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Aula 1 - História Antiga e Periodização Quadripartite

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Aula 1 – A relação entre a História Antiga e a periodização quadripartite

Já Pierre Vernant possui uma formação diferente dos outros autores estudados. Este autor
interessa-se mais por categorias de pensamento. Desse modo, não estabelece ou cria uma síntese
baseada na economia, mas faz uma síntese baseada no pensamento, ou seja, na forma de pensar.
Vernant busca investigar como o homem que viveu na pólis, que participava dessa nova
configuração administrativa, que possuía os gêneros da escrita, da filosofia, da história, como esse
homem vivia nesse mundo. É claro que com isso Vernant desconsidera a base do trabalho no
mundo antigo grego e romano (escravo). Isso significa que existia um tipo de organização social em
que a maior parte das pessoas era desprivilegiada. De qualquer forma, Vernant não aborda sobre
escravidão.
Este autor apresenta uma nova perspectiva que aparece no pensamento com base no
referencial conceitual que começa a aparecer (como, por exemplo, o referencial filosófico), mas
Vernant não tem interesse pela perspectiva econômica.

Apresentação da aula do dia 19/04: Grécia (período de transição para a Idade do Ferro e o Período
Arcaico)
Analisaremos documentação para pensar o período arcaico (tipos documentais variados –
literatura, história, arquitetura, cerâmica, arte figurativa) para entendermos os tipos e as
possibilidades que temos para interpretar esses períodos para além da fonte escrita.

Na primeira parte do curso veremos experiências que possuíam pouca escrita ou sem escrita.
Já na segunda parte do curso teremos escrita em abundância.
O curso dialoga sobre as conexões no mundo mediterrânico antigo para pensarmos o
chamado “percurso civilizatório” de forma mais integrada.

42:30 – segunda parte do curso

Apresentação da aula do dia 03/05: Grécia (o Período Clássico)


A bibliografia convencionou chamar de período clássico o século de ouro, o auge, séculos de
Péricles, Atenas no século V a.C. Até a década de 1980-90 as interpretações sobre os gregos antigos
eram franceses, alemães, ingleses, norte-americanos, em certa medida, os gregos estavam afastados
da participação no diálogo. Vlassopoulos é um autor grego, diferente do grego nacionalista, ele nos
mostra um processo que não coloca Atenas e a Grécia no centro, mas na periferia do Império Persa.

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Em c. 480-470 a.C. o evento que marca a transição do período arcaico para o período
clássico foi a guerra dos gregos contra os persas, inclusive todo aquele espírito de integração do
período anterior é amplamente deixado de lado, ao passo que começam a olhar os persas como o
outro, desenvolve-se o discurso do medo à medida que os persas estavam num momento de
expansão (expansão também para o Mediterrâneo). Os persas conquistas várias cidades gregas, na
costa da Jônica (região atual da Turquia) e dirigem-se à Grécia continental, mas são barrados pelos
gregos. Os atenienses vencem os persas, mas estes destroem a cidade de Atenas. Então, tinha-se
uma grande potência, que era o Império Persa, tentando expandir e englobar essas cidades-estados
gregas. Os persas perderam essa batalha, contudo o Império Persa era enorme, sendo que os gregos
estavam na periferia desse grande império que, naquela região, tentou expandir e não conseguiu.
Vlassopoulos nos mostra como é a situação desses gregos frente à grandes impérios como o
persa e o egípcio (quer tinha uma história mais antiga reconhecida pelos próprios gregos). O autor
não coloca os gregos no centro do processo, mas na periferia de grandes impérios.

Apresentação da aula dos dias 10/05 e 17/05: Grécia (Período Helenístico e Período Romano)

Na sequência veremos o Período Helenístico, o qual a bibliografia pensa como decadência


desse mundo grego. A bibliografia vê o processo da Grécia da seguinte maneira:
- Período Arcaico: nascimento
- Período Clássico: auge
- Período Helenístico: decadência
O período arcaico é considerado como o início do mundo grego, porque foi o período em
que começa a aparecer a democracia, a isonomia, todas as estruturas colocadas no auge do século V
a.C. começaram a aparecer no período chamado de arcaico.
O período clássico é o auge do ponto de vista artístico, político (democracia), liderança de
Atenas. E o período helenístico é a desagregação da pólis grega e de suas estruturas. Se Atenas no
século V a.C. era comandada pelos cidadãos, no período helenístico o poder estava centralizado no
grande representante (que era o grande evergeta – homem rico que financiava obras na cidade). Isso
a bibliografia considerou como um tipo de decadência.
Porém, a situação é mais complicada que isso, pois tem-se um conjunto de tentativas de
estabelecimento de hegemonia. Os persas tentaram e não conseguiram, os atenienses tomam conta
do processo. A articulação econômica nessa porção oriental do Mediterrâneo é orientada pelos
atenienses. Logo depois, perdem para os espartanos até que os macedônios chegam e, se
aproveitando dessa desagregação, dominam tudo.

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Nesse período helenístico, ocorre uma nova incursão para o Oriente, em que Alexandre
organiza um amplo exército e enfrenta a porção oriental do Mediterrâneo (uma incursão que vai até
a região da China). E essa incursão apresenta uma novidade, que é a integração e o diálogo grego da
sua cultura com a cultura dos povos dominados (permeabilidade da cultura grega).
Vlassopoulos afirma que a permeabilidade da cultura grega é influenciada pela periferia na
qual os gregos viveram durante muito tempo. Estando na periferia, os gregos aceitavam os deuses
dos outros, aproximavam seus deuses com os dos outros. então, fazer essa troca era um elemento
fundamental numa situação que não era a central. Quando os gregos enfrentam o centro, tomam o
império persa, eles passam a integrar e dialogar com a cultura grega. Os gregos não impõem a sua
cultura aos povos dominados.
Um elemento fundamental é pensar que essa articulação demora muito para desaparecer. O
que os gregos, a partir de Alexandre, fizeram nessa porção oriental foi tão importante que toda essa
região (desde o Império Persa, região do Egito, região inteira do Mediterrâneo oriental) foi
articulada pela língua grega.
Tanto que quando os romanos chegam ao Mediterrâneo eles tomam a porção ocidental do
Mediterrâneo dominada pelos fenícios (Cartago, uma grande cidade fenícia, dominava o comércio
com o norte da África – região da Ibéria, Espanha, Portugal, sul da França), os romanos
violentamente supriram os cartagineses, tomam todas as possessões da porção ocidental do
Mediterrâneo e, depois, dirigem-se à porção oriental onde se deparam com a Grécia (a Grécia
clássica era muito admirada pelos romanos), estabelecem um discurso que eram herdeiros dos
gregos (embora relacionavam-se muito mais com os etruscos do que com os gregos, no discurso se
diziam herdeiros dos gregos). A ideia que temos do mundo greco-romano é criada pelos próprios
romanos. Por mais que as fontes não mostrem o discurso romano era de continuidade.
Mais do que isso, os romanos encontram um Mediterrâneo oriental integrado pelo grego, o
que nunca foi superado. Quando os romanos se dirigem à região da Arábia, Pérsia, Palestina, a
língua comum era o grego.
No século I a.C. e I d.C. Augusto já estava no poder aparece o cristianismo como elemento
novo. O cristianismo era um tipo de religião oriental helenizada, ou seja, aparece no Oriente, estava
relacionada com os textos bíblicos, tinha a forma religiosa e social da tradição judaica, mas tinha
como expressão o grego, e não necessariamente o hebraico ou aramaico (língua local). O grego era
a língua que alcançava aquela região como um todo.
Quando os romanos chegam no Mediterrâneo oriental encontram um ambiente integrado
pelo grego, tanto que quando a porção ocidental do império cai a porção oriental continua e nessa
região a língua grega é falada até hoje. A língua da Igreja Ortodoxa é o grego, existe no cristianismo

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– na Igreja Católica – o credo em grego até hoje. Aquela região oriental (Turquia) era amplamente
integrada pelo grego, assim como no Egito.
Exemplo: a Pedra de Roseta continha informações como os códigos para a decifração do
hieróglifo egípcio. Era uma pedra que tinha a mesma informação escrita em hieróglifo, no egípcio
cursivo, e em grego.
Na região da Armênia encontra-se inscrições em Armênio antigo e grego; na região da
Palestina, vê-se a escrita local e grego. Toda essa região era muito articulada por essa língua. E não
era só a língua, mas elementos mais fortes que a língua como, por exemplo, muitos livros bíblicos
não só foram escritos em grego como a forma era de gêneros literários gregos. Por exemplo, a
história é um gênero literário grego; a epístola é um gênero literário grego também.
Tudo isso começa a informar a expressão desses povos que viam nesse tipo de criação algo
que tinha um alcance maior que as referências locais.
O curso é sobre conexão no mundo mediterrânico antigo, o modo como esses povos foram
estabelecendo contato; as fontes disponíveis para falarmos sobre a percepção desses contatos.
Geralmente os manuais de História Antiga discorrem sobre o percurso civilizatório de forma não
integrada. Vê-se Mesopotâmia, Egito, quando estuda-se a Grécia, Mesopotâmia e Egito
desaparecem e passam a existir os gregos; depois que os romanos aparecem os gregos também
desaparecem. Contudo, esses grupos continuam, as tensões continuam, só que os manuais baseiam-
se no percurso civilizatório. Neste curso iremos tentar pensar de forma um pouco mais integrada a
partir de grandes sínteses.

Apresentação da aula do dia 07/06: Antiguidade Tardia


Iremos pensar a desagregação do que chamamos de História Antiga. Na perspectiva
tradicional a desagregação corresponde a queda do último imperador Augusto; no século III a.C.,
Rômulo Augusto foi deposto por reis germânicos. Então, a porção ocidental do império se
desagregou, o que significa uma ruptura institucional. O império deixa de existir na parte ocidental
com aquela mesma estrutura administrativa. A historiografia ligada à perspectiva política (até a
década de 1950) vê a desagregação do império como o fim de uma era. O império caiu, a História
Antiga acabou e inicia a Alta Idade Média.
No entanto, desde o início do século XX, alguns autores começam a refletir sobre essa
questão de fim da antiguidade com base na perspectiva política. Tal reflexão torna-se muito forte
desde a década de 1970, quando a historiografia começa a refletir sobre processos variados. Por
exemplo, do ponto de vista artístico, um historiador da arte alemão, em 1901, questionou essa
ruptura dizendo que aquilo que era considerado feio, negativo, ruim, que é a arte desse período, na
verdade é muito positivo. Ele lança comparações com a arte contemporânea, que não está
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interessada a fazer uma cópia exata das pessoas (Picasso discutia a tridimensionalidade no
bidimensional). Esse gosto clássico como referência ficou obscurecido durante muito tempo, e esse
historiador alemão, no início do século XX, apresenta uma nova perspectiva. Ele fala que a arte
antiga não era negativa.
Na década de 1970 outros historiadores, como Peter Brown, diziam que esse período não
pode ser caracterizado por amplas rupturas. Apesar da ruptura institucional, existem continuidades
importantíssimas do ponto de vista religioso, da arte continuam pelo menos até o século VIII d.C.
Assim, esse período passou a ser conhecido como Antiguidade Tardia (terreno de disputa dos
historiadores da antiguidade e medievalistas).
Para além das disputas acadêmicas, tem-se um processo reavaliado a partir da Antiguidade
Tardia.

01:04 – Recepção dos clássicos

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