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Paróquia e Iniciação Cristã - Apresentação
Paróquia e Iniciação Cristã - Apresentação
Paróquia e Iniciação Cristã - Apresentação
1. Iniciação à
vida Cristã:
Elementos
Teológicos e
Pastorais.
Iniciamos a reflexão deste capítulo reafirmando que: a iniciação
cristã constitui um dos maiores desafios pastorais da atualidade. Ela
participa do dilema dos grandes sistemas de transmissão de valores
da sociedade atual.
São responsáveis pelas dificuldades em iniciar na fé aspectos
sócio culturais, como já sabemos, mas igualmente aspectos internos
à própria dinâmica da transmissão da fé. Por séculos predominou o
modelo tradicional de catequese, insustentável hoje.
Por outro lado, assistimos ao surgimento de um novo paradigma
de iniciar na fé, com novos pressupostos, renovadas metodologias,
novos acenos, com clareza da identidade teológica da iniciação
cristã, entre outras dimensões. São algumas das questões que nos
propomos a refletir neste tópicos.
1.1 A Passagem da Catequese tradicional ao renovado
compromisso com a iniciação à vida cristã
A história da evangelização tem registrado momentos de intensa
vitalidade mas também período de radical estagnação no tocante à
iniciação à vida cristã.
Nos primeiros séculos da era cristã, o anúncio da Boa Nova, a
transmissão da fé aos novos cristãos foi marcada por um impulso
único na história do cristianismo.
Os cristãos, mesmo constituindo uma parcela inexpressiva
numericamente, ora perseguidos ora tolerados pelo império
romano, conseguiam atrair, através do testemunho de vida e
auxiliados por uma exímia pedagogia iniciática, novos
simpatizantes ao cristianismo, aos quais eram oferecida uma
autêntica caminhada de aprofundamento na fé.
Os benefícios do império romano
Com a enfraqueceram a disposição para
oficialização do abraçar a fé; os sacramentos são
cristianismo, cuja
consequência
conferidos sem critérios, já não sendo
maior foi a mais a conversão de vida uma
adesão em massa exigência fundamental para ser
à fé cristã, muitos
dos quais
batizado. “Uma ingente multidão de
motivados por pessoas solicita sua entrada na
outros interesses comunidade cristã. Mas os motivos
dessa decisão com frequência são
interesseiros e alheios a um desejo de
conversão à fé cristã”.
É importante aqui a observação de Luiz Alves
Lima para termos uma primeira compreensão
entra em crise a do assunto: “O complexo processo que, desde
iniciação cristã,
ou mais o século II, prevaleceu na Igreja para iniciar os
especificamente, novos membros nos mistérios da fé, recebeu o
o caminho nome de catecumenato. Para alguns autores
privilegiado de esse nome deveria significar apenas o
iniciar na fé
denominado ‘segundo tempo’ da iniciação cristã, o mais
catecumenato longo e mais propriamente catequético.
Entretanto, a maioria usa o termo
‘catecumenato’ para significar todo o processo
da iniciação cristã”.
Denomina-se cristandade o período histórico
no qual poderes civis e religiosos se fundiam e
Que ficará se beneficiam mutuamente. Cultura e religião
esquecido na formavam uma realidade muito semelhante.
Igreja
praticamente até Não é nosso objetivo aprofundar aqui o
o Concílio período da cristandade nem apresentar um
Vaticano II. estudo detalhado da história da
evangelização. Para isso a bibliografia é vasta.
Durante o O que queremos é chamar a atenção para a
extenso período herança recebida, e com resquícios ainda em
de cristandade
alguns ambientes, de uma catequese
entendida como doutrinação, típica deste
período da história.
Durante o extenso período de cristandade, vigorou o
assim chamado ‘catecumenato social’, através do qual a
sociedade se encarregava de ‘transmitir’ a fé às novas
gerações por meio dos pilares sociais e culturais. Eis
porque a iniciação cristã não apresentava maiores
preocupações no decorrer destes séculos.
Em outras palavras, numa sociedade onde o cultural e
religioso se identificavam, a preocupação eclesial com a
transmissão da fé não estava entre as principais questões
pastorais, pois vale lembrar que neste contexto era lógico
ser cristão, ou nascer cristão.
O kerigma, primeiro Segundo o Novo Testamento, Jesus lançou seu ministério ao
anúncio da Boa entrar em uma sinagoga de Nazaré, em um sábado, e ler um
Nova, já não era trecho do livro do profeta Isaías:
mais imprescindível,
restando à ação O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu, para
eclesial apenas o anunciar a Boa Nova aos pobres, para proclamar a libertação dos
segundo momento, cativos, recobrar a vista aos cegos, pôr em liberdade os
ou seja, a catequese oprimidos, proclamar um ano de graça do Senhor.
propriamente dita, Após a leitura Jesus se identificou como o Messias prenunciado
nas suas funções de pelo profeta, aquele que traria as boas novas, ou o Evangelho. A
ensino, doutrinação, afirmação de que Jesus faz nesse momento é conhecido como o
transmissão de
kerigma e é a base de sua pregação aos homens.
conteúdos e
administração dos Apesar de ter sido efetuado originalmente por Jesus, entende-se
sacramentos. que o kerigma se refere a um ato individual que pode ser
realizado por qualquer cristão, mesmo sem experiência ou
treinamento prévio.
Portanto, do extenso e rico processo de
iniciação cristã dos primeiros séculos,
restou, a partir da identificação do cultural
com o religioso, as dimensões do ensino, e
essa se tornando cada vez mais enrijecida,
de cunho moralista e sacramentalista, muito
mais centrada na distribuição dos
sacramentos do que na iniciação no mistério
de Cristo, a qual conseqüentemente culmina
e conduz aos sacramentos.
Os sacramentos querem ser uma
consequência à aceitação da proposta do
reino e alimentam esse sim
Na escolástica medieval, a iniciação cristã passou a significar com
tons ainda mais fortes a transmissão de noções elaboradas. É a era do
catecismo, da moral e da doutrinação. Vale lembrar que o Concílio de
Trento, alicerçado na sociedade tradicional, cuidou para que fosse
redigido o catecismo dos Párocos (1566), que consiste numa síntese
doutrinal, modelo para todos os catecismos redigidos nos séculos
seguintes.
Igualmente válida é a indagação de um dos maiores especialistas do Brasil em iniciação à vida cristã.
Luiz Alves de Lima indaga se toda a ação pastoral-litúrgica, os gestos sacramentais são, de fato,
transmissão de fé e mergulho no mistério?
Ou insistimos num mal entendio ‘ex opere operato’, que gera uma multidão de batizados não
evangelizados?
Fato é que o modelo tradicional de iniciação cristã foi configurada para uma
sociedade cristã.
Os tempos mudaram radicalmente, conforme pode-se perceber.
O tempo da cristandade é substituído pela era pós-cristã. Se antes era lógico
ser cristão, numa espécie de herança religiosa, agora vale o inverso, realidade
idêntica à origem do cristianismo.
A frase de Tertuliano se faz atual: ‘cristão não nasce, se torna’ (Apologética, 18,
4), daí a necessidade de um autêntico processo de evangelização, centrado no
querigma.
Não nos é difícil perceber, portanto, o porquê do compromisso irrenunciável
da Igreja com a iniciação à vida cristã. A transmissão da fé está nos primeiro
plano das preocupações da Igreja e das comunidades cristãs.
O motivo dessa preocupação se deve à grave crise que atravessa essa
transmissão da fé, presente na maior parte dos países ocidentais de tradição
cristã
Engana-se, contudo, quem pensa bastar a mera vontade em trabalhar em
prol da iniciação à vida cristã, por mais autêntico desejo que possa haver. Em
tempos de profunda crise cultural e religiosa, vinho novo em odres velhos já
não se sustenta. Faz-se necessário um novo paradigma de transmissão da fé,
já em andamento desde o Concílio Vaticano II.
O que não se pode é sem mais acusar a cultura dominante como
responsável única pela crise na transmissão da fé, bem percebido pela
Conferência de Aparecida.
Fato é que não se pode negar que a Igreja está em busca de um novo
modelo de iniciação cristã: um paradigma que mais do que ‘nutrir a fé, se
responsabilize também por propô-la.
Vejamos a seguir os principais momentos que colocaram em andamento um
novo paradigma de iniciação à vida cristã.
1.2 Os primeiros passos do novo paradigma de
iniciação cristã
Fiel ao compromisso de transmitir a fé que recebeu, a Igreja tem buscado
dar respostas pastorais aos desafios que lhe são apresentados. O tema da
iniciação à vida cristã está no eixo das atuais prioridades missionárias da
Igreja.
Expressões como ‘nova evangelização’, ‘missão continental’ ‘Igreja em
estado permanente de missão’, ‘conversão pastoral’ deixam transparecer os
esforços em rever o processo de iniciar na fé numa sociedade cujos pilares já
não garantem a adesão religiosa. Pode- se dizer que é aguda a atual
consciência de que não se chega a ser cristão apenas com o rito do batismo.
Graças a esta consciência, novos caminhos e projetos pastorais começam a
ganhar corpo. Não obstante nosso foco principal ser o catecumenato, como
caminho mais adequando para iniciar na fé, não se pode prescindir de toda
uma concomitante caminhada pastoral que está possibilitando a afirmação de
uma nova pedagogia e novos pressupostos em vista da formação de uma fé
adulta.
Se o tema da
iniciação Na o termo iniciação cristã é relativamente
cristã, tão recente, aparecendo pela primeira vez na
bem publicação do Ritual de Iniciação Cristã de
enfatizado e Adultos, em sua primeira edição em 1973.
recomendado A partir do século XIX a expressão começou
em vários a ser utilizada para designar os sacramentos
documentos
do batismo, eucaristia e confirmação.
eclesiais não
é novo na Percebe-se que a expressão foi assumida
ação pastoral pelo Vaticano II, conforme consta em
Sacrosanctum Concilium,
É a partir dos anos
50 que cresce a
consciência da
urgente Seria longo demais percorrer a
necessidade de
rever o tradicional caminhada da Igreja nos últimos 50
paradigma de anos no tocante à iniciação cristã.
transmissão da fé, Queremos chamar a atenção para
rompendo de vez
com o estigma de alguns momentos fundamentais, no
ser o cristianismo Brasil e no mundo, da gestão do novo
uma religião de paradigma catequético.
muitos batizados
mas de poucos
iniciados na fé
Movimento catequético’ são as
O ponto de iniciativas de renovação e incremento,
partido de
uma nova estímulos e diretrizes na catequese que
consciência floresceu no final do século XIX.
do processo A partir do incentivo de Roma, o
iniciático movimento de renovação encontrou em
está no vários países terreno fértil para
chamado desenvolver-se.
‘movimento A face brasileira da catequese: um
catequético estudo histórico-pastoral do movimento
catequético brasileiro das origens ao
documento ‘Catequese renovada’.
Contudo é a partir do Concílio Vaticano II que se pode
genuinamente falar do impulso renovador catequético, muito
embora o Concílio não tenha abordado explicitamente o tema.
Expressões como ‘catequese evangelizadora’, catequese
missionária’, catequese iniciática, as quais apontam para a
substituição do paradigma de iniciação pautada na
sacramentalização e doutrinação pela busca de uma pedagogia
centrada no existencial e vivencial não seriam realidades sem
os ares do aggiornamento do último Concílio ecumênico.
Contribuição incalculável trouxe a já mencionada Exortação
Tradendae
modo orgânico e sistemático, com a finalidade de iniciá-los na
plenitude da vida cristã” (CT 18). O novo Diretório Geral para a
Catequese é publicado em 1997.
Trata-se de um documento de grande significado para o ‘Movimento
Catequético’ dos últimos anos. No Brasil, o marco decisivo e referencial para a
renovação catequética é o documento Catequese Renovada, aprovada na 21ª
Assembléia Geral da CNBB, realizada em 15 de abril de 1983, o qual valoriza
sobremaneira a comunidade eclesial como lócus de iniciação na fé.
A Bíblia ganha um lugar central, a catequese assume uma dimensão
cristocêntrica; busca-se recuperar a interação fé vida. De grande envergadura
foi sua recepção na vida da Igreja. Após a publicação da Catequese Renovada
muitas outras publicações e eventos catequéticos foram realizados. As
reuniões nacionais já existentes desde os anos 50 se multiplicaram, tornando-
se regulares, recebendo o nome de Encontros Nacionais de catequese (ENC)
Destacam-se ainda as Semanas nacionais de catequese. Em 1986 realizou-se a
Primeira Semana de Catequese. Após quinze anos, dentro das iniciativas para
o novo milênio, realizou-se nos dias 8 a12 de outubro de 2001
A Segunda Semana de Catequese, cujo
foco foi a catequese com adultos, tendo Prefere-se a expressão
catequese com adultos e não
como tema ‘Com adultos, catequese adulta.
catequese de adultos,
Crescer rumo à maturidade em Cristo’. chamando assim a atenção para
Na Terceira Semana Brasileira de o protagonismo do
Catequese, 6-11 outubro de 2009, foi catequizando no processo da
lançado o documento da 47ª Assembléia iniciação. O Diretório Geral da
Catequese, no número 176, ao
geral da CNBB de 2009: ‘Iniciação à Vida citar o Directorium
Cristã’. Catechisticum Generale ad
De significado impar, este documento normam decreti, assim se
acrescenta o substantivo vida à iniciação expressa: “No processo de
catequese, o destinatário deve
cristã, ou seja, a partir de então se fala de poder manifestar-se sujeito
iniciação à vida cristã, enfatizando a ativo, consciente e
integração fé-vida e o elemento comunitário corresponsável, e não puro
da iniciação à fé. receptor silencioso e passivo”.
Em 25 de outubro de 2006 é lançado o Diretório Nacional da Catequese
(DNC)117, que “é um esforço de adaptação à realidade do Brasil do Diretório
Geral de Catequese. Nele, portanto, inspira-se, fazendo, porém as adaptações
necessárias, que reflitam a caminhada da Igreja e o movimento catequético
brasileiro destes últimos cinquentas anos” (DNC 1).
O Diretório Nacional situa a catequese na missão evangelizadora da Igreja
conferindo-lhe a tarefa de anunciar o evangelho em terras já evangelizadas, isto
é, em lugares carentes de uma nova evangelização. Nesta perspectiva, o
Diretório Nacional dá importância ao primeiro anúncio (cf. DNC, n. 30-33),
entendido como anúncio querigmático. Hoje mais do que nunca a catequese
não pode suprimir esse primeiro momento, tomando-o por pressuposto como
na cristandade (cf. n. 91).
Neste rico movimento de aggiornamento da iniciação à vida cristã,
significado único tem a redescoberta do catecumenato, entendido com a
grande inspiração para toda a catequese, como a pedagogia mais adequada e a
que melhor responde aos desafios do mundo pós-cristão.
O modelo de toda
catequese é o
Assim se catecumenato batismal,
expressa o que é formação específica,
DGC sobre a mediante a qual o adulto
importância convertido à fé é levado à
do confissão da fé batismal,
catecumenato durante a Vigília Pascal.
para o novo Esta formação
paradigma de
transmissão catecumenal deve inspirar
da fé: as outras formas de
catequese, nos seus
objetivos e no seu
dinamismo.
Voltaremos ao catecumenato nos capítulos seguintes, nos quais
ele será o assunto primordial, e também no último capítulo,
quando estabeleceremos um diálogo entre ele e a instituição
paroquial.
Através deste rápido retrospecto sobre os principais passos rumo
ao novo modelo de iniciação à vida cristã, importa atentar para
duas realidades de capital relevância nesse processo de nova
proposta de iniciar na fé cristã:
1 - clareza nas terminologias do assunto em voga, com suas devidas
aproximações e distinções;
2 - a atenção especial aos adultos, como principais interlocutores
da iniciação cristã
1.2.1 Distinção
e aproximação
dos conceitos
À medida que afirmamos ser a iniciação à vida cristã, isto é, a transmissão da
fé às novas gerações um dos principais desafios eclesiais contemporâneos,
torna-se necessário situá-la no conjunto da ação evangelizadora da Igreja, bem
como oferecer uma melhor aproximação e diferenciação entre alguns conceitos
relativos ao processo da maturação da fé. Interessam-nos sobremaneira a
diferença e aproximação dos termos catequese e iniciação à vida cristã.
A necessidade se justifica pelo resquício do equívoco na história da
evangelização que por muito tempo reduziu todo o processo de iniciação à vida
cristã à catequese, e esta concebida como mera transmissão de conteúdos,
portanto, alheia a um processo mais amplo e integrado de amadurecimento na
fé.
Em outras palavras, por muito tempo o itinerário de iniciação cristã foi
reduzido ao seu segundo momento, ou seja, à catequese propriamente dita, nas
funções de ensino-doutrinação, perdendo toda aquela prática mistagógica e
processual da qual estava revestida, uma vez que o cultural iniciava na fé, cujo
pressuposto hoje cai por terra.
Tal atitude, em parte é compreensível Ou educamos na fé,
pelo fato de naquele contexto se estar colocando as pessoas
imerso num ambiente cultural que por si
realmente em contato com
garantia o primeiro anúncio. Dito com
outras palavras, em época de identificação Jesus Cristo e convidando–
do cultural com o religioso, boa parte da as para seu seguimento, ou
iniciação religiosa estava garantida, urgindo não cumpriremos nossa
apenas a tarefa do repasse de conteúdos, missão evangelizadora.
isto é, a catequização. Impõe a tarefa irrenunciável
Contudo, quando o longo processo de de oferecer uma
iniciação à vida cristã é simploriamente modalidade de iniciação
confundido com o momento catequético cristã, que além de marcar o
corre-se o inevitável risco de catequizar sem quê, também dê elementos
iniciar na fé, preocupação esta percebida para o quem, o como e o
em Aparecida: onde se realiza (DAp. 287).
Posto isto, por iniciação à vida cristã “se entende todo o processo pelo
qual alguém é incorporado ao mistério de Cristo Jesus; portanto não se
reduz à catequese. Essa é apenas um elemento do complexo processo pelo
qual alguém é iniciado na fé cristã”.
Trata-se de um intenso processo percorrido para se chegar à realidade
da incorporação em Cristo, do ponto de vista experiencial e existencial,
realizado e celebrado sacramentalmente. Para os já batizados, a iniciação à
vida cristã consiste em desenvolver os germes da fé já infundidos pelo
sacramento do Batismo. Para os não batizados, é o processo que leva ao
mergulho no mistério de Cristo.
Neste sentido, pode-se então falar de iniciação e reiniciação à vida
cristã, neste caso quando, por várias razões, a iniciação não foi
completada, realidade esta muito próxima do nosso continente e do nosso
país.
A catequese, por sua vez, se situa dentro do vasto e complexo processo de iniciação
cristã. É o período mais longo da caminhada, na qual se colocam os fundamentos do
edifício da vida cristã (DGC, n. 64-65; 130).
O conteúdo catequético conserva sua importância desde que integrado num contexto
mais amplo do seguimento a Cristo. No centro da iniciação à vida cristã está uma Pessoa
e não uma doutrina.
O Diretório Geral da Catequese coloca com clareza a natureza da catequese no conjunto
da iniciação cristã: ela é “educação sistemática e progressiva da fé, aliada a um processo
contínuo de amadurecimento da própria fé” (DGC, n. 67 e 69). Importa perceber que a
catequese é um serviço específico e fundamental em favor de um itinerário maior de
iniciação à vida cristã.
Ora, se catequese na sua etimologia significa fazer eco, fazer ressoar, é necessário e
supõe-se a existência de um som, uma voz prévia que já tenha sido proclamada. O
perigo hoje continua sendo o de dar por pressuposto tal anúncio (eco). Corre-se o risco
de uma catequese que não seja precedida por uma ação querigmática.
Daí a urgência que ambas as ações sejam realizadas simultaneamente: o anúncio
realizado no contexto da catequese e uma catequese igualmente kerigmática.
Outro conceito importante a ser trazido para a reflexão é o da formação
permanente, necessário para a continuidade da iniciação cristã. Se teológica e
liturgicamente podemos dizer que alguém está iniciado com a celebração dos
sacramentos da iniciação, tal realidade exige permanente aprofundamento.
O Documento de Aparecida faz uma clara distinção entre iniciação cristã e
catequese permanente: a “iniciação cristã é considerada a ‘maneira ordinária e
indispensável de introdução na vida cristã e como catequese básica e
fundamental’. Garantido a base, ‘vira depois a catequese permanente, que
continua o processo de amadurecimento da fé” (DAp, 294).