Álvares de Azevedo - Poemas Nicos Venenosos e Sarcásticos
Álvares de Azevedo - Poemas Nicos Venenosos e Sarcásticos
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PREFÁCIO
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noite as belas visões palpáveis de acordado. Tem nervos, tem fibra e tem
artérias — isto é, antes e depois de ser um ente idealista, é um ente que
tem corpo. E, digam o que quiserem, sem esses elementos, que sou o
primeiro a reconhecer muito prosaicos, não há poesia.
Agora basta.
Ficarás tão adiantado agora, meu leitor, como se não lesses essas
páginas, destinadas a não ser lidas. Deus me perdoe! assim é tudo! até os
prefácios!
UM CADÁVER DE POETA
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II
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6
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7
III
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8
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IV
"Senhor bispo"
Diz o servo da Igreja, o bom cocheiro
Ao vigário de Cristo, ao santo Apóstolo
Isto é — dessa fidalga raça nova
Que não anda de pé como S. Pedro,
Nem estafa os corcéis de S. Francisco:
"Perdoe Vossa Excelência Eminentíssima;
É um pobre-diabo de poeta,
Um homem sem miolo e sem barriga
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E foi caminho.
Elfrida
Solfier
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— Ó minha Elfrida,
Voltemos desse lado: outro caminho
Se dirige ao castelo. É mau agouro
Por um morto passar em noites destas. —
Elfrida
Elfrida
O moço riu-se.
O Desconhecido
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"Insolente!
Cala-te, doudo! Cala-te, mendigo!
Não vês quem te falou? Curva o joelho,
Tira o gorro, vilão!"
O Desconhecido
O Desconhecido
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— Em nome dele,
Agradeço estas flores do teu seio,
Anjo que sobre um túmulo desfolhas
Tuas últimas flores de donzela! —
VI
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VII
IDÉIAS ÍNTIMAS
Fragmento
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II
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III
IV
16
17
VI
VII
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18
VIII
IX
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19
XI
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XIII
XIV
Eia! bebamos!
És o sangue do gênio, o puro néctar
Que as almas de poeta diviniza,
O condão que abre o mundo das magias!
Vem, fogoso Cognac! É só contigo
Que sinto-me viver. Inda palpito,
Quando os eflúvios dessas gotas áureas
Filtram no sangue meu correndo a vida,
Vibram-me os nervos e as artérias queimam,
Os meus olhos ardentes se escurecem
E no cérebro passam delirosos
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Eu me esquecia:
Faz-se noite; traz fogo e dous charutos
E na mesa do estudo acende a lâmpada...
BOÊMIOS
Ato de uma comédia não escrita
A cena passa-se na Itália no século XVI. Uma rua escura e deserta. Alta
noite. N’uma esquina uma imagem de Madona em seu nicho alumiado por
uma lâmpada.
Puff dorme no chão abraçando uma garrafa. Níni entra tocando guitarra.
Dão 5 horas.
Níni
Puff, acordando.
Níni
Estás enamorado
E deitado na pedra acaso esperas
O abrir de uma janela? Estás cioso
E co'a botelha em vez de durindana
Aguardas o rival?
Puff
Ceiei à farta
Na taverna do Sapo e das Três-Cobras.
Faço o quilo; ao repouso me abandono.
Como o Papa Alexandre ou como um Turco,
Me entrego ao far niente e bem a gosto
Descanso na calçada imaginando.
Níni
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Puff
A idéia é boa:
Toma dez bebedeiras — são dez cantos.
Quanto a mim tenho fé que a poesia
Dorme dentro do vinho. Os bons poetas
Para ser imortais beberam muito.
Níni
Puff
Níni
Puff
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Níni
É sempre um bobo.
Puff
Níni
És um devasso.
Puff
Níni
Que leproso!
Puff
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Níni
Puff
Níni
Puff
Níni
Puff
Níni
Impertinente!
Puff
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Níni
Se me ouvires
Recitar meu poema…
Puff
Eu me resigno.
Declama teu sermão, como um vigário.
Mas o sono ao rebanho se permite?
Níni
Gambioletto
Vou à pressa
Ao doutor Fossuário.
Puff
Acaso agora
O carrasco fugiu?
Níni
Quem agoniza?
Gambioletto
Níni
O diabo o leve!
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Gambioletto
E o médico, Srs.!
(Sai correndo).
Puff
Venturoso!
Níni
Que maluco!
A estas horas da noite, assim no escuro
Não temes de lembrar-te de defuntos?
Beijarias até uma caveira,
Se espumante o Madeira ali corresse!
Puff
Níni
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Puff
Um bocado.
Sinto que não nasci para coveiro.
Contudo, no domingo, à meia-noite. . .
Pela forca passei, vi nas alturas,
Do luar sem vapor à luz formosa,
Um vilão pendurado. Era tão feio!
A língua um palmo fora, sobre o peito,
Os olhos espantados, boca lívida,
Sobre a cabeça dele estava um corvo...
O morto estava nu, pois o carrasco
Despindo os mortos dá vestido aos filhos,
E deixa à noite o padecente à fresca.
Eu senti pelo corpo uns arrepios. . .
Mas depois veio o ânimo... trepei-me
Pela escada da forca, fui acima,
E pintei uns bigodes no enforcado.
Níni
Puff
Níni
Puff
A mitra cobre.
Dizem que a santidade lava tudo:
Depois. . . o Cardeal estava bêbado…
A propósito, sabes dos amores
Do capitão Tybald? O tal maroto
Não sei de que milagres tem segredo
Que deu volta à cabeça da rainha.
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Níni
Puff
Níni
Puff
Níni
Santo Rei!
Puff
E demais é bem
sabido
Que El-Rei só reina à mesa e nas caçadas.
Níni
Puff
Níni
Puff
Níni, escuta.
Assisti esta noite a um pagode
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Níni
Puff
Espera um pouco.
A taverna do canto não se fecha.
Está aberta. Compra uma garrafa...
Bom vinho... tu bem sabes! Tenho a goela
Fidalga como um rei. Não tenho dúvida:
Mentiu a minha mãe quando contou-me
Que nasci de um prosaico matrimônio
Eu filho de escrivão!... Para criar-me
Era — senão um Rei — preciso um Bispo!
Níni
(Vai à taverna e volta).
Puff
(Quebrando o copo).
O Demo o leve!
Eu sou como Diógenes. Só quero
Aquilo sem o que viver não posso.
Deitado nesta laje, preguiçoso,
Olhando a lua, beijo esta garrafa,
E o mundo para mim é como um sonho.
Creio até que teu ventre desmedido
Como escura caverna vai abrir-se,
Mostrando-me no seio iluminado
Panoramas de harém, Sultanas lindas
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Níni
II
Quando a bela
Suspirando acordou, o belo Príncipe
Aos pés dela velava de joelhos.
III
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Loriolo,
Apesar de na corte ser um Bobo,
Não era um zote. Foi-se remoendo,
Jurou dar com a história dos namoros,
E para andar melhor em tal caminho,
Ele que adivinhava que as Américas
Sem proteção de rei ninguém descobre,
Madrugou muito cedo — inda era escuro —
E convidou El-Rei para o passeio.
IV
A linda moça,
Se havia ali raivosa apunhalar-se,
Fazer espalhafato e gritaria,
Por um capricho, voluptuoso assomo,
Entregou-se ao amor do Rei...
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VI
"Maldito!"
Bradou-lhe à porta um vulto macilento.
"Maldito! meu irmão, aquela moça
É minha, minha só, é minha amante
E minha esposa fora..."
O Rei sorrindo
Lhe estende a régia mão e diz alegre:
"A culpa é tua. Eu disto não sabia;
Se do teu casamento me falasses,
Eu respeitara tua...."
"Basta, infame!
Não acrescentes zombaria ao crime.
Hei de punir-te. É solitário o bosque;
Aqui não és um rei, porém um homem,
Um vil em cujo sangue hei de lavar-me.
Oh! sangue! quero sangue! eu tenho sede!"
VII
VIII
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IX
Loriolo
Trocou de guizos o boné sonoro
— Muito leve chapéu! — pela coroa...
Só teve uma desgraça o Rei novato:
Foi que um dia fugiu-lhe do palácio
A tal moça volante nos amores.
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XI
XII
XIII
Embalde o chamam,
Embalde corre voz que dos Normandos
Emissário de paz o Rei procura.
El-Rei suou de susto a roupa inteira.
Nem era de admirar, que a reis e povo,
Como ao bicho-da-seda a trovoada,
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XIV
XV
XVI
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XVII
Nem ousa
O nome proferir de sua infâmia.
***
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Prólogo,
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Estas idéias
Servem para desculpa do poeta.
Apesar de bom moço o autor da peça
Tem uns laivos talvez de Dom Quixote.
E nestes tempos de verdade e prosa
— Sem Gigantes, sem Mágicos medonhos
Que velavam nas torres encantadas
As donzelas dormidas por cem anos —
Do seu imaginar esgrime as sombras
E dá botes de lança nos moinhos.
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SPLEEN E CHARUTOS
SOLIDÃO
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II
MEU ANJO
III
VAGABUNDO
Eat, drink and love; what can the rest avail us?
Don Juan
Byron
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IV
A LAGARTIXA
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LUAR DE VERÃO
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VI
O POETA MORIBUNDO
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SONETO
SONETO
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(sem título)
O CÔNEGO FILIPE
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TERZA RIMA
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NAMORO A CAVALO
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O EDITOR
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DINHEIRO
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MINHA DESGRAÇA
SONETO
EUTANÁSIA
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Ergue-te daí, velho, — ergue essa fronte onde o passado afundou suas
rugas como o vendaval no Oceano, onde a morte assombrou sua palidez
como na
face do cadáver — onde o simoun do tempo ressicou os anéis louros do
mancebo nas cãs alvacentas de ancião?
Por que tão lívido, ó monge taciturno, debruças a cabeça macilenta no
peito que é
murcho, onde mal bate o coração sobre a cogula negra do asceta?
Escuta: A lua ergueu-se hoje mais prateada nos céus cor-de-rosa do
verão — as montanhas se azulam no crepuscular da tarde — e o mar
cintila seu manto azul palhetado de aljôfares. A hora da tarde é bela —
quem aí na vida lhe não sagrou uma lágrima de saudade?
Tens os olhares turvos, luzem-te baços os olhos negros nas pálpebras
roxas, e o beijo frio da doença te azulou nos lábios a tinta do moribundo.
— E por que te abismas em fantasias profundas sentado à borda de um
fosso aberto, sentado na pedra de um túmulo?
Por que pensá-la — a noite dos mortos, fria e trevosa como os ventos de
inverno? Por que antes não banhas tua fronte nas virações da infância,
nos sonhos de moço? Sob essa estamenha não arfa um coração que
palpitara outrora por uns olhos gázeos de mulher?
Sonha — sonha antes no passado — no passado belo e doirado em seu
dossel de escarlate, em seus mares azuis, em suas luas límpidas, e suas
estrelas românticas.
O velho ergueu a cabeça. Era uma fronte larga e calva, umas faces
contraídas e amarelentas, uns lábios secos, gretados, em que
sobreaguava amargo sorriso, uns olhares onde a febre tresnoitava suas
insônias...
E quem to disse — que a morte é a noite escura e fria, o leito de terra
úmida, a podridão e o lodo? Quem to disse — que a morte não era mais
bela que as flores sem cheiro da infância, que os perfumes peregrinos e
sem flores da adolescência? Quem to disse — que a vida não é uma
mentira — que a morte não é o leito das trêmulas venturas?
GLÓRIA MORIBUNDA
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II
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III
IV
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VI
VII
— Por quem?
— A morte.
— Morrer! pobre de ti, ó meu poeta!
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VIII
— Fatalidade!
É pois a voz unânime dos mundos,
Das longas gerações que se agonizam,
Que sobe aos pés do Eterno como incenso?
Serás tu como os bonzos te fingiram?
Sublime Criador, por que enjeitaste
A pobre criação? Por que a fizeste
Da argila mais impura e negro lodo,
E a lançaste nas trevas errabunda
Co'a palidez na fronte como anátema,
Qual lança a borboleta a raça d'oiro
No pântano e no sangue?
Tudo é sina:
O crime é um destino — o gênio, a glória
São palavras mentidas — a virtude
É a máscara vil que o vício cobre.
O egoísmo! eis a voz da humanidade.
Foste sublime, Criador dos mundos!
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IX
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XI
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XII
XIII
Escuta.
Sinto uma voz no peito que suspira...
É a alma do poeta que desperta
E canta como as aves acordando.
Oh! cantemos! até que a morte fria
Gele nos lábios meus o último canto!
Um cântico de amor, ó minha lira!
Anália! Armia! aparições formosas!
Eu amei sobre a terra as vossas sombras.
O ideal que vos anima e eu buscava,
Vive apenas no céu! vou entre os anjos,
Entre os braços da morte amar com eles! —
XIV
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E quando a aurora
Nos céus de nácar acordava o dia,
E nas nuvens azuis o sol purpúreo
Se embalava no eflúvio de ventura
Das flores que se abriam, dos perfumes,
Da brisa morna que tremia as folhas,
Macilenta a mulher no chão da rua
Sentada, a fronte curva, sobre os seios
Embalava cantando aquele morto.
— Deixa-o agora.
Ele penou de febre toda a noite,
Deitou-se descansando sobre o leito...
Oh! deixa-m’o dormir.
— Mulher, no peito
Sabes quem tu dormiu?
— "Que importa o
nome?"
Assim falava-me…
— Ai de ti, misérrima!
Um poeta morreu. Fronte divina,
Alma cheia de sol, fronte sublime
Que de um anjo devera no regaço
Amorosa viver. . . Morreu Bocage! —
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SE EU MORRESSE AMANHÃ!
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