e o conjunto dos Arquivos Distritais com 7,8%, sendo de realçar as restantes
instituições com 29 % do total de acervos desta natureza.
Chamando à colação apenas a Biblioteca Nacional, o IANTT e os Arquivos Distritais, veriica-se que, em 1998, existiam mais instrumentos de acesso do que acervos (ver gráicos 3 e 4): 134 instrumentos de acesso para 90 arquivos de família; e 275 instrumentos de acesso para 244 arquivos de pessoas singulares. Estes resultados indiciam a
confecção de instrumentos de acesso dos mais variados níveis (desde guias preliminares, inventários, catálogos,
etc.) destinados a cobrir totalidade de um acervo, apenas uma das suas séries ou até mesmo selecções temáticas,
podendo também coexistir vários instrumentos relativos a um único acervo.
Volvidos 14 anos, numa altura em que os instrumentos de acesso praticamente deixaram de ser editados em papel, conforme fora vaticinado, e as plataformas digitais se posicionaram como o ponto de contacto fundamental
entre o utilizador e a informação, procuramos saber se esse impacto tecnológico – que poderá se transformar
em determinismo tecnológico - provocou um aumento quantitativo da informação acessível para o utilizador,
considerando, para este efeito, desde a existência de um simples ponto de acesso on-line na plataforma digital
preferencial dessas instituições (como conirmação da presença do acervo na instituição) até aos catálogos mais
completos.
E constatamos, desde logo, a inexistência de informação on-line sobre Arquivos de Família na Biblioteca Nacional, o que provavelmente poderá icar a dever-se aos critérios de classiicação adoptados tendo em vista a
integração destes acervos no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, destinado a constituir-se como um
repositório de acervos de pessoas singulares, de homens e mulheres que deram um contributo indelével para a
airmação da Cultura Portuguesa (ver gráico 3), conforme veremos mais à frente. Nesta secção especializada,
veriicamos a existência e a aplicação de quadros de classiicação deinidos a priori, de pendor temático e de
aplicação transversal ao conjunto de acervos, independentemente do seu produtor ser uma pessoa singular do
do século XIX ou do século XX ou mesmo se a informação existente é produzida por uma entidade colectiva
que produziu informação nas gerações anteriores e posteriores ao membro da família que se pretende enaltecer. Deste modo, não se aigura difícil concluir que nestes procedimentos classiicativos existe uma valorização
qualitativa de apenas uma parte da informação em vez da classiicação integral do acervo, erguendo barreiras
extremamente complexas para o utilizador e deturpando a representação da informação ao anular os seus contextos genésicos.
No que diz respeito aos arquivos de família existentes no ANTT – hoje incorporado na Direcção-Geral do Livro,
Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) – regista-se um decréscimo da quantidade de instrumentos de acesso existentes,
mas em contrapartida constatamos a disponibilização on-line massiva de imagens digitais associadas à metainformação arquivística, que em muito facilitam o acesso pelo utilizador. Seria importante compreender se aquela
descida poderá ser explicada pela fusão dos vários instrumentos de acesso pré-existentes referentes ao mesmo
acervo, se foram elaborados de raíz novos instrumentos de acesso ou se os acervos ainda aguardam tratamento
arquivístico.
34
No que concerne aos Arquivos de Pessoas Singulares veriicamos, em Outubro de 2017, um aumento de informação disponível on-line no ANTT e nos Arquivos Distritais e um decréscimo na Biblioteca Nacional (ver gráico 4).
Neste âmbito, aguardamos com a maior expectativa a defesa da tese de doutoramento, agendada para muito
breve, desenvolvida na Universidade de Évora, de Zélia Cruz Pereira dedicada ao tema “O universo dos arquivos
pessoais: características, usos e valorização”, que pretende elaborar um recenseamento de entidades detentoras
portuguesas, bem como dos respectivos fundos e colecções pessoais, excluindo os do Antigo Regime.
Em todo o caso, deve ser salientado que na Rede Portuguesa de Arquivos veriicou-se, nestes últimos anos,
uma tendência crescente para a incorporação de novos arquivos privados, englobando os APF, não sendo de
menosprezar os argumentos invocados por Miriam Halpern Pereira no seu trabalho sugestivamente intitulado
“O Arquivo Nacional suspendeu as funções de Arquivo do Estado. Relexões de uma historiadora acerca da política de arquivos” (PEREIRA, 2016).
Todavia, veriicamos que, no âmbito das instituições arquivísticas públicas portuguesas, a disponibilização de
informação sobre APF é ainda muito incipiente quando comparada com outros Grupos de Arquivos. Tal poderá
estar relacionado com o quadro legislativo que deine as atribuições destas instituições, bem como a deinição
de prioridades de actuação, desde logo, as incorporações obrigatórias da administração central do Estado e da
administração central desconcentrada, para além dos arquivos judiciais e notariais, prescritas pelo decreto-lei nº
47/2004, de 3 de Março, que causa muitos constrangimentos à Torre do Tombo e à rede de Arquivos Distritais,
asixiando o seu normal funcionamento, sempre parco de recursos.
No actual quadro legislativo – composto pelo decreto-lei 103/2012 de 16 de Maio, que deine a lei orgânica da
Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB); pela portaria 192/2012 de 19 de Junho, que sistematiza
a estrutura nuclear dos serviços; e pelo despacho nº 9339/2012 que deine a estrutura das unidades orgânicas
lexíveis – os APF encontram-se englobados no conjunto de arquivos privados, de forma genérica e sem referência objectiva. Na verdade, não existem alterações substanciais ao decreto nº 16/93 que estabelece o regime geral
de arquivos e património arquivístico, e a lei 107/2001, de 30 de Agosto, que estabelece as bases da política e
do regime de protecção e valorização do património cultural. Pedro de Abreu Peixoto (2002) já os tinha considerado como um signiicativo conjunto de diplomas, embora salientasse que não existia um quadro especíico e
objectivo para os APF pelo que seria necessário proceder a uma relexão mais profunda neste âmbito, sob pena
de provocar um afastamento dos proprietários das instituições estatais.
A condição da DGLAB como entidade responsável pela política arquivística nacional determina que a sua inluência e autoridade sobre os privados seja exercida através da produção de normativas para o tratamento
arquivístico, da prestação de serviços de consultadoria e da oferta de formação especíica, podendo aceitar
doações, heranças, legados, dações, depósitos, incorporações, permutas ou reintegrações, mas também exercendo o seu direito de preferência em caso de alienação e podendo assumir um papel mais activo na defesa dos
arquivos privados que venham a ser classiicados devido ao contributo que possam conceder para a construção
da Memória Nacional.
Neste sentido, aigura-se como sendo da maior utilidade a competência consignada à Divisão de Normalização
e Apoio à Administração para a realização de diagnósticos destinados a garantir um conhecimento sobre o património arquivístico nacional e a manter um sistema de referenciação de entidades detentoras de património
arquivístico, sejam elas públicas ou privadas, singulares ou colectivas, que tem vindo a materializar-se na construção do Portal Português de Arquivos, bem como na construção do Ficheiro Nacional de Autoridades Arquivísticas
(LEROUX, 2012).
São de realçar, também, a diversiicação de serviços prestados à comunidade por parte dos Serviços de Arquivo
Públicos. São de salientar, a título de exemplo, a iniciativa do Arquivo Distrital do Porto denominada “Consultório no Arquivo”, que realiza sessões individuais e colectivas para o atendimento personalizado e gratuito, com
a presença de proissionais de arquivo e de conservação e restauro, tendo em vista a análise de documentos ou
esclarecimentos de dúvidas pontuais sobre tratamento técnico. É também de referir o modelo de parceria desenvolvido com os proprietários - inaugurado na década de 90 pelo Arquivo Distrital de Braga/ Universidade do
Minho e que ultimamente tem vindo a ser desenvolvido com sucesso pelos Arquivos Municipais de Vila Real e de
Ponte de Lima - no sentido de acolherem temporariamente a documentação para tratamento técnico, digitalização e divulgação de imagens digitais, sendo depois os originais devolvidos aos seus proprietários.
Estamos em crer, no entanto, que o quadro geral aponta para uma abordagem do Estado ainda incipiente e,
naturalmente, que face ao desenvolvimento do debate epistemológico que se desenvolveu desde os anos 90 e
que provocou uma intensiva e extensiva campanha de sensibilização, os proprietários de arquivos e outras instituições ganharam consciência da valia dos APF e procuraram alternativas.
35
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
/)#$ /665
* (/665+
/4.
/2.
/0.
/..
5.
4.
2.
0.
.
$
#$
! #
0)#$ /665
* (/665+
13.
1..
03.
0..
/3.
/..
.
3.
$
#$
36
! #
0(!" ! ).665*
()/-.4*
) &.665*
4-
3-
2-
1-
0-
/-
.-
-
!"
).665*
!"
'(
).665*
! (/-.4
).665*
#
!"
'(
).665*
! (/-.4
).665*
!"
'(
).665*
! (/-.4
1(!" ! ).665*
()/-.4*
) &.665*
/2-
/--
.2-
.--
2-
-
!"
).665*
'(
).665*
! (/-.4
!"
).665*
'(
).665*
! (/-.4
!"
37
#
!"
).665*
'(
).665*
! (/-.4
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
2. O posicionamento da Universidade como entidade promotora das práticas arquivísticas e da salvaguarda de
arquivos
Seria extremamente extenso traçar uma panorâmica geral da evolução da oferta formativa nos domínios da Arquivística e Ciência da Informação na Universidade portuguesa, desde os anos de 2000 até à actualidade.
De qualquer forma, podemos sustentar que as mudanças nos programas curriculares foram transversais a todas
as instituições de ensino superior, ainda que com algumas diferenças epistemológicas, contribuindo também
para esta mudança as impactantes determinações do processo de Bolonha.
Na sequência das alterações veriicadas, registou-se uma tendência assinalável para a realização de múltiplos estudos de caso envolvendo APF, maioritariamente nos segundo e terceiro ciclos (mestrado e doutoramento), para
além da crescente produção cientíica do corpo docente e dos investigadores, publicada em revistas nacionais e
estrangeiras.
Por outro lado, estas instituições de ensino superior diversiicaram a sua actuação, posicionando-se estrategicamente como entidades vocacionadas para a incorporação de acervos e para o estabelecimento de parcerias
tendentes a promover o tratamento de APF junto dos seus proprietários. Já não se trata apenas da tradicional
incorporação de bibliotecas pessoais dos seus mais distintos professores e investigadores, mas sim de arquivos de
personagens de relevo no panorama cultural e cientíico da área geográica de referência.
Para o presente texto, reservamos uma breve abordagem, a título de exemplo, de duas instituições que, em
nosso entender, têm dado um contributo determinante para o avanço do conhecimento em torno dos APF: a
Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa, em especial o Instituto de Estudos Medievais.
A partir de 2000, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto promoveu uma profunda alteração na sua
oferta formativa sendo de salientar o pioneirismo da Licenciatura em Ciência da Informação, ministrada conjuntamente com a Faculdade Engenharia da mesma Universidade (SILVA, RIBEIRO, 2002), sustentada numa nova
abordagem da Arquivística, enquanto ramo teórico-prático da Ciência da Informação (SILVA, 1999).
No mestrado em Ciência da Informação, entre 2000 e 2016, foram defendidas diversas dissertações, dedicadas na
sua maioria à organização do conhecimento, especialmente à elaboração de quadros orgânico-funcionais que
contextualizam a informação existente nos acervos (VENTURA, 2011; OLIVEIRA, 2009; SARAIVA, 2012; PACHECO, 2013; MARQUES, 2016) e ainda um consistente estudo sobre a preservação digital aplicada aos arquivos de
arquitetos (SILVA, 2016).
Mas é sobretudo no Mestrado em História e Património (MHP), mais concretamente no Ramo de Arquivos Históricos, ministrado pelo Departamento de História, Estudos Políticos e Internacionais, que os APF têm sido abordados com maior regularidade. São de salientar um estudo de caso dedicado aos APF em Portugal e na Galiza
(ARCAY BARRAL, 2014), sendo os restantes dedicados à representação da informação, chegando por vezes a
incluir o tratamento descritivo de unidades informacionais simples e compostas recorrendo a plataformas digitais tendo em vista a sua posterior divulgação (MAIO, 2009; CORREIA, 2009; MOREIRA, 2012; CARDOSO, 2013;
MENDES, 2015; MAIA, 2016). Ainda no âmbito do MHP, deve ser salientada a abordagem à fotograia como
parte integrante de um arquivo familiar (COSTA, 2014) e outra dedicada à contextualização de artefactos museológicos, neste caso a escultura, tendo como elemento preponderante para a contextualização das peças o
arquivo manuscrito (SANTOS, 2012).
No programa doutoral em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais (ICPD), ministrado conjuntamente pela Universidade do Porto e pela Universidade de Aveiro, deve ser salientada a defesa de uma tese dedicada
ao tema da Folksonomia em arquivos de arquitectos, tendente a avaliar o contributo do utilizador para a identiicação de unidades informacionais disponíveis on-line e de que forma esses dados podem ser transformados
em conhecimento útil pelo proissional da informação tendo em vista a melhoria qualitativa das pesquisas desenvolvidas por outros utilizadores (SANTOS, 2016).
Estamos em crer que seria da maior utilidade que estes estudos, nomeadamente os que produziram quadros
orgânico-funcionais, identiicaram séries e, até, elaboraram inventários e/ou catálogos, fossem disponibilizados numa plataforma digital comum, agregadora, dinâmica e interactiva, no sentido de consolidar o trabalho
desenvolvido pela Faculdade, potenciando assim a divulgação de resultados e evitando que os mesmos estejam
exclusivamente disponíveis em suportes estáticos no repositório institucional académico. Ao facilitar o acesso,
corolário lógico do investimento intelectual realizado, consolidaria também o papel que todas entidades envolvidas têm vindo a realizar.
Mas a intervenção da Faculdade de Letras da Universidade do Porto não se detém exclusivamente na realização
de estudos de caso, mas também na sua predisposição recente para acolher arquivos de pessoas e para o estabelecimento de protocolos com outras instituições no sentido de desenvolver projectos de tratamento arquivístico.
Neste propósito, deve ser realçada a criação do Centro de Estudos da Cultura em Portugal da Universidade do
Porto (CECUP), um serviço especializado ainda em fase de instalação, que pretende “acolher e proceder ao tratamento técnico de acervos documentais para a cultura e literatura portuguesas, que sejam doados ou depositados
38
na FLUP”, mas também apoiar, em articulação com as unidades de investigação e desenvolvimento, a investigação e o estudos dos legados, estimulando perspectivas multidisciplinares e evidenciando a relevância cultural
dos autores e dos seus textos, tanto no plano nacional como internacional. De entre os legados já incorporados
devem ser salientados o do político e escritor Vasco Graça Moura (1942-2014), parte do acervo de Óscar Lopes
(1917-2013), e a digitalização de documentos inéditos de Herberto Hélder (1930-2015).
Reira-se que esta tendência é também seguida pela própria Reitoria da Universidade do Porto que acolhe a
Fundação Instituto Marques da Silva destinada a salvaguardar, tratar e disponibilizar arquivos de arquitectos
formados na “Escola do Porto”. Também a Universidade de Coimbra, através do Centro de Documentação 25 de
Abril, pretende dar visibilidade aos arquivos privados da democracia portuguesa.
O Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
(FCSH-UNL) tem vindo, desde há uns anos a esta parte, a desenvolver um projeto coordenado por Maria de
Lurdes Rosa em torno dos arquivos de família, especialmente de famílias nobres de Antigo Regime. Com um
enquadramento na Arquivística Histórica, portanto na conluência dos saberes arquivístico e historiográico, e
inluenciada pela Archival Science de Terry Cook, Eric Ketelaar, Joan Schwartz e outros, constitui-se como um
consistente grupo de trabalho, desenvolvendo várias parcerias com instituições portuguesas e estrangeiras.
O projecto visa “estimular e dar visibilidade aos Arquivos de Família – enquadrados no universo mais amplo dos
“arquivos de comunidade(s)” – fomentando iniciativas nas vertentes da investigação histórica, organização de
arquivos, defesa patrimonial e impacto social da ciência”. Desenvolve investigação em história da família como
organização, história social e cultural dos Arquivos e história da Arquivística; organiza arquivos de família e de
comunidades; oferece consultadoria sobre formas de preservação da memória e património histórico e familiar;
e organiza diversas iniciativas sobre história, arquivos e memória de famílias, empresas familiares, membros notáveis das famílias, etc.
O âmbito do estudo centra-se, como já referimos, nas famílias da elite nobiliárquica entre os séculos XV e XIX,
por três ordens de razões: 1) epistemológica,, porque são estes acervos locais de investigação propício dado o seu
carácter estruturado e fortemente identitário da organização familiar nas suas múltiplas vertentes; 2) patrimonial, focando arquivos detidos por privados ou depositados em arquivos públicos, “mas em ambos os casos mal
estudados, ou mesmo em risco de dispersão”; e 3) académica, com a realização de estudos de caso, seja através
de dissertações de mestrado, teses de doutoramento ou conferências, exposições e artigos cientíicos publicados
em revistas da especialidade portuguesas e estrangeiras.
De entre as actividades desenvolvidas salientam-se os projectos INVENT.ARQ, o programa ARCHIFAM, a realização de colóquios nacionais e internacionais, a edição de monograias, a realização de dissertações de mestrado
e de teses de doutoramento, a publicação de artigos cientíicos em revistas da especialidade e a disponibilização
de bases de dados on-line.
O projecto “INVENT.ARQ – Inventários de arquivos de família, séculos XV-XIX: da gestão e prova a memórias
perdidas. Repensando o arquivo pré-moderno” (ROSA, 2015), tem vindo a ser desenvolvido em parceria com
o CHAM-Centro de Humanidades, com o Instituto de Investigação Cientíica e Tropical e com a participação da
Casa de Velázquez, em Madrid, e do Laboratoire de Récherche Identités, Territoires, Expressions, Mobilités da
Université de Pau et des Pays de l’Adour. Pretende estudar historicamente o contexto de produção e de uso dos
inventários de arquivos de famílias nobiliárquicas de Antigo Regime; descrevendo-os “diplomática e arquivisticamente” e disponibilizando uma base de dados em linha. Outro dos objectivos é a caracterização dos arquivos
na Europa pré-Moderna no sentido de “interrogar a montante a construção da História, a partir daquilo que a
mesma sempre indicou como garante do seu carácter não-construído, verídico, decalcado do real: o arquivo, o
depósito de fontes. A identiicação do arquivo como local não neutro, ideológico e analisável, e dos arquivistas
como mediadores ativos, e não simples transmissores do material do passado aos historiadores e às administrações”.
O Programa “ARCHIFAM – Arquivos de Família na Península Ibérica (inais do século XIII – Início do século XVIII)”,
desenvolvido entre 2013 e 2015, estabeleceu uma rede de trabalho franco-ibérica, no sentido de confrontar
metodologias de trabalho, e propôs-se a “estudar o processo de constituição dos documentos em arquivo, nomeadamente aqueles relativos à história, aos direitos e à memória das famílias nobres e aristocráticas e ainda,
se as fontes o permitirem, das famílias mercantis ou mesmo camponesas”. Promoveram-se diversos seminários,
ateliers doutorais e jornadas de estudo realizadas em Portugal, Espanha e França, abordando temas como a
génese dos arquivos de família; os Arquivos Reais como arquivos de família ou como arquivos do Reino; grupos
sociais e construção da memória; lógicas de produção e conservação de arquivos; inventários; convergência do
património e a documentação, entre outros temas.
O grupo de trabalho inclui investigadores e formandos inseridos em unidades de investigação da FCSH-UNL e/
ou ligados às ileiras da formação pós-graduada em Ciências da Informação e da Documentação e em História/
Arquivística Histórica, alguns dos quais têm vindo a produzir estudos de caso no âmbito de dissertações de
mestrado (MARQUES, 2014) ou de teses de doutoramento (NÓVOA, 2015; SOUSA, 2017) ou artigos cientíicos
(ROSA, 2009), mas também uma interessante monograia intitulada “Arquivos de família: memórias habitadas.
39
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
Guia para a salvaguarda e estudos de um património em risco”, essencialmente dirigidos aos proprietários dos
acervos (ROSA, 2014).
Nas outras iniciativas deve ser realçado a realização do Congresso “Arquivos de Família, séculos XIII-XX: que presente, que futuro?”, realizado em 2011 e cujas atas foram editadas no ano seguinte, e que fornecem uma visão
poliédrica, bastante pertinente, do estudo dos APF em Portugal, seja no domínio da Arquivística, da Arquivística
Histórica e, ainda, da História, da Heráldica e da Diplomática. Na sequência deste evento, realizou-se o Encontro
Internacional “História dos Arquivos e da Informação: um campo de investigação”, que decorreu em 2012, na
Torre do Tombo e na Fundação da Casa Mateus – e em cuja organização tomámos parte activa.
No campo historiográico, mas fortemente implantado nos arquivos pessoais e familiares locais, tem vindo a
ser desenvolvido, desde 1989, o projecto “Casas Armoriadas do concelho de Arcos de Valdevez”, coordenado
por Armando Malheiro da Silva, Luís Pimenta Damásio e João Carlos Gachineiro, contando já com seis volumes
publicados e estando o sétimo em preparação, seguindo uma metodologia delineada por Carlos de Azevedo
na sua magistral obra “Solares portugueses”, editada em 1969. Este projecto deu origem ao “Congresso Internacional da Casa Nobre”, de periodicidade bienal, e que em 2017 realizou a sua V edição, consagrada ao
“estudo da memória, arquivo, heráldica, genealogia, defesa e valorização do património construído, turismo e
desenvolvimento regional, entre outros”. Contendo mais de uma centena de comunicações, são de salientar os
painéis dedicados à “Memória Histórica: História da Família, Genealogia, Documentação Familiar e Heráldica”
e aos “Arquivos e documentação familiares”, espaço privilegiado de debate em torno dos APF, onde se cruzam
abordagens metodológicas provenientes dos mais variados quadrantes, desde os proissionais de informação,
aos proprietários e aos investigadores universitários.
3. O surgimento das associações de protecção e de salvaguarda, os proprietários e as linhas de apoio inanceiro
Como já referimos, entre 1994 e 2002, a Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivísticas e Documentalistas
(BAD) criou no seu seio um grupo de trabalho intitulado “Arquivos de Família, Pessoais e Espólios”, sendo o seu
coordenador Pedro de Abreu Peixoto, que gizou um plano de trabalho, que anos mais tarde viria a considerar
como tendo sido demasiado ambicioso, mas que desenvolveu uma abordagem teórica relevante para o despertar de consciências relativamente a este grupo de arquivos (PEIXOTO, 2002). Em 2002 o grupo de trabalho encontrava-se praticamente em inactividade e daí até à sua extinção foi um passo. Consideramos, tal como Pedro
de Abreu Peixoto defendera em 2002, que a sua revitalização no seio da BAD, poderia ser determinante para
a deinição de estratégias de actuação, no sentido de promover a salvaguarda, o tratamento e a divulgação da
informação que encerram, não só, os APF depositados em instituições públicas, como também aqueles que ainda
se encontram na posse das Famílias e Pessoas.
Em 2010, surgiu a Associação Portuguesa dos Arquivos Históricos Privados que “pretende ser a representante
institucional dos [arquivos] privados portugueses, apoiar os seus detentores na conservação, preservação e divulgação dos seus fundos e colecções”.
Com um cunho marcadamente aristocrático, movimentando-se no campo dos arquivos de famílias nobres do Antigo Regime, a Associação tem “por objecto o estudo, promoção e desenvolvimento de todo o tipo de iniciativas
que ajudem os associados a preservar, proteger, tratar e dar a conhecer, sempre que possível, os arquivos privados, contribuindo para a pesquisa histórica e consequente utilização do património cultural português”, através
da sensibilização dos proprietários para a importância do seus arquivos, do encorajamento da sua conservação
e manutenção em moldes adequados, da promoção de serviços nomeadamente a organização, catalogação e
disponibilização de APF. Pretende igualmente criar uma rede de arquivos privados, proceder à elaboração de um
censo – algo que tem vindo a ser repetidamente invocado, ao longo dos anos, por vários investigadores – bem
como proceder ao estabelecimento de protocolos com as Universidades que possibilitem a abertura dos arquivos
privados para a elaboração de mestrados, doutoramentos e outros trabalhos de investigação.
A Associação tem vindo a organizar um ciclo de conferências dedicado aos APF com o subtítulo “Património,
Memória e Conhecimento” – em cuja organização colaboramos – tendo a sua primeira edição decorrido em
2015, em Ponte de Lima, dedicada ao “Estado da questão”; e a segunda, em 2016, na Universidade de Coimbra,
dedicada ao tema “O arranjamento dos arquivos: preservação e tratamento de arquivos pessoais e de família”,
entendendo-se por “arranjamento” – expressão consagrada pelo Cardeal Saraiva e demais cartorários do na viragem para o século XIX – como a abordagem aos dispositivos teórico-metodológicos que presidem à classiicação
destes arquivos.
Também é cada vez mais notório que os proprietários consciencializaram-se da importância dos seus acervos e
procuraram obter apoios inanceiros que lhes permitissem desenvolver os seus próprios projectos de salvaguarda.
A Fundação da Casa de Mateus é um exemplo dos resultados alcançados (SILVA, 2007; RODRIGUES, 2012; RODRIGUES, 2013). Entre 2001 e 2007, através do Programa Operacional de Cultura, ao abrigo do FEDER, desenvolveu
três projectos: um dedicado ao tratamento e digitalização do Arquivo – coordenado cientiicamente por Armando Malheiro da Silva; um de restauro das colecções bibliográicas; e outro de recuperação e melhoramento
40
dos espaços expositivos. No que diz respeito ao Arquivo, resultaram do projeto a produção de cerca de 850 mil
imagens digitais, para além do catálogo parcial em livro e de um CD-Rom com a perspectiva integral do acervo
da família instituidora da Fundação. Permitiu também lançar as bases de um Serviço de Arquivo que hoje opera
de acordo com as boas práticas comumente aceites pela comunidade arquivística nacional e internacional, acompanhando a dinâmica da Casa, monumento nacional desde 1910. É de realçar ainda a organização de seminários
e workshops, nomeadamente o que decorreu em junho de 2013, dedicado ao tema “Os Arquivos pessoais e
familiares. Da representação da informação ao acesso”, com coordenação cientíica de Armando Malheiro da
Silva e de Abel Rodrigues.
Também a Fundação Inês de Castro tem vindo a tratar o arquivo da Família Osório Cabral de Castro, que se radicou em Coimbra e instituiu aquela Fundação, disponibilizando uma base de dados em linha (JÚDICE, 2015).
Mas outros exemplos podem ser invocados, nomeadamente a Fundação Mário Soares que, desde 1996, dinamiza
um serviço de Arquivo e Biblioteca, inicialmente constituído a partir do arquivo pessoal do seu patrono e posteriormente enriquecido com numerosos outros acervos dedicados à temática do republicanismo e da democracia
portuguesa no pós-25 de Abril; ou ainda de investigadores como José Pacheco Pereira que, a suas expensas,
constituiu a “Ephemera”, transformada recentemente em associação cultural, que reúne o seu arquivo e biblioteca pessoais e que ultimamente tem-se dedicado à recolha, tratamento, inventariação e divulgação on-line de
extensíssimas quantidades de fontes sobre a história cultural, social, económica e política de Portugal e internacional, numa perspectiva comparada.
Por outro lado, correspondendo aos anseios de proprietários e de outras entidades detentoras de APF, as instituições mecenáticas criaram linhas de apoio inanceiro que se revelaram decisivas para a dinamização destes acervos. Merece particular destaque a Fundação Calouste Gulbenkian – que, com a “clara importância que reconhece
a esta actividade de salvaguarda e divulgação do património cultural existente no nosso país” e pretendendo
dar um contributo decisivo para a defesa de arquivos privados de relevante interesse histórico, cultural e cientíico – promoveu o concurso anual “Recuperação, tratamento e organização de acervos documentais”, ao abrigo
do seu programa “Qualiicação das novas gerações”, acolhendo candidaturas individuais ou em associação, de
pessoas colectivas, públicas ou privadas sem ins lucrativos e legalmente reconhecidas.
Assim, entre 2008 e 2016, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu um total de 131 subsídios até ao montante
máximo de 15 mil euros por candidatura. Quarenta e sete desses subsídios foram destinados a APF (ver tabela
1), a que se acrescentaram dois subsídios extraconcurso atribuído em 2009. Calcula-se que o investimento global seja superior a 1,5 milhões de euros, sendo certo que uma grande parte do mesmo foi canalizada para a
digitalização de acervos, entendida não somente como uma estratégia de preservação – no sentido de evitar o
manuseamento dos originais – mas essencialmente como um forte estímulo à disseminação das imagens digitais
associadas à metainformação descritiva.
Tabela 1 – Subsídios concedidos pela Fundação
Calouste Gulbenkian
(Fonte: FCG - Relatórios de Actividades e Contas, 2008-2016)
Ano
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Totais
Subsídios
aprovados
8
11
15
18
17
14
16
16
16
131
Subsídios
para APF
2
3
6
10
3
5
4
9
5
47
Seria interessante compreender se os resultados dos projectos desenvolvidos se encontram disponíveis para os
utilizadores, através de uma plataforma digital agregadora ou até de um simples directório, dinamizado pela
entidade mecenática, que facilitasse o acesso à informação de todos os acervos pelos utilizadores.
41
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
4. As práticas nos Arquivos, nas Bibliotecas e nos Museus
Consideramos que as práticas de classiicação e de descrição dos APF continuam a ser o ponto nevrálgico da
questão.
Como já referimos, o momento de charneira na abordagem aos APF em Portugal foi suscitado pela comunicação
de Olga Gallego Dominguez no 2º Congresso Nacional da BAD, organizado em Coimbra, em 1987. Poucos anos
depois, considerava-se que os arquivos de família em Portugal se encontravam “numa situação de urgente intervenção seja para reconhecimento dos fundos existentes, seja em ordem à organização, descrição e preservação
das espécies documentais” (PEIXOTO, 1991).
Na verdade, foi no hoje extinto Instituto Português de Arquivos, que se lançou o primeiro manual de arquivos
de família (PEIXOTO, 1991; PEIXOTO, 2013), com o subtítulo de “Orientações para a organização e descrição dos
Fundos dos Arquivos de Família” que detinha uma forte componente no processo de classiicação da documentação, especialmente na elaboração de quadros de classiicação, na constituição de secções, subsecções, séries
e subséries, fornecendo importantes sugestões para a elaboração de guias, inventários, catálogos e índices,
acompanhado de instruções para o preenchimento de folhas de recolha de dados dos diversos níveis hierárquicos para aplicação na plataforma digital ARQBASE. Constituindo-se como um importante testemunho de um
tempo de trabalho ainda incipiente, o manual teve o condão de despertar consciências para o universo dos APF.
Este manual constituir-se-ia como a base fundamental de um outro publicado em 1996, intitulado “Arquivos de
família: organização e descrição”, da autoria de Pedro Abreu Peixoto, Manuel Silva Gonçalves e Paulo Mesquita
Guimarães (GONÇALVES, 1996).
A partir daí começou a sentir-se alguma efervescência na abordagem a estes arquivos, devendo-se, nos quinze
anos subsequentes, sobretudo a Pedro de Abreu Peixoto – inluenciado por Françoise Hildescheimer e por Borja
de Aguinaglade – o ónus de alertar continuamente a comunidade arquivística para a salvaguarda, tratamento
e difusão destes acervos, abordando diversas subtemáticas da maior importância, como a normalização da descrição arquivística (Peixoto, 1999), a importância dos proissionais de arquivos serem capazes de deinir um
valor para os APF evitando o comércio e dispersão dos mesmos (1995), a criação de uma política nacional para
os arquivos de família, na linha da integração dos APF na política de bens culturais nacionais defendida por
Borja de Aguinagalde, recomendando para o efeito a deinição objectiva do conceito de Arquivos de Família, o
recenseamento dos arquivos à escala nacional, várias medidas para a sua aquisição, difusão e acessibilidade e a
constituição de um corpus legislativo que incida de forma mais especíica sobre estes acervos (PEIXOTO, 2002).
Em 1994, seria criado pela Associação de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, um grupo de trabalho
especíico sobre APF que esteve em actividade pelo menos até 2002 (Peixoto, 2000). E mais tarde, em 2007, o
grupo de trabalho da BAD dedicado aos Arquivos Municipais organizou um encontro em Vila Real, subordinado
ao tema Fundos privados em Arquivos Municipais: Perspectivas e Projectos, recomendando não só o tratamento
de divulgação dos acervos que tinham à sua guarda, mas também defendendo o estabelecimento de parcerias
com os detentores destes acervos.
De entre as realizações do grupo de trabalho, é de salientar a organização de um seminário em Vila Real, em
1997, no seio do qual se assistiu a um estimulante debate entre a Arquivística tecnicista, de pendor historicista,
liderada por Abreu Peixoto, e uma perspectiva cientíica advogada por Armando Malheiro da Silva. A comunicação então apresentada por Armando Malheiro preparada nas vésperas da publicação do já citado Arquivística
1 – constituiu-se como a base do texto seminal que deu à estampa em 2004, abordando as bases cientíicas para
a aplicação do modelo sistémico e interactivo aos arquivos familiares e pessoais.
Por um lado, Peixoto apesar de ressalvar que cada caso é um caso e chamando à colação a importância de genealogia como factor primordial para o conhecimento evolutivo das dinâmicas internas das famílias e das pessoas,
sustentava a aplicação de quadros de classiicação-tipo, deinidos a priori e enraizados nos princípios fundamentais da Arquivística clássica, como o princípio da ordem original e o princípio da proveniência. Mas, na realidade,
se o princípio da proveniência é, antes de mais, uma questão de bom senso, o princípio da ordem ordem original
é, a nosso ver, totalmente incompatível com a aplicação de quadros de classiicação-tipo deinidos para serem
aplicados transversalmente a todos os APF, especialmente os das Famílias nobres do Antigo Regime.
Por outro lado, Armando Malheiro da Silva defendeu uma perspectiva cientíica – que subscrevemos – de uma
Arquivística, ramo teórico-prático de uma Ciência da Informação, dotada de um método, que
[…] investiga as propriedades e o comportamento da informação, as forças que regem o luxo informacional e os meios de processamento de informação para a optimização do acesso e uso. Está relacionada com
um corpo de conhecimento que abrange origem, colecta, organização, armazenamento, recuperação,
interpretação, transformação e utilização da informação (BORKO, apud SILVA, 2004:23).
Portanto, é a acção humana e social que gera e contextualiza a informação registada ou codiicada num suporte, a qual está intrinsecamente ligada ao binómio informação-comunicação (SILVA, 2006:81-109), sendo por isso
dinâmica, quantiicável, reprodutível e transmissível (SILVA, 2002:42). Logo, a informação encontra-se intimamente ligada à preponderância do contexto envolvente e aos objectivos da acção.
42
Assim sendo, o Arquivo é “um sistema (semi)fechado de informação social materializado em qualquer tipo de
suporte, conigurado por dois factores essenciais – a natureza orgânica (estrutura) e a natureza funcional (serviço/uso) – a que se associa um terceiro – a memória – imbricado nos anteriores” (SILVA, et al., 1999: 214). Quanto
ao factor estrutura orgânica, o arquivo/sistema de informação pode ser unicelular ou pluricelular (SILVA et al.,
1999, p.214-215) e no que concerne ao factor serviço/uso poderá ser centralizado ou descentralizado (SILVA et
al., 1999, p.215).
Neste sentido, importa referir que contexto é um conceito que se deine
como uma unidade agregadora de elementos materiais (um edifício, um ou mais aposentos quaisquer que
constitui cenário para a acção info-comunicacional), tecnológicos (mobiliário, material de escritório, computadores com ou sem ligação à Internet, etc.) e simbólicos (o estatuto e os papéis desempenhados pelas
pessoas ou actores sociais) que envolvem o(s) sujeito(s) de acção info-comunicacional através de momentos circunstanciais delimitados cronologicamente (situação). Engloba dois tipos essenciais: o orgânico e o
efémero. O contexto orgânico pode ainda ser institucional (em que a unidade agregadora é determinada
estruturalmente por uma instituição pública ou privada, mas com aparelho político administrativo) e informal (em que a unidade agregadora é determinada estruturalmente por entidades individuais e colectivas,
sem ou com reduzido aparato burocrático e de génese e extinção rápidas. (SILVA, 2006:144-145).
Consentindo na existência de uma permanente correlação entre as partes (os membros) e o todo (a família),
emergiu a orgânica familiar que sustenta a estrutura interna de um Sistema de Informação que se entende como
uma totalidade formada pela interacção dinâmica das partes, ou seja [que] possui uma estrutura duradoura com
um luxo de estados no tempo (SILVA, 2006:162).
Assim, no caso vertente dos APF
“estamos perante um Sistema de informação organizado ou operatório, cujo pólo estruturante e dinamizador é uma entidade – Família e Pessoa, cada qual com estrutura própria e acção ixada sempre por objectivos diversos, uns perenes e outros mutáveis. Aplica-se, assim, a teoria sistémica devidamente adaptada
à ontologia do fenómeno informacional (...)” (SILV A, 2004: 60).
É essencial referir-se que que os proissionais da informação trabalham hoje sobre uma herança complexa no
que aos APF (e não só…) diz respeito. As metodologias de incorporação de APF durante o século XX assentaram
em lógicas confusas, como tivemos a oportunidade de demonstrar no trabalho intitulado “Os Arquivos Pessoais
e Familiares do Arquivo Distrital de Braga/Universidade do Minho. Uma visão sistémica” (RODRIGUES, 2011), mas
que eram perfeitamente enquadradas num paradigma custodial e patrimonialista (RIBEIRO, 2008).
Podemos referir, a título de exemplo a questão do “Fundo Barca-Oliveira”, composto por manuscritos e impressos, que foi incorporado na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga em 1926. Os manuscritos icaram a
cargo do Arquivo Distrital e os impressos a cargo da Biblioteca Pública de Braga, que inclusivamente criou no
seu seio uma “Secção de Manuscritos” e direcionou, ainda, para a sua “Secção de Reservados” alguns livros que
pertenciam ao Fundo “Barca-Oliveira”. Poucos anos depois, com a cisão entre as duas instituições, o arquivo
manuscrito e a “Secção de Manuscritos” icaram deinitivamente no Arquivo Distrital e os impressos icaram no
acervo da BPB, que sendo tratados separadamente deram origem à quebra de vínculos orgânicos entre os dois
núcleos informacionais e contribuíram decisivamente para a anulação da compreensão holística do acervo (RODRIGUES, 2011). Ultimamente, em 2017, assistimos a uma nova etapa deste processo com a deslocação do ADB
para um novo edifício, o que veio adensar, ainda mais, a separação física e intelectual do acervo.
Por outro lado, a constituição de núcleos especializados ou até mesmo de Serviços de Arquivos e de Centro de
Documentação vocacionados para a salvaguarda e divulgação de informação relacionada com temáticas especíicas pode condicionar, à partida e de forma indelével, a classiicação dos acervos que essas mesmas instituições têm à sua guarda, provocando efeitos nefastos na representação do conhecimento. Podemos referir, como
exemplo, o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (ACPC) criado na Biblioteca Nacional e que desenvolve uma gestão meramente literária dos acervos pessoais e familiares, fortemente condicionada pelo primado
do livro e do impresso. A Arquivística Literária é profundamente contagiada pelas metodologias de catalogação
e de divulgação dos acervos exclusivamente bibliográicos e consignam ao tratamento de arquivos manuscritos
uma instrumentalização puramente literária, relectida nos quadros de classiicação-tipo que submete toda a
informação constante num acervo à primazia da actividade literária do seu produtor, olvidando a restante documentação e os seus sucessivos e concomitantes contextos de produção (BIBLIOTECA NACIONAL, 1999).
A própria categorização do conjunto total de acervos é ambígua dividindo-se em “I. Espólios”, “II. Colecções”,
“III. Depósitos”, “IV. Autógrafos avulsos” e “V. Acervos em microilme”, sendo certo que a distinção entre os
dois primeiros grupos reside nas características dos acervos; no terceiro grupo reúnem-se os espólios literários
recebidos para tratamento documental, mas que regra geral continuam a ser propriedade privada; o quarto, é
constituído por peças ou núcleos de documentação esparsa; e a categorização do quinto grupo, claro está, prende-se com o suporte documental.
43
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
Devemos salientar o tratamento privilegiado, ou seja a digitalização e disponibilização do acervo - compreensivelmente consignado a diversos “espólios” e “colecções” de escritores, como por exemplo o de José Saramago
(1922-2010), Prémio Nobel da Literatura; Fernando Pessoa (1888-1935); Antero de Quental (1842-1891); e a
colecção Florbela Espanca (1894-1930). Para além, das digitalizações, são de referir as “Edições digitais”, num
modelo que oscila entre o das obras completas e da integração e disponibilização de vasta panóplia de recursos
imprescindíveis para compreender o Homem e o seu tempo, de vários outros escritores e intelectuais incontornáveis na Cultura portuguesa como, por exemplo, Rómulo de Carvalho (1906-1977), Almeida Garrett (1799-1854),
Eça de Queirós (1845-1900) e Vitorino Nemésio (1901-1978).
A constituição de um núcleo com as características do ACPC poderá promover a transferência interna de acervos
para outras “colecções”, sejam elas “especiais” ou “gerais”, categorizações suicientemente abrangentes para
incluir acervos produzidos por pessoas e famílias. Por esse motivo, encontram-se na Biblioteca Nacional dois
outros grupos designados de “Colecções Especiais” – subdivididas em “Colecções e arquivos de Instituições” e
“Colecções e espólios de compositores e músicos”, sendo esta última composta por arquivos pessoais como os do
Conde de Redondo, Ivo Cruz (1901-1985) e João Domingos Bontempo (1775-1842), o espólio Augusto Machado
(1845-1924) e Viana da Mota (1868-1948), etc. – e as “Colecções gerais”, compostas por impressos e manuscritos,
integrando estes últimos os acervos de Ernesto Vieira (1848-1915), Luciano Xavier dos Santos (1734-1808), João
de Sousa Carvalho (1745-1797/98), entre outros.
Compreendemos a necessidade de categorizar por temáticas – presididas por lógicas facilitadoras do tratamento
documental e, consequentemente, propiciadoras de uma maior celeridade na sua divulgação para satisfação do
utilizador – mas, entendemos, que a entidade produtora seja escritor, poeta ou romancista, intelectual, proissional liberal, médico, advogado, arquitecto ou músico é, antes de mais, uma pessoa, um indivíduo, que não nasce
de geração espontânea, que tem um pai e um mãe biológicos, e que tem múltiplos interesses ao longo da sua
vida e desenvolve actividades que carecem de contextualização, devendo estas circunstâncias estarem presentes
no processo de classiicação do acervo.
Naturalmente, que esta questão não se coloca apenas na Biblioteca Nacional, mas também nos acervos que
deram origem a Serviços de Arquivos Especializados, como o Centro Português de Fotograia ou centros de
documentação como, por exemplo, o Centro de Documentação 25 de Abril ou até mesmo a fundações, como a
Fundação Mário Soares, tendentes a constituírem-se como “repositórios” de documentação dedicada uma única temática. Também na Biblioteca Pública Municipal do Porto os arquivos pessoais encontram-se no chamado
“Museu de Autógrafos”, havendo documentação de muitos escritores, que mais não são do que acervos pessoais.
Num âmbito mais lato, podemos referir que o posicionamento da Arquivística como campo de estudo independente da História promoveu o surgimento de novos campos de estudo e, também, a concepção e implementação
de um conjunto de instrumentos tendentes a normalizar a classiicação e representação da informação para ins
de acesso e uso pelos utilizadores. E reira-se que na maior parte dos casos é em cima da amálgama incorporacionista que acabamos de referir que estes instrumentos vão ser aplicados.
Assistimos hoje no panorama português à coexistência de deinições díspares para os APF, o que irá condicionar
fortemente o tratamento da informação para posterior divulgação e acesso. Em primeiro lugar, deve ser salientada que uma grande parte dos exemplos que consultamos nas instituições públicas segue o conceito de fundo
prescrito, por exemplo, por Ivone Alves (1993: 12), mas veriicamos também a utilização do conceito de colecção
– negando aos APF a condição de fundos documentais – ou até mesmo de colecções orgânicas (PEIXOTO, 2002),
de agregações documentais (BURGUETTE, VIEIRA, 2011) ou de sistemas de informação (SILVA, 2004), este mais
frequente em exemplos práticos desenvolvidos em ambiente académico.
Mas subscrevemos a posição de Fernanda Ribeiro (2013) ao
Airmar que todo e qualquer instrumento de acesso à informação arquivística deve tornar inteligível o
contexto de produção dos documentos é algo que os arquivistas aceitam como inquestionável. Porém, na
prática, os instrumentos produzidos não seguem este princípio. Grande parte dos instrumentos que analisámos limitam-se a ordenar as unidades de descrição segundo um critério lógico (alfabético ou cronológico, na maioria dos casos) que, além de não traduzir a estrutura orgânico-funcional do arquivo, distorce a
própria realidade arquivística, pois perde-se a compreensão do contexto em que as unidades arquivísticas
descritas foram produzidas e organizadas. (…)
Tomemos como exemplo a classiicação desenvolvida, entre 1997 e 1998, pelo Arquivo Distrital do Porto em
torno do arquivo pessoal do escritor Eça de Queirós, da família Eça de Queirós (condes de Resende), e o arquivo
pessoal de António Eça de Queirós, e que estão disponíveis em linha. Os três núcleos documentais encontravam-se localizados no mesmo edifício – a Casa de Tormes, em Baião, aliás onde hoje se encontram à guarda da
Fundação – e apesar de serem evidentes as ligações orgânicas entre os três núcleos, porque dizem respeito a uma
única família, foram elaborados três instrumentos de acesso à informação distintos.
Se, por um lado, não nos aigura correcto denominar o arquivo dos condes de Resende como “Família Eça de
Queirós (Condes de Resende)”, porque o escritor não herdou o título nobiliárquico dos seus sogros; por outro
44
lado, veriicamos que o arquivo da família dos condes de Resende é balizado cronologicamente pelos anos de
1448 e 1968, demonstrando inequivocamente a existência de gerações a montante e a jusante do célebre escritor. Para além disso, o arquivo pessoal de António Eça de Queirós, ilho do escritor, foi tratado à parte porque
se encontrava “isicamente separado da restante documentação” - embora na mesma casa – “constituindo um
conjunto de pequenas dimensões”. Entendemos, assim, que os três núcleos documentais deveriam ter sido tratados como um único arquivo de família, constituindo um Sistema de Informação Familiar Eça de Queirós, conigurando-se o arquivo dos Condes de Resende como subsistema familiar que integra aquele SI na secção/ geração
composta por José Maria Eça de Queirós/ D. Maria Emília de Castro e à qual se seguiria a geração do ilho de
ambos, António Eça de Queirós.
Demonstramos a validade desta metodologia quando procedemos ao tratamento do Arquivo da Família Melo
(séc. XIV-1867) que se integrou e diluiu no Sistema de Informação Casa de Mateus, da família Sousa Botelho, pelo
casamento da 2ª condessa de Melo com o 3º conde de Vila Real, realizado em 1867, não obstante ser o Arquivo
Melo mais abrangente em termos cronológicos e mais extenso em termos quantitativos do que o da Casa de
Mateus (RODRIGUES, 2011).
Ainda recorrendo ao exemplo de Mateus, podemos demonstrar que, embora havendo um membro da família
de maior notoriedade, como foi D. José Maria de Sousa, o célebre morgado de Mateus, editor de Os Lusíadas em
1817, a documentação que produziu ao longo da vida não foi alvo de tratamento diferenciado em virtude de
uma avaliação qualitativa dos seus “papéis” que foram, assim, integrados na secção orgânica devida. E mesmo o
trabalho que empreendeu na organização das “Gavetas” da Casa de Mateus, em 1801, entendidas como o cartório da Casa – o instrumento por excelência de gestão de um vastíssimo património fundiário, destinado a ser
mantido pelas gerações subsequentes –, foi contextualizado na acção familiar e nas gerações que o mantiveram
e alimentaram com nova documentação (RODRIGUES, SILVA, 2012).
No caso de acervos de pessoas singulares que revelam uma fortemente componente temática, como por exemplo a Arquitectura, podemos demonstrar as diferentes metodologias de classiicação e representação da informação confrontando o arquivo do Arquitecto Luís Benavente (1902-1993), doado pela família à Torre do Tombo,
e cujo catálogo se encontra disponível on-line em <http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4222690> e o Sistema
de Informação Távora que hoje se encontra à guarda da Fundação Marques da Silva/ Universidade do Porto.
A classiicação do arquivo de Luís Benavente determinou a constituição de um quadro de classiicação misto,
oscilando entre o temático, o orgânico e o tipológico, constituído por oito secções: A – Documentos pessoais; B
- Projectos privados; C – Projectos públicos; D-Administração do Atelier; E – Preservação e património; F – Desenhos de pormenor; G – Legislação 1940/1940; H – Fotograias e diapositivos. Luís Benavente desenvolveu extensa
obra entre os anos 30, altura em que se formou na Escola de Belas Artes do Porto, e os inais dos anos 80 e para
além de manter em actividade o seu atelier proissional, integrou equipas do Estado e numerosas comissões,
nomeadamente no Ministério das Obras Públicas, existindo informação no seu arquivo que com toda a certeza
conheceu tramitação burocrática naquele Ministério devendo ser considerada, por isso, como um subsistema de
informação.
É interessante analisar mais pormenorizadamente a produção de desenhos de arquitectura, dos projetos de
obra, construída ou não construída, porque na realidade, até aos princípios da década de 70 do século XX, o
projecto de arquitectura dividia-se entre peça desenhada – que compreendia os esbocetos (entendido como
estudos preliminares) e as telas inais sendo acompanhada da peça escrita – que englobava memória descritiva,
orçamentos, facturas e recibos, etc. Com a portaria de 7 de fevereiro de 1972, foram deinidos várias fases para
o projecto de arquitectura, desde o programa preliminar, programa base, estudo prévio, anteprojecto (projecto
base), projecto (ou projecto de execução) e assistência técnica, todas elas constituídas por peça escrita e peça
desenhada, etapas fundamentais da obra que devem ser evidenciadas no tratamento classiicativo dos arquivos
de arquitectos, como por exemplo tem vindo a ser seguido no tratamento do Sistema de Informação Távora e do
Sistema de Informação Alcino Soutinho, hoje detidos pela Fundação Marques da Silva/ Universidade do Porto.
O SI Távora é um sistema familiar composto por três gerações, tendo as duas últimas dois arquitectos de renome
da “Escola do Porto”: Fernando Távora e seu ilho José Bernardo Távora que trabalharam individualmente e
depois se constituíram em sociedade. A classiicação do SI Familiar não anula a importância da informação arquitectónica, antes reforça porque contribui para a compreensão dos contextos genésicos da informação. Tal como
podemos subscrever a tese de Fernanda Vizcaíno que, recentemente, considerou a valiosa biblioteca pessoal de
Fernando Távora como um “meta-arquivo” do seu produtor, por encontrar, com bastante frequência, anotações
autógrafas de Fernando Távora nos livros, publicações periódicas e manuscritos de outros autores que fora adquirindo ao longo da sua vida. Na realidade, estes apontamentos - que identiicam momentos de aquisição das
obras, preços e origem - constituem-se como uma espécie de diário e demonstram a forma como Fernando Távora se relacionava com o acervo, sendo inegável que a biblioteca é determinante para contextualizar a sua produção em arquitectura. Uma e outra estão intrinsecamente ligadas e não se tornam inteligíveis separadamente.
Hoje, as questões que se levantam em torno dos APF, que cada vez mais são entregues / depositados a tendentes
a promover o seu tratamento e divulgação são extremamente complexas e especialmente quando começamos
45
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
a encontrar informação nado-digital. Bastará, para o efeito, recordar que o Sistema de Informação Vasco Graça
Moura é composto por uma biblioteca vastíssima, mas que é indissociável do seu arquivo e da sua produção literária, que sendo desenvolvida maioritariamente em ambiente digital ganha um elevado grau de complexidade
no que diz respeito à preservação digital e à autenticidade desses documentos, desde logo se pensarmos na
sucessão de provas tipográicas das suas obras e até mesmo na correspondência enviada e recebida.
Conclusão
Podemos concluir que, neste intervalo de tempo, compreendido entre os inais da década de 80 e a actualidade,
os APF em Portugal ganharam o seu lugar próprio no campo de estudo da Ciência da Informação, graças ao contributo decisivo proveniente de vários quadrantes. Nunca como hoje foram tão estudados, seja em contexto de
Serviços de Arquivos, de Bibliotecas, de Museus ou de Universidades.
No caso dos arquivos familiares, a investigação histórica demonstra que o contexto poderá ser comum a diversas
famílias mas essas mesmas entidades têm condicionantes evolutivas internas que a transformam em casos de
estudos singulares, pelo que a aplicação de quadros de classiicação transversais a todas elas é contraproducente.
Por seu lado, a tendência crescente para a incorporação de arquivos de pessoas singulares contemporâneas,
compostos em grande parte por informação nado-digital, revela-se, a cada dia que passa, como um dos grandes
desaios para a classiicação, representação e consequente divulgação da informação que encerram.
Na verdade, consideramos que se aigura como uma tarefa de difícil execução, para não dizer impossível, proceder à aplicação de conceitos clássicos ao presente digital. O debate encontra-se, pois, em aberto.
Referências bibliográicas
ALVES, Ivone et al. – Dicionário de terminologia arquivística. Lisboa: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro/
Organismo de Normalização Sectorial para a Informação e do Documento, 1993.
ARCAY BARRAL, Angel - Os arquivos de familia en Galiza e Portugal : o caso da familia Malvar. Dissertação de
Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos. Porto : Faculdade de Letras, 2014. Consulta
10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/77233>
Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Grupo de Trabalho em Preservação &
Conservação – “Seminário sobre arquivos de família e pessoais”. Vila Real : APBAD, 1997.
Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas – “Fundos privados em Arquivos Municipais. Perspectivas e projectos: atas”. Encontro Nacional de Arquivos Municipais, 8, Vila Real, 2007. Consulta:
10-10-2017. <https://www.bad.pt/publicacoes/index.php/arquivosmunicipais/issue/view/3>.
BURGETTE, Teresa, Vieira, João – “Arquivo Calouste Sarkis Gulbenkian”. In: Memória do sítio : l’Hotel Gulbenkian : 51, Avenue d’Iena, Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2011, p. 61-65.
CARDOSO, Vilma Joana Correia Paiva de Freitas – “O arquivo da Casa das Mouras: estudo orgânico e sua representação através do modelo sistémico”. Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos. Porto: Faculdade de Letras, 2013. Consulta: 10-10-2017. <http://hdl.handle.
net/10216/72377>
CORREIA, Telma Marília Assunção – “A Família Azevedo Aguiar Brandão e a Indústria do Papel (Séculos XIX e
XX)”. Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos.
Porto : Faculdade de Letras, 2009. Consulta: 10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/20283 >
COSTA, Soia Elisabete Nogueira – “A fotograia de família no sistema de informação Marques da Silva/Moreira
da Silva : uma abordagem sistémica”. Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em História e Património –
Ramo de Arquivos Históricos. Porto : Faculdade de Letras, 2014. Consultado em 10-10-2017. <http://hdl.handle.
net/10216/77338>
ECO, Umberto (1994) – A Biblioteca. Lisboa : Difel, Difusão Editorial, Lda.
GALLEGO DOMINGUEZ, Olga – “Archivos Familiares: Organización”. In: Actas [do] 2º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas. A integração europeia : um desaio à informação, Coimbra: Livraria
Minerva, 1987, p. 319-339.
GONÇALVES, Manuel Silva; GUIMARÃES; Paulo Mesquita; PEIXOTO, Pedro Abreu – Arquivos de família: organização e descrição. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/Biblioteca Pública e Arquivo Distrital
de Vila Real, 1996.
JÚDICE, Maria da Assunção de Alarcão – “Arquivo da Quinta das Lágrimas Instrumentos de descrição e de gestão”, In: Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, XXVIII, 2015, p. 121-141. Consulta: 10-10-2017. <http://
hdl.handle.net/10316.2/37777>.
JUSTINO, Ana Cristina Fernandes Cortês Santana, RAPOSO, Rui – “A harmonização normativa em Instituições de
46
Memoria: os desaios e diiculdades na interoperabilidade”, In: Actas do XI Congresso Nacional de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas: Integração, Acesso e Valor Social, Lisboa : BAD, 2012. [Em linha]. Consultado em
12-04-2016. <https://www.bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/435/pdf>.
LEROUX, Sébastien, CASTRO, Rui, FARIA, Luís, FERREIRA, Miguel – “Ficheiro Nacional de Autoridades Arquivísticas. Interoperabilidade e operação colaborativa”. In: Actas do XI Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas: Integração, Acesso e Valor Social, Lisboa : BAD, 2012. Consulta:10-10-2017. <https://www.
bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/338/pdf>.
LOPES, Fátima – “Sobre o tratamento documental dos fundos do Arquivo da Cultura Portuguesa Contemporânea”. In: Leituras: Revista da Biblioteca Nacional, série 3, 5. 1999, Outubro -2000, Abril p. 43 – 49.
MAIA, Sara Raquel Maciel da Silva - “Os Vasconcelos de Vila do Conde – Arquivo Familiar”. Relatório de estágio
no âmbito do mestrado em História e Património – Ramo Arquivos Históricos, apresentada à Faculdade de Letras
da Universidade do Porto. Porto, 2017. Consulta: 10-10-2017. < http://hdl.handle.net/10216/87265>
MAIO, Vânia de Jesus Dinis – “Arquivo da Casa dos Barros (1753-1955) - Reconstituição da Memória”. Dissertação
realizada no âmbito do Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos. Porto : Faculdade de
Letras, 2009. Consulta:10-10-2017 <http://hdl.handle.net/10216/20192>.
MALHEIRO, Armando, RIBEIRO, Fernanda – “Paradigmas, serviços e mediações em Ciência da Informação”, Recife : Néctar. 2011. ISBN: 978-8560323-33-3
MARQUES, Alexandra Maria Barros da Costa – “Sistema de informação da Família Freitas do Amaral: análise
e estudo orgânico-funcional de acordo com os pressupostos da teoria sistémica”. Dissertação de Mestrado em
Ciência da Informação. Universidade do Porto : Faculdade de Engenharia, Faculdade de Letras, 2016. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/87137>
MARQUES, Patrícia Cardoso – “O Arquivo Castro/Nova Goa: construção de catálogo. A aplicação do Modelo Sistémico”. Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação e da Documentação apresentada à Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 2014. Consulta: 10-10-2017. <http://run.unl.pt/handle/10362/12225> .
MENDES, Ana Filipa Almeida – “Para a construção de uma memória : organização sistémica do Arquivo dos
Condes de Azevedo”. Dissertação de Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos, Porto :
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2015. Consulta:10-10-2017 <http://hdl.handle.net/10216/81606 > .
MOREIRA, Carla de Jesus Torres – “O arquivo da Casa do Porto : o seu estudo e a sua representação - o modelo
sistémico”. Dissertação Mestrado em História e Património – Ramo de Arquivos Históricos. Porto : Faculdade de
Letras, 2012. Consulta:10-10-2017 <http://hdl.handle.net/10216/68566>.
NÓVOA, Rita Sampaio da - O Arquivo Gama Lobo Salema e a produção, gestão e usos dos arquivos de família
nobre nos séculos XV-XVI. Tese de doutoramento apresentada à faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, 2016. Consulta:10-10-2017. <http://unl-pt.academia.edu/RitaNóvoa>.
PACHECO, Ana Filipa Dias – “O arquivo de Manuel Marques no Centro de Documentação de Arquitectura: Aplicação da plataforma ICA-AtoM para a organização do acervo e o acesso à informação online”, Dissertação de
Mestrado em Ciência da Informação. Universidade do Porto : Faculdade de Engenharia, Faculdade de Letras,
2013. Consulta:10-10-2017 <http://hdl.handle.net/10216/68973>
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “A aplicação das ISAD(G) aos arquivos de família”. In: Páginas a&b, 4. Lisboa: Edições
Colibri, 1999. p. 55-70
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “Arquivos de Família. Orientações para a organização e descrição dos fundos dos
Arquivos de Família”. Lisboa : Instituto Português de Arquivos, Estudos e documentos técnicos, 5, Junho de 1991.
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “As associações proissionais e o desenho da política nacional de arquivos”, In: Leituras: Revista de Biblioteca Nacional, 1999, Outubro, série 3, n. 5, p. 91-94.
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “Aspectos essenciais para o desenvolvimento de uma Política de Arquivos Privados
– Os Arquivos de Família”. In: Cadernos BAD. Lisboa: APBAD, 1, 1994. p. 43-48.
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “O valor dos arquivos de família”. In: Cadernos BAD. Lisboa : APBAD, 1. 1995. p. 41-51
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “Os Arquivos de Família”. In: Cadernos BAD. Lisboa: APBAD, 1, 1991, p. 33-44.
PEIXOTO, Pedro de Abreu – “Perspectivas para o futuro do Arquivos de Família em Portugal”. In: Cadernos BAD,
1. Lisboa: APBAD, 2002. p. 76-90
PEIXOTO, Pedro de Abreu – A Carta de D. Luís: acerca da metodologia de organização de arquivos de família,
[Comunicação apresentada no workshop Arquivos Familiares e Pessoais. Da representação da informação ao
acesso realizado na Fundação da Casa de Mateus, Vila Real, Junho de 2013]. Consulta:10-10-2017. <https://pt.slideshare.net/PedroAbreuPeixoto/a-carta-de-d-luis> .
PEREIRA, Miriam Halpern – “O Arquivo Nacional suspendeu as funções de Arquivo do Estado. Relexões de uma
historiadora acerca da política de arquivos”. In: Encontro Arquivos da Administração Pública: Atas. Coord. Maria
47
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
Fernanda Rollo, Madalena Ribeiro, Paula Meireles, Pedro Penteado. [Lisboa] : Instituto de História Contemporânea da FCSH-UNL, Março de 2016. p. 14-21.
PEREIRA, Zélia Maria - O Universo dos Arquivos pessoais: características, usos e valorização, tese de Doutoramento em Ciências da Informação e da Documentação, Universidade de Évora, [2018] [Notícia acessível em: < http://
www.uevora.pt/media_informacoes/divulgacoes/provas_doutoramento/(tipo)/agendar/(item)/7809>
(Acedido
em 02/01/2018).
PORTUGAL. Biblioteca Nacional – “Arquivística Literária e Crítica Textual. Leituras: Revista da Biblioteca Nacional”, Série 3, n. 5, Lisboa : Biblioteca Nacional, Outono 1999. ISSN: 0873-7045
PORTUGAL. Biblioteca Nacional - “As mãos da escrita: 25 anos do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea”, Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2007. ISBN: 978-972-565-417-0.
PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo – “Guia geral dos fundos da Torre do Tombo”.
Lisboa : Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do Tombo, vol 6: Colecções, arquivos de pessoas singulares, de
famílias, de empresas, de associações, de comissões e de congressos. 2005. ISBN: 972-8107-69-2.
RIBEIRO, Fernanda – “Archival Science and changes in the paradigma”. In: Archival Science : international journal on recorded information, 1:3, Dordrecht, 2001, p. 295-310. ISSN 1389-01662001.
RIBEIRO, Fernanda – “O Acesso à informação nos arquivos”. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação
para a Ciência e a Tecnologia, Ministério da Ciência e do Ensino Superior, 2003. ISBN 972-31-1017-2.
RIBEIRO, Fernanda – “O Acesso à informação nos arquivos”. Tese de doutoramento em Arquivística apresentada
à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1998. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/7058>
RIBEIRO, Fernanda – “O uso da classiicação nos arquivos como instrumento de organização, representação e recuperação da informação”, In: Informação e/ ou Conhecimento: as duas faces de Jano, Atas do I Congresso ISKO
Espanha e Portugal, Porto : Faculdade de Letras da Universidade do Porto, CETAC.MEDIA, ISKO, 2013. p. 528-539.
Consulta:10-01-2018. <http://hdl.handle.net/10216/69659>
RIBEIRO, Fernanda – “Para o estudo do paradigma patrimonialista e custodial : a inspecção das bibliotecas e
arquivos e o contributo de António Ferrão (1887-1965)”. Porto : CETAC - Centro de Estudos das Tecnologias e
Ciências da Comunicação, 2008. ISBN 978-972-36-0948-6
RODRIGUES, Abel – «O Arquivo da Família Melo (secs. XIV-XIX): do “arranjamento” iluminista a integração no
Sistema de Informação da Casa de Mateus», In: Actas do 3.º Congresso Internacional da Casa Nobre, Arcos de
Valdevez: Municipio de Arcos de Valdevez, 2013, p. 478-497. Consulta:10-10-2017. <https://up-pt.academia.edu/
AbelRodrigues>
RODRIGUES, Abel – “O Arquivo do conde da Barca: “Mnemósine” de um Ilustrado”, In: José Anastácio da Cunha:
O Tempo, as Ideias, a Obra e … os Inéditos. Braga: ADB/UM, CMAT/UM, CMUP, 2006, vol. I, pp. 63-97. Consulta:10-10-2017. <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues>
RODRIGUES, Abel – “O Gabinete do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra
(1804-1808). Análise da produção informacional”, In: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
– História, III Serie, vol 10, Porto: FLUP, 2009. p. 71-90. Consulta:10-10-2017 <http://ler.letras.up.pt/uploads/icheiros/8878.pdf> e em <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues >
RODRIGUES, Abel - “O Sistema de Informação Família Araújo de Azevedo. Estudo orgânico-funcional aplicado
ao Cartório da Casa de Sá”, In: Actas do 1º Congresso Internacional A Casa Nobre: Um Património para o Futuro,
Arcos de Valdevez: Município de Arcos de Valdevez, 2007, pp. 85-133. Consulta:10-10-2017. <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues>
RODRIGUES, Abel – “Os Arquivos Pessoais e Familiares do Arquivo Distrital de Braga/Universidade do Minho.
Uma visão sistémica”. In: Actas do 2º Congresso Internacional da Casa Nobre, Arcos de Valdevez: Município de
Arcos de Valdevez, 2011. p. 223-273. Consulta:10-10-2017. <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues>
RODRIGUES, Abel – Entre o público e privado. A génese do Arquivo do Conde da Barca (1754-1817). Dissertação
de Mestrado em História das Instituições e Cultura Moderna e Contemporânea apresentada à Universidade do
Minho, 2007. Consulta:10-10-2017. <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues>
RODRIGUES, Abel, SILVA, Armando Malheiro da “A criação das Gavetas na Casa de Mateus. Um modelo iluminista de gestao da informação”, In: Actas do Congresso Internacional Arquivos e Família. Que presente que
Futuro?, Lisboa: IEM, CHAM, Caminhos Romanos, 2012, p. 597-650. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.
net/10216/63549> e em <https://up-pt.academia.edu/AbelRodrigues >.
RODRIGUES, Liliana Patrícia Novais – “O Arquivo Serpa Pinto, da Universidade do Porto: Um seguro contra o esquecimento”. Relatório de estágio realizado no âmbito do Mestrado em História e Património – Ramo Arquivos
Históricos. Porto: Faculdade de Letras, 2015.
ROSA, Maria de Lurdes – “Problemáticas históricas e arquivísticas actuais para o estudo dos arquivos de família
portugueses (Épocas Medieval e Moderna)”, In: Revista de História da Sociedade e da Cultura, v. 9, 2009, p. 9-42.
48
Disponível em: <http://hdl.handle.net/10316.2/39576>
ROSA, Maria de Lurdes (ed.) – “Arquivos de Família, séculos XIII-XX: que presente, que futuro?”, Lisboa: IEM –
Instituto de Estudos Medievais, CHAM – Centro de História de Além-Mar e Editora Caminhos Romanos. 2012.
ISBN: 978-989-97066-4-4 (Coleção: Estudos 3)
ROSA, Maria de Lurdes, Head, Randolph (eds.) –“Rethinking the Archive in Pre-Modern Europe: Family Archives
and their Inventories from the 15th to the 19th Century”, Lisbon : IEM – Instituto de Estudos Medievais. 2015.
ISBN: 978-989-98749-9-2 (Collection: Estudos 13).
ROSA, Maria de Lurdes; NÓVOA, Rita Sampaio, (coord.) – “Arquivos de Família: Memórias habitadas. Guia para a
salvaguarda e estudo de um património em risco”. Lisboa : IEM – Instituto de Estudos Medievais, 2014. (Colecção
Instrumentos de Trabalho, 1). ISBN: 978-989-98749-6-1.
SANTOS, Ricardo Filipe da Mota - Arquiteto Marques da Silva: O outro lado da arte. Estudo da coleção de escultura para um projeto de inclusão museológica de deicientes visuais, Dissertação de Mestrado em História e
Património, Porto : Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2013. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.
net/10216/91808> .
SILVA, Ana Margarida Dias da – “Pressupostos teóricos e metodológicos aplicados aos arquivos pessoais: o caso
do arquivo de Júlio Máximo de Oliveira Pimentel, 2º visconde de Vila Maior”. In: Arquivologia. História, Tipologias e práticas proissionais [livro electrónico]. Capina Grande : EDUEPB, 2017. p. 99-128. ISBN:978-85-7879-439-2
SILVA, Armando B. Malheiro da – “Arquivos de Família e Pessoais. Bases teórico-metodológicas para uma abordagem cientíica”, in Arquivos de Família e Pessoais. Seminário. Vila Real: Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas-Grupo de Trabalho Arquivos família e Pessoais, 1997. p. 51-106. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/52233 >
SILVA, Armando Barreiros Malheiro da, GONÇALVES, Maria Fernanda Silva – “Da memória ao acesso à informação na Casa de Mateus : as bases e objectivos de um processo sistémico”, in Revista de Letras, série 2, n.º 6.
Vila Real : Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Centro de Estudos em Letras, 2007. p. 305-317 Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/39355>
SILVA, Armando Malheiro da – “Arquivo, biblioteca, museu, sistema de informação: em busca da clariicação
possível...”, In Cadernos BAD, 1, 2015. p. 103-124. Consulta:10-10-2017. <https://www.bad.pt/publicacoes/index.
php/cadernos/article/view/1482/pdf> .
SILVA, Armando Malheiro da – “Arquivos familiares e pessoais : bases cientíicas para aplicação do modelo sistémico e interactivo”. in Revista da Faculdade de Letras. Ciências e Técnicas do património, I Série, vol. III, Porto :
Universidade do Porto. Faculdade de Letras, 2004, p. 55-84. Consulta:10-10-2017. <http://ler.letras.up.pt/uploads/
icheiros/4083.pdf >
SILVA, Armando Malheiro da [et al.] – Arquivística 1: teoria e prática de uma ciência da informação. Porto:
Edições Afrontamento, 1999. ISBN 972-36-0483-3.
SILVA, Armando Malheiro da; RIBEIRO, Fernanda – Das “Ciências” Documentais à Ciência da Informação : ensaio
epistemológico para um novo modelo curricular. Porto : Edições Afrontamento, 2002. ISBN 972-36-0622-4.
SILVA, Gilberto Faria da – “A Preservação da Informação Digital em Arquivos de Arquitetura: O caso da Fundação
Marques da Silva”, Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação. Universidade do Porto: Faculdade de
Engenharia, Faculdade de Letras, 2016. Consulta:10-10-2017. <http://hdl.handle.net/10216/85241>.
SOUSA, Maria João de Orey de Figueiredo Cabral da Câmara Andrade e - O Arquivo da Casa de Belmonte séculos
XV-XIX: Identidade, gestão e poder. Tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2017. Consulta:10-01-2018. <http://hdl.handle.net/10362/26855>.
VENTURA, Maria Isabel de Almeida – “O Arquivo Paço de Calheiros : uma abordagem sistémica”. Tese de mestrado em Ciência da Informação, Universidade do Porto. Faculdade de Engenharia, 2011.
VIZCAÍNO, Fernanda – “O Meta-arquivo da Colecção Fernando Távora”, In Pessoa Plural—A journal of Fernando
Pessoa Studies. 2017, Issue 12, Special Issue: New Insights into Portuguese Modernism from the Fernando Távora Collection. Brown Digital Repository. Brown University Library, p. 18-81. Consulta: 13-10-2017. <https://doi.
org/10.7301/Z0J964M4 >
Legislação
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Decreto-lei nº 103/2012, de 16 de Maio. Diário da República. 1ª série. Lisboa. 95
(16 Mai 2012) 2535-2537.
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. - Decreto-Lei nº 16/93, de 23 de Janeiro. Diário da República. 1ª série. Lisboa. 19
(23 Jan. 1993) 264-270.
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Decreto-lei nº 47/2004, de 3 de Março. Diário da República. 1ª série – A. Lisboa.
53 (03 Mar 2004) 1161-1162.
49
ENCONTROS DA FUNDACIÓN OLGA GALLEGO. OS ARQUIVOS PRIVADOS DE PERSOAS E FAMILIAS
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Decreto-lei nº 60/97, de 20 de Março. Diário da República, 1ª série – A. Lisboa.
67 (20 Mar 1997) 1276 – 1283.
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Despacho nº 9339/2012. Diário da República. 2ª série. Lisboa. 133 (11 Jul 2012)
24380-24381.
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Lei nº 107/2001, de 30 de Agosto. Diário da República. 1ª série – A. 82 (08 Set
2001) 5808-5829.
PORTUGAL. Leis, decretos, etc. – Portaria 192/2012, de 19 de Junho. Diário da República. 1ª série. Lisboa. 117 (10
Jun 2012) 3039-3042.
Sítios web
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ARQUIVOS HISTÓRICOS PRIVADOS [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://
arquivoshistoricosprivados.pt>
CASA NOBRE. UM PATRIMÓNIO PARA O FUTURO [em linha]. Consulta: 13-10-2017. <https://sites.google.com/
site/casanobrecongresso>
EPHEMERA. Biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira – [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <https://ephemerajpp.com> (Acedido em 13/10/2017).
FUNDAÇÃO DA CASA DE MATEUS [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://www.casademateus.com>
FUNDAÇÃO INÊS DE CASTRO. Arquivo da Quinta das Lágrimas [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://aql.docbasecloud.net/hierarchynav.aspx>
FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES. Arquivo e Biblioteca [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://www.fmsoares.pt/
aeb/>
PORTUGAL. BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea. [Em linha].
Consulta: 13-10-2017. <http://acpc.bnportugal.pt>
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Rede Portuguesa de Arquivos [Em linha].
Consulta: 13-10-2017. <http://arquivos.pt>
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Portal Português de Arquivos [Em linha].
Consulta: 13-10-2017. <http://portal.arquivos.pt>
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Ficheiro nacional de Autoridades Arquivísticas [Em linha]. Consulta: 13-10-2017 <http://arquivos.pt/servicos/icheiro-nacional-de-autoridades-arquivisticas/>.
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Arquivos de Família [Em linha]. Consulta: 1310-2017. <http://antt.dglab.gov.pt/pesquisar-na-torre-do-tombo/fundos-e-coleccoes/arquivos-de-familia/>
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Arquivos de Pessoas Singulares [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://antt.dglab.gov.pt/pesquisar-na-torre-do-tombo/fundos-e-coleccoes/arquivos-de-pessoas-singulares/>
PORTUGAL. Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Colecções [Em linha]. Consulta: 13-10-2017.
<http://antt.dglab.gov.pt/pesquisar-na-torre-do-tombo/fundos-e-coleccoes/colecoes/>
PROJECTO ARQUIVOS DE FAMÍLIA [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. Disponível em <http://fcsh.unl.pt/arqfam/>
PROJECTO INVENT.ARQ – [Em linha]. Consulta: 13-10-2017. <http://www.inventarq.fcsh.unl.pt>
UNIVERSIDADE DE COIMBRA. CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO 25 DE ABRIL [Em linha]. Consulta: 13-10-2017.
<http://www.cd25a.uc.pt/>
UNIVERSIDADE DO PORTO. Fundação Instituto Marques da Silva. Arquivo Digital [Em linha]. Consulta: 13-10-2017.
<https://arquivoatom.up.pt/index.php/fundacao-instituto-arquitecto-jose-marques-da-silva> .
50
http://www.fundacionolgagallego.gal