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Matrizes Epistemológicas do Pensamento Psicológico

(03/08/2023) Introdução às Matrizes Epistemológicas do Pensamento Psicológico.

- Nota-se que a Psicologia, enquanto ciência, não é unificada, tendo em vista a


quantidade de Matrizes Epistemológicas existentes sobre um mesmo assunto.

Existem diversas maneiras de se desenvolver e desenrolar temas psicológicos, o que


nos leva a uma quantidade imensa de caminhos aos quais podemos seguir e nos basear
enquanto psicólogos; portanto, estudar as diversas facetas filosóficas e teóricas torna-se
imprescindível.

Autonomia, ecletismo, natureza x criação, mente x corpo, biologia x cultura, individual


x social, cognição x emoção, pluralidade teórica.

- Algumas Matrizes aos quais estudaremos os fundamentos: Fisiológica, Funcionalismo,


Gestalt, Behaviorismo, Psicanálise, Humanística, Fenomenologia, Psicodrama, Sócio-histórica,
Social-cognitiva, Transpessoal e Positiva.

Psicologia: Ciência da Alma

“Desde seu nascimento oficial como ciência independente, vive, ao lado de outras
ciências humanas, uma crise permanente. Esta crise se caracteriza pela extraordinária
diversidade de posturas metodológicas e teóricas...” (Figueiredo, 1991, p. 11)

Pressupostos: aquilo que se supõem antecipadamente. Ideias que se assumem sem ser
possível uma comprovação;

Pressupostos Ontológicos: a natureza do objeto de estudo;

Para Descartes, a “coisa que pensa” não teria uma forma no espaço, mas no tempo,
logo, poderia vagar fora do corpo extenso, pressupondo que a coisa que pensa continua
existindo mesmo após a morte do corpo, sendo essa o Pressuposto Ontológico da teoria.

Pressupostos Antropológicos: concepção de ser humano, derivam dos pressupostos


ontológicos, implícitas nas diferentes teorias. O que é o homem?

O homem é parte da natureza ou fora da natureza? A maioria das teorias psicológicas


acreditam que sejamos parte da natureza. Entretanto, algumas divergem da ideia.

Episteme: busca pela diferenciação entre as verdades e as opiniões

Epistemologia: reflexão geral em torno da natureza das etapas e dos limites do


conhecimento humano. Principalmente as relações que se estabelecem entre o sujeito
indagativo e o objeto inerte; teoria do conhecimento.

Na psicologia, isso torna-se um desafio, pois não reflete um sujeito indagativo e um


objeto inerte, mas dois sujeitos indagativos.
Pressupostos Epistemológicos: formas válidas de produzir e referenciar
conhecimentos, independentemente da beleza, volume ou nível do conhecimento, se ele é
verdade, é verdade.

(17/08/2023) Do conhecimento à prática

Fazemos ciência a partir de uma epistemologia lógica. É preciso achar meios de se


avaliar as hipóteses, pois nem toda hipótese é cientifica – se não tem como verificar a
hipótese, ela não pode ser cientifica.

Ex: Teoria dos Sonhos de Freud (1900)

A ciência está intimamente ligada a filosofia – e foi por isso que o positivismo não deu
certo. E o fato de necessitarmos de hipóteses, nos fez criar pressupostos, ideias incertas –
tanto pra sim quanto pra não – sendo usadas como respostas a perguntas complexas.

Matrizes Cientificistas: observam a psicologia como uma ciência natural, o que


implicaria na possibilidade de criação de conhecimentos úteis para a previsão e o controle de
seu objeto – eventos psíquicos e comportamentais – a partir dos modelos das demais ciências
naturais.

Matrizes Românticas: o objeto da psicologia são as formas de expressões – atos de


uma subjetividade que por meio deles se dá a conhecer – pode-se compreender e comunicar-
se com (mas não inserir em uma ordem natural de eventos).

Para estas matrizes, seria necessário a elaboração de métodos interpretativos – uma


hermenêutica - que permitam ir além da compreensão ingênua dos fenômenos em exame.

Matrizes Cientificistas:

- Matriz nomotética e quantificadora (teste de QI e personalidade, por exemplo); da


qual se derivam:

- Matriz atomicista e mecanicista; mais presente no princípio da psicologia; tratava a


mente como algo mecânico, formado por átomos. (Wundt)

- Matriz funcionalista e organicista – tudo o que é psíquico tem uma matriz biológica,
orgânica; a mente é um órgão de antecipação de planejamento do futuro, portanto, tem uma
função; (James). Com submatrizes:

- Submatriz ambientalista: nada vem pronto, somos uma “tabula rasa”

- Submatriz nativista: tudo vem pronto, “os genes definem”

Matrizes Românticas:

- Ideologias Pararreligiosa: uma ciência paralela com a religião; o individuo é colocado


no altar principal, juntamente da “liberdade”, sem que se coloque em seriedade uma análise
das condições concretas que poderiam permitir sua realização. Legitimam, assim, o
retraimento do sujeito sobre si mesmo numa inflação inconsequente e formal da
subjetividade. Nesta medida, se há oposição entre as ideologias cientificas psicológicas e as
pararreligiosas, elas, de certa forma, se complementam.

- Matriz Vitalista e Naturista: a favor da “vida” e contra a razão

- Bergsonismo: “evolução criadora”; mistura o evolucionismo com uma


centelha divina, vendo o ser humano como “ponta de lança” dessa criação pós-criação.

- Humanismo romântico: “somos lindos, maravilhosos, pois Deus no criou


blábláblá” – uma ideia que deixa a concepção de crueldade humana opaca diante da existência
do homem.

- Irracionalismo conformista:

- Matrizes Compreensivas:

- Historicismo Ideográfico (romântica): estudo da história individual; não é


visto como ciência porque cada ser é um ser, cada história é uma história.

- Estruturalismo (reação antirromântico): há estruturas no inconsciente; dentro


do subjetivo tem muitas ligações com outras subjetividades individuais

- Fenomenologia (racionalista): afirmação da experiencia inconsciente; “penso,


logo, existo”; para alguns, é a própria definição de psicologia. Temos os mesmos horizontes, as
mesmas sensações, os mesmos corpos, mesmas ideias, mesmo passado, presente e futuro.

Matriz Fenomenológica (é uma matriz a parte, nem romântica nem cientificista) e


existencialista

Fenomenologia: nossas experiencias/vivências possíveis e que se apresentam a mente:


fenômeno. Antes de TUDO, a mente. O mundo existe a medida em que o percebemos.
Consciência Intencional ou intencionalidade da consciência: ter “consciência de”; é sempre a
consciência de alguma coisa que não é ela mesma.

A fenomenologia parte da ideia de consciência intencional.

É uma maneira diferente de se abordar a realidade, parte-se da consciência como uma


evidência apodítica, questionando tudo, mesmo a possibilidade de ciência – portanto, a
fenomenologia é a ciência fundamental, a psicologia fenomenológica é a própria ciência.

O RESTO DA AULA TA NO CADERNINHO

(31/08/2023) Introspecção e o Voluntarismo em Wilhelm Wundt

Wundt procura afastar a psicologia do dualismo mente-corpo cartesiano e das


metafísicas materialista e espiritualista.

Diz que ambas não procuram interpretar a experiencia psíquica a partir da própria
experiencia, mas derivam de pressuposições de processos hipotéticos que estariam ocorrendo
em um substrato metafisico (Wundt, 1922).
Paralelismo Psicofísico: todo evento mental tem um processo físico correspondente,
ou seja, funcionam paralelamente, não se reduzindo ao físico, mas não sendo independente.
Ex: mente e cérebro.

Introspecção Experimental: analisar a experiencia a partir da própria experiencia

Voluntarismo: estudo da Vontade. Wundt queria entender o ser humano de forma


completa.

percebeu que a sua psicologia era metade das ciências naturais e metade das ciências
do espírito, pois, tinha natureza fisiológica, mas aplicação a partir dos princípios de resultante
criativo que a aproxima das ciências da cultura (do espírito).

- Psicologia dos Povos (Volkerpsychologie), de Wundt (1900-1920), trata da


Psicologia Cultural: “investiga dos processos mais complexos da mete, como linguagem, mito,
religião, arte, sociedade, lei, cultura e história [...]”

“A psicologia cultural não pode ser reduzida à psicologia fisiológica e experimental,


nem processos mentais complexos reduzidos a processos mais simples”

Sentimento, Pensamento e Vontade

Processos internos superiores que se formam a partir da interação social. Ou seja, aprendemos
a usar as nossas vontades e controlá-las a partir da manifestação da cultura em nossas vidas.

O Sujeito é um processo “volitivo” (da vontade), afetivo e cognitivo; não é nem espírito nem
matéria, é fluxo, processo.

Funcionalismo e Introspecção de William James

“Observação introspectiva é o que nós, enquanto psicólogos, temos que confiar em


primeiro lugar e sempre”

Entretanto, reconhece os limites da introspecção na psicologia

Fontes do erro: influência enganadora da linguagem – o pensamento quer falar do


sentimento, e nunca dará conta. O sentimento não cabe na linguagem.

Falácia do psicólogo: confusão do seu próprio ponto de vista com o do fato mental do
qual ele está fazendo seu relato.

Expressão do funcionalismo na psicologia: somos animais evolutivos, bem como nosso


cérebro e mente. Utilizamos de guerras e acontecimentos históricos para evoluir enquanto
espécie. Bem como no funcionalismo, tem-se a crítica de que o psicólogo mede as pessoas
para que elas se adaptem a sociedade (por meio de cada função). “Tudo que deriva do
comportamento humano diz respeito à evolução da espécie” – mas e as agressões? Violências?
Abusos? Para que servem? Dominação.

Funcionalismo e ética: não somos capazes de sermos bons. Somos capazes de sermos
espertos. A psicologia mede as pessoas. Há uma substituição da ética pela técnica.
Psicologia da GESTALT

A palavra pode ser traduzida como “configuração” ou “feitio” daquilo que


percebemos. Foi promovida por Wertheimer e Koffka

Se opôs ao Wundt, principalmente no que diz respeito ao elementarismo de


sua ideologia, ou seja, todos os muitos elementos para a formação de um fenômeno. A Gestalt
vai dizer que isso é desnecessário, e que devemos partir do fenômeno em si, e não de seus
elementos.

Estavam, sobretudo, interessados na percepção e acreditavam que as


experiencias perceptivas dependiam dos padrões formados pelos estímulos e da organização
da experiencia. Em outras palavras: devemos partir dos fenômenos e, somente após isso,
observarmos os elementos – pensamento contrário à experiencia imediata de Wundt.

“Um todo muito diferente da mera soma das partes”

As coisas percebidas não são reduzidas aos seus elementos. Quando se junta
os elementos, tem-se novos elementos.

No lugar da Introspecção clássica, Kohler propõe a Observação


fenomenológica: primeiro observa-se o fenômeno como forma completa, somente depois
paramos para analisar os elementos.

Leis da Gestalt: segregação, fechamento, proximidade, continuidade, semelhança,


pregnância (simetria) e unidade.

Os gestaltistas estavam interessados na percepção do movimento. Estes interesses os


levaram a diversas interpretações centradas na percepção, aprendizagem, memória e da
resolução de problemas que ajudaram a estabelecer bases para a atual psicologia cognitiva.

Isomorfismo: propõe a existência de um paralelo nas propriedades das configurações


físicas, fisiológicas, psicológicas e lógicas. Ou seja, tudo que é psicológico é, ao mesmo tempo,
fisiológico, físico e lógico.

O MAPA COGNITIVO
DOS RATO
(14/09/2023) Positivismo

Surgiu com Auguste Comte (1798-1857), que dividiu a evolução humana em fases:

- Religioso (mitológico)

- Metodológico (filosófico)

- Positivo (conhecimento)

A palavra positivo possui 5 acepções, segundo Comte:

1) Real em oposição a quimérico: o espírito humano deve investigar sobre o que é


possível conhecer;
2) Útil em oposição a ocioso: deve-se tomar a conhecer tudo o que seja destinado ao
aperfeiçoamento individual ou coletivo;
3) Certeza em oposição a indecisão
4) Precisão em oposição ao vago/indefinido (objetividade)
5) Positivo em oposição ao negativo: o objetivo da filosofia é agregar, organizar e
construir;

Em sua teoria, Comte acreditava que um dia o conhecimento seria totalmente


matematizado, sendo expresso e explicado de uma única forma em todos os espaços.

a) Tem-se um SISTEMA, composto por CAUSAS, PROCESSOS INTERNOS e EFEITOS 


entretanto, só podemos observar, por meio da ciência, as causas e os efeitos. Os
processos internos estão fora do nosso plano de visualização.

SISTEMA

CAUSAS     PROCESSO     EFEITOS

É como se o processo estivesse dentro de uma caixa preta, inacessível. Dessa forma, se
busca medir o que entra (causa) e o que sai (efeito), desprezando o processo interno.

b) Independência temporal e contextual das observações: a ciência é igual em todos


os lugares, em todos os tempos da história do universo.
c) Sendo assim, o que é verdadeiro num dado tempo e lugar pode, em circunstâncias
apropriadas, ser também verdadeiro noutro tempo e outro lugar.
d) O objetivo da investigação é desenvolver leis gerais (corpo nomotético) do
conhecimento sob a forma de generalizações que constituem asserções livres do
contexto e do tempo, aplicáveis para sempre e em qualquer lugar. Por isso, “não
se faz ciência sobre um caso particular”  ideografia
e) Positivismo fundamentou epistemologicamente (itens a, b, c e d) todas as ciências
naturais e sociais, unificando os critérios metodológicos:
- Observação
- Experimentação
- Raciocínio hipotético-dedutivo e indutivo (lógica formal): cria-se uma tese
provisória, que mais tarde será experimentada e comprovada ou negada (se +
então). Já no raciocínio indutivo, percebemos, a partir da experiencia, possíveis
leis que expliquem tais experimentações.
Dedutivo: Lei  Experiência
Indutivo: Experiência  Lei
- Replicabilidade, para ter certeza de que determinado resultado não foi
casualidade
- Previsão
- Controle

Ciências fundamentais
Matemática
Astronomia, física, química
Biologia
Sociologia
Nesta classificação a psicologia representa apenas um capítulo da biologia. Seu
único método seria a observação externa. Introspecção, para Comte, é
absurda, já que a caixa preta é inacessível.

“O indivíduo pensante não pode ser dividido em dois, um raciocinando,


enquanto o outro o visse raciocinar”

Positivismo Social de Comte


- Considera que a ciência é uma atividade do homem, e o homem um ser
social.
- Postula a natureza social do conhecimento científico, rejeita a introspecção
- Estabelece como critério de verdade o observável consensual – se duas
pessoas concordam, é verdade. Quem discorda, é maluco

Behaviorismo Metodológico

“Entendia Watson que a psicologia introspectiva teria tido uma origem religiosa e atribuída ao
método introspectivo aos “trinta anos estéreis do laboratório de Leipzig” – era contra a
psicologia de Wundt, sendo também um crítico da Gestalt e do Funcionalismo.

1. É uma ciência objetiva, não mental.


2. Prever e controlar o comportamento
3. Introspecção NÃO
4. Sem distinção de comportamentos entre humanos e não humanos
O comportamento é o objeto de estudo do behaviorista, deve ocorrer afetando os
sentidos do outro, deve poder ser contado e medido por outro.

Um bocejo detona o comportamento de bocejar, mas não implica afirmar que o


indivíduo está com sono, pois sono está na caixa preta.

Daí dizer-se que em observação o que importa é a concordância de observadores,


portanto, a necessidade de um treino rigoroso nos procedimentos de registro de análise.

Não nega a existência da mente, mas recusa um estado científico para ela. Não
podemos estudá-la por sua inacessibilidade.

SR

Mas o que é comportamento?

Não se fala em mente, espírito ou coisa que pensa. Se fala em ambiente.

É tão dualista quanto a posição mentalista, apenas troca-se a mente pelo ambiente.

Pavlov criou a palavra estímulo, determinando o paradigma entre estímulos e


respostas (SR), chamado de Condicionamento. Ivan fez com cães e Watson com o coitado do
Albert.

O Behaviorismo de Watson não foi tão bem-sucedido, sendo visto futuramente como
tosco e extremamente simplista.

Behaviorismo Radical

É uma interpretação filosófica do comportamento. A ciência do comportamento se


chama Análise Experimental (Skinner), e a sua filosofia, Behaviorismo Radical – radical porque
a mente não existe, é radicalmente físico, nega a existência de uma substância mental e vai
afirmar que pensamentos também são comportamentos.

“Toda atividade mental é uma atividade cerebral”

Algo que não possui matéria, não pode existir. Skinner era radicalmente biológico.

Baseou-se no Pragmatismo (estudar o que é útil) e no Fisicalismo (não há nada que a


física não explique).

Dois tipos de reflexo condicionado, um é no modelo Pavloviano e o outro no modelo


Thornidikeano

Condicionamento Clássico/Pavloviano: Condiciona um estímulo incondicionado (sineta


e comida)

Condicionamento de Thorndike/Operante: o comportamento se dá por meio de sua


consequência.

1) Conceitos como mente, consciência ou cognição, são radicalmente rejeitados


2) Sensações, sentimentos, pensamentos e outros eventos internos são considerados
comportamentos da mesma natureza, e são chamados de comportamentos
abertos (extremamente observáveis).

Behaviorismo Propositivo

Proposto por Edward Tolman, que define como variável interveniente entre os estímulos (S) e
a resposta (R) os “Mapas Cognitivos” (C)

SCR

Aprendizagem Latente: não precisamos ser recompensados para aprendermos algo. Lance dos
mapas mentais dos ratos

Behaviorismo Cognitivo

A visão de Tolman pode ser resumida dizendo-se que o comportamento não é a resposta para
um estímulo, mas um processamento cognitivo de um padrão de estímulo, portanto,
determina a resposta

Ele afirmou que o comportamento é holístico, intencional e cognitivo.

Desenvolveu o conceito de Variáveis Intervenientes: não são observáveis. Faz parte de uma
trindade de conceitos para variáveis:

1) Dependentes (comportamentos ou respostas sendo observadas e mensuradas)


2) Independentes (variação ambiental e individual)
3) Intervenientes (definíveis e mensuráveis, mas não observáveis)

(21/09/2023) Psicanálise

Sigmund Freud, antes psicopatologista, agora psicoterapeuta. Essa mudança se deu em


decorrência de uma reflexão de que a psique detém tudo, e não que tudo é fisiológico.

Nessa época, tinha-se a convicção de que tratamentos de eletrochoque e afins trariam


melhoras ou até cura.

Histeria  conceito baseado na sexualidade

Desde o tempo de Hipócrates, as mulheres são chamadas de “histéricas”, adjetivo


preconceituoso que visava diminuir a mulher simplesmente pela existência de um útero. Freud
pega esse mesmo adjetivo, alterando parcialmente seu conceito e tornando-o psicológico (mas
sem perder suas características de neurocientista).

Freud foi o primeiro psicólogo a trabalhar com a ideia de “inconsciente” e


“consciente”, fundamentos básicos da Psicanálise.
Por meio de um desenho (1895), Sigmund demonstra o que seria, em sua concepção, o
inconsciente: Um neurônio sobrepõe o outro, até que o primeiro seja “afundado” na
consciência, tornando-se inconsciente.

“O ponto de partida dessa investigação é um fato sem paralelo, que desafia toda
explicação ou descrição – o fato da consciência. Não obstante, quando se fale de consciência,
sabemos imediatamente, e pela experiencia mais pessoal, o que se quer dizer com isso.” ¹

¹ 1 - “Uma tendência extrema, como por exemplo, a do behaviorismo, nascido na América,


pensa poder estabelecer uma psicologia que não tenha em conta este fato fundamental!”

Inconsciente

Após chegar à conclusão da existência da consciência, buscou compreendê-la e, com


isso, descobriu o inconsciente.

Este viria à tona quando a consciência não se satisfaz (como esquecer determinado
vocábulo, por exemplo), essa “não satisfação” ou repressão, vem como um mecanismo de
defesa do Ego, para tentar não sofrer.

Dessa forma, Freud determina os dois pilares da futura psicanálise: a consciência e a


inconsciência.

Hipnose

Freud trabalhou com Charcot por um tempo e assim conheceu, estudou, utilizou e
criticou a hipnose.

Críticas:

- Efeitos não duradouros

- Relação de dependência do paciente para com o médico

- Não cura, apenas retarda


Processos Psíquicos

Após formular a Psicanálise, Freud atribuiu três qualidades aos processos psíquicos:

Conscientes, pré-conscientes e inconscientes

“A divisão entre as três classes não é absoluta nem permanente. O que é pré-
consciente se torna consciente; o que é inconsciente pode, através de nossos esforços, vir a
ser consciente, e, no processo, temos muitas vezes a impressão de estar superando
resistências muito fortes”

“O que é inconsciente na vida mental é também o que é infantil”

“Esse mal terrível é simplesmente a parte infantil, inicial da vida mental, que podemos
encontrar em operação real nas crianças” traduzindo: o inconsciente é a parte reprimida da
consciência, ou seja, tudo o que é mau (sexualidade e desejo de matar), tende a se afastar da
consciência.

Mau  é defino a partir do Super Ego, que pode ser traduzido como as imposições morais da
educação social.

“Está inconsciente, no qual tudo o que é mau na mente humana está contido como uma
predisposição”  somos maus por natureza

Nossos impulsos naturais (sexuais e agressivos), tidos como diversão e destruição,


devem ser contidos à força por uma classe superior prudente (Super Ego)  sentimos culpa,
remorso, frustração por não podermos realizar nossos desejos.

Metapsicologia

É a estrutura topográfica onde a psicologia acontece

Topográfico: lugar onde o componente mental está (pré-consciência, consciência ou


inconsciência)

Estrutural: soma dos componentes mentais

ID (cavalo)  estrutura básica (sexual e agressiva) – biológico

Ego (condutor)  Eu. É pressionado pelas vontades do ID e pelas imposições do Super Ego

Super Ego (cliente) imposições morais que reprimem o Ego e o ID – social

Psicanálise na prática

Freud desenvolveu o método da Regra por Associação Livre: fale o que vem na sua
cabeça, sem elaborar, negar ou omitir.

“[...] não tentar fixar particularmente coisa alguma que ouvisse na memória e, por
esses meios, apreender o curso do inconsciente do paciente com o seu próprio inconsciente.
[...] ao médico só era necessário adiantar um passo a fim de adivinhar o material que estava
oculto ao próprio paciente, e poder comunicá-lo a este.”

Analisou o momento de pausa na sequência de palavras (ou sequência rompida) da


pessoa, criando hipóteses, deduções plausíveis.
Dessa forma, Freud completava a palavra sequencial. Mas como saber se acertou a palavra?

Observava a reação da pessoa, se piorasse (nesse caso, demonstrasse emoção


negativa), significaria que ele tinha acertado.

“A relativa certeza de nossa ciência psíquica baseia-se na força aglutinante dessas deduções”

Freud tinha uma confiança inabalável em sua interpretação, e isso é perigoso. “meu consciente
mede o inconsciente do outro. Sei mais sobre ele do que ele poderia saber”

“[...] a psicanálise é um procedimento para curar.” (1926/2014, p. 126)

usando uma “[...] arte da interpretação.” (1926/2014, p. 188)

No caso do Freud, sua interpretação era a Hermenêutica Reducionista: ou era violência


ou era sexo.

Mundo Exterior e o Inconsciente

Para Freud, a concepção mitológica que se estende até às religiões mais modernas
nada mais é do que a Psicologia projetada no mundo exterior. O conhecimento psicológico
interno constrói uma realidade suprassensível, que deve ser retransformada pela ciência em
Psicologia do Inconsciente.

Fantasias primitivas ou situações arquetípicas

São criações de memorias que, supostamente, nunca ocorreram. Sigmund dizia que a
resposta seria a seguinte:

As fantasias primitivas são propriedade filogenética. Em síntese, as memorias são passadas de


seus ancestrais através dos genes ao longo de eras, onde simplesmente fantasiamos a verdade
individual com a verdade pré-histórica.
Estrutura Artificial de Hipóteses

Freud acreditava que as ciências poderiam evoluir exponencialmente, podendo chegar


a se contrapor com as ideias da então Psicanálise (pulsões de vida e morte, ID, Ego e Super
Ego)

“Acredito ser possível esperar tanto da fisiologia quanto da química as mais surpreendentes
informações, pois é impossível prever que respostas retomarão, em umas poucas dúzias de
anos, às indagações que apresentamos. Elas poderão ser de tal natureza a varrer toda a nossa
estrutura artificial de hipóteses.”

Freud não só acreditava, como queria que a ciência, fisiologia e química


principalmente, assumissem o lugar dos então pressupostos psicanalíticos.

“A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa mitologia. As pulsões são entidades míticas,
magníficas em sua imprecisão. Em nosso trabalho, não podemos desprezá-las, nem por um só
momento, de vez que nunca estamos seguros de as estarmos vendo claramente.”

(28/09/2023) Psicologia Analítica

Carl Jung

“Memórias, sonhos e reflexões”

“Elas representam o testemunho da minha vida elaborada segundo meus


conhecimentos científicos. Minha vida e minha obra são idênticas (...) portanto, a leitura deste
livro será difícil para aqueles que não conhecem meus pensamentos ou não os compreendem.
O que sou e o que escrevo são uma só coisa.”

“Sonho da casa”

Jung descreve seu sonho como estando em uma casa desconhecida, de dois andares,
era “sua casa”. Em uma análise, notou que a sala em que estava se assemelhava a uma
arquitetura do século XVIII. Após isso, desceu para o segundo andar da casa e percebeu que
era ainda mais escuro e antigo, como se fosse do século XVI. Ao descer mais um andar, como
se fosse um porão tampado por uma porta de pedra, o tempo retrocedeu ainda mais, para o
século II A.C, então, Jung encontrou uma escada de pedra que dava em uma gruta rochosa e
escura, onde encontrou ossadas humanas (dois crânios), notando estar na Pré-História.
Depois, acordou.

 Jung considera que o inconsciente individual (sombra) – resultado da repressão


que Freud havia citado - seria a divisão (o porão) entre os séculos XVI e II A.C.
 Já a consciência seriam os dois primeiros andares (séc. XVII e XVI)
 Quanto mais descia, mais notava a ausência de iluminação, porque quanto mais
primitivo fosse aquele tempo, menos a consciência poderia estar presente.
Consciência é algo herdado pela história de nossa filogenética.
 Inconsciente Coletivo: é a psique herdada, não apenas de nossos pais, mas de
todos. É a divisão entre o Século II A.C e a Pré-História.
A partir desse Inconsciente Coletivo, compartilhamos sentimentos, sensações.
Tudo que vem do I.C é demonstrado como religioso/mitológico, entretanto, sua
apresentação se altera de acordo com a cultura a qual a pessoa está ou foi inserida
na infância.
 Tudo que nos é herdado, torna-se parte dos Arquétipos.

Representação Tópica

Crítica de Jung à Freud

Considerava que o significado atribuido à libido estava errado; por que tudo tem de ser
sexual? Jung chamou isso de “erro inicial de Freud”. Alegou que o problema foi freud tentar
atribuir suas teorias à biologia, supostamente explicando inumeros pressupostos. Não pode
ser exatamente a cena que foi vista, é, na verdade, o Arquétipo do Ser Andrógeno “mito de
Platão”, o proprio Self, completo por si só.  as pessoas não viam uma cena sexual, era um ser
homem e mulher simultaneamente, ou seja, um Andrógeno.

A partir da Teoria dos Arquétipos, Jung passou a se contrapor com a Teoria da Sexualidade de
Freud

A “Falácia Pré-Trans” em Jung

Inconsciente coletivo inferior e superior – uma critica à Freud e Jung

Inconciente Coletivo na Infancia: inferior

Inconsciente Coletivo na fase Adulta: superior, leva a “individualizar-se”. Ser por si e para si.

“Jung, portanto, tende a obscurecer as vastas e profundas diferenças entre o inconsciente


coletivo inferior e o inconsciente coletivo superior; isto é, os reinos coletivos pré-pessoais e
coletivos transpessoais.”

Assim, Jung não apenas ocasionalmente acaba glorificando certas formas míticas infantis de
pensamento, como também frequentemente dá um tratamento regressivo ao Espírito.
“Na minha opinião, existe um Self Transpessoal (Jung), mas a matriz primária é pré-pessoal
(Freud). O problema surge quando os freudianos se deparam com um evento verdadeiramente
transpessoal e realmente místico, pois então são forçados a explicá-lo como regressão à matriz
primária, ou regressão/fixação ao narcisismo primário ou valoração onipotente (cf. Ferenczi).
(WILBER, 1990, pg. 240)

“[…] um arquétipo é uma imagem ou forma mítico-arcaica herdada coletivamente.


Infelizmente, porém, o nível arcaico-mítico encontra-se no lado pré-pessoal ou pelo menos
pré-racional da divisão do desenvolvimento.

“Arquétipos, como usados por Platão, Santo Agostinho e os sistemas Budista-Hindu, referem-
se às primeiras formas de manifestação que emergem do Espírito Vazio no curso da criação do
universo.” (WILBER, 1990, pg. 256)

“Assim, as imagens míticas não são os arquétipos; quanto a serem arquetípicas, assim são
todas as outras estruturas profundas, então não há nada especialmente ou preeminentemente
arquetípico sobre imagens míticas – em ambos os casos, o uso do termo arquétipo por Jung é
incorreto, na minha opinião.”

Em síntese, a criança não conhece os arquétipos, ela os vive. Todos os arquétipos são vividos
pela criança, mas não conhecidos. Já para adultos, é possível descermos até os verdadeiros
arquétipos, conhecendo-os de fato.

Jung: eleva a criança a nível espiritual

Freud: rebaixa o espiritual ao nível biológico

Jung: E, por fim, esta proposta leva também a uma nova visão sobre o fenômeno da
transferência, que mais do que se referir à reedição das relações infantis, mostra a busca da
totalidade psíquica, e [...]

“[...] é, sem dúvida alguma, uma das síndromes mais importantes e decisivas do processo de
individuação e significa mais do que uma simples atração e repulsa de ordem pessoal. Graças a
seus conteúdos e símbolos coletivos, ele ultrapassa de longe a pessoa, e atinge a esfera do
social, trazendo à memória aqueles contextos humanos superiores, que, por doloroso que
seja, faltam à nossa ordem, ou melhor, à desordem social dos nossos dias.
Mostra-se como uma relação entre 4 pessoas (C com C, I com I, C com I e I com C)

“[...] a crítica filosófica me ajudou a perceber que toda psicologia — inclusive a minha — tem o
caráter de uma confissão subjetiva. [...]

“O reconhecimento do caráter subjetivo da psicologia que cada um produz é talvez o ponto


que mais me separa de Freud.”

“Outro ponto que nos diferencia parece-me o fato de que eu me esforço por não ter
pressuposições inconscientes e, por isso, não críticas sobre o mundo em geral.”

[...] “A oposição entre Freud e eu repousa essencialmente na diferença de pressupostos


básicos. Pressupostos são inevitáveis e porque são inevitáveis não se deve dar a impressão de
que não os tenhamos.”

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