Já foi muito falado e provavelmente continuará a ser...
"E se fosse Consigo?", programa da SIC começou a pouco, mas gera alguma polémica, falando de assuntos da actualidade, que muitas das vezes nos passam ao lado (ou não).
Esta semana o tema foi sobre a obesidade... Ora vejam a seguir... (Para quem ainda não viu...)
E é sobre este mesmo tema que vos vou falar hoje, na primeira pessoa...
Poderia ter sido sobre mim o que foi abordado...
Revi-me em tantas coisas ditas por aquelas raparigas, todas elas lindas...
Engoli em seco... Chorei.
Tenho peso a mais... sim!
Surpresos/as?
Nem sempre o tive, já fui uma pessoa com IMC normal, e na altura, sem noção já achava que era gorda. Hoje em dia o meu IMC atira-me para uma obesa de grau II, falo numa pessoa com 1.60m e com mais de 90kg... Digo mais de, porque desde que cheguei a esse peso é raro pesar-me.
Como cheguei a este estado, devem perguntar vocês...
Desde que me lembro, ainda criança, sempre gozaram comigo na escola primária... ou por ter uma cara mais gordinha do que as outras meninas, por ter uma banhinha ali ou acolá, ou só porque sim, porque era menina de estar no meu canto... Se era gorda? Não... apenas havia pessoas mais magras comparadas comigo, e se não era como elas, era gorda.
O tempo passou, criei as minhas defesas para esse tipo de abordagem...
Quando falavam algo sobre o meu peso, eu sorria, gargalhava e por vezes até dizia uma piada. Mas estava bem??? Não, não estava. Mal podia, fechava-me no meu mundinho e chorava... chorava muito.
Já no secundário tive uma depressão...
O meu IMC na altura era normal, pesava 60kg para a minha estatura de metro e 60.
Anti-depressivos, medicação para dormir... Controlar a ansiedade e sair muito, foram conselhos da médica.
Tentei, juro que tentei... Mas a vontade era pouca, ou quase nenhuma. Fechei-me algumas vezes no quarto a chorar, sem motivo nenhum, só porque sim, só porque tinha de ser...
O tempo foi passando, comecei a não ter roupa que me servisse... Comprava roupa e em pouco tempo, acontecia o mesmo.
Diz-se que curei a depressão... a médica assim também pensou...
Nem um ano depois tive novamente... o peso que tinha ganho e que entretanto estava a desaparecer em câmara lenta, estava a voltar...
Desta vez, fechei-me mais, pois além da depressão, tinha ficado sem emprego, andava a ser ameaçada, e o meu namorado da altura tinha-me deixado.
O peso continuou a subir...
O tempo passou, continuei a criar as defesas para coisas menos boas que ouvia, ou a olhares menos agradáveis que via... Dizia para mim que o que importava era eu me sentir bem... E era... Mas mais importante ainda, era eu realmente sentir-me bem, mas não sentia.
Da 3ª vez (sim houve uma 3ªvez), pensei em formas para acabar com a minha vida...
E pensam vocês.. O quê??
Sim... cheguei a pensar nisso, só não o fiz, não por mim, mas porque não queria o sofrimento para as pessoas que amava, os meus pais e o meu irmão.
Hoje com 30kg a mais do meu peso "ideal", já fiz coisas para perder peso, sem sucesso...
Podem pensar que não fiz o correcto, talvez...
Podem pensar que não estava motivada o suficiente, talvez...
Não vou numerar o que fiz, se podia ter feito mais, talvez...
Muitas das coisas, senão a maioria, que as meninas da entrevista ouviam "contra" elas, eu também as ouvi...
"Pareces uma baleia fora de água."
"Olha para ti, gorda assim, não devias usar isso."
"Se comeres menos, deixas de estar tão redonda"
"Tens de aprender a mandar na boca"
"Não estás propriamente magrinha, essas dores é do peso" (dito pela médica de família)
"Tu não queres perder peso, senão fazias por isso" (dito pela nutricionista)
Diga-se que estas foram algumas...
Não me sinto bem com o meu corpo... Queria ter novamente os meus 60kg...
Ao longo desde tempo, perdi toda a motivação...
Por isso chorei, ao ver aquelas mulheres corajosas na entrevista...
Gostaria de ter metade da força e garra delas...
E não tenho!
Beijinho da Miúda*