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BURN-OUT, BORE-OUT AND BROWN-OUT.
DESMISTIFICANDO AS AFLIÇÕES DO TRABALHO
MODERNO.
Nas últimas décadas, os trabalhadores foram assolados por todos os tipos de
problemas de saúde mental, aflições desconcertantes que lentamente os consumiam, mergulhando-os em um estado de sofrimento e angústia que resultava em esgotamento. Burn-out, Bore-out ou Brown-out são formas de exaustão profissional, cada um derivado de diferentes fatores. No entanto, os sintomas costumam ser semelhantes e se apresentam de várias maneiras - absenteísmo, presenteísmo, depressão, perda de auto-estima, ansiedade, fadiga, dificuldade para dormir, irritabilidade, agressividade, falta de concentração, perda de memória, exaustão emocional, desprendimento, perda de autoeficácia, desmotivação, tristeza, etc… São sintomas de um mal-estar que pode ter consequências graves em todas as áreas da sua vida, não só no âmbito profissional. Estas condições estão a tornar-se cada vez mais prevalentes a um ritmo alarmante. De acordo com a Associação Canadense de Seguros de Vida e Saúde, é a razão número um para afastamentos prolongados do trabalho e continua aumentando. O trabalho está se tornando algo que deve ser suportado em vez de uma forma de realização.
Burnout: a síndrome da exaustão no trabalho
O fenómeno das patologias ocupacionais iniciou-se nos países industrializados com o "burn-out", que é uma manifestação de um estado de esgotamento físico, mental e emocional resultante de situações de trabalho excessivamente exigentes. O stress pode ser desencadeado por uma circunstância nova ou imprevista, sentindo- se uma falta de controle ou uma situação ameaçadora ou desestabilizadora. O estresse é uma reação física que coloca o corpo em estado de alerta quando está em perigo. A experiência de trabalho moderna está em constante mudança e as demandas são incessantes. Isso gera um nível elevado de estresse que pode se tornar crônico. Enquanto você está em um estado contínuo de urgência, seus mecanismos de defesa funcionam sem trégua e seu corpo acaba exausto. Essa fadiga terá um impacto em sua moral e a exaustão emocional se somará à exaustão física. To burn out, na verdade, significa “queimar-se internamente, consumir-se a si mesmo”. Esse fenômeno se enquadra na categoria de distúrbios de ajustamento, independentemente das fontes de estresse no trabalho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em maio de 2019 que o burnout é agora um “fenômeno ocupacional”, descrevendo-o como “uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”. É caracterizada por três elementos: “sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia”, “sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho” e “eficácia profissional reduzida”. Tarefas, situações ou pessoas por excesso de responsabilidade, falta de autonomia, perda de memória ou má comunicação podem criar uma sensação de desamparo ou cansaço. Ele cria um desequilíbrio entre a pressão crescente e os recursos esgotantes (interiores e externos, percebidos ou reais) necessários para enfrentá-lo. É a manifestação de sua vulnerabilidade e dificuldade de adaptação às situações. Mesmo em condições de trabalho idênticas, todos reagimos de maneira diferente dependendo dos recursos e ferramentas disponíveis.
Bore-out: a síndrome do tédio no trabalho
Bore-out, também conhecido como síndrome de exaustão ocupacional causada pelo tédio no trabalho, parece ser o oposto de burn-out, mas também leva a sofrimento psicológico. Afeta pessoas insatisfeitas com seu percurso profissional, que não possuem tarefas suficientes para realizar ou desafios a superar. e experiência. Os minutos e as horas parecem uma eternidade nessas situações. Você pede mais trabalho para não ficar enrolando, começa a trabalhar mais devagar ou alonga as tarefas para não ser pago por não fazer nada. Você inventa o trabalho, o que reforça a sensação de que sua presença no trabalho não é essencial. É uma situação que não proporciona nenhum estímulo intelectual, é muito desmoralizante e, paradoxalmente, muito estressante. É “bore-out”. Várias causas podem explicar este fenômeno, às vezes é devido a uma reestruturação de postos de trabalho, uma delegação inadequada de tarefas, ou empregos de nível básico que consistem em tarefas fáceis ou elementares. Isso resulta em um número insuficiente de tarefas para preencher a semana e os dias de trabalho sem desafio ou interesse para o funcionário. Cada dia torna-se insuportável e pode levar a um sentimento de autodesvalorização que pode trazer pesadas consequências psicológicas. Para alguns, o trabalho não precisa necessariamente ser uma fonte de realização e podem aceitar este tipo de situação profissional sem que seja demasiado prejudicial. Porém, para outros, fazer um trabalho onde não há nada para fazer pode ser tortuoso. Seu trabalho se torna uma gaiola de ouro. Às vezes, as condições de trabalho são muito boas ou a segurança financeira é tão atraente que eles não ousariam partir para outros desafios. Brownout: a síndrome de abstinência do trabalho Embora seja menos conhecido do que “burn-out” ou “bore-out”, o “brown-out” não é menos perigoso para os trabalhadores. É a manifestação do esgotamento profissional causado pela falta de motivação onde você não entende o sentido ou a utilidade do seu trabalho. “Brown-out” significa literalmente “diminuição da corrente” – o desconforto sentido pela perda significado nos objetivos de seu trabalho. É uma condição que descreve a diminuição do comprometimento do trabalhador decorrente da perda de sentido no trabalho, da incompreensão do “porquê” de sua missão e da falta de perspectiva em relação às suas atribuições. o trabalho torna-se inútil, fútil e desanimador, conduzindo a uma espécie de desilusão ou desencanto. As pessoas que sofrem de “brown-out” renunciam mentalmente ao emprego e trabalham sem se preocupar realmente com a qualidade que produzem. Essas pessoas estão procurando trabalho com significado. Num contexto em que as tarefas quotidianas perdem sentido, estamos alertas e capazes, mas completamente desmotivados e desengajados. Portanto, a perda de motivação é o sintoma número um de “brown-out”. Você arrasta os pés, se despoja, as reuniões são mundanas, há perda de atenção, você não tem interesse no que está fazendo, perde o senso de humor, se fecha em si mesmo. Até mesmo sua vida familiar e social pode ser afetada pelo desinteresse profissional. O sociólogo e filósofo francês Edgar Morin explica bem esse sentimento dizendo: “o sentido no trabalho muitas vezes nunca é tão essencial quanto quando falta”.
Como podemos consertar isso?
Com a crescente prevalência e o importante impacto dos problemas de saúde mental no local de trabalho, não podemos simplesmente continuar a sofrer. Para combater esse incômodo, você deve dar um passo para trás e identificar as causas dessas condições. Você deve voltar à fonte e certificar-se de não reagir apenas aos sintomas. Momentos difíceis no trabalho são oportunidades para analisar seus objetivos profissionais. Todo indivíduo tem a responsabilidade de estar consciente de seu desconforto e de se questionar honestamente, sem vergonha e sem negação:
O que define meus problemas no trabalho?
O que me incomoda e gera uma sensação de desconforto? A que (ou a quem) atribuo esse desconforto? Esse desconforto está relacionado à natureza da tarefa? Para a carga de trabalho? Para o setor empresarial? Para a missão? O que essa situação revela sobre minhas necessidades, meus interesses, meus valores e meus ideais profissionais? No entanto, o estresse no local de trabalho não é apenas responsabilidade do indivíduo. As organizações não podem permanecer meras observadoras e apontar o dedo para julgar. É necessário que as organizações criem empatia, diálogo e criem melhores condições de bem-estar. Uma vez feito o diagnóstico correto, deve-se questionar os critérios que permitem melhorar a situação:
Diferentes divisões de tarefas?
Ferramental adequado? Desenvolvimento e treinamento profissional? Um novo papel ou função? Apoiar? Avaliação de competências? Reconhecimento? Mais autonomia? Novos desafios? Uma mudança de carreira? Compartilhar a visão com convicção? A missão? Os valores? A cultura? As organizações têm tudo a ganhar ao encontrar soluções. É desejável que essas soluções possam ser encontradas dentro da organização, caso contrário, o risco é que alguns trabalhadores encontrem outro emprego em outro lugar, mudem de profissão, abram seu próprio negócio ou pior, sofram com seu trabalho atual.