Como Se Casar Com Um Duque - Nathy Regina
Como Se Casar Com Um Duque - Nathy Regina
Como Se Casar Com Um Duque - Nathy Regina
Nathy Regina
Editora Mandrágora
1° Edição
Copyright 2022© Editora Mandrágora
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Regina, Nathy
***
Era uma da tarde, e elas ainda não haviam conseguido
terminar nem a borda dos vestidos encomendados. Jhuliet jurava
que tinha botões pregados em todos seus dedos e Lady Vanussa
nunca teve tantos furos de agulha.
— Foi besteira acharmos que daríamos conta — lamentou
Lady Vanussa enquanto Jhuliet colocava o milésimo curativo em
seus dedos.
— Acabamos de começar, olha só. Terminamos o primeiro.
Não deve faltar tantos... — Antes de Jhuliet conseguir terminar,
Phippia entra com uma lista de pedidos na mão.
— Sra. Patino acabou de encomendar um vestido para cada
filha.
— E quantas filhas ela tem? — Jhuliet perguntou, já com
medo da resposta.
— Sete — disse-lhes dando os ombros e voltando para o
balcão.
— Estamos perdidas — disse Jhuliet se sentando com força
na cadeira de madeira atrás de si, Lady Vanussa riu de tudo aquilo,
mas Jhuliet sentiu que não estava feliz.
— Amanhã eu chamo reforços, não se preocupe, nunca
tivemos tantos clientes em apenas uma semana — disse voltando a
bordar as pérolas na saia do vestido.
— Agradeça aos jornais — Jhuliet disse pregando o último
botão nas costas do vestido, coitada da moça para abotoar todos
eles, pensou consigo mesma.
— Agradeça o Lorde Jones, na verdade — corrigiu Lady
Vanussa.
— Inacreditável como um único homem pode ter causado
todo esse alvoroço. — Lady Vanussa riu de seu comentário.
— Francamente também não entendo, que bom que não
tenho mais idade para essas coisas de bailes.
— Eu muito menos. — Ela a olhou com curiosidade. — Eu
nunca gostei de bailes — Jhuliet relembrou, dando de ombros.
— Mas sempre vai em todos — lembrou Lady Vanussa
tossindo para disfarçar a fala.
— Eu sempre sou obrigada a ir em todos, é diferente.
— Mas você precisa frequentá-los, você é nova e precisa de
um...
— Oh não, por favor, não diga marido — disse Jhuliet, já
tampando os ouvidos.
— Companheiro... — Lady Vanussa riu, mas logo ficou séria.
— Só não quero que acabe como eu, tenho uma afeição muito
grande por você, eu e sua mãe éramos ótimas amigas.
Jhuliet sorriu ao se lembrar, ela e sua mãe eram grandes
amigas, ela já sabia, sua mãe morreu quando ela tinha dois anos,
ela nem ao menos conseguia se lembrar dela, então o mais perto de
mãe que teve foi Lady Vanussa. Seu pai não aceitava muito a ideia,
Vanussa abdicou totalmente o matrimonio, os boatos de que ela
traiu seu marido correram por toda Londres claramente não era
verdade, foi uma desculpa esfarrapada de seu ex-marido quando
descobriu as traições dele e ameaçou contar para todos. Porém ele
foi mais rápido e espalhou todos esses boatos, que destruíram a
reputação de Lady Vanussa. Ela tinha apenas vinte e seis anos
quando isso aconteceu. Depois disso ele se mudou de cidade, então
ela ainda era casada com ele, mas faziamuitos anos que eles não
se viam, e ela estava sozinha desde então.
— Não acho tão ruim, e eu adoraria acabar como você, dona
do ateliê mais famoso da cidade. — Vanussa sorriu, foi um sorriso
sincero, que poucos viam naquele rosto marcado pelo passado.
— Você é muito gentil, você conseguirá um marido a sua
altura Jhuliet, e será muito feliz.
— Muito obrigada pelos votos, mas eu já sou feliz.— Jhuliet
lhe assegurou.
— Isso é o que você diz — disse Vanussa. Jhuliet acabou se
espetando com a agulha
pensando no que aquelas palavras podiam significar.
Capítulo 2
Jornal da Manhã de Londres
Nosso mais novo duque já tem data para voltar para Londres,
isso mesmo senhoras
mães e filhas, já podem comprar os vestidos, decorar os passos de
dança. Um baile será dado na sexta-feira, isso mesmo, um baile
para comemorar o retorno de Jones, seu mais novo duque.
***
Ainda era terça-feira,e ele tinha apenas três dias para chegar
em Londres. Muito provavelmente ele já devia ter pegado a primeira
carruagem saindo dali, suas malas já estavam arrumadas, mesmo
não fazendo ideia do que levar. Jones ouviu a porta bater, ele
mesmo foi atender.
— Não adianta insistir — disse Ravel entrando em sua casa.
— Não vou te ajudar a fugir do país.
— O quê? Por Deus, homem, não foipara isso que te chamei
aqui. — Ravel o olhou confuso.
— Então...? — Ravel perguntou, desconfiado.
— Para me despedir. — Ravel o olhou chocado, depois deu
aquele sorriso amigável.
— De verdade, não achei que você iria embora.
— Bom, eu pensei bem e vi que eu não tenho outra opção —
disse Jones sem jeito.
— Quando pretende ir? — disse Ravel olhando suas malas
jogadas pelo quarto.
— Minha carruagem parte em uma hora, meia hora, se eu
tiver sorte — Jones disse, olhando no relógio de bolso que estava
na parte da frente de sua camisa.
— Tente ser discreto, tem uma cidade inteira te esperando,
talvez até um país — riu Ravel.
— Mais discreto do que eu já sou?
— Vou sentir sua falta, amigo — disse Ravel, lhe dando um
abraço apertado. Apesar de seu jeito gentil, Ravel era assustador,
tinha 1,90 de altura e, por incrível que parecesse, ele não era
desengonçado, ao contrário, era o sinônimo da elegância, gentil,
amigável, tudo que Jones devia ser e não chegava nem perto.
Jones o abraçou de volta.
— Eu sei. — Eles se separaram.
— Você precisa de ajuda? — perguntou Ravel. — Eu sei que
você me chamou para te ajudar com as malas.
— Tenho sorte de ter amigos tão inteligentes.
Ravel o ajudou a colocar as malas na carruagem. Seu pai
não lhe mandava muito dinheiro, quase nada na verdade, então ele
teve que se acostumar com o que tinha, porém, onde ele morava, as
coisas eram bem diferentes. Não era uma cidade de casamentos e
bailes casamenteiros, ele se lembrava de como era os bailes. As
mães desesperadas para casar suas filhas,as inúmeras danças por
noite, os vários calos nos pés causados por senhoritas que nem se
davam o trabalho de olhar onde pisavam. Só e pensar que teria que
reviver isso tudo na sexta já era o suficiente para lhe causar
arrepios.
A viagem durou várias horas, mais do que ele poderia contar
ou se lembrar, e não tinha certeza se alguém iria se lembrar dele.
Quando saiu de Londres ele tinha acabado de fazer vinte, e agora
com trinta anos já se sentia diferente. Seus olhos escuros
continuavam os mesmo, seus cabelos pretos agora já tinham fios
brancos visíveis,e também estavam um pouco mais longos. Ele não
estava mais tão branco, o sol era muito mais forte onde ele morava,
em Londres sempre chovia, pelo menos quando ele morava lá.
Minerva, governanta de Vaiolet, tinha lhe sugerido chegar
mais cedo em Londres, dizendo que tinha assuntos de extrema
importância, que eram de seu interesse, mas não revelou nenhum
detalhe.
Quando chegou em Londres, vir que tinha mudando bastante
nos últimos anos. Mais pessoas, mais casarões e mais carruagem
nas ruas. Logo chegou à mansão Handevell.
Era exatamente igual ao que ele se lembrava, as pedras
faltando na entrada, porém, havia algo diferente:o jardim estava
cercado e com uma porta enorme de ferro com cadeado. Jones
preferiu não pensar nisso. Assim que subiu os primeiros degraus da
casa, viu uma garota na porta, ela tinha uma expressão raivosa,
como se estivesse perto de matar alguém. Obviamente era Vaiolet.
Jones se surpreendeu muito. Ela estava a cara da mãe, os cabelos
loiros compridos, os olhos azuis, a pele mais branca que a neve, e o
jeito como olhava quando ficava com raiva. Ele riu, e percebeu que
ela não gostara nada da felicidade dele.
— Olá, Vaiolet, como tem passado? — ele perguntou, já em
frente a ela. Ela o ignorou completamente e voltou para dentro. —
Eu já imaginava.
— O que imaginava? — perguntou Minerva, lhe dando um
susto.
— Nada importante. Então, o que precisava falar comigo? —
ele perguntou enquanto os criados tiravam suas malas da
carruagem.
— Tenho que te deixar a par dos papéis do enterro e da sua
mudança de título.
— Mudança de título?— Jones disse enquanto a seguia pela
casa. — O que tem para resolver? Eu sou o duque agora, certo?
— Errado — revelou Matilde abrindo a porta do escritório de
seu pai. Há anos que não punham o pé ali, nem mesmo quando
ainda morava nesta casa ele entrava no escritório de seu pai.
— Seu pai te deixou alguns critérios para que assuma o título
— explicou la colocando alguns papeis sobre a mesa.
— Por que será que não estou surpreso? — Jones disse,
ironicamente.
— Claro, ele conhecia o filho que tinha — retorquiu Vaiolet,
aparecendo atrás deles. E se sentando na cadeira em frenteà mesa
do pai.
— Lady Vaiolet, isso não é conversa para crianças, por favor,
nos dê licença — pediu Matilde, se sentando a sua frentee pegando
os papéis que estava na gaveta.
— Eu não vou sair, eu tenho direito de participar, eu também
sou a herdeira. E para ser sincera, eu que merecia esse título,
morei aqui mais tempo do que ele — Vaiolet disse como se Jones
nem estive ao seu lado.
— Na verdade, eu fiquei aqui até meus dezoito anos. —
Jones argumentou se sentando ao lado da irmã.
— Esse não é o ponto — disse Vaiolet, cerrando os dentes.
— Então me diga qual é. — ele pediu ainda sabia o que
irritava a irmã.
— O ponto é que você não vai conseguir o título sem se
casar — interviu Matilde. Os dois olharam para ela assustados.
— Se casar? — repetiram os dois ao mesmo tempo.
— Seu pai deixou por escrito que você somente poderá
assumir o títulose se casar em até quatro semanas após sua morte.
— Ou? — Jones perguntou, já com medo da resposta.
— Ou... seu primo Jeffrey assumira o título. — Ele conhecia
bem Jefrey:um bêbado, libertino, que mesmo sendo mais velho que
ele próprio dava em cima de Vaiolet, ela mesma dizia isso nas
cartas, ele quase voltou para casa apenas para arrebentar o sujeito.
— Então foi tudo armado. Meu pai sabia que eu jamais ia
deixar Vaiolet ou a mansão aos cuidados dele. — Mesmo sem olhar,
ele viu Vaiolet suavizar sua expressão.
— Então trate de arrumar uma noiva, e logo — Vaiolet disse e
se levantou para sair da sala. Jones suspirou alto.
— Aonde vou encontrar uma noiva em quatro semanas? —
perguntou para si mesmo, mas Matilde tinha ouvido.
— Duas, na verdade, seu pai morreu há duas semanas. —
Jones jogou a cabeça para trás, quase em desespero, talvez
devesse ter pedido para Ravel lhe ajudar a fugir do pais. — Não
creio que terá dificuldade em encontrar uma esposa, ainda mais
agora que Londres está eufórica com sua chegada.
— Não vou me casar com qualquer mulher — decidiu ele.
— Que bom que pensa assim, porque esta mulher será a
primeira figura feminina para Vaiolet. — Jones nem havia pensado
nisso. É claro que Vaiolet iria morar com eles após o casamento, ela
tinha apenas dezesseis anos, não podia mais ficar sozinha, e agora
que seu pai tinha ido embora, era a função dele fazer o papel de
irmão mais velho agora.
— Obrigada por me deixar mais pressionado — disse Jones
levantando e saindo da sala, mas ainda pode ouvir Matilde.
— Às suas ordens, meu Lorde.
Capítulo 3
"Jornal da Manhã de Londres"
***
***
— Acho que não deu muito certo — Vaiolet riu como ele
nunca tinha ouvido, naquele momento, tudo valeu a pena. — Bem,
Sir Victor está a sua espera.
— Oh não, eu prefiro ficar aqui. — Sir Victor era o braço
direito de seu pai, e era o homem mais formal de toda Londres, ele
nunca tinha visto o sujeito dar um sorriso sequer.
— Quanto mais cedo você for, mais cedo ele vai embora. —
Vaiolet lhe ajudou a se levantar, suas costas doíam um pouco.
Assim que Jones apareceu na sala de jantar, Sir Victor não esboçou
nenhuma reação, nada. Apenas disse:
— Quando tempo forade casa. — Antes de Jones responder,
ele disse: — Amanhã é o baile em comemoração a sua chegada,
espero que compareça, é claro, dance com todas que pedirem, e só
vá embora quando todos forem. Você já está ciente que precisa de
uma esposa, escolha até no máximo segunda-feira, sendo que
quarta-feirajá devam estar casados. Escolha com inteligência pois é
para vida toda. Quando você se casar eu volto aqui e te digo tudo
sobre suas obrigações como Duque de Handevell, tenha uma boa
tarde — ele disse e saiu da sala. Jones ficou chocado, ele nem ao
menos conseguiu processar a primeira frase.
— É bom te ver também, Sir Victor — Jones disse quando ele
já tinha ido.
— Bom, ele tem razão — disse Vaiolet se levantando.
— Em qual parte do seu discurso? — Jones disse tentando
se levantar. mas só conseguindo um gemido de dor.
— Na parte de você tem que saber com quem vai casar até
segunda-feira, seria bom
encontrar alguém no baile mesmo.
— Não sei como vou fazer isso.
— Não sei, decore minha lista, faça apostas, a terceira que
eu dançar é a que me casarei, alguém de vestido azul será minha
esposa, esse tipo de coisa — Vaiolet sugeriu ando os ombros.
— Odeio estar nessa situação — ele desabafou bufando.
— Pelo menos uma vez eu fico felizde não ser a herdeira —
disse Vaiolet se levantando. — È, eu também.
Jones sabia que tinha que se casar, e rápido, não pelo seu
próprio bem pessoal, mas pelo de Vaiolet. Ele sabia que ser seletivo
não o ajudaria em nada, o baile do dia seguinte estaria lotado de
pessoas, ele decretou para si mesmo, já que sua vida já estava
arruinada: “eu me casarei com a quinta mulher que dançar, e se ela
não for de meu agrado, então será a sétima”. Parecia besteira, mas
ele sabia que era o jeito mais fácil, daria tudo certo, ele se casaria,
assumiria o título e seria o melhor duque que poderia ser. Só mais
um dia, e tudo irá mudar.
Capítulo 5
"Jornal da Manhã de Londres"
E o dia tão esperado finalmente chegou, Londres está uma
loucura, logo de manhã. O baile será às sete da noite, mas às sete
da manhã várias jovens sapateiam pelas ruas pegando tudo que for
necessário para o baile. Com toda certeza Lorde Handevell é a
estrela principal, e com certeza nós do Jornal estaremos lá ficandoa
par de tudo. Até logo.
Assim que ele saiu, Jhuliet saiu da casa, mesmo com todas
as janelas abertas ela se sentia sufocada lá dentro. Toda essa
história de bailes e casamentos a estava deixando estressada, ela
estava totalmente fora de sua zona de conforto. Ela saiu da
propriedade, ela estava com o vestido que Lady Vanussa lhe havia
dado, ele ficou perfeito em seu corpo, nem justo de menos, e nem
largo demais. Ela poucas vezes soltava o cabelo, pois ele era longo
e ela não gostava muito dele pois ele era bem cacheado, mas
Agatha havia tentado alisá-lo, em vão, e ele acabou ficando
cacheado nas pontas, mas tinha ficado bonito.
As pessoas a ignoravam, estavam ocupadas demais
pensando em seus próprios problemas, ou também estavam se
arrumando para o baile. Jhuliet olhou para o céu e viu que tinha
ficado escuro de repente. Ela não sabia como, mas já estava bem
longe da casa de seu irmão, ela sentiu uma gota em sua testa, não
podia ser.
— Isso e chuva? — ela perguntou para si mesma. No mesmo
momento ela esbarrou em alguém quando se virava, nenhum dos
dois conseguiram se segurar e foram para o chão. Infelizmente foi
Jhuliet que amorteceu a queda do homem, ele rapidamente se
levantou e a ajudou a se levantar. Ela ainda sentada no chão viu o
estado do seu vestido, estava sujo de poeira, nessa hora ela
explodiu.
— Mil perdoes, eu te ajudo — disse o homem com sua mão
estendida para ela. Jhuliet se levantou e gritou com ele.
— Qual é seu problema? Você podia ter me esmagado ali
mesmo, você literalmente, caiu em cima de mim. Espero que a sua
queda tenha sido menos dolorosa — ela disse e se levantou sozinha
tirando a poeira do vestido. De todas as reações que ela imaginou
que ele teria, nenhuma chegou perto da alta risada que ele soltou.
— Pode me dizer, por favor, qual é a graça? — Jhuliet já estava
furiosa com ele, talvez não seja com ele exatamente, mas estava
sim furiosa.
— Perdoe-me, na verdade não foi, minhas costas estão
doendo bastante agora.
— Pois bem merecido, da próxima vez escolha alguém
melhor para cair em cima — resmungou ela tentando limpar o
vestido com as mãos.
— Tem razão, que péssima ideia a minha — ele disse
estalando a língua, aquele ato irritou ainda mais Jhuliet. Mas antes
dela poder dizer algo, a chuva caiu como um balde em cima dos
dois. Ele pegou sua mão e saiu correndo, ela quase tropeça várias
vezes por causa do vestido longo que agora estava completamente
molhado. Ele a solta debaixo de uma fachada de padaria, onde tinha
cobertura da chuva.
— Qual... o... seu... problema? — Jhuliet perguntou ofegante,
ela tinha corrido com aquele vestido pesado.
— Perdão, não achei que você gostasse tanto de chuva
assim — ele disse tirando seu casaco e oferendo a ela, que negou.
— Estou bem, obrigada — Jhuliet disse, dando um passo
para trás.
— Como está, olha para você, tremendo de frio. — Ela
realmente estava tremendo e com os dentes rangendo e não era de
raiva desta vez.
— Já estive pior — ela disse, ainda ficando na defensiva,
afinal, ele era um estranho, e nessas temporadas de bailes as ruas
de Londres ficavam cheias de loucos e pervertidos de outros
lugares.
— Por Deus, mulher, quer deixar de ser tão teimosa? — ele
disse chegando perto, ela deu um passo para trás, mas acabou
ficando na chuva. Ela voltou para frente, para frente demais pois
estava praticamente colada nele. Ele chegou perto, ela fechou os
olhos, mas quando abriu ele já tinha se afastado, contudo seu
casaco estava ao redor dela. Ele estava sentado, ela se sentou ao
seu lado, porém com certa distância.
— Obrigada — ela agradeceu olhando para o outro lado.
— Foi tão difíc
il assim? — ele disse rindo, ela olhou para ele,
que era realmente bonito, será que a chuva deixa as pessoas mais
bonitas? Pensou, com certeza não, se olhando na vitrina da loja, ela
parecia um rato molhado. — Você mora por aqui? — ele perguntou,
a assustando.
— Não...
— É muito longe?
— Um pouco.
— No centro?
— Não exatamente — ela mal o olhava quando respondia.
— Não precisa ficar na defensiva, eu não sou nenhum
assassino ou algo do tipo.
— É exatamente isso o que uma assassino diria, aliás, eu
também não te conheço.
— Já que é assim... meu nome é... — ele pareceu pensar
bem antes de dizer. — John.
— Jhuliet — ela disse o dela, mas ainda na defensiva.
— É um prazer — ele disse sorrindo. — Posso fazer uma
pergunta?
— Pode, mas isso não significa que eu vou responder.
— Não somos mais estranhos, eu até sei seu nome. — Ela
riu ao ouvir aquilo, ela assentiu permitindo que ele fizesse a
pergunta.
— Você sempre se arruma tanto assim para sair de casa?
— Na verdade é para o baile. — Ele faz uma cara estranha
quando ela menciona o baile. — Mas não tenho nenhuma intenção
de ir.
— Por que não? — Ele se surpreendeu
— Não gosto muito de bailes, até porque a intenção de eu ir é
outra.
— Qual?
— Querem que eu me case — bufou ela.
— E você não quer? — Jhuliet negou com a cabeça. — Acho
que eu estou em uma situação parecida — disse ele cruzando as
mãos sobre a cabeça.
— Mas eu não tenho escolha. — Os dois disseram ao mesmo
tempo.
— Isso seria engraçado se não fosse trágico — ele disse.
Mas aparentemente ela não estava ouvindo pois estava olhando
para a rua. — O que houve? — ele perguntou
— Já está de noite — ela olhou.
— Parece que já.
— Já devem ser o quê? Seis da tarde, ou até mesmo sete, eu
tenho que ir. — Jhuliet se levantou para ir embora.
— Espera...você quer que eu te acompanhe ou...
— Eu vou ficar bem — ela disse e correu, não deu ao menos
uma olhada para trás, quando estava quase da esquina ela
percebeu que ainda estava com o casaco dele, mas quando olhou
para trás ele já havia sumido.
***
***
***
Jones tomava café nesta manhã apenas querendo esquecer
o que ocorreu no baile da noite anterior, ele havia acordado cedo
demais para quem bebeu tanto na noite anterior. Sua cabeça
latejava, e a luz do sol o estava deixando enjoado.
***
***
***
***
***
— Deixa eu ver se eu entendi. Seu pai deixou um papel
dizendo que você só pode assumir o título se estiver casado? —
Jones e Ravel estavam sentados à mesa de jantar, tomando café.
Para o seu azar, seu amigo acordou com mais curiosidade do que
dor de cabeça.
— Isso mesmo — Jones confirmou.
— E depois você simplesmente pediu Judith...
— Jhuliet, o nome dela é Jhuliet — Jones o corrigiu.
— Ah, claro. Jhuliet, e ela simplesmente disse sim? —
perguntou Ravel muito confuso.
— Foi uma ótima proposta, boa para nós dois.
— Oh, com certeza, ela se casa, e com o grande privilégio de
ser com você!
— Impressão minha ou você está sendo sarcástico?
— Não, não.
— Acho bom...
— Não é impressão — Ravel disse com um sorriso
zombeteiro nos lábios. — Mas enfim, quando vou conhecer a
sortuda?
— No casamento, está tudo muito corrido hoje.
— Certo, mal posso esperar.
— Eu poderia esperar um pouco mais...
— Deixe de ser um libertino, e por Deus, sempre achei que
eu quem iria se casar primeiro.
— Nem me fale.
— Eu achei que você tinha dito que os jardins estavam
fechados — lembrou Ravel dando um último gole de chá e se
levantando para olhar pela janela.
— Achei que deveria abri-lo, já faz tanto tempo, estou
tentando arrumá-lo um pouco.
— Com suas próprias mãos? Essa eu preciso ver.
— Pois venha comigo, saiba que eu fizum ótimo trabalho. —
Eles caminharam para os jardins, e a aparência não era a das
melhores, as folhas tinham voado para todos os cantos, teias de
aranha nos chafarizes, um caos total.
— Aquela árvore... é uma...? — Ravel disse apontando para
a árvore que Jones tinha podado, ou tentando, recentemente.
— Ainda não decidi o que são — respondeu Jones
suspirando enquanto olhava para a árvore.
— Pelo menos os girassóis estão bonitos.
— Foi Jhuliet quem os plantou.
— Já a trouxe aqui? Parece que você não perdeu tempo
mesmo — brincou ele dando um empurrãozinho no ombro do amigo
e se sentando no banco próximo. Jones se juntou a ele, os dois
ficaram olhando para o lago, agora já vazio, mas que ainda era
cheio de lembranças ruins para ele.
— Quer conversar sobre isso? — perguntou Ravel
quebrando o silêncio que estava.
— O quê? — A pergunta de Ravel o tirou de seu devaneio,
ele apontou para o lago com a cabeça. Jones negou imediatamente.
— Não há nada a ser dito.
— Se isso te faz se sentir melhor — disse Ravel dando de
ombros.
— Não faz, mas eu preciso seguir em frente — concluiu
Jones olhando nos olhos do amigo. Ele tinha muitas coisas que
ainda não tinha superado, abandonar Vaiolet com certeza era uma
delas.
— O que Vaiolet acha dela? — perguntou Ravel mudando de
assunto.
— De quem? Jhuliet? — Ravel assentiu, Jones pensou
sobre. — Acho que ela não a odeia, então isso é bom.
— Sei que você não escolheria alguém que pudesse fazer
mal a Vaiolet, você é um bom irmão — opinou Ravel dando um
tapinha no ombro do amigo.
— Podia ter sido melhor.
— A gente sempre pode ser melhor, amigo. Então vamos
começar hoje.
Jones olhou para o jardim a sua volta, em menos de vinte e
quatro horas estaria casado, e não sabia o que esperar daquilo.
Capitulo 8
***
Jhuliet
Peço perdão se passei uma ideia errada no baile ontem, só queria
agradecer por ter dado uma volta comigo, espero que ainda
possamos ser amigos.
Philip
***
***
Jones acordou na manhã seguinte com o sol novamente em
seu rosto, ele abriu os olhos e Ravel estava ao pé de sua cama,
olhando-o.
— Mas que diabos homem?! O que faz aqui?
— Estava pensando se você me mataria se eu o acordasse a
essa hora, mas pelo jeito não precisei pensar muito.
— Eu vou começar a trancar a porta — avisou Jones se
sentando na cama e esfregando os olhos.
— Sem problemas, entrei pelo quarto de sua esposa.
— Maldição, o que quer a essa hora? — Jones não sabia que
horas eram, mas tinha certeza que era muito mais cedo do que ele
pretendia acordar.
— Más notícias, sua tia veio te buscar.
— O que quer dizer?
— Sobrinho!! — disse sua tia Carmen entrando em seu
quarto e o abraçando.
— Tia, o que faz aqui? — perguntou Jones a abraçado de
volta meio sem jeito.
— Eu soube do seu pai, sinto muito, querido.
— Sem problemas, eu...
— Sinto muito por ele não ter morrido antes, homem
desprezívelaquele. — Sua tia Carmen era irmã mais nova de seu
pai, que o odiava com todas suas forças. Segundo ela, ele sempre
fora um péssimo irmão, e depois da morte da mãe de Jones, tudo
ficara bem pior. — Soube que você voltou, e para ficar, e de que
está casado, isso é maravilhoso, conheci sua esposa, um doce, e
Vaiolet está tão grande, achei incrívelela ainda se lembrar de mim,
já fazem tantos anos que eu...
— Tia... tia... — começou Jones segurando seus ombros, em
um minuto ela já tinha falado tudo aquilo. — Respire, certo? Agora
me diz, o que veio fazer aqui?
— Ora essa, vim te buscar! — ela anunciou como se fosse
obvio.
— Para onde?
— Ah, você sabe! — continuou ela se levantando e
acendendo um cigarro. — Posso? — perguntou depois da terceira
tragada.
— À vontade. E eu não irei, obrigado, foi muito bom te ver.
— Não é como se você tivesse escolha, querido. Seu pai era
dono de tudo aquilo, é ele só não nos tirou de lá porque ele tinha
esta casa. Mas em momento nenhum ele passou para nosso nome.
Moramos lá a nossa vida toda, sem pressão querido, mas você
precisa ir lá resolver as coisas. Está tudo no seu nome.
— Como é? Quer dizer que ele colocou tudo em meu nome?
— surpreendeu-se Jones se levantando e andando de um lado para
o outro.
— Sim, senhor, ele jogou a bomba em suas mãos, e seus
outros tios estão loucos para fingir que se importam com você,
treinaram esse teatro a semana inteira — revelou tia Carmen
acendendo outro cigarro. Ela era a tia favoritade Jones, era sincera,
fora dos padrões, e melhor, odiava a própria família,deve ser por
isso que se dão tão bem.
— Não estou com vontade de ver teatro nenhum.
— Voltar sem você não é uma opção, Jones, está na hora de
resolver tudo de uma vez. Você pode pegar a casa para você e
mandar todos embora, eu já tenho minha casa, meu marido e meu
filho.Só ficopreocupada com Barbara e Allec, sabe, aquelas cobras
não vão abrir mão daquilo tudo facilmente.
— Não planejo despejar ninguém — avisou Jones lavando o
rosto no banheiro do quarto. Sua tia estava na janela, já estava no
quinto cigarro, isso o fez acreditar que a teoria de que cigarro
matava era terrivelmente falsa, pois a cada dia sua tia Carmen
ficava mais bonita.
— Então vá lá dizer isso a eles. É uma pena, queria ver eles
tentando se virar sem nada. Te espero lá embaixo, leve roupas
leves, o sol decidiu pousar lá esse mês.
Assim que dia tia Carmen saiu, Ravel entrou novamente.
— Acho que vamos viajar!!
— Preciso de alguém para cuidar da casa...
— Ah, eu sabia, tudo bem, eu fico, o que eu não faço por
você, amigo — ofereceu-seRavel, suspirando com a mão no ombro
de seu amigo. Jones encarou sua mão e depois o rosto do amigo.
— Nada de mulheres aqui dentro — avisou Jones já sabendo
das intenções do amigo.
— Isso não é justo!
— A vida não é justa — argumentou Jones quando seu
amigo saiu igual uma criança birrenta do quarto.
O último lugar que ele queira ir era para a casa dos tios, onde
todos odiavam seu pai e Jones, tirando tia Carmen, ela o adorava, já
seu pai era só ódio mesmo. E só de pensar em ver seus mil primos
e primas interesseiros ficou feliz pelo fato de já ter se casado, não
que isso as impedissem de jogar seus encantos sobre ele, mas ele
queria acreditar que isso seria com menos frequência.
Jhuliet apareceu em seu quarto e o viu arrumando as malas.
— Para onde vamos dessa vez?
— Para o inferno na terra.
***
***
***
Jones não podia acreditar que era seu último dia naquela
casa, três dias pareciam três anos, e tanta coisa aconteceu que ele
realmente achou que tivessem sido anos que estava lá. Primeiro
que ele falousobre sua mãe com Jhuliet, sendo que ele nunca tinha
conversado sobre isso com ninguém. Depois. Jhuliet estava se
dando muito bem com sua irmã, até melhor que ele, e agora ele
tinha acordado super estressado, pois havia perdido a única foto
que ele tinha de Vaioline. Não faziaideia de onde tinha colocado, e
ele também não queria questionar Jhuliet sobre a foto porque não
saberia explicar o porquê de ainda ter aquela foto, e nem explicar
todo o resto. Mas com certeza, conhecendo sua esposa, ele sabia
que se ela quisesse saber se algo, ela perguntaria, e se ela
estivesse encontrado com certeza ela já teria vindo questioná-lo
sobre ela.
Porém, seu comportamento naquela manhã o fezquestionar
isso. Ela estava super irritada com tudo, mal olhava para ele e muito
menos lhe dirigia a palavra. Ele achou que era culpa dos hormônios
femininos, todavia, quando viu ela conversando normalmente com
todos da casa, ele percebeu que o problema era com ele. Assim que
ele conseguiu ficar sozinho com ela na mesa de jantar, ele
perguntou:
— Aconteceu alguma coisa? — Ela nem ao menos o olhou
para dizer....
— Não.
— Então definitivamente aconteceu algo.
— Por que acha isso?
— Porque você nem me olha para falar comigo e qualquer
coisa que eu digo parece que explode algo dentro de você. —
Jhuliet o olhou, mas logo após fixou os olhos em seu café da
manhã.
— Não sei o que quer dizer.
— Achei que você queria sinceridade nesse casamento.
— Eu quero, mas será só eu que não estou sendo sincera?
— Ah, ótimo. O que eu fiz dessa vez? — perguntou Jones
largando os talheres no prato.
— Por quê? Você fez alguma coisa?
— Por que não paramos com os joguinhos e me diz logo o
que você quer saber? — Jhuliet ficou em silêncio por um bom
tempo, como se estivesse pensando no que perguntar.
— Por que eu não posso andar com Philip? — Jones ficou
furioso só de ouvir o nome de Philip.
— Por que você quer andar com ele?
— Eu perguntei primeiro!
— Não temos um bom passado juntos — disse somente.
— Você não tem um bom passado com ninguém. — Jones ia
falar algo, porém desistiu, não tinha como argumentar. — O que
exatamente aconteceu entre vocês?
— Você não pode simplesmente... ficar longe dele? —
perguntou Jones passando a mão nos cabelos, sempre fazia isso
quando estava começando a ficar nervoso.
— Eu preciso de um bom motivo, e não simplesmente porque
meu marido mandou. — Ela repetiu a palavra "mandou" com ironia.
— Nós tivemos um desentendimento no passado, e eu achei
melhor não nos vermos mais.
— Só isso?
— Só isso que você precisa saber, eu não me importo se
você quiser conviver com ele, não posso te obrigar a se afastar de
alguém, só quero que saiba que eu não concordo e não apoio, ele
não é uma pessoa confiável.
— Sua irmã não acha isso. — Jones sabia que ela o estava
provocando, e ele também sabia que ela estava conseguindo.
— É complemente diferente, Vaiolet é como uma irmã pra
ele.
— Então o problema é comigo?
— Não vou discutir isso com você. Meu passado importa
tanto assim pra você? É tão difícilgostar do que eu sou hoje?
Porque se o que eu sou hoje não te agrada, eu duvido que meu
passado vá te fazer mudar de ideia.
— Não... não foi isso que eu quis dizer...
— Você devia arrumar suas malas, os advogados vão chegar
em breve, quanto mais rápido você terminar com eles, mais rápidos
vamos ir embora.
— Jones... — ela o chamou porém ele não se virou. — Eu
não quis dizer que eu não gosto de quem você é agora...
— Está tudo bem, é difícil fazer alguém gostar de você
quando você mesmo se odeia, não se preocupe com isso.
Jhuliet disse algo, mas Jones já tinha saído da sala.
Enquanto ele arrumava as malas, Carmen entrou em seu quarto,
sem bater é claro.
— Parece que é o fim — ela anunciou, se sentando na beira
da cama.
— Finalmente, não aguentava ficar nem mais um minuto
nessa casa.
— Ah, por favor, não foi tão ruim assim.
— Tem razão, foi pior. — Ele e Carmen riram.
— Eu vi você e sua esposa discutindo.
— É o que fazemos de melhor. O quanto você ouviu?
— Eu cheguei no início, e fiquei até o final.
— Adoro a privacidade que temos aqui.
— Ela parece realmente gostar de você. — Quando Jones
não respondeu, ela contou. — É tão difícilassim achar que alguém
gosta de você, Jones?
— Precisa que eu responda?
— Quer um conselho?
— Na verdade não, mas você vai dar assim mesmo.
— Você devia ser mais sincero com sua esposa. Você devia
mostrar todos os seus lados, se depois de tudo ela ainda quiser ficar
ao seu lado, eu recomendo nunca deixar ela ir. Boa viagem, e seja
feliz— Carmen disse dando um beijo na testa do sobrinho e saindo
do quarto.
Jones ficou pensando no que ela disse enquanto arrumava
as malas. Assim que ele arrumou, Jhuliet entrou no quarto e
começou a arrumar as coisas dela. Ele percebeu que ela sempre se
virava para ele para falar algo, mas sempre desistia e voltava a
arrumar as malas.
No final, Jhuliet assinou um contrato informando que deixava
tudo que estava em seu nome, mas deixou tudo no nome de
Carmem, foi uma condição que ela estabeleceu. Jones percebeu
que sua esposa era muito mais corajosa do que ele. Na hora de ir
embora, todos se despediram deles, Vaiolet foi em uma carruagem
com Carmen, que precisava resolver algumas coisas na cidade,
então ele e Jhuliet foram juntos em uma carruagem individual. Ela
ficou olhando para o vidro sem dizer nada, Jones respirou fundo e
disse:
— Eu e Philip éramos melhores amigos na escola, fazía
mos
tudo juntos. Um dia conhecemos uma garota, ela se chamava
Vaioline, e aí começamos a andar juntos. Eu percebi que ela
gostava de Philip, mas ele nem tinha percebido, e eu fiquei com
medo de que eles ficassem juntos e acabei tentando conquistar
Vaioline, mas estava óbvio que ela gostava de Philip. Com o tempo
ela acabou aceitando e ficamos noivos. No ensaio de casamento,
Philip veio até mim e disse que não poderia ir no meu casamento
pois ele estava apaixonado pela minha noiva. Bessa hora Vaioline
ouviu, e no dia do nosso casamento, bom... ela não apareceu, na
verdade ela é Philip fugiramjuntos. Eu fiqueiarrasado. Foi aíque eu
me aproximei de Diana, que é a irmã mais nova de Vaioline, e a
gente realmente teve algo, mas não foi nada em comparação à
Vaioline, eu a amei de verdade, como nunca amei ninguém, mas eu
desde o início sabia que ela gostava de Philip, e deixei ela acreditar
que ele não sentia o mesmo. Depois eles se casaram, mas Vaioline
ficou doente. Eles ficaram juntos por dois anos, e eu e ele ficamos
por três anos juntos. Eles podiam ter ficado mais tempo juntos, mas
eu estraguei tudo pra eles. E eu ainda tenho coragem de ficar com
raiva de Philip, e ele é tão bom amigo que até hoje se sente culpado
de ter se casado com Vaioline. — Jhuliet ficou quieta por vários
minutos. — Por favor, fala alguma coisa. — Jhuliet pegou em sua
mão e disse:
— Fico feliz que tenha me contado — ela confessou e
encostou a cabeça em seu ombro. Jones sorriu e olhou para fora.
— Dessa vez vai ser diferente — afirmou e beijou o topo da
cabeça de sua esposa.
Capitulo 20
Jornal de Londres
Duque Jones foi visto voltando de algum lugar com a esposa,
acreditamos firmemente que se trata de uma lua de mel, porém ele
levou a irmã, o que torna tudo muito improvável. No entanto, seu
jornal nunca lhe deixa na mão.
Ela acordou com o sol em seu rosto e uma grande dor em suas
costas por ter dormido no
sofá. Jones estava em sua frente. Jhuliet não consegui afastar a
imagem de que ele parecia um anjo iluminado pelo sol, porém ela
sabia que ele não tinha nada de anjo.
— Sempre quis saber se esse sofárealmente era confortável,
mas pela sua expressão, eu acho que não — deduziu Jones,
suspirando e se levantando.
— Quando você chegou? — perguntou Jhuliet, ainda
despertando. Tentou passar a mão pelos cabelos, pois sabia que
estava péssima.
— Ah... agora há pouco — ele respondeu, mas não olhou
para ela.
— Você dormiu fora? — perguntou Jhuliet, se sentando no
sofá e ajeitando seu vestido.
— Já tomou café da manhã, posso pedir para prepararem
alguma coisa para você?
— Você não me respondeu — continuou Jhuliet, chamando
sua atenção.
— Eu estava ocupado, tive que resolver algumas coisas.
Aliás, alguém acabou de comprar sua casa.
— O quê? Mas não nos falaram nada e eu...
— O comprador parece já ter conversando com seus irmãos.
Eles vão assinar os documentos hoje, eu posso ir com você, se
quiser.
— Eu não posso acreditar! Eu não pude fazer nada para
impedir. — Jones se aproximou dela, segurou sua mão e fez ela
olhar para ele.
— Nós vamos dar um jeito.
— Como? — indagou Jhuliet respirando fundo.
— Vamos para o cartório primeiro, lá nós pensamos em um
plano.
Jhuliet se virou e dessa vez Jones não foi atrás dela. Ela entrou
na carruagem e foi até o ateliê de Lady Vanussa, talvez ela
estivesse almoçando a essa hora, mas ia correr o risco. Estava
vazio, até porque não tinha nenhum baile à vista. O balcão estava
vazio, ela entrou e Lady Vanussa estava nos fundos, ela apenas a
olhou de costas, sentiu tanta falta dela, sua vida mudara
completamente em poucas semanas. Ela desejou voltar como era
antes, mas ela sabia que ela não era a mesma. Foi Vanussa que a
viu, ela sorriu e veio abraçá-la.
— Achei que tinha esquecido de mim — disse ela, passando a
mão pelos cabelos de Jhuliet.
— É mais fácileu esquecer de mim mesma. Ah, senti tanto a sua
falta.
— Vem, senta aqui, me conta as novidades enquanto eu façoum
chá para a gente. — Jhuliet se sentou no mesmo banco em frente a
Vanussa. — E como vai seu casamento?
— Bem, vai bem. — Ela a olhou com uma cara de quem sabia
que estava mentindo. — Na verdade, não tão bem assim.
— Casamentos são complicados.
— Alguém devia ter me avisado antes.
— Não achei que precisasse, achei que fosse a última pessoa a
se casar, e olhe pra você agora — comentou Vanussa, a olhando de
cima a baixo.
— Bom, foi uma surpresa para mim também.
— O que quer dizer?
— Vou lhe contar, pois não consigo esconder nada. Não é um
casamento de verdade, quer dizer, foide verdade, mas os motivos...
— Casamento de conveniência — concluiu por fim.
— É, foi por isso.
— Jhuliet, você sabe que isso é... — começou Vanuss, mas
Jhuliet interviu.
— Eu sei. Foi uma escolha, imatura, inconsequente e
irresponsável.
— Ele veio aqui ontem...
— O quê? — perguntou Jhuliet, confusa.
— Ele é bem bonito, eu soube que você sempre teve bom gosto.
E é bem gentil, dá pra ver que ele se preocupa com você.
— Então agora eu sei como ele conseguiu aquela planta da
minha casa — concluiu Jhuliet, suspirando.
— Ele já veio aqui procurando isso, estava determinado.
— Ele acabou de comprar a minha casa.
— E você não parece muito felizcom a ideia, querida, eu tenho
certeza que ele só queria ajudar.
— Eu queria que ele tivesse me falado antes de simplesmente
resolver tudo com o dinheiro dele, eu tinha ficado feliz porque ele
tinha dito que iríamos resolver aquilo juntos.
— Eu sempre soube que você era uma pessoa orgulhosa, mas
às vezes nós temos que saber aceitar a ajuda.
— Eu sei, você tem razão, é que...
— Tem algo além te preocupando, não é?
— É o jeito como ele fezisso, como se... não fosse nada. É um
grande gesto, mas quando ele diz, é como se não significasse nada
para ele, como se ele pudesse comprar milhares de casas todos os
dias, talvez eu tenha ficado um pouco decepcionada.
— Oh, não! Eu entendi tudo! Você está apaixonada por ele —
revelou Vanussa, olhando para ela e segurando suas mãos.
— Não, não... — Jhuliet disse mais para si mesma do que para
Vanussa.
— Não tente mentir para mim. Está nos seus olhos...
— Meus olhos mentem...
— Querida, está tudo bem, é normal estar apaixonada...
— Não em um casamento por conveniência — argumentou
Jhuliet, suspirando.
— E você acha mesmo que ele não gosta de você?
— Ele pode sentir algum afeto por mim, mas o que eu sinto, é
diferente...
— Eu acho que talvez você possa ter entendido as coisas
erradas.
— Do jeito que você fala parece que conversaram bastante —
retrucou Jhuliet olhando para Vanussa de cima a baixo.
— O suficiente.
— Você podia nos visitar algum dia, você vai adorar Vaiolet, a
irmã de Jones, ela é uma grande admiradora dos seus vestidos —
Jhuliet disse, mudando de assunto e limpando as lágrimas.
— Mas vamos concordar, quem não ama meus vestidos?
— Tem razão. — Jhuliet olhou pela janela e já estava de noite,
ela passou a tarde toda conversando com Lady Vanussa, como ela
sentia falta disso. — Acho melhor eu ir, mas eu falei sério, espero
sua visita.
— Pode ser amanhã após o almoço?
— É claro.
— Agora vá, já está tarde, e você tem que falar com seu marido.
— Acho que sim. Até amanhã então.
Jhuliet se despediu dela e começou a caminhar para a casa.
Jones morava bem longe do ateliê, de tarde o caminho parecia mais
curto, mas à noite ela viu que era bem longe. Quando estava
chegando, a chuva que ela não pegou no dia anterior caia naquela
noite com tudo, ela já estava ensopada e ainda faltava bastante
para chegar em casa. Ela acabou escorregando nas pedras do
caminho e caiu de bunda no chão, Seu vestido estava sujo de lama
e tinha rasgado a barra, pois não o tinha levantado para andar. O
estado em que ela chegou em casa foi pior que lastimável. Ravel
estava no sofá e lhe deu um olhar rápido e voltou a ler seu livro,
mas logo a olhou novamente e disse:
— O que aconteceu com você?
— Peguei chuva.
— Mas não é possível que...
— Onde está Jones? — ela disse, curta e grossa.
— No escritório.
Jhuliet subiu bem nervosa, mas quando se aproximava
resolveu passar em seu quarto primeiro. Em cima da cama estava
seu pacote com o dinheiro que ela, provavelmente, esqueceu no
cartório. Quando ela o pegou viu uma foto embaixo dele. Era a foto
de sua mãe, com ela no colo, devia ter um ano no máximo, era a
foto que estava no escritório de seu pai.
Sua mãe tinha um sorriso no rosto e ela também sorria com seus
pequenos dentinhos. Provavelmente Jones tinha pegado essa foto
também. Ela pegou o pacote e foi até o seu escritório, ela chegou
abrindo as portas, Jones estava assinando alguns papéis e levou
um susto com sua entrada repentina. Ele estava apenas com uma
camisa fina, e seus cabelos estavam molhados, ele parecia ter
acabado de sair do banho. Jhuliet odiava o fato dele ser tão bonito.
— O que aconteceu com você? — perguntou Jones a
olhando de cima a baixo.
— Isso é para você. — Jones olhou o envelope que Jhuliet
colocou em sua mesa e depois olhou novamente para ela.
— Eu não quero seu dinheiro, Jhuliet.
— Eu também não quero o seu.
— Eu sei, você deixa isso bem óbvio sempre que possível—
lembrou Jones, suspirando. — Ainda estamos falando sobre sua
casa, não é? Por que é tão difícil aceitar?
— Por que para você é tão fácil? Isso é tudo que eu posso te
dar por agora, mas no futuro eu irei conseguir mais — afirmou
Jhuliet apontando para o envelope em cima da mesa, nenhum dos
dois tocou nele.
— Eu não vou te vender sua própria casa, eu estou te dando
ela — explicou Jones se levantando e indo até ela.
— Sinceramente, o que você quer de mim? — perguntou
Jhuliet bem alto; Jones só se afastou e a olhou confuso. — Por que
está fazendo isso tudo? Você não precisa fazerisso. — Jhuliet não
sabia que resposta esperar, mas sabia o que queria ouvir, que era o
mesmo que ela estava sentindo agora.
— Porque eu quero. Não vai fazer nenhuma diferença para
mim. — Essa com certeza não foio que esperava ouvir. Jhuliet tinha
certeza, estava apaixonada por Jones, mas ele só estava sendo
gentil, ela não sabe o que doeu mais. Ela apenas assentiu e disse:
— Tudo bem, obrigada. — Ela se levantou e saiu dali, ouviu
Jones chamá-la, porém ela não queria olhar para ele. Ela se deitou
e, umas horas depois, Jones veio também, ele dormia ao seu lado,
mas Jhuliet sabia que ele nunca seria seu de verdade, não do jeito
que ela queria.
Capitulo 22
Assim que Jhuliet saiu de sua sala sem discutir ou pestanejar,
Jones sabia que tinha dito algo de errado. Não levou um minuto
para Ravel entrar em sua sala e negar com a cabeça.
— Irmão, fico felizque você tenha se casado primeiro, assim
dá mais tempo de eu desistir do meu — disse Ravel se sentando em
sua frente.
— Não sei do que você está falando — revelou Jones,
voltando para atrás de sua mesa.
— Dessa... discussão de vocês, foi duro de ouvir —
continuou Ravel, cutucando suas próprias têmporas.
— Você estava espionando nós dois?
— Não, é claro que não, meu quarto é aqui do lado, ouvi os
gritos, mas era somente vocês dois discutindo... de novo.
— Ela não lidou muito bem com o fato de eu ter comprado
sua casa, disse algo sobre eu não ter acreditado nela.
— E você acreditou? — Jones pensou na resposta, porém
abriu a boca para responder e logo a fechou.— Parece que ela tem
razão.
— A questão é que eu não quis colocar tudo a perder
esperando-a conseguir dar um jeito, então eu fiz o que estava ao
meu alcance. Se eu soubesse que ela iria reagir assim, não tinha
feito.
— Homens, sempre trocando os pés pelas mãos.
— Afinal, o que significa esse ditado?
— Você fez besteira, irmão. Errou comprando a casa sem
avisá-la e errou ainda mais falando que ajudou porque “não ia fazer
falta”. Só faltou um “eu faria isso por qualquer um”.
— Não entendo, mas realmente não ia fazer falta...
— Mas não era isso que ela queria ouvir — revelou Ravel
como se fosse óbvio.
— Como sabe o que ela queria ouvir? — Jones perguntou,
ainda confusosentado em sua cadeira, ele viu o amigo se levantar e
andar em círculos pelo escritório.
— Pensa comigo, ela se preocupa muito com você, ontem se
ela pudesse sair para te procurar, ela iria, e você estava fora a
menos de cinco horas.
— Talvez ela tenha ficado preocupada. — Ele ouviu o amigo
bufar e continuar andando em círculos.
— A casa dos seus tios, você disse que ela foi e te ajudou a
seguir o contrato, por que você acha que ela continuou lá com uma
família que não gostava dela?
— Ela é muito prestativa.
— Por Deus, Jones, por que você acha que ela saiu daqui
chateada por você dizer que não ia fazerfalta comprar a casa para
ela? — Jones apareceu pensar na resposta.
— Porque ela realmente queria resolver tudo sozinha...? — O
amigo fez uma careta de dor e se sentou em sua frente.
— Já pensou que ela pode estar apaixonada por você? —
Jones soltou uma risada que assustou o amigo.
— Ela, apaixonada por mim? Nos casamos há... menos de
um mês. Ravel, isso não é
Possível.
— Não para um sem cérebro como você. Como você acha
que uma mulher se sentiria se você, primeiro, a pedisse em
casamento...
— Era um acordo, eu já lhe contei...
— Mas por que ela? Justo ela?
— Ela era perfeita, já tinha todo um escândalo entre nós, e
ela parecia um bom exemplo para Vaiolet, o que eu tive razão pois
elas agora se dão muito bem...
— Não tem mais nada envolvido?
— É claro que o fatodela ser muito bonita ajudou na seleção.
— Segundo, você a leva para conhecer seus tios, lhe conta
seus segredos mais profundos, a trata como membro da familia,
compra a casa dela em menos de vinte e quatro horas, admita
Jones, até você estaria apaixonado depois de tanta atenção.
— Você está delirando! — presumiu Jones e voltou a mexer
nos papéis em cima da mesa.
— Então me diz. Por que você comprou a casa?
— Porque eu queria ajudar...
— Jones, por que você comprou a casa? — Ravel perguntou
dessa vez mais alto.
— Certo! Jhuliet já perdeu coisas demais, não merece perder
a casa em que nasceu, eu já a tirei de lá, lhe afasteide todo mundo,
por puro ego. Não é que eu não acredite que ela poderia conseguir
recuperar a casa sozinha, mas só de pensar na possibilidade de vê-
la triste, partiu meu coração...
— Agora estou em dúvida, qual dos dois está mais
apaixonado pelo outro? — comentou Ravel negando com a cabeça.
— Você devia parar de beber, amigo.
— Você devia se ver olhando para ela — disse Ravel e se
levantou para ir embora. — Mas você tem sorte... — Jones olhou
para ele, esperando que concluíssea frase.– Ela te olha do mesmo
jeito.
Assim que o amigo saiu, Jones não parou de pensar sobre o
que ele tinha dito. Jhuliet apaixonada por ele, não era possível,ela
só viu seus piores lados, seus piores momentos, ela estava com ele.
Não podia negar que achava Jhuliet bonita, não, ele achava ela
maravilhosa! Naquela vez, no lago, o pôr do sol deixando o cabelo
dela ainda mais escuro, quando eles viram a lua no seu lugar
favoritoe ele a beijou pela primeira vez... quando realmente sentiu o
corpo dela sobre o seu... ele balançou a cabeça para afastar esses
pensamentos. Ele foi para o quarto, não tinha travesseiros os
separando dessa vez. Jhuliet estava virada para o outro lado, Jones
sabia que ela não estava dormindo, pois quando ele se deitou ao
seu lado, sua respiração, que quando dormia ficava calma, agora
estava acelerada, como se ela tivesse acabado de correr.
— Sei que não está dormindo — ele informou, já deitado ao
seu lado, ela suspirou e disse:
— Estou sim. — Isso fez Jones rir.
— Não sabia que era sonâmbula.
— Tem muita coisa que você não sabe sobre mim.
— Como o quê? — Ela se virou de barriga para cima, como
ele, seus ombros quase se tocaram.
— Como eu sou péssima em agradecer, e como posso ser
muito orgulhosa às vezes. — ela disse devagar.
— Também tem coisas que você não sabe sobre mim.
— Como?
— Sobre como eu acreditei que você conseguiria, porém não
queria nem imaginar se você não conseguisse, e fui imaturo agindo
pelas suas costas e eu sinto muito. — Jhuliet ficou um tempo em
silêncio.
— Fico feliz de saber isso sobre você.
— Se você não quiser aceitar tudo bem, eu acredito que você
vai dar um jeito.
— Obrigada pela ajuda, sem você eu não conseguiria —
disse Jhuliet, admitindo que a ajuda do marido fora muito bem-
vinda.
— Conseguiria, sim, uma mulher, no final, sempre consegue
o que quer.
— Nem sempre. — Jones se virou para ela
— O que você ainda não conseguiu, Mary Jhuliet?
Jhuliet se virou para ele também, estava escuro, todas as
velas estavam apagadas, e não tinha lua lá fora.Jones queria poder
ver o rosto de Jhuliet, mas ele, mesmo no escuro, sabia que ela o
estava encarando de volta.
— Você... — Aquilo saiu tão repentino que ele mal a ouviu
dizer, ele esperou o resto da frase,porém não veio de imediato, logo
após ela completou. — ...nunca me disse seu nome completo.
— Jones Willian Handevell. — Jhuliet repetiu seu nome em
voz alta como se estivesse vendo que som teria. Jones achou que
seu nome ficava muito mais bonito quando ela falava.
— O meu, caso não sabia, é Mary Jhuliet Choles. — Jones
fez o mesmo e repetiu seu nome em voz alta.
— Eu devia te chamar somente de Mary — provocou Jones.
— Só se eu te chamar de Will.
— Minha mãe me chamava de Will quando eu era menor...
pequeno Will. Quando fizdez anos, ela me chamou de Jones, dizia
que era o nome de um grande homem, forte e justo, era meu avô,
Jones Ville Felpold, ele era um grande músico.
— Sua mãe também tocava? — perguntou Jhuliet, surpresa.
— Sim, ela ensinava na igreja. Logo após teve Vaiolet, ela
tocara durante toda a gravidez, deve ser por isso que Vaiolet gosta
tanto de piano e... eu sinto falta dela — Jones disse isso pela
primeira vez em anos. Ele não sabia se estava chorando, só sabia
que já estava nos braços de Jhuliet. Ela passava a mão em seus
cabelos enquanto sussurrava uma música de ninar em seu ouvido.
Jones riu, estava se sentindo como uma criança de novo.
Quando acordou de manhã, estava sozinho na cama. E foi
nessa hora que começou a achar que Ravel tinha razão.
Jhuliet acordou e estava dormindo com Jones, realmente
como um casal, ela só acordou quando alguém bateu na porta. Ela
tirou o braço de Jones de cima dela para poder se levantar, e
quando foi até a porta, viu Mathilde.
— Bom dia, alguém veio te ver hoje: Lady Vanussa.
— Sério? Mas a essa hora da manhã...
— Já são uma da tarde. — Jhuliet se surpreendeu, nunca havia
dormindo até tão tarde, mas também não se lembrava de ter
dormindo tão bem, porém nunca tinha dormido abraçada a algo
diferente de seu travesseiro.
— Eu desço em um minuto.
— Direi a ela.
Jhuliet consegui se vestir sem acordar Jones, que ela realmente
esperava que estivesse dormindo e não a espiando. Quando
desceu, na sala estavam Lady Vanussa e Vaiolet conversando
animadamente.
— Acho que nem preciso apresentá-las — deduziu Jhuliet,
chegando atrás delas.
— Eu só lamento de não a ter me apresentado antes —
confessou Vanussa, se levantando para abraçar Jhuliet.
— Ela trouxe um vestido para mim, acredita? — comentou
Vaiolet já com o vestido no corpo dando giros para mostrar a Jhuliet.
— Ficou perfeito em você.
— E o melhor — começou Vanussa chegando perto, como quem
conta um segredo. — Ele é único, ninguém mais tem um igual, é
exclusivo para você.
— Nem sei o que dizer. Bom, vou deixar vocês a sós, muito
obrigada novamente — agradeceu Vaiolet saindo saltitando da sala.
— Você sabe como agradar as pessoas — disse Jhuliet,
sorrindo.
— Infelizmente não trouxe um para seu marido.
— Bom, ele é mais masculino mesmo.
— Você parece bem melhor hoje — opinou Vanussa, sorrindo.
— Bom, eu me sinto melhor.
— Fez as pazes com seu marido?
— Eu resolvi aceitar a ajuda dele. Foi bem imaturo de minha
parte fazer esse alarde todo.
— Não posso negar.
— Oh, perdão, não queria atrapalhar — disse Ravel, entrando na
sala.
— Esse é Ravel, o amigo de Jones — Jhuliet o apresentou
— Melhor amigo — corrigiu ele e se aproximou para beijar a mão
de Lady Vanussa. — É um prazer finalmente conhecer a melhor
estilista da cidade.
— Jhuliet tem sorte de estar rodeada de belos cavalheiros.
— Que sorte a minha, não é? — disse Jhuliet em tom irônico.
— Lady Vanussa, é um prazer vê-la novamente — cumprimentou
Jones no topo da escada. Jhuliet odiava o fato de o marido ser tão
bonito, não sabia o que brilhavam mais, seu cabelo ou o seu sorriso.
Na mesma hora ela se sentiu muito nervosa pela noite passada, seu
marido, ao contrário, era o poço da tranquilidade.
— O prazer é todo meu. Conheci o seu amigo, é tão galanteador
como você — opinou Vanussa apontando para Ravel.
— O que posso dizer? Estudamos na mesma escola. — Jhuliet
se virou quando Jones chegou perto, mas ela podia sentir que ele
estava bem atrás dela. — Bom dia para você — Jones disse
somente para ela ouvir e deu um beijo no topo de seu cabelo.
— B... bom dia para...você também. — Jhuliet se perdeu nas
palavras e se odiou por isso.
— Espero que você fique para almoçar com a gente — continuou
Jones para Vanussa.
— Quem diria? Eu cheguei bem na hora no almoço, sorte a
minha. — Vanussa e Ravel foram na frente, porém Jhuliet puxou
Jones para perto dela.
— Não precisa fingir que somos um casal perto dela, ela já sabe
da verdade — explicou ela sussurrado para ele, que a olhou confuso
e falou no mesmo tom.
— Jhuliet, eu só disse bom dia — ele disse e piscou para ela e
foi até a cozinha enquanto ela ficou parada processando o que ele
havia dito. Então ele queria brincar de provocá-la?
Quando ela chegou na cozinha todos já estavam sentados e
Mathilde já estava servindo o almoço. Jhuliet sentou bem à frentede
Jones, Vanussa e Ravel se sentaram nas laterais, também um a
frente do outro.
— Fico feliz que Jhuliet esteja sendo bem alimentada, ela
quase nunca comia quando trabalhávamos no ateliê — revelou
Vanussa.
— Sim, sorte a minha que meu marido nunca me deixa
passar vontade. — Pelo jeito a única pessoa que viu outro sentido
na frase foi Jones, que a olhou arqueando as sobrancelhas. Ela
somente respondeu com um sorriso.
— É uma pena que minha esposa seja insaciável, quer
dizer... em alguns momentos é realmente apropriado. — O
comentário de Jones fez os dois olharem para Jhuliet.
— Fico feliz de saber disso — disse Jhulite, piscando
surpresa.
— Sua felicidade é a minha! — afirmou Jones, brindando.
Jhuliet sabia que estava num jogo perigoso, Jones era homem,
estava acostumado a flertar com cada frase que saía de sua boca,
mas Jhuliet também não ficava para trás.
— Lady Vanussa, só queria agradecer pelos vestidos que
você me deu antes de me casar.
— Não tem por que agradecer, são difíceisde colocar, mas
tenho certeza que Jones pode te ajudar nisso — disse Vanussa
piscando para Jones
— Ah, com certeza ele é ótimo nisso — Jhuliet retrucou,
olhando para ele, que a encarou de volta e rebateu.
— É claro, porém Jhuliet só me chama quando quer tirá-los,
porque é muito difícilfazerisso sozinha. — Nesse momento Jhuliet
ficouvermelha pois imaginou a cena e acabou olhando para o prato,
mas não antes de ver o sorriso vitorioso do marido.
— O almoço estava ótimo — elogiou Lady Vanussa quando já
estava indo embora.
— Espero que volte mais vezes — convidou Jones, beijando
sua mão e se afastando para Jhuliet se despedir dela.
— Com certeza, irei roubar sua esposa por um minuto se não
se importa — avisou Vanussa, levando Jhuliet até a saída.
— Contanto que a me trague de volta depois... — brincou
Jones.
— Irei cuidar muito bem dela.
Vanussa segurou o braço de Jhuliet enquanto ela a
acompanhava até a saída.
— Era impressão minha ou...vocês dois estavam flertandono
almoço?
— Sim... foi impressão sua — respondeu Jhuliet, rindo.
— Eu sou velha, mas não sou boba. Vocês estavam
flertando, não achei que você estivesse aproveitado o casamento
desse jeito...
— Ei, não é isso que você está pensando, nós não estamos.
— Tenho duas perguntas:por que não e como não? Sinto lhe
dizer, mas seu marido é maravilhoso, se eu fosse mais nova...
— Lady... — Jhuliet a repreendeu, rindo. — É só... bem.. .não
é uma decisão que depende só de mim
— Querida, se você visse o jeito que ele te olhou, eu até me
questionei qual era o prato principal.
— Você é terrível!— disse Jhuliet a levando até a carruagem.
— Vou sentir sua falta, já sinto...
— Fico feliz que você está bem... acompanhada. Qualquer
coisa sabe onde me encontrar.
Jhuliet se despediu de Lady Vanussa e voltou para dentro.
Jones estava servindo um drinque para ele, que a ofereceu e ela
apenas negou com a cabeça.
— Tenho um baile para ir hoje — ele anunciou enquanto
colocava o gelo no copo.
— Que tipo de baile?
— De negócios. Eu gostaria que você fosse...
— Sério? — Jhuliet não podia negar que tinha ficado felizcom o
convite.
— Sim, eles querem conhecer minha nova esposa, estão muito
surpresos de eu ter me casado.
— Que tipo de reputação você tinha? — perguntou Jhuliet, rindo.
— Não era uma das melhores, confesso.
— Bom, e a Dia vai estar lá? — Jhuliet perguntou, e pela cara de
Jones ela sabia que iria.
— Se isso te fazse sentir melhor, Philip também vai estar lá —
revelou ele a provocando.
— Não ajudou muito.
— Não precisa ir se não quiser, é realmente uma reunião de
negócios, só que com música.
— Tudo bem, eu vou, não tenho nada na minha agenda, mesmo.
— Jones sorriu e disse:
— Não sabia que tinha uma agenda.
— Eu precisei, pois agora eu sou uma mulher ocupada.
— O baile é às sete, mas eu vou para lá daqui a cinco minutos. É
uma tradição, a gente resolve as coisas antes e depois o baile e só
para reunir todo mundo.
— Ah, tudo bem, eu irei sozinha, então?
— Vaiolet foi dormir na casa de uma amiga e Ravel, bem... Ele
tem outros compromissos. Realmente não precisa ir se não quiser.
— Não, eu irei. às sete em ponto.
***
Jhuliet estava, às sete em ponto, presa na estrada. Um dos
cavalos machucou a pata e estavam parados no caminho. O
cocheiro disse que faltava menos de cinco minutos até o lugar do
baile. Jhuliet resolveu ir a pé, o que foi um erro, pois ela já tinha
andado dez minutos e nada. Ela ouviu uma carruagem se
aproximando, ela literalmente se jogou na frente e esperou que
alguém parasse e não passasse em cima dela. Por sorte a
carruagem parou, Jhuliet não acreditou na sua sorte ao ver Philip
saindo lá de dentro.
— Jhuliet? O que faz aqui, aconteceu alguma coisa?
— Eu estava indo para o baile e o cavalo machucou a pata, e
eu vim andando, ele falou que eram cinco minutos, mas acho que
estou andando a meia hora.
— Bom, realmente são cinco minutos... de carruagem. Vem,
eu te levo lá — Philip disse enquanto ajudava Jhuliet a subir. — Por
que você está sozinha? Jones não vem?
— Acho que ele já está lá há muito tempo, disse que era
reunião de negócios.
— Ah, verdade, eu também tinha que estar lá, mas não faz
muito sentido aparecer depois de dois anos sem frequentar uma só
vez. Mas eu acabei vindo.
— Bom, eu também realmente não iria vir... mas eu não tinha
mais nada para fazer, então...
— Esses bailes de negócio são completamente chatos, só
queria avisar.
— Pelo menos eu conheço alguém, você no caso. — Philip
riu e disse:
— Bom, chegamos. — Ele a ajudou a sair da carruagem. —
Aliás, você está fabulosa essa noite.
— Muito obrigada, você não está nada mal também. — Ele
lhe ofereceu o braço e ela aceitou, Jhuliet não sabia explicar a
expressão das pessoas ao vê-la com Philip. Jhuliet não tinha
pensado que as pessoas podiam achar que ela era acompanhante
dele, que foi o que acharam, então ela soltou o braço de Philip e
disse:
— Irei procurar Jones, muito obrigada pela carona.
— Disponha.
Jhuliet saiu andando pelo baile, aquele salão ela nunca tinha
vindo antes. Para uma reunião de negócios estava bem cheio. Ela
logo viu Jones, era difícilnão tê-lo visto, Jones era muito alto e seu
sorriso brilhava, ele sempre chamava a atenção. Porém, quando ela
chegou perto, viu que ele estava acompanhado, e era Diana. Ela
falava algo que ele ria, ela colocava a mão no ombro dele e lhe dava
alguns empurrões de leve em seu ombro, ela bebia com ele e
sempre com seu sorriso perfeito quando ele falava algo.
— Eles são um casal perfeito — disse uma moça loira que
estava atrás de Jhuliet.
— Realmente eles combinam, como eu tenho inveja... —
Dessa vez foi a vez da moça morena.
— De qual dos dois?
— Dela, por ter um homem como ele só para ela, e dela
também por ser tão perfeita, chega a ser irritante. — As duas
mulheres grunhiram.
Naquele momento Jhuliet quis ir embora, realmente os dois
pareciam um lindo casal, ela
poderia ir embora e fingir que nunca tinha saído de casa, mas ela
respirou fundo e disse para as mulheres atrás dela:
— É uma pena que ele já seja casado com outra pessoa —
Jhuliet disse e se aproximou de Jones. Ele já a tinha visto antes de
ela chegar perto. Ele sorriu e parou de dar atenção para Diana, que,
quando a viu, só faltou seus olhos pegaram fogo.
— Não achei que viria, já são dez horas — ele disse já em
sua frente, e fazendo todos prestarem atenção nela também.
— Eu tive alguns imprevistos...
— O importante é que você está aqui, venha, vou te
apresentar algumas pessoas.
— Jones? Nós não terminamos de conversar — lembrou
Diana de braços cruzados.
— Daqui a pouco, preciso apresentar minha esposa para
algumas pessoas.
— Foi um prazer rever você, Diana — disse Jhuliet enquanto
Jones a puxava para longe dela.
Ele deve tê-la apresentado para, no mínimo, todos do baile.
Ela não aguentava mais apertos de mãos de beijos no rosto.
— Me dê um minuto? — pediu Jones enquanto se afastava
para conversar com dois homens que o chamaram.
— Estava enganada, eu tenho inveja de você por ser casada
com ele — disse a loira que estava atrás de Jhuliet anteriormente.
— Ele deve ser ótimo na cama — comentou a morena.
Jhuliet não soube o que responder, então apenas sorriu.
— Está tudo bem em contar, mesmo que você não conte, a
gente imagina do que ele é capaz. Meu nome é Bethy, aliás, e essa
é Sussy. — Bethy era a loira e Sussy, a morena.
— Queria que minha vida matrimonial estivesse assim, porém
meu marido só deita para dormir — revelou Sussy, bebendo um
grande gole de sua taça.
— Vou te dar uma dica, coloque uma roupa bem bonita, de
preferência que mal cubra o corpo, deite na cama como se fosse
uma coberta e só espere. Fiz isso com meu marido semana
passada, foi a melhor noite de todo o mês. Não tem jeito melhor de
provar que um homem gosta de você, se ele apenas te olhar e não
fazerou dizer nada, o seu casamento é uma mentira. Mas você não
precisa disso — disse Bethy para Jhuliet. — Aquele lá deve só
levantar da cama para comer.
— Com licença — pediu Jhuliet, se afastando delas e indo
até Jones. — Desculpa interromper.
— Não precisa se desculpar, nós que roubamos seu marido,
aliás, é um prazer conhecê-la — afirmou um dos homens que
estavam com Jones.
— O prazer é todo meu. Jones, acho que já vou embora.
— Tem certeza? Aconteceu alguma coisa? — perguntou
Jones olhando para ela, preocupado.
— Não, não. Eu só estou cansada, pode continuar se quiser.
— Não, eu irei com você. Me desculpem, senhores, irei levar
minha esposa para casa.
— É claro.
— Você acabou de me salvar de duas horas sobre política e
religião, muito obrigada. – Quando viu que Jhuliet não respondeu,
ele perguntou assim que entraram na carruagem: – Jhuliet, o que
foi?
— Não é nada, só fiquei cansada — ela disse suspirando,
não aguentava mais ouvir comentários sobre sua vida, até porque
todos estavam errados.
— Tem certeza?
— Claro, até que não foi tão ruim.
— Bom, que bom que pensa assim, essa a reuniões são
horríveis — opinou Jones, abrindo dois botões da sua camisa e
respirando fundo.
— Philip disse quase a mesma coisa. — Na mesma hora ela
se arrependeu quando disse. Jones respirou fundo e nem a olhou
ao perguntar.
— Então vocês se viram? — Ele não parecia estar nervoso,
como das outras vezes em que eles falavam sobre Philip, parecia
quase desinteressado.
— Ah, hoje no baile.
— Não o vi por lá.
— Sabe como é Philip, sempre fugindo da multidão —
comentou Jhuliet, mas sentiu que era uma péssima resposta.
— Não, eu não sei como ele é. Pelo jeito você deve saber.
— Não precisa sentir ciúmes de Philip — avisou Jhuliet,
brincando.
— Não é ciúmes.
— Então o que é? – ela perguntou chegando mais perto e
empurrando o ombro dele.
— Deve ser o mesmo que você sente quando vê Diana
comigo. — Na hora o sorriso de Jhuliet se desfez.
— Não, não é a mesma coisa, pois são situações
completamente diferentes.
— Pra mim parecem perfeitamente iguais.
— Eu e Philip nunca tivemos nada — argumentou Jhuliet,
olhando para Jones.
— Eu também não tenho nada com Diana.
— E é aíque vocês tem um diferencial,vocês já tiveram algo.
— Não era nada de mais, não chegava perto do que nós
temos agora. — Jhuliet queria acreditar que tinha alguma confissão
secreta naquelas palavras, mas ela só viu a diferença de Diana era
que ela e Jones não foram casados.
— Não tenho certeza, não temos um casamento de verdade.
— Jhuliet tentava se lembrar disso toda vez em que começava a
achar que um dia poderia ser um casal de verdade.
— Eu sei, Jhuliet, fui eu quem te propôs tudo isso, lembra?
Mas você podia parar de pensar nisto e aproveitar. Você às vezes
fica muito tensa quando está comigo, e às vezes você é
simplesmente você, eu sinto falta da Jhuliet que não ligava para
nada e fazia o que queria.
— Não tem como eu voltar a ser como eu era.
— Por que não? Olha, se você não está mais de acordo com
isso, está tudo bem, pode me dizer, e a gente termina isso tudo,
porque eu realmente sinto que eu te forcei a se casar comigo.
Acontece que eu era quem mais precisava me casar, e acabei te
levando junto, mas eu não quero que você fiqueinfeliznisso, porque
eu... realmente me importo com você, Jhuliet.
Ele olhou para ela tão profundamente que ela teve que
desviar o olhar. Ele tinha razão, ela não estava feliz, porque não
estava sendo sincera consigo mesma. Ela estava distante pois
queria que a distância diminuísse o que ela sentia por ele. Mas
agora Jhuliet sabia, descobrira o que já sabia há muito tempo.
Estava apaixonada por Jones, e devia contar para ele, e se ele não
sentisse mesmo, pelo menos ela teria sido sincera.
— Jones, eu preciso te confessar uma coisa. — Assim que
Jhuliet disse isso, a carruagem parou em frente à casa e ela ouviu
duas pessoas discutindo. Jones a ajudou a sair da carruagem. Era
Ravel e Diana discutindo na porta de casa.
— O que está acontecendo aqui? — Jones perguntou, o que
fez com que os dois se assustassem com seu tom de voz.
— Eu disse que ela não podia entrar — explicou Ravel.
— Eu só queria conversar com você — revelou Diana, se
aproximando de Jones.
— Sobre o quê? — perguntou Jones, vendo ela se aproximar.
— Algo... muito importante. Por favor, Will, me deixa entrar.
Jhuliet se surpreendeu ao ouvi-la chamá-lo de Will, seu
apelido de infância. Jones olhou para Jhuliet, que agora abraçava os
próprios braços e se aproximou dela e segurou sua mão.
— Está tarde, Dinna — Jones disse, ele parecia confuso.
— É muito sério, por favor. — Jones respirou fundo, mas
antes de responder olhou para Jhuliet e disse:
— Tudo bem por você? — Jhuliet assentiu. — Vamos, entre
— Jones disse ainda segurando a mão de Jhuliet. Dianna, pela
primeira vez, não a olhou com olhar de fúria, mas sim de tristeza.
Eles entraram e Diana se sentou no sofá da sala, ela se movia
tranquilamente pela casa, como se não fosse a primeira vez que
entrava ali. Jones se sentou em um sofá em frente a ela.
— Bom, eu vou para o meu quarto. Boa noite — anunciou
Jhuliet, se virando para sair da sala.
— Precisamos terminar aquela nossa conversa — lembrou
Jones, sorrindo. Jhuliet sorriu em resposta, mas seu corpo não
conseguiu ir para o andar de cima, então ela somente se escondeu
atrás de uma coluna da sala.
— Vocês não combinam — Diana opinou, negando com a
cabeça.
— O que você tem para dizer, Diana?
— Eu sinto sua falta.— Jones apenas respirou fundoe disse:
— Era só isso?
— Como só isso? Você não sente falta das nossas
aventuras? Não vai me dizer que você vai se contentar com essa
vida chata que você vive agora! — perguntou Diana, rindo e
apontando para o ao redor.
— Isso é passado.
— Passado? Só faz alguns meses desde a última vez.
— Eu estou casado agora, caso ainda não tenha percebido.
— Não me venha com desculpas de casamento, você não
gosta dela.
— Eu gosto muito dela. — Pela cara de Diana, ela parecia ter
levado um soco no estômago. Jones nem sequer pensou antes de
responder.
— Nós ainda podemos nos encontrar escondidos como antes
e...
— Eu preferiria atirar em mim mesmo do que fazeralgo para
machucar minha esposa. — Jones disse rindo, mas falava sério.
— Jones, você não nasceu para ser casado, nós não somos
assim — Diana disse como se tudo aquilo fosse um grande absurdo.
— As pessoas mudam...
— Eu duvido que ela te dê as noites que já passamos juntos,
eu não entendo, o que ela pode ter que eu não tenha! — exclamou
Diana se levantando, mas Jones ainda estava sentado, ele respirou
fundo e se virou para ela.
— Jhuliet me dá muito mais que isso, ela me dá paz,
confiança, e ela me dá uma coisa que nem se você tentasse muito
iria conseguir... ela me dá amor. — Nesse momento, Jhuliet espirrou
devido ao pó da coluna em que estava escondida.
— Você estava nos espionando? — indagou Dianna, se
levantando e vendo ela escondida.
— Na verdade, eu preciso falar algo urgente com meu
marido, mas não queria atrapalhar vocês.
— Jhuliet? O que houve? — Jones a olhou preocupado,
Jhuliet sabia que amava esse homem, e depois de tudo que ele
dissera a Diana, ela não podia ter mais certeza.
— Jones, eu estou...
— Eu estou grávida. — Jhuliet foi interrompida pela frase de
Dianna. — E o filho é seu, Jones.
Nessa hora Jhuliet só viu tudo ficar branco.
Capitulo 23
— Eu estou grávida. E o filho é seu, Jones.
Era uma frase que Jones não esperava ouvir tão cedo, ainda
mais de Diana. Porém, quem ficou mais surpresa foi Jhuliet, que
desmaiou. Jones conseguiu pegá-la a tempo, ele a coloco no sofá,
Diana não disse uma palavra.
— Por favor, me diz que é mentira — implorou Jones,
fechando os olhos.
— Por que eu mentiria sobre isso?
— Eu não sei, não pode ser possível. Como você sabe?
— Eu estou com enjoos e muito tonta, e esse mês você sabe,
não veio... eu fui ao médico, hoje de manhã, no baile ela me deu os
parabéns.
— Não, não, não... — Jones estava sentado no sofá olhando
para as mãos.
— Se não acredita em mim, vamos no médico comigo, isso
também não é fácil para mim... eu não tenho um título, nem marido,
eu não estaria aqui se realmente não precisasse de ajuda... achei
que você devia saber...
— Como sabe... que é meu?
— Eu não acredito, quem você pensa que eu sou? —
vosciferou Diana, se levantando, furiosa.
— Diana, vamos conversar melhor sobre isso de manhã, por
enquanto, você dorme aqui, vou pedir para Mathilde preparar um
quarto para você. — De repente ouviu jhuliet se mexer ao seu lado.
— Jones? — Ela sorriu ao abrir os olhos e ver ele em sua
frente.
— Ei, como está se sentindo?
— Eu tive um péssimo sonho... — começou Jhuliet, mas
quando viu a expressão de Jones e ela viu Diana parada na sala,
ela sabia que era real. — E... Eu vou para o meu quarto. — disse
Jhuliet, se levantando.
— Jhuliet, por favor, espera.
— Jones, eu... — começou Diana, indo atrás dele.
— Diana, nós conversamos amanhã — decidiu Jones e subiu
atrás de Jhuliet. Ela estava no quarto, andando de um lado para o
outro. — Jhuliet, eu posso explicar...
— Fique à vontade! — disse Jhuliet, olhando furiosa para
Jones.
— Eu... na verdade eu não sei muito bem como aconteceu,
quer dizer, sei como aconteceu, mas...
— Diana está esperando um filho seu. Um bebê seu... —
Jhuliet respirava com forçae continuava andando de um lado para o
outro.
— Por favor, fala alguma coisa — pediu Jones, dando um
passo até ela.
— O que eu deveria dizer? Meu marido vai ser pai... do filho
de outra mulher, eu... não consigo... — Jhuliet se sentou na cama e
respirou fundo. — O que você pretende fazer?
— Eu... não sei.
— Bom plano!
— Isso é... Jhuliet, eu realmente não sei o que te dizer. Mas
eu te juro, desde que te conheci, eu nunca mais encontrei com
mulher nenhuma, muito menos Diana, se isso aconteceu, foi muito
antes de eu voltar, muito antes da gente se conhecer. — Jhuliet
olhou para os olhos de Jones, ela viu um medo ali, mas não sabia
de quê.
— Eu acredito em você.
— Diana vai dormir aqui essa noite, e amanhã vem cedo nós
vamos dar um jeito, eu prometo que eu...
— Eu estou apaixonada por você. — Isso sim deixou Jones
sem palavras. — E eu não consigo mais guardar isso para mim. Eu
não estava sendo sincera com você, muito menos comigo, e eu sei
que tem pouco tempo que nos conhecemos e que você não me ama
de volta, mas tudo bem, eu não me importo, só saber que você
sabe... já é suficiente e eu...
Jhuliet não conseguiu terminar pois Jones a beijou. Dessa
vez não foi como as outras, foi apressado, desesperado, como se os
dois precisassem muito daquilo, o que era verdade. Jhuliet estava
sentada na cama, Jones estava com uma mão em seu rosto e outra
em suas costas, mesmo sem ar o beijo continuou, Jhuliet sabia, ela
faria qualquer coisa por Jones.
Ele parou o beijo e olhou em seus olhos.
— Você é uma mulher incrível, Mary Jhuliet.
— Eu não quero ser incrível, eu só quero ser alguém que
você goste. — E lá estava Jhuliet, estava completamente vulnerável,
como jamais ficara com ninguém.
— Você é melhor... muito melhor. — Alguém bateu na porta,
era Matilde.
— Diana já está no quarto de hóspedes.
— Eu quero falar com ela — disse Jhuliet, olhando para
Jones.
— Jhuliet, melhor não...
— Confie em mim. — Jhuliet estava diferente, ela se sentia
diferente, mais leve. Jones apenas assentiu e sorriu. Ela bateu na
porta antes de entrar. Diana levou um susto ao vê-la em sua porta.
— Esperava outra pessoa?
— Na verdade, sim...
— O que você acha que é? — Jhuliet perguntou, mas Diana
a olhou confusa. — O bebê, acha que é menina ou menino?
— Ah, não sei, espero que seja menina, eu acho. — Diana
parecia nervosa, ela não olhara nos olhos de Jhulietb nenhuma vez.
— Eu vou ser breve, Diana. Eu amo o Jones. Ele é casado
comigo, se você acha que vai atrapalhar meu casamento eu sinto
muito informar de que não vai conseguir — avisou Jhuliet com os
braços cruzados na frente do corpo, não sabia onde tinha tirado
tanta confiança. Diana não conseguiu pensar em uma resposta.
— Vocês estão bem? — perguntou Jones chegando na porta
do quarto e olhando para as duas, para ter certeza de que ainda não
tinham se matado.
— Claro, boa noite, Diana — desejou Jhuliet dando um
sorriso amarelo. Jhuliet voltou para seu quarto. Quando chegou, viu
Jones indo para a janela e ficando lá por um tempo.
— Jones? — ela o chamou e ele levou um susto ao ouvi-la.
— Está tudo bem?
— Não acho que vou conseguir dormir — ele disse lhe dando
um sorriso fraco. Jhuliet sorriu e Jones a olhou, confuso.
— Eu estava imaginando como seria seu filho,se ele parecer
com você, vai ser tão cobiçado — imaginou Jhuliet, olhando para
Jones, mas ele lhe encarava, sério.
— Não precisa fazer isso.
— Fazer o quê?
— Fingir que isso não é grande coisa. — Jhuliet sorriu sem
graça, ela estava tentando digerir tudo, seu marido ia ser pai da
antiga amante.
Ele se sentou ao seu lado, respirou fundoe segurou sua mão
com força.
— Nós estamos juntos nessa? Como em todas as coisas
vezes, certo? Eu não vou abandonar você. — Jhuliet disse, séria.
— Não pode prometer o que não pode evitar.
— Então não me faça quebrar essa promessa.
— Eu não faria nada para magoar você.
— Eu sei, é por isso que eu vou sempre ficar do seu lado. —
Jhuliet deitou a cabeça no ombro de Jones. — Porque eu amo você.
— Jones não respondeu, apenas respirou fundo e beijou o topo de
sua cabeça. Quando Jhuliet foi deitar, Jones não a abraçou dessa
vez, ele apenas se virou para o outro lado. Ela fechou os olhos
desejando que tudo tivesse sido um sonho.
Quando Jhuliet acordou, Jones não estava ao seu lado,
estava sozinha com somente o sol iluminando o seu lado da cama.
Ela se levantou, não tinha dormido muito bem, teve pesadelos com
o novo filho de Diana, via Jones a trocando pela Diana, segurando
um garoto nos braços. Ela ficou feliz por ter acordado. Quando
desceu, viu que tinha muita gente na sala, reconheceu que um era o
melhor doutor da cidade, ela já o tinha visto.
Diana estava sentada no sofá, Jones estava dando voltas na
sala, Ravel estava tentando acalmá-lo e Vaiolet olhava furiosamente
para Diana.
— Acho que só eu estava dormindo — deduziu Jhuliet, a
única que a olhou foi Vaiolet.
— Como disse, muito repouso e sem bebidas por favor... —
disse o doutor a Diana.
— Certo... — concordou ela timidamente.
— Acho melhor já ir preparando algumas coisas... você sabe.
— Tudo bem...
— Bom, eu vou indo. Jones, qualquer coisa me avise, tudo
bem?
— Muito obrigado, doutor, vou te deixar informado. — Jones
o acompanhou até a porta. Diana se levantou para falar com Jones.
Quando ele voltou, ele apenas passou direto por ela e foi para a
cozinha. Ela se sentou no sofá novamente e encarou os pés com a
cabeça baixa.
— Você podia falar com ele? Ele não quer me ouvir — pediu
Ravel atrás de Jhuliet.
— O que eu falo? — perguntou Jhuliet, nervosa.
— Não sei, só faça ele falar, ele vai explodir a qualquer
momento.
— Vou tentar. — Jhuliet estava nervosa enquanto ia até a
cozinha. Jones estava de costas para ela, ele estava com as mãos
apoiadas no balcão da cozinha, ele olhava para baixo e respirava
fundo, ela não sabia como abordá-lo. Então apenas colocou a mão
em seu ombro e ele se assustou e saiu de perto. Quando viu que
era Jhuliet, respirou fundo e se apoiou no balcão, ela não sabia o
que dizer, e nem precisou, pois ele mesmo quebrou o silêncio.
— Ele não sabe de quantas semanas ela está, mas sente
que talvez seja de vinte e seis semanas.
— Bom, é bastante tempo.
— Sinceramente, não sei o que fazer... — Jhuliet segurou sua
mão e olhou nos seus olhos.
— Eu também não. — Jones riu pela primeira vez no dia.
— Que bom que estamos de acordo.
3 semanas depois...
FIM
Biografia