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Sociologia e Trabalho
Sociologia e Trabalho
Sociologia e Trabalho
Bila Sorj
H certos perodos na histria em que muitos dos entendimentos produzidos pela Sociologia sobre o modo como a sociedade se organiza tm o seu valor explicativo diminudo. As duas ltimas dcadas foram, certamente, um desses perodos, momento em que novas tendncias no mundo do trabalho ensejaram uma extensa reavaliao das teorias e quadros analticos oferecidos pela Sociologia do Trabalho h quase um sculo. O mundo do trabalho apenas uma das dimenses de um amplo espectro de transformaes radicais que afeta nossas vidas e que est a desafiar a nossa imaginao sociolgica. No obstante a carncia de teorias gerais que interpretem, de uma maneira mais ou menos sistemtica, essas mudanas e tambm as continuidades que marcam as sociedades atuais, ouvimos de todos os lados que tudo, de alguma forma, mudou fundamentalmente. A famlia nuclear moderna desintegrou-se, dando lugar a uma grande diversidade de arranjos singulares; a sociedade de classes dissolveu-se, assumindo a forma de grupos e movimentos sociais separados, baseados em etnicidade, sexo, localidades; os Estados-nao enfraqueceram-se em virtude de foras globais e regionais.
Uma boa evidncia da percepo do carter liminar do perodo em que vivemos a profuso de ttulos de obras recentes nas cincias humanas que sentenciam o fim de algo: o fim da histria, o fim do social, o fim da sociedade industrial, o fim do iluminismo, o fim da modernidade, o fim do trabalho. Evidentemente, no precisamos aceitar verses cataclismticas do presente para reconhecer a importncia das transformaes que esto em curso na atualidade. Neste final de sculo, a Sociologia do Trabalho, ou Sociologia Industrial, parece ter perdido a importncia adquirida entre os anos 40 e 60 como uma subrea central da Sociologia.1 A proposio, quase que axiomtica, de que o trabalho constitui a principal referncia que determina no apenas direitos e deveres, diretamente inscritos nas relaes de trabalho, mas principalmente padres de identidade e sociabilidade, interesses e comportamento poltico, modelos de famlia e estilos de vida, vem sendo amplamente revista. Novas categorias de anlise como identidades, estilos de vida e movimentos sociais ganham preeminncia e asseveram, implcita ou explicitamente, que o trabalho e a produo perderam sua capacidade de estruturar posies
RBCS Vol. 15 no 43 junho/2000
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sociais, interesses, conflitos e padres de mudana social. As implicaes desses deslocamentos analticos para a Sociologia do Trabalho so numerosas. Desejo apenas assinalar que a rea ficou acuada entre dois movimentos tericos distintos, ambos, a meu ver, insatisfatrios: um que continuou a insistir na validade de modelos explicativos tradicionais, especialmente os de inspirao marxista, apesar do reconhecimento da perda do seu poder explicativo, e outro que rapidamente abraou as teses sobre o fim do trabalho, deslocando o interesse da Sociologia para outras esferas da vida e adotando novos conceitos de rentabilidade sociolgica, supostamente superiores. O resultado disso tem sido uma contnua perda de espao da Sociologia do Trabalho. Na melhor das hipteses, seu campo de pesquisa hoje se limita ao estudo das novas prticas de gerenciamento de recursos humanos provocadas pela reestruturao produtiva, aproximando-se dos temas de interesse da Administrao de Empresas; na pior das hipteses, reitera-se que o seu objeto de estudo perdeu todo interesse sociolgico. Nesse contexto, proliferam estudos histricos em que se observa um indisfarvel saudosismo dos sistemas produtivos tayloristas ou fordistas que, at ontem, eram considerados modelos supremos da alienao do trabalho. Contra a idia do fim do trabalho, argumento que o trabalho, na pluralidade de formas que tem assumido, continua a ser um dos mais importantes determinantes das condies de vida das pessoas. Isto porque o sustento da maioria dos indivduos continua a depender da venda do seu tempo e de suas habilidades de trabalho no mercado. Mais ainda, como veremos adiante, sua presena tem invadido de tal forma diferentes esferas da vida que temos, hoje, grandes dificuldades em estabelecer as fronteiras que separam o mbito do trabalho do no-trabalho. Por outro lado, tambm pouco convincente pretender que nada mudou. As transformaes nessa rea so to profundas que requerem uma ampla reviso da forma como a Sociologia construiu o seu objeto de investigao. Meu argumento ser exposto da seguinte maneira. Na primeira parte do artigo retomo o
I
Desde a sua constituio como uma subrea da Sociologia, a Sociologia do Trabalho incorporou o ponto de vista ento predominante entre os intrpretes das sociedades modernas de que a economia formava uma esfera central e socialmente diferenciada do conjunto da vida social. nos clssicos das cincias sociais que encontramos a origem dessa interpretao. A despeito do interesse que manifestavam pelo sistema social como um todo, ou pelas conexes entre base e superestrutura, na formulao marxista, a verdade que eles consideravam a sociedade moderna diferenciada o bastante para que suas partes fossem pensadas como subsistemas relativamente autnomos. Para Parsons, por exemplo, uma das grandes realizaes da modernidade teria sido diferenciar internamente a sociedade de tal forma que princpios distintos orientariam a ao de seus subsistemas. O ethos utilitrio, por exemplo, prevaleceria no sistema econmico, ao passo que na famlia e no sistema de parentesco as atribuies de qualidades e a expressividade teriam primazia. Era nisto que a sociedade moderna se distanciava com maior nitidez da solidariedade mecnica, marcada pela rgida integrao das partes em torno de um ncleo central de valores, a qual, seguindo a influente descrio feita por Durkheim, supostamente caracterizava as sociedades tradicionais. De Marx herdamos ainda os pressupostos de que a posio do trabalhador no processo produ-
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nos na Europa, distingue-se, evidentemente, das abordagens de inspirao neoclssica. Diferentemente dos neoclssicos, os marxistas enfatizam que o mercado de trabalho um fenmeno histrico recente que substituiu o trabalho organizado em bases feudais, a escravido e outras formas de vnculos pessoais fundados na coero direta. Seu argumento que a criao do mercado de trabalho dependeria no apenas do desenvolvimento tecnolgico, mas tambm da acumulao prvia de riqueza e de recursos produtivos, bem como da proletarizao de amplos grupos sociais. Tambm no se pode ignorar que os prprios marxistas divergem entre si. Por um lado, h aqueles que vem a tecnologia como o principal promotor do desenvolvimento econmico. Esta viso serviu de inspirao, por exemplo, para a tese de Braverman sobre o incessante esforo dos capitalistas para desqualificar a fora de trabalho mediante uma minuciosa diviso do trabalho. Mas, por outro lado, h outras perspectivas que reconhecem a indeterminao das lutas polticas e econmicas, como aquela da escola regulacionista de origem francesa, que afirma que o capitalismo produz uma srie de regimes de regulao cuja natureza de suas sucessivas fases dependeria tambm de circunstncias histricas contingentes. Novamente contrastando com o modelo neoclssico, que concebe o mundo do trabalho como povoado por indivduos independentes, automotivados, que tomam suas decises a partir de interesses e preferncias individuais, os marxistas enfatizam a conscincia de classe, a conscincia coletiva do interesse de classe que emerge mais ou menos naturalmente das relaes sociais de produo. A aglomerao de grandes contingentes de trabalhadores em grandes estabelecimentos industriais, com uma detalhada diviso do trabalho, e a crescente homogeneizao da fora de trabalho intraindstrias produziriam o principal ator coletivo da sociedade capitalista. Embora os marxistas hoje adotem uma viso menos determinista e mais interativa da relao entre economia e conscincia, eles ainda sustentam que a percepo dos interesses poderosamente moldada pelo contexto estrutural da economia.
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Apesar dessas diferenas, que no so poucas, permito-me, tendo em vista os propsitos da minha anlise, motivada pelos desafios do presente, unific-las e concluir que a Sociologia do Trabalho sustentou, ao longo do tempo, um tipo de consenso ortodoxo que vem sendo recentemente desestabilizado pela ao de, pelo menos, duas ordens de fenmenos: as contribuies dos estudos de gnero, que contestam tanto os limites daquilo que se considera trabalho, como a viso de que a esfera econmica possa ser tratada de maneira autnoma das demais esferas da vida, e as recentes mudanas nas relaes de trabalho denominadas por alguns de ps-fordismo, acumulao flexvel ou sociedade ps-industrial , que vm deslocando a figura do trabalhador masculino em tempo integral na indstria como o arqutipo das sociedades contemporneas. Tratarei desses dois aspectos a seguir.
II
Em que pese a grande variedade de abordagens que buscam salientar a importncia das relaes de gnero na organizao do trabalho, todas elas, de uma forma ou de outra, procuram mostrar a influncia dos valores da cultura mais ampla sobre a organizao e a experincia no mundo do trabalho. Tal perspectiva no exatamente uma novidade na Sociologia do Trabalho, tendo estado presente desde a constituio da disciplina.2 Entretanto, o interesse em relacionar a experincia no trabalho com outras esferas da vida ficou, na verdade, negligenciado diante do horizonte de indagaes marcado pelo consenso ortodoxo a que acabo de me referir. No apenas aquilo que se considera como a esfera prpria do trabalho, como tambm os modelos interpretativos oferecidos pela Sociologia dominante passaram a ser revistos, sobretudo a noo de que a produo e o trabalho domstico seriam regidos por diferentes princpios isto , de que as regras do mercado se aplicariam produo, ao passo que o trabalho domstico seria, por assim dizer, um dote natural que as mulheres aportariam ao casamento em troca do
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III
O cenrio produtivo com o qual nos defrontamos hoje revela fortes sinais de que a produo em massa de produtos industriais padronizados, empregando milhares de trabalhadores, pode ser considerada coisa do passado. Os empregados das indstrias esto, cada vez mais, produzindo bens especializados em fbricas que empregam consideravelmente menos funcionrios e utilizam de forma crescente tecnologias altamente informatizadas. H tambm grande alterao na organizao espacial da produo. As empresas so hoje capazes de operar em escala mundial, movimentandose por distintos pases e/ou regies, beneficiandose da presena de menores nveis salariais, da baixa incidncia de conflitos industriais e das vantagens propiciadas por isenes fiscais de vrios tipos. Outras mudanas relacionadas a estas tambm so evidentes, embora o ritmo de sua implantao varie de pas para pas: o crescimento significativo do emprego autnomo; o aumento das formas atpicas de emprego, como o trabalho temporrio, em tempo parcial e a domiclio; a acelerada expanso de pequenas empresas, tanto no setor industrial como no de servios; o declnio significativo do emprego mesmo nas grandes empresas multinacionais; a forte tendncia ao desmembramento de grandes empresas em pequenas unidades produtivas descentralizadas; o crescimento de novas formas de propriedade, como o franchising, ou de novos arranjos produtivos como a subcontratao. Deste elenco de mudanas vou me ater a apenas duas, que, a meu ver, implicam a formulao de uma nova agenda de questes para a Sociologia do Trabalho. A primeira a forte expanso do setor de servios e a queda concomitante da participao relativa da indstria nas economias contemporneas. Esta transformao de tal ordem que muitos autores consideram que seria mais apropriado chamar nossas sociedades de ps-industriais. A demanda por servios de toda espcie, como transporte e comunicaes, governo e administrao, sade e educao e servios financeiros, cresceu de tal maneira que a participao do setor
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industrial no total do emprego na Gr-Bretanha, por exemplo, caiu de 40% em 1970 para 18% em 1995. Nos Estados Unidos, o setor de servios, que respondia por 40% do total do emprego no incio do sculo, hoje j ultrapassa a marca de 82%. No Brasil a trajetria semelhante: o setor de servios congrega mais de 50% da populao ocupada, contra 20% na indstria e 25% na agricultura (PNAD/IBGE, 1996). Estima-se que at o ano 2000 esta proporo subir para 62% (Pastore, 1998). Embora o trabalho no setor de servios se tenha tornado a principal forma de ocupao nas economias ocidentais, as anlises sociolgicas no acompanharam como deveriam essa nova realidade. Isto se deve, em grande parte, contnua preferncia dos socilogos por formas particulares de trabalho aquelas associadas produo de bens tangveis e pelos ambientes onde elas se encontram as fbricas. Nos casos em que o setor de servios foi abordado, a ateno recaiu, principalmente, sobre as tarefas manuais e rotineiras executadas por empregados situados em segmentos inferiores da atividade, desconsiderando-se outras atividades do setor que envolvem comportamentos relacionais e interativos com clientes. A conseqncia disso foi a representao do processo de trabalho nos servios semelhana do processo do trabalho na indstria. No de se estranhar, portanto, que muitos estudos sobre o setor de servios tenham em Braverman (1974) a principal fonte de inspirao. Como por demais conhecido, este autor argumenta que a introduo de novas tecnologias faz prevalecer no setor de servios as mesmas normas de rotinizao, fragmentao e desqualificao do trabalho vigentes na indstria. No h dvida de que muitas ocupaes nesse setor assumem, de fato, essas caractersticas, especialmente nos nveis inferiores da hierarquia ocupacional. Entretanto, gostaria de argumentar que, na produo de bens intangveis, surge um novo modelo de trabalho que escapa completamente ao padro prevalecente na produo industrial. Refiro-me aos aspectos interativos das ocupaes no setor de servios e s novas formas de governance, ou controle, que eles animam.
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termos legais, a tendncia era a adoo de um padro de contrato negociado coletivamente para um segmento industrial inteiro ou para grupos ocupacionais especficos. O emprego era tambm, em geral, geograficamente concentrado em grandes empresas. Pode-se afirmar que at os anos 70, nas sociedades avanadas, o chamado emprego em tempo integral e para a vida toda era uma forte referncia tanto no planejamento organizacional das empresas como no horizonte existencial dos trabalhadores. Em sentido macrossociolgico, o emprego desempenhava a poderosa funo de articular diferentes nveis do sistema social: as motivaes individuais, as posies sociais e a reproduo ou integrao sistmica. A construo das identidades sociais, ao menos para os homens, tinha como principais determinantes a qualificao, a posio no emprego e as expectativas de carreira. Torna-se cada vez mais evidente que, nos tempos atuais, o emprego como uma carreira contnua, coerente e fortemente estruturada no mais uma opo que esteja amplamente disponvel. Empregos permanentes esto cada vez mais restritos a poucas e velhas indstrias ou a algumas profisses que esto rapidamente desaparecendo. Os novos postos criados tendem a ser flexveis no tempo, no espao e na durao, dando origem a uma pluralidade de contratos de trabalho: em tempo parcial, temporrios ou por conta prpria.4 O fato de que as formas tpicas de emprego no fazem mais parte do horizonte organizacional das grandes empresas foi eloqentemente reconhecido pelo vice-presidente do Departamento de Recursos Humanos da AT&T, James Meadows, em entrevista ao New York Times, no incio do programa de demisso de 40 mil trabalhadores, em 1996. Segundo Meadows, as pessoas devem ver a si mesmas como trabalhadores autnomos, como vendedores que vm para esta companhia vender suas habilidades. E acrescenta: Na AT&T temos que promover toda uma concepo de que a fora de trabalho temporria. Em vez de empregos, as pessoas tm cada vez mais projetos ou campos de trabalho. (apud Tilly e Tilly, 1998, p. 224). Tal declarao indica que o trabalho na empresa transferiu-se do emprego assalariado tpico
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para outras formas de contratos de prestao de servios que, no limite, tenderiam a transaes individuais. Sugere, ainda, que nas novas regras do jogo contratual no existe nenhuma referncia a um coletivo, exceto quele formado pelo contratante e o prestador do servio. Mudanas similares, em termos de atitudes e expectativas de trabalhadores e gerentes, foram captadas em amplos surveys realizados nos EUA (Cappelli e OShaughnessy, 1995, apud Tilly e Tilly, 1998). Ambos os grupos avaliaram que o seu compromisso atual com o empregado era muito menor do que em dcadas anteriores. Pois bem, as transformaes que acabo de esboar animaram um intenso debate na Sociologia nos ltimos anos. Alguns autores, mediante o conceito de especializao flexvel, procuraram salientar dimenses especficas desse processo, particularmente os desafios colocados coordenao ou governance de estruturas produtivas altamente descentralizadas, baseadas em redes de produtores independentes,5 to distantes do modelo weberiano de organizaes burocrticas e hierrquicas. Outros procuraram teorizar sobre a relao entre mudanas no regime de emprego e mudanas mais gerais ocorridas nas sociedades contemporneas. Neste ltimo caso, como mencionei no incio, creio que a Sociologia do Trabalho ficou imprensada por duas vises opostas: aquela que considera que, no fundo, nada ou muito pouco mudou6 afinal, as economias continuam capitalistas e, portanto, estruturam-se a partir dos mesmos princpios e a que considera que tudo mudou e que o trabalho perdeu sua centralidade, tornando-se o consumo o princpio ordenador das relaes sociais.7 Ambas as perspectivas so altamente parciais e, portanto, insustentveis. Por um lado, a tendncia atual que encoraja os trabalhadores a perceberem a si mesmos como empreendedores e a tratarem seus empregadores como clientes de seus servios implica uma mudana radical na experincia do trabalho. Por outro, o aumento da flexibilidade e a precariedade do emprego, em lugar de diminurem o peso do trabalho na vida das pessoas, difundiram a sua presena em inmeras esferas da vida que, anteriormente, eram vistas como separadas do trabalho.
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NOTAS
1 Durante esse perodo, a Sociologia do Trabalho foi uma rea de especializao central, abrigando muitos daqueles que se tornaram grandes lideranas sociolgicas de suas geraes como, por exemplo, S.M. Lipset, J. Colemam, W. Loyd Warner e Ely Chinoy, entre outros. Esta fase est associada prevalncia da indstria automobilstica e ao fortalecimento do welfare state e dos sindicatos. Estou me referindo especialmente aos membros da Escola de Chicago e seus seguidores, que produziram densas anlises sobre as relaes entre a experincia no trabalho, as crenas e a vida comunitria de trabalhadores em diversas ocupaes. Ver, por exemplo, Hughes (1958). Sobre a estratificao dos mercados de trabalho no setor de servios nos EUA ver MacDonald e Siriani (1996). Os trabalhos autnomos e em tempo parcial foram os principais responsveis pelo crescimento do emprego na Gr-Bretanha nos anos 80 e 90. Entre 1980 e 1995 desapareceram 3,5 milhes de empregos de tempo integral (Beynon, 1997). Nos Estados Unidos, a proporo de trabalhadores autnomos (self-employed) na fora de trabalho urbana passou de 6,9% em 1975 para 7,4% em 1986 (Reich, 1992, p. 95). Ver, especialmente, os captulos escritos por Charles Sabel e Gary Gereffi em Smelser e Swedberg (1994). Aqui eu incluiria os tericos da regulao ou do neofordismo que limitam seu olhar apenas queles aspectos das mudanas que provocam novas formas de estratificao social e de segmentao do mercado de trabalho. Ver Lipietz (1982) e Boyer (1990). Neste caso eu incluiria os tericos da ps-modernidade, especialmente Bauman (1998). Sobre o aumento da incerteza nas sociedades contemporneas, ver Beck (1992). Este foi um dos primeiros autores que procuraram associar a produo flexvel com mudanas mais amplas na sociedade moderna, que estaria deixando de ser uma sociedade industrial orientada para a riqueza para se caracterizar pelo risco e a incerteza em inmeras esferas da vida. Para uma viso que considera que a diminuio das funes protetoras do Estado em ambiente de acirrado individualismo ameaaria a coeso social, ver Castel (1995).
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