O Poder Da Família - João Kepler
O Poder Da Família - João Kepler
O Poder Da Família - João Kepler
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Diretora
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Editora Pleno
Audrya Oliveira
Assistente Editorial
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Produção Gráfica
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Preparação
Editora Gente Copyright © 2023 by João Kleper
e Kaká Diniz
Adaptação de Capa, Projeto Todos os direitos desta edição
Gráfico e Diagramação
são reservados à Editora Gente.
Gisele Baptista de Oliveira
Rua Natingui, 379 – Vila Madalena
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Kepler, João
O poder da família : como fortalecer a sua família e construir uma
vida com valores, prosperidade e sucesso / João Kepler, Kaká Diniz. –
São Paulo : Editora Gente, 2023.
ISBN: 978-65-5544-420-9
1. Desenvolvimento pessoal 2. Família I. Título II. Diniz, Kaká
ROSELY BOSCHINI
CEO E PUBLISHER DA EDITORA GENTE
Este livro é dedicado a homens e mulheres que estruturam a vida e
as próprias ações em prol da família. Pessoas que já
compreenderam que não existe outro caminho. E que qualquer
propósito, para ser experimentado em sua plenitude, tem como
fundamento e princípio o amor. Não existe na Terra representação
máxima e mais profunda do que é o amor quando compartilhado e
nutrido pelos seus. Amar é ação, é escolha diária, é dedicação
genuína. E construir uma família é uma bênção que precisa ser
compartilhada.
agradecimentos
Agradecemos a Deus por nos dar forças e condições para
colocar este projeto de pé. Sabemos da importância de
sermos vozes ativas no direcionamento de pessoas que
buscam ser melhores, fortalecendo a si mesmas e a própria
família. Diante disso, a responsabilidade é enorme e a gratidão
também.
A todos que estão do nosso lado e que nos ajudam a fazer
projetos como este acontecerem, nosso muito obrigado.
Nosso sentimento mais sincero e íntimo é que este livro
desperte em você a vontade para mudar a sua vida de modo
profundo e irreversível. Os melhores encontros têm esse
poder.
Desejamos ainda que Deus, em Sua infinita bondade e
misericórdia, continue a abençoar grandemente você e sua
família. E que seus passos sejam sempre guiados rumo às
grandes realizações e vitórias, em todos os aspectos da vida.
INTRODUÇÃO
2 MARATONA DE REVEZAMENTO
3 A FÉ PROSPERA NO DESCONFORTO
8 A LINGUAGEM DO AMOR
Barreiras rompidas
A conversa com o meu pai me fez entender duas coisas
muito importantes: primeiro, que eu havia passado quinze anos
alimentando um ódio sem fundamento e, segundo, que meu
pai não soube se comunicar comigo. Se ele tivesse passado a
mensagem de modo diferente, eu não teria ficado magoado.
Talvez eu tivesse me portado de outro jeito, e talvez esse
entendimento poderia ter encurtado meu caminho de alguma
maneira. Não há como saber.
Depois dessa revelação que rompeu minhas barreiras
internas (mas que pertenciam a nós dois), comecei a fazer
muitos negócios. Passei a ganhar dinheiro com outras coisas e
trabalhei para encontrar e dar um rumo à vida. Não demorei a
descobrir que a vida é uma montanha-russa, cheia de altos e
baixos, mas que em qualquer fase são as decisões e a
consciência que ditam os rumos. Já mais maduro e experiente,
eu decidi transformar a minha família também em um negócio.
Isso porque me dei conta de que cuidamos dos negócios,
focamos a gestão, enfrentamos desafios de maneira
comprometida e, como prioridade, com frequência fazemos
planejamentos, projeções, adaptações. Mas e em casa? A
pergunta então passa a ser: por que não fazer tudo isso em
casa? Por que não fazer tudo isso dentro da família e se
dedicar a ela com o mesmo afinco de quando construímos
uma empresa?
No meu caso, uma coisa era certa: eu queria fazer a
mesma coisa que meu pai fez comigo, que o meu avô fez com
ele, mas de uma maneira diferente. E foi então que eu entendi
que o meu melhor negócio da vida é a minha família. Assim,
compreendi que eu só seria alguém de verdade, bem-sucedido
e realizado se colocasse a minha família em primeiro lugar.
Isso parece clichê, parece óbvio. Mas quem conhece
nossa família de perto, quem convive conosco, sabe que isso é
uma realidade lá em casa. Todos nós fazemos negócios, todos
nós temos os próprios empreendimentos, mas todos nós
desenvolvemos esses projetos em família e, principalmente,
para a nossa família.
Não existe uma receita de bolo para a educação dos filhos.
Se você está aqui atrás de uma fórmula mágica, atrás de um
atalho para encurtar o caminho ou facilitá-lo de alguma
maneira, não vai encontrar. Aqui, você não vai encontrar nada
que mude a sua vida em um passe de mágica. Quem vende
isso está mentindo. Aqui, você vai se inspirar.
A única receita de bolo que existe é para a construção de
uma família próspera. E ela começa e passa pelos exemplos,
sejam ruins ou bons. Passa pela troca de experiências, pelos
relatos sinceros e pelo aprendizado. É isso que estou disposto
a abordar aqui.
NA
PRÁTICA
Protagonista da própria
vida
Minha esposa e eu decidimos que queríamos preparar
nossos filhos para o mundo, em vez de querer mudar o mundo
para eles. É impossível estar o tempo todo lá, protegendo a
molecada. A criança superprotegida se transforma em um
adulto dependente em todos os aspectos.
Sabe aquele adulto que, quando o carro quebra, pensa
primeiro em ligar para o pai e não em acionar a seguradora e
resolver o problema? Ou quando perde o emprego e/ou
descobre que na vida não existem garantias, entra em
desespero, não tem maturidade emocional para enfrentar os
desafios e as adversidades mesmo sendo uma pessoa adulta?
Que não sabe se relacionar com as pessoas e que tenta impor
suas vontades de maneira egoísta e prepotente? Que faz uma
dívida sabendo que não terá condições de pagar, mas sabe que
os pais irão arcar com esse ônus? Que usa o nome dos pais ou
da família em benefício próprio para obter vantagens ou
conseguir o que deseja sem esforço? E por aí vai. Infelizmente,
os exemplos são muitos. Convivo com milhares de
empreendedores e aprendi a perceber facilmente quando um é
mimado. Pessoas assim se tornam empreendedores que se
encaixam basicamente nos exemplos que dei acima em
relação à postura diante da vida, dos problemas e das pessoas
que os cercam. A postura de quem cresce superprotegido,
com acesso a tudo, é nitidamente diferente da daqueles que
aprenderam a enxergar a vida pela lente real, ou seja, sem
atalhos, mas com convicções e com garra.
Nós, pais, devemos permitir que nossos filhos se tornem
protagonistas da própria vida.
Escuto de muitas pessoas: “Quero que meu filho seja
médico ou engenheiro” ou “Quero que seja funcionário público
ou juiz”. E tudo bem, não tem nada errado nisso. O problema é
quando os pais não querem que o filho seja, quando não
querem que ele se transforme em um protagonista e faça a
diferença.
Não importa o que faça da vida, você tem que ser um
líder, deve ser protagonista. E precisamos incentivar os nossos
filhos e netos a serem líderes, independentemente de qual
caminho eles escolham.
Sabe quando você pergunta para uma turma de crianças o
que elas querem ser quando crescerem? Provavelmente vai
ouvir respostas como jogador de futebol, artista, influencer,
assim por diante. O ponto aqui é que eles realmente podem
ser o que quiserem, mas a mentalidade precisa mudar desde a
infância.
Quando você adota o empreendedorismo como estilo de
vida, e não necessariamente o fato de ter um negócio, sua
visão passa a ser mais ampla porque tanto os problemas
quanto as oportunidades são encaradas como aprendizados e
desafios que motivam e impulsionam. E é aí, com essa
mudança de mentalidade, que os hábitos e ações são
formados. O passo seguinte? Se tornar o protagonista da
própria vida. Ser empreendedor é se dedicar para ser
resiliente, atento, analítico, proativo e fiel às suas escolhas e
convicções. Em vez de ser jogador de futebol, por que não se
tornar o dono do time? Em vez de atuar ou ser atriz, por que
não investir em abrir uma companhia de teatro e dança? Quer
ser médico, ótimo. Mas por que, então, não começar a
considerar desde a faculdade a ideia de montar uma clínica em
vez de trabalhar para alguém? Isso é protagonismo.
Algumas das reclamações que mais escuto são “meu filho
não sai do videogame”, “meu filho não quer nada”, “não quer
estudar” ou “ele não está interessado em trabalhar”. Aí eu
pergunto para o pai: o que tem para ele fazer quando não está
jogando? Tem algo melhor para ele fazer na vida real, algo com
o que se sinta feliz? Afinal, o mundo do videogame, ou
qualquer outro, oferece prazeres e recompensas.
E como os pais podem reverter ou mudar isso? Reclamar
e brigar não é o melhor caminho. O primeiro passo é se
colocar no lugar do seu filho, entender sobre aquela tribo e
situação, para, então, tentar resgatá-lo. Você pode fazer isso,
por exemplo, descobrindo de qual jogo ele mais gosta ou qual
passa o dia jogando. Aprenda a jogá-lo também. Mesmo que
não tenha gosto por isso no começo, pense: qual é a sua
prioridade?
Aprenda, se torne bom, passe um tempo treinando sem
que seu filho saiba de nada. Peça ajuda a outras pessoas ou
contrate alguém para ensinar a você. Aí, um dia, sente-se ao
lado dele e joguem juntos. Converse usando a linguagem dele,
não a sua. Troque informações, experiências, se aproxime.
Você verá o que vai acontecer. Entrar no mundo deles é o
primeiro passo para resgatar ou mudar uma realidade.
Sobre a pergunta “o que você quer ser quando crescer?”,
na verdade, não tem que haver um “quando” na questão. A
pergunta correta a ser feita aos nossos filhos é: “O que você
quer ser agora?”. Em cada momento, em cada fase da vida, é
preciso trabalhar o agora. Então, o que o seu filho gosta de
fazer hoje?
Equilíbrio e respeito
É claro que aqui estou apresentando os temas de modo
bem objetivo. Para chegar a tudo isso que estou lhe contando,
minha esposa e eu tivemos inúmeras conversas, reflexões e
nem sempre concordamos em tudo. Nesses casos, entram
em cena duas palavras fundamentais em qualquer
relacionamento: equilíbrio e respeito.
Sem essa base, é impossível manter um casamento
saudável e duradouro. Já no mundo empreendedor, no mundo
dos negócios, se dá bem quem está insatisfeito e incomodado.
Nenhuma solução é realmente útil se não resolver um
problema específico.
Lembra-se de quando comentei sobre o perfil dos
empreendedores mimados? O jovem superprotegido se torna
acomodado, ele vai aceitar tudo porque já se acostumou a não
pensar. Ao agir assim, você está gravando algo na mente do
seu filho: que ele não precisa buscar o próprio destino. Dessa
maneira, ele não buscará ser protagonista porque não se
sentirá incomodado, não precisará de mais nada. Por outro
lado, se você é um pai ou uma mãe que provoca e faz as
perguntas certas, vai ajudá-lo a achar o inconformismo.
Deixe-o criar, ter vontade, provoque-o no bom sentido,
converse sobre problemas – porque os pais muitas vezes não
falam sobre isso. Quantos pais quebram e a família sequer
desconfia da falência antes de acontecer o pior?
Relacionamentos reais se dão com base em conversas
sinceras, em compartilhar alegrias e tristezas. Esconder coisas
não é proteger; é falta de segurança e de liberdade. É com
equilíbrio e respeito que, mesmo em momentos de
turbulência, todos se ajudam, buscando os melhores caminhos
juntos.
Quando vivi fases ruins, reuni todos os meus filhos e
minha esposa e conversamos sobre o que estava
acontecendo. Em nenhum momento apontei culpados. Eu lhes
dizia: “Seu pai errou, eu fiz isso. Isso é errado. Então, nós
vamos corrigir assim”. Nunca falei: “Aquele cara me enganou”,
“Aquela empresa não me pagou o que devia”. Se eu havia
errado, a minha família saberia.
Na minha casa, além da busca constante pelo equilíbrio e
pelo respeito, usamos uma lógica há muito tempo:
questionamos se queremos ser felizes ou ter razão. Eu prefiro
ser feliz, mas às vezes não dá. Não é que você queira ter razão.
É que é preciso conversar sobre todos os assuntos,
principalmente os polêmicos. Pais devem ter em mente que o
mundo mudou e as relações precisam acompanhar essa
transformação. Não pensar assim é um tremendo erro que
pode custar muito caro.
Um assunto polêmico, por exemplo: mesada. Não gosto
da prática. Para mim, mesada dá a sensação do fixo garantido,
tipo um salário, por isso nunca dei aos meus filhos. Quando
você começa a entender que não existem garantias, que
mesmo em um trabalho convencional com carteira assinada
você pode ser desligado a qualquer momento, essa vertente
perde força. Experimente tirar o salário de alguém assalariado
para ver o que acontece. Com crianças que recebem mesada
não seria muito diferente. Ninguém gosta de perder algo que já
está garantido.
Em casa, como eles empreenderam desde novos, eu
apenas dei o suficiente para a escola e a mãe os ajudava com
roupas e outras coisas eventuais. Eles aprenderam a se virar,
cada um na sua área.
Na história do Davi que compartilhei, não investi na
primeira empresa dele, mas lhe emprestei 5 mil reais para
contratar um programador. Com o primeiro faturamento da
empresa, cobrei meu dinheiro de volta. Me arrependo de ter
cobrado juros dele, mas foi uma boa lição para nós dois.
Quando Theo tinha 15 anos, sugeri a ele assumir um
portal que eu tinha, um site de venda de ingressos. Ele
recusou e me disse que ia montar um concorrente, mas um
negócio dele, com a cara e as escolhas dele. Eu entendi e
respeitei suas decisões.
Isso é respeito. Isso é ter equilíbrio.
Por outro lado, há filhos que não honram nem respeitam o
que os pais podem proporcionar. Isso é um problema, pois,
nesses casos, o único jeito de ter autoridade sobre o filho é
usando o dinheiro. E lá em casa eu não tenho essa autoridade.
Faz anos que eu não sei o que é isso.
Quando meus filhos eram mais novos, adotei uma política
em casa. Durante mais ou menos dez anos, a família viajava
junta em julho. Em janeiro, eles planejavam a viagem, o
orçamento dela, e 10% de tudo o que cada um ganhava em
qualquer atividade ia para um pote. Em uma dessas viagens,
eles escolheram a classe do avião, o hotel, tudo... O dinheiro
não deu para cobrir todas as despesas e, na hora de pagar,
pediram ao pai que completasse o que faltava. Falei para eles
cortarem algumas coisas, escolherem classe econômica, por
exemplo. Na viagem eu não coloquei dinheiro. Ou iríamos
todos juntos (não eu na executiva e eles na econômica, por
exemplo) ou não teria viagem. Como já disse antes, é questão
de exemplo.
3 KEPLER, J. Se vira, moleque!: prepare seu filho para construir uma vida com
protagonismo, autorresponsabilidade, atitude empreendedora, realização pessoal e
prosperidade. São Paulo: Gente, 2020.
4 PODER familiar: O que é e como funciona? Galvão & Silva Advocacia, 25 abr.
2022. Disponível em: https://www.galvaoesilva.com/poder-familiar/. Acesso em: 14
fev. 2023.
capítulo 2
MARATONA DE
REVEZAMENTO
Compartilhe prosperidade
Receber uma educação empreendedora foi um desafio
pelo qual sou muito grato. Todas as provocações de meus pais
me fizeram chegar aonde eu e meus irmãos estamos hoje.
Meus pais criaram filhos fortes e preparados para a vida.
Nunca me colocaram em uma redoma de vidro ou fingiram não
ter problemas.
Eles me ensinaram que eu e meus irmãos poderíamos ser
protagonistas no processo de construir soluções para qualquer
situação. E isso fez toda a diferença. Meu pai nunca quis me
forçar a nada. Não queria que eu fosse como ele, mas eu
mesmo, e que melhorasse cada vez mais as habilidades
naturais que eu já possuía.
Para você, filho, que está com este livro em mãos, digo:
seja a melhor versão de si mesmo, sem ser cópia dos seus
pais. Muitos pais colocam tanta energia para tentar moldar os
filhos de acordo com a própria perspectiva que acabam
desmotivando-o. Na verdade, você, pai, que está lendo este
livro, precisa provocar o seu filho a descobrir o próprio
caminho, o que ele quer fazer, o que vai deixá-lo feliz, porque,
no final das contas, filhos não existem somente para fazer
você feliz.
Para você que é pai ou para você que é mãe, que este
livro possa ser instrumento de transformação e que crie
pessoas empoderadas para que multipliquem talentos e
plantem sementes para o futuro. Quanto mais semearem,
mais vão gerar transformação na vida de outras pessoas
também.
Compartilhar prosperidade com todos: esse é o caminho
da transformação mais poderosa.
Um abraço,
Davi Braga
https://www.instagram.com/bragatheo/
https://www.instagram.com/davibraga/
https://www.instagram.com/mariapbraga/
NA
PRÁTICA
Qual foi o seu aprendizado neste capítulo? Consegue identificar
as qualidades e potencial individual de todos da sua família que
fazem parte do revezamento e maratona da sua casa?
Convidamos você para fazer essa reflexão e listar quem faz
parte desse time e, a frente de cada nome, escrever quais são
as qualidades de cada um e, se achar necessário, os pontos
mais sensíveis que precisam ser fortalecidos. Esse exercício vai
ajudar a perceber quão poderosas são as pessoas que estão do
seu lado.
O início de tudo
Conheci a Quezia da maneira mais improvável possível. Eu
tinha 17 anos, morava em outro país e fazia faculdade. Fui
emancipado aos 15, então, desde novo, sempre fui
independente.
Aconteceu que meus pais faliram. Quando eu era criança, vi
agiotas entrando lá em casa, pegando os carros da minha família,
tirando tudo o que tínhamos. Vi o meu pai entrando em
depressão e, nesse momento, precisei assumir um papel de
mais maturidade para lidar com as questões em casa. Então,
com 15 anos, meus pais me emanciparam e comecei a assinar
pelas empresas. Com 17 anos, morando no exterior, recebi uma
notícia que, naquela época, encarei como péssima: meus pais
haviam se convertido, se tornado crentes.
Lembro quando eles disseram: “Filho, temos uma notícia
para você. Nós visitamos uma igreja e tivemos uma experiência
com Deus. Agora somos cristãos”. Eu respondi: “Pai, acho que
estão indo longe demais, mas vou continuar amando vocês,
claro. Cada um faz as suas escolhas”.
Talvez você seja assim ou conheça alguém assim. E se
alguém falar que algum dia você ainda vai virar crente? Você
falaria: “Deus me livre, tá repreendido”? Eu tinha muito
preconceito com a igreja e com os pastores.
Um dia, quando estava de férias da faculdade, visitando os
meus pais na casa de Cabo Frio, o meu pai falou: “Filho, tem
uma família de pastores que eu gostaria que você conhecesse.
Quero muito que eles orem por você”. Não gostei da ideia, mas
meu pai insistiu e, bem, a casa era dele. Então concordei em
ficar uns cinco minutos com eles.
Pouco depois entrou o pastor, seguido da esposa e das
filhas. Uma delas em especial chamou a minha atenção. Era
Quezia, uma menina de família cristã supertradicional, com vários
pastores na linhagem.
Aquele encontro mudou a nossa história. Naquela tarde, eu
parei para ouvir sobre Jesus com calma pela primeira vez. E
quando aquela família foi embora, eu confessei para a minha
mãe: “Gostei da família do pastor, inclusive da filha dele.
Consegue o MSN dela para mim?”.
Ela conseguiu e, então, Quezia e eu começamos a
conversar. O que me chamou atenção foi que ela era diferente
das outras meninas que eu já havia namorado. Havia uma luz
nela, algo totalmente novo para mim.
Passávamos horas conversando sobre diversos assuntos.
Um dia, ela me disse que tinha que parar a conversa porque
estava indo para o culto. Eu lhe pedi que não fosse, mas ela me
disse um sonoro “não”: o culto era prioridade. Em um ato de
coragem (e ousadia), lhe pedi o endereço da igreja e lá fui eu de
Cabo Frio para São Gonçalo. Entrei no ônibus, peguei uma
lotação, e até parei no bairro errado. Depois, precisei andar por
várias ruas em busca da igreja. Em determinado momento,
pensei: Será que estou fazendo a coisa certa? Será que eu não
estou muito empolgado? Eu estou indo para uma igreja
evangélica para encontrar com a filha de um pastor em São
Gonçalo!
No final da rua, vi uma Assembleia de Deus bem pequena.
Os homens vestiam terno e gravata na entrada da igreja e um
obreiro me recebeu. E, então, fiquei esperando por ela, que
chegou um pouco depois, toda linda, usando um vestido até o
tornozelo. Pensei: É ela!
E foi assim que assisti ao meu primeiro culto evangélico e
comecei a minha jornada de fé. O meu tempo de caminhada com
Jesus é o mesmo tempo que estou caminhando com Quezia.
Mas por que estou contando isso? Porque o meu
relacionamento com Quezia começou de uma maneira que tinha
tudo para dar errado. Mas não deu, pois fazia parte dos planos de
Deus.
E o primeiro princípio que queremos compartilhar é: quando
Deus tem uma palavra para você, mesmo que não faça sentido,
mesmo que isso seja algo que pareça impossível de acontecer,
mesmo que aos seus olhos tenha tudo para dar errado, Ele fará
acontecer aquilo que planejou para a sua vida. Deus sempre nos
surpreende.
Se você recebeu essa palavra, levante suas mãos. Isso,
levante agora, não importa onde você esteja lendo este livro. Em
Nome de Jesus, eu declaro que a sua casa será cercada por
surpresas de Deus e, ao longo da sua jornada, você verá Deus se
revelando para você, mesmo nos cenários mais improváveis.
Você O verá criando caminhos onde não existia nada, abrindo
portas que pareciam impossíveis de ultrapassar. Que esta leitura
seja o início de uma estação em que você verá Deus o
surpreendendo como nunca antes! Amém!
Ressuscitando seu
casamento
Você sabia que alguns milagres só aconteceram quando a
multidão saiu de cena? A Bíblia afirma que, quando Jesus se
aproximou de onde Lázaro jazia, morto, a multidão chorava. Todos
estavam desesperados. A irmã de Lázaro não acreditava mais no
milagre, estava frustrada. Tanto que, quando Jesus chegou, ela
descontou sua dor Nele: “Se você tivesse chegado mais cedo, o
meu irmão não teria morrido”.
Perceba: é Jesus quem está diante dela, o Verbo vivo, o
Filho de Deus, o único que poderia mudar a história. E, ainda
assim, ela acha que Jesus chegou atrasado. Há muitas pessoas
com este livro em mãos achando que não tem mais jeito, que já
passou do tempo. Mas garanto a você: Jesus está diante de
você dizendo que há tempo, que é possível, sim, restaurar algo
que está “morto”.
Seu casamento pode estar arranhado, você e sua esposa
talvez estejam feridos, mas, por mais que o almejado por vocês
enquanto casal pareça impossível de alcançar, saiba que Jesus
sempre pode mudar a sua história. Quando a irmã de Lázaro fala
pra Jesus que se Ele tivesse chegado antes, isso não teria
acontecido, ela “joga” Jesus no passado. Jesus então fala: “Não,
você não está entendendo, seu irmão vai ressuscitar. Não me
jogue no seu passado, nem me lance no seu futuro. Estou lhe
dizendo que ainda hoje o seu milagre vai acontecer”.
A Bíblia diz para trazer à memória aquilo que nos dá
esperança. Então, talvez alguns amigos digam que não tem jeito,
não vai acontecer, não vai prosperar. Seus filhos não vão chegar
lá, serão uma vergonha, e o seu casamento, frustrado. Ou então
será a sua sogra que lhe dirá essas coisas, ou um parente, ou até
você mesmo. Mas saiba que, para cada palavra contrária, nós
carregamos centenas de promessas de Deus em Jesus de que
somos abençoados, justificados e, em Jesus, somos mais do
que vencedores. Em Jesus, podemos todas as coisas. Em Jesus,
sempre há uma segunda chance.
Quando Jesus entra em cena, tudo se resolve. Ele entra em
meio a tempestades, surge no deserto, nas adversidades e
realiza o milagre. Pedi à minha esposa que falasse um pouco
sobre isso.
Dependemos do socorro de
Deus
Os anos se passaram, e André continuou muito intenso; às
vezes, nem dormia. Queria estar na obra, implantar igrejas. Mas
aí veio a tempestade.
Um dia, durante uma pregação, ele teve febre e se sentiu
mal. Mas continuou, tínhamos que ministrar em mais uma igreja
ainda. Quando desceu do palco, ele me mostrou uma mancha
em suas mãos. Não sabíamos o que era.
Fomos dali para o hospital, onde ele fez alguns exames e
recebeu o diagnóstico de infecção. Faltavam os resultados de
alguns exames, mas como seu quadro parecia estável, nos
mandaram para casa. Três dias depois, porém, recebemos a
seguinte notícia do médico: “Pastor, você está com uma
endocardite bacteriana, que está tomando o seu coração. É uma
doença grave, o índice de mortalidade é de um para três. Se não
for internado agora, você tem grandes chances de morrer”.
Para mim, um pouco antes de sairmos, o médico me disse
em reservado: “Você precisa ser forte, Quezia. Você tem que
sustentar agora”. Tomei aquela palavra e falei com o meu Deus:
“Pai, agora eu e você”. Naquele momento, experimentei que a fé
prospera no desconforto.
Após passar cinco dias no CTI, André foi para o quarto, onde
ficou internado por mais trinta dias. Durante esse período de
recuperação, ele escreveu seu livro.7 Eu falava: “André, você tem
que descansar!”. Mas ele tinha um sonho, uma meta, um
propósito.
E, então, chegou o dia da alta, completamente curado. O
milagre acontecera.
As crises nem sempre transformam nosso caráter, mas toda
crise revela o caráter. Nesses momentos percebemos o quanto
dependemos do socorro de Deus.
Um novo tempo
Até aqui temos vencido todas as adversidades e saído
sempre mais fortes delas. Hoje, usamos essa experiência com
autoridade para curar pessoas, liberar palavras de cura. Nas lives
que fiz durante a pandemia da covid-19 (algumas com público de
20 mil pessoas), testemunhei a cura de várias pessoas. Recebi
centenas de relatos do tipo “Pastor, eu acabei de ser curado! A
minha perna, que não se movimentava mais, começou a se
mexer!”.
A verdade é que, ao viver um milagre de cura, você tem
propriedade para liberar milagres de cura. Ao viver o milagre da
restauração, você tem propriedade para liberar milagres de
restauração. Ao viver o milagre financeiro, você tem propriedade
para ministrar milagres financeiros.
Neste momento, sinto em meu coração o desejo de
ministrar que nenhuma crise que você enfrentou no seu
casamento foi em vão. Deus usará você para abençoar pessoas,
para dar o conselho certo na hora certa; Ele vai usá-lo com
sabedoria. Deus vai usar a sua casa com autoridade. Deus tem
um projeto incrível para você. Ele quer que você tenha uma vida
boa, um bom carro e more em um bom lugar. Mas isso não é o
principal. O mais importante é que você transborde o agir de
Deus em sua vida, pois, quanto mais abençoado você for, mais
poderá abençoar as pessoas ao redor. Elas vão se inspirar por
aquilo que você transborda.
Em 2019, quando estávamos em Israel para uma viagem,
uma senhora que eu não conhecia sentou-se do meu lado e
disse que tinha uma palavra do Senhor para mim. Aceitei, pois
quando as palavras são de fato de Deus, elas libertam o destino,
nos sustentam em meio a uma crise. Essa pessoa, usada pelo
Espírito Santo, me disse que Quezia e eu teríamos mais dois
bebês naquele ano, um menino e uma menina. A senhora até
disse as características deles!
Do parto do menino, saímos com a seguinte sentença do
médico: “Quezia não poderá ter mais filhos”. Em nosso íntimo,
porém, repreendemos aquelas palavras, pois nós já tínhamos
uma que viera do Médico dos médicos. Ainda teríamos mais um
bebê, uma menina. Era essa a promessa do Senhor para a nossa
família.
Tempos depois, Quezia engravidou novamente, e, quando a
nossa menininha nasceu, rejubilamos! A palavra de Deus havia
se cumprido para a honra e glória Dele!
Não coloque um ponto-final onde o Autor da vida continua
escrevendo. Se não é o que Deus que lhe prometeu, é porque
ainda não é o final da história. Ainda tem mais de Deus. O
desenrolar de Deus, o descortinar de Deus, sempre marca
recomeço. Se está difícil, Ele pode recomeçar. Se está quebrado,
Ele pode reconstruir.
Tenha paciência. Não fique ansioso para que o processo
acabe logo. Agarre-se à verdade de que o tempo da promessa é
ainda maior e melhor que o do caminho. E quando o momento
chegar, você desfrutará em sua plenitude.
Uma palavra de Deus é mais poderosa do que qualquer
palavra. Uma promessa de Deus é mais poderosa do que
qualquer especulação contrária. Muitas vezes, as pessoas dizem
o contrário. Nesses casos, precisamos nos agarrar às promessas
Daquele que tudo sabe, Daquele que tem um propósito para a
nossa vida.
Crises nunca deixarão de existir. Mas se você permitir o
acesso de Deus à sua vida, em todos os desafios Ele estará com
você, vencendo ao seu lado.
A Bíblia relata que, em uma certa ocasião, os discípulos de
Jesus estavam em alto-mar, desesperados, com medo de
morrer, em meio a uma tempestade. E, de repente, tudo se
acalmou. Jesus veio andando sobre as águas e mudou a história.
Nas Escrituras, lemos que Deus libertou o Seu povo da
escravidão do Egito. Durante os anos em que caminharam pelo
deserto, quando sentiam fome, Deus mandava pão dos céus;
quando tinham sede, Deus fazia água brotar do meio de uma
rocha; quando eles tinham frio, a glória de Deus se revelava com
uma coluna de fogo; quando eles tinham calor, a glória de Deus
se movia como uma nuvem. Nada lhes faltou. Sempre que Deus
entrava em cena, tudo mudava.
E Ele pode fazer o mesmo com a sua história.
Deus pode transformar o seu casamento hoje. Acredite, Ele
pode liberar o seu destino hoje. Deus pode liberar o destino
profético dos seus filhos hoje. Libere você também palavras de
vida sobre seus filhos. “Filho, eu o abençoo. Você será como
uma flecha liberada sobre as nações. Você vai aonde papai não
foi. Você viverá o que papai não viveu. Você verá cada promessa
se cumprir. Filho, você é uma bênção.”
Profetize sobre a sua casa, fale em alta voz: “A minha casa
vai ser chamada de lugar de oração. A minha casa vai ser
conhecida como lugar de paz”. E assim será, em Nome de Jesus!
NA PRÁTICA
7 FERNANDES, A. A resposta que você precisa. São Paulo: Quatro Ventos, 2020.
capítulo 4
REVEJA SEU
COMPORTAMENTO
Vale o destaque:
O estudo da evolução do comportamento é tão antigo
quanto o próprio darwinismo;
Darwin enfrentou esse problema em Origem das espécies,
A descendência do homem e A expressão das emoções no
homem e nos animais;
Na década de 1930, Konrad Lorenz, Niko Tinbergen e Karl
von Frisch fundam a Etologia;
O estudo evolutivo do comportamento não se reduz aos
mecanismos do comportamento, mas, sobretudo, estuda
sua função adaptativa e seu desenvolvimento filogenético;
Do ponto de vista da biologia evolutiva, as características
comportamentais são como qualquer outra classe de
caracteres. Os comportamentos exibem variações
genéticas e não genéticas, diferenças entre populações e
espécies;
Os comportamentos são sujeitos a evolução por seleção
natural.
Fonte: http://labs.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/coevol/aula11comport.html
Perdoe a si mesmo
A falta de perdão não nos permite avançar na vida. Muitas
vezes, ficamos paralisados em um mesmo lugar de sofrimento
porque não liberamos o perdão para outra pessoa ou para nós
mesmos. Sei que é difícil, mas é necessário. Foi um longo
caminho até eu perdoar a mim mesma por não ter visto a
evolução do meu marido, por não ter celebrado as vitórias com
ele.
Eu me sentia a verdadeira Mical. Davi era um homem
segundo o coração de Deus, e eu acredito que Mical seria uma
mulher segundo o coração de Deus se ela não tivesse
sabotado tudo. Ela viu o marido ir embora e ficou ali na janela,
apenas olhando. Depois, ela o viu celebrando e continuou na
janela, apenas olhando. Era uma mulher que sofria da
síndrome da janela. Infelizmente, acredito que muitos estejam
agindo como Mical. Estão na janela olhando a vida passar
quando a própria família está se enfraquecendo.
Nosso olhar precisa se voltar para o passado, para
descobrirmos e sentirmos as dores daquela época, a fim de
olhar para o futuro com a certeza de que a última palavra quem
dá é o Senhor. E Ele vai dar mediante a minha atitude, sou eu
quem a define, a responsabilidade é minha. Algumas pessoas
costumam colocar toda a culpa no diabo, mas ele é
simplesmente um aproveitador. Você decide o que vai fazer.
Você decide ser gentil, você decide economizar, você decide
buscar conhecimento. Você decide o que vai fazer com cada
palavra.
Sou o exemplo vivo disso. Foi isso que fiz na minha vida.
Caí várias vezes, e em todas me levantei. E hoje estou aqui
dividindo a vida, o capítulo, o palco, com esse homem por
quem eu tenho enorme admiração e respeito: meu marido.
Você não está casado com a
pessoa errada
Mary me passa o bastão agora para continuarmos a nossa
jornada. Já deu para notar que nosso casamento é como o de
todos os outros casais. Nem todo dia é bonito, nem sempre
vamos pegar o microfone para elogiar o outro. Mas viver com o
mérito é complicado, porque viver com outra pessoa é
desafiador e é preciso humanizar o seu relacionamento
primeiro para entender que você não está casado com a
pessoa errada – até porque todo mundo é certo.
Entenda: você não está casado com a pessoa errada. E
isso não quer dizer que, nesse caso, você é a pessoa errada.
Quero dizer que, na maioria das vezes, você está agindo de
maneira errada ao lado da pessoa certa, porque é desafiador
conviver com o outro, assim como para ele é desafiador fazer o
mesmo com você. Somos indivíduos únicos, com questões
únicas, mas quando escolhemos alguém para andar ao nosso
lado, é pelos motivos certos daquela pessoa; os outros
motivos, das ações erradas que incomodam, podem ser
revisados e consertados. Às vezes, o outro é apenas uma
pessoa dispersa, e vou ilustrar isso com um exemplo: uma
mulher olhou para o filho de 5 anos e começou a estranhar que
o menino não tinha as feições dela, nem as do marido. Então,
às escondidas, foi lá fazer um teste de DNA no garoto e
descobriu que o menino não era filho biológico deles.
Consternada, ela ligou para o marido: “Meu amor, descobri
algo surreal. Esse menino não é meu filho, nem seu”. E ele
disse: “Mulher, você é muito esquecida. Você não lembra?
Quando estávamos saindo da maternidade o bebê se sujou e
você falou ‘vai lá e troca o menino’. Eu fui lá, deixei o menino
sujo e peguei o limpinho”.
Na verdade, precisamos ter cuidado, pois muitas pessoas
são desatentas e se perdem no meio de uma comunicação
que, para o outro, estava certa. Mas é isso que a vida faz de
especial: aproxima pessoas diferentes. Isso é uma
especialidade da vida. Por isso que muitas vezes a pessoa
proativa é casada com alguém que “está de boa com tudo”. A
vida tem uma mensagem para os dois. Até quando vão viver
juntos? Só a maturidade é que pode dizer. Então, quanto mais
rápido se aprende isso, maiores são as chances de o
relacionamento dar certo.
Quando se está solteiro, você está no lugar mais
importante da sua vida, pois tem a oportunidade de encontrar,
analisar, conhecer e escolher a pessoa com quem vai se casar
e compartilhar a vida. Mas é preciso tomar alguns cuidados e
vou citá-los a seguir.
Primeiro, consulte seus hormônios. Saia fora de alguém
cheio de dinheiro e com quem seus hormônios não estão nem
aí. Nunca se case com alguém que não desperta tesão em
você, porque ele não virá depois; na verdade, ele costuma ir
embora e você tem que ficar gritando para que volte.
Outra coisa, se puder, case-se com alguém que professe a
mesma fé que a sua. Não é garantia de sucesso, mas ajuda
bastante. Pelo menos se entende e pensa como alguém que
acredita em Deus, no poder do Espírito Santo.
Recomendo também dar uma olhada na família, ver como
essa pessoa foi criada. O que ela sabe a respeito de deveres
conjugais? Você cresceu em um ambiente camarada, proativo
e, em casa, se relaciona com alguém que tem dificuldade de
acender um fósforo? Não pode, claramente vai causar
problemas. É a mulher ou homem que vai cozinhar? Quem vai
definir isso são os acordos entre o casal antes do casamento.
Sem dúvida, um dos relacionamentos mais desafiadores
que existe na vida é o estado conjugal. Por quê? Porque
homem e mulher são muito diferentes, por natureza e também
por criação. Quer um exemplo? Imagine três casais amigos
passeando pelo shopping. De repente, uma das mulheres diz
que precisa ir ao banheiro. Nesse momento é comum que
todas resolvam ir junto, sabe-se lá por que, mas as mulheres
costumam ir em grupo. Já os homens, até nesse momento
gostam de contar vantagem, fazer uma piada ou dar indicações
de algo que não é lá verdade, principalmente quando próximos
de amigos. Se um dos homens do grupo resolvesse ir ao
banheiro, ele provavelmente faria graça com alguma frase
como “Vou levar o gigante para chorar” e, acredite, ele não
seria acompanhado pelos amigos. Nós agimos e pensamos
diferente, isso não anula os sentimentos mútuos, mas pode
criar ruídos no relacionamento que, por falta de maturidade e
compreensão de que as pessoas são indivíduos únicos, podem
gerar problemas maiores.
Não é difícil conversar com o sexo oposto? As mulheres
costumam ser mais abertas com seus sentimentos e buscam
ser ouvidas, enquanto os homens, em sua maioria, preferem
não tocar em determinados assuntos, passando a impressão
de não estarem interessados, enquanto, na maioria das vezes,
os dois apenas estão abordando de maneira diferente algo que
ambos desejam resolver. E esse ruído pode trazer mais
problemas do que soluções, afinal os dois acabam
incompreendidos. Percebe as diferenças que estou trazendo
para mostrar o que quero dizer? No diálogo, elas precisam de
olhar e isso é maravilhoso. O homem conversa sem que o
outro saiba que está prestando atenção.
Na maioria das vezes, não tem nada de errado no seu
casamento. A questão é que você precisa aprender primeiro a
conversar com a fêmea e a conversar com o macho. Saber
como eles conversam, como interagem, entender o que é
importante para o outro.
Uma das coisas que eu mais vejo hoje e que mexem com
os casais são os conflitos de interesses. Se tem mais de um
interesse, o que fazer? Atenda todos e chegue a um acordo
mútuo. Por quê? Porque é importante. Se você não lutar pelo
seu interesse, é só uma questão de tempo. Alguém vai
descobrir que você não existe mais e que alguém o sufocou.
Por outro lado, se você lutar pelos seus interesses todos os
dias, vai virar um chato e ninguém conseguirá conviver ao seu
lado. Se você pensa que o mundo gira ao seu redor, vá ao
médico, porque é labirintite. É preciso alternar para dar certo.
E só precisamos de duas coisas: paciência e beleza. Se
está tudo bem, beleza; e se não está, paciência. Às vezes, eu
vou até o meu filho e pergunto se ele quer jantar. Ele pode
dizer sim ou não. Além disso, se um quer comer hambúrguer e
o outro comida japonesa, um precisa ceder e acompanhar o
outro com as suas preferências e escolhas, sempre que
possível.
Se você alternar, tudo fica mais fácil. Aprenda: conflitos de
interesses precisam ser solucionados. Tem dia que não dá para
ter razão. Então, o que você faz? Seja feliz.
Respeito e conversa
Quando me demiti, eu falei: “Vamos pensar, organizar o que
vamos fazer”. Mas ele já tinha muitos resultados e, até então,
naquele momento, eu o estava ajudando. Eu não tinha assumido
o papel que eu queria e nós ainda não tínhamos conversado
sobre isso. Então eu ficava com o administrativo-financeiro da
nossa empresa, que o Joel tocava, mas quando precisava de
alguma coisa, eu fazia. Quando precisava resolver algo, eu ia lá e
resolvia. Mas eu estava só ajudando. Não estava cumprindo um
papel definitivo.
Muita atenção aos casais que também são sócios. Quer
realmente ser levado a sério? Não use a palavra ajuda, pois ela
está errada. “Eu estou ajudando você com isso.” Eu não estou
pedindo a sua ajuda. A frase é “sou sua sócia, sou seu sócio”.
Registre a sociedade, com clareza de papéis.
No dia em que decidimos ser sócios, eu o provoquei: “Não
confia em mim?”. E ele me disse: “Verdade, não confio em você.
Mas quero confiar”. Era Joel quem colocava o dinheiro na
empresa, e eu administrava e potencializava o valor. Ele, então,
completou: “Não vou mais tocar nesse assunto nos próximos
noventa dias. Eu quero X na conta”. Eu concordei e selamos o
momento com um aperto de mãos. E, noventa dias depois, eu
lhe mostrei os resultados: havia o montante que ele pedira e
mais 50%.
Os desafios foram vários. Mas temos uma máxima lá em
casa que ajuda muito nesses momentos: ninguém pode dormir
brigado. Sempre resolvemos a questão no mesmo dia, nada de
deixar para o dia seguinte. Caso contrário, algo pequeno pode se
tornar enorme, desproporcional ao problema inicial. Aprendi isso
com a minha mãe e a minha avó, e foi maravilhoso implantar lá
em casa.
Ninguém é perfeito. Todos têm defeitos. É por isso que
temos que valorizar as qualidades. Em alguns momentos, Joel
tem atitudes que me deixam estática, não acreditando no que
ele está fazendo. Só que, poxa, eu tenho que valorizar as
qualidades. Eu não vou ver apenas os defeitos dele, pois
também tenho muitos. Ele provavelmente também vai ficar
chateado com alguma atitude minha. Nenhuma relação vai para a
frente quando a pessoa foca apenas o defeito do outro.
Quando vejo pessoas que estão casadas há muito tempo,
eu pergunto como é que elas fazem para conseguir isso. Sempre
aparecem duas palavras: respeito e conversa. Existem
pesquisas10 que comprovam que o jeito com que casais se
tratam gera uma probabilidade altíssima de eles estarem juntos
ou não. Tem uma pesquisa de alguns anos da Universidade da
Virgínia, nos Estados Unidos, na qual os pesquisadores
conseguiram, em um minuto, prever as chances de se
manterem casadas ou não só pelo jeito que as pessoas se
tratam, ou seja, pelo cuidado, carinho e paciência.
Joel e eu conversamos muito e, principalmente,
respeitamos as nossas diferenças. O Joel cobra muito de todo
mundo. Ele tem esse padrão de ser um líder, de ser uma pessoa
que cobra performance das outras. E eu já entendi que, se ele
cobra das pessoas, ele vai cobrar sim de mim. Sei que talvez eu
seja a pessoa mais cobrada de todas, e está tudo bem. Porque
entendo o perfil dele e se temos um relacionamento
extraempresa, além de tudo, ele também conhece as minhas
fraquezas. E ele sabe que eu posso mais. Então, querendo ou
não, dentro da empresa, eu já entendi que às vezes ele me fala
alguma coisa ou cobra algo que, com certeza, não iria falar para
nenhum outro tipo de colaborador.
Eu já entendi, no entanto, que ele é meu sócio e está me
cobrando porque sabe que eu consigo. E também porque temos
o mesmo propósito. Sobre as falhas, eu acho que o melhor
caminho é conversar também. Não tem outra forma, é uma coisa
que sempre tentamos seguir. Se está difícil, vamos conversar.
Essa cobrança entre nós dois é direta e sem frescura
nenhuma. Se estamos em uma reunião de empresa, algumas
pessoas que não são tão íntimas de nós ficam nos olhando,
meio que com medo. Elas acham que realmente estamos
brigando, mas o que fazemos é discutir de igual para igual,
porque eu sou a CEO da empresa. O Joel é o estrategista, o
funcionário e a marca.
Então, muitas vezes, existem coisas que ele quer, mas que
eu preciso negar, bater o pé. E discutimos em prol de resolver. Aí
os dois cedem em um ponto de equilíbrio, afinal, queremos a
mesma coisa: resultados, performance e crescimento da nossa
empresa. Como sócios, não tem nenhuma vantagem em um
querer provar para o outro que está certo.
Viemos do esporte, então desde muito novos lidamos com
pressão. Temos em nosso DNA a capacidade de entender o que
há por trás dessas conversas difíceis. Tanto que, depois de uma
reunião tensa, viramos um para o outro e falamos: “Bora tomar
um café?”.
Mulheres têm o poder nas
mãos
Respeito e admiração. Esperar a hora de falar ou ter
cuidado, então, é uma coisa que não acontece em todas as
famílias. Temos que cuidar. Eu amo o meu relacionamento,
mesmo cheio de dificuldades. Eu gosto da minha esposa do jeito
que ela é, porque eu entendi, aprendi.
Quando alguém fala para mim sobre dificuldades no
relacionamento, só posso contar a minha experiência com o
meu. Não sou especialista em relacionamentos. Sou especialista
em outro assunto, mas meu conselho seria o seguinte: feche os
olhos. Projete-se para daqui a um ano. Nesse cenário, sua
esposa vai estar contigo? Se a sua resposta for “lógico!”, então
lute! Resolva o que tem para resolver e se projete para daqui a
cinco, dez anos. Seu marido vai estar com você? “Com certeza!”
Então resolva a situação. Não existe plano B.
Todos os meus filhos são um milagre. Todos. Minha esposa
também. O milagre da minha vida, todos eles. Quando meu
primeiro filho nasceu, falei: “Uau, eu sou pai”. Quando meu
segundo filho nasceu, pensei: Cara, temos uma família. Demos
certo. Quando descobrimos que teríamos nosso terceiro filho,
pensei: É para sempre. O mundo pode desmoronar e eu não vou
largá-los nunca!
A Lalas resolveu várias questões da minha cabeça, me
aturou muito. Por isso que eu tenho certeza de que mulheres
são diferentes e melhores do que homens. Elas são muito mais
sensíveis, muito mais espertas, ligeiras. Elas são, sim, sábias.
Uma mulher sábia constrói um império. Você, mulher, que
está lendo este livro, sabe disso, não sabe? Você está com o
poder nas mãos.
NA PRÁTICA
10 SALEH, N. Seu casamento vai durar? Especialistas conseguem prever com apenas
duas perguntas. Revista Crescer, 29 nov. 2016. Disponível em:
https://revistacrescer.globo.com/Familia/Sexo-e-Relacionamento/noticia/2016/11/seu-
casamento-vai-durar-especialistas-conseguem-prever-com-apenas-duas-
perguntas.html. Acesso em: 15 fev. 2023.
capítulo 6
A FAMÍLIA VEM NO PACOTE
Estar presente
Quando eu compreendi o que é viver a dois, entendi que
precisava me aprofundar nisso. Busquei mais conhecimento. Fiz
cursos para compreender o que é essa convivência. Neles,
aprendi tudo o que você não deve fazer em um relacionamento.
Entendi quais são os princípios que regem a nossa vida, quais
valores determinamos para o dia a dia, quais comportamentos e
características nos norteiam, e como tomar decisões corretas.
Um princípio do qual não abro mão é: tempo de qualidade
com a família. Não troco isso por absolutamente nada. Por
nenhum negócio ou dinheiro do mundo. Se você me chamar para
uma reunião que renderá uma fortuna, mas que aconteceria no
fim de semana que eu tenho com minha família, eu não vou.
Esses dias, sem querer, até quebrei esse compromisso pela
primeira vez. Permiti que a minha mãe, que cuida da minha
agenda, marcasse palestras em certas datas sem me atentar que
se tratava de um fim de semana. Eu me senti bem mal com a
situação.
Meu coração doeu tanto que liguei para a minha psiquiatra,
pensando que estava ficando doente. Nunca havia sentido aquilo
na minha vida. Conversamos muito, e ela me mostrou que às
vezes eu preciso me permitir algumas coisas, mas sem deixar
que isso vire uma regra.
Em todo caso, passar tempo de qualidade com a minha
família é primordial.
Certa vez, precisei passar vinte e um dias na Europa. E a
minha maneira de conquistar o amor da minha família era
trazendo presentes para eles.
Eu estava em Lisboa, e comprei um estacionamento do rock.
Um trambolho enorme. Meu filho vai amar isso! De volta ao
Brasil, comecei a montar o brinquedo. Quando meu filho chegou
da escola à tarde, fiquei ansioso esperando a reação. Mas ele
entrou, só olhou o estacionamento e disse: “Que legal!”. E,
então, pegou na minha mão e disse: “Vamos jogar bola comigo?”.
Eu o olhei de cima: “Jogar bola? Filho, olha o brinquedo que eu
trouxe para você!”. Ele: “Não, pai, eu sei. É legal, mas eu quero
brincar com você”.
Eu entendi com isso que não podia comprar o amor do meu
filho nem o da minha esposa com presentes, porque eles não
queriam o melhor presente. Eles me queriam presente.
Casamento saudável é feito
de acordos
Escutei muitos conhecidos dizerem: “Ah, casei. Se der
errado, separo”. Sabe o que acontece quando se pensa assim?
Você manda a informação para o seu cérebro que, a qualquer
problema que tiver no relacionamento, a primeira coisa a se fazer
é separar. Funciona como um botão de emergência. Aí, quando
algo não sai conforme o esperado, você aciona o botão. Não é
assim que deve ser!
Viver com o outro é difícil, é um processo de aprendizado
diário, e você não conseguirá fazer isso se ficar apertando o
botão de emergência. Casamento se constrói aos poucos. E
Simone e eu encaramos o nosso como um projeto arquitetônico.
Em um curso do qual participamos, tivemos que desenhar
tudo o que queríamos e o que não queríamos como casal.
Quando vamos projetar uma casa, o que fazemos? Primeiro,
delimitamos a metragem, o número de cômodos. Aí, tem quem
vai dizer que quer um closet maior, enquanto outros preferem
dividir o closet e transformar parte dele em uma sala de jogos.
Então, uma pessoa vai tentar convencer a outra, até que entrarão
em um acordo. Casamento é isso. É acordo. Se você não
consegue dialogar com o seu parceiro ou parceira, dificilmente
terá um relacionamento saudável. Foi assim que Simone e eu
passamos a construir os acordos do nosso relacionamento.
Autoconhecimento é
fundamental
Precisamos aprender sobre nós mesmos, nos conhecer.
Muitos casamentos dão errado porque as pessoas nunca
tentaram refletir sobre o passado. Um exemplo: certo dia,
percebi que estava impaciente com meu filho. Ele estava sendo
repetitivo, falando o que queria. Em determinado momento, eu
parei de reagir e respirei fundo. Percebi então que eu repetia algo
que meu pai fazia comigo quando eu era mais novo.
Meu pai, militar, sempre foi impaciente comigo. Ele foi criado
de maneira muito dura. Não teve contato com o amor. Eu, por
outro lado, sempre dei muito amor para os meus filhos, mas, às
vezes, me pegava em situações de repetir padrões pelos quais
passei quando criança. Mudei porque aprendi mais sobre mim.
Porque me conheci.
Acredito que isso tenha me ajudado na criação dos meus
filhos. Eu me considero um paizão (e a Simone é uma mãezona).
Mas vou dizer uma coisa: que negócio difícil é criar filho no
mundo de hoje, meu Deus!
Um dos principais valores que ensino é honestidade. Ser
honesto e transparente vai lhes abrir portas, como ter um
casamento saudável ou uma sociedade bem-sucedida. Ser
honesto vai lhes aproximar das pessoas. Contato gera contato,
relacionamento traz acessos. Você só consegue se relacionar
com pessoas que realmente são honestas.
Outro princípio que ensino aos meus filhos é
responsabilidade. Todo os dias, na minha casa, há uma discussão
com nosso filho sobre responsabilidade. Mas aí Simone e eu
sabemos que temos que dar o exemplo. Como vamos chamar a
atenção do nosso filho sobre responsabilidade com horários, por
exemplo, se não formos pontuais?
O verdadeiro líder é o que mostra com exemplos a sua
liderança, e isso não está relacionado ao cargo que ele ocupa.
Quer saber quem é um líder de verdade? Veja como ele trata a
equipe de limpeza, se ele faz distinção. Quem está limpando o
seu escritório tem a mesma importância daquele que traz lucro
para a empresa. O verdadeiro líder trata todo mundo com
igualdade e respeito. É aquele que, por mais que esteja em uma
posição hierárquica alta, não a usa como uma arma.
Acredito que esse seja o caminho: se autoconhecer para
depois buscar entender seus parceiros, seus filhos, seus
colaboradores. Pessoas diferentes exigem atenção e cuidados
diferentes, mas sempre com o mesmo respeito. E isso com base
em princípios claros e fortes o suficiente para fortalecer o caráter
de quem está sendo formado, transformando em uma pessoa
admirável. Na atualidade, o status de admirável tem se tornado
cada dia mais difícil justamente porque, no geral, as pessoas
expõem mais suas fragilidades e erros do que suas virtudes e
crenças. E isso precisa mudar se você deseja construir uma
família abençoada e ser um homem ou mulher admirável e
respeitado por suas escolhas e ações.
É
É comum existir certa confusão entre valores e princípios,
todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes. Os
valores são pessoais, subjetivos e, por vezes, contestáveis de
acordo com a cultura de cada pessoa. Ou seja, o que vale para
você não vale necessariamente para os demais. Sua
aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter
ou da personalidade de quem os adota.
Por exemplo: pessoas de origem humilde definem valores de
maneira diferente das pessoas de origem mais abastada. De
um lado, a escassez pode gerar a ideia de que dinheiro não
traz felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro é possível ser
feliz utilizando-se valores como amizade, por exemplo. Por
outro lado, o apego ao dinheiro e à convivência harmoniosa
com o conforto pode gerar a ideia de que sem dinheiro não é
possível ser feliz, que o dinheiro traz felicidade, conforto e, se
houver mais do que o necessário, valores como filantropia e
voluntariado podem ser praticados.
Essa comparação não define o que é certo ou errado, mas
levanta uma questão interessante sobre o conceito de valores
e depende do ponto de vista de cada cultura ou de cada
pessoa.
Na prática, é mais simples ater-se aos valores, pois os
princípios exigem muito do ser humano. Valores equivocados
da sociedade atual – “curtidas”, luxo, riqueza, status, sucesso,
seguidores etc. – estão inseridos no dia a dia, infelizmente. De
maneira geral, nada têm a ver com princípios. Todos os dias
somos convidados a negligenciar os princípios e a adotar
valores ditados pela sociedade.
Já as virtudes, segundo o dicionário Aurélio, são disposições
constantes do espírito que, por um esforço da vontade,
inclinam à prática do bem. Exemplo: ser atencioso, ser
solidário, ser generoso.
Jerônimo Mendes cita Aristóteles, que afirmava que há duas
espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve
sua geração e crescimento ao ensino, por isso requer
experiência e tempo, ao passo que a virtude moral é adquirida
com o resultado do hábito.
Ainda segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais
surge em nós por natureza, visto que nada que existe por
natureza pode ser alterado pela força do hábito. Ou seja,
virtudes nada mais são do que hábitos profundamente
arraigados que se originam do meio em que somos criados e
condicionados através de exemplos e comportamentos
semelhantes.
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por
exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e
adotar valores como a supremacia da raça ariana, a
aniquilação dos contrários e a dominação pela força. Significa
também que não dispunha de virtudes, pois as virtudes são
decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos mais
nefastos da história. Sua ambição desmedida e o desprezo
pela cultura judaica tornou Hitler obcecado por valores que
contrastam com os princípios universais.
Por outro lado, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Martin
Luther King Jr., Mahatma Gandhi e Rosa Parks tinham
princípios, valores e virtudes perfeitamente alinhados com sua
visão de mundo e concepção de vida.
Todos lutavam por causas mais nobres e tinham um ponto em
comum: a dignidade humana. Hitler, Idi Amin Dada, Miloševic´
e Stalin entraram para o rol das figuras mais odiadas da
humanidade, diferentemente dos que inspiram exemplos para
a humanidade. Existem pessoas sem princípios que, apesar de
tudo, são ricas, famosas, conquistam cargos importantes nas
empresas e assumem papéis relevantes na sociedade. Isso é
uma distorção alicerçada pela cegueira humana.
Contudo, riqueza material não é a única medida de sucesso.
Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por cada
pessoa, a sua contribuição para o mundo e o legado deixado
para seus descendentes.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência
em vários momentos seja insuportável, deparamo-nos com
profissionais que atropelam os princípios como se isso fosse
algo natural, um meio de sobrevivência. Eles adotam valores
que nada têm a ver com duas grandes necessidades
corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe.
Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do
vocabulário e, apesar da falta de escrúpulos, leva tempo para
destituí-los do poder.
Valores e virtudes baseados em princípios universais são
inegociáveis e, assim como a ética e a lealdade, você os tem
ou não. Conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza são
relativos e não podem ser definidos com exatidão. Cada
pessoa tem recordações, imagens internas, experiências e
sentimentos que dão sentido especial e particular a esses
conceitos.
O importante é que você não perca de vista esses conceitos e
tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e
profissional, depende da aplicação mais próxima possível do
senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão complexa e tão
negligenciada que os próprios representantes dela sentem
dificuldades em aplicá-la.
O que vale em casa vale no trabalho. Não existe paz de
espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios.
Virtudes são próprias da criação, do meio, da convivência e do
incentivo familiar.
No momento em que alguém se vale do cargo, do dinheiro, da
posição social ou mesmo da formação educacional para
humilhar os outros, os princípios já foram atropelados por seus
valores equivocados e interesses pessoais.
Portanto, preocupe-se mais com os princípios do que com os
valores. Valores são ajustáveis, mutáveis, negociáveis,
respeitáveis. Princípios são inegociáveis. O que vale para mim,
vale para você e para qualquer outro ser humano na face da
Terra. Lute pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão
naturalmente.
PARA FIXAR
E REFLETIR
Vale o destaque:
“A humildade é a única base sólida de todas as virtudes.” –
Confúcio
“O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.” – Nelson
Rodrigues
“A consciência é a estrutura das virtudes.” – Francis Bacon
“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos
pais.” – Coelho Neto
Sobre reciprocidade,
autocontrole e ser uma
pessoa verdadeira
Certa vez, Kaká chegou em casa, e eu queria que ele fizesse
algumas tarefas domésticas. Mas ele preferia contratar alguém
para fazer do que colocar a mão na massa. Kaká não entendia
que, para mim, aquilo eram coisas que ele precisava fazer e, por
outro lado, eu não compreendia o ponto de vista dele. Como
assim ele não podia trocar uma lâmpada?
Sou do tipo que vou lá e faço. Esse negócio de ficar
esperando alguém fazer quando eu peço? Prefiro ir lá eu mesma
e resolver. Eu ficava muito brava com ele, mas também pensava:
será que estou errada? Sabia que ele poderia contratar alguém
para fazer o serviço, mas, no fundo, eu queria que ele o fizesse.
Sou do interior e temos essas questões, sabe? Posso ter
melhorado de vida, mas algumas atitudes e pensamentos do
passado continuam em mim.
Mas, então, quando eu trabalhei em mim essa questão e
abri mão de ficar cobrando atitudes que ele sequer entendia,
quando compreendi e passei a respeitar o ponto de vista dele, as
coisas mudaram. Kaká começou a realizar tais tarefas. Ele
também havia entendido de onde vinha essa exigência minha.
Nós aprendemos um com o outro.
E isso requer paciência, pois é demorado. Não é algo que vai
acontecer da noite para o dia. Temos que expressar o que
pensamos ao outro e esperar o tempo dele de absorver aquela
informação. Eu fiz isso e ele também: tem a ver com
reciprocidade. Você tem que oferecer compreensão para também
receber compreensão.
Nesse processo, ter autocontrole também é fundamental.
Com autocontrole, você domina seus impulsos, suas emoções.
Quando está mais centrado, vê as situações com mais clareza e,
assim, age com verdade e certeza. Você tem disposição para
compreender o outro, e a convivência fica harmônica e sincera,
pois a outra pessoa se sente à vontade para lhe falar verdades.
E isto é tão importante: ter pessoas ao seu redor que sejam
verdadeiras com você. Duvide de todo mundo que concorda com
tudo o que você fala. Devemos valorizar aqueles que não
concordam com tudo o que dizemos – são essas pessoas que
devemos manter por perto.
E eu sou muito verdadeira, sabia? Quando algo me
incomoda, falo com o meu marido. Mas é aquilo: falo com amor,
com carinho. Eu chego no Kaká sempre com um conselho ou
uma crítica construtiva. Não para lhe apontar o dedo, mas para
ajudá-lo, pois o amo e quero o melhor para ele. Para você ter um
relacionamento bem-sucedido, precisa olhar para sua parceira ou
parceiro e lhe estender a mão, ajudá-lo corrigir quando for
preciso.
Mas se você escolher o caminho certo, o de ser uma pessoa
sincera e honesta, saiba de uma coisa: quanto mais verdadeiro
for, menor será o seu círculo de amizades. Esteja preparado para
isso. E muitos do que estão fora desse círculo, aqueles que não
conhecem a sua história, falam maldades e mentiras pelas suas
costas. E é assim que você tem a comprovação de que é uma
bênção que eles não façam parte da sua história. Não merecem.
Então, valorizo muito as pessoas que mantenho ao meu
redor. Porque, assim como eu sou honesta, sei que elas também
são. Elas me falam as verdades que preciso escutar – mesmo
aquelas que eu não gostaria de ouvir. Uma pessoa que me
corrige com amor será sempre respeitada por mim.
Converse com o seu marido ou com a sua esposa. Descubra
as linguagem de amor dele(a). Invista nisso e você verá que, com
esse conhecimento, com dedicação, com diálogo e com respeito,
o seu casamento será um sucesso e você e o seu cônjuge terão
condições de resgatar tudo o que são um para o outro. Tracem
metas juntos para o relacionamento, mesmo que seja um tópico
por semana ou por mês, trabalhem juntos para melhorar a vida a
dois. Quando o assunto é a relação mais importante da sua vida,
não deixe para depois. Mude seu comportamento, suas ações e,
em breve, você e seu cônjuge estarão em outra estação da vida
conjugal.
FÉ NA
PRÁTICA
IMEDIATO
MÉDIO
LONGO PRAZO
(Gary Chapman)
Prepare o seu perfil quando estiver relaxado e sem pressão
de tempo. Depois de fazer suas escolhas, volte e conte o
número de vezes que marcou cada letra. Liste os resultados
nos espaços apropriados no fim da atividade. Depois leia
“interpretando e usando seus pontos do perfil”, que
acompanha o perfil:
12. O que a pessoa faz me afeta mais que aquilo que ela D
diz
Os abraços me fazem sentir participante e apreciado E
TOTAIS
A: ____________ Palavras de afirmação
B: ____________ Tempo de qualidade
C: ____________ Receber presentes
D: ____________ Atos de serviço
E: ____________ Toque físico
PARA FIXAR
E REFLETIR
Vale o destaque:
“Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma família.” –
Benjamin Franklin
“A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos
povos.” – Martinho Lutero
“A natureza nos uniu em uma imensa família, e devemos
viver nossas vidas unidos, ajudando uns aos outros.” –
Sêneca
FÉ NA
PRÁTICA
https://opoderdafamilia.com.br/
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