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Programa de Educação em Valores Humanos
Programa de Educação em Valores Humanos
Programa de Educação em Valores Humanos
Programa de
Educação em
Valores
Humanos
Este livro nos apresenta o inovador
Programa de Educação em Valores Humanos,
criado na Índia por Sathya Sai Baba, há mais de 30 anos
e hoje aplicado em mais de 130 países.
Lumensana
Publicações Eletrônicas
Para ler e pensar
Março – 2009
APRESENTAÇÃO
Valores. Humanos.
Que valores? A que seres humanos estamos nos referindo?
Vislumbrar um novo mundo, esta é a grande proposta: mudar o mundo a partir de
novos paradigmas em educação.
Neste início de milênio, os seres humanos se defrontam com inúmeras crises,
muitas delas envolvendo diretamente a própria sobrevivência da humanidade. No
Brasil, assim como no mundo todo, busca-se um encaminhamento para a educação,
vista como fio condutor prioritário, embasador da construção de novos modelos de vida.
Programa de Educação em Valores Humanos traz propostas que funcionam como
um descontaminador do nosso olhar. Mostram-nos um caminho, uma possibilidade de
reaprender a viver os valores que direcionam nossas vidas.
Verdade, Ação Correta, Amor, Paz e Não-violência deixam de ser conceitos
abstratos e passam a ser possibilidades vivenciadas. É a proposta de retorno ao sagrado,
não para crer, mas para viver.
Programa de Educação em Valores Humanos tem sua origem nas propostas de Sri
Sathya Sai Baba, iniciador de uma nova ordem social, educador internacionalmente
reconhecido, cuja metodologia vem sendo adotada com sucesso em vários países do
mundo. Aqui, este Programa é apresentado com base na metodologia e nos
ensinamentos de Sathya Sai Baba, porém, adaptados às necessidades e realidades
brasileiras. Mais que um simples Programa, ele nos educa e nos faz aprender. Mais
ainda, apresenta a crença no desenvolvimento de valores humanos. Conhecimento,
desenvolvimento e fé no ser humano: elementos indispensáveis para a construção de
novos modelos em educação.
Adotar este Programa na vida significa encontrar novos rumos de crescimento e
autotransformação. É também a constatação de que já existem novos modelos
educacionais que nos oferecem possibilidades de desenvolvimento do potencial
humano, e o encaminhamento de soluções que com o antigo olhar não podíamos
vislumbrar.
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ÍNDICE
Introdução
O Professor
Valores humanos
Os valores humanos absolutos e os aspectos da personalidade
Verdade – Aspecto Intelectual
Ação Correta – Aspecto Físico
Amor – Aspecto Psíquico
Paz – Aspecto Mental
Não-Violência – Aspecto Espiritual
Os subvalores ou valores relativos
Os subvalores relativos da Verdade
Os valores relativos da Ação Correta
Os valores relativos da Paz
Os valores relativos do Amor
Os valores relativos da Não-violência
Histórias de Transformação
Mitos de Transformação
Pensamentos de Transformação
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INTRODUÇÃO
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O PROFESSOR
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O QUE SÃO VALORES HUMANOS
O que é um valor.
A disciplina filosófica que estuda os valores é a axiologia, a crítica dos valores. O
homem, pela sua configuração mental e espiritual, não vive mergulhado num mundo
tão-só de coisas materiais, como ocorre com os animais, mas num ambiente de valores,
símbolos e sinais. Diante disso, é necessária uma exata compreensão dos valores.
Nietzsche deu status filosófico aos valores, mas foi Max Scheler quem atuou no
campo da pesquisa dos valores, na descrição dos fenômenos ou das essências puras
que ocorrem na consciência. Por meio dessa exploração, Scheler concluiu que os
valores pertencem a uma esfera que não se confunde com a do ser, pois possuem uma
peculiaridade irredutível. São percebidos não por uma introspecção simples, mas por
uma instituição emocional.
É difícil conceituar com abrangência os valores e estes apresentam uma imensa
dispersão. Deve-se englobar na designação de valores a honra, o dinheiro, o zelo, o
dever, o direito etc., pois todos são valores e, por conseguinte, sua definição deve ser de
tal ordem que convenha a essas categorias axiológicas.
Em conseqüência, é comum conceituar valor, primeiramente, como uma não-
indiferença de alguma coisa com um sujeito ou uma consciência motivada.
Os valores se alicerçam em dois pontos:
1. Um sujeito dotado da necessidade de uma motivação.
2. Um objeto, uma pessoa, uma atitude, algo enfim capaz de satisfazer ou atender
à exigência do sujeito.
Portanto, para se chegar aos valores humanos mencionados a seguir e aos seus
respectivos subvalores, o ponto de partida seria desencadear a motivação interior,
despertando, pelo trabalho do educador, o interesse em tal descoberta.
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VALORES HUMANOS
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OS SUBVALORES OU VALORES RELATIVOS
A cada valor absoluto correspondem valores relativos que devem ser assimilados,
ressaltados, e praticados no cotidiano. A vivência desses valores alicerça o caráter por
meio de transformações dos níveis da consciência. Partindo da condição humana e
exercitando os valores relativos, obteremos a revelação da nossa natureza divina. A
partir da intermediação desses valores, nossos pensamentos e formas de expressão
adquirem padrões novos e espectro cada vez mais amplo. A integração dos níveis e
aspectos das energias vitais e a destruição das cadeias da ignorância libertam o homem
integral, para buscar a si mesmo e ao Absoluto.
O gênero humano está vivendo aflições e crises político-econômicas, rivalidades
religiosas, raciais e de classes sociais, o que reflete desequilíbrio e contradição. O
desenvolvimento tecnológico e científico não serviu para unir as nações, mas para
aumentar as distâncias e diferenças. Ódio, inveja, cobiça, competição e sede de poder
sobrevivem porque os homens utilizam sua inteligência e criatividade a serviço da
crueldade e do egoísmo. As lideranças político-sociais, formadas e educadas num
sistema educacional que prioriza a competição e o sucesso econômico, relegam os
valores humanos a importância secundária.
O remédio para tanto desacerto e sofrimento está no próprio homem. É chegado o
momento de ele assumir a responsabilidade que lhe cabe perante si e a vida. Procuramos
– apostando nas coisas que criamos sem valorizar a nós mesmos, seus criadores –
encontrar a felicidade de fora para dentro, atraídos pelo falso e ilusório. Tudo isso
acontece porque ignoramos quem somos realmente. Devemos ansiar pelo
autoconhecimento, usar a inteligência para fazer o bem e minimizar as fontes de
sofrimento, vivendo os valores que nos são intrínsecos. Nunca é demasiado tarde para
iniciar a grande viagem em busca de nós mesmos. E partir para a mais fundamental das
aspirações humanas, o autoconhecimento.
Os subvalores ou valores relativos são manifestações de cada valor absoluto no
exercício da vida; são nossos instrumentos de aprimoramento da personalidade, que se
molda constantemente para que possa atingir seus verdadeiros objetivos.
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OS VALORES RELATIVOS DA VERDADE
E SUAS DEFINIÇÕES
ATENÇÃO – Estar presente por inteiro em tudo o que observar, sentir, escutar,
dizer ou fazer é fundamental para que possamos ter a experiência real das oportunidades
de aprendizado e crescimento que a vida oferece. Ao enfocar nossa atenção em algo,
ocorre uma comunicação energética entre nós e o objeto do nosso foco, fazendo surgir
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novas idéias que são desenvolvidas pela mente, que as delineia e dá início ao processo
de criação. A falta de atenção é terreno propício para o erro, a injustiça e toda sorte de
desperdício. Atentos a nós mesmos, aos semelhantes e à natureza, poderemos encontrar
Deus em nós e no mundo.
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pensamentos puros e criativos, as palavras verdadeiras e amorosas e os atos nobres e
generosos denotam, por sua vez, a comunhão com a divindade, e a coerência é o reflexo
dela.
JUSTIÇA – Estabelecer a diferença entre o legal e o justo pela ampla análise dos
diversos aspectos de uma questão sem preconceitos ou raciocínio viciado é o meio mais
correto de ser justo. Para julgar algo ou alguém é preciso estar ciente de que somos
falíveis e aprendizes de nós mesmos; portanto, agimos de acordo com o nosso nível de
autoconhecimento. Em termos sociais, posicionamentos estanques, normas e regras
definitivas não são compatíveis com uma sociedade mutável, que exige a atualização de
leis e a agilidade na sua aplicação. O respeito aos direitos, às obrigações do ser social e
aos valores humanos promove harmonia e justiça.
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Relato de experiência
O resgate dos valores humanos e de seus subvalores deve ser a proposta básica de
todas as experiências que vivemos no cotidiano. Apresentamos, a seguir, o relato de
uma experiência, com enfoque na verdade e em seus subvalores.
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OS VALORES RELATIVOS DA AÇÃO CORRETA
E SUAS DEFINIÇÕES
VIDA SALUTAR – A seleção dos alimentos que ingerimos, dos ambientes e das
pessoas com quem convivemos, além de tudo aquilo que recebemos como informação e
sensação através dos órgãos dos sentidos, definirá nossos hábitos e a higidez do nosso
corpo e da nossa mente. Dessa forma, o desrespeito ao nosso corpo e à nossa mente
compromete nossa atuação e dificulta o crescimento interior. Nosso corpo é
indispensável como veículo e nossa mente deve ser o instrumento para a penetração nos
níveis mais elevados da nossa consciência.
RESPEITO – Só o ser humano sente respeito: por si mesmo, pelos outros, pela
natureza e pelo sagrado. Quando cultivamos nossas virtudes e procuramos superar
nossos defeitos, crescem as condições de, respeitando nosso próprio estágio de
evolução, respeitar o estágio do outro. A partir daí procuramos o ponto de contato e não
a linha que nos separa. Respeitar a privacidade e a individualidade alheias sem
julgamentos impulsivos é reconhecer por trás da forma exterior e das atitudes
discutíveis a chama divina imanente que existe em nós.
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LIMPEZA – A limpeza do corpo renova energias, reanima e conserva a saúde. A
limpeza da mente e do coração, eliminando perspectivas equivocadas, preconceitos e
crenças dogmáticas, sentimentos inferiores e egoístas, é fundamental para o
florescimento de pensamentos e atitudes boas, saudáveis, moralmente harmoniosas e
amorosas. Idéias claras, relações francas são reflexos de uma alma limpa e de um
caráter puro e forte.
ORDEM – Tudo o que existe obedece a uma ordem, que é o princípio ordenador, a
força que propicia a criação, manutenção e expansão da vida. No nível consciente da
vida humana, a ordem exterior é o reflexo da ordem interior. Os pensamentos ordenados
pelo exercício da meditação cedem espaço para a intuição. A partir daí, nossa
imaginação não é apenas divagadora, mas criativa, e podemos assim expressar nossas
aptidões de forma organizada e concreta. A ordem estabelece harmonia para realizar
idéias e atingir ideais.
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ação. Só o homem pode colocar-se diante de situações, pessoas e coisas da forma mais
condizente com sua consciência, e agir do modo mais conveniente, evitando atritos e
sofrimentos por seguir os impulsos instintivos e ter devido a isso reações intempestivas.
Prudência não é vacilação ou indecisão. Uma pessoa prudente sabe interpretar a vida
como um campo de aprendizado em que energias inter-relacionadas estão em constante
interação.
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OS VALORES RELATIVOS DA PAZ
E SUAS DEFINIÇÕES
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AUTOCONTROLE – O autocontrole evita infligir dor, aborrecimento e
constrangimentos aos outros e a nós mesmos. Constitui um elemento importante para
vencer nossas tendências inferiores, atingir nossas qualidades e nos preparar melhor
para viver. O assenhoreamento dos nossos impulsos não se consegue pela repressão ou
negação da consciência. Só o homem pode ser senhor de si, pelo conhecimento e
aprimoramento de todos os níveis da sua personalidade e da sua consciência. Não
podemos nos esconder de nós mesmos nem do mundo, mas, sim, triunfar dos nossos
defeitos e das adversidades por meio do autocontrole e da autodisciplina.
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não nós estamos a serviço delas. O desprendimento permite um relacionamento
amoroso com as pessoas sem subjugá-las ou moldá-las ao nosso gosto. O
desprendimento é conquistado quando se alcança o equilíbrio entre a força da matéria e
a força do espírito e se vive não a repulsão entre essas forças, mas a sua harmonização.
Sem desprendimento, não há transformação, pois o apego entorpece.
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OS VALORES RELATIVOS DO AMOR
E SUAS DEFINIÇÕES
DEDICAÇÃO – É a atitude natural inspirada pelo amor puro por alguém, por uma
causa ou atividade. A dedicação, em qualquer empreendimento, fortalece o poder de
realização. Sem dedicação, não há progresso cultural, material ou espiritual. Aquele que
se dedica ao que acredita não conhece instabilidade e indefinições. A dedicação ao
autoconhecimento desperta energias adormecidas, e, se nos voltarmos para a prática da
espiritualidade no cotidiano, podemos fazer da nossa vida uma oferenda à divindade
imanente em todas as manifestações dessa vida.
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de igualdade determina prioridades e orienta nosso comportamento e posicionamento
diante da sociedade.
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OS VALORES RELATIVOS DA NÃO-VIOLÊNCIA
E SUAS DEFINIÇÕES
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vários costumes, mitos, credos, rituais e manifestações da espiritualidade e criatividade
humanas. Não podemos julgar culturas segundo os nossos padrões se quisermos
compreendê-las e avaliá-las amplamente. É preciso estar aberto para aprender com as
diferenças, respeitando-as, enxergando sem distorções preconcebidas a expressão das
várias culturas e religiões. Todos os seres humanos têm medos, dúvidas e necessidades
espirituais e físicas; assim, só uma aliança entre eles permite a revelação dos mistérios
da vida. A religiosidade permeia todas as maneiras de encontrar a essência da Verdade
em todas as coisas visíveis. Ela não separa, unifica. O que nos afasta dela é a ignorância,
o medo e o egoísmo arrogante.
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facilita o domínio dos demais impulsos. Alimentação sadia e equilibrada gera saúde
física e mental. O conhecimento do valor nutritivo dos alimentos e de sua ação
energética ajuda a desenvolver a percepção superior.
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O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
EM VALORES HUMANOS
“A mais importante busca humana é esforçar-se pela moralidade em
nossa ação. Nosso equilíbrio interno, inclusive da existência, depende
disso. Somente a moralidade em nossas ações pode dar beleza e
dignidade à vida. Fazer disso uma força viva e trazê-la para a
consciência é talvez a tarefa principal da educação.” Albert Einstein
A educação em valores humanos tem sido vista em vários países da Europa, Ásia,
África, América do Norte e América do Sul como uma fascinante e promissora forma de
suprir o grande déficit qualitativo dos diversos sistemas educacionais existentes no
mundo. Sócrates levantou a questão: pode a virtude ser ensinada?
A meta da educação moral é incrementar gradualmente autonomia e autocontrole
na personalidade; não se trata de impor ou ensinar virtudes, mas de facilitar a
autodescoberta das próprias virtudes. A criança que desenvolve um bom caráter pela
conscientização das suas virtudes terá um comportamento de acordo com os valores
vivenciados e internalizados. Desse modo, não pautará suas ações por regras e
obrigações sociais apenas, mas por convicção interior do que sejam ética e moral.
O Programa de Educação em Valores Humanos é adotado em mais de cem países
há aproximadamente trinta anos; portanto, não se trata de mais uma experiência na área
educacional, mas de uma realidade aferível quanto à sua validade e aceitação. Apresenta
uma teoria educacional que sintetiza várias filosofias em uma criteriosa e funcional
mistura de técnicas e princípios.. Toda e qualquer filosofia educacional aceita estes
princípios cardiais: conhecer os fundamentos da comunicação, incluindo a informática;
aprimorar a saúde física e mental; desenvolver a habilidade na convivência em família,
nas relações cívicas e vocacionais; otimizar o tempo de trabalho e de lazer; aperfeiçoar a
sensibilidade ética. Atualmente, são as seguintes as teorias educacionais em uso:
teológica, adotada nos países em que as escrituras da religião nacional, seus dogmas e
rituais direcionam o ensino; materialista, adotada nos países que professam o
materialismo (reconhece apenas a existência da razão, desconhecendo o aspecto
espiritual da personalidade humana); científico-humanista, fundamenta o ensino e
encontra a origem de tudo na matéria, sendo o homem, mente e intelecto, extensão
natural dela; humanista: tem por base a idéia do homem como manifestação do
universo, sendo faculdades reconhecidas dele o corpo, a mente, o intelecto e a razão (é a
mais difundida de todas as teorias).
O Programa de Educação em Valores Humanos contribui para um aprofundamento
do humanismo psíquico-espiritual, permitindo o conhecimento intuitivo espiritual,
cultivando o homem psíquico-espiritual, permitindo a transcendência da razão e a
estruturação do caráter pelo desenvolvimento integral da personalidade. O progresso
verdadeiro passa pela elevação moral e espiritual do ser humano. O escopo da Educação
em Valores Humanos não é a demolição das conquistas na área da educação, mas a
reconstrução dos princípios primordiais da educação. Combinar a ação no mundo
material com o anseio legítimo da busca espiritual facilita a transformação dos valores
seculares em valores espirituais, propiciando a aquisição do conhecimento integrado e
auto-realização, redefinindo o propósito da vida.
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As metas do programa de educação em valores humanos
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EDUCAÇÃO DOS NÍVEIS DA PERSONALIDADE
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As emoções estão intimamente condicionadas à higidez do corpo.
Conseqüentemente, alterações de saúde influem no humor e no comportamento dos
indivíduos. As emoções são vividas subjetivamente, não obedecem a padrões definidos.
Nosso temperamento determina a forma individual de sentir e reagir às emoções
provocadas pelas dinâmicas das experiências durante nossas vidas.
A família, a escola e a sociedade, com suas condições geográficas e tradições
culturais, os padrões morais e normativos, formam o terreno de experiências em que a
criança desenvolverá sua personalidade e formará seu caráter. A formação do caráter
começa pelo equilíbrio do temperamento, que é o meio de expressão das emoções,
modos de sentir e reagir diante das coisas e situações. Assim, é fundamental que a
criança aprenda a reconhecer antes as próprias emoções e reações. Para isso, aconselha-
se a observar a atuação das emoções no seu físico, nos outros e no ambiente, o que lhe
enseja aferir e entender os efeitos causados por suas reações emocionais. Pais e
professores podem orientar carinhosamente a criança aparando as arestas do seu
temperamento e ajudando-a a se auto-observar e observar os seus semelhantes de uma
forma mais acurada. Ela aceitará e assimilará assim, com maior naturalidade, a
disciplina e as frustrações, bem como aprenderá a estabelecer sua identidade, sua
imagem, e a diminuir a dependência de outras pessoas, temer menos, tomando decisões
e formando valores de acordo com o desenvolvimento psico-emocional, sem maiores
conflitos. A criança precisa descobrir e viver a partir do que sente e conscientiza.
Percebendo que as emoções expressadas são a ligação entre ela e as pessoas.
A educação das emoções passa pelo auto-reconhecimento, que permite reconhecer
as próprias ações e as ações de outros indivíduos. Saber estabelecer juízos sobre si
mesmo é o primeiro passo para aprender a formar juízo sobre coisas e pessoas e
desenvolver a maturação das emoções e a motivação e curiosidade pelo aprendizado. O
caráter é formado pelo encontro com o mundo, ou seja, o confronto com as situações, o
meio ambiente e as pessoas em geral.
A educação das emoções constitui também um processo fundamental para elevar o
grau de sociabilidade, despertar o autodomínio e cultivar o discernimento, e essa tarefa
cabe igualmente aos professores e aos pais e familiares. O uso adequado dos sentidos, o
empenho em trabalhar as fraquezas e qualidades propiciam à criança ser testemunha dos
seus desejos e frustrações. Desse modo, ela se capacita cada vez mais a conhecer seu
caráter e a transformá-lo, estruturá-lo e fortalecê-lo. O contato com a auto-estima advém
do contato natural com as emoções, que proporciona ao indivíduo experimentar
livremente seus sentimentos e avaliá-los corretamente.
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A criança deve ser orientada para o aprendizado percebendo as potencialidades de
sua mente e descobrindo suas forças criativas, pois estas só se transformam em ação útil
e digna por uma mente disciplinada, independente e destemida. E o poder da mente não
deve visar apenas à satisfação de desejos e ambições pessoais, mas à realização de
objetivos mais amplos e generosos.
A concentração, o raciocínio rápido e a compreensão abrangente são desenvolvidos
pela meditação. Uma mente tranqüila proporciona não somente paz interior, mas alegria
e melhor aplicação dos nossos talentos. A paz mental gera o silêncio interior e o contato
com o nível espiritual.
A auto-observação, realizada com a mente aberta e livre de atribulações, enriquece
nossas atividades cotidianas e produz o autodescobrimento.
A educação dos impulsos instintivos – que são cegos, inconscientes e instáveis — é
feita nesse nível. Prêmios e castigos são instrumentos poucos eficazes para mudar as
tendências instintivas. O melhor modo de modificá-las consiste na substituição de um
hábito nocivo por outro proveitoso e sadio.
A personalidade e a atitude do professor são de suma importância para suscitar o
interesse, a atenção e a concentração dos alunos. Cabe a ele tornar interessantes e
atraentes as aulas, criando métodos didáticos que estimulem, dirijam e tornem
fascinante a aprendizagem. Um dos grandes obstáculos para o aprendizado está na não-
aceitação do erro e das deficiências de assimilação. O educador precisa conscientizar-se
da sua própria relutância em aceitar os seus erros e fazer ver aos alunos que o erro faz
parte da aprendizagem, é obstáculo a superar no percurso, e não sinal de incapacidade.
Além disso, o educador deve ressaltar que a velocidade de raciocínio e as reações
psicomotoras são próprias e inerentes a cada indivíduo e que todas elas devem ser
encaradas como naturais e dignas de respeito. Mas é importante mostrar também que a
concentração constitui um dos meios para a assimilação e fixação do ensinamento que
poderá ser empregado concretamente na ocasião oportuna. Palavras correm o risco de
ser esquecidas facilmente. Aprender internalizando é o exercício para não esquecer
rapidamente — viver o que foi ensinado ajuda a assimilação. Para isso, o professor deve
desenvolver atividades que estimulem a memória sensorial, espacial e temporal, e a
memória abstrata e simbólica, para outros processos mentais. Memória verbal e lógica e
memória intuitiva.
Imagens verbais de associação dos sentidos, compreensão abrangente e abertura
para o pensamento criativo são expressões da memória bem trabalhada. O professor
deve criar dinâmicas que mostrem à criança a importância do que ela aprendeu na aula
em sua vida cotidiana: o que mais a encantou do que aprendeu, como ela aplicará o
ensinamento nos seus relacionamentos familiares, amizades, brincadeiras etc.,
estimulando a capacidade de aprender e de pensar como fonte de alegria e prazer. O
educador precisa vivenciar interiormente a experiência do aluno, abrindo sua mente e
coração para o novo, evitando impor informações de fora para dentro. Isso exigirá do
professor atenção a si mesmo para encontrar modos criativos de superar-se,
redescobrindo o prazer de ensinar e aprender ao mesmo tempo.
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NÍVEL INTUITIVO — EDUCAÇÃO PSÍQUICA
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A FAMÍLIA: PRIMEIRA EDUCADORA
EM VALORES HUMANOS
Ser é ensinar. Não é preciso ter grande erudição, grande fama ou poder para exalar
amor, doçura, compreensão e firmeza. Nossos atos, pensamentos, palavras, cuidados,
emoções e sentimentos revelam quem somos. Viver em harmonia interior torna cada
pensamento e ação uma expressão dessa harmonia. A família é o núcleo formador do
caráter e os pais, avós, tios e irmãos mais velhos são exemplos vivos para a educação da
criança.
Os valores humanos são transmitidos basicamente pela família. Hoje em dia as
famílias vivem o grande conflito entre os valores éticos e a dinâmica da sociedade,
apelando, dentro da escala invertida de valores, para o egocentrismo, o medo, o
ceticismo e o cinismo. Nessas condições, o grande desafio consiste em fazer da
microssociedade, que é a família, o elemento reformulador da macrossociedade.
Atualmente, como educadores, precisamos ser educados. Estamos oferecendo
inquietude e incerteza às crianças, esquecemo-nos de que o nosso modo de
aproximação, a nossa maneira de falar, agir e viver constituem a nossa contribuição para
a sociedade. A forma de encarar a nós mesmos, de enfrentar nossos problemas
cotidianos representa a educação que damos aos nossos filhos.
O método educacional mais valioso é a experiência pessoal (a criança terá os ideais
e os valores que vivenciar em família). Em toda a criação, cada coisa tem uma base – na
formação do caráter de uma criança, a família é a base de sustentação. Se desejamos ter
uma família harmoniosa, devemos ser harmônicos; se desejamos ter amor, precisamos
amar. Nossos filhos, amigos, parentes e a sociedade se beneficiarão se nos
conscientizarmos de que o nosso comportamento diante da vida resume a educação que
transmitimos às nossas crianças. A transformação da nossa vida decorre da
transformação do nosso coração.
O cultivo ao respeito e à consideração aos semelhantes desperta o bom
comportamento da criança como indivíduo. Pais tendem a se apropriar do filho como
um objeto e por isso não se detêm nas manifestações da personalidade esboçadas pelas
atitudes e emoções da criança. Por outro lado, o afeto insensato e o medo de errar
resultam muitas vezes em liberdade indiscriminada. Ambas as condutas são fruto do
despreparo para a convivência e para o exercício do amor. As virtudes humanas devem
ser alimentadas na criança para que ela possa experimentar a alegria de sua vivência.
A purificação das percepções, o desenvolvimento e ordenação dos impulsos
sensoriais e o reconhecimento das emoções conduzem ao auto-aprimoramento e à
firmeza de caráter. Cabe aos pais infundir coragem, otimismo, alegria e fé nas crianças,
para que elas desenvolvam a capacidade e o entusiasmo para enfrentar os desafios da
vida. Os pais são guias e exemplos; dessa forma, devem agir de acordo com suas
palavras, afinal só um grande educador pode formar um grande estudante. Não basta
plantar sementes puras nas mentes infantis, instruindo-as na cooperação, disciplina e
valores espirituais – precisamos nutri-las para que cresçam e proliferem. Devemos nos
lembrar sempre de que o serviço que prestamos aos nossos filhos é sagrado.
Pais, parentes e professores devem congregar-se e manter um comportamento
harmônico para que possam transmitir verdade e segurança à criança; vigiar a própria
conduta e palavras e procurar seguir os conselhos dos mais sábios, disciplinar, não pelo
temor ou pelo exercício do poder de forma perniciosa e agressiva; lembrar-se sempre de
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que disciplinar é canalizar energias dentro de uma atmosfera alegre, amorosa e honesta
para entregar à nova geração uma vida mais digna e feliz.
A prática de disciplinas espirituais junto com os estudos formais é fundamental. A
religiosidade deve ser desenvolvida, assim como a humildade e o comprometimento
com os valores humanos para o fortalecimento do caráter, da sociedade e do país. Uma
sociedade sem os valores humanos como fonte de inspiração e esteio não é uma
comunidade humana, e a família desempenha papel preponderante na reforma da
sociedade. Dizem-nos que o raciocínio analítico detém todo o saber; assim, buscamos
acumular informações e acabamos prisioneiros de idéias, conceitos e imagens que
criamos das coisas e pessoas.
Os ensinamentos que transmitimos às crianças constituem o reflexo dos nossos
condicionamentos. Cumpre-nos estar dispostos a abrir nossa mente a fim de enxergar o
nosso verdadeiro caminho e a nossa verdadeira alma, e abraçar a vida sem medo de
experimentar nossa transformação, vendo cada momento como uma chance de
aprendizado para sentir o mistério da vida sem limitações. Deus nos oferece desafios e
está presente em todas as situações de nossa vida. A mudança é o ponto de partida;
quando permitimos que ela nos conduza a estados de consciências mais elevados,
crescemos e aceitamos a flexibilidade de raciocínio, sabendo que temos poder de
superar obstáculos e de ampliar nossos horizontes e perspectivas.
O processo de transformação, com ciclos que se completam uns dentro dos outros,
é o que chamamos de mudança, que cria novos padrões e paradigmas de ação e
percepção. De qualquer modo, nosso eu profundo está ciente de que as mudanças são
inevitáveis. Vivemos um momento de redefinições em todos os campos da sociedade. A
redefinição da família é o principal fundamento da formação da nova sociedade.
Embora bem-intencionados, freqüentemente os pais prejudicam emocionalmente os
filhos.
O relacionamento baseado no medo exclui o respeito e a compreensão e acaba por
existir apenas formalmente – é uma adaptação para ser aceito e amado, por parte da
criança. Assim, a necessidade de ser bem-comportado e conveniente substitui a
expressão natural da ludicidade da criança. A compreensão dos atos e sentimentos dela
não significa enfraquecimento da autoridade dos pais; ao contrário, revela aproximação
entre pais e filhos. Encorajar amorosamente a criança a ser independente, ter iniciativa,
autoconfiança e percepção de si mesma e dos outros, além de estruturar a base da
personalidade, melhora as relações familiares e a comunicação com o mundo.
Os laços afetivos familiares levam ao aprendizado primário de dar e receber amor
durante toda a vida. Um convívio amoroso e saudável em família elimina grande parte
dos atritos na convivência com amigos e colegas de trabalho. O conflito de gerações
advém principalmente do comportamento externo formal: por isso, o fortalecimento dos
valores humanos e da amorosidade age como fator de harmonização.
A instrução tanto na família como na escola não pode ser mecânica e arbitrária. É
preciso que ajudemos a criança a encontrar significado no aprendizado, proporcionar-
lhe uma abertura para a experiência da vida. A família, na realidade, é o fator
preponderante de desenvolvimento da personalidade, do caráter e do comportamento
das crianças.
A vivência dos valores é a valorização da experiência, não uma imposição
conceitual. Dentro e fora de casa, ao direcionar o pensamento para explorar as diversas
questões que a vida nos apresente, os valores internalizados alimentam nosso caráter e
guiam nossa conduta. A família estruturada nos valores humanos é uma família amorosa
e fortalecida. Sai Baba diz: “O pai, a mãe e o professor são os três principais
responsáveis pela formação do futuro do país. A educação deve ser recebida como uma
prática espiritual para o estabelecimento da paz no coração do homem, assim como na
sociedade, incluindo a comunidade humana”.
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Pratique o que prega
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DESENVOLVENDO A IMAGINAÇÃO CRIATIVA
“Só podemos viver uma vida plena quando estamos em harmonia com os símbolos,
e a sabedoria é o retorno a eles. Não é uma questão de crença ou
de conhecimentos e, sim, de concordância do nosso pensamento
com as imagens primordiais do inconsciente.”
Carl G. Jung
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HISTÓRIAS DE TRANSFORMAÇÃO
I – O JOGO DE XADREZ
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II – ESPÍRITO DE PESQUISA, SINCERIDADE,
AUTENTICIDADE, COERÊNCIA
Um homem morreu e foi para um lugar muito lindo, rodeado de todo conforto
imaginável. Um ser vestido todo de branco aproximou-se dele e disse:
– Aqui, o senhor pode ter tudo o que desejar: qualquer comida, qualquer tipo de
prazer, qualquer forma de entretenimento.
O homem ficou encantado e por vários dias deliciou-se com todas as formas de
deleite que sonhara na terra. Um dia, porém, entediou-se de tudo. Chamou o atendente
de trajes brancos e explicou:
– Estou cansado de tudo isso. Preciso fazer alguma coisa. Que tipo de trabalho
você pode me oferecer?
O atendente sacudiu a cabeça tristemente e respondeu:
– Sinto muito, senhor. Essa é a única coisa que não podemos lhe oferecer. Não há
trabalho aqui.
O homem retrucou:
– Essa não! Eu bem poderia estar no inferno!
O atendente completou com brandura:
– E onde o senhor pensa que está?
IV - COMPREENSÃO
Certa vez, um homem muito rico mandou um criado à feira para se informar sobre
o valor de um diamante que desejava vender. Conforme a recomendação do patrão, o
criado consultou primeiro o verdureiro. Este pegou o diamante na mão e o examinou
por um momento.
– Eu lhe dou nove cestas de berinjela por ele.
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– Ofereça um pouco mais – insistiu o criado.
– Não, já ofereci mais do que ele vale.
O criado agradeceu, e levou o diamante para o patrão.
– Muito bem – disse o patrão. – Vamos ouvir agora o vendedor de tecidos.
Ao ser consultado, o vendedor de tecidos comentou:
– É uma bela pedra e poderia fazer uma linda jóia com ela. Eu dou novecentos
reais.
– Não pode chegar a mil? – perguntou o criado.
– Impossível! Não sei se vale os novecentos, acho que minha oferta foi excessiva.
Ao tomar conhecimento da resposta do vendedor de tecidos, o patrão pediu ao
criado para levar a pedra ao joalheiro. Queria a opinião de um perito.
O joalheiro examinou o diamante rapidamente e disse:
– Ofereço cem mil reais.
Só recebemos o que buscamos, e avaliamos o que compreendemos.
(História de Sri Ramakrishna)
Um erudito viajava pela primeira vez num transatlântico e estava fascinado pelo
cruzeiro marítimo e a proximidade dos humores insondáveis do mar. Apreciava andar
pelo convés respirando o ar marinho e sempre que encontrava um marinheiro
costumava perguntar sobre seus conhecimentos.
Certa vez, um marinheiro limpava o convés com afinco quando o erudito o
interpelou:
– Diga-me, meu amigo, você estudou filosofia?
O marinheiro olhou-o intrigado e respondeu:
– Não, senhor, só sei navegar.
O erudito retrucou:
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– Você estudou geometria, zoologia, psicologia?
E o marinheiro:
– Não, não, não.
Certa noite, uma tempestade violenta castigou o navio; ondas enormes lavavam o
convés, e o casco rachou, deixando a embarcação ao sabor das ondas. Aterrorizado, o
erudito em pânico procurava em vão agarrar-se ao mastro, quando o marinheiro
aproximou-se e perguntou-lhe:
– Diga-me, senhor, por acaso já estudou nadalogia?
O erudito só conseguiu negar balançando a cabeça.
– Que pena! – disse o marinheiro. – O senhor só fez desperdiçar a sua vida, pois o
navio vai afundar.
IX – SIMPLICIDADE E CONTENTAMENTO
Certa vez, um homem muito rico e muito ocupado caminhava pela praia para tentar
aliviar a carga dos inúmeros e complexos problemas que moldavam a sua vida. De
repente, ele deparou com um pescador deitado despreocupadamente junto de um barco,
olhando o azul do céu. Indignado, deteve-se junto ao pescador e perguntou:
– Como você pode ficar deitado aí, por que não está pescando?
O pescador virou lentamente a cabeça na direção do homem e respondeu com outra
pergunta?
– Por que você está tão irritado? Eu não estou pescando porque já pesquei o
suficiente para o dia de hoje.
Inconformado, o homem insistiu:
– Se você estivesse com seu barco no mar, certamente traria mais peixes para
vender ou estocar e poderia ganhar muito mais dinheiro. Com mais dinheiro, você
compraria um barco melhor, mais moderno, com maior capacidade de navegação, e com
ele teria uma pesca mais abundante e conseqüentemente mais dinheiro. Logo você
poderia até ser dono de uma companhia pesqueira e ser um homem rico.
– E o que eu faria então? – perguntou o pescador.
– Você teria condições de gozar muito mais desta vida. Poderia comprar uma linda
casa, automóvel do ano, roupas caras, viajar, namorar lindas mulheres. Enfim, tudo o
que o dinheiro pode oferecer.
– Mas eu sou feliz assim, vivendo cada momento como único e precioso; vivo o
presente e o que tenho basta para suprir minhas necessidades. Assim consigo apreciar a
vida estando atento a tudo o que me acontece.
– Você se contenta com pouco. É preciso aproveitar mais a vida!
Olhando o interlocutor com um leve sorriso desenhado no rosto, o pescador
perguntou:
– O que você acha que eu estou fazendo agora?
(Conto popular)
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MITOS DE TRANSFORMAÇÃO
I – O MITO DE TESEU
Teseu era filho de uma rainha, Etra, e de um deus, assim como do rei. Ou seja,
ele tinha dois pais: Egeu e Posêidon. Numa ilha chamada Creta havia um rei muito
poderoso chamado Minos. Ele guardava num labirinto um touro sagrado que nascera
dos amores da esposa do rei, Pasífae, com um touro enviado por Posêidon. Muitas vidas
foram sacrificadas, oferecidas a esse monstro chamado Minotauro, metade homem,
metade touro, que se alimentava de carne humana.
Uma ocasião, Androgeu, filho de Minos, foi a Atenas assistir às Panatenéias e
participou dos combates. Atuou de forma tão galharda, que conquistou todos os
prêmios. Magoados, os rapazes atenienses mataram-no. Minos, como vingança, sitiou a
cidade e exigiu de seus habitantes um tributo que deveria ser pago a cada nove anos,
constituído do sacrifício de sete rapazes e sete moças, oferecidos ao Minotauro. Ao
aproximar-se o prazo para o pagamento do quarto tributo, Teseu ofereceu-se para
acompanhar o grupo como um deles.
Ao chegar a Creta, Teseu encontrou uma linda jovem chamada Ariadne, filha do
rei Minos. Apaixonada por Teseu, a jovem princesa, conhecedora das intenções dele,
decidiu ajudá-lo.
Ariadne deu a Teseu um novelo de fio para que ele pudesse se guiar dentro do
labirinto que encerrava o monstro. Assim, Teseu matou o Minotauro e conseguiu
escapar do labirinto. Depois, partiu para Atenas, levando Ariadne e Fedra, irmã de sua
benfeitora. No caminho, ele abandonou Ariadne na ilha de Naxos, deixando-a
inconsolada.
Antes de partir para Creta, Teseu havia combinado com seu pai que, se
conseguisse matar o Minotauro, trocaria as bandeiras pretas do seu navio por bandeiras
brancas. No entanto, excitado pela vitória, Teseu esqueceu a promessa, e seu pai, vendo
a bandeira negra tremular no mastro, acreditou que o filho estivesse morto. Desgostoso,
precipitou-se ao mar que a partir de então passou a ser conhecido como Egeu.
Teseu teve sua vitória coroada de tristeza em vez dos louros da alegria.
Reflexão
O mito de Teseu mostra que a força, a coragem e a determinação exigem também
atenção, respeito pelos sentimentos alheios e gratidão. Sozinhos, esses valores não
bastam. É preciso enfrentar as adversidades e os desafios da vida, mas sempre ouvindo
o nosso coração, a sabedoria interior.
O labirinto simboliza o eu interno; o Minotauro, os temores e negatividades.
Ariadne representa as faculdades intuitivas. O abandono de Ariadne por Teseu expressa
a identificação com as emoções efêmeras em detrimento da força interior que nos guia
nos nossos labirintos interiores mostrando sempre a saída, a solução.
A vaidade e o egoísmo geraram o descuido e o descaso de Teseu, provocando a
morte do rei. O desrespeito ao semelhante provoca dor e demérito.
Quais são suas atitudes e posições diante desse mito? Avalie suas emoções e o
que foi mobilizado interiormente ao entrar em contato com o mito de Teseu.
Reflexão
Athena é a deusa da combatividade espiritual. Ela simboliza a sabedoria, a justiça e a
verdade.O amor combativo em defesa da verdade é o meio de acesso ao
autoconhecimento. Para um convívio harmonioso dos níveis de nossa personalidade e o
contato com nossa alma, precisamos enxergar a verdadeira imagem das coisas e
pessoas. O escudo de Athena reflete nosso ser real. Simboliza também o intelecto
clarificado, o discernimento. Brotada da cabeça de Zeus, ela é sua criatividade,
intuição e capacidade de elaboração e organização de idéias; a energia feminina do
deus.
Diz o mito que Perseu viu a Medusa refletida no escudo de Athena. O reflexo da
verdade protege da precipitação enganosa e permite o distanciamento necessário para
o reconhecimento das emoções, quer negativas, quer positivas. Promove a
autoconfiança e a determinação de atingir a realização de propósitos.
Athena encarna o intercâmbio de energia e a comunicação fluente entre o
hemisfério esquerdo – a objetividade – e o hemisfério direito – a intuição e criatividade
do nosso cérebro. É a grande tecelã de idéias que urde os fios dos pensamentos
criativos. É também um arquétipo de coragem, prudência e discernimento.
Aracne simboliza a pretensão, o atrevimento e o despeito. No mito, como todo
pretensioso, ela prefere morrer a encarar o próprio erro. Aracne é prisioneira de si
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mesma e aumenta sempre o âmbito da sua cadeia, ou seja, sua teia de arrogância e
inveja.
Procure observar sua identificação com os mitos expostos e os pensamentos e
emoções que afloram diante do arquétipo. Encare Athena e Aracne em si próprio.
Certa vez, Indra, o rei dos semideuses, senhor do raio e triunfador dos demônios,
teve de enfrentar um monstro terrível que invadiu seus domínios celestes. Um monstro
desceu à Terra e engoliu toda a água dos rios, fontes e lagos, deixando o mundo numa
seca de dar dó. Aflito e agoniado, Indra demorou a lembrar-se de sua reserva de raios e
trovões. Mas, assim que tranqüilizou seu coração com a certeza de que era capaz de
ajudar o mundo, lançou seus poderosos raios sobre o monstro e o destruiu. As águas
então fluíram abundantes outra vez.
Indra encheu-se de orgulho pelo feito. Considerando-se sempre o mais
maravilhoso dos seres, caminhou até a mais alta montanha cósmica, que fica no centro
do Universo, e lá decidiu construir um palácio digno de sua grandeza. Chamou o
arquiteto dos deuses, que logo fez o projeto e pôs-se a trabalhar.
Toda vez que Indra inspecionava as obras, encontrava um defeito e achava que a
construção devia ser mais grandiosa e luxuosa. O arquiteto, desesperado, pressentia que
a obra não teria fim. Ambos eram mortais e os desejos de Indra não tinham limites;
portanto, ele estaria aprisionado por toda a vida aos caprichos do semideus.
Angustiado, o arquiteto recorreu a Brama, símbolo da força e da graça. Contou-
lhe sua história e sua desdita. Depois de ouvi-lo atentamente, Brama disse:
– Não se preocupe. Eu darei uma solução para o seu caso.
Na manhã seguinte, no portal do palácio em construção surgiu um menino lindo,
negro-azulado, vestido ricamente e rodeado de crianças. O porteiro correu a avisar Indra
da visita do menino esplendoroso. Curioso, Indra mandou o menino entrar.
– Seja bem-vindo – disse-lhe Indra. O que veio fazer aqui?
O garoto falou com voz doce e poderosa ao mesmo tempo, voz que ressoou
pelos universos afora:
– Ouvi dizer que está construindo um palácio como nenhum Indra teve igual!!
Indra, indignado, disse:
– Como assim: nenhum Indra? Do que você está falando?
O menino replicou:
– Eu tenho visto centenas de Indras vir e desaparecer. Vishnu dorme sobre Secha
(a eternidade) no oceano cósmico; o Universo, como um lótus, nasce do seu umbigo.
Sentado no lótus, vive Brama, a energia criadora. Brama abre os olhos e o mundo é
criado e governado por um Indra. Brama fecha os olhos e tudo desaparece. Brama vive
quatrocentos e trinta e dois mil anos. Quando ele morre, o lótus onde ele se assenta se
desfaz e outros lótus nascem, assim como outro Brama. Pense nas galáxias além das
galáxias, no espaço infinito, cada universo com seu lótus e seu Brama abrindo e
fechando os olhos. E quantos Indras?
Enquanto o menino falava, um exército de formigas passou desfilando. O
menino riu e Indra quis saber a razão do riso. Apontando para as formigas, o menino
disse:
– Todas são antigos Indras. Através de muitas vidas, eles se elevam das mais
baixas condições à mais alta iluminação. Aí, eles lançam um raio sobre um monstro e
pensam: “Como eu sou formidável!”, e voltam a despencar.
Nesse instante entrou na sala um iogue com uma constelação de pêlos no peito.
O menino perguntou o nome do velho, e ele respondeu:
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– Cabeludo.
Disse que não tinha casa nem família, que vivia a meditar na eternidade e na
fugacidade do tempo. Dirigindo a Indra, disse:
– Você sabe, toda vez que morre um Indra, um mundo desaparece e cai um fio de
pêlo do meu peito. Metade dos pêlos já se foram e breve todos terão ido. A vida é curta.
Por que construir uma casa?
O menino era Vishnu e o velho, Shiva; eles que foram ensinar a Indra que ele era
parte do todo. Indra chamou o arquiteto e suspendeu a construção do palácio. Decidiu
renunciar a tudo e praticar a meditação. Sua mulher, a rainha Indrami, aflita, procurou o
rishi (sacerdote) dos deuses:
– Ajude-me. Ele resolveu ser iogue renunciante.
O sacerdote dos deuses foi ao encontro de Indra e disse:
– Você é o rei dos deuses, a manifestação do mistério de Brama na esfera do
tempo. Saiba apreciar esse alto privilégio e viva como quem você realmente é. Vou
escrever um livro sobre a arte do amor. Assim, você e sua mulher saberão que, no
maravilhoso mistério dos dois, um Brama está radiantemente presente.
As palavras do sacerdote dos deuses convenceram Indra a desistir da sua inenção
de se tornar iogue e o levaram a descobrir que na vida ele representa o eterno como
símbolo, pode-se dizer, de Brama.
Conto dos Upanishads
Extraído de “O poder do mito”, de Joseph Campbell.
Reflexão
Pense na ilusão que emperra a nossa capacidade de autoreconhecimento e na
impermanência das coisas; na nossa condição de escolha, no livre-arbítrio. Sair do
mundo ou viver no mundo, mas sempre movidos pelo amor, nunca pela culpa ou pelo
medo. Ao saber da sua real dimensão e importância, Indra encontrou a paz e cumpriu
sua função.
IV – O MITO DE HÉRCULES
Reflexão
Hércules é símbolo da força do homem que, mesmo imerso no mundo material e vítima
dos apelos e influências do meio onde vive, segue o caminho da alma e enfrenta os
reveses e obstáculos vencendo as próprias tendências inferiores na busca de seu
objetivo. Hércules é a consciência despertada que realiza seus trabalhos e reconhece
sua capacidade. Como filho mítico de Zeus, está destinado a vencer, ou seja, é herdeiro
de sua força e poder espiritual. Tendo sido alimentado por Athena, foi nutrido pela
combatividade espiritual que ela representa, estando destinado a sair vencedor de si
mesmo. Existem versões que colocam Hera como nutriz, e ela teria por engano
alimentado o objeto do seu ódio.
Da mesma forma, sendo Hera símbolo do amor sublime, manifestando no
condicionamento da matéria suas paixões, ela é o alimento fecundador da alma, e o
conflito da mente entre a força do espírito e o amor possessivo e ciumento.
Mesmo submetido a Euristeu, às circunstâncias do mundo exterior, ele fez disso
a oportunidade de conhecer e dominar seus defeitos e qualidades. Hércules nunca se
envaidece de seus feitos: é o guerreiro do espírito. Sua agressividade nunca é gratuita;
está sempre libertando pessoas e lugares de algum mal – é alguém a serviço do bem.
Essas qualidades superam suas deficiências, fazendo, das dificuldades, oportunidade
de aprendizado. Descobriu as próprias qualidades e forças latentes e utilizou-as de
maneira correta, buscando o aperfeiçoamento e a sintonia com a divindade.
Enfrentou a dualidade da vida matando as serpentes ainda no berço, mostrando
sua disposição de busca de si mesmo. É o homem nos seus aspectos humano e divino,
um guerreiro do espírito lutando contra a identificação com a matéria transitória e
perecível. A oposição entre Hera e Zeus minou sua vida. A reconciliação de Zeus e
Hera libertou a deusa da punição de Zeus e redimiu Hércules pelo amor divino. Zeus é
a potência extraordinária, o espírito imortal; Hera, o amor submetido às oscilações
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instintivas, e ficam em oposição. A reconciliação simboliza a conquista da consciência
pelo amor incondicional.
O sacrifício de Hércules, ou seja, a purificação dos impulsos sensoriais, amaina
o poder devastador das paixões inferiores e liberta a alma.
Meditar no significado do mito de Hércules, para avaliar sua capacidade de
enfrentar obstáculos e reveses sem queixumes ou autopiedade, encarando-os como
oportunidades de autoconhecimento e autodimensionamento. Procure encontrar outros
valores no símbolo e observe o que foi mobilizado interiormente em seu campo
emocional. Trabalhe a auto-análise e o autocontrole. É a partir das nossas falhas
reconhecidas com sinceridade que conquistamos a nós mesmos e alcançamos o
desabrochar das qualidades essencialmente espirituais.
Orfeu era filho de Apolo e da musa Calíope. Do deus sol, seu pai, recebeu uma
lira de ouro, que tocava com perfeição tal, que nada nem ninguém conseguia resistir ao
encanto de sua música. Toda a natureza se rendia ao som deslumbrante dos seus
acordes: sua música abrandava as feras e deixava em transe de doçura animais e deuses.
Era adorado e admirado por todos os homens e todas as mulheres o desejavam para si.
Orfeu era amado por muitas mulheres, mas amava Eurídice e casou-se com ela.
Certo dia, Eurídice passeava com as ninfas, suas amigas, e o pastor Aristeu avistou-a,
ficou fascinado pela sua beleza e tentou conquistá-la. Amedrontada, Eurídice correu e
na fuga pisou numa serpente, que a picou e causou-lhe a morte. Desesperado, Orfeu
cantou a imensa dor que lhe oprimia o coração para deuses e homens, em vão.
Ainda inconsolável, Orfeu desceu aos infernos para procurar Eurídice. No reino
de Hades, tangeu as cordas de sua lira de forma tão pungente e harmoniosa, que por
alguns momentos transformou as trevas dos infernos fazendo suspender os suplícios dos
condenados e comovendo as divindades infernais. Perséfone e Hades entregaram
Eurídice a Orfeu, com uma condição: Orfeu sairia na frente, seguido de Eurídice, e não
deveria voltar-se para olhá-la enquanto não chegasse à superfície, Orfeu aceitou a
imposição e os dois amados saíram. Mas, a ansiedade de Orfeu o traiu: num átimo, ele
olhou para trás a fim de certificar-se da presença da amada e Eurídice lhe foi arrebatada.
Morta pela segunda vez, Eurídice estava perdida para ele, pois não haveria uma segunda
chance.
As Mênades, enlouquecidas de paixão, o disputaram, perseguiram sem trégua e
finalmente, no afã desesperado, o dilaceraram. Morreu Orfeu vítima do próprio encanto.
Orfeu tentou inutilmente voltar aos infernos para resgatar Eurídice. Então, ele
cantou o seu amor para sempre e sua lira reluz nos céus como constelação.
Morto, Orfeu desceu ao Hades e lá encontrou sua Eurídice. Juntos ficaram para
sempre, sem culpas, sem punições. Viveram o amor com harmonia, com intensidade,
sem ambivalência, para ser inspiração de poetas e deuses.
Reflexão
Orfeu é o símbolo do esplendor da criatividade e da inconstância da mente criativa.
Somente o sentimento verdadeiro, o amor de Eurídice poderia salvá-lo. Ela é o lado
sublime do seu ser – simboliza sua alma, assim como a concentração criadora.
Não sabendo amar com entrega de alma, Orfeu sofreu seduções e terminou
destruído pelas Mênades, ou seja, as exacerbações dos desejos vaidosos e
desenfreados.
Eurídice desapareceu no Hades, símbolo do subconsciente, mas o punido foi
Orfeu. O arrependimento e o despertar do amor como força interior não foram
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suficientes para impedir que Orfeu se desviasse de sua meta: salvar Eurídice. Inúmeras
mulheres – símbolos da sedução e dos desejos múltiplos – haviam assediado o poeta.
No mito, Orfeu é dilacerado pelas mulheres que não aceitavam ser repudiadas por ele.
Porém, ele reencontrou o amor harmonia, pelo reencontro final com Eurídice, sua
alma. É importante ressaltar que a impaciência faz que Orfeu ceda à tentação de olhar
para trás, desviando-o da meta e perdendo Eurídice.
Do mesmo modo, nós, se não desenvolvermos a concentração e o
relacionamento constante com nossa alma, seremos destruídos pelos desejos
insaciáveis. O arrependimento não é suficiente se não houver a determinação de
superar o erro. Sem atenção, há desperdício de criatividade e ausência de metas.
Avalie seu poder de concentração. O que tem feito para ter um contato mais
intimo com seu ser eterno? Tem conseguido colocar um teto para os seus desejos?
Como está o seu poder criativo? Procure encontrar outros valores no mito de Orfeu e
Eurídice e veja como você costuma reagir diante do amor sob seus diversos aspectos.
Reveja suas emoções.
VI – O MITO DE BELEROFONTE
Belerofonte era filho de Posêidon, sendo Glauco seu pai putativo. Banido da
cidade por ter matado um tirano de Corinto, Belerofonte fugiu para Tirinto, onde se
abrigou na corte do rei Proteu. A rainha, Estenebéia ou Antéia, apaixonou-se pelo herói,
mas, não correspondida, acusou-o ao marido de tentar seduzi-la. Proteu enviou-o ao rei
da Lícia, Iobates, com uma mensagem: o rei devia matá-lo. Para não infringir as leis da
hospitalidade, o rei encarregou-o de realizar vários trabalhos, que certamente o levariam
à morte. Um deles consistia em destruir Quimera, um terrível monstro cujo corpo era
metade leão, metade cabra, tinha cauda de dragão e vomitava chamas pelas narinas,
causando devastação, destruindo rebanhos e devorando seres humanos.
Antes de ir ao encontro do monstro, o herói foi ao templo de Athena, passando lá
a noite. Durante o sono, a deusa apareceu e entregou-lhe uma rédea de ouro, além de
fazê-lo ver o cavalo alado Pégaso. Segundo suas palavras, assim que o cavalo visse a
rédea de ouro deixaria que ele o montasse sem resistência. Assim aconteceu. Pégaso
levou Belerofonte em seu dorso, levantou vôo e ao avistar a Quimera lançou-se sobre
ela e a matou com um só golpe.
Belerofonte foi exposto a novos perigos em tarefas impostas pelo rei, mas
Pégaso sempre ajudou a vencê-las. Vendo que o herói era protegido pelos deuses, o rei
deu-lhe a filha em casamento e ele tornou-se o herdeiro do trono. O orgulho e a
pretensão tomaram conta de Belerofonte. O herói acreditava-se invencível e quis subir
ao Olimpo montado em seu corcel alado para tornar-se imortal, mas Zeus enviou um
emissário para atormentar Pégaso. O cavalo, irritado, atirou Belerofonte ao chão. A
partir desse dia, ele andou errante pelo mundo, coxo e cego.
Reflexão
Belerofonte é símbolo de imprudência, mas também de inocência e pureza de intenção.
A pretensão vaidosa vitimou o herói, que se tornou incapaz de dominar o monstro
interior da exaltação orgulhosa. O monstro Quimera é a ilusão que expressa o nosso
desafio básico. O germe da perversão está sempre latente. Não podemos permitir que
uma vitória sobre os nossos defeitos ou sobre os obstáculos da vida nos leve a
ultrapassar os limites da sensatez. Nossa tendência é usar uma vitória sobre nossa
natureza inferior como apanágio para desistir do processo de auto-aperfeiçoamento
baseados no orgulho tolo e insensato.
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Voltando ao mito: no início da aventura, Belerofonte venceu graças à pureza e à
força de sua inocência; ele superou a intriga tramada contra ele ajudado pela deusa
Athena, símbolo da combatividade pela verdade. A intervenção de Athena mostra que o
ser humano só encontra condições de vencer a ilusão quando conta com suas
qualidades espirituais passíveis de elevá-lo acima das garras da Quimera.
A impetuosidade pode levar à multiplicação de desejos e à presunção. Pégaso, o
cavalo das musas, é a abstração criativa – quando o herói é derrubado do corcel, sai
derrotado e incapacitado. Sem o poder de abstração, o ser humano não justifica sua
condição como criação de Deus. Sempre que nos desligamos das nossas virtudes e
valores essenciais, ficamos amarrados às nossas negatividades e estacionamos ou
vivemos nossas experiências pela metade.
Entre em contato consigo mesmo, sentindo suas próprias emoções diante da
narrativa do mito. Em que aspectos o mito se identifica com você? Costuma confundir
impetuosidade com coragem? Como reage diante da satisfação ou frustração de suas
expectativas?
Perseu era filho de Zeus e Dânae. Acrísio, avô de Perseu e rei de Argos, soube,
por um oráculo, que sua filha Dânae teria um filho que o mataria. Assim, mandou
construir uma grande arca de madeira, na qual encerrou mãe e filho, e atirou-a ao mar. A
arca chegou a Serifo e foi encontrada por um pescador que levou Dânae e Perseu ao rei
Polidectes, que os acolheu bondosamente.
Polidectes apaixonou-se por Dânae e decidiu casar-se com ela. Porém, com
receio de que o enteado pudesse usurpar-lhe o trono, concebeu um plano para eliminá-
lo: ordenou-lhe buscar a cabeça de Medusa, uma das Górgonas, monstros medonhos que
andavam devastando o reino. Medusa tinha sido uma linda moça, que se orgulhava
principalmente dos seus cabelos. Certo dia, resolveu rivalizar com Athena em beleza.
Furiosa pelo atrevimento de Medusa, a deusa transformou seus cabelos em horripilantes
serpentes. Ela se tornou deste então um monstro cruel e nenhum ser vivo podia olhá-la
de frente, sob pena de virar pedra. Muitos homens e mulheres que ousaram fitá-la
transformaram-se em estátua.
Perseu aceitou a tarefa. Com o escudo dado por Athena, as sandálias de Hermes
e o capacete de Hades que tornava invisível aquele que o usasse, Perseu saiu à procura
de Medusa. Ao chegar ao reduto das Górgonas, observou que Medusa dormia.
Cautelosamente, sem olhar para o monstro e guiando-se pela imagem da criatura
refletida no escud0 de Athena, a decapitou. Colocou a cabeça num saco e partiu.
No caminho de volta, Perseu passou pelos domínios de Atlas, dono dos mais
belos jardins que já existiram, com árvores e frutos de ouro. Quando lhe pediu pousada,
Atlas recusou, pois uma profecia advertira-o a não confiar nos filhos de Zeus. Ofendido,
Perseu roubou os pomos das Hespérides e, a seguir, mostrou a Atlas a cabeça de
Medusa; o gigante então se transformou numa cadeia de montanhas. Os céus e as
estrelas são as testemunhas do fardo eterno que Atlas carrega em seus ombros, o mundo.
Montado em Pégaso, Perseu desapareceu no firmamento.
Reflexão
No espelho de Athena o homem enxerga seu “eu” verdadeiro e não o “eu” que acredita
ser. Por ter enfrentado a verdade refletida no escudo da deusa, Perseu adquire força e
condições de vencer a si mesmo, as falsas valorizações e as falsas crenças. Suporta a
imagem dos seus defeitos representados pela Medusa cruel e ressentida. Hermes lhe
oferece agilidade de raciocínio e a espada da determinação. Pégaso, a inspiração e
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sublimação, renasce, liberto pela coragem. O cavalo das Musas, símbolo da criação
artística, surge da morte da crueldade, do orgulho, da violência e do despeito. A
intuição brota da morte dos aspectos inferiores da personalidade.
A imaginação doentia morre para poder nascer a imaginação criadora. A vida,
vista através de sentimentos inferiores como paixões e competição, torna-se uma arena
em que vaidade e egoísmo saem vencedores, deformando a verdade. Perseu leva a
cabeça de Medusa, simbolizando seu destemor e sua intenção de encarar as
dificuldades no caminho do autoconhecimento. A vitória de Perseu não foi apenas a
morte de Medusa, mas o levar a cabeça, ou seja, a adesão à verdade na busca de si
mesmo.
O escudo de Athena lhe mostrou também suas qualidades positivas. Atlas,
embora grande, forte e poderoso, deixa-se levar pelo medo que alimenta o apego.
Carrega o fardo da insegurança e do isolamento, nem consegue compartilhar. O
pânico, a perseguição, o conceito prévio o petrificam.
Trabalhe a coragem de enfrentar a si mesmo. Como você tem usado a sua
imaginação? Alimentando negatividades e devaneios ou abrindo portas de
criatividade? Reveja seus apegos e a capacidade de vencer conjeturas e experimentar a
verdade.
Prometeu era um titã, uma raça gigantesca que habitou a Terra antes do homem.
Prometeu significa previdente, prudente; tinha um irmão, Epimeteu, que significa
imprevidente, imprudente. Os dois irmãos foram incumbidos de fazer os animais com
todas as faculdades necessárias à sua sobrevivência. Observando a natureza e os deuses,
Prometeu engendrou do barro lodoso o homem. Sua criatura não tinha vida e, para
animá-la, Prometeu recorreu a Athena. A deusa, protegendo o titã com seu manto de
invisibilidade, ajudou-o a roubar o carro de Apolo, do sol, o fogo divino. O fogo divino
foi insuflado no homem e este é capaz de criar e transformar a natureza. Zeus, tomado
de ira, exigiu a reparação. Prometeu dispôs-se a oferecer um sacrifício ao deus para
aplacar sua indignação. Matou um boi e, depois de esfolar o animal, encheu o couro
com ossos e estufou-o com ervas; com a carne formou outro boi menor, pediu a Zeus
que escolhesse um deles e enganou o deus. Quando Zeus percebeu o logro, castigou
Prometeu enviando Pandora, uma mulher com atributos e encantos cedidos pelos deuses
e deusas do Olimpo. Pandora trazia consigo uma caixa que ofereceu a Prometeu; ele
recusou, mas Epimeteu, curioso, encarregou-se de abrir a caixa. Na caixa estavam todas
as alegrias e as mazelas humanas, doenças, dores e enganos, que escaparam e se
espalharam pela Terra. No fundo da caixa restou algo, a esperança, para dar ao homem
condições de suportar o mundo e suas provocações. Zeus mandou Hafaístos aprisionar
Prometeu, acorrentando-o ao monte Cáucaso e condenando-o a ter todas as manhãs o
seu fígado devorado por uma águia. Á noite, o fígado se refazia para, no dia seguinte, o
suplício ter continuidade. Hércules libertou Prometeu movido pela compaixão e Zeus o
perdoou e libertou.
Reflexão
Para modelar o homem, Prometeu utilizou a terra lodosa, símbolo do que nos prende à
condição animal, dos instintos primitivos. Quando quer dar vida à sua criatura, ele
recorre ao fogo do espírito refletido no intelecto. Não é a luz do espírito ainda, pois
nesse caso o intelecto está a serviço da supremacia do homem sobre as demais
criaturas e não a serviço do autoconhecimento. É a discórdia entre matéria e espírito,
dissociando a essência da aparência. O pecado original. Zeus se opõe ao homem por
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este ter recebido o fogo dos deuses; sua ira deve-se à precipitação de Prometeu. Ele
teme as conseqüências que o intelecto longe do espírito pode trazer. O intelecto a
serviço apenas dos prazeres sensoriais pode impedir a descoberta do real sentido da
vida e banalizar-se. Quando Prometeu engana Zeus, ficando com a melhor parte do
boi, isso significa a revolta do intelecto contra o espírito pela exaltação das paixões e
desejos mundanos. Pandora é a ilusão a que estamos todos expostos, a caixa é a
condição humana, sujeita a altos e baixos, à grandeza e à fragilidade. Prometeu resiste
a Pandora, mas é atingido pelo efeito da caixa, fica vulnerável e é acorrentado ao
Cáucaso, ou seja, à densidade. É libertado por Hércules (o homem divinizado) que
reconcilia Prometeu (o intelecto) com Zeus (o espírito), eliminando o pecado original
pela redenção do reencontro de essência e aparência, forma e conteúdo. Athena, a
combatividade pela verdade, ajuda Prometeu a conseguir o fogo dos deuses, mas a
coragem, o espírito de sacrifício, a renúncia e a compaixão de Hércules libertam
Prometeu, trazendo a luz do espírito à consciência. Trabalhe os valores contidos no
mito procurando identificá-los e vivenciá-los.
XI – O MITO DE HEFAÍSTOS
Hefaístos nasceu de Hera; quando do seu nascimento, sua mãe estava furiosa
com Zeus, seu marido. Ele nasceu sem participação de nenhum deus; foi gerado por
partogênese, assim como Athena nasceu sem participação de nenhuma deusa ou mortal,
gerada por Zeus, saída de sua cabeça. O despeito de Hera fez Hafaístos nascer um ser
muito feio, com pés deformados. Ela, horrorizada, jogou-o no Olimpo e esqueceu-se
dele. Ele desceu aos infernos e lá ficou meditando. Perguntava-se por que era órfão e
mal-amado. Odiava Hera com todas as suas forças. Era extremamente hábil, forjava
objetos utilitários, mas sentia um bloqueio nas suas emoções e criações. Sofria tanto o
abandono quando sua deformação. Não podia crer nos seus talentos, era evitado até
pelos seres do Hades por sua disposição amarga e melancólica. No mundo subterrâneo,
ardia de ressentimento e tramava sua vingança contra Hera. Queria que ela sentisse o
que era ser abandonado. Talhou um trono e o ofereceu a Hera; quando a deusa sentou-se
no trono, correntes a prenderam. Prisioneira e suspensa no ar, ela ficou numa espécie de
balanço, no limbo, nem acima nem abaixo, e totalmente só. Em vez de ficar feliz,
Hefaístos sentiu-se mais miserável do que nunca. Muitos deuses haviam implorado o
perdão para Hera, mas Hefaístos se negava, até que Dionísio retirou o anão ressentido
dos infernos enquanto ele dormia e levou-o ao Olimpo, elevando sua consciência.
Hefaístos foi transportado no lombo de um humilde asno; ao despertar, sentiu-se livre e
pleno de alegria por ter bebido da taça do perdão oferecida por Dionísio. Soltou as
correntes que prendiam Hera e libertou-se, libertando-ª Tornou-se o artesão dos deuses,
entrou no Olimpo como o mais criativo e habilidoso dos seus habitantes.
Reflexão
O mito de Hefaístos nos ajuda a trabalhar os valores perdão, generosidade e auto-
aceitação. As emoções fixas, como teimosia e orgulho ferido, geram dor e isolamento.
Hefaístos, quando elevou sua consciência, pôde forjar no seu fogo interior e livrou-se,
livrando Hera das amarras do ressentimento. Quando perdoamos, despertamos para o
amor, a compaixão e a compreensão. Ao se ver livre da amargura e da autopiedade,
Hefaístos libertou sua criatividade e seus talentos.
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X – O MITO DE GANESHA
Reflexão - Nascidos da Mãe do Mundo somos todos nós; somos filhos da Mãe Terra,
sujeitos aos seus desejos e comandos. A troca da cabeça, a metanóia dos gregos, é a
superação da mente feita por shiva, o Senhor dos Universos, o Eterno recriador de
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mundos; é a transformação que nos permite a consciência da paternidade divina. O
ventre largo é a capacidade de digerir a dos homens. Representa a nossa condição de
transformar egoísmo e sofrimento em compaixão e amorosidade. O rato representa os
nossos instintos, o veículo de Ganesha, assim como nossa natureza humana é o veículo
do nosso espírito, nossa essência divina. O rato, ao invés de comer, olha para Ganesha
em adoração. Quando conseguimos nos assenhorear dos nossos instintos, realizamos
nossa natureza divina.
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PENSAMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO
1. Tudo aquilo que você pode fazer, ou sonha fazer, comece agora. A ousadia é
feita de gênio, poder e magia. Comece agora. (Goethe)
8. Aquele que obtém uma vitória sobre outros homens é forte; porém, quem
consegue vencer a si mesmo é todo-poderoso. (Lao-Tsé)
11. Antes escutava suas palavras e confiava em suas ações. Agora escuto o que
dizem e observo o que fazem. (Confúcio)
13. Se sentes mais vergonha diante dos outros que diante de ti mesmo, é porque
não estimas tua alma. (Anônimo)
14. Se estás disposto a admitir que erraste quando erras . . . então és honesto.
(Vicente Alexandre)
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18. Dizer o que sentimos. Sentir o que dizemos. Concordar as palavras com a
mente. (Sêneca)
19. Não olhe o seu parceiro como se fosse maior ou menor que você em
estatura... porque Javé não olha o que o homem olha, pois o homem olha o que está
diante de seus olhos, mas Javé olha os corações. (Samuel 16,7)
21. Deveis fazer a todo custo o que é justo; deveis deixar de fazer o injusto, sem
importar-vos com o que o ignorante pense ou diga. (Krishnamurti)
22. Se as pessoas que ocupam posições de menor destaque não têm confiança
nos de cima, o governo do povo é uma impossibilidade. (Confúcio)
23. Lidera e governa teu povo com bondade e ganharás seu afeto, porque o
governo bondoso e clemente é mais duradouro que a submissão forçada. (Aristóteles)
24. O caráter não é nada de postiço. Não é uma etiqueta que se cola e descola à
vontade. Não é jóia que se exibe em público e se guarda depois a chave, no fundo de
um cofre de veludo. O caráter são hábitos que se imprimem para sempre na vontade.
(D. Aquino Corrêa)
26. Cada um é responsável pelo que lhe sucede e tem o poder de decidir o que
quer ser. O que és hoje é o resultado dos teus atos passados. O que serás amanhã é o
resultado dos teus atos de hoje. (Vivekananda)
29. Existem homens que lutam um dia e são bons. Existem homens que lutam
um ano e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Esses são
imprescindíveis. (Bertold Brecht)
33. Não importa a causa do teu sofrimento, não firas teu semelhante. (Buda)
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34. O simples e natural é o supremo e último fim da cultura. (Nietzsche)
35. Não nos falta valor para empreender certas coisas porque são difíceis;
porém, são difíceis porque nos falta coragem para empreendê-las. (Sêneca)
36. Jogar limpo significa, antes de tudo, não culpar os outros dos nossos erros.
(Erick Moffer)
37. Deus olha para as mãos limpas, não para as mãos cheias. (Spinoza)
39. Prudente é aquele que analisa suas circunstâncias, observa a conduta dos
que o rodeiam e sabe distanciar-se a tempo do que não convém à sua dignidade.
(Cícero)
41. Fala quando tuas palavras sejam tão doces quanto o silêncio.
(Provérbio chinês)
42. Quem acumula paciência e mansidão diminui seus ofensores e aumenta seus
protetores. (Sai Baba)
43. Não poderás impedir que a melancolia sobrevoe tua cabeça; porém, poderás
conseguir que ela não faça de ti seu ninho. (Provérbio chinês)
44. As lutas da vida nem sempre favorecem o homem mais forte ou mais ágil.
Porém, cedo ou tarde, o homem que triunfa é aquele que espera e confia. (Unamuno)
45. Um homem que não acha satisfação em si mesmo busca encontrá-la em vão
por toda parte. (La Rochefoucauld)
46. Se à noite choras pelo sol, não verás as estrelas. (Rabindranath Tagore)
47. Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia pela vida,
desejosa de perpetuar-se. (Khalil Gibran)
48. Se não tivéssemos defeitos não nos agradaria tanto descobrir defeitos nos
outros. (La Rochefoucauld)
49. Nossa maior glória não consiste em não fracassar nunca, porém em nos
levantarmos cada vez que cairmos. (Confúcio)
50. Pelo tamanho da resposta que deres a quem te ofenda saberás o tamanho da
verdade que existe na ofensa. (Mahatma Gandhi)
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53. A vida humana é comparável a uma árvore, e os compatriotas do indivíduo,
aos seus ramos. Nos ramos vicejam as flores dos seus pensamentos e sentimentos. As
flores transformam-se gradualmente em frutos de boas qualidades e virtudes. O suco
delicioso dos frutos é o caráter. Sem raízes e frutos, uma árvore não passa de madeira
para queimar. A autoconfiança é a raiz da árvore da vida, e o caráter, seu fruto.
(Sai Baba)
58. Para conseguir o que queiras, te valerá mais o sorriso que a espada.
(Shakespeare)
59. Poucas vezes quem recebe o que não merece agradece o que recebe.
(Francisco de Quevedo)
60. Queixava-me de não ter sapatos, até que vi um homem que não tinha pés.
(Provérbio chinês)
61. Ser desvalido não significa não ter um teto sobre a cabeça; porém, não ter
também quem nos compreenda, quem nos ame. (Madre Teresa de Calcutá)
62. Amar é viver com o coração, ou seja, com a parte mais viva e mais
consoladora do nosso ser. (Henri Lacordaire, pregador francês)
63. Estejam sempre alegres, sejam bons, sejam amigos. E presenteiem com sua
alegria também aqueles que estão tristes. (João Paulo II)
64. Conhece-se o coração do homem pelo que ele faz e sua sabedoria pelo que
ele diz. (Ali Ben Abi Taleb, pensador árabe)
65. Triste daquele que não sabe sacrificar um dia de prazer em prol de seus
deveres para com a humanidade. (Rousseau)
67. A bondade nada sabe de cores, credos ou raças. Todos os homens nascem
iguais. (Abraham Lincoln)
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70. Ama teu próximo como a ti mesmo. (Jesus Cristo)
71. Devemos ser parentes de todos os seres e de todas as coisas.
(Provérbio indígena, Sioux)
72. Ame sua pátria como ama sua mãe. (Sai Baba)
73. Uma nação goza de paz e prosperidade quando a espada está enferrujada, o
cárcere vazio, o celeiro cheio, a escadaria do templo desgastada, a do tribunal coberta
de ervas, quando os artistas são enaltecidos e honrados, e as condutas são retas.
(O Talmude)
76. Tudo o que afeta a terra afeta os filhos da terra. (Cacique Seattle, sioux)
77. A Terra será o que são seus homens. Que se abram os teus olhos e teu
coração. (Provérbio náhuatl, México)
78. A humildade nas palavras e nas ações é preferível à esmola que segue a
injustiça. (Maomé)
80. Até uma folha de papel pesa menos quando dois a levantam.
(Provérbio coreano)
82. Amas a vida? Então não malgaste o tempo, porque esse é o material de que é
feita a vida. (Benjamin Franklin)
83. Não há raças: o que há são modificações diversas do homem, nos detalhes
de hábitos e formas, o que não muda o idêntico e o essencial. (José Martí)
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Compilação e Editoração Eletrônica
Luiz Edgar de Carvalho
Programa de
Educação em
Valores
Humanos
Lumensana
Publicações eletrônicas
Para ler e pensar
Março – 2009
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