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O Poder Da Família - João Kepler

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Diretora
Rosely Boschini

Gerente Editorial Sênior


Rosângela Araujo Pinheiro Barbosa

Editora Pleno
Audrya Oliveira

Assistente Editorial
Fernanda Costa

Produção Gráfica
Fábio Esteves

Preparação
Editora Gente Copyright © 2023 by João Kleper
e Kaká Diniz
Adaptação de Capa, Projeto Todos os direitos desta edição
Gráfico e Diagramação
são reservados à Editora Gente.
Gisele Baptista de Oliveira
Rua Natingui, 379 – Vila Madalena
Revisão
São Paulo, SP – CEP 05435-000
Fernanda Guerriero Antunes e Telefone: (11) 3670-2500
Giulia Molina Frost
Site: www.editoragente.com.br
Desenvolvimento de e-book E-mail:
Loope | www.loope.com.br gente@editoragente.com.br

Todas as citações bíblicas foram padronizadas de acordo com a Bíblia Nova


Versão Internacional (NVI).

DAdos Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB -8/7057

Kepler, João
O poder da família : como fortalecer a sua família e construir uma
vida com valores, prosperidade e sucesso / João Kepler, Kaká Diniz. –
São Paulo : Editora Gente, 2023.

ISBN: 978-65-5544-420-9
1. Desenvolvimento pessoal 2. Família I. Título II. Diniz, Kaká

23-1098 CDD 158.1

Índice para catálogo sistemático:


1. Desenvolvimento pessoal
nota da publisher
Guiar uma família para o melhor caminho não é fácil, afinal,
como saber se realmente estamos certos? Como saber se os
filhos estão se desenvolvendo para serem pessoas com
sucesso profissional e pessoal, se estão no caminho da
felicidade, se estamos entregando os nossos valores para
eles? O relacionamento familiar é uma grande incógnita da
sociedade, todo o mundo debate acerca de como conquistar a
felicidade e a prosperidade no lar, enquanto, diariamente, as
pessoas sofrem por não saberem como construir a vida dos
sonhos para aqueles que mais amam no mundo.
Quem é mãe ou pai sabe como é dolorido não se sentir
conectado com os filhos, ter dificuldades no diálogo com o
parceiro e não ter controle sobre como a família está se
desenvolvendo. Em um lar, não deve haver espaço para o
individualismo, o egoísmo, a mentira ou mesmo a falta de fé.
Afinal, são os pilares que construímos dentro de nossos
relacionamentos que vão espelhar quem seremos no mundo, e
nesse caminhar podemos escolher assumir o protagonismo.
Quando João Kepler me contou sobre a ideia deste livro, senti
a esperança de estar recebendo algo que definitivamente
ajudaria as pessoas a revisarem seus relacionamentos
familiares e entregaria a elas um modelo real e aplicável do que
é verdadeiramente uma família que constrói unida um futuro
brilhante. Ainda mais quando, neste livro, nos deparamos com
os depoimentos de famílias tão maravilhosas como são as de
João Kepler e Cris Braga, Kaká Diniz e Simone Mendes, Joel
Jota e Lalas Cieslak, André Fernandes e Quezia Cádimo, e
Pastor Cláudio Duarte e Mary Duarte.
Nesta obra, eles nos presentearam com uma generosidade e
sinceridade sem tamanho e abriram as portas de seus lares
para que possamos aprender como eles vencem os desafios
diários do relacionamento familiar e como o poder da família é
transformador em nossa vida, impulsionando-nos para
experimentarmos a vida maravilhosa que Deus nos deu.
Espero que este livro traga ensinamentos valiosos e que você
e sua família prosperem imensamente. Boa leitura!

ROSELY BOSCHINI
CEO E PUBLISHER DA EDITORA GENTE
Este livro é dedicado a homens e mulheres que estruturam a vida e
as próprias ações em prol da família. Pessoas que já
compreenderam que não existe outro caminho. E que qualquer
propósito, para ser experimentado em sua plenitude, tem como
fundamento e princípio o amor. Não existe na Terra representação
máxima e mais profunda do que é o amor quando compartilhado e
nutrido pelos seus. Amar é ação, é escolha diária, é dedicação
genuína. E construir uma família é uma bênção que precisa ser
compartilhada.
agradecimentos
Agradecemos a Deus por nos dar forças e condições para
colocar este projeto de pé. Sabemos da importância de
sermos vozes ativas no direcionamento de pessoas que
buscam ser melhores, fortalecendo a si mesmas e a própria
família. Diante disso, a responsabilidade é enorme e a gratidão
também.
A todos que estão do nosso lado e que nos ajudam a fazer
projetos como este acontecerem, nosso muito obrigado.
Nosso sentimento mais sincero e íntimo é que este livro
desperte em você a vontade para mudar a sua vida de modo
profundo e irreversível. Os melhores encontros têm esse
poder.
Desejamos ainda que Deus, em Sua infinita bondade e
misericórdia, continue a abençoar grandemente você e sua
família. E que seus passos sejam sempre guiados rumo às
grandes realizações e vitórias, em todos os aspectos da vida.
INTRODUÇÃO

1 O SUCESSO DOS FILHOS COMEÇA EM


CASA!

2 MARATONA DE REVEZAMENTO

3 A FÉ PROSPERA NO DESCONFORTO

4 REVEJA SEU COMPORTAMENTO

5 NÃO FUJA DE CONVERSAS DIFÍCEIS

6 A FAMÍLIA VEM NO PACOTE

7 APRENDA SOBRE O OUTRO

8 A LINGUAGEM DO AMOR

9 UMA GRANDE FAMÍLIA

10 PARA REFLETIR E ESTUDAR


UM ÚLTIMO CONVITE
introdução
Todo ano deve ser considerado como o ano de priorizar a sua
família!
E o primeiro passo você já deu, afinal, está com este livro em
mãos. O projeto O poder da família tem como propósito e
principal objetivo ajudar a transformar relacionamentos
familiares de maneira fundamentada e orientada, conduzindo
toda a sua família rumo a uma vida de princípios e
prosperidade.
Se a sua família está desestruturada, se os membros desse
grupo não conseguem sequer mais se comunicar e até mesmo
se às vezes falta respeito nas relações, este livro é para você.
Para que as coisas mudem e para que vocês alcancem a
prosperidade e a felicidade almejadas, é preciso voltar alguns
passos estruturais e entender a origem dos traumas e dos
desconfortos que levaram pessoas de uma mesma família ao
extremo de não conseguirem se relacionar ou não falarem “a
mesma língua”. A boa notícia é que não existe situação ruim
que não possa ser revertida. E é isso que vamos mostrar a
você nesta obra.
Estamos vivendo uma nova estação, um novo tempo, e sua
família está sendo chamada para viver algo inédito, grande e
sobrenatural. Nas próximas páginas, você terá acesso a esse
universo, bem como terá a chance de mudar o seu modo de
ver o mundo e as pessoas ao seu redor.
Para lhe apresentar essa visão que transformará a sua vida,
contamos com depoimentos de alguns dos maiores
empreendedores do Brasil – pessoas que se destacam no
mercado porque vivem seus propósitos e acreditam nas
mensagens que pregam. Nós, João e Kaká, trouxemos neste
livro para você, leitor(a), entrevistas cedidas a nós por pessoas
que, hoje, são exemplos de como uma família que é priorizada
e que foca o sucesso de todos, a união, o amor e o caminho
de Deus é capaz de prosperar e crescer rumo a uma vida
extraordinária. Esse time conta com o casal de pastores André
Fernandes e Quezia Cádimo, que têm falado com milhares de
jovens mundo afora; os também pastores Cláudio Duarte e
Mary Duarte, que juntos têm feito a diferença na vida dos
brasileiros que os conhecem e acompanham; os ex-atletas Joel
Jota e Lalas Cieslak, que mostram como conciliar o
empreendedorismo e a criação de três filhos; Simone Mendes,
cantora nacionalmente conhecida e esposa de Kaká Diniz; e a
família Braga: Cris, Theo, Davi e Maria, esposa e filhos de João
Kepler.
O que vamos mostrar a você nos próximos capítulos é que é
possível, sim, construir famílias felizes, poderosas e bem-
sucedidas. Mas, para que isso aconteça, o primeiro grande
ponto a ser considerado é: a sua família precisa ser o seu
maior investimento. Note que muitas pessoas atrelam
investimento à aplicação de algum recurso, mas esquecem
que dedicar tempo e direcionar esforços de modo consciente
também é uma forma de investir. E, geralmente, quando isso
acontece, se obtém os melhores resultados – como a
fortificação de famílias estruturadas e unidas. Famílias que
pensam juntas e compartilham suas crenças, visões de
mundo, sonhos e projetos deveriam ser a maioria na
sociedade, mas infelizmente sabemos que isso não acontece.
E, muito provavelmente, essa falta de unidade passa
justamente pelo investimento limitado que os integrantes
oferecem aos vínculos familiares e afetivos. Quando você se
dedica pouco ou nada para algo, não coloca seu coração, suas
melhores intenções e prioridade naquilo, os resultados são
proporcionais.
A partir desse entendimento, todo o processo de construção
se torna mais claro e sólido. Acreditamos que assim, com o
fortalecimento do núcleo familiar, você será capaz de encontrar
a felicidade mesmo diante das diferenças (que são comuns em
qualquer relacionamento).
Ao desbloquear seu potencial como pai ou mãe, torna-se
possível também direcionar seus filhos para uma vida de
sucesso, de maneira intencional e consciente. Quando um
casal compreende os padrões das famílias prósperas e passa a
aplicá-los na própria vida, o resultado é a reestruturação e o
resgate de laços afetivos para viver uma vida de abundância.
A base para experimentar e viver o melhor que essa vida tem a
oferecer é conectar-se com a espiritualidade para uma vida
sobrenatural. Acreditamos que cada decisão impacta
diretamente na construção do futuro e nos ciclos
consequentes. Por isso a consciência, somada à entrega, gera
resultados tão extraordinários.
As famílias fortalecem e direcionam seus novos ciclos e suas
novas colheitas com base nos seguintes pilares:
relacionamento, prosperidade, força do casal,
empreendedorismo, espiritualidade, filhos preparados para o
mundo e inteligência emocional.
Portanto, este livro é destinado àqueles que querem criar laços
sólidos e viver bem, mesmo em tempos de crise. É para quem
deseja resgatar a admiração e a paixão no relacionamento
amoroso. Para os filhos que querem construir negócios
milionários do zero, com base em princípios bem definidos.
Para os casais que desejam enriquecer juntos e transformar a
realidade de toda a família. Para aqueles que querem descobrir
o seu propósito e se conectar com a espiritualidade de modo
intenso, real e único. Para todos que buscam educar os filhos
para se tornarem sucessores, e não herdeiros.
De maneira empática, contemporânea e real, em cada capítulo
você terá acesso a informações e exemplos valiosos. Nossa
dica é que você se concentre ao máximo para absorver tudo
de que precisa sobre cada família em todas as páginas. Cada
um de nós tem uma mensagem importante e pontual para
transmitir, seja sobre o relacionamento do casal ou com os
filhos, seja sobre o relacionamento da família como um todo.
Os desafios do dia a dia são muitos e apenas aqueles que
decidem lutar por seus sonhos e por suas famílias conseguem
usufruir de uma vida completa, feliz e realizada; que gera novos
frutos e deixa legados admiráveis.
É importante ressaltar que, para nós, o sucesso não aconteceu
naturalmente como muitos pensam. Somos pessoas que
precisaram errar e acertar para construir seu repertório. Como
você e todo mundo, vivemos momentos de incertezas, dúvidas
e medo. O que nos trouxe até aqui foi o que fizemos para
superar tudo isso, esse é o elo entre nós. Foram as nossas
escolhas e a consciência do que queremos viver nesta Terra
que possibilitaram o nosso encontro e parceria.
A partir de agora, você vai entender o que as famílias de
sucesso têm em comum e avançar rumo à realização dos seus
objetivos mais íntimos. Tudo o que está dentro do seu coração,
que transborda em sua mente e boca, pode ser realizado.
Desejamos uma boa leitura. Que a sua jornada seja repleta de
felicidades e vitórias!
JOÃO E KAKÁ

"Uma pessoa realizada em sua plenitude ajuda


os outros a prosperarem. E se torna ainda mais
feliz por saber que fez a diferença em outras
vidas. Quanto mais próspero e bem-sucedido
alguém for, maiores as chances de alcançar
mais pessoas que passam a se inspirar e a
também se transformarem em canais de
mensagens poderosas que mudam vidas.”
capítulo 1
O SUCESSO DOS FILHOS
COMEÇA EM CASA!

por João Kepler

Quando Jesus realizou seu primeiro milagre (narrado


em João 2:1-11),1 Ele estava juntamente de sua
família em um casamento. Aconteceu que acabou o
vinho no meio da festa. Quando Maria, a mãe de
Jesus, percebeu tal situação, mandou que falassem
com Jesus, pois ele saberia o que fazer.
A mãe de Jesus foi seu apoio e incentivo para
começar ali, naquele casamento, o ministério de
milagres do filho de Deus. Dessa maneira, podemos
entender que o primeiro e principal apoio sempre
será de dentro de nossa casa. Nossas famílias são a
base e sempre estarão como alicerces que nos
impulsionam a viver nossos propósitos e ministérios.
V
amos conversar um pouco? Vou contar para você como
identifiquei a importância de transformar a minha
família. Como muitos sabem, essa é uma vontade
que vem de muitas gerações atrás, dos nossos pais,
avós, tataravós... É como uma história que se repete – e,
muitas vezes, repetimos um padrão baseado naquilo que está
gravado em nossa consciência. É a consciência que nos liberta,
que aponta por onde devemos seguir e como, e é aí que nosso
inconsciente presente age. Às vezes não se sabe nem por que
aquilo foi feito. No meu caso, percebi esse padrão com o meu
pai
Ele nos deixou em 2022, e era um paraibano muito rígido.
Me disse cedo: “Cara, eu não vou te dar as coisas. Você tem
que buscar aquilo que você quer”. Ele me dizia isso todas as
vezes que eu ia pedir algo para ele. Quando comecei a analisar
esse comportamento, me dei conta de que o pai dele também
fazia isso com ele. E o avô do pai também agia do mesmo
modo com o filho. Consegue perceber um ciclo se formando?
A história da família do meu pai tem muita luta e muito
trabalho envolvido. Ele sempre teve consciência de que, se
não buscasse um entendimento sobre sua realidade, se não
buscasse o próprio sustento, ninguém faria isso por ele. Não
tinha nada fácil naquela época, era preciso batalhar muito, até
mesmo para quem já tinha melhor condição financeira. Hoje,
em uma situação oposta, com muito mais recursos, nos
deparamos cada vez mais com filhos que não sabem o suor
por trás do conforto em que vivem.
E foi dessa maneira, ríspida e pouco explicativa, que meu
pai me tratou e educou toda a vida. E eu, no meu papel de
filho, passei mais ou menos quinze anos magoado com ele.
Quinze anos! Ele me tratar dessa forma era dolorido, porque
meus amigos tinham tudo e eu não tinha nada. Meus amigos
tinham roupas bonitas, tênis novos, acessórios que seguiam a
moda da época. E eu ficava para trás em todos esses quesitos.
Mas o ponto é que meu pai não fazia isso por não ter dinheiro
e eu ser um filho ingrato. Ele tinha condições de me dar tudo
aquilo e eu sabia disso, mas ele se negava a me dar as coisas
de “mão beijada”. Porém, como era de se esperar, eu não
entendia o motivo de suas ações.
Ele sempre dizia: “Você quer isso daí? Vai comprar. Se
vira”. E ele poderia ter me explicado na época o que o motivava
a agir dessa forma, mas o grande problema que vejo hoje é
que o meu pai falava de um jeito não educativo. Isso me
magoava, me deixava em uma situação muito difícil diante de
todos ao meu redor. Eu tinha condições, mas não vivia da
mesma maneira que meus amigos. Na época, eu tinha
também uma namorada a qual queria impressionar, mas meu
pai não colaborava. Então, imagine como um jovem ainda sem
maturidade poderia lidar com todas aquelas recusas e
emoções? Fugindo daquela realidade de alguma maneira.
Assim, resolvi ir embora para os Estados Unidos para estudar e
seguir com a minha vida.
Meu pai foi contra, mas um dos meus irmãos me ajudou.
Minha mãe também me ajudava como podia, mesmo eu não
falando muito com meu pai. A verdade é que nós não
conversávamos de maneira amigável: sempre tinha alguma
trava. E a trava era exatamente a maneira que ele achava que
eu tinha que me virar.
Quando eu tive o Theo, meu primeiro filho, fui a Belém do
Pará levá-lo para que minha família pudesse conhecê-lo. Meu
pai foi buscar eu e minha família no aeroporto e me pediu que
deixasse a Cris, minha esposa, e o Theo em casa. Depois,
saímos nós dois de carro.
Ele me levou até um prédio e disse: “Sabe o que era esse
prédio aí na sua época? Uma construtora. E sabe o que é
agora? Uma repartição pública. O que aconteceu com a
gestora? Quebrou”. Até aquele momento, eu não estava
entendendo muito bem a mensagem por trás daquilo. Então,
fomos para a segunda parada e ele continuou: “Lembra quem
morava aqui nesse prédio?”. Eu falei: “Fulano. E agora, o que é
que ele faz? Você sabe como está a vida dele?”.
Nessa ocasião, meu pai me levou a três lugares. No
terceiro, me fez basicamente as mesmas perguntas e, por fim,
complementou: “E você está onde? Onde seus amigos
estavam na adolescência e onde estão agora? Como estão
agora?”.
Naquele momento, entendi o que ele estava tentando me
mostrar. Os meninos da época, os mais famosos, os que
tinham tudo de “mão beijada”, não precisavam lidar com os
problemas porque seus pais superprotetores resolviam, os que
os pais davam dinheiro, carro, roupa bonita e tudo aquilo que
pediam... Eles estavam onde? Com todo respeito, não estou
aqui para apontar erros ou dizer como cada um deve viver. Mas
a mensagem do meu pai ali, mais clara do que nunca, era me
mostrar que a vida é assim: feita de ciclos e que as coisas
mudam quando nós mudamos e temos consciência disso.
Nunca vou me esquecer do que ele disse ainda dentro do
carro: “Você está onde está porque construiu sozinho. Suas
escolhas o levaram até lá, não o seu pai”. Naquela hora, todas
aquelas travas desapareceram instantaneamente. Na minha
cabeça, meu pai saiu do papel de carrasco e assumiu,
finalmente, a posição de herói.

Barreiras rompidas
A conversa com o meu pai me fez entender duas coisas
muito importantes: primeiro, que eu havia passado quinze anos
alimentando um ódio sem fundamento e, segundo, que meu
pai não soube se comunicar comigo. Se ele tivesse passado a
mensagem de modo diferente, eu não teria ficado magoado.
Talvez eu tivesse me portado de outro jeito, e talvez esse
entendimento poderia ter encurtado meu caminho de alguma
maneira. Não há como saber.
Depois dessa revelação que rompeu minhas barreiras
internas (mas que pertenciam a nós dois), comecei a fazer
muitos negócios. Passei a ganhar dinheiro com outras coisas e
trabalhei para encontrar e dar um rumo à vida. Não demorei a
descobrir que a vida é uma montanha-russa, cheia de altos e
baixos, mas que em qualquer fase são as decisões e a
consciência que ditam os rumos. Já mais maduro e experiente,
eu decidi transformar a minha família também em um negócio.
Isso porque me dei conta de que cuidamos dos negócios,
focamos a gestão, enfrentamos desafios de maneira
comprometida e, como prioridade, com frequência fazemos
planejamentos, projeções, adaptações. Mas e em casa? A
pergunta então passa a ser: por que não fazer tudo isso em
casa? Por que não fazer tudo isso dentro da família e se
dedicar a ela com o mesmo afinco de quando construímos
uma empresa?
No meu caso, uma coisa era certa: eu queria fazer a
mesma coisa que meu pai fez comigo, que o meu avô fez com
ele, mas de uma maneira diferente. E foi então que eu entendi
que o meu melhor negócio da vida é a minha família. Assim,
compreendi que eu só seria alguém de verdade, bem-sucedido
e realizado se colocasse a minha família em primeiro lugar.
Isso parece clichê, parece óbvio. Mas quem conhece
nossa família de perto, quem convive conosco, sabe que isso é
uma realidade lá em casa. Todos nós fazemos negócios, todos
nós temos os próprios empreendimentos, mas todos nós
desenvolvemos esses projetos em família e, principalmente,
para a nossa família.
Não existe uma receita de bolo para a educação dos filhos.
Se você está aqui atrás de uma fórmula mágica, atrás de um
atalho para encurtar o caminho ou facilitá-lo de alguma
maneira, não vai encontrar. Aqui, você não vai encontrar nada
que mude a sua vida em um passe de mágica. Quem vende
isso está mentindo. Aqui, você vai se inspirar.
A única receita de bolo que existe é para a construção de
uma família próspera. E ela começa e passa pelos exemplos,
sejam ruins ou bons. Passa pela troca de experiências, pelos
relatos sinceros e pelo aprendizado. É isso que estou disposto
a abordar aqui.

NA
PRÁTICA

O primeiro passo para curar a sua família pode partir de você!


Como? Quebrando padrões hereditários. Como você viu até
aqui, existem padrões comportamentais que podem ser físicos,
estar relacionados aos sentimentos, valores, crenças, e até
mesmo questões mentais e espirituais. O mais importante é
perceber que todo esse pacote é o conjunto de características
que são transmitidas de geração para geração.
Então, de modo consciente, chegou a hora de quebrar ou
instituir outros padrões, e para isso, propomos a você o
primeiro exercício prático do livro.
Liste aqui quais seriam os comportamentos e/ou situações
destrutivas que você percebe na sua casa hoje (falta de
diálogo, repressão, inveja, vícios, suicídios, doenças mentais,
doenças graves, entre outros).
Agora, o que poderia ser feito – de maneira consciente – para
mudar a realidade que você listou acima e quebrar esses
ciclos?

Ensine aos seus filhos como


se virar
Desde quando comecei a escrever sobre família e
negócios, isso com meu livro Educando filhos para
empreender,2 ouço as pessoas. Presto atenção no que vocês
têm para me dizer e procuro me inspirar também nas
experiências de quem está ao redor. Antes de escrever a obra
Se vira, moleque!,3 recebi mais de cem cartas de pais, mães,
tios e avós com mensagens do tipo: “Meu filho fez isso
comigo, o que você faria? O que eu faço com relação a isso?
Meu filho está agressivo, recebi um tapa na cara. Meu filho
quer brigar comigo. Meu filho não quer ir à escola. Meu filho
não come verdura”.
Em um primeiro momento, me assustei com os relatos.
Não sou um profissional da área, mas sou um pai. E foi nessa
posição de pai que me peguei pensando: e se fosse comigo, o
que eu faria? O livro Se vira, moleque! é exatamente sobre
este processo: o retrato dessas perguntas que resolvi
responder abertamente para todo mundo.
Sei que algumas pessoas olham para a minha família e
dizem: “Aí não tem amor, só negócio!”. Mas a verdade é que
ensinar a um filho como se virar é um ato de amor. Ninguém
bate mais forte do que a vida. Uma hora, ela vai encontrar seu
filho, e ele vai derrapar. Muitas vezes você não estará lá para
levantá-lo. Então, que tal começar a educar seus filhos com
muito amor para eles se prepararem para o que vão enfrentar?
Esse tipo de educação só se torna possível quando você
mostra para eles como a vida realmente é desafiadora,
inconstante e, às vezes, cruel. Pare de tentar mudar tudo para
que eles tenham uma vida mais tranquila. O fato é que você
não pode evitar que eles tomem algumas rasteiras, mas pode
e deve ensiná-los desde cedo a se defender, se levantar, se
recompor para continuar lutando, dia após dia.

"Sabe aquela ligação que você poderia fazer


para resolver um problema do seu filho? Não
faça. Se chegou a esse ponto, é porque em
algum momento seu filho deixou de fazer algo
que cabia a ele, e não a você. Resolver as
coisas usando sua influência e/ou até mesmo
dinheiro é um caminho perigoso e sem volta.”

Qual exemplo você quer deixar para os seus filhos? Que é


você quem resolve tudo? Que você é dono do mundo? Que o
seu dinheiro fala mais alto do que as regras, o caráter? Não
podemos reforçar esse padrão, por mais que você queira
ajudar a resolver o problema. Eu sei que é difícil, que dói. Doeu
muito em mim todas as vezes que eu tive que dizer “não” aos
meus filhos, mas eu sempre soube por que estava tomando
cada decisão.
Vou compartilhar com você um exemplo pessoal. O Davi,
meu segundo filho, decidiu participar do programa Shark Tank
Brasil. Foi em busca de investimento para a empresa dele, pois
eu lhe havia negado.
Na época, Davi também tentou reunir capital com alguns
amigos investidores, além do programa. Eu liguei para todos e
pedi que eles não investissem no negócio do meu próprio
filho. E sabe por que agi assim? Seria fácil demais para ele
conseguir investimento por intermédio dos meus contatos ou
da minha influência como investidor no mercado. E se isso
acontecesse dessa maneira, como ele iria valorizar uma
resposta positiva obtida com o próprio esforço? Além disso,
com as negativas e a decepção momentânea, eu não tinha a
menor dúvida de que Davi precisava passar por aquilo para
saber o quão difícil é abrir um negócio – e que, talvez, por ser
meu filho, seria mais difícil ainda. Empreender por si só não é
uma tarefa fácil; e eles, meus filhos, sempre serão cobrados
porque o pai deles alcançou resultados.
Um tempo depois, Davi resolveu ir para os Estados
Unidos, mas em uma situação diferente da minha. Ele foi com
meu apoio (mas continuei não dando as coisas para ele). Foi
estudar em escola pública para ter acesso a outras realidades e
valorizar o que tinha. Três meses depois, ele era o líder da
turma, montou uma empresa no local e saiu na capa do jornal
da escola – tudo sozinho, mérito todo dele. Aí, sim, eu o
parabenizei de maneira sincera e orgulhosa.
É preciso colocar o filho à prova o tempo todo? Não. O
que você tem que fazer é: desafiar o seu filho o tempo todo.
Não pode ficar dando tapinha nas costas, dizer que está tudo
bem sempre. Não dá para fazer isso, principalmente quando se
tem uma condição financeira muito boa. Quando você tem
acesso a tudo com muita facilidade, não aprende a se virar.
Nesse contexto, ele não vai se virar porque “está tudo bem”.
Porque todas as condições são favoráveis para que ele não se
vire.

Protagonista da própria
vida
Minha esposa e eu decidimos que queríamos preparar
nossos filhos para o mundo, em vez de querer mudar o mundo
para eles. É impossível estar o tempo todo lá, protegendo a
molecada. A criança superprotegida se transforma em um
adulto dependente em todos os aspectos.
Sabe aquele adulto que, quando o carro quebra, pensa
primeiro em ligar para o pai e não em acionar a seguradora e
resolver o problema? Ou quando perde o emprego e/ou
descobre que na vida não existem garantias, entra em
desespero, não tem maturidade emocional para enfrentar os
desafios e as adversidades mesmo sendo uma pessoa adulta?
Que não sabe se relacionar com as pessoas e que tenta impor
suas vontades de maneira egoísta e prepotente? Que faz uma
dívida sabendo que não terá condições de pagar, mas sabe que
os pais irão arcar com esse ônus? Que usa o nome dos pais ou
da família em benefício próprio para obter vantagens ou
conseguir o que deseja sem esforço? E por aí vai. Infelizmente,
os exemplos são muitos. Convivo com milhares de
empreendedores e aprendi a perceber facilmente quando um é
mimado. Pessoas assim se tornam empreendedores que se
encaixam basicamente nos exemplos que dei acima em
relação à postura diante da vida, dos problemas e das pessoas
que os cercam. A postura de quem cresce superprotegido,
com acesso a tudo, é nitidamente diferente da daqueles que
aprenderam a enxergar a vida pela lente real, ou seja, sem
atalhos, mas com convicções e com garra.
Nós, pais, devemos permitir que nossos filhos se tornem
protagonistas da própria vida.
Escuto de muitas pessoas: “Quero que meu filho seja
médico ou engenheiro” ou “Quero que seja funcionário público
ou juiz”. E tudo bem, não tem nada errado nisso. O problema é
quando os pais não querem que o filho seja, quando não
querem que ele se transforme em um protagonista e faça a
diferença.
Não importa o que faça da vida, você tem que ser um
líder, deve ser protagonista. E precisamos incentivar os nossos
filhos e netos a serem líderes, independentemente de qual
caminho eles escolham.
Sabe quando você pergunta para uma turma de crianças o
que elas querem ser quando crescerem? Provavelmente vai
ouvir respostas como jogador de futebol, artista, influencer,
assim por diante. O ponto aqui é que eles realmente podem
ser o que quiserem, mas a mentalidade precisa mudar desde a
infância.
Quando você adota o empreendedorismo como estilo de
vida, e não necessariamente o fato de ter um negócio, sua
visão passa a ser mais ampla porque tanto os problemas
quanto as oportunidades são encaradas como aprendizados e
desafios que motivam e impulsionam. E é aí, com essa
mudança de mentalidade, que os hábitos e ações são
formados. O passo seguinte? Se tornar o protagonista da
própria vida. Ser empreendedor é se dedicar para ser
resiliente, atento, analítico, proativo e fiel às suas escolhas e
convicções. Em vez de ser jogador de futebol, por que não se
tornar o dono do time? Em vez de atuar ou ser atriz, por que
não investir em abrir uma companhia de teatro e dança? Quer
ser médico, ótimo. Mas por que, então, não começar a
considerar desde a faculdade a ideia de montar uma clínica em
vez de trabalhar para alguém? Isso é protagonismo.
Algumas das reclamações que mais escuto são “meu filho
não sai do videogame”, “meu filho não quer nada”, “não quer
estudar” ou “ele não está interessado em trabalhar”. Aí eu
pergunto para o pai: o que tem para ele fazer quando não está
jogando? Tem algo melhor para ele fazer na vida real, algo com
o que se sinta feliz? Afinal, o mundo do videogame, ou
qualquer outro, oferece prazeres e recompensas.
E como os pais podem reverter ou mudar isso? Reclamar
e brigar não é o melhor caminho. O primeiro passo é se
colocar no lugar do seu filho, entender sobre aquela tribo e
situação, para, então, tentar resgatá-lo. Você pode fazer isso,
por exemplo, descobrindo de qual jogo ele mais gosta ou qual
passa o dia jogando. Aprenda a jogá-lo também. Mesmo que
não tenha gosto por isso no começo, pense: qual é a sua
prioridade?
Aprenda, se torne bom, passe um tempo treinando sem
que seu filho saiba de nada. Peça ajuda a outras pessoas ou
contrate alguém para ensinar a você. Aí, um dia, sente-se ao
lado dele e joguem juntos. Converse usando a linguagem dele,
não a sua. Troque informações, experiências, se aproxime.
Você verá o que vai acontecer. Entrar no mundo deles é o
primeiro passo para resgatar ou mudar uma realidade.
Sobre a pergunta “o que você quer ser quando crescer?”,
na verdade, não tem que haver um “quando” na questão. A
pergunta correta a ser feita aos nossos filhos é: “O que você
quer ser agora?”. Em cada momento, em cada fase da vida, é
preciso trabalhar o agora. Então, o que o seu filho gosta de
fazer hoje?
Equilíbrio e respeito
É claro que aqui estou apresentando os temas de modo
bem objetivo. Para chegar a tudo isso que estou lhe contando,
minha esposa e eu tivemos inúmeras conversas, reflexões e
nem sempre concordamos em tudo. Nesses casos, entram
em cena duas palavras fundamentais em qualquer
relacionamento: equilíbrio e respeito.
Sem essa base, é impossível manter um casamento
saudável e duradouro. Já no mundo empreendedor, no mundo
dos negócios, se dá bem quem está insatisfeito e incomodado.
Nenhuma solução é realmente útil se não resolver um
problema específico.
Lembra-se de quando comentei sobre o perfil dos
empreendedores mimados? O jovem superprotegido se torna
acomodado, ele vai aceitar tudo porque já se acostumou a não
pensar. Ao agir assim, você está gravando algo na mente do
seu filho: que ele não precisa buscar o próprio destino. Dessa
maneira, ele não buscará ser protagonista porque não se
sentirá incomodado, não precisará de mais nada. Por outro
lado, se você é um pai ou uma mãe que provoca e faz as
perguntas certas, vai ajudá-lo a achar o inconformismo.
Deixe-o criar, ter vontade, provoque-o no bom sentido,
converse sobre problemas – porque os pais muitas vezes não
falam sobre isso. Quantos pais quebram e a família sequer
desconfia da falência antes de acontecer o pior?
Relacionamentos reais se dão com base em conversas
sinceras, em compartilhar alegrias e tristezas. Esconder coisas
não é proteger; é falta de segurança e de liberdade. É com
equilíbrio e respeito que, mesmo em momentos de
turbulência, todos se ajudam, buscando os melhores caminhos
juntos.
Quando vivi fases ruins, reuni todos os meus filhos e
minha esposa e conversamos sobre o que estava
acontecendo. Em nenhum momento apontei culpados. Eu lhes
dizia: “Seu pai errou, eu fiz isso. Isso é errado. Então, nós
vamos corrigir assim”. Nunca falei: “Aquele cara me enganou”,
“Aquela empresa não me pagou o que devia”. Se eu havia
errado, a minha família saberia.
Na minha casa, além da busca constante pelo equilíbrio e
pelo respeito, usamos uma lógica há muito tempo:
questionamos se queremos ser felizes ou ter razão. Eu prefiro
ser feliz, mas às vezes não dá. Não é que você queira ter razão.
É que é preciso conversar sobre todos os assuntos,
principalmente os polêmicos. Pais devem ter em mente que o
mundo mudou e as relações precisam acompanhar essa
transformação. Não pensar assim é um tremendo erro que
pode custar muito caro.
Um assunto polêmico, por exemplo: mesada. Não gosto
da prática. Para mim, mesada dá a sensação do fixo garantido,
tipo um salário, por isso nunca dei aos meus filhos. Quando
você começa a entender que não existem garantias, que
mesmo em um trabalho convencional com carteira assinada
você pode ser desligado a qualquer momento, essa vertente
perde força. Experimente tirar o salário de alguém assalariado
para ver o que acontece. Com crianças que recebem mesada
não seria muito diferente. Ninguém gosta de perder algo que já
está garantido.
Em casa, como eles empreenderam desde novos, eu
apenas dei o suficiente para a escola e a mãe os ajudava com
roupas e outras coisas eventuais. Eles aprenderam a se virar,
cada um na sua área.
Na história do Davi que compartilhei, não investi na
primeira empresa dele, mas lhe emprestei 5 mil reais para
contratar um programador. Com o primeiro faturamento da
empresa, cobrei meu dinheiro de volta. Me arrependo de ter
cobrado juros dele, mas foi uma boa lição para nós dois.
Quando Theo tinha 15 anos, sugeri a ele assumir um
portal que eu tinha, um site de venda de ingressos. Ele
recusou e me disse que ia montar um concorrente, mas um
negócio dele, com a cara e as escolhas dele. Eu entendi e
respeitei suas decisões.
Isso é respeito. Isso é ter equilíbrio.
Por outro lado, há filhos que não honram nem respeitam o
que os pais podem proporcionar. Isso é um problema, pois,
nesses casos, o único jeito de ter autoridade sobre o filho é
usando o dinheiro. E lá em casa eu não tenho essa autoridade.
Faz anos que eu não sei o que é isso.
Quando meus filhos eram mais novos, adotei uma política
em casa. Durante mais ou menos dez anos, a família viajava
junta em julho. Em janeiro, eles planejavam a viagem, o
orçamento dela, e 10% de tudo o que cada um ganhava em
qualquer atividade ia para um pote. Em uma dessas viagens,
eles escolheram a classe do avião, o hotel, tudo... O dinheiro
não deu para cobrir todas as despesas e, na hora de pagar,
pediram ao pai que completasse o que faltava. Falei para eles
cortarem algumas coisas, escolherem classe econômica, por
exemplo. Na viagem eu não coloquei dinheiro. Ou iríamos
todos juntos (não eu na executiva e eles na econômica, por
exemplo) ou não teria viagem. Como já disse antes, é questão
de exemplo.

Formando líderes, não


herdeiros
No mundo dos investimentos, há uma regra clara: além de
pensar no longo prazo, precisamos de algumas recompensas
imediatas. Caso contrário, o investimento de longo prazo não
funciona, porque investir não é comprar. Então, se você
programar a mente do seu filho para que ele invista a longo
prazo, daqui a dez anos ele será um investidor poderoso.
Entretanto, para isso, é preciso que tenham algumas
recompensas pelo caminho para ele sentir o prazer de estar
investindo.
E qual seria uma boa recompensa? Herança entraria nesse
caso? Aliás, já pensou no que vai acontecer com as suas
riquezas financeiras quando morrer? Vai gastá-las toda em
vida? Eu vou. Meus filhos até herdarão startups, mas eu
preciso ter as minhas recompensas, curtir a vida com a minha
esposa, por exemplo. Eles já estão todos crescidos, já são
protagonistas e vão ter que desenvolver o próprio destino.
Quer herança melhor do que essa? Agora eles têm que pensar
no futuro, nos filhos e na família de cada um.
É importante que você construa um ambiente financeiro
familiar, não só de patrimônio, mas de cooperação, em que
todos participem da estrutura familiar, o que cria uma espécie
de modelo difundido, enraizado em todos individualmente,
mas que fortalece a família, o grupo. Eu lhes dou o que tenho
de mais valioso: o meu conhecimento, a minha sabedoria. Se
eles souberem usar isso, tenho certeza de que vão ganhar
muito mais dinheiro do que eu poderia dar.
“João, qual é a lógica disso? Formar líderes, e não
herdeiros?” Bom, eu quero que todos eles sejam líderes que
formam outros líderes, que geram impacto na vida das
pessoas. Que sejam abundantes na vida dos outros, que
ajudem, que sirvam.
No fundo, tudo se resume a isto: servir com excelência.
Antes de pensar em ganhar dinheiro, penso em como posso
servir às pessoas. Seja compartilhando minhas experiências ou
informações e dados que chegam até mim – e, principalmente,
emanando muito amor.
É possível mudar a sua família e a sua relação com os
seus. Continue a leitura e reveja pensamentos, posturas e
decisões. Ainda é tempo de mudar e viver o melhor que essa
vida tem a oferecer.

O que é poder familiar?


Poder familiar é um conceito previsto no artigo 1.634 do
Código Civil Brasileiro de 2002. Os principais pontos desse
texto legal são:
Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua
situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar,
que consiste em, quanto aos filhos:
I – dirigir-lhes a criação e a educação;
II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos
termos do art. 1.584;
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
casarem;
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
viajarem ao exterior;
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
mudarem sua residência permanente para outro
Município;
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os
16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los,
após essa idade, nos atos em que forem partes,
suprindo-lhes o consentimento;
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os
serviços próprios de sua idade e condição.4
Traduzindo parte do “juridiquês” do texto legal: poder
familiar é, simultaneamente, um direito e um dever. É um
direito no sentido de ser uma capacidade a ser exercida em
nome dos filhos, mas é um dever no sentido de não ser
opcional. O texto determina que todos esses exercícios,
concessões, direções e representações são uma
competência dos pais, e não uma opção. Os pais possuem a
responsabilidade e a autoridade legal de tomar decisões
sobre ações da vida pública dos filhos menores de idade.
Interessante notar a inovação que o Código Civil de 2002
trouxe em relação ao texto legal anterior, que, em vez de
“poder familiar”, tratava de “pátrio poder”. Esse conceito,
já em desuso, previa o exercício do poder como uma função
reservada ao pai, cabendo à mãe apenas um caráter
auxiliar. Hoje em dia, há uma equiparação dos pais não
apenas ao não diferenciar o gênero, mas ao já prever a
manutenção integral do poder familiar a ambos nos
diferentes cenários da vida conjugal.
Ainda sobre o tema, no mundo doutrinário fala-se sobre o
uso da expressão “autoridade familiar”, uma vez que
expressa melhor a posição dos pais, em vez de um
exercício de poder e controle que pode gerar confusão. A
expressão é adotada em algumas legislações europeias,
mas não substitui o termo utilizado no Brasil em qualquer
peça legislativa.

1 LEMOS, V. 5 passagens bíblicas sobre a família. Biblioteca do pregador. 11 jul.


2022. Disponível em: https://bibliotecadopregador.com.br/5-passagens-biblicas-
sobre-a-familia/. Acesso em: 21 set. 2023.
2 KEPLER, J. Educando filhos para empreender: como preparar filhos para o
mundo ao invés de querer mudar o mundo para eles. São Paulo: Literare Books,
2012.

3 KEPLER, J. Se vira, moleque!: prepare seu filho para construir uma vida com
protagonismo, autorresponsabilidade, atitude empreendedora, realização pessoal e
prosperidade. São Paulo: Gente, 2020.
4 PODER familiar: O que é e como funciona? Galvão & Silva Advocacia, 25 abr.
2022. Disponível em: https://www.galvaoesilva.com/poder-familiar/. Acesso em: 14
fev. 2023.
capítulo 2
MARATONA DE
REVEZAMENTO

por família Kepler

Em 2 Reis 4:1-7,5 a viúva do discípulo de Eliseu


buscou soluções em Deus para lutar por seus filhos.
Quando o credor falou em levar os filhos no lugar da
dívida do marido, a mulher não deixou de lutar por
sua família e procurou ajuda do servo do Senhor.
Essa história nos mostra que devemos nos manter
unidos e lutar pela nossa família. Além disso, ainda
nos revela que Deus protege a família quando
buscamos abrigo Nele. Pois nossa família é um
projeto que nasceu em Seu coração.
Sobre família, amor e
dedicação
Família é uma decisão diária, não é fácil. Estamos juntos
por amor, desejo de construir, de dar bons exemplos. É criar
também as próprias regras do lar, como horário para dormir
quando eram novos, ver televisão ou usar o celular.
Quando eu e Cris decidimos deixar os nossos filhos livres
para fazerem o que quisessem, a liberdade de escolha se
transformou em responsabilidade, inclusive social. No fundo,
só desejamos como pais que eles sejam felizes com suas
escolhas. É claro que temos consciência de quão especiais
eles são. Mesmo com essa criação, eles poderiam não “ter
dado certo”.
E por mais que o modelo de educação tenha sido o
mesmo, são três pessoas completamente diferentes. O Davi é
comunicativo. O Theo tem o perfil de empresário, mais
caladão, mais sério. Já a Maria tem seu jeitinho todo particular,
muito espiritualizada. Eu sou mais racional, e a Cris é um
alicerce. O que quero dizer é que entendemos que
precisaríamos nos adaptar para criar uma unidade.
Tem a ver com amor. Vivo cada dia ao lado deles com
muita dedicação, entrega e amor. Todos nós viemos ao mundo
com uma missão e, até encontrá-la, passamos por várias
etapas na vida. Então eu acho que não cabe a outra pessoa
dizer o que dá certo e o que não dá. Você tem que deixá-la ser
livre para encontrar o próprio caminho. Esse é o único modo
pelo qual ela vai realmente abraçar o protagonismo e ser feliz.
Somos complementares em nossas imperfeições e
dedicação. Não dá para ter pressa na educação dos filhos. Não
é uma corrida de 100 metros, é uma maratona cheia de
obstáculos. Mas você não a corre sozinho: é um revezamento.
Sua família vai com você. E é por isso que faço questão de dar
voz a ela neste capítulo. Somos um time de corredores.
A seguir, você poderá ler uma mensagem especial de cada
um deles. Anote as dicas e se prepare para a corrida da vida.
Agora, passo o bastão para a Cris, minha esposa!

Seja quem você nasceu


para ser
Sinto total empatia por você, que está com este livro em
mãos, e entendo que está em busca de um refrigério para a
sua alma. Como o João já adiantou, não existe solução mágica
quando o assunto é família e o fortalecimento dela. Mas é
possível trabalhar a mente e suas convicções para que
ansiedades, medos e traumas sejam superados.
Na minha vida e família, eu deixo entrar pessoas que têm
algo para me ensinar. Não sou alguém com milhões de
seguidores ou PhD em Harvard, mas, quando se trata de
grandes feitos na sociedade, eu possuo algo primordial: tenho
certeza do amor de Deus por mim.
E é aí que as coisas ficam fáceis, porque, no dia em que
eu descobri esse amor, que eu sou filha amada, que fui
sonhada e criada para ser exatamente como sou, exatamente
com essa cor de cabelo, com esse tipo físico, casar-me com o
João e ser mãe de três fez total sentido na minha existência.
Quando descobri isso, minha vida ganhou um novo
propósito. Aprendi a não me comparar com ninguém. Com
nenhuma outra mãe, mulher ou profissional. Percebi que eu
tinha que desenhar os meus caminhos, fazer as escolhas mais
importantes da porta para dentro, não ao contrário.

"Me tornei, então, uma pessoa feliz por tudo que


eu sou. O meu recado é sobre a identidade.
Persiga quem você nasceu para ser. Acorde de
manhã e passe o dia buscando o seu propósito.
O seu não é o do outro, não é o do marido, não é
o dos filhos. É preciso fortalecer a sua imagem e
ser fiel a ela para que você não se perca no
meio do caminho.”

E essa identidade não tem a ver com a sua casa incrível,


em ser a mais bonita da festa, a mais elegante, a que tem as
joias mais caras, a mulher que sempre está disponível, a que
prepara as melhores comidas ou a que está sempre linda. Se
você não fortalece seu espírito, se não tem certeza das suas
escolhas, uma hora esse castelo de areia desmorona.
Por esse motivo tantos casamentos e relacionamentos no
geral são frustrados: porque o casal deixa de preservar suas
identidades e as próprias vocações. Ser você é buscar o
equilíbrio constante, seu e do lar, respeitando sua
autenticidade.
Para encontrar a tão almejada felicidade, você, antes de
tudo, precisa entender quem é. Esse processo é seu, mas
com a companhia de Deus. Nada de marido, filhos ou amigas
dando palpites. Quando isso acontecer, você vai conseguir ser
livre. Quando seu interior está muito bem resolvido, nada do
que é externo pode afetar você. Quando está tudo alinhado – o
que você pensa, faz e fala –, a felicidade transborda. É quando
aquela sensação de vazio dentro do coração, de que está
faltando um pedaço, acaba por ser preenchida.
E se por acaso se sentir em dúvida se está no caminho
certo, volte ao princípio, a Deus. Ele criou a vida e todos os
ensinamentos são Dele. Esse é o caminho para se reconectar
com a Sua natureza e consigo.

Viva em consonância com quem você é


São as coisas mais simples que fazem os olhos brilharem.
Eu sou nordestina, de Alagoas. Eu fico encantada com a
sabedoria das pessoas que vão à minha casa, e adoro
conversar com elas. Certa vez, perguntei ao jardineiro por que
estava tendo tantos divórcios no mundo. Ele me respondeu:
“Porque, depois de certo tempo, as pessoas, os casais, só
olham para os defeitos um do outro. Está sedentário, está
chato, não faz mais nenhum agrado. Assim, nós idealizamos as
pessoas e queremos que elas estejam do nosso jeito sempre.
Não validamos as mudanças das pessoas e é aí que o
distanciamento acontece”.
Adiciono a isso o fato de não sermos gratos pelas
mudanças que acontecem, principalmente quando elas não
nos agradam. Ficamos ranzinzas, rancorosos, sem nem saber
o porquê. Não podemos esquecer que a cabeça é um tribunal
da Inquisição no qual a pessoa está falando e você já está
julgando o tempo inteiro. E nós somos os melhores
“conselheiros”. Mas, muitas vezes, só sabemos dar conselhos
e não colocamos em prática o que dizemos.
Fazer com que a sua vida esteja em consonância com
aquilo que você é, com aquilo que você fala e faz é uma luta
diária. Até mesmo os dons das pessoas são dados por Deus,
mas é preciso trabalho para desenvolver.
Nunca houve noite que pudesse impedir o nascer do sol.
É assim todos os dias: quando você acorda, tem milhares de
opções e tem que tomar um monte de decisão. Logo, se
tomar a decisão de ser feliz, de amar o próximo e de perdoar,
as coisas que vão sair da sua boca serão boas como você é.
Por isso, minha dica é: aprofunde o seu relacionamento
com Deus e deixe o ego de lado. Às vezes, queremos dar
direcionamento a Deus, dizer a Ele o que fazer. Grave esta
frase: todas as vezes que a solução do seu problema precisar
passar por outra pessoa, não é solução, é um paliativo, que
pode até dar a você uma falsa sensação de conforto ou
resolução. Mas lembre-se de que apenas Ele tem as respostas
e é capaz de direcionar os seus caminhos, principalmente
quando você não souber o que fazer ou para onde ir. Não é
você quem deve guiar Deus.
Se não está querendo resolver, está querendo tapar o sol
com a peneira e varrer todos os emaranhados da sua vida para
debaixo do tapete. Então, todas as manhãs, quando abrir os
olhos, declare coisas boas, tenha um coração grato: “Obrigada,
Deus, por mais um dia, por mais uma chance. Porque eu sou
capaz, porque faço três refeições, porque tenho saúde, porque
tenho uma família”.
A verdade é que todos nós merecemos o melhor do
mundo, ter um bom emprego, ter amigos leais e ser feliz.
Infelizmente, algumas vezes achamos que nada merecemos.
Somos os nossos piores carrascos. Somos terríveis conosco.
Por vezes, duvidamos da nossa capacidade, achamos que
estamos muito gordos ou muito magros, com a aparência feia,
ou que somos burros. Precisamos mudar isso. Apenas
transformando essa autoimagem você conseguirá descobrir
sua real identidade e saber aonde quer chegar. E só
conseguimos isso ao nos conectar com Deus.
Que você encontre a sua real identidade lendo este livro!
Um beijo,
Cristiana Braga

Compartilhe prosperidade
Receber uma educação empreendedora foi um desafio
pelo qual sou muito grato. Todas as provocações de meus pais
me fizeram chegar aonde eu e meus irmãos estamos hoje.
Meus pais criaram filhos fortes e preparados para a vida.
Nunca me colocaram em uma redoma de vidro ou fingiram não
ter problemas.
Eles me ensinaram que eu e meus irmãos poderíamos ser
protagonistas no processo de construir soluções para qualquer
situação. E isso fez toda a diferença. Meu pai nunca quis me
forçar a nada. Não queria que eu fosse como ele, mas eu
mesmo, e que melhorasse cada vez mais as habilidades
naturais que eu já possuía.
Para você, filho, que está com este livro em mãos, digo:
seja a melhor versão de si mesmo, sem ser cópia dos seus
pais. Muitos pais colocam tanta energia para tentar moldar os
filhos de acordo com a própria perspectiva que acabam
desmotivando-o. Na verdade, você, pai, que está lendo este
livro, precisa provocar o seu filho a descobrir o próprio
caminho, o que ele quer fazer, o que vai deixá-lo feliz, porque,
no final das contas, filhos não existem somente para fazer
você feliz.
Para você que é pai ou para você que é mãe, que este
livro possa ser instrumento de transformação e que crie
pessoas empoderadas para que multipliquem talentos e
plantem sementes para o futuro. Quanto mais semearem,
mais vão gerar transformação na vida de outras pessoas
também.
Compartilhar prosperidade com todos: esse é o caminho
da transformação mais poderosa.
Um abraço,
Davi Braga

Trabalhe com afinco


Sei que muitas pessoas veem meus irmãos e eu nessa
posição e acham que recebemos tudo de “mão beijada”.
Lógico, tivemos muitos privilégios em relação aos outros. Seria
mentira falarmos que não viemos de um berço próspero, muito
abençoado.
Muitos amigos meus vieram também de lugar
semelhante, mas eu vejo o caminho que estão traçando na
vida. Alguns não tiveram pais tão presentes e hoje vivem uma
realidade muito distante da nossa. Tentamos, inclusive, trazê-
los para o nosso lado, mostrar como vivemos. Mas, no geral,
existe uma resistência muito perigosa e enorme para ser
superada.
Aos 14 anos, quando deixei de receber qualquer dinheiro
do meu pai, comecei a me virar. Hoje temos a Smart Money,
mas naquela época eu vendia ingressos na escola. E todos
sabiam que eu não precisava daquilo, que minha família tinha
uma boa condição financeira. Não fiquei com vergonha, afinal,
eu sabia o que queria, aonde iria chegar com aquilo.
Logo depois, vendi essa empresa de ingressos. Não tive
medo e resolvi me mudar para São Paulo sozinho. Conquistei
meus negócios e, com muito amor, dedicação e orgulho,
fundei a Smart Money, empresa que cuida inclusive dos
eventos do Poder da Família.
Crescemos e muito em situações de desconforto quando
somos desafiados. A cada novo limite, novas superações
acontecem e novas barreiras são impostas. Por isso, continue,
trabalhe com afinco que o resultado virá.
Desejo sucesso a você!
Theo Braga

Seja protagonista e brilhe!


Dentro de uma família, cada um tem o seu jeito de brilhar.
Assim, na minha, percebo que nós cinco somos como
estrelas. Cada um brilha da sua maneira, com a sua
inteligência, com o seu propósito, com a sua missão de vida.
Se você já fez constelação familiar, sabe que cada um tem o
próprio papel e, na minha família, a função de cada um está
muito bem definida e de maneira consciente.
Hoje, com os meus vídeos, descobri a minha missão:
influenciar meninas a saírem da zona de conforto, ou seja,
encontrarem o seu protagonismo, a luz que brilha dentro delas.
Como estamos em constante evolução, tudo que eu aprendo,
ensino para elas do meu próprio jeito, usando a comunicação
característica da minha geração Z, com as minhas dancinhas.
Ao me conectar com essas meninas, desejo empoderá-las,
mostrar a elas o quanto podem brilhar.
Você também tem o seu brilho. Todos nascemos para
sermos protagonistas da nossa própria vida e transformar a
vida de outras pessoas. Então, brilhe!
Um beijo,
Maria Braga
Educação empreendedora na prática
Peguei o bastão de volta para lhe fazer um convite. Quer
conhecer os projetos do Theo, do Davi e da Maria? Utilize
os QR Codes a seguir e acesse o perfil de cada um deles
para mais informações.

https://www.instagram.com/bragatheo/

https://www.instagram.com/davibraga/

https://www.instagram.com/mariapbraga/

NA
PRÁTICA
Qual foi o seu aprendizado neste capítulo? Consegue identificar
as qualidades e potencial individual de todos da sua família que
fazem parte do revezamento e maratona da sua casa?
Convidamos você para fazer essa reflexão e listar quem faz
parte desse time e, a frente de cada nome, escrever quais são
as qualidades de cada um e, se achar necessário, os pontos
mais sensíveis que precisam ser fortalecidos. Esse exercício vai
ajudar a perceber quão poderosas são as pessoas que estão do
seu lado.

5 LEMOS, V. op. cit.


capítulo 3
A FÉ PROSPERA NO
DESCONFORTO

por André Fernandes e Quezia Cádimo

O fruto da dedicação e amor de uma família são os


filhos, pois eles representam tudo aquilo em que os
pais investiram. E a própria Bíblia, no Salmo 127:3-5,6
declara que eles são uma herança que o Senhor
entregou. Quando guiados pelo caminho certo, são
como flechas que acertam o alvo, lançadas pelos
guerreiros que são os pais. Buscar conhecimento e
sabedoria da parte de Deus para conduzir a criação do
seu filho é essencial para fortalecer o seu maior
ministério: a sua família. Sem falar do orgulho que
nossos filhos nos darão no futuro por terem aprendido
tudo aquilo que nos esforçamos para ensinar.
M
inha esposa Quezia e eu pensamos um pouco sobre o que
compartilhar aqui com você quando recebemos o
convite para participar do livro. Nem preciso dizer que
nos sentimos muito honrados e empolgados com esta
oportunidade de alcançar tantas pessoas que desejam passar por
uma transformação de vida.
Depois de ponderarmos com cuidado, decidimos contar
algumas das nossas histórias e abrir nosso coração. Como todo
casal, já passamos por muitas crises e confesso que, no nosso
caso, seria até mais fácil mostrar como as coisas podem dar
errado. Saber por que as coisas não saíram como o planejado e
deram errado é tão importante quanto saber por que deram
certo.
Às vezes entramos em um
relacionamento/casamento/negócio/empreendimento e temos
uma expectativa quase que romantizada de que vai ser tudo leve,
tudo vai dar certo, todas as portas vão se abrir e que vão ter
corais de anjos cantando ao fundo. A verdade é que, atrás de
uma história de sucesso, tem muito suor, tem muitas lágrimas,
tem muito esforço. E é sobre isso que queremos falar.
Casamento é uma instituição que tem tudo para dar errado.
São pessoas diferentes, com criações diferentes, convicções
muitas vezes diferentes. Vocês tiveram referências distintas –
talvez seu pai tenha sido extraordinário, mas o da sua esposa,
ausente. Talvez a sua mãe tenha sido superprotetora, mas a da
sua esposa era superindependente. E aí duas pessoas únicas,
com históricos nada semelhantes, passam a construir uma
história juntos. E há várias maneiras de fazer isso.
Infelizmente, porém, em alguns casos, o casal não está
construindo o casamento junto, mas, sim, cada um do seu jeito,
o que causa muita frustração. Essa divisão – que significa duas
visões, na etimologia da palavra – se dá no momento em que a
esposa tem um desejo, um propósito, mas o marido tem outro
sonho, outra missão. E, aí, não há casamento que resista.
A primeira coisa que precisamos entender é que, quando se
casou, no dia em que disse “até que a morte nos separe”, você
entrou em um ambiente em que, naturalmente, tem tudo para
dar errado. Mas a boa notícia é que existe uma peça que pode
mudar a história do seu casamento. Princípios que podem tornar
o seu relacionamento mais leve. Chaves que podem abrir um
caminho para uma jornada mais incrível.
Não vai ser fácil, mas é possível.

O início de tudo
Conheci a Quezia da maneira mais improvável possível. Eu
tinha 17 anos, morava em outro país e fazia faculdade. Fui
emancipado aos 15, então, desde novo, sempre fui
independente.
Aconteceu que meus pais faliram. Quando eu era criança, vi
agiotas entrando lá em casa, pegando os carros da minha família,
tirando tudo o que tínhamos. Vi o meu pai entrando em
depressão e, nesse momento, precisei assumir um papel de
mais maturidade para lidar com as questões em casa. Então,
com 15 anos, meus pais me emanciparam e comecei a assinar
pelas empresas. Com 17 anos, morando no exterior, recebi uma
notícia que, naquela época, encarei como péssima: meus pais
haviam se convertido, se tornado crentes.
Lembro quando eles disseram: “Filho, temos uma notícia
para você. Nós visitamos uma igreja e tivemos uma experiência
com Deus. Agora somos cristãos”. Eu respondi: “Pai, acho que
estão indo longe demais, mas vou continuar amando vocês,
claro. Cada um faz as suas escolhas”.
Talvez você seja assim ou conheça alguém assim. E se
alguém falar que algum dia você ainda vai virar crente? Você
falaria: “Deus me livre, tá repreendido”? Eu tinha muito
preconceito com a igreja e com os pastores.
Um dia, quando estava de férias da faculdade, visitando os
meus pais na casa de Cabo Frio, o meu pai falou: “Filho, tem
uma família de pastores que eu gostaria que você conhecesse.
Quero muito que eles orem por você”. Não gostei da ideia, mas
meu pai insistiu e, bem, a casa era dele. Então concordei em
ficar uns cinco minutos com eles.
Pouco depois entrou o pastor, seguido da esposa e das
filhas. Uma delas em especial chamou a minha atenção. Era
Quezia, uma menina de família cristã supertradicional, com vários
pastores na linhagem.
Aquele encontro mudou a nossa história. Naquela tarde, eu
parei para ouvir sobre Jesus com calma pela primeira vez. E
quando aquela família foi embora, eu confessei para a minha
mãe: “Gostei da família do pastor, inclusive da filha dele.
Consegue o MSN dela para mim?”.
Ela conseguiu e, então, Quezia e eu começamos a
conversar. O que me chamou atenção foi que ela era diferente
das outras meninas que eu já havia namorado. Havia uma luz
nela, algo totalmente novo para mim.
Passávamos horas conversando sobre diversos assuntos.
Um dia, ela me disse que tinha que parar a conversa porque
estava indo para o culto. Eu lhe pedi que não fosse, mas ela me
disse um sonoro “não”: o culto era prioridade. Em um ato de
coragem (e ousadia), lhe pedi o endereço da igreja e lá fui eu de
Cabo Frio para São Gonçalo. Entrei no ônibus, peguei uma
lotação, e até parei no bairro errado. Depois, precisei andar por
várias ruas em busca da igreja. Em determinado momento,
pensei: Será que estou fazendo a coisa certa? Será que eu não
estou muito empolgado? Eu estou indo para uma igreja
evangélica para encontrar com a filha de um pastor em São
Gonçalo!
No final da rua, vi uma Assembleia de Deus bem pequena.
Os homens vestiam terno e gravata na entrada da igreja e um
obreiro me recebeu. E, então, fiquei esperando por ela, que
chegou um pouco depois, toda linda, usando um vestido até o
tornozelo. Pensei: É ela!
E foi assim que assisti ao meu primeiro culto evangélico e
comecei a minha jornada de fé. O meu tempo de caminhada com
Jesus é o mesmo tempo que estou caminhando com Quezia.
Mas por que estou contando isso? Porque o meu
relacionamento com Quezia começou de uma maneira que tinha
tudo para dar errado. Mas não deu, pois fazia parte dos planos de
Deus.
E o primeiro princípio que queremos compartilhar é: quando
Deus tem uma palavra para você, mesmo que não faça sentido,
mesmo que isso seja algo que pareça impossível de acontecer,
mesmo que aos seus olhos tenha tudo para dar errado, Ele fará
acontecer aquilo que planejou para a sua vida. Deus sempre nos
surpreende.
Se você recebeu essa palavra, levante suas mãos. Isso,
levante agora, não importa onde você esteja lendo este livro. Em
Nome de Jesus, eu declaro que a sua casa será cercada por
surpresas de Deus e, ao longo da sua jornada, você verá Deus se
revelando para você, mesmo nos cenários mais improváveis.
Você O verá criando caminhos onde não existia nada, abrindo
portas que pareciam impossíveis de ultrapassar. Que esta leitura
seja o início de uma estação em que você verá Deus o
surpreendendo como nunca antes! Amém!

"Deus sempre tem o melhor para nós, maravilhas


que sequer ousamos imaginar. A Bíblia declara
que Ele tem pensamentos ao nosso respeito, que
Ele tem projetos ao nosso respeito que os nossos
olhos ainda não viram, que os nossos ouvidos
ainda não ouviram e que nem penetraram em
nosso coração.”

Pessoas são sementes


Depois que nos conhecemos, começou o processo. Eu,
Quezia, costumo falar que as pessoas são como sementes.
Primeiro, precisamos morrer para que então floresçamos em
nossa melhor versão, a versão que Deus reservou para cada um
de nós. E esse início de transformação não foi fácil. O André era
um menino problemático, bebia e fumava. Vivia tudo com muita
intensidade. E quando se lançou para Jesus, foi da mesma
maneira. Foi lindo acompanhar aquele primeiro amor dele.
André me fazia muitas perguntas, o que ativava a minha fé,
pois, como cresci em berço cristão, eu não questionava muitas
coisas. Ele me enchia de perguntas: “Por que isso? Por que
aquilo?”. Eu sabia que aquele era o caminho e eu não queria
experimentar outra coisa senão viver a vontade de Deus e
obedecer a Ele.
De certo modo, André foi o meu primeiro discípulo, a minha
primeira ovelha. As pessoas não nascem prontas – muito menos
nós mesmos e quem mais amamos. Precisamos estar ao lado
delas, vê-las desabrochar. E foi o que fiz com André. Permaneci
junto dele e vivenciamos lado a lado esse crescimento, afinal,
todos nós estamos sendo aperfeiçoados.

Busque conselhos com quem


é exemplo
Quezia e eu pregamos sobre o Deus que restaura, mas
sabemos o que as pessoas costumam passar durante o primeiro
ano de casamento. Nós passamos por essa dificuldade também,
de um se adaptar ao outro, de sermos um. Deus não nos
levantou para ministrar sobre esse tema à toa – temos
propriedade para falar dele.
Antes de ministrarmos a casais, pregávamos sobre fé, sobre
vencer desafios, sobre resiliência, sobre cura. Eram as
experiências pelas quais tínhamos testemunhado o agir de Deus.
Depois, quando tivemos nossos filhos, passamos a ministrar
sobre os desafios de ser pai ou mãe nos dias de hoje. Somos
pastores, e nosso propósito é levar a Palavra de Deus – e Seus
ótimos conselhos – para as pessoas.
E é disso de que você precisa. De bons conselhos no
momento certo. Então, busque-os com quem tem propriedade
para falar. Não escute uma amiga cujo casamento é bem
diferente daquele que você sonha para si. Nem aquela pessoa
que acabou de se divorciar e sente-se frustrada e não acredita
mais no amor; os conselhos delas serão pautados em fazer você
desistir. Às vezes, a pessoa nem fala por mal, simplesmente
acredita mesmo que está dando um ótimo conselho.
Só que, para dar certo, devemos parar de ouvir os ruídos e
algumas vozes ao nosso redor. Precisamos escutar quem tem
propriedade para falar. Se você quer saber sobre
empreendedorismo, busque um empreendedor de sucesso. Se
deseja entender mais sobre aviação, vá atrás de um piloto
competente.
Um dia desses, estava voando com um amigo que está
aprendendo a pilotar helicóptero. Ao lado dele, estava o seu
instrutor. Confesso que todas as vezes que meu amigo pegava
no manche, eu ficava bem ansioso. Mas todas as vezes que o
professor assumia o controle, eu me acalmava. Isso porque eu
sabia que o instrutor, piloto com muito mais experiência e
sabedoria naquela prática, sabia o que estava fazendo.
Há muitos conselhos por aí que estão sabotando
casamentos incríveis. Muitas opiniões da multidão que estão
colocando o projeto de Deus em xeque. Então, antes de começar
uma jornada a dois, o melhor conselho que posso dar para os
futuros casais é: busquem a Deus e as direções Dele para o seu
casamento.
Cerque-se de pessoas que têm vida. Busque orientação em
quem tem um casamento que você sonha ter. Busque com
quem está vivendo uma história que você idealiza. Busque
conselhos sobre criação de filhos com pessoas que criaram filhos
com os quais você gostaria que os seus fossem parecidos.
Nossos filhos são pequenos, a mais velha tem 9 anos. Eu
ainda não posso falar sobre criação de filhos, porque os meus
ainda não foram criados. Estamos no processo. Talvez quando
eles tiverem 17 ou 20 anos, Quezia e eu poderemos falar sobre o
assunto para outros pais. No entanto, hoje em dia, há jovens sem
filhos querendo dizer como devemos criar os nossos. Há pessoas
que não têm uma família estruturada querendo nos ensinar como
estruturar uma. Então, outra dica que quero lhe dar é: não dê
acesso a quem não tem potencial de lhe dar destino.
Agora, se você sabe do que está falando, se o seu
casamento é uma referência, seus filhos são incríveis, então eu
vou lhe dar acesso ao meu coração. Você vai ter voz para chegar
ao meu coração. É por isso que acreditamos na estrutura da
igreja como sendo um projeto de Deus. É uma edificação mútua.
O meu testemunho abençoa você, e o seu testemunho me
edifica em relação ao que eu vivi com Deus. Ele vai inspirar você,
e o que você está vivendo com Deus vai me inspirar também.

Ressuscitando seu
casamento
Você sabia que alguns milagres só aconteceram quando a
multidão saiu de cena? A Bíblia afirma que, quando Jesus se
aproximou de onde Lázaro jazia, morto, a multidão chorava. Todos
estavam desesperados. A irmã de Lázaro não acreditava mais no
milagre, estava frustrada. Tanto que, quando Jesus chegou, ela
descontou sua dor Nele: “Se você tivesse chegado mais cedo, o
meu irmão não teria morrido”.
Perceba: é Jesus quem está diante dela, o Verbo vivo, o
Filho de Deus, o único que poderia mudar a história. E, ainda
assim, ela acha que Jesus chegou atrasado. Há muitas pessoas
com este livro em mãos achando que não tem mais jeito, que já
passou do tempo. Mas garanto a você: Jesus está diante de
você dizendo que há tempo, que é possível, sim, restaurar algo
que está “morto”.
Seu casamento pode estar arranhado, você e sua esposa
talvez estejam feridos, mas, por mais que o almejado por vocês
enquanto casal pareça impossível de alcançar, saiba que Jesus
sempre pode mudar a sua história. Quando a irmã de Lázaro fala
pra Jesus que se Ele tivesse chegado antes, isso não teria
acontecido, ela “joga” Jesus no passado. Jesus então fala: “Não,
você não está entendendo, seu irmão vai ressuscitar. Não me
jogue no seu passado, nem me lance no seu futuro. Estou lhe
dizendo que ainda hoje o seu milagre vai acontecer”.
A Bíblia diz para trazer à memória aquilo que nos dá
esperança. Então, talvez alguns amigos digam que não tem jeito,
não vai acontecer, não vai prosperar. Seus filhos não vão chegar
lá, serão uma vergonha, e o seu casamento, frustrado. Ou então
será a sua sogra que lhe dirá essas coisas, ou um parente, ou até
você mesmo. Mas saiba que, para cada palavra contrária, nós
carregamos centenas de promessas de Deus em Jesus de que
somos abençoados, justificados e, em Jesus, somos mais do
que vencedores. Em Jesus, podemos todas as coisas. Em Jesus,
sempre há uma segunda chance.
Quando Jesus entra em cena, tudo se resolve. Ele entra em
meio a tempestades, surge no deserto, nas adversidades e
realiza o milagre. Pedi à minha esposa que falasse um pouco
sobre isso.

Não desanime nas crises


Em meio ao caos que era o início do meu casamento, eu
sempre dava um jeito e corria para o colo de Deus, sabe?
Sozinha, é impossível dar conta, mas com Ele podemos todas as
coisas. Em vez de questionar o André e começar a revidá-lo, eu
ia para o quarto, fechava a porta e me derramava diante do
Senhor.
Eu chorava e conversava com Deus: “Pai, o Senhor tem um
propósito para a nossa vida. Você já nos deu a Sua revelação,
mas o inimigo continua nos tentando por intermédio dos outros!”.
Escutei muito que havíamos casado muito cedo, que não daria
certo mesmo, pois eu já era cristã, mas ele não.
E o Senhor acalmava meu coração. E isso era uma semente.
Porque a Palavra diz que aquele que leva a preciosa semente
andando e chorando, voltará colhendo frutos. Voltará com alegria,
com seus feixes cheios. E hoje eu olho para nossa casa, para
nossa família e comemoro: Glória a Deus! Valeu a pena chorar no
colo de quem pode resolver!
Muitas vezes, nos lembramos de todo mundo, menos de
Deus. Ligamos para fulano ou beltrano, para alguém da família,
para um amigo. Mas a verdade é que eles não conseguem
resolver. Só o Pai consegue, pois Ele pode todas as coisas.
Não desanime com essas crises, pois é em meio a elas que
a nossa fé prospera. A fé prospera no desconforto.
O ambiente em que a fé se torna mais próspera é um em
que o natural se torna inviável. Vamos ser sinceros: quando o
natural é possível, você não precisa de fé. Você vai lá e faz; já a fé
move aquilo que é impossível, aquilo que é invisível, aquilo que
não dá para acreditar, aquilo que é inviável. A verdade é que o
sobrenatural entra em cena quando o natural se esgota, quando
não tem chance de acontecer.

"Você não tem o que precisa. Você tem pouco,


mas tem um sonho grande. Você tem uma família
em crise, mas Deus lhe deu promessas. Você está
passando um momento difícil. Mas você acredita
que vai romper? É nesse momento que o
sobrenatural entra em cena. A fé prospera no
desconforto, porque todo milagre nasce de um
problema.”

O milagre da mulher do fluxo de sangue só aconteceu


porque uma mulher sangrava havia anos. O milagre do paralítico
só aconteceu porque os amigos abriram o telhado para que ele
ficasse bem próximo de Jesus para ser curado. Em todos esses
momentos, apesar dos milagres incríveis, as pessoas passavam
por uma crise. Milagres estão envoltos em lágrimas, escassez,
dor, medo, preocupação.
Mas é nesse lugar que o sobrenatural entra em cena. A fé
prospera quando você está no meio de uma crise financeira,
quando não tem o que precisa. Você conhece uma faceta do
caráter de Deus? O Jeová Jireh é o Deus que provê. Tem
momentos em que conhecemos um pouco mais do Deus que
cura. Em outros, conhecemos um pouco mais do Deus que
protege.
O seu milagre é real
Quando esperávamos o nosso primeiro bebê, Quezia e eu
nos sentíamos felizes. Morávamos em uma casa de fundos.
Cecília veio cinco anos depois que nos casamos, quando
passávamos por uma crise financeira. Eu me lembro de que havia
quebrado e, sempre que precisava, mandava uma mensagem
para o meu pai. Por várias vezes, ele colocava um envelope com
dinheiro dentro na caixa de correio, pois não queria que eu me
sentisse humilhado por ter uma mulher grávida em casa e sequer
poder bancar nossas necessidades. Quando eu pegava o
envelope na caixa de correio, com ele havia sempre um bilhete:
“Eu te amo, acredito em você”.
A gente precisou depender plenamente de Deus nos
momentos mais sensíveis da nossa história. Quando a Quezia
entrou no sexto mês de gravidez, diante da pressão de tantos
desafios, ela desenvolveu um quadro de bipolaridade gestacional.
A minha esposa ficou irreconhecível, falando coisas sem sentido.
Comentei com meus pais e sogros, que me orientaram a
observá-la. Mas o quadro dela começou a piorar e decidimos
levá-la ao médico. E então veio o diagnóstico e o tratamento com
remédios controlados. A médica ainda disse que o transtorno
poderia perdurar após a gravidez e, se esse fosse o caso, Quezia
teria de continuar o tratamento pelo resto da vida.
Certa vez, conversando com ela sobre aquela situação toda,
eu chorei. E aquilo foi um gatilho para ela, que começou a delirar.
Então, liguei para a médica, que me orientou a agir e, assim,
Quezia ficou bem.
Em um casamento, há momentos em que o marido vai
sustentar e, em outros, será a vez da esposa. É por isso que é
melhor serem dois do que um. Quando um está cansado, o outro
anima. Quando um tropeça, o outro levanta. Quando um
desanima, o outro impulsiona. Tem momentos em que você vai
ser a base da sua casa para que o outro possa descansar. Tem
momentos em que você vai falar para o outro: “Eu preciso que
você segure as pontas porque eu estou mal e preciso de ajuda”.
Para nós, que cremos em Jesus, que temos uma fé cristã,
sabemos que Deus conhece o que estamos passando. O
salmista diz que nenhuma lágrima será esquecida. Então, repita
em alta voz: “Nenhuma lágrima será esquecida”. Fale também:
“Nenhuma crise será em vão. Todas vão me levar para o lugar de
milagres!”.
Na maternidade, quando Quezia segurou Cecília no colo, foi
curada. Nosso maior milagre aconteceu no momento de maior
festa e com o quartinho preparado, o enxoval pronto. Às vezes no
seu momento de maior expectativa para ver algo incrível, você
enfrentará uma grande adversidade. Então, esteja preparado. As
dificuldades não anunciam que estão vindo. Antes de chegarem,
você não vai receber um e-mail dizendo: “se prepare, pois daqui
a trinta dias está vindo uma onda, uma tempestade, um gigante”.
As dificuldades aparecem da noite para o dia. Do nada, surge
um desafio, uma má notícia, um problema, uma crise ou uma
porta fechada. Mas é nesse lugar que verá uma história com
Deus que vai marcar você para sempre. E pessoas marcam a
história. As nossas cicatrizes ferem a nossa estética, mas são
poderosas porque toda cicatriz aponta para o seu milagre.
Cicatrizes são como um memorial. Você vai olhar para a sua
família e constatar: “Quase me divorciei, mas hoje estamos
bem”. Ou então: “Quase sucumbi à depressão, mas hoje estou
bem. Estou de pé porque até aqui me ajudou o Senhor”. As suas
marcas vão lhe dar autoridade para ministrar sobre seus filhos,
para ministrar sobre outros casais.
Tem um provérbio oriental que diz: “Homens fortes criam
tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas
homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram
homens fortes”. Talvez você tenha vindo de uma família mais
humilde, e eu acho isso incrível, pois os tempos difíceis tornaram
você um homem forte, uma mulher forte. E essa é a certeza de
que, por mais que tudo esteja pronto para dar errado, você não
vai parar no meio do caminho. Você não vai desistir nem
retroceder.
Faça do Senhor o seu refúgio, a sua fortaleza, o seu socorro,
presente na hora da angústia. Se você buscar Nele o seu
socorro, a sua resposta, o que você precisa, tudo alcançará. Você
vai ouvir Deus falando com você: “Filho, já aconteceu o seu
milagre, ele é real”.
Depois do ocorrido, de sua doença e como reagi a ela,
Quezia sentiu muita vergonha. E se calou, não queria mais falar
sobre isso. Queria que eu contasse o testemunho.
Certa vez, quando voltei de uma ministração em São Paulo
(nós já éramos pastores), dei o testemunho de tudo o que
passamos durante a gestação. Após a pregação, fomos almoçar
com líderes de jovens e um deles confidenciou que sua mãe teve
também a mesma doença. E completou: “Diga para a sua
esposa que existe cura quando algo nos marca. Nós temos
autoridade e poder para liberar a cura”. E, a partir daquele
momento, o Senhor quebrou isso na vida dela. Quezia ficou livre
da vergonha de mostrar suas marcas.
O testemunho é fundamental. Apenas quando falamos há
um poder libertador agindo para que outras pessoas também
sejam libertadas e curadas. Aquilo foi uma chave que virou na
nossa vida.

Dependemos do socorro de
Deus
Os anos se passaram, e André continuou muito intenso; às
vezes, nem dormia. Queria estar na obra, implantar igrejas. Mas
aí veio a tempestade.
Um dia, durante uma pregação, ele teve febre e se sentiu
mal. Mas continuou, tínhamos que ministrar em mais uma igreja
ainda. Quando desceu do palco, ele me mostrou uma mancha
em suas mãos. Não sabíamos o que era.
Fomos dali para o hospital, onde ele fez alguns exames e
recebeu o diagnóstico de infecção. Faltavam os resultados de
alguns exames, mas como seu quadro parecia estável, nos
mandaram para casa. Três dias depois, porém, recebemos a
seguinte notícia do médico: “Pastor, você está com uma
endocardite bacteriana, que está tomando o seu coração. É uma
doença grave, o índice de mortalidade é de um para três. Se não
for internado agora, você tem grandes chances de morrer”.
Para mim, um pouco antes de sairmos, o médico me disse
em reservado: “Você precisa ser forte, Quezia. Você tem que
sustentar agora”. Tomei aquela palavra e falei com o meu Deus:
“Pai, agora eu e você”. Naquele momento, experimentei que a fé
prospera no desconforto.
Após passar cinco dias no CTI, André foi para o quarto, onde
ficou internado por mais trinta dias. Durante esse período de
recuperação, ele escreveu seu livro.7 Eu falava: “André, você tem
que descansar!”. Mas ele tinha um sonho, uma meta, um
propósito.
E, então, chegou o dia da alta, completamente curado. O
milagre acontecera.
As crises nem sempre transformam nosso caráter, mas toda
crise revela o caráter. Nesses momentos percebemos o quanto
dependemos do socorro de Deus.

Um novo tempo
Até aqui temos vencido todas as adversidades e saído
sempre mais fortes delas. Hoje, usamos essa experiência com
autoridade para curar pessoas, liberar palavras de cura. Nas lives
que fiz durante a pandemia da covid-19 (algumas com público de
20 mil pessoas), testemunhei a cura de várias pessoas. Recebi
centenas de relatos do tipo “Pastor, eu acabei de ser curado! A
minha perna, que não se movimentava mais, começou a se
mexer!”.
A verdade é que, ao viver um milagre de cura, você tem
propriedade para liberar milagres de cura. Ao viver o milagre da
restauração, você tem propriedade para liberar milagres de
restauração. Ao viver o milagre financeiro, você tem propriedade
para ministrar milagres financeiros.
Neste momento, sinto em meu coração o desejo de
ministrar que nenhuma crise que você enfrentou no seu
casamento foi em vão. Deus usará você para abençoar pessoas,
para dar o conselho certo na hora certa; Ele vai usá-lo com
sabedoria. Deus vai usar a sua casa com autoridade. Deus tem
um projeto incrível para você. Ele quer que você tenha uma vida
boa, um bom carro e more em um bom lugar. Mas isso não é o
principal. O mais importante é que você transborde o agir de
Deus em sua vida, pois, quanto mais abençoado você for, mais
poderá abençoar as pessoas ao redor. Elas vão se inspirar por
aquilo que você transborda.
Em 2019, quando estávamos em Israel para uma viagem,
uma senhora que eu não conhecia sentou-se do meu lado e
disse que tinha uma palavra do Senhor para mim. Aceitei, pois
quando as palavras são de fato de Deus, elas libertam o destino,
nos sustentam em meio a uma crise. Essa pessoa, usada pelo
Espírito Santo, me disse que Quezia e eu teríamos mais dois
bebês naquele ano, um menino e uma menina. A senhora até
disse as características deles!
Do parto do menino, saímos com a seguinte sentença do
médico: “Quezia não poderá ter mais filhos”. Em nosso íntimo,
porém, repreendemos aquelas palavras, pois nós já tínhamos
uma que viera do Médico dos médicos. Ainda teríamos mais um
bebê, uma menina. Era essa a promessa do Senhor para a nossa
família.
Tempos depois, Quezia engravidou novamente, e, quando a
nossa menininha nasceu, rejubilamos! A palavra de Deus havia
se cumprido para a honra e glória Dele!
Não coloque um ponto-final onde o Autor da vida continua
escrevendo. Se não é o que Deus que lhe prometeu, é porque
ainda não é o final da história. Ainda tem mais de Deus. O
desenrolar de Deus, o descortinar de Deus, sempre marca
recomeço. Se está difícil, Ele pode recomeçar. Se está quebrado,
Ele pode reconstruir.
Tenha paciência. Não fique ansioso para que o processo
acabe logo. Agarre-se à verdade de que o tempo da promessa é
ainda maior e melhor que o do caminho. E quando o momento
chegar, você desfrutará em sua plenitude.
Uma palavra de Deus é mais poderosa do que qualquer
palavra. Uma promessa de Deus é mais poderosa do que
qualquer especulação contrária. Muitas vezes, as pessoas dizem
o contrário. Nesses casos, precisamos nos agarrar às promessas
Daquele que tudo sabe, Daquele que tem um propósito para a
nossa vida.
Crises nunca deixarão de existir. Mas se você permitir o
acesso de Deus à sua vida, em todos os desafios Ele estará com
você, vencendo ao seu lado.
A Bíblia relata que, em uma certa ocasião, os discípulos de
Jesus estavam em alto-mar, desesperados, com medo de
morrer, em meio a uma tempestade. E, de repente, tudo se
acalmou. Jesus veio andando sobre as águas e mudou a história.
Nas Escrituras, lemos que Deus libertou o Seu povo da
escravidão do Egito. Durante os anos em que caminharam pelo
deserto, quando sentiam fome, Deus mandava pão dos céus;
quando tinham sede, Deus fazia água brotar do meio de uma
rocha; quando eles tinham frio, a glória de Deus se revelava com
uma coluna de fogo; quando eles tinham calor, a glória de Deus
se movia como uma nuvem. Nada lhes faltou. Sempre que Deus
entrava em cena, tudo mudava.
E Ele pode fazer o mesmo com a sua história.
Deus pode transformar o seu casamento hoje. Acredite, Ele
pode liberar o seu destino hoje. Deus pode liberar o destino
profético dos seus filhos hoje. Libere você também palavras de
vida sobre seus filhos. “Filho, eu o abençoo. Você será como
uma flecha liberada sobre as nações. Você vai aonde papai não
foi. Você viverá o que papai não viveu. Você verá cada promessa
se cumprir. Filho, você é uma bênção.”
Profetize sobre a sua casa, fale em alta voz: “A minha casa
vai ser chamada de lugar de oração. A minha casa vai ser
conhecida como lugar de paz”. E assim será, em Nome de Jesus!

NA PRÁTICA

Lembre-se porque você escolheu o seu marido ou esposa!


Relações passam por altos e baixos, e como demonstrado neste
capítulo, é no desconforto e nas convicções que qualquer pessoa
avança e se torna mais forte e preparado para enfrentar os
desafios da relação e da vida. Por isso, nunca se esqueça dos
motivos que o fizeram querer construir uma vida a dois com essa
pessoa. Que tal escrever só para lembrar e mostrar a você o
quantos todas essas qualidades são admiráveis e que, se algo não
estiver bom no momento em sua casa, pode se restaurar a partir
desse reconhecimento e valorização. Olhe para o lado com
admiração!

6 LEMOS, V. op. cit.

7 FERNANDES, A. A resposta que você precisa. São Paulo: Quatro Ventos, 2020.
capítulo 4
REVEJA SEU
COMPORTAMENTO

por Pastor Cláudio Duarte e Mary Duarte

Em Josué 24:1-28,8 após muitas batalhas e vitórias,


Josué reuniu todos e entregou o recado de Deus para
aquele povo que o Senhor tirou do Egito. Eles
começaram a servir outros deuses mesmo depois de
todas as provas do amor de Deus para com eles.
Josué não podia acreditar que aquele povo estava
adorando outros senhores depois que Deus os havia
guardado de todo mal e dado tantas vitórias pelo
caminho. Após aquilo que Deus havia ordenado,
aquele povo se deu conta do que estavam fazendo e
confessaram que só renderiam adoração a Deus.
Ao mesmo exemplo, você e sua casa devem servir de
todo coração a Deus Altíssimo, pois Ele guarda sua
casa e cuida da sua família desde muito antes de ela
acontecer. Além disso, esse cuidado percorre
gerações. Todo conteúdo ou mensagem que
recebemos precisa ser absorvido e, depois,
transformado em comportamento, pois são nossas
crenças, nossos pensamentos e nossos sentimentos,
espelhados em nossas ações, que nos guiam por um
caminho melhor. É sobre esse desafio que eu e minha
esposa, Mary Duarte, falaremos neste capítulo.
Liberte-se do passado
Quando escuto o nome “Pastor Cláudio Duarte” ainda soa
diferente para mim, porque eu conheci o Claudinho e,
infelizmente, não vi o processo dele de crescimento. Não, não
vivíamos bem. Eu, Mary, não vivia bem. Mas, para começar,
preciso dizer que se houvesse a possibilidade de ter uma
máquina ou cápsula do tempo, eu mandaria uma mensagem
para mim mesma dizendo: “Procure ajuda o mais rápido
possível, porque você viverá dias incríveis, dias com os quais
jamais sonhou, dias em que vai acordar e se beliscar
perguntando se isso é real. Você vai sair de Xerém, vai
conhecer pessoas. Você terá a oportunidade de dividir palco
com pessoas que vai olhar e falar: ‘Senhor, eu não sou
merecedora’”. Realmente, nós não somos merecedores. Mas
existe um Deus que é real. E Ele muda a história de cada um
dos que não ficam teimando em não mudar de estação.
Por muitos anos, eu passei por uma estação que foi o
inverno. Eu replicava o inverno na minha vida o tempo todo, e
isso trouxe consequências. Uma delas foi que eu não
acompanhei o Claudinho se tornando o Cláudio Duarte. Eu não
o vi avançar na vida porque estava imersa em problemas
pessoais que me tiravam o foco de qualquer outro fator que
não eu mesma.
A verdade é que eu me autossabotava o tempo todo. Eu
achava que não era merecedora de estar nos lugares com ele,
que as pessoas não gostavam de mim, que eu era feia, que eu
era esquisita. E esse inverno se estendeu até o momento em
que não aguentei mais e decidi dizer confrontar tudo isso.
Minha primeira atitude foi me aproximar das pessoas. Pensei:
Deus me criou para criar conexões, estar no meio de pessoas,
usufruir de tudo isso.
Uma coisa eu tenho entendido: carreira solo não é para
nós. O Senhor nos chamou para estar em movimento. O
Senhor nos chamou para dividir, compartilhar informações que
vão mudar a nossa história. E, hoje, posso afirmar que eu vejo
o meu marido. Eu realmente olho para a vida dele e a enxergo
e acompanho.
Meu marido tinha tudo para ser uma pessoa mal-
humorada, pessimista, triste. Meu sogro se casou oito vezes.
Claudinho foi “pulando” de família em família e, é claro, isso
não foi agradável para ele. Quando tinha de 9 para 10 anos, sua
mãe decidiu não querer mais viver. E ele recebeu uma
mensagem sobre o que a mãe havia feito. Ela não morreu
(como desejava) com essa ação, mas ainda assim o que
aconteceu deixou marcas no filho. Durante anos, o Claudinho
disse para si mesmo que não queria se casar, provavelmente o
subconsciente dele fixou a ideia de que se casar fosse tão
bom, a mãe não teria tentado tirar a própria vida.
Mas o tempo passou, e a vida é uma escola. Nela,
resiliência é uma matéria que você mais vai precisar estudar,
pois ela reprova – inclusive, há muitas pessoas sendo
reprovadas. Então, convido você a olhar para tudo o que
passou na sua vida e dizer: “Passou! Está doendo. Estou
empoeirado pela queda, mas ‘vida que segue’”.
Casei buscando a felicidade no casamento. Mas, depois
de me casar, descobri que aquilo não me bastava. Eu precisava
de algo a mais. E o que é esse algo a mais? Um filho? Fui ver
se era isso. Quando decidi engravidar, parei de tomar
anticoncepcional e até conversei com Deus sobre como queria
que fossem os meus filhos. Recebi duas bênçãos: Caio e
Filipe. Mas percebi que ainda me faltava algo.
E por quê? Porque eu não me desprendia do passado.
Por conta dessa atitude, não seguia em frente. A questão
é que é preciso resolver coisas que estão no passado, libertar-
se delas, para conseguir investir no seu futuro. E uma das
coisas que admiro no meu marido é isso. Ele consegue, de
uma situação passada ruim, tirar uma lição, ressignificar aquele
acontecimento e pensar olhando para a frente. Eu não
conseguia fazer o mesmo. Eu vivia no presente com a cabeça
no passado. Meu futuro não recebia informações. Não recebia
mensagens para que ele mudasse. E assim a estação nunca
mudava.
Acredito que algumas pessoas que estão lendo este livro
também estejam em busca de algo que nem sabem
exatamente o que é. Para mudar isso, é preciso se
autoanalisar. Disposição será importante nessa trajetória.
Precisamos fazer como aquela mulher na Bíblia que perdeu
uma dracma e teve que arrumar toda a casa para encontrar a
moeda. É esse olhar, essa procura, que devemos ter em nosso
íntimo.
Aqui, peço licença no relato da Mary para que eu, Cláudio,
possa fazer um complemento. Para mim também não foi fácil
olhar para o passado. Minha mãe teve um estreitamento de
esôfago e não podia mais se alimentar por via oral, apenas por
sonda. Um dia, ela me disse: “Deus não me fez assim. Então,
a partir de hoje, eu não como enquanto Deus não me curar”. O
que ela ainda não havia entendido é que toda ação gera
consequências, e que, por falta de conhecimento, infelizmente,
ela se prejudicou profundamente. A Bíblia, porém, é bem clara.
Ela diz que o que homem fizer e plantar, é isso que ele vai
colher (Gálatas 1:6-7). Sofremos muitas coisas por falta de
conhecimento e porque não estamos trabalhando para mudar
de vida, para crescer espiritualmente e como pessoa. No
desespero, às vezes tomamos as piores decisões e muitas
delas podem ser irreversíveis. Por isso, o quanto antes você
colocar em prática os ensinamentos e a Palavra, maiores as
chances de evitar erros dos quais vai se arrepender pelo resto
da vida.
Minha mãe se tornou muito agressiva, e isso respingou
em mim. Também me transformei em uma pessoa colérica. Eu
era agressivo com minha esposa, com meus filhos, comigo
mesmo. É aquela máxima: pessoas feridas ferem, gerando
mais e mais sofrimento. Mas eu creio que Deus quebra esses
ciclos, e o milagre ocorre. Deus derrama um bálsamo sobre a
vida dos Seus filhos e lhes dá entendimento para que
compreendam os desafios.

"Pare de repetir o ciclo que Deus já lhe mostrou


como encerrado. Passe para o próximo! Se você
continuar insistindo em ciclos obsoletos, não
conseguirá informações para o seu futuro, para
que ele seja melhor. Deus tem planos de paz. Ele
pensa bem a nosso respeito. Ele não quer o
nosso mal. Nós, com as nossas atitudes erradas,
que tornamos tudo mais difícil e inacessível.”

Deus nos escolheu para passar por determinada


adversidade por um motivo. Somos fortes. Temos autoridade
para vencer os gigantes. O que precisamos fazer é acessar
esse poder que está em nosso íntimo.
PARA FIXAR
E REFLETIR

Vale o destaque:
O estudo da evolução do comportamento é tão antigo
quanto o próprio darwinismo;
Darwin enfrentou esse problema em Origem das espécies,
A descendência do homem e A expressão das emoções no
homem e nos animais;
Na década de 1930, Konrad Lorenz, Niko Tinbergen e Karl
von Frisch fundam a Etologia;
O estudo evolutivo do comportamento não se reduz aos
mecanismos do comportamento, mas, sobretudo, estuda
sua função adaptativa e seu desenvolvimento filogenético;
Do ponto de vista da biologia evolutiva, as características
comportamentais são como qualquer outra classe de
caracteres. Os comportamentos exibem variações
genéticas e não genéticas, diferenças entre populações e
espécies;
Os comportamentos são sujeitos a evolução por seleção
natural.
Fonte: http://labs.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/coevol/aula11comport.html

Perdoe a si mesmo
A falta de perdão não nos permite avançar na vida. Muitas
vezes, ficamos paralisados em um mesmo lugar de sofrimento
porque não liberamos o perdão para outra pessoa ou para nós
mesmos. Sei que é difícil, mas é necessário. Foi um longo
caminho até eu perdoar a mim mesma por não ter visto a
evolução do meu marido, por não ter celebrado as vitórias com
ele.
Eu me sentia a verdadeira Mical. Davi era um homem
segundo o coração de Deus, e eu acredito que Mical seria uma
mulher segundo o coração de Deus se ela não tivesse
sabotado tudo. Ela viu o marido ir embora e ficou ali na janela,
apenas olhando. Depois, ela o viu celebrando e continuou na
janela, apenas olhando. Era uma mulher que sofria da
síndrome da janela. Infelizmente, acredito que muitos estejam
agindo como Mical. Estão na janela olhando a vida passar
quando a própria família está se enfraquecendo.
Nosso olhar precisa se voltar para o passado, para
descobrirmos e sentirmos as dores daquela época, a fim de
olhar para o futuro com a certeza de que a última palavra quem
dá é o Senhor. E Ele vai dar mediante a minha atitude, sou eu
quem a define, a responsabilidade é minha. Algumas pessoas
costumam colocar toda a culpa no diabo, mas ele é
simplesmente um aproveitador. Você decide o que vai fazer.
Você decide ser gentil, você decide economizar, você decide
buscar conhecimento. Você decide o que vai fazer com cada
palavra.
Sou o exemplo vivo disso. Foi isso que fiz na minha vida.
Caí várias vezes, e em todas me levantei. E hoje estou aqui
dividindo a vida, o capítulo, o palco, com esse homem por
quem eu tenho enorme admiração e respeito: meu marido.
Você não está casado com a
pessoa errada
Mary me passa o bastão agora para continuarmos a nossa
jornada. Já deu para notar que nosso casamento é como o de
todos os outros casais. Nem todo dia é bonito, nem sempre
vamos pegar o microfone para elogiar o outro. Mas viver com o
mérito é complicado, porque viver com outra pessoa é
desafiador e é preciso humanizar o seu relacionamento
primeiro para entender que você não está casado com a
pessoa errada – até porque todo mundo é certo.
Entenda: você não está casado com a pessoa errada. E
isso não quer dizer que, nesse caso, você é a pessoa errada.
Quero dizer que, na maioria das vezes, você está agindo de
maneira errada ao lado da pessoa certa, porque é desafiador
conviver com o outro, assim como para ele é desafiador fazer o
mesmo com você. Somos indivíduos únicos, com questões
únicas, mas quando escolhemos alguém para andar ao nosso
lado, é pelos motivos certos daquela pessoa; os outros
motivos, das ações erradas que incomodam, podem ser
revisados e consertados. Às vezes, o outro é apenas uma
pessoa dispersa, e vou ilustrar isso com um exemplo: uma
mulher olhou para o filho de 5 anos e começou a estranhar que
o menino não tinha as feições dela, nem as do marido. Então,
às escondidas, foi lá fazer um teste de DNA no garoto e
descobriu que o menino não era filho biológico deles.
Consternada, ela ligou para o marido: “Meu amor, descobri
algo surreal. Esse menino não é meu filho, nem seu”. E ele
disse: “Mulher, você é muito esquecida. Você não lembra?
Quando estávamos saindo da maternidade o bebê se sujou e
você falou ‘vai lá e troca o menino’. Eu fui lá, deixei o menino
sujo e peguei o limpinho”.
Na verdade, precisamos ter cuidado, pois muitas pessoas
são desatentas e se perdem no meio de uma comunicação
que, para o outro, estava certa. Mas é isso que a vida faz de
especial: aproxima pessoas diferentes. Isso é uma
especialidade da vida. Por isso que muitas vezes a pessoa
proativa é casada com alguém que “está de boa com tudo”. A
vida tem uma mensagem para os dois. Até quando vão viver
juntos? Só a maturidade é que pode dizer. Então, quanto mais
rápido se aprende isso, maiores são as chances de o
relacionamento dar certo.
Quando se está solteiro, você está no lugar mais
importante da sua vida, pois tem a oportunidade de encontrar,
analisar, conhecer e escolher a pessoa com quem vai se casar
e compartilhar a vida. Mas é preciso tomar alguns cuidados e
vou citá-los a seguir.
Primeiro, consulte seus hormônios. Saia fora de alguém
cheio de dinheiro e com quem seus hormônios não estão nem
aí. Nunca se case com alguém que não desperta tesão em
você, porque ele não virá depois; na verdade, ele costuma ir
embora e você tem que ficar gritando para que volte.
Outra coisa, se puder, case-se com alguém que professe a
mesma fé que a sua. Não é garantia de sucesso, mas ajuda
bastante. Pelo menos se entende e pensa como alguém que
acredita em Deus, no poder do Espírito Santo.
Recomendo também dar uma olhada na família, ver como
essa pessoa foi criada. O que ela sabe a respeito de deveres
conjugais? Você cresceu em um ambiente camarada, proativo
e, em casa, se relaciona com alguém que tem dificuldade de
acender um fósforo? Não pode, claramente vai causar
problemas. É a mulher ou homem que vai cozinhar? Quem vai
definir isso são os acordos entre o casal antes do casamento.
Sem dúvida, um dos relacionamentos mais desafiadores
que existe na vida é o estado conjugal. Por quê? Porque
homem e mulher são muito diferentes, por natureza e também
por criação. Quer um exemplo? Imagine três casais amigos
passeando pelo shopping. De repente, uma das mulheres diz
que precisa ir ao banheiro. Nesse momento é comum que
todas resolvam ir junto, sabe-se lá por que, mas as mulheres
costumam ir em grupo. Já os homens, até nesse momento
gostam de contar vantagem, fazer uma piada ou dar indicações
de algo que não é lá verdade, principalmente quando próximos
de amigos. Se um dos homens do grupo resolvesse ir ao
banheiro, ele provavelmente faria graça com alguma frase
como “Vou levar o gigante para chorar” e, acredite, ele não
seria acompanhado pelos amigos. Nós agimos e pensamos
diferente, isso não anula os sentimentos mútuos, mas pode
criar ruídos no relacionamento que, por falta de maturidade e
compreensão de que as pessoas são indivíduos únicos, podem
gerar problemas maiores.
Não é difícil conversar com o sexo oposto? As mulheres
costumam ser mais abertas com seus sentimentos e buscam
ser ouvidas, enquanto os homens, em sua maioria, preferem
não tocar em determinados assuntos, passando a impressão
de não estarem interessados, enquanto, na maioria das vezes,
os dois apenas estão abordando de maneira diferente algo que
ambos desejam resolver. E esse ruído pode trazer mais
problemas do que soluções, afinal os dois acabam
incompreendidos. Percebe as diferenças que estou trazendo
para mostrar o que quero dizer? No diálogo, elas precisam de
olhar e isso é maravilhoso. O homem conversa sem que o
outro saiba que está prestando atenção.
Na maioria das vezes, não tem nada de errado no seu
casamento. A questão é que você precisa aprender primeiro a
conversar com a fêmea e a conversar com o macho. Saber
como eles conversam, como interagem, entender o que é
importante para o outro.
Uma das coisas que eu mais vejo hoje e que mexem com
os casais são os conflitos de interesses. Se tem mais de um
interesse, o que fazer? Atenda todos e chegue a um acordo
mútuo. Por quê? Porque é importante. Se você não lutar pelo
seu interesse, é só uma questão de tempo. Alguém vai
descobrir que você não existe mais e que alguém o sufocou.
Por outro lado, se você lutar pelos seus interesses todos os
dias, vai virar um chato e ninguém conseguirá conviver ao seu
lado. Se você pensa que o mundo gira ao seu redor, vá ao
médico, porque é labirintite. É preciso alternar para dar certo.
E só precisamos de duas coisas: paciência e beleza. Se
está tudo bem, beleza; e se não está, paciência. Às vezes, eu
vou até o meu filho e pergunto se ele quer jantar. Ele pode
dizer sim ou não. Além disso, se um quer comer hambúrguer e
o outro comida japonesa, um precisa ceder e acompanhar o
outro com as suas preferências e escolhas, sempre que
possível.
Se você alternar, tudo fica mais fácil. Aprenda: conflitos de
interesses precisam ser solucionados. Tem dia que não dá para
ter razão. Então, o que você faz? Seja feliz.

Esteja preparado para as


mudanças que vão
acontecer
Quando você vai ficando velho, o negócio piora. Não dá
para ficar casado com uma pessoa só por muito tempo. “Ué,
como é que é isso?” É que, ao longo do tempo, as pessoas
vão mudando e sofrendo influências – por exemplo, de
hormônios. Inevitavelmente pessoas vão mudar com a idade e
uma série de outros fatores ou variáveis vão mudar também.
Um tempo atrás, Mary estava atravessando a menopausa. De
repente, a coberta que a vida toda foi presente na nossa cama
sumiu. Estávamos no Rio de Janeiro, então pensei logo em
assalto. O ar-condicionado estava ligado, temperatura no 17°C
e a coberta sumiu assim? Olhei para o lado e ela estava
reclamando do calor. Eu não entendi nada, mas ela estava
passando por um processo de mudança que mexe muito com
as mulheres física, emocional e psicologicamente.
Às vezes a gente fica mais ranzinza ou o homem que não
roncava passa a roncar tão alto que a mulher precisa comprar
um abafador para dormir ao lado dele. E você tem que
aprender a lidar com essas coisas, ajustar esses conflitos de
interesses. Mas fica o aviso: cuidado para não pegar interesse
dos outros ou de segundo ou terceiros e trazer como primário.
Certa vez, eu vi a Mary saindo uns cinco minutos antes de
o culto acabar. Pensei: Foi para o gabinete, talvez esteja com
dor de cabeça. Então, alguém me perguntou onde estava a
pastora e eu respondi que no gabinete, mas descobri que ela
tinha ido embora. Só que há um protocolo combinado, no qual
a gente sai junto. Falei: “Acho que foi adiantar o jantar”. Eu não
ia me mostrar desinformado diante de todos, né?
Mas fiquei uma fera, afinal havia o combinado. Cheguei
em casa, subi as escadas, olhei para ela deitada no sofá e
disse: “Querida, você avisou a quem que iria embora mais
cedo? Ninguém me informou”. Ela respondeu: “Ninguém”.
Quando ela falou, eu já saí de perto, porque aquilo me deixou
bravo e eu sabia que era melhor eu me distanciar. Eu não
compreendi o motivo de ela sair mais cedo; às vezes ela
precisou, mas também fiquei chateado de não ter sido avisado.
Porém, quando todos seguem um combinado determinado, a
gente evita essas coisas.
São 31 anos juntos, então a gente aprende a interpretar as
bandeiras vermelhas. Às vezes, eu chego em casa e ela está
de cara feia. Eu nem me aproximo porque a Bíblia diz para
fugirmos da aparência do mal. Eu já a conheço e ela também
me conhece, sabe quando as coisas não estão boas. Afinal,
nós temos uma afinidade muito grande. E quando eu estou lá
no quarto e escuto uma voz suave que me diz: “Amor, quer
comer alguma coisa?”, a minha inteligência emocional me diz
assim: “Ela está pedindo perdão, Cláudio”. E por que não
perdoar? Quando você começa a entender o modelo da
pessoa, as coisas ficam mais fáceis.
Quantas mulheres gostariam de ganhar flores três vezes
por ano? Proteção faz exceção. Agora, quantos homens foram
treinados em lares em que o avô mandava flores para a avó, o
tio para a tia, e o pai para a mãe?
Você levaria seu carro de luxo para o médico consertar?
Não, porque não é a especialidade dele. Você procura
ambientes que tenham credibilidade e nos quais se sinta
seguro. Quando você ganha uma grande soma de dinheiro, vai
procurar um bom especialista na área financeira para investir,
certo? E por que quando o assunto é o seu casamento, você
pede conselho a qualquer um? Tem a ver com o nível de
importância que você dá ao seu relacionamento? Por causa do
nível de importância que você dá, mesmo de modo
inconsciente, acaba não valorizando seu casamento.
Sou convertido há 32 anos, há vinte busco ajudar pessoas
e, acredite, mais de 80% das pessoas que se divorciam e se
casam de novo, mais maduros, me dizem: “Pastor, posso ser
franco com o senhor? Se eu tivesse a maturidade que tenho
hoje, meu casamento anterior não teria acabado. Não estou
reclamando do atual, mas digo para o senhor que, se eu
tivesse a habilidade que tenho hoje, o anterior ainda estava de
pé”.
Por isso, a mensagem que deixo aqui hoje é esta:
fortaleça você primeiramente, respeite e entenda as diferenças
entre vocês dois, seja flexível. Esse é caminho para quem
deseja valorizar e priorizar o casamento.

"Há um propósito em melhorar a vida das


pessoas. Deus não tem problema nenhum com
crescimento e enriquecimento individual
também. Mas o corpo de Deus sempre é
coletivo, é sempre o povo, o reino, a Igreja. Não
prometa nada que você não possa cumprir. Que
possamos aproximar pessoas, aproximar casais
e fortalecer famílias. Que os nossos lares sejam
moradas do Espírito Santo, que Deus abençoe
aqueles que estão em busca de um
relacionamento e que eles consigam atingir seu
propósito com sucesso.”

8 LEMOS, V. op. cit.


capítulo 5
NÃO FUJA DE CONVERSAS
DIFÍCEIS

por Joel Jota e Lalas Cieslak

Quando o versículo Atos 16:319 diz que você e sua casa


serão salvos, isto está condicionado à sua fé e ao
quanto você crê em Jesus Cristo. Sua família precisa
confiar plenamente em Jesus, pois Ele é o único
caminho para a salvação. Então, ensine isso aos seus
filhos desde o ventre, para que a alma deles saiba que
há um propósito para ser vivido e que Deus cuidará de
todo o resto.
J
oel e eu, Lalas, estamos aqui hoje para falar de vida real, sem
pintar uma vida perfeita que em boa parte das vezes é
falsa. Vamos intercalar relatos para apresentar a você a
nossa experiência de vida conjugal. Somos pais de três
filhos e eu estou há cinco anos usando a fila preferencial porque
faz cinco anos consecutivos que eu amamento.
Juntos, criamos a quarta do chamego. Desde quando
namorávamos, estabelecemos que todas as quartas-feiras
iríamos sair sem celular para aproveitar, nada de falar de trabalho.
Era para ter um momento só nós dois e para que a gente não
falasse só de trabalho – até porque trabalhamos juntos.
Apesar dos hobbies, normalmente saímos para comer. Às
vezes, vamos ao cinema, mas o objetivo é que tenhamos um
tempo para conversar sobre a vida, os sonhos e também sobre
nós, nossos filhos, nossa família. Como disse, no início, não
levávamos celular. Mas aí, quando os meninos nasceram, a
gente percebeu que isso não seria possível.
Na prática, sabemos o quanto esse dia é importante para
nós dois. Mas, na vida real, que é sobre a qual viemos falar aqui,
vira e mexe nos esquecemos da quarta do chamego. E por que
isso acontece? Porque o trabalho consome a nossa mente.
Então, a quarta do chamego não é uma coisa tão poética
como pode parecer. A gente criou para proteger a nós mesmos,
já que somos workaholics. Se um não lembra o outro,
debandamos fácil para o trabalho e esquecemos.
Crescemos mais ainda como casal com a chegada dos
nossos filhos. Na nossa casa, temos uma máxima: os nossos
filhos não estão em primeiro lugar. Vejo muitos pais colocando
os filhos no topo, mas lá em casa não é assim. Meu filho
depende de mim. Quem está em primeiro lugar é a nossa
família. Os meus filhos fazem parte da família, mas não são a
família. Família é um conjunto: eu, meu esposo e eles. E eles,
quando crescerem, vão seguir suas escolhas e ir embora, é
natural. Esses casais que colocam os filhos em primeiro lugar,
quinze anos depois, olham um para o outro e se perguntam
como foi que se perderam. E só então se dão conta de que
podem sair juntos, viajar sem as crianças. O ponto é: é possível
recuperar esse tempo e essas trocas?

Cuide da sua esposa


A mulher, quando descobre que está grávida,
imediatamente vira mãe. Os homens não viram pai logo de cara.
Falam sempre que a ficha vai cair depois. No meu caso, me
falaram que isso aconteceria quando o meu filho nascesse. E aí
eu fiquei esperando o João nascer. Mas, então, depois de um
parto natural que não tem nada de bonito, peguei o meu menino
no colo e pensei: Ué, cadê a ficha? A ficha é muito diferente para
o homem.
A conexão que eu esperava ter não aconteceu de imediato,
como a gente sabe que ocorre com a maioria das mulheres
antes mesmo de ver o filho, ainda na gestação. Essa diferença é
um fato, não é preciso se sentir culpado ou romantizar o que
dificilmente vai acontecer. Eu sou sócio da minha esposa: eu
mando em tudo e ela manda em mim. Eu sou a cabeça da
relação. Ela é o pescoço da relação e é assim que as coisas são,
eu reconheço. E eu reconheço isso numa boa, com
tranquilidade. Mulheres são melhores do que homens. Elas
simplesmente são melhores. Se eu não tivesse uma esposa, não
daria conta de tudo.
Os filhos estão em primeiro lugar? Para mim, não. Eu
entendi que, quando a mulher engravida, você não precisa
pensar na criança. A mãe já pensa e você precisa pensar na mãe.
Então, em alguns momentos, a mãe deve estar em primeiro
lugar.
É bem mais difícil para a mulher. Tem um hormônio no corpo
delas chamado prolactina, que é responsável pela produção de
leite. E esse hormônio influencia a libido, que desmorona. A
mulher fica sem vontade de fazer sexo. O homem se esconde,
espera, preserva a mulher no primeiro filho. Não é para menos:
além de a prolactina estar nas alturas, o sono fica todo
desregulado, os hormônios ficam doidos e a criança lá, firme e
forte, sugando o peito e drenando a energia física, emocional e
espiritual da mulher. É uma loucura.
Você acha que o índice de divórcio durante o primeiro ano de
vida do filho é alto ou baixo? É alto e por dois motivos. Primeiro,
tem a ver com a fisiologia do corpo da mulher. Segundo, com
falta de conhecimento. Então, sugiro que, se estiver pensando
em ter outro filho, faça um contrato do tipo: “Não vamos nos
separar no primeiro ano”. E se você vir um casal passando por
isso, não se deixe influenciar.
Mulheres passam por muita coisa, em especial quando se
tornam mães. É por isso que digo: “Homens, por favor, cuidem
da sua esposa. Não cuidem só da criança”.
Quando tivemos nosso segundo filho, revezávamos quem
dormia com quem. Eu ficava com o mais velho e a Lalas, com o
recém-nascido, Joaquim. Naquela época, eu estava treinando
para o Ironman. Eram três horas de treino por dia durante a
semana e seis horas nos finais de semana.
Um dia, resolvi dormir com o Joaquim. Naquela noite, ele
chorou doze vezes. Foi quando me dei conta de que ela não
dormia direito havia três anos. Ali mesmo decidi não fazer o
Ironman, e ela certamente agradeceu.
Muitas pessoas me criticaram: “Joel, você é o cara que fala
da resistência, da disciplina, da performance. Não vai fazer o
Ironman?”. Não. Minha esposa precisava de mim. De que adianta
fazer a prova total do Ironman se eu não vou ver os meus filhos
na linha de chegada? Eu não vou me divertir.
Então nos sentamos para conversar e lhe perguntei por que
não havia me dito que estava sendo tão difícil. Lalas me
respondeu que não queria atrapalhar o meu sonho. Mas a
verdade é que, sem ela, não há sonho.
Escolhi a minha família e não me arrependo nem um pouco.
Meu pai não foi um excelente marido, ele fez muita besteira.
E é justamente por ter visto certas atitudes dele, que hoje
reprovaria, que faço questão de agir de modo diferente. Se há na
sua família exemplos de maus pais, é aí que você deve ser o
bom exemplo. Temos que educar nossos filhos, mas também
treiná-los com nossas ações. E isso é um grande desafio.

Tempo de qualidade com os


filhos
Nós temos três filhos: João, Joaquim e Pedro. Fazemos de
tudo para equilibrar os pratinhos, então, para ajudar, hoje
contamos com uma equipe muito boa na empresa. Assim, eu
consigo ficar a parte da manhã inteira em casa com eles. No
período da tarde, eles vão para a escola ou ficam com a babá e
eu, sempre que posso, vou para a empresa.
Tento alinhar as agendas, levar para a escola, buscar na
escola, fazer uma rotina de banho, de dormir. Mas tem dias que
não consigo, claro. Aí eu explico para o João, que é quem
entende. Da mesma forma que eu o deixo na escola e ele fala
tchau e diz que adora os amigos, eu falo também que é
importante para a mamãe trabalhar. É importante para uma mãe
ir para um evento. Eu também gosto de ficar com os meus
amigos. Então, conversamos muito, tentando mostrar os dois
lados, mesmo que nem sempre dê certo. Tem dia que tem
muito choro, tem dia que eles só querem ficar comigo e dias que
só querem ficar com o Joel. Mas, inevitavelmente, a gente acaba
abdicando, sim, de, por exemplo, dormir mais.
O fim de semana hoje é muito do Joel, principalmente por
não trabalhar nesses dias. Então, esse é o momento da família.
É o dia que vamos tomar café da manhã, almoçar, fazer
lanchinho, jantar e dormir juntos. Quando é possível, nós os
levamos nas viagens também. Prezamos ao máximo o momento
de brincar com eles, de estar com eles – tempo de qualidade. É
desafiador, mas altamente gratificante.

Com quem você pode


contar?
Eu, Joel, quando tenho uma conquista na vida, para quem
primeiro ligo? Para ela. E quando estou triste? Para quem é a
primeira pessoa que eu ligo quando eu estou com dúvidas? A
quem peço um conselho? Quando estou com medo, quem é a
pessoa na qual confio para compartilhar a insegurança? Sempre
ela. Lalas é minha esposa, minha amiga, minha mentora, minha
sócia.
Talvez você esteja se perguntando como dividir a vida
pessoal da profissional. Bem, eu não divido. Eu não tenho vida
pessoal e profissional, eu só tenho a minha vida. Esse negócio
de “Cheguei em casa, agora não vamos mais falar de trabalho”
não funciona para mim. Eu acho que quem fala isso deveria dar
um curso para ensinar como fazer.
Lalas e eu adotamos a seguinte atitude: falamos de trabalho
dentro de casa, mas temos muito cuidado com o que dizemos.
Sentar-se à mesa com as crianças, por exemplo, bravos,
afirmando que está desafiador, que o meu time está fraco, ou
expondo brigas de dentro da empresa não é o indicado. As
crianças vão absorver isso, elas prestam atenção a tudo.
O problema não é falar de trabalho, mas o que você vai falar
sobre ele. Caso contrário, seus filhos vão crescer achando que
trabalhar é algo ruim, ou que essas coisas deixam você triste,
chateado, irritado quando não saem do jeito esperado.
Não fuja das conversas
difíceis
Tenho 5 milhões de seguidores nas redes sociais. Imagine
quantas perguntas sobre relacionamento chegam para mim.
Grande parte delas vem de homens e mulheres expondo o
próprio relacionamento. Um exemplo: “O que eu faço com o
meu marido? Ele não quer nada com nada. Só joga videogame.
Não guarda dinheiro e fica no sofá o dia inteiro”. Esse tipo de
mensagem me tira do sério. A primeira coisa que penso é: Como
é que você se permite falar isso do marido para uma pessoa que
nunca nem viu na vida? Homens também fazem isso, me
perguntam o que “fazer” com a namorada deles. A verdade é:
se vira, cara! Aliás, vira homem! Pois quem expõe a mulher
desse jeito é moleque, não homem.
É impossível, em três linhas de caixinha de pergunta, eu
saber sobre a vida de alguém ou mesmo dar uma solução para o
problema. Quem escolheu a namorada não fui eu! Foi outra
pessoa. Então, ela é quem deve saber como se portar.
Fico bravo quando vejo influenciadores fazendo um textão
nas redes sociais sobre a vida alheia, dizendo que a pessoa deve
fazer A ou B. Eles não sabem o que estão falando. A verdade é
que a única pessoa que sabe sobre a sua vida é você. Perceba: a
questão aqui não é você querer trocar uma ideia comigo (ou com
qualquer outra figura pública), mas, sim, pensar que eu, Joel, por
exemplo, tenho que dizer o que alguém deve fazer e ainda saber
qual vai ser o desdobramento da situação.

"Por que as pessoas pedem conselhos? Porque


elas não têm coragem de ter uma coisa chamada
conversas difíceis. O que falta não é conversa
mas sim conversas difíceis sobre assuntos que
causam dor ou discordância. Nenhum
relacionamento termina do dia para a noite. Os
problemas vão acumulando e não os resolver é
armar uma bomba-relógio que, cedo ou tarde, vai
explodir.”

É preciso ter conversas difíceis. É um relacionamento. Duas


pessoas estão nessa relação. E essas duas precisam enfrentar
assuntos desconfortáveis. Se o seu marido está bebendo cerveja
todos os dias, torrando todo o dinheiro da família, não fazendo
nada em casa, só no sofá jogando videogame: sente-se com ele
e converse. Exponha o que você pensa daquilo. É assim que
vocês dois vão resolver a questão.
A primeira conversa difícil que eu tive com a Lalas foi sobre
casamento. E foi exatamente assim que aconteceu conosco.
Nos sentamos para conversar e nos perguntamos: vamos casar?
Vamos. Ok, decidido. Então, vamos comprar uma casa? Sim.
Você tem dinheiro? Então bota o dinheiro na mesa aí para ver
quanto podemos investir na casa. Nessa hora, fui humilhado. Ela
tinha 90% da casa. A primeira coisa de que me lembrei foi a
criação dos meus pais, em que o homem era o provedor. Aquilo
mexeu comigo, me senti mal. Mas seguimos em frente e assim
começou a nossa vida de casados. Construímos a caminhada em
comum deste jeito: com conversas difíceis.
Outra conversa difícil que tivemos: quando nos casamos, ela
me perguntou: “De quem é o dinheiro?”. Eu respondi que era
nosso. Ela falou: “Então eu cuido”. (Aproveito para dizer uma
coisa para você, porque acredito que homenagem se faz em
vida. Se eu estivesse sem você, Lalas, eu estaria bem. Mas com
você eu estou infinitamente melhor. Obrigado, amor.)
Voltando. Então, primeiro desafio: Lalas ficou incumbida de
cuidar do nosso dinheiro. Segundo desafio: a sociedade. Eu
estava empreendendo e uma das primeiras coisas que ela me
disse foi: “Olha só, eu não sou empreendedora e odeio esse
negócio que você faz. Eu sou engenheira”. A cada mês que
passava, eu fazia um pouco mais de dinheiro que no anterior. Eu
mostrava os resultados a ela, como era a minha vida de
empreendedor. Foi assim que Lalas começou a prestar atenção
na minha atividade e ver o quanto estávamos somando para o
nosso lar. Ela viu que aquilo estava fazendo sentido. Um dia,
resolveu se demitir e saiu do regime CLT. Eu falei para ela: “E aí,
vem comigo?”. Ela foi.

Respeito e conversa
Quando me demiti, eu falei: “Vamos pensar, organizar o que
vamos fazer”. Mas ele já tinha muitos resultados e, até então,
naquele momento, eu o estava ajudando. Eu não tinha assumido
o papel que eu queria e nós ainda não tínhamos conversado
sobre isso. Então eu ficava com o administrativo-financeiro da
nossa empresa, que o Joel tocava, mas quando precisava de
alguma coisa, eu fazia. Quando precisava resolver algo, eu ia lá e
resolvia. Mas eu estava só ajudando. Não estava cumprindo um
papel definitivo.
Muita atenção aos casais que também são sócios. Quer
realmente ser levado a sério? Não use a palavra ajuda, pois ela
está errada. “Eu estou ajudando você com isso.” Eu não estou
pedindo a sua ajuda. A frase é “sou sua sócia, sou seu sócio”.
Registre a sociedade, com clareza de papéis.
No dia em que decidimos ser sócios, eu o provoquei: “Não
confia em mim?”. E ele me disse: “Verdade, não confio em você.
Mas quero confiar”. Era Joel quem colocava o dinheiro na
empresa, e eu administrava e potencializava o valor. Ele, então,
completou: “Não vou mais tocar nesse assunto nos próximos
noventa dias. Eu quero X na conta”. Eu concordei e selamos o
momento com um aperto de mãos. E, noventa dias depois, eu
lhe mostrei os resultados: havia o montante que ele pedira e
mais 50%.
Os desafios foram vários. Mas temos uma máxima lá em
casa que ajuda muito nesses momentos: ninguém pode dormir
brigado. Sempre resolvemos a questão no mesmo dia, nada de
deixar para o dia seguinte. Caso contrário, algo pequeno pode se
tornar enorme, desproporcional ao problema inicial. Aprendi isso
com a minha mãe e a minha avó, e foi maravilhoso implantar lá
em casa.
Ninguém é perfeito. Todos têm defeitos. É por isso que
temos que valorizar as qualidades. Em alguns momentos, Joel
tem atitudes que me deixam estática, não acreditando no que
ele está fazendo. Só que, poxa, eu tenho que valorizar as
qualidades. Eu não vou ver apenas os defeitos dele, pois
também tenho muitos. Ele provavelmente também vai ficar
chateado com alguma atitude minha. Nenhuma relação vai para a
frente quando a pessoa foca apenas o defeito do outro.
Quando vejo pessoas que estão casadas há muito tempo,
eu pergunto como é que elas fazem para conseguir isso. Sempre
aparecem duas palavras: respeito e conversa. Existem
pesquisas10 que comprovam que o jeito com que casais se
tratam gera uma probabilidade altíssima de eles estarem juntos
ou não. Tem uma pesquisa de alguns anos da Universidade da
Virgínia, nos Estados Unidos, na qual os pesquisadores
conseguiram, em um minuto, prever as chances de se
manterem casadas ou não só pelo jeito que as pessoas se
tratam, ou seja, pelo cuidado, carinho e paciência.
Joel e eu conversamos muito e, principalmente,
respeitamos as nossas diferenças. O Joel cobra muito de todo
mundo. Ele tem esse padrão de ser um líder, de ser uma pessoa
que cobra performance das outras. E eu já entendi que, se ele
cobra das pessoas, ele vai cobrar sim de mim. Sei que talvez eu
seja a pessoa mais cobrada de todas, e está tudo bem. Porque
entendo o perfil dele e se temos um relacionamento
extraempresa, além de tudo, ele também conhece as minhas
fraquezas. E ele sabe que eu posso mais. Então, querendo ou
não, dentro da empresa, eu já entendi que às vezes ele me fala
alguma coisa ou cobra algo que, com certeza, não iria falar para
nenhum outro tipo de colaborador.
Eu já entendi, no entanto, que ele é meu sócio e está me
cobrando porque sabe que eu consigo. E também porque temos
o mesmo propósito. Sobre as falhas, eu acho que o melhor
caminho é conversar também. Não tem outra forma, é uma coisa
que sempre tentamos seguir. Se está difícil, vamos conversar.
Essa cobrança entre nós dois é direta e sem frescura
nenhuma. Se estamos em uma reunião de empresa, algumas
pessoas que não são tão íntimas de nós ficam nos olhando,
meio que com medo. Elas acham que realmente estamos
brigando, mas o que fazemos é discutir de igual para igual,
porque eu sou a CEO da empresa. O Joel é o estrategista, o
funcionário e a marca.
Então, muitas vezes, existem coisas que ele quer, mas que
eu preciso negar, bater o pé. E discutimos em prol de resolver. Aí
os dois cedem em um ponto de equilíbrio, afinal, queremos a
mesma coisa: resultados, performance e crescimento da nossa
empresa. Como sócios, não tem nenhuma vantagem em um
querer provar para o outro que está certo.
Viemos do esporte, então desde muito novos lidamos com
pressão. Temos em nosso DNA a capacidade de entender o que
há por trás dessas conversas difíceis. Tanto que, depois de uma
reunião tensa, viramos um para o outro e falamos: “Bora tomar
um café?”.
Mulheres têm o poder nas
mãos
Respeito e admiração. Esperar a hora de falar ou ter
cuidado, então, é uma coisa que não acontece em todas as
famílias. Temos que cuidar. Eu amo o meu relacionamento,
mesmo cheio de dificuldades. Eu gosto da minha esposa do jeito
que ela é, porque eu entendi, aprendi.
Quando alguém fala para mim sobre dificuldades no
relacionamento, só posso contar a minha experiência com o
meu. Não sou especialista em relacionamentos. Sou especialista
em outro assunto, mas meu conselho seria o seguinte: feche os
olhos. Projete-se para daqui a um ano. Nesse cenário, sua
esposa vai estar contigo? Se a sua resposta for “lógico!”, então
lute! Resolva o que tem para resolver e se projete para daqui a
cinco, dez anos. Seu marido vai estar com você? “Com certeza!”
Então resolva a situação. Não existe plano B.
Todos os meus filhos são um milagre. Todos. Minha esposa
também. O milagre da minha vida, todos eles. Quando meu
primeiro filho nasceu, falei: “Uau, eu sou pai”. Quando meu
segundo filho nasceu, pensei: Cara, temos uma família. Demos
certo. Quando descobrimos que teríamos nosso terceiro filho,
pensei: É para sempre. O mundo pode desmoronar e eu não vou
largá-los nunca!
A Lalas resolveu várias questões da minha cabeça, me
aturou muito. Por isso que eu tenho certeza de que mulheres
são diferentes e melhores do que homens. Elas são muito mais
sensíveis, muito mais espertas, ligeiras. Elas são, sim, sábias.
Uma mulher sábia constrói um império. Você, mulher, que
está lendo este livro, sabe disso, não sabe? Você está com o
poder nas mãos.
NA PRÁTICA

Como tem sido as conversas na sua casa? Você e sua esposa ou


marido conseguem conversar sem que hajam agressões verbais,
apontamentos apenas dos defeitos e de modo que um escute o
outro?
Escreva quais foram os seus aprendizados com este capítulo e, se
sentir-se confortável, quais foram as conversas mais difíceis que
vocês já tiveram. Como se sentiu? O que mudaria se tivesse a
chance de conversar de novo sobre o mesmo assunto? Sua
postura seria a mesma?

9 LEMOS, V. op. cit.

10 SALEH, N. Seu casamento vai durar? Especialistas conseguem prever com apenas
duas perguntas. Revista Crescer, 29 nov. 2016. Disponível em:
https://revistacrescer.globo.com/Familia/Sexo-e-Relacionamento/noticia/2016/11/seu-
casamento-vai-durar-especialistas-conseguem-prever-com-apenas-duas-
perguntas.html. Acesso em: 15 fev. 2023.
capítulo 6
A FAMÍLIA VEM NO PACOTE

por Kaká Diniz

Dois se unem e se tornam um. Desta união, surgem


filhos, netos e, assim, uma grande família. A família é o
sinal do favor de Deus sobre todos nós. Como escrito
em Gênesis 1:26-28,11 a família agrada os olhos de Deus,
Ele viu que era bom. A família é um projeto de Deus;
dessa forma, a nossa descendência é passada de
geração em geração. Seja a sua família grande ou
pequena, simples ou com boas condições, Deus te
colocou na família certa! Valorize a sua família, invista
nela.
E
ste projeto, para mim, é como se fosse o cumprimento de um
propósito. Deus fala muito sobre a nossa vida, sobre
famílias, sobre criar a referência para as pessoas
entenderem o caminho. O norte, a bússola para ter um
casamento bem-sucedido. E o Joel falou uma coisa muito
sensacional: não é sobre falar aquilo que as pessoas querem
ouvir, mas as verdades, porque no relacionamento dificilmente
estamos prontos para ouvir o que as verdades têm a dizer.
Depois de trinta dias de namoro, eu me casei com Simone.
Por incrível que pareça, ela insistiu durante esses trinta dias. Só
que eu não sabia que, no pacote, vinha uma sogra. Brincadeira!
Eu sempre fui muito próximo da minha sogra. E, se você quiser
continuar casado, esse é o caminho.
Vou contar para você a primeira vez que orei pela mãe dela.
Eu estava no Rio de Janeiro para uma reunião. Havia levado dois
amigos comigo e, na volta, eu, que normalmente fico sentado no
banco que dá para a porta do avião, me deitei. Seriam cinquenta
minutos de voo, mas dormi apenas nos primeiros vinte, pois
acordei com um barulho muito alto. Em um treinamento de
aviação, o que mais se aprende é pane simulada. Quase 90% do
treinamento para pilotos é pane simulada. O piloto é
exaustivamente treinado para lidar com essa situação. Então, o
procedimento é desligar o motor, pousar e religar o motor.
Dificilmente, eu sentiria medo de passar por uma situação do
tipo, pois conhecia o procedimento. Mas, naquele dia, tive medo.
Não sei se você sabe, mas quando o avião é pressurizado, é
como pegar uma câmara de ar e começar a injetar ar dentro dela.
A pessoa fica comprimida dentro do avião, e em qualquer brecha
que exista para o ar vazar, ele vai embora. Então, quando a
pressurização cai, você fica sem oxigênio.
O barulho que eu havia escutado tinha a ver com isso. Há
uma borracha que infla quando a pressurização entra, que é
justamente para não deixar o ar vazar pelas brechas da porta. Foi
essa borracha que estourou no meio do voo e que me fez acordar
desesperado.
O piloto me pediu calma, avisando que verificaria o que havia
acontecido. Foi constatado que a borracha havia rasgado. O ar
estava saindo. A pressurização começou a baixar. O piloto
diminuiu a altitude, porque senão ficaríamos sem oxigênio. A
máscara de oxigênio caiu.
Tudo isso já vi acontecer inúmeras vezes em meus
treinamentos. Mas quem disse que eu me lembrei do que
aprendi? Eu me agarrei à poltrona do avião, com medo de a porta
arrebentar e me sugar para fora. Tudo o que eu conseguia pensar
era: Senhor, será que chegou o meu dia? Não é possível.
Acho que nunca fiz uma oração com tanta fé como naquele
dia. Fechei meus olhos. Passou um filme de várias pessoas que
sofreram acidente de avião e morreram. Me concentrei em
afastar aqueles pensamentos e orei: Senhor, se for hoje o meu
dia, cuide do meu filho, que tem só 8 anos. Que ele cresça um
homem de Deus. Pai, mostre princípios e valores corretos para
ele ter uma vida saudável. E minha filha, Pai, ela não tem nem 2
anos. Cuide dela. Dê sabedoria para Simone conduzir nossos
filhos e passar pela crise. É uma mulher de Deus. Peço também
que a Simone nunca mais se case na vida – eu chorei de verdade
nessa parte.
O avião pousou, e corri para casa. Chegando lá, minha sogra
estava na cozinha com a Simone, e eu lhes contei a oração que
fiz. Simone achou graça do meu desejo de ela não se casar de
novo, e comentou que nesses casos temos que orar pela mãe
também. Minha sogra me olhou e disse uma besteira: “Pois eu
não quero viver muito mesmo, queria estar dentro desse avião”.
Então, eu orei pela minha sogra: “Senhor, escute a oração da Sua
filha. Pai, se for da Sua vontade, conceda a ela esse desejo. Se
não for, deixe-a quieta”.
Essa é uma das coisas que aprendi. Eu falo de sogra
brincando. Muita gente se identifica com isso, pois se vende no
mundo uma imagem de sogra-bruxa. Mas há pessoas que têm a
sogra como uma mãe, o sogro como um pai. Cunhados às vezes
viram mais irmãos do que os próprios. Eu, por exemplo, convivo
mais com o Caio do que com meu irmão.
Quando casamos, temos que ter consciência de que a
família do cônjuge vem junto no pacote. Você não se casa só com
sua esposa, se casa com a família dela. E como é difícil conviver,
não é mesmo?

"Na verdade, a gente precisa ter inteligência


emocional para conduzir o relacionamento. Eu
acho que esse é o grande problema. As pessoas,
quando se casam, não estão prontas para passar
pelos problemas. Elas imaginam que o casamento
são só flores. Mas, na verdade, boa parte do seu
relacionamento vai ter mais problemas do que
momentos de alegria.”

Entrando e saindo do vale


Talvez você passe por dificuldades financeiras. Eu e a
Simone passamos e, principalmente, eu passei.
Já casado com ela, passei por um vale muito grande.
Quando fomos comprar nossa primeira casa, ela tinha 100% do
valor, eu não tinha nem previsão de quando ia ter. E só assim
você começa a compreender que o casamento não é uma divisão
perfeita, mas que é lindo viver com alguém pelas suas
imperfeições e tentar construir algo perfeito. Principalmente
quando você tem uma pessoa do seu lado que lhe estende a
mão para ajudá-lo a crescer. Não tem coisa melhor.
Eu vim de uma vida totalmente louca. Eu trabalhava em um
escritório de assessoria ambiental que prestava serviço para
empresas que plantavam loteamentos no estado do Ceará. Eu
ganhava bem mais do que ela naquela época, mas vivia uma vida
totalmente deslumbrada. Bebia demais, falava demais, ia a
muitas festas, saía com várias mulheres. Tudo o que você pode
imaginar de mais promíscuo, esteja certo de que eu fazia.
Eu gostava muito de forró e, quando conheci a Simone, era o
gênero que ela cantava. Pensei: Meu Deus, e agora, o que eu vou
fazer? Estou querendo sair do mundo do forró e Você, Deus, a
coloca na minha vida. Alguma coisa está errada aí! Questionei
mesmo Deus. Mas depois eu parei de questionar a Deus e
passei a perguntar por que ela havia cruzado o meu caminho.
Deus estava esfregando o preconceito na minha cara. A
pessoa de quem eu mais tive preconceito de começar a me
relacionar, pela qual me apaixonei e com quem estou há dez anos
casado foi a que me apresentou a Jesus, com 27 anos. Ela me
convidou para visitar a igreja que frequentava. Quando coloquei
os pés dentro do local, eu só sabia chorar.
Começou o louvor e eu chorava. O pastor começou a
pregação e continuei chorando ao longo dela. No fim do culto, o
pastor fez um apelo para aqueles que sentiam no coração a
vontade de aceitar Jesus. Eu me levantei e fui lá para a frente. O
pastor me disse: “Deus me falou que hoje você estaria aqui pela
primeira vez para aceitar o Seu Filho como seu Salvador”.
A partir de então, minha vida foi completamente
transformada.
Mas o vale ainda estava por vir.
Um ano depois, a Simone engravidou do Henry. Ela estava
no comecinho da carreira e fomos para Goiânia, onde ela passou
a cantar sertanejo. Nessa época, comecei a me afastar do
escritório. Meu sócio se irritou com aquela atitude e, em
determinado momento, nossa relação ficou insustentável.
Precisei terminar a sociedade.
Passei a viver em Goiânia com o dinheiro que eu tinha
guardado. Mas como é que eu viveria assim se a vida toda eu só
gastava? Simone me viu no meu momento mais baixo.
Desempregado, desocupado, sem dinheiro. E isso é muito difícil
para um homem, que cresce com a crença e a pressão de ser o
provedor do lar. Só que quando se tem uma mulher maravilhosa
do seu lado, em vez de pisar em você nesse momento de
vulnerabilidade, ela estende a mão para levantá-lo, para ficar
nivelado com ela, para você saber o valor que tem.
Simone me deu uma oportunidade de emprego naquele dia.
E eu tomei uma decisão ali mesmo. A partir de hoje, eu vou
mudar a história da nossa família.
Comecei ganhando 1,5 mil reais com a Simone. Depois,
passei a ganhar 2,5 mil reais fazendo a logística dos shows.
Então, eu passei a ganhar 5 mil; depois, 10 mil. Um tempo
depois, foi a vez de a Simone trabalhar para mim. Quer dizer, ela
era minha agenciada. Veja como são as coisas da vida.

Estar presente
Quando eu compreendi o que é viver a dois, entendi que
precisava me aprofundar nisso. Busquei mais conhecimento. Fiz
cursos para compreender o que é essa convivência. Neles,
aprendi tudo o que você não deve fazer em um relacionamento.
Entendi quais são os princípios que regem a nossa vida, quais
valores determinamos para o dia a dia, quais comportamentos e
características nos norteiam, e como tomar decisões corretas.
Um princípio do qual não abro mão é: tempo de qualidade
com a família. Não troco isso por absolutamente nada. Por
nenhum negócio ou dinheiro do mundo. Se você me chamar para
uma reunião que renderá uma fortuna, mas que aconteceria no
fim de semana que eu tenho com minha família, eu não vou.
Esses dias, sem querer, até quebrei esse compromisso pela
primeira vez. Permiti que a minha mãe, que cuida da minha
agenda, marcasse palestras em certas datas sem me atentar que
se tratava de um fim de semana. Eu me senti bem mal com a
situação.
Meu coração doeu tanto que liguei para a minha psiquiatra,
pensando que estava ficando doente. Nunca havia sentido aquilo
na minha vida. Conversamos muito, e ela me mostrou que às
vezes eu preciso me permitir algumas coisas, mas sem deixar
que isso vire uma regra.
Em todo caso, passar tempo de qualidade com a minha
família é primordial.
Certa vez, precisei passar vinte e um dias na Europa. E a
minha maneira de conquistar o amor da minha família era
trazendo presentes para eles.
Eu estava em Lisboa, e comprei um estacionamento do rock.
Um trambolho enorme. Meu filho vai amar isso! De volta ao
Brasil, comecei a montar o brinquedo. Quando meu filho chegou
da escola à tarde, fiquei ansioso esperando a reação. Mas ele
entrou, só olhou o estacionamento e disse: “Que legal!”. E,
então, pegou na minha mão e disse: “Vamos jogar bola comigo?”.
Eu o olhei de cima: “Jogar bola? Filho, olha o brinquedo que eu
trouxe para você!”. Ele: “Não, pai, eu sei. É legal, mas eu quero
brincar com você”.
Eu entendi com isso que não podia comprar o amor do meu
filho nem o da minha esposa com presentes, porque eles não
queriam o melhor presente. Eles me queriam presente.
Casamento saudável é feito
de acordos
Escutei muitos conhecidos dizerem: “Ah, casei. Se der
errado, separo”. Sabe o que acontece quando se pensa assim?
Você manda a informação para o seu cérebro que, a qualquer
problema que tiver no relacionamento, a primeira coisa a se fazer
é separar. Funciona como um botão de emergência. Aí, quando
algo não sai conforme o esperado, você aciona o botão. Não é
assim que deve ser!
Viver com o outro é difícil, é um processo de aprendizado
diário, e você não conseguirá fazer isso se ficar apertando o
botão de emergência. Casamento se constrói aos poucos. E
Simone e eu encaramos o nosso como um projeto arquitetônico.
Em um curso do qual participamos, tivemos que desenhar
tudo o que queríamos e o que não queríamos como casal.
Quando vamos projetar uma casa, o que fazemos? Primeiro,
delimitamos a metragem, o número de cômodos. Aí, tem quem
vai dizer que quer um closet maior, enquanto outros preferem
dividir o closet e transformar parte dele em uma sala de jogos.
Então, uma pessoa vai tentar convencer a outra, até que entrarão
em um acordo. Casamento é isso. É acordo. Se você não
consegue dialogar com o seu parceiro ou parceira, dificilmente
terá um relacionamento saudável. Foi assim que Simone e eu
passamos a construir os acordos do nosso relacionamento.

"Um princípio que não pode ser quebrado é a


construção de uma relação baseada no diálogo. E
você não consegue conviver com o tripé da
relação se ambos não estiverem completamente
ligados à sua identidade. O segundo ponto é o
outro, e o terceiro ponto é o meio. Você não
consegue se relacionar com o meio sem antes se
relacionar com o outro. Só que você também não
se relaciona com o outro sem antes descobrir
sobre a própria identidade, sobre como se
relacionar consigo.”

Autoconhecimento é
fundamental
Precisamos aprender sobre nós mesmos, nos conhecer.
Muitos casamentos dão errado porque as pessoas nunca
tentaram refletir sobre o passado. Um exemplo: certo dia,
percebi que estava impaciente com meu filho. Ele estava sendo
repetitivo, falando o que queria. Em determinado momento, eu
parei de reagir e respirei fundo. Percebi então que eu repetia algo
que meu pai fazia comigo quando eu era mais novo.
Meu pai, militar, sempre foi impaciente comigo. Ele foi criado
de maneira muito dura. Não teve contato com o amor. Eu, por
outro lado, sempre dei muito amor para os meus filhos, mas, às
vezes, me pegava em situações de repetir padrões pelos quais
passei quando criança. Mudei porque aprendi mais sobre mim.
Porque me conheci.
Acredito que isso tenha me ajudado na criação dos meus
filhos. Eu me considero um paizão (e a Simone é uma mãezona).
Mas vou dizer uma coisa: que negócio difícil é criar filho no
mundo de hoje, meu Deus!
Um dos principais valores que ensino é honestidade. Ser
honesto e transparente vai lhes abrir portas, como ter um
casamento saudável ou uma sociedade bem-sucedida. Ser
honesto vai lhes aproximar das pessoas. Contato gera contato,
relacionamento traz acessos. Você só consegue se relacionar
com pessoas que realmente são honestas.
Outro princípio que ensino aos meus filhos é
responsabilidade. Todo os dias, na minha casa, há uma discussão
com nosso filho sobre responsabilidade. Mas aí Simone e eu
sabemos que temos que dar o exemplo. Como vamos chamar a
atenção do nosso filho sobre responsabilidade com horários, por
exemplo, se não formos pontuais?
O verdadeiro líder é o que mostra com exemplos a sua
liderança, e isso não está relacionado ao cargo que ele ocupa.
Quer saber quem é um líder de verdade? Veja como ele trata a
equipe de limpeza, se ele faz distinção. Quem está limpando o
seu escritório tem a mesma importância daquele que traz lucro
para a empresa. O verdadeiro líder trata todo mundo com
igualdade e respeito. É aquele que, por mais que esteja em uma
posição hierárquica alta, não a usa como uma arma.
Acredito que esse seja o caminho: se autoconhecer para
depois buscar entender seus parceiros, seus filhos, seus
colaboradores. Pessoas diferentes exigem atenção e cuidados
diferentes, mas sempre com o mesmo respeito. E isso com base
em princípios claros e fortes o suficiente para fortalecer o caráter
de quem está sendo formado, transformando em uma pessoa
admirável. Na atualidade, o status de admirável tem se tornado
cada dia mais difícil justamente porque, no geral, as pessoas
expõem mais suas fragilidades e erros do que suas virtudes e
crenças. E isso precisa mudar se você deseja construir uma
família abençoada e ser um homem ou mulher admirável e
respeitado por suas escolhas e ações.

Princípios, valores e virtudes


Existe uma grande diferença entre princípios, valores e
virtudes, embora sua efetividade seja válida apenas quando os
conceitos estão alinhados.
Como explica Jerônimo Mendes,12 professor universitário e
coach de liderança e gestão de negócios que se aprofundou
na definição e no estudo desses três aspectos: princípios são
preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que
definem as regras pelas quais a sociedade deve se orientar.
Em qualquer lugar, os princípios são incontestáveis e, quando
adotados, não devem oferecer resistência alguma.
Entende-se que a adoção desses princípios está em
consonância com o pensamento da sociedade, e vale tanto
para a elaboração da constituição de uma nação quanto para
os acordos políticos entre países, contratos e estatutos de
condomínio.
Amor, igualdade, justiça, liberdade, paz e plenitude são
exemplos de princípios considerados universais. De modo
geral, os princípios regem a existência humana e são comuns
a todos os povos, classes, culturas, eras e religiões. Como
cidadãos e profissionais, esses princípios fazem parte da
nossa existência e lutamos para torná-los inabaláveis durante
toda a vida.
Temos direito a todos eles, porém, por razões diversas, eles
não surgem do nada. A base dos princípios, para a maioria das
pessoas, é construída no seio da família e, em muitos casos,
alguns se perdem no meio do caminho.
Quem age de modo diferente ou em desacordo com os
princípios universais acaba sendo punido pela sociedade e
tende a sofrer as consequências. São frutos das escolhas que
fazemos com base em valores equivocados, não em princípios.
Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos e
mantidos por determinadas pessoas, classes e sociedades.
Em outras palavras, dependem basicamente da cultura
relacionada ao ambiente no qual estamos inseridos.

É
É comum existir certa confusão entre valores e princípios,
todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes. Os
valores são pessoais, subjetivos e, por vezes, contestáveis de
acordo com a cultura de cada pessoa. Ou seja, o que vale para
você não vale necessariamente para os demais. Sua
aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter
ou da personalidade de quem os adota.
Por exemplo: pessoas de origem humilde definem valores de
maneira diferente das pessoas de origem mais abastada. De
um lado, a escassez pode gerar a ideia de que dinheiro não
traz felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro é possível ser
feliz utilizando-se valores como amizade, por exemplo. Por
outro lado, o apego ao dinheiro e à convivência harmoniosa
com o conforto pode gerar a ideia de que sem dinheiro não é
possível ser feliz, que o dinheiro traz felicidade, conforto e, se
houver mais do que o necessário, valores como filantropia e
voluntariado podem ser praticados.
Essa comparação não define o que é certo ou errado, mas
levanta uma questão interessante sobre o conceito de valores
e depende do ponto de vista de cada cultura ou de cada
pessoa.
Na prática, é mais simples ater-se aos valores, pois os
princípios exigem muito do ser humano. Valores equivocados
da sociedade atual – “curtidas”, luxo, riqueza, status, sucesso,
seguidores etc. – estão inseridos no dia a dia, infelizmente. De
maneira geral, nada têm a ver com princípios. Todos os dias
somos convidados a negligenciar os princípios e a adotar
valores ditados pela sociedade.
Já as virtudes, segundo o dicionário Aurélio, são disposições
constantes do espírito que, por um esforço da vontade,
inclinam à prática do bem. Exemplo: ser atencioso, ser
solidário, ser generoso.
Jerônimo Mendes cita Aristóteles, que afirmava que há duas
espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve
sua geração e crescimento ao ensino, por isso requer
experiência e tempo, ao passo que a virtude moral é adquirida
com o resultado do hábito.
Ainda segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais
surge em nós por natureza, visto que nada que existe por
natureza pode ser alterado pela força do hábito. Ou seja,
virtudes nada mais são do que hábitos profundamente
arraigados que se originam do meio em que somos criados e
condicionados através de exemplos e comportamentos
semelhantes.
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por
exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e
adotar valores como a supremacia da raça ariana, a
aniquilação dos contrários e a dominação pela força. Significa
também que não dispunha de virtudes, pois as virtudes são
decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos mais
nefastos da história. Sua ambição desmedida e o desprezo
pela cultura judaica tornou Hitler obcecado por valores que
contrastam com os princípios universais.
Por outro lado, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Martin
Luther King Jr., Mahatma Gandhi e Rosa Parks tinham
princípios, valores e virtudes perfeitamente alinhados com sua
visão de mundo e concepção de vida.
Todos lutavam por causas mais nobres e tinham um ponto em
comum: a dignidade humana. Hitler, Idi Amin Dada, Miloševic´
e Stalin entraram para o rol das figuras mais odiadas da
humanidade, diferentemente dos que inspiram exemplos para
a humanidade. Existem pessoas sem princípios que, apesar de
tudo, são ricas, famosas, conquistam cargos importantes nas
empresas e assumem papéis relevantes na sociedade. Isso é
uma distorção alicerçada pela cegueira humana.
Contudo, riqueza material não é a única medida de sucesso.
Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por cada
pessoa, a sua contribuição para o mundo e o legado deixado
para seus descendentes.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência
em vários momentos seja insuportável, deparamo-nos com
profissionais que atropelam os princípios como se isso fosse
algo natural, um meio de sobrevivência. Eles adotam valores
que nada têm a ver com duas grandes necessidades
corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe.
Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do
vocabulário e, apesar da falta de escrúpulos, leva tempo para
destituí-los do poder.
Valores e virtudes baseados em princípios universais são
inegociáveis e, assim como a ética e a lealdade, você os tem
ou não. Conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza são
relativos e não podem ser definidos com exatidão. Cada
pessoa tem recordações, imagens internas, experiências e
sentimentos que dão sentido especial e particular a esses
conceitos.
O importante é que você não perca de vista esses conceitos e
tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e
profissional, depende da aplicação mais próxima possível do
senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão complexa e tão
negligenciada que os próprios representantes dela sentem
dificuldades em aplicá-la.
O que vale em casa vale no trabalho. Não existe paz de
espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios.
Virtudes são próprias da criação, do meio, da convivência e do
incentivo familiar.
No momento em que alguém se vale do cargo, do dinheiro, da
posição social ou mesmo da formação educacional para
humilhar os outros, os princípios já foram atropelados por seus
valores equivocados e interesses pessoais.
Portanto, preocupe-se mais com os princípios do que com os
valores. Valores são ajustáveis, mutáveis, negociáveis,
respeitáveis. Princípios são inegociáveis. O que vale para mim,
vale para você e para qualquer outro ser humano na face da
Terra. Lute pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão
naturalmente.

PARA FIXAR
E REFLETIR

Vale o destaque:
“A humildade é a única base sólida de todas as virtudes.” –
Confúcio
“O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.” – Nelson
Rodrigues
“A consciência é a estrutura das virtudes.” – Francis Bacon
“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos
pais.” – Coelho Neto

11 7 PASSAGENS bíblicas sobre família. BíbliaOn. Disponível em:


https://www.bibliaon.com/passagens_biblicas_sobre_familia/. Acesso em: 21 set. 2023.
12 MENDES, J. O que são princípios, valores e virtudes? [diferenças básicas].
Jerônimo Mendes, 20 dez. 2022. Disponível em:
https://www.jeronimomendes.com.br/principios-valores-e-virtudes/. Acesso em: 16 fev.
2023.
capítulo 7
APRENDA SOBRE O OUTRO

por Simone Mendes

Na passagem 2 Reis 4:1-713 da Bíblia, podemos ver o


exemplo de uma família enfrentando as adversidades.
Uma família que está fundamentada nas promessas de
Deus não está imune às tribulações, a diferença está
em como ela enfrenta essas dificuldades.
T
enho uma vida no mundo secular, afinal, sou uma pessoa que
canta no mundo. Mas eu não vivo para o mundo. Nosso
lar, o da minha família, é o nosso templo. É um local
sagrado, de culto a Deus. Costumamos realizar encontros
de células de oração em casa. Nós reunimos a família, os amigos
e todos aqueles que querem compartilhar disso conosco.
É um lugar de respeito ao próximo, em que as pessoas se
sentem acolhidas. Isso acontece porque nós, antes de tudo, nos
acolhemos. Por exemplo, eu sempre tive problemas com peso.
Emagreço, engordo, emagreço, engordo. E meu marido nunca
olhou para mim com julgamento. Nunca. Pelo contrário: não
importa qual o meu peso, ele sempre me elogiou: “Você é linda.
É a mulher mais linda que eu conheci”. Isso é acolhimento. Isso é
respeito.
O homem precisa respeitar e acolher a sua esposa. Valorizar
o seu interior, o coração dela, o que ela representa para ele.
Quando a mulher é elogiada, ela se sente amada. Já o homem,
ele se sente amado quando sabe que a esposa é uma mulher
honesta, justa e responsável que dá conta de tudo.
É importante que o casal conheça a linguagem do amor um
do outro. Quando passa a compreender isso, você consegue
agradar de mais formas. O relacionamento se torna mais
assertivo. Há um livro muito bom sobre o tema: As 5 linguagens
do amor, do pastor batista Gary Chapman.14 A obra mostra como
expressar um compromisso sincero com seu cônjuge, e afirma
que as cinco linguagens do amor são: palavras de afirmação; atos
de serviço; tempo de qualidade; toque físico e receber presentes.
Às vezes, a sua linguagem de amor é tempo de qualidade.
Se o seu cônjuge gosta de tempo de qualidade, não há razão para
ficar apenas o enchendo de presentes. Essa não é a linguagem
de amor daquela pessoa. No próximo capítulo, haverá um teste
para ajudar os casais a identificar qual é a linguagem de amor de
cada um.
Eu, por exemplo, gosto de palavras de afirmação. Adoro
receber elogios. Gosto quando meu marido e minha família estão
almoçando e elogiam a comida. Escutar “o almoço está tão
gostoso hoje” me deixa feliz, me faz me sentir amada. A hora da
refeição é tão importante, preparada com tanto carinho e
cuidado, que escutar elogios sobre isso é um reconhecimento
daquilo que foi feito. Infelizmente, esse costume de a família se
reunir à mesa durante as refeições é algo raro hoje em dia, com a
vida corrida que todos levam.
Os elogios devem ser sinceros. Não é apenas elogiar por
elogiar. É enxergar a beleza e o cuidado do outro e trazer isso à
tona. Afinal, você se apaixonou por aquela pessoa, viu um
conjunto de qualidades nela para amá-la. Nada mais natural do
que expressar isso por meio de palavras e gestos. É do que
gosto. E, graças a Deus, meu marido aprendeu isso sobre mim e
me faz feliz reafirmando boas palavras. Até mesmo quando
estamos chateados um com o outro, ele usa palavras de
afirmação.
E eu conheço as linguagens de amor do Kaká. Ele gosta
muito de toque. Então, quando brigamos, por exemplo, mesmo
que a minha linguagem de amor não seja o toque, eu me
aproximo dele e o abraço, porque sei que essa é uma das
linguagens dele. Ou seja, estar em um relacionamento é olhar
para o outro, conhecê-lo ao ponto de saber que algumas ações e
atitudes, mesmo em momentos ruins do casal, são o que de fato
demostram cuidado, atenção e respeito. Mesmo que naquele
momento eu não queira conversar, quando o toco, o abraço, é
uma mensagem clara de que vamos resolver o que quer que seja
juntos.
Algumas linguagens nós temos em comum. A de receber
presentes é uma delas. Tanto ele quanto eu adoramos ganhar um
presente. Desde o mais simples até os mais impressionantes.
Nós nos casamos no civil em julho. Alguns meses depois, em
março, casamos no religioso. Só que em maio é o meu
aniversário e em junho tem o Dia dos Namorados. Kaká já sabe
que no presente dessas datas tem que caprichar – e que eu não
aceito presentes repetidos.

Sobre reciprocidade,
autocontrole e ser uma
pessoa verdadeira
Certa vez, Kaká chegou em casa, e eu queria que ele fizesse
algumas tarefas domésticas. Mas ele preferia contratar alguém
para fazer do que colocar a mão na massa. Kaká não entendia
que, para mim, aquilo eram coisas que ele precisava fazer e, por
outro lado, eu não compreendia o ponto de vista dele. Como
assim ele não podia trocar uma lâmpada?
Sou do tipo que vou lá e faço. Esse negócio de ficar
esperando alguém fazer quando eu peço? Prefiro ir lá eu mesma
e resolver. Eu ficava muito brava com ele, mas também pensava:
será que estou errada? Sabia que ele poderia contratar alguém
para fazer o serviço, mas, no fundo, eu queria que ele o fizesse.
Sou do interior e temos essas questões, sabe? Posso ter
melhorado de vida, mas algumas atitudes e pensamentos do
passado continuam em mim.
Mas, então, quando eu trabalhei em mim essa questão e
abri mão de ficar cobrando atitudes que ele sequer entendia,
quando compreendi e passei a respeitar o ponto de vista dele, as
coisas mudaram. Kaká começou a realizar tais tarefas. Ele
também havia entendido de onde vinha essa exigência minha.
Nós aprendemos um com o outro.
E isso requer paciência, pois é demorado. Não é algo que vai
acontecer da noite para o dia. Temos que expressar o que
pensamos ao outro e esperar o tempo dele de absorver aquela
informação. Eu fiz isso e ele também: tem a ver com
reciprocidade. Você tem que oferecer compreensão para também
receber compreensão.
Nesse processo, ter autocontrole também é fundamental.
Com autocontrole, você domina seus impulsos, suas emoções.
Quando está mais centrado, vê as situações com mais clareza e,
assim, age com verdade e certeza. Você tem disposição para
compreender o outro, e a convivência fica harmônica e sincera,
pois a outra pessoa se sente à vontade para lhe falar verdades.
E isto é tão importante: ter pessoas ao seu redor que sejam
verdadeiras com você. Duvide de todo mundo que concorda com
tudo o que você fala. Devemos valorizar aqueles que não
concordam com tudo o que dizemos – são essas pessoas que
devemos manter por perto.
E eu sou muito verdadeira, sabia? Quando algo me
incomoda, falo com o meu marido. Mas é aquilo: falo com amor,
com carinho. Eu chego no Kaká sempre com um conselho ou
uma crítica construtiva. Não para lhe apontar o dedo, mas para
ajudá-lo, pois o amo e quero o melhor para ele. Para você ter um
relacionamento bem-sucedido, precisa olhar para sua parceira ou
parceiro e lhe estender a mão, ajudá-lo corrigir quando for
preciso.
Mas se você escolher o caminho certo, o de ser uma pessoa
sincera e honesta, saiba de uma coisa: quanto mais verdadeiro
for, menor será o seu círculo de amizades. Esteja preparado para
isso. E muitos do que estão fora desse círculo, aqueles que não
conhecem a sua história, falam maldades e mentiras pelas suas
costas. E é assim que você tem a comprovação de que é uma
bênção que eles não façam parte da sua história. Não merecem.
Então, valorizo muito as pessoas que mantenho ao meu
redor. Porque, assim como eu sou honesta, sei que elas também
são. Elas me falam as verdades que preciso escutar – mesmo
aquelas que eu não gostaria de ouvir. Uma pessoa que me
corrige com amor será sempre respeitada por mim.
Converse com o seu marido ou com a sua esposa. Descubra
as linguagem de amor dele(a). Invista nisso e você verá que, com
esse conhecimento, com dedicação, com diálogo e com respeito,
o seu casamento será um sucesso e você e o seu cônjuge terão
condições de resgatar tudo o que são um para o outro. Tracem
metas juntos para o relacionamento, mesmo que seja um tópico
por semana ou por mês, trabalhem juntos para melhorar a vida a
dois. Quando o assunto é a relação mais importante da sua vida,
não deixe para depois. Mude seu comportamento, suas ações e,
em breve, você e seu cônjuge estarão em outra estação da vida
conjugal.

"É impossível um casal concordar o tempo todo.


Aprendi que relacionamento é você abrir mão de
alguma coisa em detrimento de outra. É, de
maneira consciente, fazer escolhas que vão
contribuir para a evolução e a felicidade do casal.
Saber qual é a sua linguagem do amor e a do seu
parceiro torna a relação mais saudável e
prazerosa para ambos.”

Uma mulher de recomeços e


vitórias
Deus não erra nunca. E vou compartilhar com você duas
histórias que aconteceram comigo para que entenda o porquê
dessa afirmação.
Esse é o meu segundo casamento. Quando eu morava em
Fortaleza (sou baiana, mas morei muitos anos no Ceará), fui uma
menina muito desprendida, eu queria curtir a vida. Não era o tipo
de menina que ficava entregando o meu corpo, mas beijar na
boca... Eu beijava demais! Mandava segurar um, porque mais
tarde tinha outro que estava chegando. Com o passar dos anos, a
minha fama corria na cidade, e minha mãe até chegou a me
chamar de “galinha”. E eu achava tudo isso legal naquela época.
Hoje, com quase 40 anos, posso dizer que a vida me ensinou
muitas coisas até aqui.
Após o término de meu primeiro relacionamento, conheci
um rapaz muito bonito. Você sabe, o palco seduz, tem sua magia.
Eu chamava atenção e ele chamou a minha. Nós começamos a
sair. Eu, porém, ainda estava presa à minha relação anterior, meu
coração ainda estava ferido. Mas, aos poucos, o relacionamento
com esse rapaz bonito foi fluindo e decidimos nos casar. Passou
um ano de casados... dois anos de casados... Nessa época, eu já
buscava Deus. Tentava trazer Deus para dentro do meu lar.
Só que aquela pessoa não aceitava, não queria se aproximar
de Deus. De vez em quando, até participava de uma oração ou
outra, mas ele não queria compromisso com o Senhor. E eu
queria muito que aquele relacionamento desse certo... Tanto que
subi ao monte. Eu orava, fazia um propósito, jejum e o que
tivesse ao meu alcance para que Deus fizesse aquele casamento
dar certo.
No nosso quarto ano de casados, aconteceu uma coisa.
Estava tendo uma feira cristã em São Paulo e um amigo meu
tinha terminado o relacionamento – e a namorada dele morava na
cidade. Ele estava bem triste. Então, coloquei “pilha” nele:
“Vamos para a feira?”. A ideia era reencontrar a namorada dele e
tentar fazer os dois se reaproximarem. Ele ficou na dúvida e
insisti: “Vamos! A gente aproveita e pega mais alguma visão da
parte de Deus para a gente”.
Chegamos à feira. Estava lotada. Naquela época, onze anos
atrás, eu ainda não era famosa. Ninguém sabia quem eu era.
Então, eu estava bem tranquila e feliz pelo meu amigo ter se
reencontrado com a moça de quem ele gostava.
Enquanto eles conversavam, uma mulher se aproximou de
mim e disse: “Eu tenho algo da parte de Deus para falar com
você. Você sabia que essa aliança que está na sua mão é de
espinho? O meu compromisso é com Deus, e não com o homem
da terra. E o que Deus me mandar dizer, eu vou falar. A sua
aliança é de espinho e não vai demorar para Deus vai fazer algo
diferente na sua vida. Ao mesmo tempo que vejo você sofrendo
muito, Deus me mostra que você cavou uma terra muito rápido,
um barro sujo do qual brota um diamante lindo”.
Escutei aquilo e pensei: Será que essa mulher está certa?
Ou será que está doida? Então, em oração, só para mim, pedi ao
Senhor uma comprovação de que aquela profecia vinha Dele: Pai,
se essa mulher for mesmo da Sua parte, use a boca dela para
falar alguma coisa sobre ter filhos. Eu queria muito ter filhos!
A mulher, então, voltou a falar: “Deus também me manda
lhe dizer que o seu primeiro filho será homem e mais tarde virá
uma menina. Depois, sua maternidade será encerrada. Você terá
dois filhos: um menino e uma menina”. Na mesma hora, comecei
a chorar. Deus havia me confirmado que aquela revelação era
Dele. Ele a enviara para profetizar pela minha vida.
A mulher ainda completou que me via em um palco, eu
tendo muito sucesso. Deu até detalhes! Afirmou também que ia
doer, mas que Deus tinha algo tremendo para a minha vida.
Uma semana depois, voltei para casa. Um dia, acordei às 6
horas, fui ao banheiro e dei de cara com o celular do rapaz na
bancada. Peguei o aparelho e comecei a olhá-lo. Então, me tremi
toda. Na hora, veio à minha mente o que Deus havia falado para
mim por intermédio daquela profetisa, que a minha aliança era de
espinho e que eu ia sofrer. Pensei: Meu Deus, e agora? O que eu
faço? O que eu faço?
Liguei para uma amiga na mesma hora. Contei a ela que meu
ex-marido estava errando comigo, e ela tentou me acalmar.
Esperei o cidadão acordar. Quando ele despertou, só lhe
perguntei duas coisas: “Eu sou a única mulher da sua vida? Você
quer ter filhos comigo?”. Ele, vendo que eu estava com o celular
em mãos, ficou roxo, depois vermelho, verde, branco, todas as
cores. Entendi o que aquilo significava e lhe dei um ultimato: “Eu
trabalho no mundo, mas nunca desrespeitei você. Nunca olhei
para o lado em busca de outros homens. Sempre fui uma mulher
honesta, justa e fiel. E você não honrou isso. A partir de agora
você vai pegar suas coisas e vai sair desta casa”.
E assim aconteceu. Ainda fui trabalhar nesse dia, mesmo
com o coração apertado. Eu chorava muito, sentia muita
vergonha, pois eu já estava começando a fazer sucesso no
Nordeste. Comecei a entrar em desespero e a gritar, achando
que a culpa era minha pelo fracasso daquele relacionamento.
Ficava me perguntando: Por que ele fez isso comigo? Onde eu
errei? A verdade é que essas coisas acontecem não porque a
pessoa traída é feia, má ou fez algo de errado. Está no caráter do
traidor.
Em todo caso, naquela época, eu não via isso. Então, chorei
muito e busquei o Senhor. Com o tempo, fui me acostumando à
situação e me animei um pouco. Alguns amigos “tortos” ainda
me aconselharam: “Você é uma menina de quem todo mundo
gosta. Vai viajar, vai curtir esse Brasil. Pare de ser boba, chega de
chorar!”. Então, decidi que ia curtir a vida.
Ainda assim, quando eu voltava para casa, sentia um vazio e
uma tristeza que não cabiam dentro da minha alma. Mas isso
estava prestes a mudar.
Noventa dias após a minha separação, uma tia me perguntou
se eu estava solteira. Confirmei, completando que não conseguia
mais me interessar por ninguém. Então, ela me disse que havia
um rapaz de quem ela gostava muito, que tinha um coração bom
e estava solteiro também. Ela me mostrou uma foto dele e
passou o contato: era o Kaká.
Combinamos de ele ir a um show meu para nos
conhecermos pessoalmente. Ele morava em Sobral, bem longe
de Fortaleza, a 300 quilômetros. Esse show era um “risca-faca”.
Só para você ter uma ideia: depois, ele me contou que se perdeu
na escuridão da estrada, que um motoqueiro sem camisa, sem
chinelo, com uma cachaça debaixo do braço, indo para a casa de
show, passou por ele. Imagine, então, como era o lugar.
Estava no camarim quando o Kaká me enviou uma
mensagem dizendo que já estava no show. Olhei-o de longe, de
cima do palco, e pensei: É feio. Podemos ser amigos, mas não
quero nada com ele. Depois da apresentação, ele foi me procurar
no camarim e perguntou se podia me levar em casa, e concordei.
Ficamos conversando das três da madrugada até as oito da
manhã. Não nos beijamos nem nada, só ficamos de papo.
Pensei que não ia dar em nada, mas ele me chamou para
irmos ao cinema. Só que, além de o filme ser ruim, eu sou aquela
pessoa que dorme no meio do filme, por isso pensei que não
daria certo. Mas deu. Tanto que foi quando nos beijamos pela
primeira vez! Daí em diante, as coisas fluíram. Nos apaixonamos
com muita vontade. Nos entregamos mesmo à relação. Ele
voltava chorando para a cidade dele e eu ficava chorando de
saudade dele.
Acredita que ele me pediu em namoro no meio de um
programa de rádio? Fui lá dar uma entrevista quando ele ligou na
rádio e me pediu em namoro! E duas semanas depois, me pediu
em casamento. O resto você já sabe, contamos aqui. São dez
anos de alegrias, cumplicidade, amor, mas também desafios.
O desejo do meu coração era que Kaká visitasse onde eu
congregava. Então, quando ele pisou na igreja, e a palavra tocou o
seu íntimo de tal modo que ele não se conteve, fiquei muito feliz,
só sabia agradecer ao Senhor. E meu marido chorava de emoção
e assombro por aqueles sentimentos dentro de si: “Era isso que
estava faltando na minha vida!”.
E é verdade. Todo mundo tem um vazio do tamanho de
Deus. Enquanto Deus não preenche esse vazio da sua alma, não
há felicidade. A vida muda completamente quando você dá
espaço para o Senhor entrar em seu coração.

Deus não erra


Sabia que muitos casamentos não terminam em divórcio?
Pois é, todo mundo só fala das separações, mas há
relacionamentos que serão para sempre. Isso significa que
provavelmente um dos cônjuges verá o outro morrer. Kaká
sempre diz que prefere ir primeiro que eu, aliás. Afirma que não
suportaria viver sem mim. Quando penso nisso, se um dia eu for
antes dele, meu coração também dói. A dor de perdê-lo seria
enorme, só Deus mesmo para me sustentar.
Só tenho a agradecer a Deus pela presença de Kaká na
minha vida. Um homem honesto, fiel, uma pessoa que coloca a
nossa família acima de qualquer coisa. Sou grata por ele também
ter se apresentado a Deus. Acredito que esse passo tenha sido o
principal. Talvez, se isso não tivesse ocorrido, não estaríamos
juntos.
Deus é o esteio do nosso casamento. E Ele nunca erra.
Somos nós quem erramos. Casamentos não terminam porque
Deus errou em alguma coisa. A verdade é que devemos sempre
estudar sobre como nos relacionarmos com o outro. Estarmos
dispostos a nos doar, a abrir mão de certas atitudes e alguns
pensamentos – mas poucos estão inclinados a isso. Então,
quando se casam e os conflitos aparecem (porque eles vão
aparecer aos montes), não sabem como lidar com a situação.
O Kaká, por exemplo, era muito ciumento. Mas entrou em
nossa vida um casal de pastores que nos ensinou sobre
relacionamento e, aos poucos, aprendemos a lidar com isso.
Esse ciúme machucava o meu marido; ele sofria, se martirizava
por dentro. Ele tinha receio de eu me interessar por outra pessoa
quando viajava para fazer shows. E eu reagia a isso: “Meu Deus
do Céu, eu vou perdê-lo desse jeito. Não vou ter paciência de
ficar nessa cobrança toda, ou ele não vai aguentar a minha rotina
de shows e vai me deixar”.
Só que a misericórdia de Deus já havia alcançado a vida do
Kaká. Ele foi buscar no YouTube vídeos sobre ciúmes. Passou a
madrugada assistindo a esse conteúdo enquanto eu estava
cantando. Deu seis horas da manhã e Kaká me ligou com a
notícia: “Meu amor, anote uma coisa: a partir de hoje, nunca mais
vou ter ciúmes de você. Passei a madrugada toda aprendendo
sobre o ciúme e entendi a raiz do problema”. Ele foi curado, e até
hoje nós temos cuidado um com o outro.
Isso também tem a ver com perdão: tanto o ato de perdoar
quanto o de pedir perdão. É sobre se perdoar e perdoar aqueles
que de alguma maneira feriram você. E, em se tratando de
relacionamento, é comum que, na hora de uma briga, de uma
conversa, você fale ou faça algo por impulso ou motivado pelas
razões erradas.
Saber perdoar e pedir perdão não são ações opcionais em
um relacionamento. São atitudes muitos difíceis de serem
tomadas, eu sei, mas são necessárias. Kaká e eu aprendemos
isso na marra. Nós nos abrimos para aprender juntos e para
perdoar juntos. E isso fez toda a diferença em nosso casamento.
Claro que nós passamos por dificuldades, assim como os
outros casais que contribuíram com suas experiências nos
capítulos anteriores. Mas vejo que o caminho que temos em
comum é: casais que seguem com fé, perseverança e dedicação
são mais felizes. E desejo, do fundo do meu coração, que as suas
escolhas conduzam você, a partir de hoje, por caminhos de paz e
alegrias, principalmente dentro da sua casa.
"Este livro lhe deu acesso a chaves poderosas
para melhorar a sua vida e também para ajudar
aquele que está perto e enfrenta dificuldades no
relacionamento. Que as dicas e os exemplos aqui
reunidos possam servir e ser aplicados em sua
vida. Que você possa, a partir de agora, ajudar
outras pessoas a encontrarem esse caminho
também. A boa palavra é contagiante e poderosa.”

FÉ NA
PRÁTICA

Nossa proposta de exercício é poderosa. Boa parte das coisas (se


não todas) se materializam apenas quando antes são sonhadas,
desejadas, pedidas. Então chegou o momento de você listar tudo
que gostaria que acontecesse na vida da sua família de imediato,
a médio, e longo prazo. Quais são os seus sonhos mais íntimos?
Aqueles que as vezes você não compartilhou ainda nem mesmo
com o seu cônjuge?
Escreva em uma folha de papel, finalize sua leitura da obra e,
sempre que possível, volte a essa lista para constatar o que de
fato mudou na sua vida e dos seus depois de ter acesso a esse
livro e adotar uma nova visão e conduta perante a vida.

IMEDIATO

MÉDIO
LONGO PRAZO

13 7 PASSAGENS bíblicas sobre família. op. cit.

14 CHAPMAN, G. As 5 linguagens do amor: como expressar um compromisso de


amor a seu cônjuge. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.
capítulo 8
A LINGUAGEM DO AMOR

Segundo o Salmo 127:3-5,15 e também em Provérbios


22:6, não há nada mais precioso para os pais do que os
filhos. Os filhos são uma bênção de Deus! Quanto mais
filhos, mais momentos de alegria e prosperidade. Deus
sabe o quanto um filho é precioso. Ele nos entregou o
Seu único Filho para a nossa salvação. O salmista
compara os filhos às flechas. As flechas são lançadas,
mas a direção delas são da responsabilidade de quem
as lança. Pais, instruam seus filhos no caminho da
Verdade, mirem as suas flechas no alvo que é Cristo!
Depois de instruídos, isto é, lançados, dificilmente
sairão da rota.
C
hegou a hora de você descobrir qual é a linguagem do amor
rege o seu relacionamento. Preparado? Siga as
instruções e dedique um tempo para entender melhor
as preferências e as linguagens do seu parceiro. Esse
processo é poderoso e pode ajudar os cônjuges em todos os
aspectos da vida conjugal.

Teste – As 5 linguagens do amor

(Gary Chapman)
Prepare o seu perfil quando estiver relaxado e sem pressão
de tempo. Depois de fazer suas escolhas, volte e conte o
número de vezes que marcou cada letra. Liste os resultados
nos espaços apropriados no fim da atividade. Depois leia
“interpretando e usando seus pontos do perfil”, que
acompanha o perfil:

1. Gosto de receber palavras de afirmação A

Gosto de receber abraços E

2. Gosto de passar tempo a sós com alguém especial B


para mim

Sinto-me amado quando alguém me oferece ajuda D


prática

3. Gosto quando ganho presentes C

Gosto de visitas sem pressa com amigos e entes B


queridos

4. Sinto-me amado quando as pessoas fazem coisas D


para me ajudar
Sinto-me amado quando as pessoas me tocam E

5. Sinto-me amado quando alguém que amo ou admiro E


me rodeia com o braço

Sinto-me amado quando recebo um presente de C


alguém que amo e admiro

6. Gosto de sair com amigos e entes queridos B

Gosto de bater palma com palma ou ficar de mãos E


dadas com pessoas especiais para mim

7. Símbolos visíveis de amor (presentes) são C


importantes para mim

Sinto-me amado quando as pessoas me afirmam A

8. Gosto de sentar perto das pessoas a quem aprecio E

Gosto de que me digam que sou atraente/bonito A

9. Gosto de passar tempo com amigos e entes queridos B

Gosto de receber presentinhos de amigos e entes C


queridos

10. Palavras de aceitação são importantes para mim A

Sei que alguém me ama quando ele me ajuda D

11. Gosto de estar junto e fazer coisas com amigos e B


entes queridos

Gosto quando me dizem palavras bondosas A

12. O que a pessoa faz me afeta mais que aquilo que ela D
diz
Os abraços me fazem sentir participante e apreciado E

13. Aprecio o louvor e tento evitar as críticas A

Vários presentes pequenos significam mais para mim C


que um grande

14. Sinto-me íntimo de alguém quando estamos B


conversando ou fazendo coisas juntos

Sinto-me mais perto dos amigos e entes queridos E


quando eles me tocam com frequência

15. Gosto que as pessoas elogiem minhas realizações A

Sei que as pessoas me amam quando fazem coisas D


para mim que elas mesmas não apreciam

16. Gosto de ser tocado quando amigos e entes queridos E


passam perto de mim

Gosto quando as pessoas me ouvem e mostram B


interesse genuíno no que estou dizendo

17. Sinto-me amado quando amigos e entes queridos me D


ajudam nos trabalhos e projetos

Gosto realmente de receber presentes de amigos e C


entes queridos

18. Gosto que as pessoas elogiem minha aparência A

Sinto-me amado quando as pessoas tomam tempo B


para entender meus sentimentos

19. Sinto-me seguro quando uma pessoa especial toca E


em mim
Atos de serviço fazem com que me sinta amado D

20. Aprecio as muitas coisas que as pessoas especiais D


fazem para mim

Gosto de receber presentes que pessoas especiais C


fazem para mim

21. Aprecio realmente o sentimento que tenho quando B


alguém me dá total atenção

Aprecio realmente o sentimento que tenho quando D


alguém me presta algum ato de serviço

22. Sinto-me amado quando uma pessoa comemora meu C


aniversário com um presente

Sinto-me amado quando uma pessoa comemora meu A


aniversário com palavras significativas

23. Sei o que a pessoa está pensando de mim quando C


me dá um presente

Sinto-me amado quando a pessoa me ajuda nas D


tarefas diárias

24. Aprecio quando alguém ouve com paciência e não B


me interrompe

Aprecio quando alguém se lembra de dias especiais C


com um presente

25. Gosto de saber que os entes queridos estão D


preocupados em ajudar-me nas tarefas diárias

Gosto de fazer viagens longas com alguém que é B


especial para mim
26. Gosto de beijar uma pessoa de minha intimidade ou E
de ser beijado por ela

Receber um presente sem qualquer razão especial C


me deixa contente

27. Gosto que me digam que sou querido A

Gosto que a pessoa olhe para mim enquanto falamos B

28. Presentes de um amigo ou ente querido são sempre C


especiais para mim

Sinto-me bem quando um amigo ou ente querido me E


toca

29. Sinto-me amado quando alguém faz com entusiasmo D


o que pedi

Sinto-me amado quando dizem o quanto me A


apreciam

30. Preciso ser tocado todos os dias E

Preciso de palavras de afirmação todos os dias A

TOTAIS
A: ____________ Palavras de afirmação
B: ____________ Tempo de qualidade
C: ____________ Receber presentes
D: ____________ Atos de serviço
E: ____________ Toque físico

Interpretando e usando seus pontos do


perfil
Que linguagem de amor recebeu mais pontos? Esta é sua
Principal Linguagem de Amor (PLA). Se os totais de pontos
para duas Linguagens de Amor (LA) forem os mesmo, você é
“bilíngue” e tem duas principais LA. Se tiver uma LA
secundária, ou uma cujos pontos estejam próximos da
principal, isto significa que ambas as expressões de amor são
importantes para você. O ponto mais alto para qualquer LA é
doze.
Embora você possa ter marcado uma LA mais que as outras,
tente não desconsiderar essas outras.
Seus amigos e entes queridos podem expressar amor desse
modo e valerá compreender isto a respeito deles. Assim,
também será bom que seus amigos e entes queridos saibam
qual é sua LA e expressem afeto por você de maneira que
você interprete como amor. Cada vez que você ou eles falam
a linguagem um do outro, vocês marcam pontos emocionais
um com outro. É claro que ninguém vai manter uma lista de
pontos. O resultado de falar a LA de uma pessoa é mais um
sentimento de que essa pessoa o entende e se importa com
você. Com o passar do tempo, esse sentimento se multiplica
em uma sensação mais forte de conexão.
Assim como identificar e falar a LA de um amigo ou ente
querido fortalece o relacionamento, não fazer isso pode
deixar um amigo ou ente querido com o sentimento de que
você não o ama. Quando as pessoas não expressam amor de
modo a ser percebido como tal, seus esforços, embora
sinceros, são de alguma forma desperdiçados. Isto pode
frustrar tanto aquele que dá amor como o suposto receptor.
Você pode ter sido inconscientemente culpado de falar uma
LA “estranha” no passado a alguém que amava.
Compreender o conceito das LA pode ajudar você a saber
expressar eficazmente seus sentimentos para que sejam
recebidos e interpretados como deseja.
Se ainda não tiverem feito isso, encoraje as pessoas
especiais em sua vida a fazerem o “Perfil das cinco
linguagens do amor”. A seguir, discuta suas respectivas LA s
e use este critério para melhorar seus relacionamentos.

PARA FIXAR
E REFLETIR

Vale o destaque:
“Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma família.” –
Benjamin Franklin
“A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos
povos.” – Martinho Lutero
“A natureza nos uniu em uma imensa família, e devemos
viver nossas vidas unidos, ajudando uns aos outros.” –
Sêneca

O primeiro gole do copo


das ciências naturais o
tornará um ateu. Mas, no
fundo do copo, Deus
estará esperando por
você.
WERNER HEISENBERG

15 7 PASSAGENS bíblicas sobre família. op. cit.


capítulo 9
UMA GRANDE FAMÍLIA

Josué, em Josué 24:1-28,16 quando renovou sua aliança


em Siquém, fez uma escolha bem clara: ele e sua família
serviriam apenas a Deus. Naquele momento o povo de
Israel estava começando a cultuar outros deuses, o que
desagradava a Deus. O exemplo de Josué reconduziu o
povo novamente ao Senhor. Não há família mais feliz do
que aquela que serve a Deus! Uma família que serve a
Jesus e lhe obedece conduz outras pessoas ao caminho
da Verdade. Faça esta escolha como família, busque a
Deus. Exerça a sua liderança, seja exemplo para os
seus filhos e coloque a sua família diante de Deus. Não
é uma tarefa fácil, mas todo esforço é recompensado
quando vemos os nossos entes queridos louvando a
Deus.
A
família tem imenso poder sobre cada ser. Todos os membros
uma família são especiais e importantes. Isso não pode
ser alterado, pois existe uma ligação que une todos pelo
campo familiar e que estabelece as ordens sobre cada
plexo de família. Com essas ligações, estamos em um meio
poderoso que pode servir para gerar mais luminosidade para
todos e auxiliar profundamente as nossa vida, trazendo inúmeros
benefícios.
Cada pessoa dentro de uma família tem o seu espaço, e isso
precisa ser respeitado. Todos se amam e todos se respeitam. É
assim que uma família cresce e se fortalece para a vida. Então
seres fortes vão para a vida com toda a sabedoria ancestral de
ligações amorosas saudáveis e equilibradas para vivenciar o
melhor.
Famílias bem-estruturadas respeitam essa ordem amorosa,
que é regida pela paz e por uma profunda conexão harmônica
entre todos os membros. As ligações são respeitadas, então elas
se mantêm firmes e fortalecidas para todas as pessoas do campo
familiar. Onde estiverem positivadas as ligações, também estarão
harmonizadas as experiências, e o amor será o centro que une
todos e cria profunda conexão.
Cada família nasce pela partilha do amor. Cada ligação
acontece pelo sentido de criar mais amor. Então, nas famílias, a
grande missão é gerar mais amor e distribuir para todas as
ligações. As relações familiares são extensas. Há muitas pessoas,
vários antepassados e muito aprendizado sobre a lei do amor
envolvidos. E é por esse amor que nos encontramos em família e
nutrimos a essência de cada relação, algo importante no contexto
de saúde e harmonia dentro de casa. Quando falo em saúde, é
porque gerar amor é exatamente gerar saúde interior no campo
familiar. Saúde e amor estão interligados. Ambos são vitais para
criar famílias poderosas.
O poder de uma família está em suas relações e no modo
como cada um alimenta as suas ligações. Família é vivência em
conjunto, é harmonia de ligações, é inclusão, é aceitação, é saber
que o amor está em todos, e esse mesmo amor age nos
membros, criando pessoas fortes e com o poder necessário para
viver tudo de que precisarem.
Família faz parte da base de vida de cada ser. É por isso que
ela é tão importante. Busque curar e solucionar conflitos
familiares, atingindo a máxima do amor, para que essa ligação
entre os seres de sua família seja de harmonia, entendimento e
amorosidade. A família vive em cada ser! A família está em todos
nós!17

Fazemos parte da família de


Deus
“‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’, perguntou
ele. Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor e
disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade
de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe’” (Marcos
3:33-35).18
Essa passagem nos revela o quanto Jesus valoriza aquele
que segue a Sua palavra. Ele não queria menosprezar a sua
família, mas, sim, nos deixar um grande ensinamento: se Deus é
nosso Pai e se somos filhos de Deus, nossos verdadeiros irmãos
são aqueles que fazem a vontade do Pai.
Ainda que não tenhamos parentes de sangue, ao aceitarmos
Cristo, passamos a fazer parte da família de Deus. Quem aceita
Jesus Cristo nunca estará sozinho. Mesmo com parentes em
volta, quem aceita Cristo tem uma grande família e irmãos
espalhados por todo o mundo!
“Então levou-os para fora e perguntou: ‘Senhores, que devo
fazer para ser salvo?’ Eles responderam: ‘Creia no Senhor Jesus,
e serão salvos, você e os de sua casa’. E pregaram a palavra de
Deus, a ele e a todos os de sua casa” (Atos 16:30-32).
O plano da Salvação inclui a sua família! Por intermédio do
testemunho de Paulo e Silas, o carcereiro teve uma grande
experiência com Deus. Um homem desesperado, que pensou ter
perdido as pessoas presas sob sua custódia, queria ser salvo.
Paulo não só ensinou como ele poderia ser salvo, mas profetizou
que, por intermédio dele, a sua família também seria alcançada.
Deus não quer abençoar a nós somente, Ele também quer
alcançar toda a nossa casa. Para que Deus possa agir, devemos
abrir a nossa casa para Ele reinar. Quando oramos pelos nossos
familiares e falamos de Cristo, estamos permitindo que Ele entre
na nossa casa. A sua fé vai levar muitos a aceitarem Cristo, então
comece pela sua família. Produza sementes e árvores que
gerarão bons frutos nessa terra.

FÉ NA
PRÁTICA

Criar o hábito de escrever sobre os seus sentimentos, desafios e


desejos pode ajudar (e muito!) na organização da sua mente, além
de proporcionar o registro para que, de tempos em tempos, suas
metas e objetivos sejam revisitados e atualizados. Por isso, tire
mais um tempo para você, concentre-se nas perguntas abaixo e
responda com a sinceridade do seu coração:

Como você se sente agora, após ter acesso a esta obra?

O que você precisa mudar de imediato na sua vida e na vida da sua


família?

Quais são os principais desafios e/ou dificuldades que vocês


precisam superar juntos?

Quais são os aprendizados que ficaram para você após esta


leitura?
16 7 PASSAGENS bíblicas sobre família. op. cit.
17 (N.A.) Trecho editado do texto original escrito por Karina Schuler que pode ser lido na
íntegra em: https://www.eusemfronteiras.com.br/o-poder-da-familia/. Acesso em: 21
set. 2023.
18 7 PASSAGENS bíblicas sobre família. op. cit.
capítulo 10
PARA REFLETIR E ESTUDAR

Qual é o propósito de Deus


para nossa família?19
Todos nós temos uma família, seja biológica, seja adotiva.
As famílias mudam quando os bebês nascem ou são adotados,
e quando ocorrem casamentos e mortes. Quando alguém se
casa, é normal aceitar a família do cônjuge como sua. E há
momentos em que, após a morte do cônjuge, a viúva ou viúvo
mantém relações familiares com a família do cônjuge falecido.
Se alguém se casar novamente, a família aumenta.
Família é um conceito importante na Bíblia. Deus instituiu
a família quando criou Eva como adjutora de Adão. O resto da
Bíblia fala da família em seus vários papéis, e o mais
importante é a igreja como família de Deus.
A Bíblia define a família como nós – aqueles da mesma
casa, que é o par de marido (homem) e esposa (mulher), com
seus filhos. Porque Deus criou a família, Ele está intimamente
envolvido com cada uma.
As Escrituras são nosso grande instrutor de monogamia. A
união vitalícia de um homem e uma mulher em casamento
como fundamento da família (Gênesis 2:21-24). Em toda a
Bíblia, prevalece a instituição da família como o modelo que
Deus a criou para ser.
Todos os outros relacionamentos devem se originar da
família, o alicerce de Deus para a construção da sociedade.
Se considerarmos os Dez Mandamentos, veremos que os
quatro primeiros dizem respeito ao nosso relacionamento com
Deus, e os outros seis falam sobre o nosso relacionamento
com os outros. Três estão diretamente relacionados à família.
O quinto mandamento diz para honrar o pai e a mãe. O sétimo
mandamento diz para não cometer adultério, preservando
assim a natureza sagrada da família. O décimo mandamento,
“não cobiçarás”, fala do mandamento de Deus para a fidelidade
do coração. Pois, dentro de uma família, não é bom nem
piedoso cobiçar o que os outros têm, incluindo uma família
diferente (Êxodo 20:12-17).
Jesus disse, em Mateus 15:19, “do coração saem os
maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, a
imoralidade sexual, os roubos, os falsos testemunhos e as
calúnias”. As ações procedem da intenção do coração, e Deus
trata de preservar a família como a criou. Ele, portanto, recebe
a glória (Efésios 3:14-21).
O Novo Testamento inclui narrativas históricas e epístolas
que incluem instruções sobre o que a família deve ser de
acordo com Deus. Paulo falou com eles quando disse: “Filhos,
obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo” (Efésios
6:1) e “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada
ao Senhor” (Colossenses 3:20).
Deus usa as famílias ao longo da história para cumprir Sua
vontade. A promessa que Deus fez a Abraão, em Gênesis
15:5, envolve família: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se
é que pode contá-las”. E prosseguiu: “Assim será a sua
descendência”.
Um desdobramento posterior da Aliança Abraâmica revela
mais detalhes quando Deus diz a Abraão que Ele o fez “pai de
uma multidão de nações… Eu farei de você nações, e reis
virão de ti”. Deus estabeleceu Sua aliança eterna com Abraão e
sua descendência (Gênesis 17:4-7). Então, assim começou
uma família grande demais para ser contada. E dentro da
família de Abraão, surgiram ramificações. O mais significativo é
a progressão das famílias que levou ao nascimento de Jesus
Cristo, Salvador do mundo.
Podemos, então, traçar Sua genealogia em Mateus 1:1-17
(um possível traço do lado da família de José) e Lucas 3:23-38
(um possível traço do lado da família de Maria). Não é um
aparte insignificante que Deus usou todos os tipos de pessoas,
incluindo uma mulher moabita (Rute 4:18-22), uma prostituta
(Raabe em Josué 6:23-25 e Mateus 1:5) e uma adúltera (Bate-
Seba em 2 Samuel 12:24). O ponto é que Deus não mostra
parcialidade, e Ele usará famílias para Seus propósitos em Seu
tempo perfeito (Isaías 55:8; Atos 10:34; Romanos 2:11; Gálatas
4:4).
Nossa família é apenas biológica? Felizmente, não. Como
cristãos, ganhamos uma vida familiar dupla quando aceitamos
Jesus como nosso Senhor e Salvador.
Em certo sentido, temos famílias biológicas (aquelas que
nos pertencem da maneira que Deus planejou), por exemplo,
mãe, pai e irmãos. Em um segundo sentido, como pessoas
pertencentes a Jesus, fomos adotados na família de Deus
(Romanos 8:16-17). Os cristãos que foram adotados por outras
famílias aqui na Terra fazem parte de uma família tríplice
(biológica, adotiva e família de Deus).
Podemos considerar a família como um modelo para
quem nós (como crentes) somos como filhos de Deus. Cada
cristão é um filho de Deus (Romanos 8:16; 1 João 3:1). E, de
acordo com o desígnio Dele, cada um de nós tem pai, mãe e
irmãos (geralmente). Cada parte da família biológica de uma
pessoa deve agir como Deus ordenou em Sua palavra. E cada
cônjuge deve ser um com o outro (Mateus 19:5) assim como
somos um em Cristo (Gálatas 3:28).
Quanto às três possibilidades, apenas uma durará para
sempre, e essa é a família de Deus. Devemos realmente amar
nossa família biológica, mas passaremos a eternidade
adorando ao Senhor com nossa família da igreja (que pode de
fato incluir membros de nossas famílias biológicas).
Jesus disse em Mateus 10:37: “Quem ama seu pai ou sua
mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu
filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”.

Versículos bíblicos sobre


família
A Bíblia tem muito a dizer sobre família, e nós
recomendamos uma visita a essas passagens:
Vemos a demonstração de uma boa família em:
Abraão – Gênesis 18:19: Abraão deveria ensinar seus
filhos a fazer justiça e retidão;
Jacó – Gênesis 35:2: Jacó ordenou que sua família
expurgasse deuses estrangeiros e honrasse somente
a Deus;
Josué – Josué 24:15: Josué escolheu que toda a sua
casa seguisse o Senhor;
Davi – 2 Samuel 6:20: Davi abençoou sua casa
(família);
Jó – Jó 1:5: Jó orou por seus filhos para que não
pecassem;
Cornélio – Atos 10:2-33: Cornélio era um homem
devoto que temia a Deus junto com toda a sua casa
(família);
Lídia – Atos 16:15: Lídia era uma crente hospitaleira
cuja família inteira conhecia Jesus como Salvador;
Lóide e Eunice – 2 Timóteo 1:5: Lóide e Eunice
viveram sua fé; assim, Timóteo aprendeu através
deles.

Vemos comandos para a família em:


Deuteronômio 4:9-10: ensine bem seus filhos;
Provérbios 31:27: uma esposa piedosa atende às
necessidades de sua família;
Salmos 133:1: uma família unida é uma coisa boa;
Mateus 18:21-22: Jesus exige que as famílias
perdoem umas às outras;
Deuteronômio 14:26: alegrem-se juntos na provisão
do Senhor;
Deuteronômio 29:18: desconfie de qualquer um que
fomente um afastamento do Senhor.

Qual é o propósito de Deus


para a família?
O Senhor detalhou Sua razão para uma família em Gênesis
1:28, quando disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham
e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre
as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela
terra”.
As famílias devem encher a terra, assim como Deus disse
que aconteceria com a família de Abraão. E Deus usa cada um
que nasce para continuar esse processo por meio das famílias.
No final, porém, o propósito de cada membro da família é
“temer a Deus e guardar os seus mandamentos” (Eclesiastes
12:13).
O propósito final de Deus para nós é trazer a Ele, à glória
que Ele merece com tanta justiça. Devemos buscar Seu reino
primeiro como indivíduos e ensinar nossa família a fazer o
mesmo. Devemos, como famílias, crescer em Cristo e ser
testemunhas para o mundo. Um cordão de três fios não se
rompe facilmente. Estamos, portanto, unidos em Cristo para
adorá-Lo e cumprir Sua vontade.
Sim, todos nós nascemos em uma família. No entanto, o
que importa, no final, é ter nascido de novo na família de Deus
(João 3:3).
Texto de Lisa Loraine Baker

19 BAKER, L. Qual é o propósito de Deus para nossa família? Biblioteca do


pregador. Disponível em: https://bibliotecadopregador.com.br/qual-e-o-proposito-de-
deus-para-nossa-familia/. Acesso em: 16 fev. 2023.
um último convite
Não há dúvida de que você foi impactado pela leitura. Agora,
chegou a hora de dar outro passo importante para que sua vida
seja transformada.
Decisões certas mudam destinos.
Por isso, o nosso convite é para que você se junte a nós – se
possível, presencialmente – no próximo evento “O poder da
família”.
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https://opoderdafamilia.com.br/
sobre os autores

João Kepler é escritor, investidor-anjo, conferencista,


apresentador de TV, podcaster, pai de empreendedores e
especialista na relação empreendedor-investidor. Foi premiado
por quatro vezes como o melhor investidor-anjo do Brasil pelo
Startup Awards.
O autor é CEO da Bossanova Investimentos, venture
capital que já realizou mais de 1.700 investimentos em startups
nos últimos sete anos, e conselheiro de várias empresas e
entidades, o que permite sempre estar conectado com o que
há de mais inovador no mundo dos negócios.
Kepler é autor de oito livros, entre eles Smart money; Os
segredos da gestão ágil por trás das empresas valiosas; Se
vira, moleque!; O poder do equity e Inevitável.

Kaká Diniz é cearense, nascido em Fortaleza, mas morou boa


parte de sua vida em Sobral – CE. O empresário é cristão,
empreendedor, investidor em startups, criador de cavalos
quarto de milha, piloto de avião, palestrante e especialista em
desenvolvimento pessoal. Além disso, o autor é sócio-diretor
da Non Stop, a maior agência de influenciadores da América
Latina, onde faz a gestão de carreira de grandes artistas
nacionais como Simone Mendes (sua esposa), Whindersson
Nunes, Tirullipa, GKay, como também turnês nacionais e
mundiais como as de Deive Leonardo, sendo muito respeitado
por todos os grandes empresários do país no mercado
business nacional e internacional pelos longos anos de estrada.
Casado com Simone Mendes desde 2013, eles têm 2 filhos:
Henry e Zaya.

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