Práticas Pedagógicas para o Ensino Da Física
Práticas Pedagógicas para o Ensino Da Física
Práticas Pedagógicas para o Ensino Da Física
Abstract: This work is based on an exploratory and descriptive action research, with
quantitative approach. The target audience are twelve children diagnosed with Attention
Deficit and Hyperactivity Disorder (ADHD) at the Psychosocial Care Center for Children
(CAPSI), of both sexes and aged between five and eleven, in the city of Altamira / PA.
This study aims to describe teaching possibilities for the pedagogical practice in Physical
Education that help the motor and cognitive development of students with ADHD. As a
data collection instrument, it was the Motor Development Scale (EDM) test was applied
and, subsequently, a pedagogical intervention program was developed addressing games
and psychomotor circuits, designed in a playful and recreational way for children with
ADHD and finally the reapplication of the EDM test. It concludes that children with
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Sem apoio financeiro de agências de fomento.
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Doutoranda em Educação pela ULBRA de Canoas/RS e Mestre em Educação pela Universidade do Estado
do Pará/UEPA (2017) onde atua como professora Auxiliar. Pesquisadora do Grupo Multidisciplinar de
pesquisa em Educação, Saúde e Meio Ambiente na Amazônia. Belém / Pará / Brasil. E-mail:
laine.educacaofisica@hotmail.com. https://orcid.org/0000-0002-8347-7984
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Graduada em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus IX-Altamira. Belém
/ Pará / Brasil. E-mail: elma-guimaraes@hotmail.com. https://orcid.org/0000-0001-5114-5267
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Graduação em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará. Belém / Pará / Brasil. E-mail:
claublrodrigues182523@outlook.com. https://orcid.org/0000-0002-0936-7007
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ADHD have a high level of delay in motor development, with a lower (70-79) and much
lower (<70) classification, considering the participants' chronological age.
Introdução
O TDAH é definido como um transtorno neurobiológico crônico surgindo na
infância e pode perdurar até a vida adulta do indivíduo; com mais incidência no sexo
masculino do que no feminino. É caracterizado por sintomas como com a falta de atenção,
hiperatividade e impulsividade associado aos fatores genéticos e ambientais; na qual, a
natureza da influência genética ainda é desconhecida, mas sabe-se que é fortemente
hereditária em cerca de 76% dos casos e pode compartilhar influências genéticas com
outros transtornos, como dislexia, Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e autismo; já
os riscos ambientais também são fatores determinantes para a ocorrência do transtorno,
no qual pesquisadores observaram a influência negativa do consumo de tabaco e de álcool
pela mãe durante a gravidez, da depressão maternal, do baixo peso ao nascer, das práticas
parentais ruins e do fato de viver num bairro desfavorecido (APA, 2014; ABDA; OMS,
2010; ROMMELSE et al., 2013).
O TDAH ocorre devido uma disfunção do sistema de neurotransmissão,
localizado na região pré-frontal do córtex cerebral, apresentando uma taxa inadequada de
dopamina, sendo este o neurotransmissor responsável pelo controle motor e pela atenção;
portanto, acometendo em um déficit das funções executivas quanto ao controle inibitório,
à capacidade de planejamento, a organização, a flexibilidade mental e a atenção
sustentada (FERREIRA, 2015; RIBEIRO, 2016).
Para o diagnóstico de TDAH não existe nenhum exame ou teste psicológico
específico, todavia a avaliação clínica deve ser realizada por um profissional da área
médica, com conhecimentos pediátricos, psicossocial e em saúde mental; cujos critérios
se configuram na persistência de seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade-impulsividade em um período de seis meses e em graus desproporcionais
comparados a pessoas com desenvolvimento equivalente. O critério de diagnóstico ainda
especifica o nível do TDAH em leve, moderado ou grave (APA, 2014; OMS, 2010;
ROMMELSE et al., 2013).
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Os alunos com necessidades educativas especiais (NEE), como é o caso dos que
possuem TDAH, vivenciam o processo de ensino-aprendizagem em etapas e maneiras
diferentes dos ditos “normais”, por isso, a prática pedagógica da Educação Física possui
papel fundamental no desenvolvimento global dos alunos, principalmente daqueles com
deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos desenvolvimentos intelectual,
social e afetivo (SOLDERA, 2016), visto que o TDAH não é apenas um problema
comportamental, mas também de dificuldade no aprendizado em realizar tarefas que
exijam habilidades para solucionar problemas e organização (ABDA, 2014).
Para Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) o desenvolvimento motor é a mudança
contínua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida e está estreitamente
relacionado com os domínios cognitivo e afetivo do comportamento humano; uma vez
que, as habilidades motoras de locomoção, controle de objetos e de estabilização
desenvolvidas na infância são fundamentais para o engajamento futuro em esportes,
atividades de vida diária e atividades físicas em geral. Diante do exposto, observa-se que
crianças com TDAH tem predisposição a apresentarem comprometimentos nas
habilidades motoras devido às anormalidades nas regiões encefálicas ligadas a função
motora (GOULARDINS, 2016).
Neste contexto, a Educação Física como componente curricular da educação
básica pode contribuir para o desenvolvimento intelectual e motor de alunos com TDAH,
além de estimular a atenção, concentração e dispor de propostas metodológicas que visem
os critérios de inclusão (BRASIL, 2016; COSTA; MOREIRA; SEABRA JUNIOR,
2015).
A partir deste pressuposto, surgiu a inquietação que se traduziu na problemática
desta pesquisa, sendo ela: quais as possibilidades de ensino para a prática pedagógica em
Educação Física junto aos alunos com TDAH que apresentam dificuldades nas
habilidades motoras? Face ao exposto, torna-se necessário considerar que a escolha em
pesquisar tal temática foi impulsionada pelas vivências acadêmicas durante a realização
do estágio supervisionado no âmbito escolar, onde foi possível notar-se a grande
dificuldade que o professor de educação física enfrenta ao lidar com alunos que
apresentam comportamentos desatentos e hiperativos-impulsivos durante as suas aulas.
Desta forma, torna-se fundamental ampliar o acervo acadêmico referente à
produção do conhecimento na área em virtude da escassez de produções científicas
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referentes a métodos didático-pedagógicos de como o professor de Educação Física pode
conduzir/ministrar a sua aula para alunos com TDAH. Diante disso, o estudo objetiva
descrever possibilidades de ensino para a prática pedagógica em Educação Física que
auxiliem no desenvolvimento motor e cognitivo de alunos com TDAH.
Metodologia
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(coordenação), equilíbrio (postura estática), esquema corporal (imitação postura e
rapidez), organização espacial (percepção do espaço), organização temporal (linguagem
e estruturas temporais) e lateralidade (mãos, olhos e pés).
Em cada bateria de teste, com exceção dos testes de lateralidade, houve 10 tarefas
motoras para serem executadas, distribuídas entre 2 e 11 anos, organizadas
progressivamente em grau de complexidade, sendo atribuído um valor correspondente a
Idade Motora (IM), expressa em meses. O teste foi interrompido quando a criança não
conseguiu concluir a tarefa com êxito, conforme indica o protocolo. Ao final da aplicação
foi possível identificar o nível de desenvolvimento motor geral da criança, determinado
por idades motoras e quocientes motores. E ao se comparar a idade cronológica e a idade
motora foi possível verificar o avanço ou o atraso motor de cada criança. Os valores foram
quantificados e categorizados, dentro dos padrões de classificação da EDM analisados
em: muito superior (> 130), superior (120-129), normal alto (110- 119), normal médio
(90-109), normal baixo (80-89), inferior (70-79) e muito inferior (< 70) (ROSA NETO,
2015).
Para interpretação das variáveis o valor da Idade Cronológica (IC) foi
representado pela data de nascimento da criança, geralmente dada em anos,
transformando-a em meses. O valor da Idade Motora (IMG) se obteve através da soma
dos resultados positivos das provas motoras, também expressa em meses. A Idade
Positiva/Negativa (IP/IN) é a diferença entre a idade motora geral e a idade cronológica
e os valores serão positivos quando a IMG apresentar valores numéricos superiores á IC.
A partir dos valores obtidos com as idades motoras, torna-se possível identificar a
extensão do avanço ou atraso no desenvolvimento motor em relação à idade cronológica
para os domínios geral e específico (ROSA NETO, 2015).
Após aplicação do teste, foi realizado o programa de intervenção pedagógica com
a finalidade de identificar e selecionar estratégias de ensino e recursos pedagógicos para
intervir junto à criança com TDAH. As atividades ocorreram nos mesmos dias e horários
de terapia das crianças com o intuito de manter suas rotinas dentro da instituição
utilizando espaços distintos como o pátio em uma área descoberta, a sala de terapia e as
praças públicas com auxílio da equipe multiprofissional e do transporte da instituição.
A intervenção ocorreu de forma grupal, duas vezes por semana, no período da
manhã e da tarde, com duração média de 50 minutos. As atividades foram realizadas em
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doze sessões e contaram com um planejamento prévio mediante um plano de aula e sendo
organizadas em eixos temáticos, como jogos, brincadeiras e circuito psicomotor que se
alternavam a cada duas sessões, expostos no quadro 2.
O conteúdo foi elaborado de forma atrativa, lúdica e recreativa com objetivo de
melhorar o desenvolvimento motor deficitário das crianças com TDAH apontado no pré-
teste além de, visar o bem-estar, a cooperatividade e aprimorar o convívio socioafetivo e
as habilidades psicomotoras dos participantes.
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Resultados e discussão
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casos foi necessário dar uma pausa no teste procurando estimulá-las com outras
atividades, para que assim pudesse dar segmento e finalizar a aplicação do teste. Vale
ressaltar, que na ficha de acolhimento das crianças havia prescrição médica para o uso de
medicações como Ritalina e Respiridona. Todavia, não foi possível constatar se no
período da pesquisa as crianças estavam fazendo uso regular do remédio.
A partir do estudo foi possível comprovar que há uma maior predominação do
TDAH no sexo masculino do que no feminino como menciona APA (2014), uma vez que,
dentre os doze participantes apenas uma criança correspondia ao sexo feminino.
Em conformidade com os dados apresentados na tabela 1 a seguir, o valor da IC é
representado pela data de nascimento da criança, transformando-a em meses; a média no
pré-teste resultou em oito anos de idade e no pós-teste a média de nove anos. O valor da
IMG se obtém através da soma dos resultados positivos das provas motoras; sendo assim,
houve a prevalência do nível motor em cinco anos. A IP/IN é o resultado da diferença
entre a IMG e a IC; os dados apontam elevados índices na idade negativa no pré e pós-
teste com a prevalência do nível motor em menos três anos de idade.
As crianças deste estudo apresentaram alto nível de atraso no desenvolvimento
motor devido a grande quantidade de idades negativas demonstradas entre a IC e a IMG.
De acordo com Goulardins (2016), as dificuldades motoras presentes no TDAH possuem
uma relação direta com os estudos de neuroimagem que revelam anormalidades nas
regiões encefálicas ligadas a função motora. O que por sua vez exerce um papel
fundamental, já que tais funções são associadas ao controle motor, coordenação e
equilíbrio.
Estudos de Oliveira, Cavalcante Neto e Palhares (2018) apontam que em 43,48%
das crianças com TDAH há a incidência no indicativo do Transtorno do Desenvolvimento
da Coordenação (TDC), sendo este caracterizado por um desempenho motor
substancialmente abaixo dos níveis esperados para idade cronológica do indivíduo, dadas
as oportunidades prévias para a aquisição de habilidades motoras.
Tabela 1 – Distribuição dos dados pré e pós-teste EDM referentes à idade cronológica,
idade motora geral, idade positiva/negativa, quociente motores e quociente motor geral.
Pré (n=12) Pós (n=12)
Grupo Média ± DP Média ± DP
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Legenda: Idade Cronológica (IC), Idade Motora Geral (IMG), Idade Positiva/Idade Negativa
(IP/IN), Quociente Motor Motricidade Fina (QM1), Quociente Motor Motricidade Global (QM2),
Quociente Motor Equilíbrio (QM3), Quociente Motor Esquema Corporal (QM4), Quociente Motor
Organização Espacial (QM5), Quociente Motor Organização Temporal (QM6). Os valores das variáveis
estão expressos em meses.
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menos precisos. O QM2 se obteve através da divisão da IM2 e IC multiplicado por 100
(ROSA NETO, 2015). É possível identificar, como demonstra a tabela 1, que a média
deste item no pré-teste ficou em cinco anos de idade e no pós-teste aumentou para seis
anos.
Desse modo, os resultados deste estudo apresentam semelhanças com os achados
da pesquisa realizada por Fernandes et al., (2017), com oito crianças do sexo masculino
com idade média de dez anos evidenciando que as habilidades motoras globais estão
comprometidas nas crianças com TDAH, especialmente em idade escolar. Haja vista, que
uma desordem ou desarranjo no desenvolvimento motor pode desencadear incapacidades
no desempenho das atividades diárias e consequentemente interferir em diversas fases do
desenvolvimento global da criança.
Mediante a isto, torna-se necessário desenvolver, no âmbito escolar, atividades
físicas regulares e sistematizadas com a finalidade de aperfeiçoar as habilidades motoras
globais. Por meio de atividades que possam englobar o controle motor amplo, agilidade,
flexibilidade, velocidade, força e equilíbrio dinâmico.
No decorrer da intervenção tais atividades foram satisfatórias, apesar de que em
alguns momentos as crianças se dispersavam; entretanto, permitiram que elas se
locomovessem livremente pelo espaço, possibilitando assim uma mudança na sua rotina.
Para Rosa Neto (2015), o equilíbrio é considerado a capacidade para assumir e
sustentar qualquer posição do corpo contra a lei da gravidade. E do ponto de vista
biológico, trata-se da possibilidade de manter posturas, posições e atitudes, indica a
existência de equilíbrio. O QM3 é representado por meio da divisão entre a IM3 e a IC
multiplicado por 100.
Como evidencia a tabela 1, é possível constatar que no pré-teste obteve-se a média
de quatro anos para esta área motora e no pós-teste já houve uma melhora com a média
de cinco anos.
As crianças apresentaram dificuldades em realizar tarefas motoras de equilíbrio
estático e dinâmico devido à necessidade de se manter concentrado e com uma boa
consciência corporal para executar a atividade. Fato este relacionado a problemas nas
funções executivas comumente encontradas no transtorno, onde ocorre o envolvimento
cerebelar e de circuitos associados a tais funções como atenção, cálculo mental,
orientação e memória que interagem com o controle postural e estão associados às
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pessoas ao seu redor, o que poderia explicar a dificuldade na execução dos testes
(ROMMELSE et al., 2013).
Neste viés, é imprescindível primeiramente explorar o movimento e o brincar
espontaneamente nas aulas de Educação Física para que posteriormente possa executar
as atividades mais estruturadas, complexas de aprendizagem. Para melhorar esta área
motora, foram desenvolvidas atividades que possibilitassem dissociação segmentar,
propriocepção, expressão corporal, imagem corporal e percepção de movimento; onde
foram realizadas práticas corporais que envolvessem ritmo e movimento com a finalidade
de que os alunos associassem os comandos da música com sua própria imagem corporal.
As crianças conseguiam executar a atividade de forma satisfatória até o momento
em que tinham acompanhamento do professor, pois, quando recebiam o comando para
dar continuidade sozinha não executavam a atividade completamente e começavam a se
distrair e a dispersar pelo espaço.
A consciência espacial é um componente básico do desenvolvimento perceptivo-
motor sendo que a compreensão de quanto espaço o corpo ocupa e qual é a relação dele
com objetos externos pode se dar por uma série de atividades de movimento
(GALLAHUE, OZMUN e GOODWAY, 2013). As tarefas de organização espacial
envolvem processos de localização, orientação, reconhecimento visuo-espacial,
percepção de distância e velocidade. O QM5 se obtém por meio da divisão entre a IM5 e
a IC multiplicado por 100 (ROSA NETO, 2015).
É possível constatar, como aponta a tabela 1, que a média desta área motora no
pré-teste resultou em cinco anos de, já no pós-teste aumentou para seis anos de idade. De
acordo com os dados ficou evidente que as crianças apresentaram dificuldades no
desenvolvimento motor deste item, correlacionando com os estudos de Goulardins (2010)
sendo a amostra composta por trinta e quatro crianças, de ambos os sexos, com idade de
sete a onze anos que evidenciou que cerca de 64,6% das crianças com TDAH
apresentaram baixo desempenho nas tarefas de organização espacial.
Sendo assim, as atividades de intervenção tiveram como proposta estimular
noções de direita e esquerda, percepção do corpo no espaço, orientação espacial, cognição
e memória. Durante a execução das atividades as crianças se mostravam interessadas e
participativas, porém a desatenção e a agitação na maioria das vezes faziam com que elas
não executassem as tarefas por completo pelo fato de perderem o foco e a concentração
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com facilidade. Tal fato é ocasionado porque indivíduos com TDAH possuem
dificuldades em manter a atenção focalizada em apenas um estímulo e a associação entre
os sentidos da visão e audição são fatores que formam a organização espacial e tais
processos estão diretamente ligados às funções executivas, comumente alteradas no
TDAH (GOULARDINS, 2010).
Para amenizar tal problemática no decorrer da prática pedagógica em Educação
Física é fundamental preparar atividades em locais que possibilitem trabalhar tanto os
estímulos visuais quanto os auditivos, pois indivíduos com TDAH devem aprender a lidar
com situações altamente estimulantes, que as distraem e superexcitam para que aos
poucos desenvolvam a atenção e concentração. Além do que, as tarefas devem ser
transmitidas com fácil entendimento, comandos breves e precisos (SOUZA; SOUZA,
2016 e COSTA; MOREIRA; SEABRA JUNIOR, 2015).
No que tange a organização temporal, a mesma está relacionada a conceitos de
ordem, duração, frequência e ritmo, que envolvem processos de percepção e memória de
sucessão, processamento, armazenamento e rememorização. O QM6 se obtém através da
divisão entre a IM6 e a IC multiplicado por 100 (ROSA NETO, 2015).
Esta área motora apresentou um dos resultados menos satisfatórios devido a
prevalência do nível motor em quatro anos tanto no pré quanto no pós-teste, conforme
mostra a tabela 1. O quociente motor muito baixo para organização temporal pode ser
explicado pelo pior desempenho em tarefas que envolvem funções executivas para
crianças com TDAH e comprometimento motor. Já que, a consciência temporal está
estreitamente relacionada com a interação coordenada dos vários sistemas musculares e
modalidades sensoriais (GALLAHUE, OZMUN e GOODWAY, 2013).
Os achados podem ser comparados com os resultados apresentados no estudo de
Abdo, Murphy e Schochat (2010), com dez crianças de ambos os sexos e na faixa etária
de sete a doze anos que evidenciaram estatisticamente déficts no TDAH em todos os
testes de processamento auditivo, comprovando pior desempenho em relação às
habilidades de fechamento auditivo (capacidade do ouvinte normal em utilizar
redundâncias intrínsecas ou extrínsecas para preencher as partes ausentes ou distorcidas
do sinal auditivo e reconhecer a mensagem completa), integração binaural (habilidade
para reconhecer estímulos apresentados simultânea ou alternadamente em ambas as
orelhas), figura-fundo (habilidade de identificar o sinal de fala em presença de outros sons
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Tabela 2 – Distribuição dos dados pré e pós-teste EDM referentes à classificação geral e
fator de risco do desenvolvimento motor.
Pré (n=12) Pós (n=12)
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Este fato se deve em função de que indivíduos com TDAH apresentam a lateralidade de
forma irregular caracterizados por uma mudança na mão devido anomalias cerebrais
funcionais e estruturais no aspecto esquerdo-direito (ROSA NETO et al., 2015).
Conforme Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) a criança que desenvolveu de
modo adequado o conceito de lateralidade não precisa depender de indicações externas
para determinar a direção do movimento, ou seja, não precisa, por exemplo, de uma fita
amarrada no punho para lembrar qual é o lado esquerdo e qual é o direito. Apesar de tal
conceito parecer tão básico e de fácil compreensão e desenvolvimento torna-se difícil de
imaginar como alguém pode ter problemas no desenvolvimento da lateralidade.
Entretanto, basta pensar da seguinte forma: ao se visualizar o espelho retrovisor de um
carro teremos as direções invertidas e, às vezes, confusas. Fato este que ocorre em
indivíduos que possuem alterações na região neurológica, como o TDAH.
Tais achados contrapõem com a pesquisa de Camargo e Bruel (2012) com seis
crianças com TDAH, com idade de oito a onze anos, o qual constatou que quanto ao fator
lateralidade o grupo obteve perfil psicomotor superior, ou seja, hiperpráxico, que é a
realização perfeita, harmoniosa e controlada do movimento tendo como predominância o
lado direito, sem sinais difusos. As crianças deste estudo apresentaram amadurecimento
de dominância lateral, já que a lateralidade se estabiliza entre os seis e oito anos de idade.
No período de intervenção todas as atividades desenvolvidas tiveram como
finalidade visar o estímulo e aprimoramento da lateralidade visto que, as demais áreas
motoras necessitam do recrutamento de tal habilidade para a execução das tarefas
propostas. Sendo assim, para aplicação da prática pedagógica em Educação Física é
importante lembrar as características específicas que permeiam o transtorno, visto que a
criança com TDAH apresenta a prevalência da lateralidade cruzada em seus atos motores,
na execução de atividades que envolvam movimentos corporais.
Essas informações são relevantes ao identificarem a importância das avaliações
motoras por professores de Educação Física, a fim de possibilitar um melhor diagnóstico
da criança quanto ao nível de desenvolvimento motor em que a mesma se encontra.
Conforme menciona Rosa Neto et al. (2010), ao se identificar as dificuldades motoras
deve-se oportunizar intervenções, visando atenuar essas dificuldades e permitir uma
melhor qualidade de movimento. Além disso, a aquisição das habilidades motoras está
vinculada ao desenvolvimento da percepção do corpo, espaço e tempo, e essas habilidades
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Considerações finais
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Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO. Cartilha Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade, 2014.
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GIL, A. C. Como elaborar projeto de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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