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Fundamentos Da Sabedoria Hiperbórea X - Ninrod Do Rosário

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1

NIMROD DE ROSARIO

FUNDAMENTOS
DA
SABEDORIA
HIPERBÓREA
PARTE II
TOMO IX

ORDEM DOS CAVALEIROS TIRODAL


DA REPÚBLICA ARGENTINA

2
NONO TOMO: POSSIBILIDADES DA VIA TÂNTRICA

A – KALY, O KALY YUGA E O SEXO DOS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS

Na Índia, tão castigada culturalmente pelos “Mestres da Sabedoria” de Chang


Shambala, foi dada uma solução à queda evidente da humanidade no materialismo,
mediante a incorporação das quatro Idades em seus eternos ciclos de retorno. As “Idades”
são SATYA YUGA (Idade do Ouro), TETRA YUGA (de Prata), DVAPARA YUGA (de Bronze) e
KALY YUGA (de Ferro); claro que estes quatro “YUGAS” ou “IDADES” formam um CHATUR
YUGA, o qual torna a repetir-se eternamente nos distintos manvantaras, ou períodos de
manifestação do Demiurgo. A “queda” está aqui justificada para facilitar novos “ascensos”
cármicos dentro do sinistro plano de evolução, o qual tem sua expressão concreta nos
Manus ou Arquétipos Psicoideos. Mas trata-se apenas de uma manobra cultural dos Mestres
de Chang Shambala, quem têm plantado a confusão nas tradições hiperbóreas dos antigos
ários: a “queda” é verdadeira e não existe nenhuma pessoa que há sobrevivido às “noites” que
se seguem aos “Dias de Manifestação”, sejam Yugas ou Manvantaras, quando o Demiurgo,
qual monstro horripilante, reabsorve em sua substância a famosa “criação material”.

Para nós terá particular importância o conceito de Kaly Yuga, equivalente


esotérico da Idade de Ferro egeia, a que vamos expor de acordo à Sabedoria Hiperbórea. Mas
antes diremos duas palavras sobre a “Idade do Ouro”.

Segundo dissemos, a “Idade do Ouro” é uma figura exotérica fundada sobre a


percepção da origem hiperbórea do espírito. Mas convém esclarecer por quê nas distintas
civilizações sempre aparece vinculado com dita imitação da “origem”, que é uma ideia
transcendente, a imagem do “paraíso terreno”, que é uma ideia imanente. Por exemplo, na
Epopeia de Gilgamesh se descreve um paraíso habitado por Enkidu e o mesmo é o “Jardim
das Hespérides” ou os “Campos Elísios” nos mitos gregos; para não citar a Bíblia ou a Aryana
Vaiji, o paraíso dos pársis, etc. Aqui deve-se adotar o seguinte critério hiperbóreo: 1° a
“queda” do homem primordial, e todos os mitos que aludem a ela, referem-se de maneira
distorcida ao aprisionamento do espírito imortal à matéria; sua catividade e escravidão à
obra do Demiurgo. Há então uma referência velada à “origem”. 2º o “paraíso terreno” É UMA
RECORDAÇÃO DO PASU. Em efeito: quando os Siddhas ingressam no Sistema Solar
encontram na Terra um hominídeo, antepassado do pasu, que era tudo o que o Demiurgo e
seus Devas haviam podido lograr após milhões de anos de “desenvolvimento evolutivo” do
Manu Mas essa criatura miserável, que quiçá por isso não evoluía, se encontrava em um
verdadeiro “paraíso”, desfrutando feliz e ao cuidado dos Devas. Logo da traição dos Siddhas

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por causa do Mistério de Amor, “os pasus começaram a evoluir” mais depressa devido ao
aporte da linhagem hiperbórea e a catividade dos espíritos vindos de Vênus. Sem embargo,
em suas memórias genéticas conservou-se a memória daquela era de completa felicidade e
total estupidez. Segundo afirmávamos anteriormente “o espírito hiperbóreo é necessário nos
Planos do Demiurgo porque é produtor de cultura”: basta observar a riqueza qualitativa e
formal dos mitos da Idade do Ouro para comprová-lo.

Em tais híbridos culturais as imagens primitivas, animais, do pasu, se viram


transformadas até adotar uma forma “mítica”, a saber, arquetípica graças à sua adaptação às
pautas superiores da Raça Hiperbórea. Só assim pode haver “evolução”: quando uma
estrutura cultural é capaz de conter asserções (símbolos) que façam possível o processo dos
Arquétipos Psicoideos. Nos “mitos” da Idade do Ouro, melhor que em nenhum outro, poderá
comprovar-se esse duplo conteúdo, que é a base da “cultura” (e a prova da traição dos
Siddhas da Face Tenebrosa): uma recordação genética do pasu (o “paraíso terreno”) e uma
recordação de sangue do espírito hiperbóreo (a “origem divina”); sua “combinação” gera os
distintos mitos sobre a Idade do Ouro.

Que deve entender-se por idade? Resposta: Uma Idade Histórica é a conjunção da
humanidade, durante tal período, e de um Arquétipo Manu, ao qual ela se subordina
evoluindo até sua concreção. Sabemos também que uma Idade é uma macroestrutura e que
esta é a manifestação concreta do processo evolutivo do Manu; por isso na Idade se progride
até uma perfeição cuja última concreção é a enteléquia do Manu: a realização do Plano. Mas
essa perfeição é, para o espírito encadeado, uma catástrofe, tal como o afirma o conceito
hiperbóreo de Idade (egeu sumério, indo-ariano, etc.). Nos interessa agora referirmos à
“Idade” atual, de “ferro” ou de “Kaly”.

Na Idade atual a humanidade “progride” tendendo até a enteléquia do Manu


Vaisvasvata. Deveria pois chamar-se “Vaisvasvata Yuga”. A que se deve a denominação “Kaly
Yuga”? Antes de tudo recordemos que tal nome provém da Sabedoria Hiperbórea e que,
portanto, deve ter uma significação especial para os viryas despertos; uma espécie de
“mensagem” que expresse algum tipo esotérico de “orientação”. Em efeito: por trás do
sugestivo nome de Kaly, escolhido para designar a nossa Época, se oculta um Mistério Maior,
o qual é conhecido como Mistério de A-mor. Sobre o mesmo fizemos menção na alegoria do
Prisioneiro e agora tentaremos aproximarmos a um aspecto que está muito próximo a nós
ocidentais do século XX. Mas devemos esclarecer que este Mistério é imenso, tão grande
como o drama que a cada um lhe cabe viver na existência humana, e por isso só podemos
aspirar a dar alguns indícios, destacar sinais que orientem na direção da verdade a aqueles
que buscam libertar-se das cadeias evolutivas. Mas para alcançar esse fim, teremos que

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apartar-nos, como já temos feito outras vezes, dos conceitos ortodoxos que constituem
dogmas na atualidade, e remontarmos a acepções muito antigas ensinadas pela Sabedoria
Hiperbórea. Começaremos, então, por definir a Kaly.
Para a Sabedoria Hiperbórea a incorporação de Shiva, junto com Vishu, ao
Demiurgo Brahma é equivalente a união de Cristo com o Demiurgo Jehová – Satanás, e o
Espírito Santo. Ambas trindades são exotéricas, próprias de cultos religiosos, e , portanto,
historicamente tardias. Antes da conformação do mito os Deuses atuavam separados e já
explicamos de que maneira o Demiurgo imitou com Jesus – Cristo a figura histórica, atlante,
de Cristo – Lúcifer. Shiva, assim como Cristo ou Apolo, tem sido desde um princípio a
imagem de Lúcifer, o Grande Chefe dos Siddhas Hiperbóreos, e somente a paixão imitativa
do demiurgo, e a imaginação dos Sacerdotes, pode conceber uma associação trinitária. Há
que se ver uma grande ironia em tudo isso posto que Lúcifer representa a individualidade
absoluta, ou seja: a liberdade absoluta, e mal poderia estar associado com o Senhor da
Escravidão, aquele que impede toda liberdade. Para referirmos ao mistério a que alude o
nome “Kaly Yuga” devemos pois remontarmos à sua acepção hiperbórea, a qual guarda
escassa relação com os conceitos religiosos do budismo e das distintas escolas hindus de
yôga

Estes esclarecimentos valem, especialmente, para a negra Kaly, a “esposa” de Shiva,


a quem se considera exotericamente como um “aspecto negativo” de Parvati, sua esposa
“branca”. Pelo caminho religioso, ou seja, mítico o sincretismo chega tão longe que Parvati é
a sua vez Shakti, a “energia criadora” do Universo Vivo. Aqui, assim como com Shiva, nos
remeteremos à Sabedoria Hiperbórea a qual ensina que Kaly, assim como a Ísis egípcia, a
Isthar babilônica, a Vênus romana, a Afrodite grega, a Shing Moo chinesa, a Sophia gnóstica,
etc., são todas imagens brotadas da recordação de sangue das linhagens hiperbóreas.
Recordação de sangue dissemos, mas, de quem?: da “esposa” de Lúcifer, a quem bem
podemos chamar Lilith de agora em diante. Mas isto, como tudo quanto vimos dizendo,
requer alguns esclarecimentos complementares. Exporemos para isso, certos conceitos da
Sabedoria Hiperbórea; mas lembramos a todo momento que estamos vendo as coisas DESDE
A ORIGEM e que, ainda que os “nomes” chegaram até nossos dias, o conteúdo conceitual que
lhes outorgamos aqui é muito antigo e esotérico.

Primeiro: Os “Hiperbóreos” são membros de uma Raça Cósmica na qual existe


uma diferenciação sexual. Esta afirmação significa somente que seus membros são
masculinos e femininos neste universo; nada podemos saber sobre o que ocorre fora dele.

Segundo: O sexo, entre os Hiperbóreos, não cumpre a função de procriar. A Raça


não tem diminuído desde que se encontra no cativeiro material PORQUE É IMORTAL; mas

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tampouco tem crescido.

Terceiro: O sexo dos Hiperbóreos nada tem a ver com a diferenciação em pares de
opostos que caracteriza a criação do Demiurgo. A vinda, e o posterior cativeiro dos espíritos
Hiperbóreos, é muito mais recente que a origem da criação do Sistema Solar; para não falar
da colossal antiguidade do Universo do Uno. Quando eles penetraram pela “porta de Vênus”,
a criação já estava consumada, os opostos separados e o homem, um hominídeo habitava a
Terra. Não é correto, pois, atribuir aos Hiperbóreos uma ANDROGINIA PRIMORDIAL. Quem
passou por uma etapa evolutiva andrógina foi o pasu.

Na memória genética está gravado este processo, que também pode reconhecer-se
na fisiologia humana observando a bissexualidade glandular endócrina, e por isso nas
composições culturais se entremesclam os dois ascendentes mnêmicos: o genético do pasu e
o “minneico” do hiperbóreo. Já explicamos que a cultura surge de combinações semelhantes
e não será difícil compreender agora por que aparecem confusas as imagens religiosas de
Shiva e Kaly.

OS ESPÍRITOS HIPERBÓREOS ENCONTRAM-SE ABSOLUTAMENTE


DIFERENCIADOS POR SEXO. SEMPRE FOI ASSIM, DESDE QUE CHEGARAM AO UNIVERSO
FÍSICO, E NÃO HÁ NENHUM REGISTRO QUE PROVE O CONTRÁRIO. O PASÚ, POR SUA
VEZ, PASSOU POR UMA ETAPA EVOLUTIVA NA QUAL SEU CORPO ERA ANDRÓGINO,
MUITO ANTES DE CHEGAR À UMA DIFERENCIAÇÃO “BIOLÓGICA” DO SEXO. MAS A
ALMA DO PASÚ NÃO POSSUI SEXO. PODE ENCARNAR INDISTINTAMENTE EM CORPOS
MASCULINOS OU FEMININOS.

Quarto: Há, então, espíritos hiperbóreos masculinos e femininos. Sem embargo


sempre nos referimos especialmente a figura do virya desperto como “herói” ou “guerreiro”.
Não há, acaso, mulheres hiperbóreas, quer dizer, espíritos cativos femininos encarnados nos
corpos físicos das mulheres pasu? Para responder devemos tocar um dos aspectos mais
ocultos do Mistério de Amor: a Sabedoria Hiperbórea afirma que a queda primordial foi
protagonizada de maneira esmagadoramente maior pelos espíritos masculinos que pelos
femininos, que ficaram encadeados a partir dali à evolução do pasu. Sendo assim, que
ocorreu com os espíritos femininos faltantes, aqueles que não foram enganados pelos
Siddhas Traidores e que jamais encarnaram?: Aguardam o regresso à origem dos Viryas no
Valhalla: são as Walkírias da mitologia nórdica. Mas, a nós, nos importa mais conhecer o
papel que desempenham as MULHERES KALY dentro do drama da vida humana. Logo
saberemos.

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Estes quatro conceitos nos permitirão encarar esse aspecto do Mistério de Amor
que “está muito próximo a nós, ocidentais do século XX”, segundo dissemos antes: é o que se
refere às práticas tântricas.

B – O TANTRA YOGA

Não faremos aqui um resumo da filosofia e da yôga tântrica; para adquirir esses
conhecimentos há excelentes livros que recomendamos ler 1. Em troca nos referiremos a
alguns símbolos esotéricos que todo tântrica deve saber conhecer e mostraremos por que a
pratica do yôga sexual geralmente “falha” entre os ocidentais, quer dizer, geralmente tem
efeitos desastrosos sobre a saúde física e mental do sadhaka 2. Daremos, pois, por conhecida
grande parte dessa filosofia.

O tantra yôga se fundamenta na “Ciência do Alento” que trata sobre a “respiração”


do Demiurgo no manvantara, um período de tempo durante o qual se manifestam os
Mundos pelo movimento rítmico dos cinco Princípios Puros ou tattvas do Universo. No
homem, em seu corpo biológico, se reproduzem todos os processos cósmicos e intervêm
analogamente os cinco tattvas; e também, em sua diferenciação sexual, se reflete
dramaticamente a dualidade que caracteriza a natureza. Mas a função do sexo no pasu
estava definida desde o princípio pela reprodução e JAMAIS SE PREVIU OUTRO FIM FORA
DESSE.

Em outras palavras: o corpo humano é a expressão concreta de um Arquétipo


Manu que se desenvolve durante toda uma Idade, no marco de uma “raça raiz;” no dito
arquétipo o sexo cumpre, DESDE O PRINCÍPIO, uma função reprodutora, daí que no corpo
do pasu (ou do virya perdido) o sexo aponte fundamentalmente para a reprodução e uma
prova pode ver-se na sincronização com os ritmos lunares que exibe o período de fertilidade
da mulher: a função sexual se vê assim conectada aos rimos do Grande Alento e ligada ao
processo do Arquétipo Manu

Somente a incorporação da herança hiperbórea ao sangue do pasu tem


possibilitado QUE SURJA A IDEIA DE DAR AO SEXO OUTRO SENTIDO ORA DA MERA
REPRODUÇÃO ANIMAL. Ideia que, por outro lado, era inconcebível para o mísero pasu.

Métodos hiperbóreos para o aproveitamento do sexo em favor da “reorientação


1 A partir dos textos tradicionais como o KULARNAVA TANTRA, o TANTRAKAUMADI, o SHAKTI SANGANA, o TANTRA
SATUA, etc. Também devem ler-se os livros de JEAN RIVIERE “El Yoga Tântrico” e “Ritual de Magia Tântrica Hindu”; de
ARTUR AVALON “The Serpent Power” e outros; de OMAR GARRISON “Yoga y Sexo;” o clássico de RAMA PRASAD “Las
Fuerzas Sutiles de la Natureza”; e toda obra de MIGUEL DE SERRANO.
2 Sadhaka: Oficiante das práticas tântricas, “discípulo” das Escolas Kaula.

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estratégica” do virya houveram muitos nos milhões de anos que os espíritos tem de
catividade. O Tantra Yoga é só o último deles, que a Sabedoria Hiperbórea tem ensinado
para a “Idade Kaly”, e que vem sendo submetido a uma terrível confusão cultural pelo
sincretismo com o budismo, o dualismo Samkya, o monismo Vedanta, a equiparação das
forças com os mitos do panteão hindu, etc, etc. Hoje o Tantra é uma filosofia irreconhecível,
desde o ponto de vista da Sabedoria Hiperbórea, a qual a Sinarquia tem lançado no
Ocidente como mais um de seus artigos de consumo. Mas o que o torna particularmente
nocivo é a prática do yôga sexual sem possuir as antigas chaves simbólicas, especialmente o
conceito hiperbóreo sobre a “yoguini” ou mulher tântrica que é a condição principal para
que o yôga cumpra seu fim.

Muitas pessoas imprudentes, no Ocidente, se lançam à prática do yôga sem


compreender que tais exercícios são uma parte mínima de uma filosofia de vida ou modo de
vida que no Oriente se cultiva desde o nascimento até a morte. Enquanto se trata de yôgas
que tendem a fortalecer a concentração mental ou a vitalidade física o perigo não é maior,
mas quando se entra em contato com as energias ígneas, como no tantra yôga, a situação
muda desfavoravelmente para a saúde do imprudente.

Sem embago, não vamos condenar a prática das técnicas sexuais tântricas, senão,
indicar QUANDO UM OCIDENTAL PODE RECORRER À ELAS sem perigo, dado que as
mesmas formam parte da Sabedoria Hiperbórea.

Antes de tudo, recordemos que “a estratégia é o modo de vida de um virya


hiperbóreo” e que “a estratégia é um meio para alcançar um fim”. O fim declarado dos viryas
hiperbóreos é: o regresso à origem. A conquista deste fim implica distintos passos: o “virya
desperto” é o que vislumbrou a origem e tem se orientado na busca do Vril, pode seguir
qualquer das sete vias de libertação que se escutam no Canto de A-mor dos Siddhas
Hiperbóreos; uma de tais vias, a da oposição estratégica que empregavam os iniciados
Berserkir da S.D.A., já a temos mencionado e a ela nos referiremos com especial atenção no
sucessivo; mas o tantra, é outra das vias secretas de libertação e, portanto, persegue o mesmo
fim declarado: despertar o virya e conduzi-lo à origem, à conquista do Vril.

Como se propõe o Tantra cumprir esse objetivo? Transmutando o corpo físico do


sadhaka e imortalizando-o durante a prática do maithuna, o ato sexual; libertando-o assim
das cadeias Cármicas e permitindo que se manifeste nele a consciência do espírito
hiperbóreo; chegado a tal estado, com seu corpo de VRAJA e sua consciência gnóstica
desperta, se é já um Siddha, um ser capaz de aplicar a possibilidade pura que brinda o Vril e
abandonar, se preferir, o Universo material.

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Este é o verdadeiro fim do Tantra e se equivoca quem só aproveita suas práticas
para obter maior prazer do ato sexual.

C – A “VIA ÚMIDA” DO TANTRA YOGA

Recordávamos recém que o modo de vida de um virya hiperbóreo é “estratégico”.


Se se considera o Tantra como uma “estratégia, para o regresso à origem, então não há
inconveniente para que o virya incorpore as técnicas tântricas a seu próprio modo de vida
estratégico. Se não perde de vista os fins de toda estratégia hiperbórea as práticas tântricas
não poderão causar-lhe dano, mas convém estabelecer com claridade quando é apropriado
seguir esta via e quando não (ao sadhaka ocidental). Por isso nos referiremos à técnica
fundamental do Tantra da “via úmida”: a retenção do sêmen durante o orgasmo.

O maithuna, ou união sexual, é, no Tantra, a culminação de um ritual e a esse


ritual se chega após uma larga preparação filosófica e prática. Especialmente se aprende a
controlar a respiração e o ritmo cardíaco, a vontade e logo a distinguir os nadis, ou canais
internos de energia e os chakras, ou vórtices de energia. Os chakras principais são sete,
localizados mais ou menos na altura dos plexos, sobre um canal maior, chamado
shushumna, que corre paralelo à coluna vertebral.

Desde o chakra inferior, muladhara, partem junto ao canal shushumna, dois


canais menores chamados idá e pingalá, que envolvem helicoidalmente a shushumna
cruzando-se em cada plexo sob os restantes chakras. O sexto chakra, ajna chakra, localiza-
se entre as sobrancelhas, sobre a hipófise, e ali convergem também os canais shushumna, idá
e pingalá. Mais acima do ajna chakra está o sahasrara chakra, bramachakra, ou
brahmarandra, do qual falaremos em seguida.

Estamos citando o estritamente necessário para nossa explicação, mas,


naturalmente, se requer um conhecimento adicional para compreendê-la, o qual se pode
adquirir em obras especializadas.

No muladhara se encontra enrolada e obstruindo o canal shushumna a “serpente


kundalini”, quer dizer, a shakti ígnea, expressão no corpo físico da potência plasmadora do
Demiurgo.

O objetivo EXOTÉRICO declarado de todo yôga é despertar a kundalini e fazê-la


subir pelo canal shushumna, de chakra em chakra, até o centro superior ajna chakra. Desde
ali, a força da kundalini permitirá estender a consciência aos outros corpos sutis do homem

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e chegar ao sahasrara, o lótus de mil pétalas, onde se logra a fusão com o Demiurgo Brahma,
mediante um “salto de consciência” até a imanência absoluta. Com a consciência no
sahasrara se consegue um êxtase que consiste, paradoxalmente, na dissolução da
consciência individual, depois de sua fusão ou identificação com a “consciência cósmica”, ou
seja: com o Demiurgo. Para o Tantra Hiperbóreo este objetivo exotérico, o estado de transe
ou samadhi e a fusão com o Uno ou nirvana, no sahasrara, é simplesmente um suicídio.

O objetivo esotérico do Tantra, como já dissemos é o mesmo de toda estratégia


hiperbórea: a mutação da natureza animal do pasu na divina e imortal do Siddha. Por isso
deve-se ter bem claro que O VIRYA HIPERBÓREO, POR MEIO DO TANTRA, NÃO BUSCA
NENHUMA FUSÃO COM O DEMIURGO, PELO CONTRÁRIO, BUSCA ISOLAR-SE
TOTALMENTE DELE PARA GANHAR A INDIVIDUALIDADE ABSOLUTA QUE OUTORGA O
VRIL. Pode-se lograr o objetivo esotérico por meio da yôga tântrica? Sim, sempre que se
tenha uma ideia clara de “que” significa “despertar a kundalini” e “para que” e “quando”
pode-se acudir sem perigo às técnicas de retenção seminal no maithuna. Vamos por partes.

Muitos viryas confusos do ocidente, que costumam “brincar” imprudentemente


com os tattvas, creem que “despertar a kundalini” é algo assim como: por em movimento
uma energia reflexa, que atua por si só, seguindo alguma lei desconhecida. A este erro
contribui a ideia de que o shushumna e os outros nadis são “canais” e que, portanto, “devem
canalizar a energia por uma espécie de circuito, sem que se desvie nem desborde”,
analogamente aos “circuitos” do sistema nervoso. Se crê também que a substância da
kundalini é “um fogo” ou um “calor” ou, em todo caso, a força de uma energia natural. Mas
kundalini é muito mais que essas crenças.

D – O SEGREDO DE KUNDALINI

Vamos recorrer a um conceito da Sabedoria Hiperbórea para definir a kundalini;


mas tenhamos presente que se requereriam vários livros para fundamentar essa explicação
na “essência” de kundalini e que, o critério que se segue aqui, é muito mais breve e sugestivo,
refere-se a ela descrevendo analogamente seu “comportamento”, que não se ajusta,
evidentemente, ao de uma força cega.

Já dissemos, ao falar da Cabala Acústica, que: “Na verdade o universo foi feito a
partir de contados elementos diferentes, não mais de vinte e dois, que suportam por suas
infinitas combinações, a totalidade das formas existentes”. Esses vinte e dois elementos (ou
cinquenta, segundo as tradições da Índia), podem considerar-se como sons ou “bijas”, quer
dizer, raízes acústicas universais. Desse modo resulta que toda “forma” vem a estar

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sustentada por um “nome”, que é a formulação de uma determinada combinação dos bijas
principais. Mas, segundo dissemos em outra parte, uma “forma concreta” é a expressão de
um “estado” no processo evolutivo dos arquétipos. Há pois, uma relação entre os arquétipos e
os “nomes sagrados” de todas as coisas, que convém conhecer.

Num princípio os arquétipos são “pensados” pelo Demiurgo, o Uno (Brahma) e


projetados no “grande oceano psíquico primordial” ou “akasa”, onde permanecem em estado
potencial. É o alento (sopro) do Uno, ou seja, a pronunciação dos “nomes”, o impulso que
inicia o processo evolutivo dos arquétipos Manu, quem, ao desenvolver-se na matéria
determinam as formas existentes; formas que progridem até a enteléquia, até uma mais
completa manifestação de seu próprio arquétipo. É certo, então, que a cada coisa lhe
corresponde um nome secreto, arquetípico; conceito que é manejado desde sempre pela
magia e que se encontra profundamente desenvolvido nos sistemas filosóficos da Índia, mas,
que, fundamentalmente constitui a base da Cabala Acústica.

Quando o Demiurgo pronuncia as palavras, quer dizer, modula o “sopro”, este


adquire o aspecto de um verbo ou Logos Cósmico. Pela característica que possui o espaço de
ser uma expressão das mônadas arquetípicas, cuja manifestação são os Quantuns
Psicofísicos de energia, trutis ou unidades U.E.V.A.C., o sopro do Demiurgo, suas palavras,
chegam a todos os pontos do cosmos, fazendo possível que se plasmem as formas onde a
matéria permita os processos evolutivos de cada arquétipo particular. Essa compenetração é
evidente no microcosmo do corpo humano, onde se refletem todos os processos do
macrocosmo. Especialmente vamos citar aquela parte do microcosmo que representa o
aspecto “Logos” ou “Verbo” do Demiurgo macrocósmico: Kundalini.

Kundalini é, no corpo humano, o Logos “criador” ou “plasmador de formas”,


expressão análoga do Logos Solar ou logos Cósmico. Está “adormecido” porque o
microcosmo JÁ FOI CRIADO, e evolui, seguindo o processo do Arquétipo Manu de sua raça.
Mas o objetivo principal da iniciação do kundalini é a sincronização rítmica do microcosmo
com o macrocosmo do Uno, porque tal sincronização significa que há simultaneidade de
processos e que a evolução do microcosmo não se afastará do processo arquetípico.

Sendo por natureza um logos, o “despertar” de kundalini, implicará a


pronunciação (japa) de certos nomes (mantras). Em efeito: durante a ascensão pelo canal
shushumna, e em seu “descanso” em cada chakra, kundalini, recita PERMANENTEMENTE
bijas e mantras tal como corresponde a um autêntico Logos, cumprindo assim uma função
de qualidade superior à que se atribui a crença vulgar: “energia ígnea”, “fogo serpentino”,
etc.; mas em todos os casos: força de ação reflexa.

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Esse carácter de “Logos” é o responsável de que todas as yôgas que propõem o fim
exotérico de “despertar a kundalini” acabem na “fusão com o Demiurgo”; na identificação
absoluta do “eu” com o Uno Cósmico. Esse efeito se deve a função “harmonizadora”, ou
sincronizadora, que a kundalini cumpre ao REPETIR OS NOMES (bijas ou mantras) DE
CADA PARTE DO CORPO FÍSICO (e dos corpos sutis) E VERIFICAR QUE REFLITAM
CORRETAMENTE OS PROCESSOS CÓSMICOS. Por esse “comportamento” da kundalini os
yoghis que buscam efetivamente alcançar os Samadhis ou êxtases contemplativos, e ainda a
fusão com o Uno, logram resultados assombrosos, deve ocorrer assim desde o momento em
que o Logos, desperto no microcosmo, reproduz fielmente os bijas do Sopro Cósmico,
equilibrando todas as desarmonias e sincronizando todos os ritmos biológicos. Se
compreenderá agora porque qualificávamos de suicida, para aquele que busca a
individualidade absoluta, a perseguição do objetivo exotérico das yôgas (despertar a
kundalini): PORQUE AUMENTA AINDA MAIS O APRISIONAMENTO MATERIAL DO VIRYA.

Há de ficar perfeitamente claro, então, que a kundalini NÃO DEVE SER


DESPERTADA se não se possui as chaves para aproveitar seu poder RE-CRIADOR, pois SEU
VERBO tanto pode representar a Vontade do Uno, NO MICROCOSMO, para assegurar a
evolução, como a vontade própria, para produzir a mutação.

A Sabedoria Hiperbórea assegura que a kundalini tem a “missão secreta”, entre


outras, de intervir imediatamente “SE OS NEXOS NATURAIS ENTRE O MICROCOSMO E O
MACROCOSMO SÃO ALTERADOS, DESDE O MICROCOSMO, POR PRÁTICAS DE YOGA;
NESSE CASO A KUNDALINI TENTARÁ RESTABELECER OS NEXOS RE-CRIANDO
COMPLETAMENTE OS CORPOS (físico, emocional, mental, etc.) DO MICROCOSMO, POSTO
QUE, JÁ NÃO CUMPRE COM SEU DESTINO DE EVOLUIR ATÉ A ENTELÉQUIA DO
ARQUÉTIPO MANÚ”. Compreende-se, pois, o perigo a que se expõem um virya hiperbóreo,
QUE ODEIA A OBRA DO DEMIURGO, se “desperta a kundalini” e esta o leve a um êxtase
nirvânico; é possível que disso derive a loucura ou alguma séria lesão em seu corpo físico ou
sutil. Por isso a Sabedoria Hiperbórea diz ao virya que “brinca” com a yôga:

“O que farás, tu que ainda crê QUE O SEXO “É MAU”,

quando Kundalini diga LAM

e tuas gônadas SE SEQUEM?

E: O que farás, tu que ainda padece ANGÚSTIAS E TEMOR,

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quando Kundalini diga VAM

e tua suprarrenal SE DISSOLVA?

E: O que farás, tu que ainda SOFRE E GOZA

pelas coisas do mundo,

e ainda sente o FOGO da ira

e o FRIO da indiferença,

quando Kundalini diga RAM

e teu pâncreas se CALCINE?

E: O que farás, tu que ainda AMA E ODEIA,

quando Kundalini diga YAM

e teu coração estale e se VOLATILIZE?

E: O que farás, tu que ainda FALA E ESCUTA

quando Kundalini diga HAM

e tua tireoide se DESINTEGRE?

E: O que farás, tu que ainda VÊ SEM VER

quando Kundalini diga OM

e sobrevenha TUA MORTE?”

Estas perguntas, e muitas mais, faz a Sabedoria Hiperbórea AO VIRYA


HIPERBÓREO, quer dizer, A QUEM O DEMIURGO TOMARÁ POR INIMIGO e tentará
destruir. Sem embargo, a resposta não implica ABANDONAR a prática do yôga “A PRIORI”,

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senão, como dizíamos antes, operar estrategicamente com as técnicas tântricas depois de
saber “o quê” significa despertar a kundalini, (algo que já temos explicado) e “para que” e
“quando” se pode acudir sem perigo às técnicas de retenção seminal no maithuna. Devemos
investigar, então, essas duas últimas condições.

Para conhecer com exatidão “quando” um virya pode empregar com êxito as
técnicas sexuais do tantrismo há que partir de uma afirmação fundamental da Sabedoria
Hiperbórea: o sadhaka NÃO DEVE AMAR “COM O CORAÇÃO” A MULHER DE CARNE 3. Esta
revelação seguramente será tomada com surpresa ou desdém por aqueles que efetuam as
práticas tântricas “com a mulher amada”, uma figura muito cara à fantasia ocidental. A
quem assim procede a sabedoria Hiperbórea os denomina simplesmente “viryas ignorantes”
pois “ignoram tudo sobre kaly”.

Verdadeiramente, causa risos pensar que a ignorância chegue tão longe, como
para crer que no maithuna com a “esposa” (ou “amiga” ou “amante”) se encontrará a
libertação que prometem os textos sagrados orientais; isso é ter uma pobre ideia de Shiva e
de Kaly. Mas o riso acaba aqui, pois tal ignorância é sumamente perigosa, já que, para um
casal ocidental, os resultados podem ser desastrosos e é mais provável que em lugar da
desejada “libertação” o que se obtenha sejam alterações psíquicas irreversíveis.

Não se deve, pois, amar a mulher com a qual se une para praticar o maithuna
tântrico, mas, então: Que sentimento há que sentir com relação a ela? NENHUM
SENTIMENTO. Levantamos essa questão para destacar a dificuldade que existe no ocidente
para conceber uma relação NÃO AFETIVA com a mulher, dificuldade que não se apresenta
na mente dos orientais PARA QUEM FOI REVELADO O MÉTODO TÂNTRICO.

E – A ESTRATÉGIA HIPERBÓREA DOS CÁTAROS DO SÉCULO XIII

Não se trata aqui de uma diferenciação “racial”, de origem biológica, que se


manifesta em distintas atitudes psicológicas frente ao sexo e à mulher, senão de um “caráter
adquirido” pelos ocidentais e que registra um momento preciso de aparição histórica: o
século XIII.

Concretamente, foram os Cátaros quem, no marco de sua estratégia A2,


planejaram a mutação coletiva da civilização ocidental e lançaram, para isso, o movimento
dos trovadores.

3 A MULHER DE CARNE é aquela que a sabedoria Hiperbórea também chama MULHER EVA. Mais adiante se esclarecerão
essas denominações, mas aqui, a “mulher de carne” deve ser considerada como uma “mulher comum” ou “mulher pasu”.

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Os cátaros tinham dois problemas a resolver. O primeiro, de que voltaremos a
falar, era que os Druidas Beneditinos com sua revolução gótica baseada na Cabala Acústica,
produziram máquinas infernais que tinham, e têm, o poder de “sintonizar” ao habitante da
Europa com o arquétipo psicoideo da raça hebreia que, como dissemos, foi atualizado por
Jesus Cristo. Essas máquinas de pedra são as catedrais góticas; e contra esse poder plasmador
apontava em primeiro termo a Estratégia dos “homens puros”4. O segundo problema era que,
segundo ensina a Sabedoria Hiperbórea, “para mudar uma comunidade humana é
necessário contar com uma enorme quantidade de energia psíquica coletiva, subtraída do
processo dos arquétipos psicoideos do Demiurgo”. Já se verá, ao estudar as leis da Estrategia
Psicossocial das SS, que tal energia deve ser “contida” em um arquétipo psicoideo ou
egrégoro CONSTRUÍDO PARA TAL FIM por iniciados Berserkir devidamente instruídos na
Sabedoria Hiperbórea. Por hora, nos interessa ressaltar que, neste caso, dito arquétipo oi
efetivamente criado pelos Cátaros e que correspondia à IMAGEM DA MULHER LUCIFÉRICA,
LILLITH. Mas este arquétipo foi plasmado na psico esfera terrestre como uma ação de
guerra do próprio Lúcifer, quem, DETRÁS DE VÊNUS, COM O RAIO VERDE, PROJETOU A
IMAGEM DE SUA ESPOSA LILLITH. De modo que o arquétipo da “Dama”, tal era seu nome
profano, correspondia a um espírito hiperbóreo CUJO SEXO NÃO SE ENCONTRA
ASSOCIADO A FUNÇÃO DA PROCRIAÇÃO BIOLÓGICA. Justamente, a energia com que se
alimentaria o Arquétipo Dama seria obtida da sublimação libidinosa que o cavalheiro faria
de sua energia sexual ao buscar, nas mulheres comuns, a face da mulher hiperbórea, da
qual fala a Canção de A-mor dos Siddhas no sangue dos viryas perdidos. E tal é a
característica do Arquétipo Dama, sua dissociação sexual, que o cavalheiro só pode projetá-
lo sobre mulheres “inalcançáveis”, “distantes” ou “estanhas” e que jamais em uma que possa
ser possuída facilmente. É tão rigorosa esta condição que a Dama amada, quer dizer, a
mulher em que o “apaixonado” projetou o arquétipo, se transforma em uma “mulher
comum”, “perde seu encanto”, se descompões a “beleza”, quando se a “conquista” e possui.
Então o amor se transforma em dor e o cavalheiro, desenganado, se vê impulsionado a
buscar novamente outra Dama Inalcançável, a quem adorará e tratará de conquistar. A
partir da plasmação do Arquétipo Dama se gera uma tendência à idealização da mulher que
não registra antecedentes históricos anteriores ao século XIII.

Posteriormente se demonstra que um arquétipo psicoideo só pode ser


consciencializado quando tenha sido DESCRITO. Para que atue, pois, socialmente, um
arquétipo que foi plasmado sem intervenção do Demiurgo – para que possa ser buscada a
Dama – é necessário que alguém o “descreva”, quer dizer, o revele ao povo.
E essa era, justamente, a missão esotérica dos trovadores provençais: descrever a
Dama; fazer recordar ao virya europeu a imagem primordial de uma mulher hiperbórea;

4 “homens puros” - Cátaros

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despertar sua Minne. Mas, para descrever algo, é preciso havê-lo visto antes. Onde
obtiveram os trovadores sua visão prévia da Dama? De sua iniciação cátara no Languedoc
Francês, onde aprenderam a “galla ciência” e a “trovar clus”. A Dama, RODEADA DE
CERCOS DE PEDRA (torres ou muralhas) que SE DESCREVIA nas canções de amor, é uma
clara prova da origem estratégico-hiperbóreo que exibia o saber dos trovadores.

O segundo problema que deviam resolver os Cátaros levantava a necessidade que


a sociedade europeia dispusesse de uma certa energia psíquica coletiva como requisito
prévio à sua mutação. Já vimos parte da solução adotada: a plasmação de um arquétipo
psicoideo que teria por finalidade provocar a sublimação erótica no virya medieval. Nos
falta determinar agora de que maneira esse arquétipo poderia ser a solução para o segundo
problema.

Podemos sabê-lo se recordarmos que um arquétipo psicoideo se nutre de energia


psíquica, tomada do “inconsciente coletivo universal”, mediante a qual se desenvolve seu
processo evolutivo. Para obter tal energia o arquétipo “captura” a atenção do EU emergindo
ante sua vista como objeto cultural da superestrutura; o arquétipo Dama, que é “psicoideo”,
quer dizer “exterior”, não trabalha de diferente maneira.

Vejamos qual é o mecanismo característico. Quando o cavalheiro experimenta


DESEJO SEXUAL, “dispara” a emergência consciente do Arquétipo Dama estabelecendo-se,
de imediato, a CERTEZA de que a mulher desejada (a quem pode efetivamente tocar ou
possuir) NÃO É A DAMA DE SEUS SONHOS, a mulher ideal. Vista de “longe” a mulher de
carne é uma representação da Dama; e sua contemplação, ou o desejá-la, alimenta ao
arquétipo com energia tomada da libido. Mas se a “aproximação” é suficiente como para
culminar com o acasalamento sexual, nele, como se “inverte o sentido da energia”, então o
Arquétipo Dama se retira, “sob o umbral de captura”, e a mulher de carne fica liberada a
seus próprios “encantos”. Ao romper-se o encanto, é provável que o desejo aumente de
maneira inextinguível; mas não à mulher de carne, que foi desvalorizada pela ausência dos
atributos ideais, senão à outra “mulher ideal” na qual se repetirá o processo do arquétipo. O
arquétipo “conta” com essa reação, que ele mesmo provoca, para nutrir-se
permanentemente: é seu modo de proceder.

Naturalmente o Arquétipo Dama é um egrégoro terrível, no qual os Cátaros


confiavam armazenar suficiente energia psíquica como para conseguir, mediante sua
descarga instantânea, quando assim conviesse à Estratégia A2, a mutação coletiva de
incontáveis viryas perdidos em Siddhas imortais. O fracasso da Estratégia A2, e
particularmente a destruição da elite cátara nas fogueiras do Papa Druida Inocêncio III,

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IMPEDIU QUE O EGRÉGORO FOSSE DESCARREGADO A TEMPO E DESATIVADO após uma
operação esotérica de Estratégia Psicossocial conhecida como METAMORFOSE
ARQUETÍPICA. Desde então o egrégoro não cessou de alimentar-se em uma sorte de
simbiose tão estreita que acabou por modificar de maneira irreversível a conduta dos viryas
perdidos “ocidentais”. Mas, sem o controle dos iniciados cátaros, que houvessem “dirigido” a
conduta do egrégoro, sua ação resultou nefasta, muito longe de inspirar aquelas belas
imagens da mulher hiperbórea que impediam amar a mulher de carne. Pelo contrário,
passados dois séculos, o aumento numérico da população e certos processos culturais,
modificaram o perfil do Arquétipo Dama, o qual converteu-se finalmente em um
monstruoso vampiro, responsável por muitas das neuroses às que padece o virya
contemporâneo. Para favorecer sua enteléquia forçou-se até o exagero a idealização da
mulher de carne, conseguindo idiotizar completamente ao ocidental, que agora tem
associado ao ato sexual “o dever” de experimentar um “amor” que ninguém conhecia antes
do século XIII.

O virya moderno, preso na teia de sentimentos e ternuras, já não saberá distinguir


a mulher de carne, pois subjaz agora sob o disfarce de suas projeções arquetípicas. E a
mulher de carne, confundida ontologicamente pela masculinidade idiotizada dos viryas,
perderá seu controle, viverá erraticamente entre seus próprios limites sexuais e, por último,
se masculinizará ela mesma, numa tentativa inconsciente de evitar a projeção do arquétipo.
O virya padecerá então um sem número de transtornos sexuais, desde a impotência e a
insatisfação até a homossexualidade, já que esta última, tão frequente entre a população
masculina atual, é o efeito de uma captura permanente do eu por parte do Arquétipo Dama,
quem absorve assim a totalidade a energia disponível.

Por suposto que, logo do fracasso da Estratégia A2, o descontrole do Arquétipo


Dama tem sido capitalizado em favor da estratégia da sinarquia pelos Demônios de Chang
Shambala, especialmente para reforçar a influência coletiva de Jesus Cristo, quem se
converteu assim em um espelho perfeito onde os viryas encontraram a imagem amada e
sublimaram a energia que necessita o arquétipo para prosseguir seu processo. Claro que a
imagem de Jesus se feminilizou na mesma medida em que a mulher de carne se
masculinizou; mas isso não preocupa muito a Sinarquia, posto que não afeta os povos “não
cristãos”, dos quais o principal é a “raça eleita” hebreia.

A ação descritiva dos trovadores estava circunscrita ao âmbito europeu 5. E por isso
não afetou as comunidades asiáticas, onde as técnicas tântricas floresceram até o século

5 Não concedemos muita importância à influência que pudessem haver exercido os trovadores no oriente durante as
Cruzadas, pois toda influência ocidental ali foi varrida pela expansão árabe e turca do Islã desde o século XIII.

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XVIII, ou seja, até o momento em que a “civilização europeia” abateu-se sobre a Ásia e os
viryas da Índia e do Tibete comprovaram assombrados que o homem europeu não conhecia
a mulher de carne. Mas o dano já estava causado; para “progredir” o asiático só tinha um
caminho: imitar ao europeu; quer dizer, amar e respeitar a mulher de carne, A UMA
SOMENTE EM TODA A VIDA, E DESEJAR A TODAS AS DEMAIS, SUBLIMANDO A ENERGIA
DE EROS. Desse modo os asiáticos perderiam também de vista a mulher de carne e
acabariam, salvo as tribos mais herméticas, completamente idiotizados, confundindo a Kaly
com a Shakti terrestre, com a Mãe Terra ou Mater-ia. A partir dessa catástrofe conclui a
benéfica influência do yôga tântrico; posto que o mesmo requer para sua realização
DISTINGUIR CLARAMENTE ENTRE A MULHER DE CARNE E A MULHER HIPERBÓREA. E tal
distinção, não é demais repetir, não poderá efetuar-se “se ama-se com o coração a mulher
de carne”.

F – O PERIGO DO TANTRA YOGA

Voltamos então a: “Quando” um ocidental pode empregar as técnicas sexuais do


tantrismo SEM PERIGO?

Partimos, para averiguar “quando”, de uma afirmação da Sabedoria Hiperbórea: “o


sadhaka não deve amar com o coração a mulher de carne”. Agora sabemos porquê: o “amor”
que se experimenta pela mulher de carne é uma expressão consciente do processo evolutivo
do Arquétipo Dama, que a mascara e impede conhecer-se sua verdadeira face. Mas o
Arquétipo Dama tem atuado livremente por mais de setecentos anos, produzindo a
incorporação de caracteres hereditários nas linhagens europeias, especialmente a
“modulação” ou “perfilização” do “anima” inconsciente de acordo à sua imagem. E
considerando também que o egrégoro é na atualidade tremendamente potente, DEVE
ADMITIR-SE SEM DISCUSSÃO QUE, NO OCIDENTE É MUITO DIFÍCIL NÃO AMAR A
MULHR DE CARNE.

É compreensível, pois, que haja viryas a quem lhes resulte virtualmente impossível
NÃO AMAR à suas mulheres de carne; e isso não tem por que ser preocupante se, NESSE
CASO, PRUDENTEMENTE ABSTÊM-SE DE PRATICAR O TANTRISMO. Mas, o que devem
fazer então os viryas perdidos do ocidente que buscam a “libertação” das cadeias materiais?
A Sabedoria Hiperbórea lhes aconselha que recorram às outras vias secretas para
empreender o regresso à origem, se ainda são capazes de amar a mulher de carne. Este
conselho não deve ser ignorado, o risco é enorme; pelo caminho inverso do regresso,
seguindo a voz do sangue puro, consegue-se REINTEGRAR O EU COM O SI MESMO, levar a
consciência presente à identificar-se com o espírito ou Vril e, em uma “explosão gnóstica”

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transformar-se em INDIVIDUALIDADE ABSOLUTA. Pelo contrário, o uso indevido do
tantrismo pode conduzir a um samadhi nirvânico no Sahasrara, que implica uma recriação
fisiológica harmonizadora por parte da kundalini e uma identificação com o Demiurgo; a
“fusão com Brahma”. Nesse caso, após essa “má viajem”, a consciência do virya não ficaria
reintegrada, senão fragmentada em um quadro esquizofrênico do qual dificilmente
conseguirá recuperar-se.

Naturalmente, existem infinidades de situações diferentes nas quais podem


encontrar-se os viryas perdidos, desde aqueles que já “formaram família” e amam à suas
esposas como bons cristãos, até quem ignore completamente sua capacidade de amar. Como
saberão eles “quando” podem recorrer ás práticas sexuais do tantrismo SEM PERIGO? Vamos
responder que existe efetivamente uma maneira infalível de saber “quando” esse momento é
chegado, é a Prova de Família, que propõe a Sabedoria Hiperbórea. Com a exposição de dita
Prova daremos término à série de advertências que vínhamos fazendo sobre os perigos do
tantrismo.

G - A PROVA DE FAMÍLIA

A prova de família não se refere especificamente ao sexo, senão aos “parentes de


sangue”, pais, irmãos, avôs, tios, filhos, etc. Mas, quem for capaz de enfrentar a Prova de
Família verá respondidas, não só suas interrogações sobre sexo, senão que haverá dado um
importante passo até outras vias de libertação, aparte do tantrismo. Por isso convém que
todo virya ocidental enfrente essa prova, cedo ou tarde.

H – UMA CLASSE ESPECIAL DE CONEXÃO DE SENTIDO: OS SISTEMAS REAIS AFETIVOS

É conhecido que a genealogia de uma família pode ser representada


estabelecendo-se correspondências análogas com a figura de uma “árvore”, na qual o
“tronco” e a “raiz” correspondem à estirpe ascendente, e os “galhos” às distintas linhagens
que descendem do tronco principal. Como exemplo representamos, na figura 3, à família de
Mengano, irmão de Perengano e filho de Montano, quem, por sua vez, descende do tronco
hiperbóreo dos Villano. Com todo o útil que parece ser essa analogia para determinar os
ascendentes de uma linhagem, o grau de parentesco ou a proposição de uma herança, a
mesma é, sem embargo, insuficiente desde o ponto de vista estratégico. Para demonstrar isso
nos basta ressaltar o caráter estático, de “fato inalterável”, que apresenta o esquema: “uma
árvore genealógica é, como a árvore vegetal que a representa, um fato concreto e
imodificável POIS REFERE-SE FIELMENTE A SUCESSOS JÁ ACONTECIDOS”, tal é a opinião
corrente. Sendo o esquema imodificável, a insuficiência se destaca quando Mengano, por

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exemplo, se dedica à pauta estratégica de “aumentar” a influência que a herança os Villano
exerce sobre si mesmo. Da analogia com a árvore não se deduz como isso seria possível.
Mengano não pode ser galho e tronco ao mesmo tempo, se é galho não é tronco, se é
“Mengano”, a herança sanguínea da estirpe Villano é a que mostra o esquema: uma quarta
parte do sangue original. Com esta analogia não há, pois, solução, o que nasceu galho não
pode CRESCER ATÉ SER TRONCO e sua função correta é: FICAR COMODAMENTE EM SEU
LUGAR.

Pode-se superar a insuficiência do esquema recorrendo a outra analogia, não


convencional desta vez, mas antes, vale a pena esclarecer que uma “árvore genealógica”
constitui a descrição elemental de um arquétipo psicoideo chamado “Arquétipo Familiar”. A
“árvore genealógica” representa, então, a superestrutura do “fato familiar”, a qual evolui até
a enteléquia do Arquétipo Familiar. Mas, uma “família” se define pelos membros vivos que
exibe em cada época, mais que pelo passado de sua linhagem, porque TODOS OS PARENTES
VIVOS SÃO UMA EXPRESSÃO CONCRETA DO PROCESSO ARQUETÍPICO. Vejamos um
exemplo. Observamos a árvore da estirpe Villano; descobrimos que em 1910 viviam
dezenove parentes desse sangue. OS DEZENOVE PARENTES, TODOS E CADA UM DELES,
SÃO EXPRESSÕES CONCRETAS DO ARQUÉTIPO FAMILIAR, são “provas” ou “ensaios”
evolutivos que o modo biológico do processo requer para concretizar a enteléquia do
Arquétipo Familiar. Toda família, ou linhagem, tende até a enteléquia do Arquétipo Familiar
particular que é, por sua vez, hipóstase do Arquétipo Manu. E todo virya, no seio de sua
própria família, evolui inevitavelmente nesse sentido. NÃO SE PODE ESCAPAR AO
PROCESSO REAGINDO EXTERNAMENTE, por exemplo, abandonando a família, reclusando-
se, ignorando-a, destruindo-a, etc. Ainda que todos os parentes tenham morrido e só
sobreviva um virya, o Arquétipo Familiar continuará o processo através dele. O único

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caminho que tem o virya perdido para evitar a evolução É INTERIOR, PASSA PELO SANGUE
E CONDUZ ATÉ O PASSADO. E já explicamos suficientemente como deve buscar-se esse
caminho interior, na recordação contida na Minne.

Mas Mengano, compreendeu também, que prosseguindo em seu papel de galho


só consegue evoluir no sentido do Arquétipo Familiar. Olhando para trás compreende que
descende de uma estirpe mais pura, Hiperbórea, e se dedica ao problema de RECUPERAR
uma herança que se encontra no passado. Como da árvore genealógica não se evidencia
qual pode ser a solução, segundo dissemos, Mengano decide acudir à Sabedoria Hiperbórea,
cujos ensinamentos afirmam que o “Sangue Puro” é o único continente da herança
hiperbórea. Para a Sabedoria Hiperbórea, um esquema análogo a partir do Sangue Puro não
deve variar topologicamente da árvore genealógica já vista. Mas em lugar de uma árvore,
considera que O SANGUE É EQUIVALENTE A UM RIO cujo canal principal o constitui o
“tronco” da árvore genealógica, e cujos rios e arroios, afluentes ou tributários, encontram -
se representados pelos galhos.

Aprofundamo-nos nesta nova alegoria. Ao olhar agora a figura 3, vemos o “Rio


Villano” ao qual chegam numerosos braços afluentes, entre os quais se destacam os rios
“Zutano”, “Montano” e “Mengano”, conectados de tal maneira que cada um canaliza o caudal
do anterior. Mas o CAUDAL dos rios é análogo à PUREZA do sangue. O rio Villano, por
representar um sangue Hiperbóreo mais puro, tem consequentemente um caudal maior,
qualidade que se aprecia na figura 3 ao observar a grande largura de seu canal. E Mengano,
o virya que buscava o caminho inverso o Sangue Puro, aparece na alegoria como um
simples arroio de canal reduzido.

Vistas as coisas desse modo, o problema de Mengano não parece ser agora
insolúvel, pois se reduz À OBTENÇÃO DE UM AUMENTO DO CAUDAL, E ISSO SEMPRE É
POSSÍVEL, NUMA ALEGORIA HIDRÁULICA. Podemos levantar o problema estratégico de
Mengano em termos análogos do sistema hidráulico perguntando: O quê se deve fazer para
aumentar o caudal do arroio Mengano e, no possível, levá-lo a igualar-se ao do rio Villano?

Antes de responder vale a pena destacar que, o caudal, POR CORRER EM SENTIDO
INVERSO, vai de Mengano a Villano de maneira que a a solução não está, como poderia
ligeiramente imaginar-se, em alargar o canal. Daí que a única solução que existe para este
problema seja: SOMAR OS CAUDAIS DOS RESTANTES RIOS AO CANAL DO ARROIO
MENGANO.
Para esclarecer completamente esta solução hidráulica, consideremos somente o
arroio Mengano e os rios Montano e Zutano, os quais encontram-se conectados “um à

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continuação do outro”, quer dizer: “em série”.

Mengano conecta-se “pela largura” com Montano, ou seja: CD com EF, e Montano
com Zutano também: GH com JI.

A solução ao problema exige alterar esta conexão entre canais “pela largura” e
substituir por uma união longitudinal, com o fim de “somar os caudais”.

A disposição teórica para os três canais considerados, foi desenhada na figura 5.


Ali se aprecia que os canais estão agora conectados longitudinalmente, “em paralelo”;
Mengano, por exemplo, foi unido à Montano pelas margens CB e EH. O resultado final é um
novo Mengano, de caudal muito superior, devido à adição dos caudais dos rios Montano e
Zutano.

Continuando com este procedimento, e após adicionar à Mengano TODOS os


demais rios afluentes, é teoricamente possível igualar o caudal do rio Villano, dando por

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finalizado o problema.

I – CAPTURA MÚTUA NA SUPERESTRUTURA DO FATO FAMILIAR

Deixemos de lado, por hora, a analogia hidráulica e voltemos ao problema


estratégico do virya Mengano: Que conclusão cabe extrair da solução hidráulica? Quê
significa para o virya Mengano “somar os caudais”? Para responder há que se transferir a
solução hidráulica ao plano genealógico concreto da família de Mengano. Nela os “rios”
equivalem a parentes próximos ou distantes e a “soma de caudais” significa que Mengano
DEVERÁ INCOPORAR A SI MESMO À SEUS PARENTES; SOMAR À SEU PRÓPRIO SANGUE, O
SANGUE PURO DOS DEMAIS MEMBROS DA FAMÍLIA.

Parece uma loucura, mas corresponde perguntar: Esta solução é possível? Segundo
a Sabedoria Hiperbórea: SIM. E a tentativa que cada virya realiza para fazer efetiva tal
solução é o que se denomina “Prova de Família”.

Há um momento de “transição” na vida do virya; quando deixa de estar “perdido”


pois tomou consciência do Grande Engano, mas ainda não está “orientado” e , portanto, não
está completamente “desperto”. Nesse difícil transe o importante é DESCOBRIR A PRÓPRIA
IDENTIDADE, que está sepultada sob múltiplas máscaras ou personalidades. Faz-se
necessário, antes de tudo, distinguir aquela parte de si mesmo que transcende ao processo do
Arquétipo Familiar. Para consegui-lo terá que realizar duas coisas: por uma parte deve
buscar, no sangue, a recordação da origem, a herança Hiperbórea; e, por outra, lograr a
REINTEGRAÇÃO do Arquétipo Familiar, cujos pedaços estão espalhados pelo mundo na
forma de “parentes de sangue”. A Prova de Família tem por objetivo conceder ambas as
coisas, para que o virya supere a transição e encontre uma primeira orientação.

Mas, se bem, a Prova de Família aponta a favorecer o descobrimento do “Eu”


verdadeiro, em cada um, e é certo que este des-cobrimento pode-se buscar por outro
caminho; onde a Prova não pode ser superada por nenhum outro método é com respeito à
determinação da “capacidade de amar”. Recordemos que queríamos saber “quando” resulta
possível ao virya empregar as técnicas sexuais do tantrismo sem perigo e que a Sabedoria
Hiperbórea nos disse: “não deves amar com o coração à mulher de carne”. Sabemos também
que o “amor” à mulher de carne guarda relação com o processo o Arquétipo Dama. E, por
último, dissemos que ao virya ocidental, na maioria dos casos, padece de tal confusão que é
muito possível que ignore sua própria “capacidade de amar”, y, com isso, ignore também
quando corresponde seguir a via tântrica. Nesse caso, a conclusão da Prova de Família é
definitiva, pois a mesma lhe indicará se deve seguir “amando” a mulher de carne ou se já

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está em condições de A-mar à Kaly.

Já sabemos o que se espera dela, agora devemos conhecer em que consiste a Prova
de Família. Antes de tudo, digamos que dita prova é absolutamente pessoal, desde o
momento em que aponta a reforçar a individualidade do virya, e, por isso, tem que ser
praticada por cada um em particular, qualquer que seja sua situação familiar. Desde o virya
que está “só” no mundo, até aquele que é descendente de uma família prolífica, todos devem
partir do princípio de que a prova “só interessa a ele”, é “pessoal”, “interior”, e até “secreta”.
Somente com tais condições de intimidade e respeito por si mesmo, pode-se enfrentar a
prova com possibilidades de êxito.

Por outra parte, há que deixar bem claro, desde o princípio, que a Prova de
Família NÃO É DE INSPIRAÇÃO MORAL, quer dizer, não salva nem condena a ninguém. Só
determina o grau de dependência existente com respeito aos processos arquetípicos e
possibilita, em todo caso, reduzir tal dependência. Este esclarecimento é valido porque
ninguém mais que o virya poderá avaliar o resultado de SUA PROVA PESSOAL e se o mesmo
for negativo, queremos antecipar que de nada valerá enganar-se; pela via do tantrismo só
encontrará amargura, e é possível que arruíne sua saúde e a de sua pareja.

J – APLICAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA

Apresentamos agora a Prova de Família. Todo virya que tente esta prova deve
começar por uma indagação preliminar:

Qual é minha família? Apontando a conhecer de onde procede sua Linhagem


Hiperbórea. A Sabedoria Hiperbórea aporta duas leis que devem ser contempladas ao dar a
resposta:

1ª Lei – a Herança Hiperbórea do sangue Puro transmite-se por via materna. Esta
herança pode facilmente anular o processo do Arquétipo Família da estirpe materna.

A resposta à indagação pela família começa em primeiro plano, então, pela


linhagem materna.

2ª Lei – os Arquétipos Familiares transmitem seus traços por herança genética. Se


a Herança Hiperbórea da mãe é forte, predominará a herança genética paterna e, portanto, o
Arquétipo Familiar da linhagem paterna será quem domine na intensidade do processo.
Mas, se a Herança Hiperbórea materna é débil, então as heranças genéticas de ambos os pais

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são divididas, tal como ensina a Genética. Ao indagar pela família, de acordo à segunda lei,
figurará a linhagem paterna em segundo plano.

A indagação, considerando estas duas leis, deve referir-se em um princípio


somente aos familiares que viveram ou vivem contemporaneamente com a própria geração;
especialmente os parentes próximos, aqueles com os que se tem convivido e que mais
fortemente nos tem influenciado ou afetado. Em segundo lugar, depois desta determinação, a
indagação cairá sobre os antepassados; MAS SÓ SE FOI SUPERADA A PROVA DE FAMÍLIA
COM OS PARENTES CONTEMPORÂNEOS.

Quando se respondeu à indagação e se tem bem presente quais são os parentes A


QUEM SE REFERIRÁ A PROVA, deve enfrentar-se esta com a mente posta no conceito de que
cada parente é efetivamente OUTRA EXPRESSÃO do Arquétipo Familiar. Se não
compreendeu esta simples verdade, ou não à aceita, é inútil tentar a prova.

Cumprida a indagação preliminar e tendo presente o conceito apontado, pode


efetuar-se a Prova de Família. ELA CONSISTE EM LOCALIZAR AS RELAÇÕES EXTERNAS QUE
NOS VINCULAM COM NOSSOS PARENTES. Uma maneira de descrever a operação da prova
seria dizer que se trata de INTERROGAR sobre ditas relações externas, mas isso não é de todo
certo; antes bem se trata de DISPOR A MENTE PARA CONHECER quais são as relações
questionadas. Se temos em claro que é, o que desejamos conhecer, a resposta brotará
imediatamente em nossa consciência, sem necessidade de recorrer a raciocínios ou
aproximações lógicas.

K – AVALIAÇÃO DA PROVA DE FAMÍLIA

Para ter em claro “ que é o que desejamos conhecer”... podemos recorrer aos
seguintes conceitos:

A – Por “relação externa” nos referimos às de ordem afetiva (“sentimentais” ou


“emocionais”) estando excluídas em primeira consideração aquelas relações puramente
gnoseológicas, que procedem de “saber” que a árvore genealógica é um fato real. Em outras
palavras: todos sabemos quê é um tio, um pai, um irmão ou um primo; NÃO NOS
REFERIMOS à tais relações estruturais ao considerar a NOSSO tio, pai, irmão ou primo,
senão AO QUE SENTIMOS POR ELES.

B – Toda carga afetiva é, evidentemente, um conteúdo “interno”, próprio da esfera


psíquica. Por quê, então, denominamos “externa” à relação afetiva com os parentes? Porque

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a existência de “afetos” entre parentes que compartilham um mesmo Arquétipo Familiar é
puramente ilusória e porque o que sustenta essa ilusão está radicado no “mundo exterior”.
Devemos distinguir, pois, entre os “verdadeiros” afetos que sentimos à outras pessoas ou
coisas e a “relação (afetiva) externa” que acreditamos experimentar por nossos parentes de
sangue. Vamos explicar como se origina essa confusão.

É claro que toda carga afetiva procede de uma relação sujeito – objeto,
estabelecida a partir das diferenciações do eu. Por efeito da objetivação, qualquer coisa é
suscetível de possuir uma carga afetiva associada, à que, em muitos casos, não será possível
separar da coisa em si. Mas o virya se acha normalmente inserido em uma superestrutura de
fato cultural onde desempenha seu papel dramático e de onde recolhe suas vivências
externas, que, em maior ou menor medida, constituem relações afetivas “internas”. Se o
objeto de atenção é outra pessoa, que também integra a superestrutura, o enfrentamento a
estrutura cultural própria, e a do próximo, produz uma relação afetiva mútua que se
denomina “cármica” porque é transferida desde o inconsciente coletivo universal, quer dizer
à psico esfera, onde se plasma como RELAÇÃO ENTRE ARQUÉTIPOS PSICOIDEOS e desde
onde CAUSA posteriores efeitos “kármicos”. No drama da vida um virya pode amar ou odiar
à outro, ou ser amado ou odiado por este, e atribuir à tais relações afetivas o carácter de um
vínculo concreto, dado que as mesmas são consistentes e efetivas dentro das superestruturas
(sim “existem” pode-se comprovar sua “existência”) e até geram futuras reações cármicas E
que a relação de ódio ou amor com o próximo constitui um “vínculo concreto” não poderá
negar-se, pois a mesma implica o peso da carga afetiva sobre a consciência, cada vez que
essa refira-se ao próximo.

Ocorre o mesmo com os parentes de sangue? Comumente acredita-se que sim,


mas em seguida veremos que não é assim. Em primeiro lugar recordemos que todo afeto
deve estar REFERIDO A UM OBJETO afetivo, ao qual se tem diferenciado e com o qual se tem
estabelecido uma relação. Mas, sendo os parentes expressões de um mesmo Arquétipo
Familiar, podem considerar-se objetos afetivos tal como é uma pessoa qualquer a qual se
ama ou odeia? A Sabedoria Hiperbórea afirma que um parente de sangue é um “objeto” na
mesma medida que ´o “Eu” quando interroga: quê é o “Eu”? E se coloca como objeto de sua
própria interrogação. Nesse caso o Eu realiza uma reflexão, um desdobramento sobre si
mesmo, com o fim de “observar-se” gnoseologicamente; mas, por mais efetiva que pareça a
objetivação de si mesmo, o resultado da inspeção será sempre subjetivo, impossível de
verificar por ninguém mais que o Eu reflexivo; por isso, ao “objetivo” produzido pela
reflexão do “Eu” sobre si mesmo o denominamos “ilusão”. Agora bem; segundo a Sabedoria
Hiperbórea, os parentes de sangue são “reflexões” do Arquétipo Familiar e, portanto, nesse
sentido, também lhes corresponde o qualificativo de “ilusões”. Em todo caso é à “relação

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afetiva”, e ainda cognoscitiva, que cremos existir entre nós e nossos parentes de sangue a que
cabe qualificar rigorosamente de “ilusória”.

C – Por suposto que é muito difícil transcender a barreira desta ilusão, mas
ninguém disse que passar de “virya perdido” à “virya desperto” fosse tarefa fácil. E, podemos
assegurar: quem não se tornar independente do processo evolutivo dos Arquétipos
Familiares, verá muito dificultada sua orientação estratégica. Mas tal “independência” não se
adquire NEGANDO O PROBLEMA, quer dizer, rechaçando ou ignorando a função
estrutural da família, senão, simplesmente, tomando consciência da situação e afrontando a
Prova de Família.

O primeiro obstáculo para aceitar que os parentes NÃO SÃO verdadeiros objetos
afetivos o constitui o fato de que esses parentes apareçam efetivamente como objetos do
mundo exterior. E, ante tal presença concreta, a afirmação de que tratam-se de meras
ilusões parece carecer de fundamento. Mas a realidade é essa: nossos parentes, como nós
mesmos, são verdadeiros objetos PARA O PRÓXIMO; os parentes, ENTRE SÍ, são expressões
de um mesmo sujeito: o Arquétipo Familiar, e nenhum pode considerar-se “objeto” de outro
caso não seja a título “reflexivo”. Um segundo obstáculo que impede aceitar o carácter
ilusório da objetividade familiar procede de um fenômeno denominado “realimentação por
captura mútua”. Este fenômeno, característico nos processos evolutivos de Arquétipos
Familiares, é o responsável pela crença em “relações externas” (afetivas) entre parentes de
sangue.

Para compreender seu comportamento, recordemos o que dissemos páginas atrás


sobre os Arquétipos Manu que sustentam a superestrutura de um fato cultural: “O fato
cultural se desenvolve impulsionado por uma grande potência, NOTE-O OU NÃO O
OBSERVADOR, e nessa marcha até a enteléquia, a superestrutura TOMA O NECESSÁRIO
PARA SUA PERFEIÇÃO E RECHAÇA AQUILO QUE LHE É INÚTIL OU OPOSTO”. Da mesma
maneira procede o Arquétipo Familiar, pois, mediante os membros da “família”, tenta
acomodar-se na superestrutura ocupando os espaços QUE LHE DEIXAM LIVRE AS
RELAÇÕES KÁRMICAS e adaptando-se aos processos evolutivos do Manu É assim como os
parentes vêm a desempenhar um papel determinado no drama da vida DE QUE NÃO SE
DEVEM AFASTAR sob pena de serem excluídos da superestrutura (o que implicaria que o
Arquétipo Familiar deixasse de evoluir através dos parentes “expulsos” ou desencarnados).
Para cumprir com seus papéis determinados, os parentes não têm que suspeitar que todos
são expressões de um mesmo Arquétipo, e, pelo contrário, devem estabelecer “relações
externas” entre si, muitas vezes apaixonadas e dramáticas, segundo convenha às “direções
cármicas” das superestruturas. Com o fim de afirmar aos parentes em seus papéis, e de

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confirmar a ilusão de suas existências objetivas e diferentes, o Arquétipo Familiar produz o
fenômeno da realimentação por captura mútua.

Já sabemos como se produz a “captura”: ao enfrentar a estrutura cultural própria


com a superestrutura, para “conhecer”, os Arquétipos Psicoideos, que sustentam aos objetos
culturais externos, MODIFICAM O RELEVO dos mesmos favorecendo a projeção SOBRE os
os objetos exteriores DAS premissas culturais interiores. Por isso, todo ato cognoscitivo de
um objeto exterior é, em realidade, o RECONHECIMENTO, ou consciencialização, de um
objeto interior projetado no mundo. Ali começa a “captura” pois a exteriorização dos objetos
interiores implica a participação nos processos evolutivos da superestrutura, sua integração
ao fato cultural. Esse efeito é buscado pelos Arquétipos Psicoideos para obter a energia que
empregam em seu desenvolvimento. Em resumo: “os Arquétipos Psicoideos ALIMENTAM-SE
(tomam energia para sua evolução) das estruturas culturais (os viryas) que logram
CAPTURAR na superestrutura”.

A “captura mútua” produz-se quando dois parentes confrontam, no marco


dramático de uma superestrutura, suas estruturas culturais com o fim de tomar
conhecimento recíproco de si mesmos. Aqui o Arquétipo Familiar, que é Psicoideo, efetua
uma dupla captura por serem ambos os parentes expressões de seu próprio processo
evolutivo. Suponhamos que os parentes são Mengano e seu irmão Perengano. Mengano vê
Perengano como “objeto cultural” e projeta sobre ele uma imagem interior, mas foi o
Arquétipo Familiar mútuo quem ADAPTOU a Perengano (como o “espelho” da alegoria) para
RECEBER A PROJEÇÃO efetuada por Mengano; e o faz COM CRITÉRIO KÁRMICO, para que
a “relação externa” estabelecida entre Mengano e Perengano se adapte ao drama da vida, ou
seja: ao processo Manu da superestrutura; Mengano RECONHECE que é ÓDIO o que sente
por Perengano: essa relação faz possível que a maior potência de um “objeto” (Perengano)
integrado na superestrutura “capture” a estrutura cultural (de Mengano) no processo do
Arquétipo Psicoideo que evolui no “objeto”; produzida a captura, todo Arquétipo se alimenta
de energia tomada do sujeito capturado: mas nesse caso o Arquétipo que sustenta ao objeto
(Perengano) sustenta também ao objeto (Mengano), e a energia que toma de Mengano para
desenvolver a enteléquia de Perengano é SUA PRÓPRIA ENERGIA REALIMENTADA. Se
considerarmos que Perengano vê também a Mengano como “objeto cultural” e desse exame
conclui que experimenta piedade, poderemos compreender que, reciprocamente, o
Arquétipo Familiar realimentará energia de Perengano até o processo evolutivo de Mengano.
Ocorre então, um fenômeno de “realimentação por captura mútua”, o qual tem o fim de
criar entre os parentes a ilusão das relações externas (afetivas). O processo dos Arquétipos
Psicoideos na superestrutura constitui um drama para aqueles que estão sujeitos a ele e
devem representar um papel. E nesse drama, os parentes de sangue têm que comportar-se

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como se verdadeiramente fossem indivíduos particulares, para assegurar o desenvolvimento
da trama. Por isso ignoram que todos são um e creem que entre eles existem verdadeiras
relações afetivas. Pois, quê são esse ódio de Mengano e essa piedade de Perengano senão a
ilusão dos vínculos afetivos externos que ocasiona a dupla captura? É como se alguém
ordenasse sua mão esquerda que pegue a mão direita e uma testemunha, que visse somente
as mãos, afirmasse que a mão esquerda “agride” a direita. As mãos não atuam separadas,
ainda que as aparências indiquem o contrário, pois formam parte de uma mesma estrutura
orgânica e obedecem, ambas, ao cérebro; do mesmo modo que os parentes, ainda que creiam
odiar-se ou amar-se, não atuam separados pois formam parte de uma mesma
superestrutura familiar e “obedecem”, todos, ao processo do Arquétipo Familiar.

D – Dissemos que a Prova de Família “consiste em localizar as relações externas


que nos vinculam com nossos parentes” e, nos comentários precedentes, ficou claro que as
“relações externas” são os afetos diversos que mantemos a eles e que tais afetos constituem
uma ilusão. Com estes esclarecimentos, e recordando que “interrogação”, no nosso conceito,
não se refere à uma construção lógica, senão à uma disposição psíquica para “conhecer”,
podemos dizer, também, que: “a Prova de Família consiste em responder à interrogação: Quê
sinto por mi parente Albano?”.

Em forma de interrogação, quiçá, resulte mais acessível a Prova de Família ao


ocidental habituado a pensar racionalmente, sempre, e quando se recorde que a
interrogação aponta a averiguar a existência das “relações externas”.

L – REDUÇÃO DOS SISTEMAS REAIS AFETIVOS

E – Levando-se em conta o que dizem a 1ª e 2ª leis, pode-se enfrentar a Prova de


Família interrogando-se sobre os parentes selecionados na indagação preliminar, quer dizer,
os contemporâneos. O procedimento da Prova é o seguinte: Pergunta: Quê sinto por Tio
Albano? Resposta: “ódio” ou “amor” ou “carinho”, etc., ou uma soma incontável de afetos. Não
importa em princípio a qualidade do afeto: SE EXISTE UM AFETO DE QUALQUER TIPO
SIGNIFICA QUE O PROCESSO ARQUETÍPICO ESTABELECEU ILUSORIAMENTE UMA
RELAÇÃO KÁRMICA. Nesse caso o virya não deve seguir adiante com o tantrismo e deve ter
cuidado ao empreender as outras vias de libertação hiperbóreas, POIS AINDA NÃO ESTÁ
PREPARADO PARA INICIAR A BUSCA DO CENTRO.

F – Mas, da analogia estabelecida entre a “família” e a rede hidráulica dos Rios se


extraía a conclusão de que o arroio Mengano pode aumentar seu caudal até aproximá-lo ao
do Grande Rio Villano, somando com o seu, os caudais dos restantes rios afluentes. Essa

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conclusão traduzia-se analogicamente afirmando que o virya Mengano poderá purificar seu
sangue, até o grau de igualar a seu Antepassado Hiperbóreo Villano, na medida em que
consiga reintegrar em si mesmo ao Arquétipo Familiar, cujos pedaços, na forma de parentes
de sangue, estão espalhados pelo mundo.

Se é possível reintegrar ao Arquétipo Familiar, terá que começar por eliminar


aquilo que constitui a ilusão da separação, ou seja, as “relações externas”. A Prova de Família
permitirá localizar as relações afetivas com os parentes; a IDENTIFICAÇÃO RECÍPROCA fará
possível reduzi-las.

Antes de explicar a maneira de reduzir as relações externas, faremos uma


advertência.

Compreendemos que resultará difícil a muitos viryas, que têm parentes por quem
experimentam sentimentos de desprezo ou repugnância, aceitar que os mesmos formam
parte de uma só entidade, na qual também estão incluídos. Se tal fosse o caso do virya
perdido, quem ao enfrentar a Prova de Família descobre que todo um universo de paixões
lhe liga com seus parentes de sangue, a ele, lhe disse a Sabedoria Hiperbórea que nada lhe
impede continuar evoluindo dentro do Plano do Demiurgo. Se suas paixões lhe prendem à
ilusão e não se sente capaz de superá-las, inútil é, que aguce o ouvido, pois jamais escutará o
canto dos Siddhas nem seu espírito acudirá desde a Origem na recordação do sangue. A
Sabedoria Hiperbórea, por outro lado, não incentiva ao virya a que deixe de sentir afetos por
seus parentes, senão, pelo contrário, lhe aconselha aceitar a amarga realidade de que eles
formam parte dele mesmo e, de que é um dever reintegrá-los a si mesmo pela “identificação
recíproca”. Se essa maravilhosa reintegração tem lugar, os parentes que amamos já não
estarão fora, senão, dentro, onde sempre poderemos encontrá-los, já que não morrerão
como os parentes externos que são uma mera reflexão do Arquétipo Familiar. Claro que
junto a eles estarão os outros, aqueles por quem não professamos afetos positivos; e também
muitíssimos parentes antepassados a quem não recordamos, mas que representam antigos
ensaios, provas evolutivas, aspectos involuídos do Arquétipo Familiar.

M – MÉTODO DE “IDENTIFICAÇÃO RECÍPROCA”

G – A “identificação recíproca” é o método de redução afetiva da Prova de Família.


Pela Prova localizamos, por exemplo, determinados afetos à Tio Albano.

Esses afetos criam a ilusão da individualidade de Tio Albano e impedem sua


reintegração interior. Para reduzi-los, somente é necessário identificar a relação exterior

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que liga à Tio Albano conosco, ou seja: “uma identificação recíproca”.

É evidente que esse método tem por finalidade anular a realimentação por captura
mútua após reduzir as relações exteriores entre os parentes. Conhecemos, pela Prova, a
relação afetiva à Tio Albano; reciprocamente devemos indagar agora qual é a relação afetiva
que Tio Albano mantêm conosco.

Para isso teremos que praticar a empatia com Tio Albano, situarmo-nos em seu
lugar COM RESPEITO A NÓS MESMOS, e experimentar, como se verdadeiramente fossemos
Tio Albano, os sentimentos que este sente para conosco. Naturalmente, não poderá fazer-se
sem grande esforço (e ninguém disse que seria fácil) mas terá o notável efeito de ANULAR
nossas próprias relações exteriores com Tio Albano. Por suposto, uma empatia semelhante,
que resultaria quase impossível de experimentar com um estranho à nossa linhagem, não é,
tampouco, tão difícil entre membros de uma mesma superestrutura familiar. Se a
identificação recíproca tem êxito, se logramos “ver a nós mesmos desde Tio Albano”, e
identificamos os sentimentos que ligam a este conosco, então comprovaremos admirados
que ao mirar novamente à Tio Albano REDUZIRAM-SE NOSSOS PRÓPRIOS AFETOS A ELE,
ou então desapareceram totalmente, e a ilusão da separatividade CESSOU. As relações
externas anularam-se mutuamente.

Mas Tio Albano continua vivendo no mundo; quê veremos ao olhar seu rosto,
agora que desapareceram as relações (afetivas) exteriores mútuas? Voltaremos a sofrer a
captura na estrutura cultural de Tio Albano? Não voltará a produzir-se a captura porque
não há diferença entre Tio Albano exterior e Tio Albano interior, ou, se quiser, há identidade
arquetípica entre nós e ele. Após a prova de Família, ao olhar o rosto dos parentes
reintegrados, como em um espelho, reconheceremos neles aspectos de nós mesmos; perfis
ignorados até então, mas que inegavelmente saberemos encontrar em nós.

H – Somente quando o virya reintegrou uma porção considerável do Arquétipo


Familiar pode-se dizer, alegoricamente, que aumentou o caudal de seu Sangue Puro. O
caminho até a mutação está agora aberto, porque ao diluir-se a ilusão dos “mil rostos
familiares” cessam também as cadeias cármicas O processo do Arquétipo Familiar aponta ao
futuro; ali está sua Enteléquia. Em troca, o caminho inverso da reintegração, recém
comentado, equivale a inverter o processo e marchar até O Grande Antepassado Hiperbóreo,
aquele que CONHECE O SEGREDO DA QUEDA, PORQUE FOI ELE PROTAGONISTA; quem
também se chama: O Grande Enganado. Com ele haverá de confrontar-se, cedo ou tarde, o
virya que siga o caminho do Sangue Puro. E dessa confrontação suprema surgirá a Verdade
Primordial. Então o virya, como um vulcão de emoção, derramado em uma cachoeira de

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paixões milenares, se lançará a seus pés para quitar as cadeias do Engano, os grilhões da
Traição, e restaurará em si mesmo a linhagem extraterrestre dos Siddhas Hiperbóreos. Diz a
Sabedoria Hiperbórea: “Recorda sempre que tua família é árvore e rio ao mesmo tempo”.

Por isso diz-se que O Grande Antepassado está “nas raízes do Sangue Puro”. Ali
deverás buscá-lo, remontando inversamente a corrente do rio ancestral ou baixando pelos
galhos que são também rostos hieráticos, espelhos de ti mesmo. Ele está esperando-te, desde
sempre, pois tua chegada significa sua libertação. Mas tenha cuidado em como te apresentas
ante a ele; não deixe que seu rosto te aterre e retrocedas nesciamente. Recorda-te que ele
está ali porque caiu e por isso seu rosto mostra o estrago de antigas e terríveis paixões. Oh
Virya!

Ele só poderá libertar-se se tu lhe olhes e sustente seu olhar! Mas esse olhar
significará tua morte! Oh Virya! Nada te será ocultado, agora que conheces o Segredo da
Árvore e do Rio; sim; ao ver-lhe morrerás; mas ressuscitarás NELE, quando já liberto, GIRE
SEU ROSTO À ORIGEM! Porque às costas do Grande Antepassado encontra-se a Origem
Primordial, à qual, POR UM MISTÉRIO DE A-MORT, ele viu-se privado de voltar desde que
começou o Tempo de Dor e Sofrimento. Morto e renascido, ao ressuscitar, tu, ressuscitas ao
Grande Antepassado, e é soldada a Espada que foi quebrada nas Origens; tu e o Grande
Antepassado voltam a ser um só, como sempre foram sem saber, e por isso ao marchar até a
Origem, morto e renascido, és um Iniciado do Sangue Puro, um Cavaleiro do Gral, um
Siddha Imortal, um Divino Hiperbóreo, um Guerreiro de Lúcifer o Valente Senhor. Um
grande segredo conheces; Oh Virya: o da Árvore e o Rio Familiar, se és intrépido e audaz,
mas também humilde e desapegado, e não temes COMPROVAR TUA PRÓPRIA MISÉRIA,
então este grande segredo te conduzirá até o Vril!

OCTIRODAE BRASIL
Honor et Mortis - Vontade, Valor, Vitória

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