O Essencial Sobre A PIDE - IN
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O Essencial Sobre A PIDE - IN
O ESSENCIAL SOBRE
A PIDE
Irene Flunser Pimentel
«A PVDE/PIDE/DGS ajudou
A PIDE
Irene Flunser Pimentel
o regime a manter-se, assim como
A PIDE
outros dos seus grandes pilares,
a Igreja Católica e sobretudo as
Forças Armadas, que asseguraram
a continuidade do regime, em 1958,
durante o “terramoto delgadista”
e em todo o período da guerra
colonial.» Mas que polícia política
era essa, quais os seus fundamentos,
práticas e ramificações?
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ISBN 978-972-27-3151-5
9 78 972 2 73 1 5 1 5
A PIDE
A PIDE
Irene Flunser Pimentel
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Anos Presos
1936-1939 9575
1940-1945 4952
Total 16 891
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A «internacionalização» da PIDE
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A PIDE e as empresas
Era a Divisão de Informação que lidava com as
principais grandes empresas públicas e privadas,
desde 1962. Sempre que se registavam distúrbios
que pudessem afetar a capacidade produtiva ou ti-
vessem bases políticas, a PIDE era chamada pela
administração ou chefia de pessoal de muitas em-
presas. Todas essas informações constam de um
relatório redigido pelo ex-diretor dos Serviços de
Informação da DGS, Álvaro Pereira de Carvalho,
em junho de 1974, em Caxias, onde estava preso.
Este esclareceu que o relacionamento entre as em-
presas e a PIDE/DGS se dividia em duas áreas.
Uma delas prendia-se com a «verificação do
pessoal a admitir pelas empresas como emprega-
dos, através da consulta aos arquivos da DGS ou
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Ficheiro Geral
Arquivo Geral
de Processos
Brigadas especiais
de vigilância
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A rede de informadores
Como noutros regimes ditatoriais, a polícia po-
lítica portuguesa contou ainda com o apoio volun-
tário ou involuntário das populações, pois o país
era pequeno e nele um clandestino comunista ti-
nha grande dificuldade em passar despercebido.
Poucos sítios serviam para albergar um foragido da
PIDE, até porque se sabia de forma generalizada
«ter a polícia política milhares de informadores
(“bufos”), espalhados por todo o país». Muitos até
inventavam informações para transmitirem à
PIDE.
A generalidade desses delatores recebia uma
quantia monetária por este trabalho sujo, embora
houvesse outros — poucos — que até desempenha-
vam gratuitamente, «por pura simpatia ideológi-
ca, essa tarefa ignóbil». Mas os informadores tam-
bém acediam a outro tipo de facilidades, entre as
quais se contavam, por exemplo, um passaporte ou
um ingresso num emprego. Quase todos, além de
ganhos financeiros e da partilha do poder em dita-
dura, utilizaram o velho hábito da «cunha» para
arranjar um emprego melhor ou subir na carreira
da administração pública.
Ao recrutar um informador, por meio de ofere-
cimento voluntário ou de chantagem, a PIDE
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O exemplo da CIA
A polícia política portuguesa aperfeiçoou «cien-
tificamente» os seus métodos de tortura, a partir
do final dos anos 50, em contacto com serviços se-
cretos e polícias de outros países, nomeadamente
os norte-americanos. Depois, no início dos anos 60,
a CIA realizou diversas experiências sobre a «pri-
vação sensorial», nos interrogatórios, nas quais a
PIDE se inspirou. Não terá sido certamente uma
coincidência o facto de a PIDE ter utilizado méto-
dos idênticos aos apresentados num Manual da
CIA de 1963. Este incluía uma secção detalhada so-
bre The Coercive Counterintelligence Interrogation
of Resistant Sources («Interrogatório de
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Mulheres torturadas
A partir do início dos anos 60, quando deixaram
de ser apenas encaradas como «mulheres de rebel-
des» e passaram a ser elas próprias consideradas
«rebeldes» pela PIDE, as presas políticas começa-
ram a ser torturadas da mesma forma que os ho-
mens. É certo que, já em 1949, a funcionária clan-
destina Sofia Ferreira, presa juntamente com
Álvaro Cunhal, tinha sido espancada com um cas-
setête e esbofeteada com tal violência, que ficara
com um derramamento de sangue no olho e per-
turbações auditivas. Dez anos depois, na sua segun-
da prisão, foi submetida à «estátua», embora outra
presa, Alda Nogueira, dissesse que, até à data da sua
prisão, precisamente em 1959, «por sistema, a Polí-
cia ainda não batia nas mulheres nem as obrigava à
tortura do sono».
Fernanda Paiva Tomás, dirigente e funcionária
do PCP, presa uma segunda vez, em 1961, foi uma
das primeiras mulheres a ser torturada segundo o
padrão da tortura aplicado aos presos do sexo mas-
culino, ao sofrer duas «experiências» de 80 e 94 ho-
ras «consecutivas sem dormir». Também Albertina
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Absolvidos 175 6
124
Absolvidos 1 1
Suspensão de direitos 3 8
políticos
Até 1 mês 11 27
De 1 a 6 meses 15 36
De 6 meses a 1 ano 3 8
De 1 a 2 anos 8 19
Desde 2 anos 1 1
Inspetores, 274 100
subinspetores e chefes
de brigada
Absolvidos 0 0
Suspensão de direitos 14 5
políticos
Até 1 mês 64 23
De 1 a 6 meses 117 43
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o regime a manter-se, assim como
A PIDE
outros dos seus grandes pilares,
a Igreja Católica e sobretudo as
Forças Armadas, que asseguraram
a continuidade do regime, em 1958,
durante o “terramoto delgadista”
e em todo o período da guerra
colonial.» Mas que polícia política
era essa, quais os seus fundamentos,
práticas e ramificações?
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ISBN 978-972-27-3151-5
9 78 972 2 73 1 5 1 5