Nildeapoluceno, O Lixo Eletrônico No Contexto Da Educação Ambiental Seu Histórico e Suas Consequências
Nildeapoluceno, O Lixo Eletrônico No Contexto Da Educação Ambiental Seu Histórico e Suas Consequências
Nildeapoluceno, O Lixo Eletrônico No Contexto Da Educação Ambiental Seu Histórico e Suas Consequências
Talita Fraguas
Carlos Eduardo Fortes Gonzalez
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
Curitiba – Paraná – Brasil
Resumo
O presente artigo refere-se ao histórico e às consequências da temática “lixo eletrônico” no
contexto da Educação Ambiental. Este tipo de lixo é um problema que se agrava ao longo dos
anos como consequência do capitalismo que instiga a mídia a fazer propagandas acerca de
produtos novos gerando assim o consumo exacerbado desses eletrônicos e pela inovação da
tecnologia que suscita a obsolescência programada. O lixo eletrônico pode trazer sérias
consequências ao meio ambiente, à saúde humana e a toda a biosfera, por isso é necessário
destinar este resíduo de maneira ambientalmente correta, ou seja, encaminhar estes materiais
que estão obsoletos ou fora de uso para a logística reversa, ou fazer a sua doação ou venda
para outros consumidores.
Palavras-chave: Lixo eletrônico; Educação Ambiental; Capitalismo e suas consequências.
Abstract
This article refers to the history and consequences of the theme “electronic waste” in the
context of Environmental Education. This type of garbage is a problem that has worsened over
the years as a result of capitalism which instigates the media to advertise about new products,
thus generating the exacerbated consumption of these electronics and by the innovation of
technology that arouses the programmed obsolescence. Electronic waste may result in serious
consequences for the environment, human health and all biosphere, so it is necessary to
allocate this waste in an environmentally correct manner, that is, forward these materials that
are obsolete or out of use to reverse logistics, or make their donation or sale to other
consumers.
Keywords: Electronic waste; Environmental Education, Capitalism and its consequences.
O lixo eletrônico no contexto da Educação Ambiental, seu histórico e suas consequências
Introdução
Segundo relatório produzido pela e-waste podemos conceituar o lixo eletrônico ou e-
lixo como:
todo e qualquer tipo de produto elétrico ou eletrônico que o proprietário não tem
mais a intenção de reutilizá-lo. De uma maneira geral, ele é qualquer tipo de material
que contenha circuitos ou componentes elétricos em sua construção e/ou que utilize
pilhas ou baterias para funcionar, objetos que também não devem ser descartados
junto ao lixo comum (CIDADES INTELIGENTES, 2018, p. 3).
A partir destas análises constata-se que o lixo eletrônico pode ser de variados
tamanhos, ter diversas composições e circuitos elétricos diferenciados, podem também ser
mantidos por baterias ou pilhas ou cabos de energia. Este tipo de lixo pode ter origem
doméstica, industrial, hospitalar e seu funcionamento depende de circuitos e correntes
elétricas, reconhece-se que os itens integrantes de um equipamento eletrônico também são
considerados lixo eletrônico e que estes devem ser descartados de maneira ambientalmente
correta para que não prejudiquem o meio ambiente e a saúde da população.
Para que se obtenha êxito no descarte ambientalmente correto deste lixo eletrônico é
necessário incentivar ações de Educação Ambiental neste âmbito para tentar minimizar os
Revista Cocar V.14. N.30. Set./Dez./2020 p. 1-15 https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar
impactos causados ao meio ambiente, uma vez que estes produtos apresentam uma infinidade
de substâncias químicas que são tóxicas.
A Lei nº 9.795 (BRASIL, 1999, Art. 1º) define Educação Ambiental como:
Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, Art. 1°).
Os relatórios sobre o lixo eletrônico são atualizados periodicamente e a cada dia que
passa a quantidade destes resíduos aumenta cada vez mais. Um relatório indica que:
O nível de produção de lixo eletrônico global deverá alcançar 120 milhões de
toneladas ao ano em 2050 se as tendências atuais permanecerem de acordo com o
relatório da Plataforma para Aceleração da Economia Circular (PACE) e da Coalizão das
Nações Unidas sobre Lixo Eletrônico, divulgado em Davos, Suíça (ONU BR, 2019, p. 1).
Conforme dados apontados em Cidades Inteligentes (2018) o Brasil é o país que mais
produz lixo eletrônico na América Latina e é o segundo na américa que mais produz e-lixo.
Floresti (2018, p. 1) aponta que o Brasil é o “sétimo maior produtor do mundo, com 1,5 mil
toneladas por ano, estima-se que em 2018 cada um de nós jogará fora pelo menos 8,3 quilos
de eletrônicos”.
Esta crescente aquisição de novos produtos no Brasil ocorreu também devido à
facilitação nas compras, os produtos estão sendo financiados em um prazo maior, com taxas de
juros menores, com o chamado crediário, desta forma foi oportunizada às diversas classes
sociais a aquisição de novos produtos.
Revista Cocar V.14. N.30. Set./Dez./2020 p. 1-15 https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar
Entende-se que cada vez mais o ser humano adquire novos produtos sem pensar que
este ato pode trazer consequências graves ao meio ambiente e a todos os seres vivos.
Consequências do e-lixo para a saúde
De acordo com o portal Ecycle 2018, o lixo eletrônico contém substâncias prejudiciais
à saúde humana, cancerígenas ou possivelmente cancerígenas. O portal aponta que alguns
componentes químicos são prejudiciais ao cérebro e podem causar câncer na região, demência
e outras disfunções neurológicas; é o caso de substâncias como alumínio, cádmio, chumbo,
estanho, lítio, mercúrio e os retardadores de chamas. Substâncias como o alumínio, antimônio,
arsênio, berílio, cádmio, chumbo, cobalto, níquel, prata, selênio, vanádio, podem causar vários
problemas que afetam o sistema respiratório, inclusive câncer no pulmão. O sistema
imunológico pode ser afetado pelo zinco. O sistema digestório pode ser afetado com
problemas na mucosa gástrica, cólica, diarreia por substâncias químicas como antimônio,
arsênio, bismuto, cádmio, cobre, chumbo, cromo, estanho, ferro, ftalato, lítio, mercúrio,
retardadores de chamas e zinco. O sistema urinário pode ser afetado pelo alumínio, arsênio,
cádmio, chumbo, ftalato, lítio e mercúrio e estas substâncias podem causar câncer na bexiga e
nos rins.
Notam-se claramente os danos causados pelas substâncias químicas, por isso é
relevante se atentar ao descarte dessas substâncias; como foram mencionadas, algumas dessas
doenças são graves, podem causar danos colaterais irreversíveis e até a morte do indivíduo
contaminado.
É importante ressaltar que o lixo eletrônico se não descartado de maneira
ambientalmente correta de acordo com Cidades Inteligentes (2018) pode oferecer riscos à
saúde dos coletores quando colocado junto ao lixo comum, assim tem-se mais um motivo para
encaminhar este material ao destino correto.
Floresti (2018) aponta que faltam dados concernentes ao e-lixo, onde ele é
descartado, qual a sua origem, que grande parte desses equipamentos é armazenada sem
medidas preventivas, aumentando o risco de contaminação ambiental.
Este material não afeta apenas os seres humanos, mas também todas as formas de
vida existentes na Terra.
Formas ambientalmente corretas de descartar o e-lixo
O lixo eletrônico no contexto da Educação Ambiental, seu histórico e suas consequências
Por ser muito prejudicial ao meio ambiente e à saúde, o lixo eletrônico deve ser
descartado de maneira ambientalmente correta, de acordo com o estado do produto este pode
ser descartado através da logística reversa, da doação ou venda desse material, ou a entrega
deste em uma assistência técnica. Por conseguinte, cabe a destinação correta de acordo com o
funcionamento ou não deste produto.
Os produtos que estão em bom estado, porém fora de uso, podem ser doados a
instituições de caridade, parentes próximos ou amigos, vendidos para conhecidos ou terceiros,
pela internet ou por lojas físicas, ou dados de entrada na aquisição de um novo produto para
receber um desconto.
Uma alternativa para equipamentos que não estão funcionando ou com pequenos
problemas é leva-los na assistência técnica para tentar recuperar esses produtos e se não
houver a possibilidade de arrumar este produto é interessante deixar esse eletrônico na
assistência técnica, pois pode acontecer de uma peça deste aparelho servir perfeitamente no
aparelho de outra pessoa.
Outra forma de descartar os equipamentos obsoletos ou que estão fora de uso é pela
logística reversa, que segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos na a Lei nº 12.305/2010
(BRASIL, 2010, p. 2) é um:
[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu
ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada.
O consumidor leva o
O produto é transportado e O consumidor compra o
eletrônico que não está em
entregue nas lojas para ser equipamento eletrônico e o
uso ou obsoleto aos centros
destinado à venda. utiliza até acabar sua vida útil.
de coleta.
De acordo com a figura 1, para chegar até a logística reversa o equipamento passará
pelas seguintes etapas: no primeiro momento a matéria é extraída da natureza para a
produção do produto, na sequência esta mesma matéria que foi extraída da natureza é
destinada às fábricas para que seja transformada. Com a matéria transformada, inicia-se a
fabricação do produto e quando este está pronto é embalado e acrescenta-se a data de
fabricação e o lote do produto, para identificação caso este tenha algum defeito. O produto
depois de embalado é transportado até as lojas para que este seja comercializado, ou seja,
vendido. O cliente adquire este produto para uso próprio ou para presentear outras pessoas.
Este produto é utilizado até o final da sua vida útil ou por um tempo apenas, em consonância
com os desejos do proprietário em questão. Por este equipamento não estar mais em uso fica
O lixo eletrônico no contexto da Educação Ambiental, seu histórico e suas consequências
um tempo armazenado na gaveta ou no armário e o consumidor leva este produto obsoleto ou
fora de uso para os centros de coleta, onde este equipamento é devolvido ao fabricante. De
volta à fábrica, o produto pode ter os seguintes destinos diferenciados que são: o reuso que é
quando reutilizam algum componente daquele produto, a reciclagem que consiste na
transformação do material para que este possa ser reutilizado novamente e o descarte
adequado que consiste em descartar as peças não utilizadas na reciclagem e no reuso.
É dever social procurar alternativas para que as questões nocivas à sociedade e ao
meio ambiente tenham solução o quanto antes. Por isso, é importante a elaboração de
campanhas, projetos e propagandas sobre o descarte do lixo eletrônico com ênfase ambiental
para que deem direções de solução para estas questões, evitando problemas maiores no
futuro. Segundo Loureiro (2005, p. 93):
Cabe à sociedade, por sua vez, buscar alternativas econômicas que permitam sua
sobrevivência sem a exploração destrutiva da natureza. Cabe finalmente, ao conjunto
de sociedades repensar o consumo e inibir a lógica do supérfluo e da vaidade
individual.
materiais, demonstrando a eles que estes materiais são nocivos ao meio ambiente, a nós
mesmos e a outros seres vivos.
Cabe salientar que as questões discutidas se basearam em referenciais teóricos, muito
embora seja a prática que nos leva a ter a efetiva disposição para contribuir com as questões
socioculturais as quais estamos submetidos em razão do consumismo, especialmente de
equipamentos eletrônicos, favorecidos pelos avanços tecnológicos. Estes aspectos levam
também a refletir sobre questões relativas à cultura consumista e da pouca consciência acerca
do zelo que se deve ter com o meio ambiente. É relevante conhecer e fomentar a ideia de que
precisamos a partir de projetos, campanhas e propagandas criar condições que levam a
sociedade a refletir sobre seus comportamentos que podem ser nocivos à biosfera como um
todo.
Desta forma entende-se claramente que a Educação Ambiental busca alternativas para
reduzir os impactos causados ao meio ambiente com a finalidade de reduzir o consumo
exacerbado e evitar a produção excessiva de lixo eletrônico.
Referências
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PORTAL ECYCLE. Conheça todos os componentes tóxicos presentes nos aparelhos eletrônicos
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<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/67-dia-a-dia/1830-conhe catodos-os-
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Sobre os autores
Talita Fraguas
Professora do Estado do Paraná da Educação Básica. Graduada e licenciada em Ciências
Biológicas pela Universidade Tuiuti do Paraná. Especialista em Educação Ambiental, em
Educação de Jovens e Adultos e Docência no Ensino Superior Mestre em Ensino de Ciências e
Matemática pelo Programa de Pós-Graduação Formação Científica Educacional e Tecnológica.
Revista Cocar V.14. N.30. Set./Dez./2020 p. 1-15 https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar