Interpretação de Textos
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TEXTOS
Compreensão e Interpretação de
Textos
Livro Eletrônico
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CÓDIGO:
230331327827
BRUNO PILASTRE
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Bruno Pilastre
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Compreensão e Interpretação de Textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Definição de Texto e de Interpretação de Textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Funções da Linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Vozes Discursivas (Intertextualidade). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Níveis de Leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Pressupostos e Subentendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Marcas Discursivas (de Pressuposição) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Breve Introdução aos Estudos Linguísticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Níveis de Linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Variação Linguística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Mapa Mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
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APRESENTAÇÃO
Olá! Tudo bem?
E então, preparado(a) para começar nossos estudos? Espero que sim!
Nas três aulas que compõem este curso de Texto, procuro trazer o que há de mais
atual em relação aos perfis das provas de concurso mais recentes. Meu objetivo é tornar
o seu estudo eficiente, focando exatamente o que está sendo mais cobrado nos últimos
processos seletivos.
Como seguiremos juntos até o final deste curso, a pergunta inicial a ser feita é: qual será
o meu papel em sua preparação? Bom, eu trabalharei para apresentar os conteúdos teóricos
de forma clara e dinâmica, sempre otimizando o seu tempo e a sua energia. E qual é o seu
papel ao longo desse curso? Muito do processo de aprendizagem depende de você. Por isso,
precisarei de sua atenção e de seu raciocínio. Também precisarei de seu conhecimento de
mundo e de suas referências (leituras, experiências etc.).
Estabelecidos o meu papel e o seu, eu quero que você saiba que pensei as nossas aulas
com a ideia de que caminharemos juntos. Muito do que trago de inovação aqui é resultado
da minha interação com alunos nos espaços Fórum de Dúvidas e Avaliações (ambos
disponíveis em seu espaço de aluno). Espero que você também possa acessar o Fórum de
Dúvidas para dialogar comigo, apresentando dúvidas, sugestões, reclamações etc. Também
é importante que você faça a sua Avaliação (curtindo ou descurtindo a aula), ok?
O nosso conteúdo teórico será baseado numa tríade:
Como você pode ver, a noção de Texto envolve principalmente três componentes: (i) as
tipologias e os gêneros textuais; (ii) a coesão e a coerência textuais; e a (ii) semântica. Ao longo de
minha explicação sobre o conteúdo (e sobre essas três componentes), outras noções aparecerão,
tais como intertextualidade, variação linguística, paráfrase, reescrita de textos etc.
Fique seguro(a): as três aulas que compõem este curso atendem o exigido no conteúdo
programático do Edital que norteia o concurso para o qual você está se preparando.
Veja agora ver como será a metodologia do curso (teoria e prática).
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METODOLOGIA
Como eu disse, abordarei o conteúdo teórico de Texto em três aulas. Em cada uma delas,
seguirei a seguinte metodologia:
• Explicarei objetivamente o conteúdo;
• Sempre que possível, apresentarei questões de provas anteriores e questões inéditas
para identificarmos com clareza o modo de cobrança do conteúdo;
• Para sintetizar as principais noções estudadas, a cada aula elaborarei um resumo e
um mapa mental.
Em todo o curso, utilizo como fonte minha experiência como professor (e como leitor) e
obras de autores que são grandes referências em área de Língua Portuguesa (e Linguística).
Sempre procuro citar com clareza essas fontes, ok? Caso você queira se aprofundar nesse
estudo, disponibilizo o nome das obras ao final de cada aula (Referências).
A análise de como o conteúdo de Texto é avaliado pela banca é muito importante. É
exatamente aqui que você deve direcionar os seus conhecimentos, de modo a solucionar a
questão com segurança. E é claro que você já está ciente do seguinte fato: só conquista a
aprovação quem resolve muitas, muitas questões de concurso. É por isso que, a cada aula,
apresento um conjunto de questões de concurso de diversas bancas (todas atuais e com
gabarito comentado). Faço a seguinte orientação para você trabalhá-las:
Eu realmente espero que este curso seja relevante para a sua preparação. Aqui começamos
a caminhada rumo à aprovação (e nomeação no DOU, é claro!)! Vamos à aula!
Bons estudos!
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( ) É voltada para o contexto no qual a situação comunicativa está inserida. Ela se relaciona
à adequação ou não do contexto, pois ele pode influenciar no significado do texto
que, inserido em contextos distintos, pode produzir significados completamente
diversos.
( ) Consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo
ocorre durante a produção de um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua
produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra.
( ) Nesse fator, consideram-se as informações prévias e as informações novas obtidas
no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas, pois um texto que possui apenas
informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto somente com informações
novas pode dificultar a compreensão da leitura.
( ) Esse fator está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento sobre o
assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor. É
através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito
ou explícito no texto.
A sequência correta é esta (cada termo seguido de sua definição): (2) a intencionalidade está
direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se
construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada
audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para
chegar a seu público; (3) a situacionalidade é voltada para o contexto no qual a situação
comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode
influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir
significados completamente diversos; (5) a intertextualidade consiste na influência e na
relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de
um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou
implícitas de outra obra; (4) no critério informatividade, consideram-se as informações
prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas,
pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um
texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura (1) o
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Em concursos públicos, o texto mais recorrente é o verbal escrito. Em muitos casos, o texto
será não verbal, como se percebe em quadrinhos, anúncios publicitários, infográficos etc.
A resposta “Ainda bem!” indica que o cliente estava preocupado com a utilização de um
ingrediente impróprio na sopa: a pedra. A alternativa correta é a “b”, então. A partir da
resposta, não se pode inferir que o cliente estava preocupado com “a” a quantidade de
sopa que seria servida, “c” a dificuldade de se utilizar os talheres, “d” possíveis problemas
renais ou “e” a alta temperatura que a pedra poderia atingir no cozimento.
Letra b.
Outro ponto importante nas provas de concurso público (bancas diversas): você precisa
saber que há dois tipos principais de expressão textual escrita: a prosa e o poema. Vamos
entender a diferença entre elas.
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(Fábio Bahia)
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Nas diversas bancas examinadoras, a maioria dos textos são organizados em prosa.
Nesse caso, a banca faz referência às noções de linha, período e parágrafo. Quando as
bancas avaliam a estrutura de um poema, há a referência às noções de verso e estrofe.
Em provas de concurso, os textos poéticos são abordados predominantemente em
termos de temática:
003. (IBFC/ACAI/IBGE/2022)
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora
seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado,
tenho feito tudo para não sonhar...
O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo
com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de:
a) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
c) não acreditar em sonhos de amores antigos.
d) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
e) não querer sonhar com sua ex-namorada.
O eu-lírico não quer sonhar com sua ex-namorada. Esse receio é depreensível pela cadeia
de eventos anteriores (quem sonha, sonha com a/o ex). O esforço para não sonhar não
decorre, então, dos fatos apontados em “a”, “b”, “c” ou “d”.
Letra e.
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Quando nos comunicamos, interagimos com outro(s) indivíduo(s). Esse indivíduo é capaz
de nos compreender e, muitas vezes, dialoga conosco (ou seja, ele também fala conosco,
responde, discorda etc.). Para que uma comunicação seja realizada, os seguintes elementos
devem estar presentes:
Devemos ler o esquema acima da seguinte maneira: o emissor transmite uma mensagem
ao receptor. Essa mensagem tem como suporte o canal (o som de nossa voz ou o registro
escrito, por exemplo) e está codificado em nossa língua portuguesa. Essa mensagem está
situada em um contexto situacional e faz referência ao mundo biossocial do emissor e
do receptor.
A depender da ênfase que se dê a cada um desses elementos, a função da linguagem
(ou seja, do uso da linguagem) será diferente:
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004. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)
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Predomina no texto a função referencial, pois o foco é o contexto (fatos do mundo). Não se
trata, portanto, de função conativa (centrada no destinatário), metalinguística (centrada
no próprio código), fática (centrada no canal/contato) ou poética (centrada na mensagem).
Letra a.
Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela
voz, exprime seus pensamentos e emoções.
Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma
realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para
representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos
articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente
com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços
que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística.
Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p.
57 (com adaptações).
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Quando uma linguagem fala sobre si mesma, temos metalinguagem. É exatamente isso o
que observamos no texto: o autor fala sobre a língua utilizando a língua (escrita). Outros
exemplos de metalinguagem: uma tirinha que fala sobre o ato de fazer tirinhas; uma pintura
que fale sobre o ato de fazer uma pintura; um filme que fale sobre o ato de fazer um filme;
uma fotografia que fale sobre o ato de fotografar.
Certo.
“Meu ritual nos fins de tarde era sempre o mesmo: descia da perua escolar, corria pra casa, largava
a mochila embaixo da escada, tomava banho, vestia uma roupa confortável, me aboletava no
sofá e, enquanto a Vanda preparava o jantar, assistia a Spectreman.
Naquela tarde, contudo, quando desci da perua, dei com a mãe do Henrique me esperando na
calçada: Vanda tivera que sair às pressas para visitar a prima no hospital, e eu deveria ficar na
vizinha até minha mãe voltar do trabalho. Tudo certo, eu convivia com aquela família desde que
me conhecia por gente e, apesar do leve incômodo que a quebra da rotina sempre traz, não me
importei.”
(Antonio Prata. Nu, de botas. Companhia das Letras, 2013)
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007. (INÉDITA/2022)
Nos versos em análise, predomina a função conativa ou apelativa (alternativa “e”). Note a
presença de formas na segunda pessoa (seja pela flexão verbal, seja pela forma pronominal).
O poeta deseja modificar o comportamento do interlocutor (o leitor do poema), aconselhando
a viver de certo modo. Uma vez selecionada a alternativa correta, as demais (“a”, “b”, “c” e
“d”) tornam-se inválidas.
Como se vê, estamos diante de um poema em que não predomina a função poética, mas
a conativa/apelativa.
Letra e.
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Em “d”, não temos intertextualidade, pois o texto é o “original”: o Poema de Sete Faces
de Drummond. Em “a”, “b”, “c” e “e”, há intertextualidade: A pressa é inimiga da perfeição;
Depois da tempestade vem a bonança; Penso, logo existo; Está provado, quem espera
sempre alcança.
Letra d.
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EXEMPLO
Observamos que os PCNs (2000) privilegiam o desenvolvimento da competência comunicativa,
a qual permite ao aluno a utilização da língua em situações subjetivas e/ou objetivas que
exijam graus de distanciamento e reflexão sobre contextos e estatutos de interlocutores,
como se lê no excerto a seguir (PCNs, 2000, p. 11):
As relações linguísticas, longe de serem uniformes, marcam o poder simbólico acumulado
pelos seus protagonistas. Não existe uma competência linguística abstrata, mas, sim, uma
delimitada pelas condições de produção/interpretação dos enunciados, determinados pelos
contextos de uso da língua.
Paródia: é um texto em que se imita outra obra (ou seus procedimentos) com objetivo
jocoso (que provoca riso; engraçado, divertido) ou satírico.
Alusão: na alusão, faz-se referência indireta a algo que pode lembrar ou caracterizar
o objeto/fato/ser descrito.
Paráfrase: é uma forma (frasal) diferente de dizer algo. Em leitura, faz-se paráfrase
quando há interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra
etc.) que visa torná-lo mais compreensível.
Epígrafe: é o título ou frase que, colocada no início de um livro (ou um capítulo, um
poema etc.), serve de tema ao assunto ou para resumir o sentido ou situar a motivação da obra.
Você pode estar se perguntando:
Sim, até agora falamos muito sobre coisas teóricas. Mas agora poderemos passar a falar
sobre como as bancas examinadoras trabalham a noção de interpretação e compreensão
de textos. De modo geral, os termos utilizados na redação das questões são os seguintes:
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009. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023)
De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para
a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas.
b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o
número de calçadas para pedestres.
c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares,
melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos.
d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas.
e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília.
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Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado.
De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo
deverá ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm
levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse
panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata,
do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo,
o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos
níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas
nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se
sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado,
envolve dois tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e
as indiretas, como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional,
se desenvolve na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz
Guimarães. Ela relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências
sociais há cerca de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de
investigação em áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso,
a discussão sobre essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à
ideia de que ele era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se
ampliou. Hoje, ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos,
na medida em que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento
da vida”, explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de
cuidados é distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre
as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade
Estadual Wayne, nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção
arraigada de que o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria
ser prestado gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de
construção cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação
no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para
50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras
naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de
casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como
uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com
uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação
de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e
regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga.
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Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.fapesp.
br/economia-do-cuidado> (com adaptações).
Ao longo do texto, observamos fatos que denotam a distinção entre os serviços de cuidados
fornecidos por outros países (em especial, do hemisfério norte) e por países da América
Latina.
Certo.
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NÍVEIS DE LEITURA
Vou contar com a ajuda de um autor (chamado Medeiros) para caracterizar o fenômeno
de leitura. Para ele, a leitura é o processo de interação entre falante e ouvinte (textos
orais); ou entre autor e leitor (textos escritos). Essa é uma visão mais ampla, em que se leva
em consideração o processo de comunicação entre dois interlocutores. Esse processo de
comunicação está situado em um lugar da sociedade – e por isso o contexto da comunicação
deve ser levado em consideração.
Para a sua prova, o importante é conhecer os níveis de leitura (propostos pelos autores
Adler e Doren):
• Leitura elementar:leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de
uma página. Nesse tipo de leitura, o leitor dispõe de treinamento básico e adquiriu
rudimentos da arte de ler.
• Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de
folhear sistematicamente.
• Leitura analítica: é uma forma de leitura mais minuciosa, completa, a melhor que
o leitor é capaz de fazer. É ativa em grau elevado. Tem em vista principalmente o
entendimento, a compreensão do texto.
• Leitura sinóptica: leitura comparativa realizada por quem lê muitas obras,
correlacionando-as entre si. Nível ativo e laborioso de leitura.
É claro que você, na hora da prova, precisa dominar todos esses níveis de leitura, ok?
Uma estratégia para ler adequadamente um texto pode ser a seguinte (passos propostos
por Molina):
i) Visão geral do texto (quem é o autor, a mídia, o título etc.?);
ii) Questionamento despertado pelo texto;
iii) Análise do vocabulário;
iv) Linguagem não verbal (possui gráficos, imagens?);
v) Essência do texto;
vi) Síntese do texto;
vii) Avaliação.
Muitos alunos me perguntam se é preciso ler o texto todo antes de resolver as questões.
Meu posicionamento é: SIM, É PRECISO LER O TEXTO TODO. O ganho de ler o texto todo é
maior que o ganho de tempo por não o ler. Após a leitura completa do texto, a operação de
resolução da questão segue um padrão: é preciso sempre voltar ao texto para ter a certeza
sobre o que se está afirmando no item (isto é, se a afirmativa é correta ou incorreta).
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PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS
Vou explicar a ideia de pressuposto a partir e um texto publicado pela revista Veja
(março de 2018). Nele, o autor do texto diz: “Em autobiografia, Bruce Dickinson, vocalista
do Iron Maiden, foge ao estereótipo do metaleiro ogro: cultiva hábitos civilizados, como a
literatura e a esgrima.”
O que podemos entender desse texto? Basicamente, o seguinte: de forma geral, o
autor pressupõe que metaleiros não cultivam hábitos civilizados. Esse é o estereótipo
adotado pelo redator da matéria (ou seja, é este o ponto de vista do autor). Há uma marca
linguística, a forma verbal foge, que deixa clara essa ideia de que Bruce Dickinson NÃO
segue o estereótipo, pois cultiva hábitos civilizados.
O mesmo pode ser encontrado em afirmações machistas como “Apesar de ser mulher,
ela é inteligente” (dita há algum tempo por um empresário brasileiro). A palavra apesar é
uma marca clara de uma visão de mundo do autor da declaração.
Assim, quando podemos ler o não dito, quando é possível identificar marcas linguísticas
que nos permitem interpretar essas informações nas “entrelinhas”, estamos diante de uma
pressuposição.
Agora, se estamos diante de um subentendido, não encontramos marcas linguísticas
que nos permitem ler as informações das “entrelinhas”. Por exemplo, observe a situação
(real) a seguir:
EXEMPLO
Um dia eu estava tocando violão na casa de meu sogro. Enquanto eu tentava tocar uma
música, ele se virou para mim e falou: “Bruno, você já pensou em fazer aula de violão?”
O que ele quis dizer com isso? Para bom entendedor: “Bruno, você é ruim demais tocando
violão! Procure algumas aulas para melhorar”. Ele não afirmou isso explicitamente, é claro,
mas subentende-se que ele queria dizer algo próximo ao que eu entendi. Observe que não
há qualquer marca linguística que me permita confirmar a minha interpretação, mas eu
posso fazer essa leitura.
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013. (INÉDITA/2022) Abaixo aparecem cinco manchetes de um jornal paulista; a única delas
que mostra influência da visão do redator é:
a) Banco Central comunica vazamento de informações pessoais de 160 mil chaves Pix.
b) Governo prepara PEC para atropelar lei e baixar gasolina e luz em ano eleitoral.
c) Presidente da TIM é escolhido para comandar Telecon Italia.
d) Vendas de livros crescem 29% em 2021.
e) Vacinas de RNA mensageiro não trazem risco a grávidas e bebês.
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e) Não há nada de novo sob o sol. Voltamos, lamentavelmente, a discutir a fome e a miséria
no país, temas que, com uma esperança receosa, foram deixados de lado nas discussões dos
tomadores de decisão com a retirada do Brasil do Mapa da Fome, da ONU, e a consolidação
de políticas de geração de renda para as pessoas mais vulneráveis.
a) Certa. Não há elementos subjetivos em “a”, pois o texto apresenta apenas marcas de
impessoalidade (terceira pessoa; ausência de pontuação expressiva; ausência de marcas de
subjetividade, como adjetivação afetiva). Em “b”, “c”, “d” e “e”, os elementos subjetivos são
estes (respectivamente): uso de adjetivação subjetiva, como “melancólica” e “famigerado”;
adoção de primeira pessoa do plural (nós) e de formas subjetivas, como “ansiosamente”
e “almejar”; uso de adjetivação subjetiva (bizarro) e de primeira pessoa do plural; uso de
primeira pessoa do plural e de formas subjetivas, como “lamentavelmente”.
Letra a.
Um ponto adicional deve ser observado: algumas bancas exigem em seus editais o
conteúdo “pragmática”. A pragmática é definida como a parte da teoria do uso linguístico
que estuda os princípios de cooperação que atuam no relacionamento linguístico entre
o falante e o ouvinte (Houaiss, 2009). As questões a seguir ilustram com clareza uma
abordagem pragmática:
d) Certa. Em “a”, “b”, “c” e “e”, as expressões “por favor” apresentam valor positivo. Em “d”,
no entanto, a expressão cortês “por favor” adquire conotação negativa, expressando última
súplica (de uma série de outras não atendidas).
Letra d.
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Linguagem
Língua
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Professor, você poderia explicar melhor os tipos de signos: ícone, índice e símbolo? Não
consegui entender muito bem...
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É a partir desses pressupostos gerais que se pode analisar, por exemplo, as mudanças
ocorridas ao longo da formação de nossa língua portuguesa.
Obs.: Fique atento(a) para este fato importantíssimo: as línguas mudam ao longo do
tempo. A língua portuguesa como a conhecemos hoje (esta que você fala e escuta
todos os dias; que lê agora, nesta aula) teve um passado e terá um futuro. O passado
de nossa língua é estudado pela linguística histórica.
A nossa língua descende do latim, língua falada pelos romanos. Outras línguas
contemporâneas também descendem do latim: o francês, o italiano, o espanhol. É dito que
o latim é a língua-mãe do português, do espanhol, do francês, do italiano. Essas línguas-
filhas são chamadas de línguas-irmãs (porque descendem da mesma língua-mãe).
Mas por que essas línguas se diferenciaram uma das outras, se tiveram a mesma origem?
Essas mudanças são explicadas por diversos fatores: perfil dos falantes (se letrados ou
não), políticas linguísticas do Estado (se existentes), contatos linguísticos com outros povos
etc. Assim, é sabido que o português brasileiro é o que é porque realizou distintos contatos
linguísticos ao longo dos séculos (além de ter passado por diferentes políticas linguísticas
e por ter um perfil de falantes diferente).
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NÍVEIS DE LINGUAGEM
Identificar o nível de linguagem também é fundamental para compreender o texto. Nas
provas, verificamos a presença de textos de todos os tipos e que trazem diversos níveis de
linguagem. Há três níveis de linguagem (segundo um autor chamado Dino Preti).
O primeiro deles é o chamado culto, no qual se faz uso da língua-padrão, aquela que
possui prestígio social e segue as normas da gramática tradicional; é o nível de linguagem
usado em situações formais e os falantes possuem alto nível de escolarização.
O nível de linguagem denominado comum é situado entre os níveis culto e popular;
é o registro empregado por falantes com escolarização básica e pelos meios de
comunicação de massa.
Por fim, o nível de linguagem popular é aquele que não possui prestígio social e é utilizado
em situações informais de comunicação; não “segue” as normas da gramática tradicional
e faz uso de vocabulário restrito.
O uso coloquial é marcado por diversos fatores, como vocabulário (expressões), padrões
morfológicos e sintáticos. No caso das alternativas em análise, o uso da expressão gatos
pingados (significando “poucos indivíduos) é o marcador de coloquialidade.
Letra e.
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018. (INÉDITA/2022) Entre os segmentos a seguir, assinale aquele que mostra uma expressão
que exemplifica o uso coloquial de linguagem.
a) “As utopias se criam pelo reconhecimento das carências da sociedade.”
b) “Uma tese é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de
botar banca.”
c) “Nos territórios do Centro-Oeste, o uso de agrotóxicos se intensifica.”
d) “Porto recebe licença prévia para operar no Pantanal.”
e) “Analista afirma que criptomoedas não são o futuro do dinheiro.”
O uso coloquial está presente na expressão “botar banca”, que significa “vangloriar-se”
(alternativa “b”). Nas demais alternativas (“a”, “c”, “d” e “e”), não temos exemplos de uso
coloquial da linguagem.
Letra b.
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Os estudos sociolinguísticos demonstraram que as línguas sofrem variação. Essa variação
é sistemática e coerente, sendo muitas vezes a causadora das mudanças linguísticas ao
longo do tempo. No âmbito da variação linguística, as bancas examinadoras abordam os
seguintes conceitos:
Dialetos
São variações faladas por comunidades geograficamente definidas. É relacionada,
(ou variação
por exemplo, a noções como “o falar paulista” ou “o falar do Norte”.
diatópica)
Refere-se ao sistema comunicativo adotado por uma nação para fins de ensino,
Idioma
comunicação oficial e representação internacional.
São variações faladas por comunidades socialmente definidas. Nessa caracterização,
Socioletos considera-se a posição social do falante (e a influência dessa posição social nos
registros linguísticos).
Linguagem
É o registro padronizado em função da comunicação pública e da educação. A
Padrão
linguagem padrão está vinculada à tradição gramatical, aquela que postula uma
(ou norma
norma linguística de correção/adequação.
padrão)
Idioletos Diz respeito à variação individual, ao modo de falar de cada indivíduo.
Faz referência a usos especializados de vocabulário e/ou estrutura gramatical
Registros de certas atividades ou profissões. Um advogado, por exemplo, faz uso de um
vocabulário distinto do adotado por um profissional da área da saúde.
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Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de
Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com
as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu
que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação
ainda duraria um século.
Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento
textual se refere.
a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres,
pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades
linguísticas mais informais e de menor prestígio.
b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.
c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas
por ela usadas.
d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas.
e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua,
considerando-as atrasadas.
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Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p.
57 (com adaptações).
Note a forma flexionada com pronome enclítico “registrá-la”, a qual é acentuada por ser
uma oxítona (o que demonstra ser verdadeira a análise proposta pelo item).
Certo.
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RESUMO
É importante observar, na leitura do texto:
• Os elementos da comunicação:
− emissor
− receptor
− mensagem
− canal
− código
− contexto/referente
• Identificação dos critérios de textualidade:
− Aceitabilidade
− Intencionalidade
− Informatividade
− Situacionalidade
− Intertextualidade
• Qual é a função da linguagem predominante: referencial, expressiva, poética, apelativa,
fática ou metalinguística?
• Interpretação de pressupostos (quando há marcas linguísticas) e subentendidos
(quando há marcas linguísticas - a interpretação é contextual).
• Há vozes discursivas (intertextualidade)? Qual(is): citação, paródia, alusão, paráfrase
e/ou epígrafe?
• Qual é o nível de linguagem: culto, comum ou popular?
• Há marcas de variação linguística: social, histórica, geográfica etc.?
A partir desses conhecimentos, a abordagem que você faz do texto será muito mais
eficiente.
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MAPA MENTAL
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QUESTÕES DE CONCURSO
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Está chovendo desde o início da madrugada desta segunda-feira (27), em toda a Região
Metropolitana de São Paulo / O resultado são muitas ruas e avenidas alagadas, além de lerdeza
no trânsito.
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O fragmento está estruturado em dois períodos, separados por uma barra inclinada. Os
assuntos abordados nesses dois períodos são, respectivamente,
a) causa das chuvas / notícia de um fato.
b) consequências da chuva / início das chuvas.
c) localização dos temporais / causa das chuvas.
d) início das chuvas / localização dos temporais.
e) notícia de um fato / consequências da chuva.
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Ópera é quando um sujeito recebe uma facada nas costas e, em vez de sangrar, canta.
Essa definição não segue o modelo oficial de dar o significado do termo a ser definido, mas
cita um exemplo de situação das óperas.
Assinale a opção que apresenta a definição que segue o modelo acima.
a) A arte é a mais bela das mentiras.
b) A arte é a magia livre da mentira de ser verdade.
c) A pintura é poesia silenciosa.
d) A arte é o amarelo de Van Gogh.
e) A arte é a busca do inútil.
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RIO - A Fiocruz constatou que o número de casos e de mortes por Covid-19 no Brasil sofreu a
maior queda desde o início de 2021. O recuo foi de 3,8% ao dia na última Semana Epidemiológica,
entre 5 e 11 de setembro. O País registra agora doze semanas consecutivas de redução nos óbitos.
(Estadão, 17/09/2021)
Considerando a estruturação informativa desse texto, vê-se que seu autor atribui mais
peso à seguinte informação:
a) a maior queda no número de casos e de mortes;
b) o ponto de partida da queda a partir do início de 2021;
c) o recuo do número de casos e mortes foi de 3,8%;
d) a datação da medição entre 5 e 11 de setembro;
e) a extensão de doze semanas consecutivas de queda.
(Virgem) Alguém está prejudicando você no trabalho? Seu momento de vida indica que você
está livre de qualquer tentativa de prejudicá-lo. Todos vão continuar a tratá-lo com respeito.
(Horóscopo, 10/08/2021)
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Em um passeio numa praia do Havaí (EUA), a menina Abbie Graham, 9 anos, encontrou uma
garrafa lançada ao mar há 37 anos por alunos de uma escola do Japão, como parte de um projeto
de estudo das correntes marítimas.
Nessa pequena notícia, o segmento “como parte de um projeto de estudo das correntes
marítimas” tem a função de:
a) explicar o porquê de a garrafa ter sido atirada ao mar;
b) dar seriedade a uma ação que pode ser vista como diversão;
c) mostrar o avanço do Japão em educação;
d) indicar o momento em que a ação foi praticada;
e) demonstrar interesse pelo resultado do estudo.
As fotografias estão ótimas; acho que perdi bons momentos; vou ver se qualquer dia desses
envio uma foto minha para você, você sabe que eu não gosto de tirar fotos.
Para pessoas como Jorge Mateus – um homem de 56 anos que decidiu experimentar o
protocolo de aumento de energia do r. Rafael depois de tentar completar um projeto de reparo
residencial o efeito foi quase imediato.
Comecei este regime, e já percebi que tenho muita energia para executar o meu
trabalho. Trabalho e viajo muito, minha rotina é dura até para um jovem de 30 anos, quem
dirá pra minha idade. Eu estou animado porque me sinto muito melhor, com mais foco e mais
disposição, escreveu ele.
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“Nos últimos dias, intensificaram-se os sinais de atividade sísmica nas Canárias, comunidade
autônoma espanhola, que levou à retirada de animais e de 40 pessoas com problemas de
mobilidade. O vulcão entrou em erupção no início da tarde, pelas 15h e 15 minutos locais (14h15
GMT). A ilha está sob alerta amarelo.”
(Metro, 19/09/2021)
Um estudante matou oito pessoas a tiros no campus da Universidade de Perm, uma cidade
nos Urais, no leste da Rússia, antes de ser ferido e preso nesta segunda-feira (20), de acordo
com o Comitê de Investigação russo. Várias pessoas atingidas pelos disparos ficaram feridas,
informa o comunicado divulgado pelo órgão, que ainda não estabeleceu um balanço definitivo
do número de vítimas.
(RFI, 20/09/2021)
No primeiro período desse pequeno texto há um problema de estruturação que pode levar
à seguinte informação errada:
a) as pessoas foram mortas a tiros;
b) o estudante foi ferido antes de ser preso;
c) o estudante foi preso no dia 20, mas a ocorrência foi em dia anterior;
d) as pessoas atingidas estavam no campus da Universidade de Perm;
e) o Comitê de Investigação russo deu informações sobre a ocorrência.
Também conhecida como esteatose hepática, ela é uma inflamação do fígado que se
caracteriza pela presença de esteatose (acúmulo anormal de gordura em um órgão) associada a
evidências de agressão hepática, que é quando as veias do fígado ficam obstruídas, dificultando
o fluxo sanguíneo.
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Uma das causas da gordura no fígado está relacionada a hábitos pouco saudáveis,
como uma alimentação rica em gordura e açúcar e sedentarismo. Então, pessoas com obesidade,
colesterol ou triglicerídeos altos, hepatite B ou C crônica, que fazem uso de medicamentos que
contribuem para o acúmulo de gordura no fígado, ficam mais vulneráveis, diz um nutricionista.
O primeiro parágrafo desse texto dá uma série de informações sobre a gordura no fígado.
A informação que está presente nessa série é:
a) outros nomes dados à mesma inflamação;
b) associação da inflamação a outro fato;
c) as causas da inflamação;
d) as consequências permanentes da inflamação;
e) o processo indicado para combater esse mal.
Considerando ser essa uma notícia de jornal, há uma série de problemas citados nos
parágrafos do texto, mas o mais relevante deles é:
a) a dificuldade de combater as chamas;
b) uma lagoa ter-se reduzido a uma poça de lama;
c) a expansão dos incêndios;
d) a falta de água para o abastecimento;
e) a redução da renda no campo.
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Sem chuva há seis meses em Francisco Sá, no Norte de Minas, uma lagoa que tinha
mais de um hectare de lâmina d’água foi reduzida a uma poça de lama.
O flagelo da seca se soma aos impactos da crise gerada pela pandemia da Covid-19,
com redução da renda no campo devido à interrupção das feiras livres, que serviam como opção
de venda da pequena produção da agricultura familiar.
Já que o vento da janela incomodava tanto você, por que você não trocou de lugar com a pessoa
que estava em frente? Eu teria feito isso, mas o assento estava vazio.
027. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018)
Brioches Maria Antonieta: por eles muitos já perderam a cabeça.
Experimente!
Esse anúncio apareceu numa padaria de uma pequena comunidade do interior do Brasil. A
inadequação dessa mensagem provém do(da):
a) expressão linguística de difícil entendimento.
b) uso agressivo do imperativo.
c) referências culturais de difícil identificação.
d) destaque de aspectos negativos do produto.
e) ausência da indicação de preço do produto.
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Texto CG2A1-II
A atenção é uma vantagem evolutiva e tanto, pois permite que o animal concentre
sua capacidade cognitiva (um recurso finito e sempre escasso) em determinada coisa e, a partir
daí, tente entendê-la — podendo antecipar-se, ou reagir melhor, a ela. Preste atenção a seus
predadores, ou a suas presas, e você terá mais chance de comer e não ser comido. Atenção é
útil para todo animal. Tanto é assim que ela emana do sistema límbico: a parte mais interna e
antiga do cérebro, que o Homo sapiens compartilha com diversas espécies. A mente humana
tem um desejo insaciável de encontrar coisas novas e interessantes, e dedicar atenção a elas.
A Internet é uma fonte praticamente inesgotável de coisas nas quais prestar atenção.
Nela, o conteúdo e os serviços costumam ser gratuitos, pois seus criadores ganham dinheiro
publicando anúncios, que também atrairão nossa atenção (e somente a partir daí, quem sabe,
poderão nos induzir a comprar ou consumir algum produto). Percebeu? A principal mercadoria
do Google não é o buscador, os mapas ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.
A atenção é a maior riqueza das empresas de Internet. Fez fortunas, criou gigantes, mudou o
mundo. Por isso há tanta gente lutando por ela: a loja do sistema Android tem 2,1 milhões de
aplicativos; a do sistema utilizado pelo iPhone, 1,8 milhão.
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais da
metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquanto existem
vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em uma sociedade
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área são urbanizados — e
apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes maior do que a de todas
as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de favelas densamente povoadas
em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que o “excesso de população” é a
causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da concentração de pessoas que
não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um espaço amplo para viver, mas que,
mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefícios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações
nacionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a população
urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúrbios se
desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próximos, em
termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias físicas
sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros de distância
de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que, vivendo perto
do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o
pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades,
com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser
apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da
semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de
comerciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos
englobados por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os
consumidores protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral,
que compra ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o
comerciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse
tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade
na rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas
na transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio
eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente
– diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31
(com adaptações).
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Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque
poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de
cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os
tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites,
ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao
universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção
e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a
literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o
homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles traços
que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição
para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da
vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna
mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde
a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade,
porque, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas as modalidades
e em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011
(com adaptações).
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Bruno Pilastre
a) certeza.
b) reflexão.
c) distopia.
d) realização.
e) imaginação.
037. (CEBRASPE/IBGE/2021) Segundo o autor do texto 1A2-I, a literatura é uma prática artística
a) circunstancial.
b) eventual.
c) atemporal.
d) ocasional.
e) especial.
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Bruno Pilastre
Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que
a morte é inevitável é o principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de
cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como esforço constante, perenemente
incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar
mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer
que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.
A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a
consciência da mortalidade. E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes
(estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].
Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo,
da possibilidade de que os projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a
imaginação humana a alçar voo. Foi essa consciência que tornou necessária a criação cultural e
que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu início e ao longo de toda
a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o
transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma
ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais,
tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem,
embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na
existência e o ponto focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de
sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa
sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”,
em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa
sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]
Assinale a alternativa correta a respeito do excerto “[...] Desde o seu início e ao longo de
toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que
separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para
construir uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir
que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal
da nossa passagem, embora fugaz.”.
a) As expressões “desde” e “ao longo de” referem-se temporalmente à história da cultura,
sendo que a primeira está ligada a um ponto temporal de origem, enquanto a segunda está
ligada à extensão temporal a partir desse ponto.
b) O excerto constitui-se de variadas antíteses, as quais colocam em oposição ideias que
se referem à cultura e à história. Com isso, o autor traz maior impessoalidade, objetividade
e formalidade ao texto.
c) Ao utilizar a expressão “nós, mortais”, o autor evita dialogar com o leitor do texto, com
a finalidade de potencializar eventuais contestações que possam ocorrer diante da sua
argumentação.
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d) O verbo “tenhamos” está flexionado de modo que se interpreta uma ação factual que
ocorre no momento da fala, por isso afirma-se que está no presente do modo indicativo.
e) As palavras “impulso” e “instinto” revelam o caráter finito da vida. Referem-se,
semanticamente, ao “abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida
mortal da imortal” e complementam, sintaticamente, o verbo “preencher”.
040. (VUNESP/SOLDADO/PM-SP/2019)
(Bruno Romani, “Uso de inteligência artificial pode aumentar desemprego no Brasil, diz FGV”. https://link.
estadao.com.br. Adaptado)
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Roma
O filme Roma está constantemente entre dois caminhos. É pessoal e grandioso, popular
e intelectual, tecnológico – rodado em 65 mm digital – e clássico – feito em preto e branco com
a mesma ousadia dos movimentos cinematográficos das décadas de 1950 e 1960. O título, uma
referência a Colonia Roma, bairro da Cidade do México, também remete a Roma, Cidade Aberta,
filme-símbolo do neorrealismo italiano assinado por Roberto Rossellini.
Ao revisitar a própria memória, o cineasta Alfonso Cuarón escolhe olhar para Cleo,
a empregada, de origem indígena, de uma família branca de classe média. Resgata, assim, não
apenas os seus anos de formação, mas todas as particularidades do passado do país. O México
no início dos anos 1970 fervilhava entre revoluções sociais e a influência da cultura estrangeira.
Cleo, porém, se mantinha ingênua, centrada nas suas obrigações: lavar o pátio, buscar as crianças
na escola, lavar a roupa, colocar os pequenos para dormir.
Até que tudo se transforma. A família perfeita desmorona, com o pai que sai de casa,
a mãe que não se conforma com o fim do casamento e os filhos jogados de um lado para o outro
na confusão dos adultos. Enquanto isso, Cleo se apaixona, engravida, é enganada e deixada à
própria sorte. Duas mulheres de diferentes origens compartilham a dor do abandono. Juntas,
reencontram a resiliência que segura o mundo frente às paixões autocentradas.
O cineasta, que além da direção e do roteiro assina a fotografia e a montagem (ao lado
de Adam Gough), retrata sua história, entrelaçada com a de seu país, como se na vida adulta
reencontrasse o olhar da infância, cujo fascínio por cada descoberta aumenta o tamanho e a
importância de tudo.
O que Cuarón faz em Roma é raro. São camadas e camadas sobrepostas para reproduzir a
complexidade do seu imaginário afetivo e das relações sociais de um país. Entre muitas inspirações,
referências e técnicas, sua assinatura está na sinceridade com que olha para si mesmo e para os
seus personagens, encontrando beleza e verdade no que muitos menosprezam. Esse é um filme
simples e complicado, como a própria vida.
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GUIMARÃES, R. A Utopia da Pequena África. Rio de Janeiro: FGV, 2014, p. 16-7. Adaptado.
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Diolino bolou então o sistema de atendimento direto aos veículos, em que os garçons
iam até os carros que apenas encostavam e saíam em disparada. A novidade alavancou a fama
do bar. No auge, chegou a produzir 6.000 litros de batida por mês.
Beira-mar
Quase fim de longa tarde de verão. Beira do mar no Aterro do Flamengo próximo ao
Morro da Viúva, frente para o Pão de Açúcar. Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás
dos edifícios. Parecia resistir ao chamado da noite. Nas pedras do quebra-mar caniços de pesca
moviam-se devagar, ao lento vai e vem do calmo mar de verão. Cercados por quatro ou cinco
pescadores de trajes simples ou ordinários, e toscas sandálias de dedo.
Bermuda bege de fino brim, tênis e camisa polo de marcas célebres, Ricardo deixara
o carro em estacionamento de restaurante nas imediações. Nunca fisgara peixe ali. Olhado com
desconfiança. Intruso. Bolsa a tiracolo, balde e vara de dois metros na mão. A boa técnica ensina
que o caniço deve ter no máximo dois metros e oitenta centímetros para a chamada pesca de
molhes, nome sofisticado para quebra-mar. Ponta de agulha metálica para transmitir à mão do
pescador maior sensibilidade à fisgada do peixe. É preciso conhecimento de juiz para enganar
peixes.
A uma dezena de metros, olhos curiosos viam o intruso montar o caniço. Abriu a bolsa
de utensílios. Entre vários rolos de linha, selecionou os de espessura entre quinze e dezoito
centésimos de milímetro, ainda fiel à boa técnica.
— Na nossa profissão vivemos sempre preocupados e tensos: abertura do mercado,
sobe e desce das cotações, situação financeira de cada país mundo afora. Poucas coisas na vida
relaxam mais do que pescaria, cheiro de mar trazido pela brisa, e a paisagem marítima — costuma
confessar Ricardo na roda dos colegas da financeira onde trabalha.
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045. (IADES/SEASTER-PA/ENFERMEIRO/2019)
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16 O resultado desse processo são os vários impactos negativos que afetam toda a população
à custa de vidas destruídas,
18 perdas financeiras e ambientais.
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c) O foco do texto está na neurociência porque essa área do conhecimento é capaz de provar
que os sentidos do olfato e do paladar são sentimentais.
d) A citação de Marcel Proust contradiz a de Pierre Bourdieu, pois, enquanto o sociólogo
faz referência ao aprendizado infantil, o escritor apresenta exemplo de como, no instante
da alimentação, é possível um encontro com o que de extraordinário se passava com ele.
e) As artes, de uma maneira geral, corroboram a ideia de que os indivíduos necessitam se
alimentar para que se lembrem de suas histórias de vida.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito
tempo já estavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres
levantavam bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das
pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro
gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acordavam cedo
também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expectativa. Será que hoje tem pão?
Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou a
mamadeira completada com mais água sempre.
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052. (IBFC/ACAI/IBGE/2022) Nas orações “tudo é gravado, ninguém mais será anônimo”, o
sentido de generalização é construído por meio:
a) de pronomes indefinidos em função de sujeito.
b) de predicativos formados por adjetivos no masculino.
c) da indeterminação sintática dos sujeitos.
d) da invariabilidade dos complementos verbais.
e) do emprego de verbos impessoais.
053. (FCC/ASSISTENTE/DPE-AM/2018)
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mesmo ele ficou aquém da realidade”. Mas a paisagem humana, ao contrário, causou-lhe asco e
perplexidade: “Hospedei-me numa casa onde um jovem escravo era diariamente xingado, surrado
e perseguido de um modo que seria suficiente para quebrar o espírito do mais reles animal.”
O mais surpreendente, contudo, é que a revolta não o impediu de olhar ao redor de si
com olhos capazes de ver e constatar que, não obstante a opressão a que estavam submetidos,
a vitalidade e a alegria de viver dos africanos no Brasil traziam em si a chama de uma irrefreável
afirmação da vida. Darwin chegou mesmo a desejar que o Brasil seguisse o exemplo da rebelião
escrava do Haiti. Frustrou-se esse desejo de uma rebelião ao estilo haitiano, mas confirmou-se
sua impressão: a África salva o Brasil.
*Alexander von Humboldt (1769-1859): geógrafo, naturalista e explorador prussiano.
055. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019)
Beleza e propaganda
A crescente padronização do ideal de beleza feminina foi um dos efeitos imprevistos
da popularização da fotografia, das revistas de grande circulação e do cinema a partir do início
do século XX. Não é à toa que esse movimento coincide com a decolagem e vertiginosa ascensão
da indústria da beleza (hoje um mercado com receita global acima de 200 bilhões de dólares).
Como vender “a esperança dentro de um pote?”
As estratégias variam ao infinito, porém a mais diabólica e (possivelmente) eficaz
dentre todas - verdadeira premissa oculta do marketing da beleza - foi explicitada com brutal
franqueza, em 1953, pelo então presidente da megavarejista de cosméticos americana Allied
Stores: “O nosso negócio é fazer as mulheres infelizes com o que têm”.
O atiçar cirúrgico da insegurança estética e a exploração metódica das hesitações
femininas no universo da beleza abrem as portas ao infinito. Os números e lucros do setor
reluzem, mas quem estimará a soma de todo o mal-estar causado pelo massacre diuturno de
um padrão ideal de beleza?
O autor do texto explora com alguma frequência expressões com clara oposição de sentido,
tal como ocorre entre
a) crescente padronização e popularização da fotografia.
b) coincide com a decolagem e vertiginosa ascensão.
c) premissa oculta e brutal franqueza.
d) variam ao infinito e a mais diabólica.
e) insegurança estética e hesitações femininas.
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056. (FCC/OFICIAL/DETRAN-SP/2019)
Olhador de anúncio
Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios de cobertores,
lãs e malhas. O que é o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentia frio, passava
na loja e adquiria os seus agasalhos. Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta, em belas
mensagens coloridas.
E nunca vêm sós. O cobertor traz consigo uma linda mulher, que se apresenta para
se recolher debaixo de sua “nova textura antialérgica”, e a legenda: “Nosso cobertor aquece os
corpos de quem já tem o coração quente”. A mulher parece convidar-nos: “Venha também”.
Ficamos perturbados. (...)
Não, a mulher absolutamente não faz parte do cobertor, que é que o senhor estava
pensando? Nem adianta telefonar para a loja ou agência de publicidade, pedindo o endereço da
moça do cobertor antialérgico. Modelo fotográfico é categoria profissional respeitável, como
qualquer outra. Tome juízo, amigo. E leve só o cobertor.
São decepções do olhador de anúncios. Em cada anúncio uma sugestão erótica.
Identificam-se o produto e o ser humano. A tônica do interesse recai sobre este último? É logo
desviada para aquele. Operada a transferência, fecha-se o negócio. O erotismo fica sendo agente
de vendas. Pobre Eros! Fizeram-te auxiliar de Mercúrio (*).
(*) Eros e Mercúrio são, respectivamente, o deus do amor e o deus dos negócios na mitologia
clássica.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. O poder ultrajovem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015,
p. 167)
(FCC/OFICIAL/DETRAN-SP/2019)
Conversas movimentadas
É muito comum que logo pela manhã, nas grandes cidades, a conversa entre colegas
de trabalho se inicie por frases que aludam aos congestionamentos enfrentados no caminho, ou
à surpresa de o trânsito naquela praça não estar inteiramente prejudicado, ou então – milagre
dos milagres! − ao fato inexplicável de como dessa vez não demorou quase nada a travessia
da famosa ponte. Tais assuntos dominam as conversas, determinam o humor; representam-
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se nelas o pequeno drama, a ansiedade, a aflição ou o desespero que vivem os habitantes das
metrópoles.
É um assunto tão invasivo quanto obrigatório, do qual não se pode fugir. A simples
locomoção de um lugar para outro reedita, a cada dia, a façanha que é o ir e o vir nas grandes
cidades, o desafio que está na chamada “mobilidade urbana”, designação do conjunto de fatores
que condicionam a movimentação dos indivíduos no espaço público. A mobilidade urbana tem
enorme importância para a qualidade de vida da população. Não se trata, simplesmente, da
movimentação mecânica de um lugar para outro; trata-se do modo pelo qual ela ocorre, de seus
efeitos no cotidiano, da fixação de prazos e horários de trabalho e lazer, do humor dos indivíduos,
dos prazeres e desprazeres que acarreta.
Falar do trânsito, sobretudo de suas dificuldades que parecem fatais, torna-se,
assim, mais do que um papo corriqueiro: vira uma espécie de senha familiar pela qual todos
se reconhecem, um motivo para se reafirmar aquela cumplicidade solidária que os problemas
comuns provocam nas criaturas. Um considerável salto civilizatório se dará quando as pessoas, no
começo do dia de trabalho, não tiverem do que se queixar quanto à sua mobilidade, e puderem
tratar de outros assuntos que melhor as congreguem.
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(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)
Tendo em vista a textura volitiva da mente individual, a perene tensão entre o presente
e o futuro nas nossas deliberações, entre o que seria melhor do ponto de vista tático ou local,
de um lado, e o melhor do ponto de vista estratégico, mais abrangente, de outro, resulta em
conflito.
Comer um doce é decisão tática; controlar a dieta, estratégica. Estudar (ou não) para
a prova de amanhã é uma escolha tática; fazer um curso de longa duração faz parte de um plano
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de vida. As decisões estratégicas, assim como as táticas, são tomadas no presente. A diferença
é que aquelas têm o longo prazo como horizonte e visam à realização de objetivos mais remotos
e permanentes.
O homem, observou o poeta Paul Valéry, “é herdeiro e refém do tempo”. A principal
morada do homem está no passado ou no futuro. Foi a capacidade de reter o passado e agir
no presente tendo em vista o futuro que nos tirou da condição de animais errantes. Contudo,
a faculdade de arbitrar entre as premências do presente e os objetivos do futuro imaginado é
muitas vezes prejudicada pela propensão espontânea a atribuir um valor desproporcional àquilo
que está mais próximo no tempo.
Como observa David Hume, “não existe atributo da natureza humana que provoque
mais erros em nossa conduta do que aquele que nos leva a preferir o que quer que esteja presente
em relação ao que está distante e remoto, e que nos faz desejar os objetos mais de acordo com
a sua situação do que com o seu valor intrínseco”.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, edição digital)
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Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo
natalino que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de inverno
(o dia mais curto do ano).
Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo
assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher – como se, para agradar à natureza,
tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.
Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção
as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia
que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.
É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a Epifania.
A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que hoje seria
Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que o irmão se
afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem, assumindo o nome
de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros na qual as identidades
serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a
entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se modificam
conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são muitas vezes
incompatíveis.
É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas que
certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a ilusão
das respostas mais simples.
Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem
a ver com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é
preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua
imperfeição e irrealização permanentes, depende disso.
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(FCC/TÉCNICO/TRF 4ª REGIÃO/2019)
Renato Janine Ribeiro: A velocidade ficou maior do que as pessoas conseguem alcançar.
Somos bombardeados diariamente sobre novidades na produção do hardware e do software
dos computadores. O indivíduo tem um computador e, em pouco tempo, é lançado outro mais
potente. Talvez em breve as pessoas se convençam de que não há necessidade de uma renovação
tão frequente. A grande maioria das pessoas usam bem pouco dos recursos de seus computadores.
Devemos sempre lembrar que as invenções existem para nos servir, e não o contrário. Quer dizer,
a demanda é que as pessoas se adaptem às máquinas, e não que as máquinas se adaptem às
pessoas.
Flávio Gikovate: Tenho a impressão de que isso não ocorre só com a tecnologia. Tenho
a sensação de que sempre chegamos tarde. As pessoas compram muitas coisas desnecessárias.
Veja o caso das roupas: só porque a cintura da calça subiu ou desceu ligeiramente, elas trocam
todas as que possuíam. Trata-se de um movimento em que as pessoas estão sempre devendo.
(Adaptado de: GIKOVATE, Flávio & RIBEIRO, Renato Janine. Nossa sorte, nosso norte. Campinas: Papirus,
2012)
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A indústria do espírito
JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00
O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure
algo mais importante que você e dedique sua vida a isso”.
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século
XXI, que nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que
pode ser verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do
espírito, o atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado
de fora, em outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo,
etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso
tempo, cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e
pupilos de mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão
pop para o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais,
mas um produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising
e suas toxinas culturais. [...]
Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua
vida interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais
exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais
a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já têm
muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify.
Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se
movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade
já conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente
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autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore
sano, desviando-o descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão
contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao
longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que
se envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os
idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria
nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos. [...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar
a alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver
cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal
dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito
que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época
dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era
praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.
068. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
10 nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração,
por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do
13 Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
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vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas
seu sentido vem mudando.
16 A expressão disputa de narrativas, que teve um boom
dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito
à acepção mais literária do termo, como narrativa de um
19 romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de
narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser
elaboradas e disputadas. É um uso do termo que talvez
22 aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda
narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um
movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas
25 escolhas de um narrador.
069. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219324)
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O geneticista Sérgio Pena não concorda com estudos evolutivos: “Ao postular a existência
de uma natureza humana evolutivamente moldada para ser etnocêntrica, paroquial, bairrista e
chauvinista, esses discursos geralmente terminam por atribuir ao racismo uma inevitabilidade
natural. Isso não é verdade. Pelo contrário, as ‘raças’ e o racismo não têm nenhuma justificativa
biológica e não passam de uma invenção muito recente na história da humanidade.”.
070. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219342)
“Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito a dizê-lo.” É com essa
afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo francês, que Nigel Warburton principia
o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade de expressão — entendida em sentido
amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias,
os cartuns, as pinturas, entre outros — é um direito consagrado no artigo 19º da Declaração
Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão, nenhum
governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa é a perspectiva
defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições de um governo
legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas por meio de
um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu alguém de
exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas
relações com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de expressão
se coloca a questão dos seus limites.
No texto, sugere-se que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e
da manipulação.
071. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219332)
A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos das Nações Unidas,
que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo fortalecer os esforços para garantir
que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada ano, quase uma em cada dez pessoas no
mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos
contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias
de baixa e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
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Embora seja um problema mundial, a contaminação dos alimentos ocorre de forma mais
severa nos países do continente americano, de acordo com o texto.
Texto CB1A1AAA
1 Já houve quem dissesse por aí que o Rio de Janeiro é
a cidade das explosões. Na verdade, não há semana em que os
jornais não registrem uma aqui e ali, na parte rural.
4 A ideia que se faz do Rio é a de que é ele um vasto
paiol, e que vivemos sempre ameaçados de ir pelos ares, como
se estivéssemos a bordo de um navio de guerra, ou habitando
7 uma fortaleza cheia de explosivos terríveis.
Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego
útil; mas, se ela é indispensável para certos fins industriais,
10 convinha que se averiguassem bem as causas das explosões,
se são acidentais ou propositais, a fim de que fossem removidas
na medida do possível. Isso, porém, é que não se tem dado e
13 creio que até hoje não têm as autoridades chegado a resultados
positivos.
Entretanto, é sabido que certas pólvoras, submetidas
16 a dadas condições, explodem espontaneamente, e tem sido essa
a explicação para uma série de acidentes bastante dolorosos, a
começar pelo do Maine, na baía de Havana, sem esquecer
19 também o do Aquidabã.
Noticiam os jornais que o governo vende, quando
avariada, grande quantidade dessas pólvoras.
22 Tudo indica que o primeiro cuidado do governo devia
ser não entregar a particulares tão perigosas pólvoras, que
explodem assim sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas
25 em constante perigo.
Creio que o governo não é assim um negociante
ganancioso que vende gêneros que possam trazer a destruição
28 de vidas preciosas; e creio que não é, porquanto anda sempre
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Com relação às ideias do Texto CB1A1AAA, que data de janeiro de 1915, julgue os itens a
seguir.
Texto CB1A1BBB
1 São José do Rio Preto, centro urbano de tamanho
médio, com cerca de 408 mil habitantes em 2010, localizada na
região noroeste do estado de São Paulo, em área de clima
4 tropical, é uma cidade reconhecida pelo seu calor intenso. Em
1985, a Superintendência de Controle de Endemias do Estado
de São Paulo detectou a presença de focos do Aedes aegypti
7 em doze cidades paulistas, entre elas, São José do Rio Preto, e
confirmou sua reintrodução no estado. Os focos foram
encontrados em locais com concentração de recipientes,
10 denominados pontos estratégicos (PEs). Foi então estruturado
o Programa de Controle de Aedes aegypti em São Paulo, que
previa a visitação sistemática e periódica aos PEs dos
13 municípios e a realização de delimitações de foco, quando do
encontro de sítios positivos. Considerava-se que o vetor estava
presente em um município quando continuava presente nos
16 imóveis após a realização das medidas de controle que vinham
associadas à delimitação de foco.
Logo após a detecção de focos positivos do mosquito
19 em São José do Rio Preto, realizaram-se as delimitações e a
aplicação de controle, as quais não foram suficientes para
eliminar o vetor. Diante da situação, em 1985, o município foi
22 definido como área de infestação domiciliar e risco de dengue.
Os primeiros casos autóctones da dengue no município foram
registrados em 1991, atribuídos ao sorotipo DENV1. A
25 primeira grande epidemia ocorreu em 1995, com 1.462 casos
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Texto CB1A1CCC
1 As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes
revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam da
4 cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira de
juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, aflitos.
As angústias dos que se sentavam à minha frente, por diversas
7 vezes, me escoltaram até minha casa e passaram a ser
companheiras de noites de insônia. Não havia outra solução a
não ser escrever. Era preciso colocar no papel e compartilhar
10 a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim do processo e com
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Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018
(com adaptações).
Com base no Texto CB1A1CCC, escrito por uma juíza acerca de casos de violência doméstica,
julgue os itens a seguir.
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Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de
Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
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Texto 1A1BBB
1 Após meses de sofrimento e solidão chega o correio:
esta corrente veio da Venezuela escrita por Salomão Fuais
para correr mundo
4 faça vinte e quatro cópias e mande a amigos em lugares
distantes: antes de nove dias terá surpresa, graças a Santo
Antônio.
7 Tem vinte e quatro cópias, mas não tem amigos distantes,
José Edouard, Exército venezuelano, esqueceu de distribuir
cópias, perdeu o emprego.
10 Lupin Gobery incendiou cópia, casa pegou fogo,
metade da família morreu.
Mandar então a amigos em lugares próximos.
13 Também não tem amigos em lugares próximos.
Fecha a casa.
Deitado na cama, espera surpresa.
Rubem Fonseca. Corrente. In: Contos reunidos. São Paulo: Cia. das Letras, 1994, p. 324.
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091. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEDUC-AL/2018)
Leitura em baixa. In: Welcome Congonhas. Camarinha Editora & Comunicação, jul./2008, p. 9 (com
adaptações).
A expressão “Alguma surpresa?” (l. 15) é uma pergunta retórica acerca do fato de a leitura
ser a quinta opção de entretenimento no Brasil e a televisão, a primeira.
092. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
10 nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração,
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O vocábulo “antes” (l. 19) indica, no contexto em que se insere, circunstância temporal.
(CEBRASPE/ANALISTA/STJ/2018)
Texto CB1A1AAA
1 No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade
(dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social
ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de
4 reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir
disso, poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia) da
dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais
7 dignas ou menos dignas.
Frise-se que foi a partir das formulações de Cícero que
a compreensão de dignidade ficou desvinculada da posição
10 social. O filósofo conferiu à dignidade da pessoa humana um
sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão
sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns
13 prejudiquem aos outros.
No círculo de pensamento jusnaturalista dos séculos
XVII – e XVIII, a concepção da dignidade da pessoa humana
16 passa por um procedimento de racionalização e secularização,
mantendo-se, porém, a noção básica da igualdade de todos os
homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca-se a
19 concepção de Emmanuel Kant de que a autonomia ética do ser
humano é o fundamento da dignidade do homem. Incensurável
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Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro:
Edição do Autor, 2013, p.148-9 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do Texto CB1A1AAA, julgue os próximos
itens.
(CEBRASPE/PROFESSOR/SEDUC-AL/2018)
Posso conceber um homem sem mãos, pés, cabeça (pois só a experiência nos ensina que a cabeça
é mais necessária do que os pés); mas não posso conceber o homem sem pensamento: seria
uma pedra ou um animal.
Instinto e razão, marcas de duas naturezas.
O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso
que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo.
Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata,
porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.
Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí ser preciso nos elevarmos, e não do
espaço e da duração, que não podemos preencher. Trabalhemos, pois, para bem pensar.
Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não
terei mais possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo
pensamento, eu o abarco.
Blaise Pascal. Um caniço pensante. In: Pensamentos. Trad. Sérgio Milliet. 2.ª ed. São Paulo: Abril Cultural,
1979, p. 123-4 (com adaptações)
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Texto 11A3CCC
1 Ainda na infância, a literatura me encantou, me
conquistou: as histórias com suas tramas, os poemas com sua
musicalidade, seu uso especial da linguagem, todos com uma
4 precisão e um concretizar de fatos e sentimentos que a intuição
apenas adivinhava. Acho que foi isso que me fez amar a língua,
e esse amor me fez querer ser professor de Língua Portuguesa.
7 Já quando estava na quarta série do ginásio (hoje nono ano do
ensino fundamental), tinha certeza de que queria ser
professor... de Língua Portuguesa.
10 Quem, além de um poeta, poderia chamar a nossa
língua de “última flor do Lácio inculta e bela”? Quem, além de
Bandeira, poderia ir “embora pra Pasárgada... uma outra
13 civilização, para andar de bicicleta, montar em burro bravo,
subir em pau de sebo e tomar banho de mar”? Viajando por
entre as palavras mágicas de poetas, contistas, romancistas, fui
16 percorrendo os caminhos e descaminhos da linguagem.
Aos poucos cresceu no meu conhecimento a gramática
e a seguir a linguística com todas as suas correntes e
19 disciplinas. Aumentou assim o meu entusiasmo pelas
possibilidades expressivas da língua, sua relação com os
recursos linguísticos e seu funcionamento em textos resultantes
22 de sujeitos, de ideologias, de atividades e esferas de ação do
ser humano concretizando modos/formas e objetivos de ação
em tipos de gêneros e espécies de textos.
25 Parece-me, pois, que primeiro a literatura nos faz
sentir o que a língua é e pode, e, só depois, a gramática e a
linguística nos possibilitam saber o que é e como a língua é e
28 o que ela pode.
A literatura concentra, converge, encontra
possibilidades de expressão presentes na língua em todas as
31 suas variedades escritas e orais. Mesmo atualmente, quando os
estudos linguísticos se acostumaram a observar, descrever e
explicar os recursos da língua e seus usos nas variedades orais
34 e escritas não literárias (como na imprensa falada e escrita,
nos documentos orais e em todos os gêneros de todas as
esferas de ação social ou comunidades discursivas), parece
37 que a literatura continua a Senhora que nos mostra e aponta
a magia da língua.
É por esse espírito que acredito que ser linguista
40 ou gramático, ser professor de Língua Portuguesa tem
mais brilho, mais sabor, mais verdade, mais possibilidade
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Compreensão e Interpretação de Textos
Bruno Pilastre
Luiz Carlos Travaglia. Da infância à ciência: língua e literatura. In: Beth Brait. Literatura e outras linguagens.
São Paulo: Contexto, 2010, p. 36-8 (com adaptações).
Fábio de Macedo Soares Pires Condeixa. Espionagem e direito. In: Revista Brasileira de Inteligência, n.º 10,
2015, p. 25-6 (com adaptações).
A propósito das ideias e dos aspectos linguísticos do Texto CB3A1BBB, julgue os itens
subsequentes.
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101. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-RS/2018)
Texto 1A9BBB
1 Sérgio Buarque de Holanda afirma que o processo
de integração efetiva dos paulistas no mundo da língua
portuguesa ocorreu, provavelmente, na primeira metade
4 do século XVIII. Até então, a gente paulista, fossem
índios, brancos ou mamelucos, não se comunicava em
português, mas em uma língua de origem indígena,
7 derivada do tupi e chamada língua brasílica, brasiliana ou,
mais comumente, geral.
No Brasil colônia, coexistiam duas versões de
10 língua geral: a amazônica, ou nheengatu, ainda hoje
empregada por cerca de oito mil pessoas, e a paulista,
que desapareceu, não sem que deixasse marcas na toponímia
13 do país e na língua portuguesa. São elas que nos
possibilitam olhar um caipira jururu à beira de um igarapé
socando milho para preparar mingau — sem os termos
16 que migraram para o português, só veríamos um habitante
da área rural, melancólico, preparando comida às margens
de um riacho. Sem caipira, sem jururu, sem igarapé,
19 sem socar e sem mingau, a cena poderia descrever uma
bucólica paisagem inglesa.
O idioma da gente paulista formou-se como
22 resultado de duas práticas: a miscigenação de portugueses
e índias e a escravização dos índios. Os primeiros europeus
que aqui aportaram, sem mulheres, uniram-se às nativas
25 e criaram os filhos juntos e misturados — as crianças
usavam o tupi da mãe e o português do pai. Aos poucos,
essas famílias mestiças se afastavam da cultura indígena
28 e casavam entre si, não mais em suas aldeias de origem.
Formava-se assim uma cultura mameluca, nem europeia
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nem indígena, com uma língua que já não era o tupi, tampouco
31 era o português. Era o que falavam os primeiros paulistas,
os bandeirantes, que a difundiram nas bandeiras até as terras
que hoje constituem o Mato Grosso e o Paraná.
Branca Vianna. O contrário da memória. In: Piauí, ed. 116, maio/2016 (com adaptações).
Depreende-se do segundo parágrafo do Texto 1A9BBB que, no trecho “São elas que nos
possibilitam olhar um caipira jururu à beira de um igarapé socando milho para preparar
mingau”, o propósito do autor é ilustrar a influência da língua geral no vocabulário do
português falado no Brasil.
Texto 1A10AAA
1 A justiça tributária está em debate. O Brasil possui
um sistema tributário altamente regressivo: quem ganha
até dois salários mínimos paga 49% dos seus rendimentos
4 em tributos, enquanto quem ganha acima de trinta salários
mínimos paga apenas 26%. Isso ocorre porque, na comparação
internacional, se tributa excessivamente o consumo, e não
7 o patrimônio e a renda.
A má distribuição tributária e de renda restringe
o potencial econômico e social do país. Cabe ao Estado induzir
10 uma política distributiva conforme a qual quem ganha
mais pague proporcionalmente mais do que quem ganha
menos e a maior parcela do orçamento seja destinada para
13 as necessidades básicas da população.
A justiça tributária ocorre com a redução da carga
tributária e da regressividade dos tributos e com sua
16 eliminação da cesta básica. A redução da carga tributária
permite maior competitividade para as empresas, geração
de empregos, diminuição da inflação e indução do
19 crescimento econômico.
Com a redução da carga tributária sobre o consumo,
todos ganham: a população de baixa e média renda,
22 pela melhora no seu poder aquisitivo; a de maior renda,
pelo desenvolvimento econômico e social, que gera ganhos
econômicos e financeiros, novas oportunidades e expansão
25 da oferta de empregos.
Por outro lado, a substituição dos tributos indiretos,
que atingem o fluxo econômico, por tributos que incidam
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Amir Kjair. Le monde diplomatique Brasil. 12.ª ed. Internet: <https://diplomatique.org.br> (com
adaptações).
104. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
10 nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração,
por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do
13 Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas
seu sentido vem mudando.
16 A expressão disputa de narrativas, que teve um boom
dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito
à acepção mais literária do termo, como narrativa de um
19 romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de
narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser
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Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, os filósofos e os professores são aqueles que
se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que são ensinadas são aquelas
que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo: eu acho
possível desenvolver uma psicologia da solidariedade. Acho também possível desenvolver uma
sociologia da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade… Mas os saberes
científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como
a crítica da música e da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A
solidariedade, como a beleza, é inefável – está além das palavras.
Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros
engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser
dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existe em voo. Engaiolados, esses
pássaros morrem.
O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química,
gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora.
Coisas que moram dentro do corpo. Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à
espera… Uma dessas sementes é a solidariedade.
A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias,
dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora, poderia ser ensinada e produzida.
A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena,
nem se produz. A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente…
A solidariedade é como um ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos
éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!”. A solidariedade acontece como um
simples transbordamento.
Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna mais humanos. É
um sentimento estranho, que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir
sentimentos que não são meus, que são de um outro. O que sinto não são meus sentimentos.
Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por mandamento
ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade.
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Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?
— Não fala tão certo.
7 — Como assim?
— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.
— Por quê?
10 — É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem
“todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente?
16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não
falou nada. Até comentaram:
— Ó, Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando
estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2, jan./2000.
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.
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GABARITO
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GABARITO COMENTADO
A alternativa “c” é a mais adequada, pois traz uma inferência correta em relação ao que se
expressa no texto em análise. Em (A), (B), d) e (E), há inferências inválidas: a) não se fala
de exclusão dos homens em viagens no metrô; b) o vagão é exclusivo para mulheres, e por
isso não se permite a entrada de homens (mesmo acompanhados de mulheres); (d) não se
traz essa condição/restrição; e) não se fala sobre os outros vagões (que não são exclusivos
para mulheres).
Letra c.
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Por “autor da ação”, a questão quer identificar a entidade que realiza o evento. Em “Os
hóspedes estrangeiros chegaram ao hotel”, o termo “hóspedes estrangeiros” denota os
indivíduos que chegaram ao hotel (isto é, os autores dessa ação). Em (A), (B), c) e (D), temos
estruturas de impessoalização (seja pela passiva verbal, seja pela utilização do “se” índice
de indeterminação do sujeito).
Letra e.
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Quando se registra “Receita da vovó”, a adoção do termo “vovó” vincula o produto à tradição.
Quer-se traduzir o fato comum de uma avó passar uma receita para a prole, o que mantém a
tradição. A tradição, como se sabe, é a “herança cultural, legado de crenças de uma geração
para outra”. Assim, apenas a alternativa b) é a adequada, pois as alternativas (A), (C), d) e
e) ligam o termo “vovó” a outras noções.
Letra b.
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As máscaras servem para proteger as pessoas contra a contaminação (alternativa (B)). Note
que o uso das máscaras está vinculado a ambientes públicos. Sendo ambiente público, haverá
(poderá haver) pessoas. Havendo pessoas, pode haver contato (e, pelo contato, contágio).
A adoção da máscara protege as pessoas desse contágio potencial. Não se pode vincular o
uso da máscara ao deslocamento ou à manutenção do isolamento.
Letra b.
Está chovendo desde o início da madrugada desta segunda-feira (27), em toda a Região
Metropolitana de São Paulo / O resultado são muitas ruas e avenidas alagadas, além de lerdeza
no trânsito.
O fragmento está estruturado em dois períodos, separados por uma barra inclinada. Os
assuntos abordados nesses dois períodos são, respectivamente,
a) causa das chuvas / notícia de um fato.
b) consequências da chuva / início das chuvas.
c) localização dos temporais / causa das chuvas.
d) início das chuvas / localização dos temporais.
e) notícia de um fato / consequências da chuva.
No primeiro período, temos a apresentação de um fato. Não se fala, nesse primeiro período,
sobre a causa, as consequências ou o início das chuvas. No segundo período, fala-se sobre as
consequências da chuva (resultado do fato apresentado no primeiro período). No segundo
período, não se fala sobre o início/a causa/a localização das chuvas, muito menos se noticia
um fato (o qual, na verdade, é apresentado no período anterior).
Letra e.
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Quando se diz “devagar se vai ao longe”, elogia-se a persistência. Persistente é aquele que
persiste, que demonstra constância. Assim, realizar algo devagar (como caminhar), com
persistência e constância, permite chegar a um ponto longínquo. Neste ditado popular, não
se elogia a ambição, o conformismo, a educação ou a modéstia, como demonstrado pela
análise da característica “persistência”.
Letra e.
Alguns elementos devem ser considerados para marcarmos a alternativa (A). Primeiramente,
a frase está no meio de uma rodovia. Em segundo lugar, a placa indica a realização de obras
de asfaltamento. Ora, em rodovias e em asfalto transitam tipicamente veículos motorizados.
Esses veículos são conduzidos por motoristas. Se a frase fosse dirigida a pedestres, haveria
a indicação de locais destinados a pedestres (calçadas, faixas de pedestres, passarelas etc.).
Por fim, não há elementos que nos permitam inferir que a frase é destinada especificamente
a motoristas de transporte público ou a motoristas particulares.
Letra a.
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A frase “Sorria, você está sendo filmado” é utilizada como alerta (eufemístico e irônico,
pode-se dizer) dirigido especialmente a indivíduos desonestos, os quais creem que seus
atos ilícitos (como o roubo) não serão vistos. Com a frase, busca-se eliminar essa crença
de impunidade ao se destacar que os atos estão sendo filmados (e, por consequência,
evitar os atos ilícitos). Por isso, a frase não se dirige a homens vaidosos, clientes educados,
fregueses jovens ou compradores compulsivos.
Letra b.
Ópera é quando um sujeito recebe uma facada nas costas e, em vez de sangrar, canta.
Essa definição não segue o modelo oficial de dar o significado do termo a ser definido, mas
cita um exemplo de situação das óperas.
Assinale a opção que apresenta a definição que segue o modelo acima.
a) A arte é a mais bela das mentiras.
b) A arte é a magia livre da mentira de ser verdade.
c) A pintura é poesia silenciosa.
d) A arte é o amarelo de Van Gogh.
e) A arte é a busca do inútil.
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O trecho é uma opinião pessoal. Nela, o autor fala em primeira pessoa, apresentando um
ponto de vista sobre um livro.
Letra a.
RIO - A Fiocruz constatou que o número de casos e de mortes por Covid-19 no Brasil sofreu a
maior queda desde o início de 2021. O recuo foi de 3,8% ao dia na última Semana Epidemiológica,
entre 5 e 11 de setembro. O País registra agora doze semanas consecutivas de redução nos óbitos.
(Estadão, 17/09/2021)
Considerando a estruturação informativa desse texto, vê-se que seu autor atribui mais
peso à seguinte informação:
a) a maior queda no número de casos e de mortes;
b) o ponto de partida da queda a partir do início de 2021;
c) o recuo do número de casos e mortes foi de 3,8%;
d) a datação da medição entre 5 e 11 de setembro;
e) a extensão de doze semanas consecutivas de queda.
A evidência é dada à informação estatística: o recuo ter sido de 3,8%. É a partir dessa
informação que todo o parágrafo é construído. Por essa razão, devemos desconsiderar as
alternativas (B), (C), d) e (E), selecionando a (A).
Letra a.
(Virgem) Alguém está prejudicando você no trabalho? Seu momento de vida indica que você
está livre de qualquer tentativa de prejudicá-lo. Todos vão continuar a tratá-lo com respeito.
(Horóscopo, 10/08/2021)
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O texto faz parte de um Horóscopo. Nele, o autor fala a um leitor imaginário, o qual
pretensamente é do signo de Virgem (porque, por inferência, os indivíduos desse signo
lerão apenas as informações relativas a esse signo). As demais alternativas estão incorretas
por estas razões: b) a primeira pergunta não busca receber uma informação; c) a relação
estabelecida não é esta; d) este “-lo” é neutro em termos de gênero (aqui, o masculino é o
“menos marcado”); e) não há negativismo.
Letra a.
Em um passeio numa praia do Havaí (EUA), a menina Abbie Graham, 9 anos, encontrou uma
garrafa lançada ao mar há 37 anos por alunos de uma escola do Japão, como parte de um projeto
de estudo das correntes marítimas.
Nessa pequena notícia, o segmento “como parte de um projeto de estudo das correntes
marítimas” tem a função de:
a) explicar o porquê de a garrafa ter sido atirada ao mar;
b) dar seriedade a uma ação que pode ser vista como diversão;
c) mostrar o avanço do Japão em educação;
d) indicar o momento em que a ação foi praticada;
e) demonstrar interesse pelo resultado do estudo.
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As fotografias estão ótimas; acho que perdi bons momentos; vou ver se qualquer dia desses
envio uma foto minha para você, você sabe que eu não gosto de tirar fotos.
Para pessoas como Jorge Mateus – um homem de 56 anos que decidiu experimentar o
protocolo de aumento de energia do r. Rafael depois de tentar completar um projeto de reparo
residencial o efeito foi quase imediato.
Comecei este regime, e já percebi que tenho muita energia para executar o meu
trabalho. Trabalho e viajo muito, minha rotina é dura até para um jovem de 30 anos, quem
dirá pra minha idade. Eu estou animado porque me sinto muito melhor, com mais foco e mais
disposição, escreveu ele.
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Nos últimos dias, intensificaram-se os sinais de atividade sísmica nas Canárias, comunidade
autônoma espanhola, que levou à retirada de animais e de 40 pessoas com problemas de
mobilidade. O vulcão entrou em erupção no início da tarde, pelas 15h e 15 minutos locais (14h15
GMT). A ilha está sob alerta amarelo.
(Metro, 19/09/2021)
Um estudante matou oito pessoas a tiros no campus da Universidade de Perm, uma cidade
nos Urais, no leste da Rússia, antes de ser ferido e preso nesta segunda-feira (20), de acordo
com o Comitê de Investigação russo. Várias pessoas atingidas pelos disparos ficaram feridas,
informa o comunicado divulgado pelo órgão, que ainda não estabeleceu um balanço definitivo
do número de vítimas.
(RFI, 20/09/2021)
No primeiro período desse pequeno texto há um problema de estruturação que pode levar
à seguinte informação errada:
a) as pessoas foram mortas a tiros;
b) o estudante foi ferido antes de ser preso;
c) o estudante foi preso no dia 20, mas a ocorrência foi em dia anterior;
d) as pessoas atingidas estavam no campus da Universidade de Perm;
e) o Comitê de Investigação russo deu informações sobre a ocorrência.
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Há dois eventos: (i) estudante matar 8 pessoas; (ii) estudante ser ferido e preso. A ambiguidade
é relativa ao quando de cada ocorrência. Note que os termos “antes de” e “nesta segunda-
feira” são os geradores da ambiguidade. É por isso que a alternativa c) está correta, pois
nela há a tradução adequada da ambiguidade.
Letra c.
Também conhecida como esteatose hepática, ela é uma inflamação do fígado que se
caracteriza pela presença de esteatose (acúmulo anormal de gordura em um órgão) associada a
evidências de agressão hepática, que é quando as veias do fígado ficam obstruídas, dificultando
o fluxo sanguíneo.
Uma das causas da gordura no fígado está relacionada a hábitos pouco saudáveis,
como uma alimentação rica em gordura e açúcar e sedentarismo. Então, pessoas com obesidade,
colesterol ou triglicerídeos altos, hepatite B ou C crônica, que fazem uso de medicamentos que
contribuem para o acúmulo de gordura no fígado, ficam mais vulneráveis, diz um nutricionista.
O primeiro parágrafo desse texto dá uma série de informações sobre a gordura no fígado.
A informação que está presente nessa série é:
a) outros nomes dados à mesma inflamação;
b) associação da inflamação a outro fato;
c) as causas da inflamação;
d) as consequências permanentes da inflamação;
e) o processo indicado para combater esse mal.
Essa questão, devemos observar com mais atenção o primeiro parágrafo. Nele, fala-se
sobre a esteatose hepática, à qual se caracteriza pela presença de esteatose ASSOCIADA a
outro fato: evidências de agressão hepática. Por essa razão, a alternativa b) é a adequada.
Letra b.
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Sem chuva há seis meses em Francisco Sá, no Norte de Minas, uma lagoa que tinha
mais de um hectare de lâmina d’água foi reduzida a uma poça de lama.
O flagelo da seca se soma aos impactos da crise gerada pela pandemia da Covid-19,
com redução da renda no campo devido à interrupção das feiras livres, que serviam como opção
de venda da pequena produção da agricultura familiar.
Considerando ser essa uma notícia de jornal, há uma série de problemas citados nos
parágrafos do texto, mas o mais relevante deles é:
a) a dificuldade de combater as chamas;
b) uma lagoa ter-se reduzido a uma poça de lama;
c) a expansão dos incêndios;
d) a falta de água para o abastecimento;
e) a redução da renda no campo.
O problema mais relevante é a falta de água para o abastecimento (alternativa (D)). Podemos
comprovar essa análise pela leitura deste trecho: “um antigo problema decorrente da
longa estiagem também se agravou: a falta de água para o abastecimento humano”. Na
sequência, o tema “falta de água” se repete: “Sem chuva há seis meses” (2º parágrafo) e
“O flagelo da seca” (3º parágrafo).
Letra d.
Para resolver esta questão, basta reler o terceiro parágrafo. Nele, lemos: “se soma aos
impactos da crise gerada pela pandemia da Covid-19, com a redução da renda do campo
devido à interrupção das feiras livres”. Pronto, podemos apontar a alternativa a) como
correta.
Letra a.
Na piada em análise, falta a coerência. Note que a resposta esperada (coerente) seria: não
havia alguém à minha frente; não troquei de lugar por outra razão.
Letra a.
027. (FGV/ANALISTA/AL-RO/2018)
Brioches Maria Antonieta: por eles muitos já perderam a cabeça.
Experimente!
Esse anúncio apareceu numa padaria de uma pequena comunidade do interior do Brasil. A
inadequação dessa mensagem provém do(da):
a) expressão linguística de difícil entendimento.
b) uso agressivo do imperativo.
c) referências culturais de difícil identificação.
d) destaque de aspectos negativos do produto.
e) ausência da indicação de preço do produto.
A referência cultural “de difícil identificação” é o fato de Maria Antonieta ter sido condenada
à morte pela guilhotina. Assim, o nome do brioche (um tipo de pão), Maria Antonieta, se
correlaciona à expressão “perder a cabeça” (agir irrefletidamente).
Letra c.
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Texto CG2A1-II
A atenção é uma vantagem evolutiva e tanto, pois permite que o animal concentre
sua capacidade cognitiva (um recurso finito e sempre escasso) em determinada coisa e, a partir
daí, tente entendê-la — podendo antecipar-se, ou reagir melhor, a ela. Preste atenção a seus
predadores, ou a suas presas, e você terá mais chance de comer e não ser comido. Atenção é
útil para todo animal. Tanto é assim que ela emana do sistema límbico: a parte mais interna e
antiga do cérebro, que o Homo sapiens compartilha com diversas espécies. A mente humana
tem um desejo insaciável de encontrar coisas novas e interessantes, e dedicar atenção a elas.
A Internet é uma fonte praticamente inesgotável de coisas nas quais prestar atenção.
Nela, o conteúdo e os serviços costumam ser gratuitos, pois seus criadores ganham dinheiro
publicando anúncios, que também atrairão nossa atenção (e somente a partir daí, quem sabe,
poderão nos induzir a comprar ou consumir algum produto). Percebeu? A principal mercadoria
do Google não é o buscador, os mapas ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.
A atenção é a maior riqueza das empresas de Internet. Fez fortunas, criou gigantes, mudou o
mundo. Por isso há tanta gente lutando por ela: a loja do sistema Android tem 2,1 milhões de
aplicativos; a do sistema utilizado pelo iPhone, 1,8 milhão.
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Pela leitura do texto (no trecho “A principal mercadoria do Google não é o buscador, os
mapas ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.”), observamos que a atenção
consiste na principal mercadoria de empresas como o Google (alternativa (C), correta). A
afirmativa em a) é contrária ao afirmado no texto (“Tanto é assim que ela [= a atenção]
emana do sistema límbico: a parte mais interna e antiga do cérebro, que o Homo sapiens
compartilha com diversas espécies”). Esse mesmo trecho invalida a afirmativa em (B). Em
(D), o correto é afirmar que a capacidade cognitiva é um recurso finito e escasso. Em (E),
por fim, temos uma afirmativa que não está presente no texto.
Letra c.
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais da
metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquanto existem
vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em uma sociedade
urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área são urbanizados — e
apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes maior do que a de todas
as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de favelas densamente povoadas
em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que o “excesso de população” é a
causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da concentração de pessoas que
não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um espaço amplo para viver, mas que,
mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefícios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações
nacionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a população
urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúrbios se
desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próximos, em
termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias físicas
sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros de distância
de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que, vivendo perto
do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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A partir da leitura do último período, não se pode afirmar que “o sistema de transporte
estadunidense é mais eficiente que o europeu”, que “uma pessoa consegue viajar dos
Estados Unidos para Roma mais rapidamente hoje em dia, devido a meios de transporte mais
eficientes, do que conseguiria antigamente”, que “a distância entre um ponto qualquer da
cidade de Dallas e um estádio é menor do que a distância entre um ponto qualquer da atual
cidade de Roma e o Coliseu” ou que “a distância física entre um ponto qualquer da cidade
de Dallas e um estádio de futebol é similar à que existe entre um ponto qualquer da cidade
de Roma e o Coliseu.” Essas informações não estão presentes no texto ou não podem ser
inferidas a partir do que se afirma. Em (C), diferentemente, temos uma afirmativa correta:
“é possível fazer um trajeto de vários quilômetros de carro na cidade de Dallas, hoje em
dia, mais rapidamente do que um pequeno trajeto a pé na Roma Antiga.”, já que, no texto,
lemos que “Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros de distância de um
estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que, vivendo perto do
Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.”
Letra c.
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Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o
pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades,
com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens
podem ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete
dias da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como
quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações
e a sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de
comerciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos
englobados por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os
consumidores protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral,
que compra ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o
comerciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade
desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade
na rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas
na transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio
eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente
– diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31
(com adaptações).
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a) funcionamento 24 horas por dia, quadro pessoal, loja física, mobilidade urbana, diminuição
de tempo gasto com as operações e sustentabilidade no uso de papel.
b) quadro pessoal, loja física, mobilidade urbana, diminuição de tempo gasto com as
operações e sustentabilidade no uso de papel.
c) quadro pessoal, loja física, mobilidade urbana e diminuição de tempo gasto com as
operações.
d) quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana.
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Para resolver essa questão, além da leitura do texto, a leitura do título é fundamental: “Utilize
o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!” Como
se vê, o texto é destinado a comerciantes (“em seu comércio eletrônico”) – alternativa (C),
portanto.
Letra c.
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque
poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de
cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os
tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites,
ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao
universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção
e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a
literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o
homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles traços
que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição
para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da
vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna
mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde
a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade,
porque, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas as modalidades
e em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011
(com adaptações).
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Pela leitura do texto, podemos inferir que, com a literatura, as pessoas se entregam à
imaginação. Isso pode ser comprovado no texto pela adoção de termos como “fabulação” e
“sonho”, ambos vinculados a literatura. Não se pode depreender, pela leitura do texto, que,
com a literatura, as pessoas se entregam à certeza, à reflexão, à distopia ou à realização.
Letra e.
A defesa do autor pode ser observada com mais clareza nos dois últimos parágrafos. Neles,
observamos que a tese defendida é a seguinte: “ela [a literatura] é fator indispensável de
humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade.”. A defesa, então,
não se centra no que se apresenta nas alternativas (A), (B), c) e (D).
Letra e.
037. (CEBRASPE/IBGE/2021) Segundo o autor do texto 1A2-I, a literatura é uma prática artística
a) circunstancial.
b) eventual.
c) atemporal.
d) ocasional.
e) especial.
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imaginação humana a alçar voo. Foi essa consciência que tornou necessária a criação cultural e
que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu início e ao longo de toda
a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o
transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma
ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais,
tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem,
embora fugaz.
Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na
existência e o ponto focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de
sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa
sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”,
em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa
sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]
Assinale a alternativa correta a respeito do excerto “[...] Desde o seu início e ao longo de toda a sua
longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o transitório
do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para
passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos
incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.”.
a) As expressões “desde” e “ao longo de” referem-se temporalmente à história da cultura,
sendo que a primeira está ligada a um ponto temporal de origem, enquanto a segunda está
ligada à extensão temporal a partir desse ponto.
b) O excerto constitui-se de variadas antíteses, as quais colocam em oposição ideias que
se referem à cultura e à história. Com isso, o autor traz maior impessoalidade, objetividade
e formalidade ao texto.
c) Ao utilizar a expressão “nós, mortais”, o autor evita dialogar com o leitor do texto, com a finalidade
de potencializar eventuais contestações que possam ocorrer diante da sua argumentação.
d) O verbo “tenhamos” está flexionado de modo que se interpreta uma ação factual que
ocorre no momento da fala, por isso afirma-se que está no presente do modo indicativo.
e) As palavras “impulso” e “instinto” revelam o caráter finito da vida. Referem-se,
semanticamente, ao “abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida
mortal da imortal” e complementam, sintaticamente, o verbo “preencher”.
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d) Errada. A forma verbal “tenhamos”, analisada na alternativa (d), não expressa uma ação
factual, mas potencial (hipotética). Por isso, temos de analisá-la como uma forma verbal
no modo subjuntivo.
e) Errada. Por fim, na alternativa (e), as palavras “impulso” e “instinto” referem-se ao
termo “o motor da cultura”.
Letra a.
040. (VUNESP/SOLDADO/PM-SP/2019)
(Bruno Romani, “Uso de inteligência artificial pode aumentar desemprego no Brasil, diz FGV”. https://link.
estadao.com.br. Adaptado)
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Roma
O filme Roma está constantemente entre dois caminhos. É pessoal e grandioso, popular
e intelectual, tecnológico – rodado em 65 mm digital – e clássico – feito em preto e branco com
a mesma ousadia dos movimentos cinematográficos das décadas de 1950 e 1960. O título, uma
referência a Colonia Roma, bairro da Cidade do México, também remete a Roma, Cidade Aberta,
filme-símbolo do neorrealismo italiano assinado por Roberto Rossellini.
Ao revisitar a própria memória, o cineasta Alfonso Cuarón escolhe olhar para Cleo,
a empregada, de origem indígena, de uma família branca de classe média. Resgata, assim, não
apenas os seus anos de formação, mas todas as particularidades do passado do país. O México
no início dos anos 1970 fervilhava entre revoluções sociais e a influência da cultura estrangeira.
Cleo, porém, se mantinha ingênua, centrada nas suas obrigações: lavar o pátio, buscar as crianças
na escola, lavar a roupa, colocar os pequenos para dormir.
Até que tudo se transforma. A família perfeita desmorona, com o pai que sai de casa,
a mãe que não se conforma com o fim do casamento e os filhos jogados de um lado para o outro
na confusão dos adultos. Enquanto isso, Cleo se apaixona, engravida, é enganada e deixada à
própria sorte. Duas mulheres de diferentes origens compartilham a dor do abandono. Juntas,
reencontram a resiliência que segura o mundo frente às paixões autocentradas.
O cineasta, que além da direção e do roteiro assina a fotografia e a montagem (ao lado
de Adam Gough), retrata sua história, entrelaçada com a de seu país, como se na vida adulta
reencontrasse o olhar da infância, cujo fascínio por cada descoberta aumenta o tamanho e a
importância de tudo.
O que Cuarón faz em Roma é raro. São camadas e camadas sobrepostas para reproduzir a
complexidade do seu imaginário afetivo e das relações sociais de um país. Entre muitas inspirações,
referências e técnicas, sua assinatura está na sinceridade com que olha para si mesmo e para os
seus personagens, encontrando beleza e verdade no que muitos menosprezam. Esse é um filme
simples e complicado, como a própria vida.
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Você conseguiu observar que a questão pede uma análise do filme Roma (e não necessariamente
do texto que fala sobre o filme)? Pois então: o filme Roma está constantemente entre
dois caminhos (CAMINHO 1: história pessoal; CAMINHO 2: história coletiva).
De maneira geral, a questão é de interpretação e toca no conteúdo de tipologia textual
(estruturas narrativas).
Letra b.
GUIMARÃES, R. A Utopia da Pequena África. Rio de Janeiro: FGV, 2014, p. 16-7. Adaptado.
No final do primeiro parágrafo, lemos que “nos imaginários construídos pelas diferentes
mídias, não era mais associada apenas à prostituição, ao tráfico de drogas e às habitações
‘favelizadas’”. Esse retrato mostra que a Zona Portuária, até o início do século XXI, era vista
como: uma área desvalorizada social e urbanisticamente (alternativa (A)). Não se fala em
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Nos dois últimos parágrafos, podemos ler que o principal motivo do sucesso da vendagem
no estabelecimento de Diolino Damasceno foi o sistema original de atendimento direto
aos veículos (“em que os garçons iam até os carros que apenas encostavam e saíam em
disparada. A novidade alavancou a fama do bar”). Essa informação pode ser conferida
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pela leitura direta do texto, sem necessidade de inferências mais complexas. As demais
alternativas estão incorretas porque não constituem o motivo central do sucesso da
vendagem no estabelecimento.
Letra e.
Beira-mar
Quase fim de longa tarde de verão. Beira do mar no Aterro do Flamengo próximo ao
Morro da Viúva, frente para o Pão de Açúcar. Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás
dos edifícios. Parecia resistir ao chamado da noite. Nas pedras do quebra-mar caniços de pesca
moviam-se devagar, ao lento vai e vem do calmo mar de verão. Cercados por quatro ou cinco
pescadores de trajes simples ou ordinários, e toscas sandálias de dedo.
Bermuda bege de fino brim, tênis e camisa polo de marcas célebres, Ricardo deixara
o carro em estacionamento de restaurante nas imediações. Nunca fisgara peixe ali. Olhado
com desconfiança. Intruso. Bolsa a tiracolo, balde e vara de dois metros na mão. A boa técnica
ensina que o caniço deve ter no máximo dois metros e oitenta centímetros para a chamada
pesca de molhes, nome sofisticado para quebra-mar. Ponta de agulha metálica para transmitir
à mão do pescador maior sensibilidade à fisgada do peixe. É preciso conhecimento de juiz
para enganar peixes.
A uma dezena de metros, olhos curiosos viam o intruso montar o caniço. Abriu a bolsa
de utensílios. Entre vários rolos de linha, selecionou os de espessura entre quinze e dezoito
centésimos de milímetro, ainda fiel à boa técnica.
— Na nossa profissão vivemos sempre preocupados e tensos: abertura do mercado,
sobe e desce das cotações, situação financeira de cada país mundo afora. Poucas coisas na vida
relaxam mais do que pescaria, cheiro de mar trazido pela brisa, e a paisagem marítima — costuma
confessar Ricardo na roda dos colegas da financeira onde trabalha.
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045. (IADES/SEASTER-PA/ENFERMEIRO/2019)
a), b), d), e) Erradas. Fica claro que o texto é uma campanha contra o trabalho infantil.
Assim, excluímos as alternativas a) e b) (porque o objetivo central não é apenas informar).
A construção “#SomosSeaster” também não é uma mensagem indispensável, por isso a
alternativa e) está incorreta. A informação introduzida por “Segundo o IBGE” não é a mais
importante, porque o dado em si não é capaz de transmitir a informação global do anúncio
(a de que é preciso combater esse tipo de atividade).
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c) Certa. Pois de fato a mensagem “Disque 100 e denuncie!” é a mais importante (e traduz
o objetivo central do texto).
Letra c.
b) Certa. Na primeira parte do texto, o autor afirma que a cidade de Campo Grande foi
pensada e projetada (isto é, planejada). Na segunda parte do texto, o autor introduz uma
adversão (via conjunção “No entanto”): “a cidade cresceu de forma desordenada”. Assim,
a afirmativa em b) é adequada. Em A), é incorreto afirmar que se evitaram os impactos
negativos da modernidade; em C), é incorreto afirmar que o autor discorda de que o
progresso deva considerar mais questões relativas às bases naturais da cidade; em D),
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d) Certa. Expressa adequadamente o que se diz no texto: “Os casarões do século 19, também
presentes no sítio, retratam um período de imensa riqueza econômica” [...] Fazendas
rurais e sua arquitetura tipicamente mineira fundem-se com o estilo eclético [...]”. Nas
demais alternativas, encontramos os seguintes erros: a) apenas em Corumbá “parte de
suas edificações e de seu traçado urbano” foi tombada pelo Iphan; b) não se trata de
contrabando, mas de importação; c) no texto, é dito que os brasileiros conhecem MS por
suas belezas naturais; e e) afirma-se que há notícias ruins de drogas e contrabando em MS,
não que o estado de MS possui envolvimento com o tráfico de drogas.
Letra d.
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a) A visão, o tato e a audição são processados primeiramente pelo tálamo e não invocam
os sentimentos, por isso não aproximam os indivíduos de suas memórias.
b) Segundo o sociólogo francês citado, os sabores dos alimentos traduzem aprendizados
duradouros para os indivíduos.
c) O foco do texto está na neurociência porque essa área do conhecimento é capaz de provar
que os sentidos do olfato e do paladar são sentimentais.
d) A citação de Marcel Proust contradiz a de Pierre Bourdieu, pois, enquanto o sociólogo
faz referência ao aprendizado infantil, o escritor apresenta exemplo de como, no instante
da alimentação, é possível um encontro com o que de extraordinário se passava com ele.
e) As artes, de uma maneira geral, corroboram a ideia de que os indivíduos necessitam se
alimentar para que se lembrem de suas histórias de vida.
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito
tempo já estavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres
levantavam bem cedo para a lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das
pobres marmitas. Os homens também. Uns saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro
gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau, [...]. As crianças maiores acordavam cedo
também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expectativa. Será que hoje tem pão?
Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou a
mamadeira completada com mais água sempre.
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052. (IBFC/ACAI/IBGE/2022) Nas orações “tudo é gravado, ninguém mais será anônimo”, o
sentido de generalização é construído por meio:
a) de pronomes indefinidos em função de sujeito.
b) de predicativos formados por adjetivos no masculino.
c) da indeterminação sintática dos sujeitos.
d) da invariabilidade dos complementos verbais.
e) do emprego de verbos impessoais.
053. (FCC/ASSISTENTE/DPE-AM/2018)
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ocorresse em águas brasileiras, eles ficavam sob tutela estatal e deviam prestar serviços ao
Estado ou a particulares por 14 anos até sua emancipação. Com isso, os africanos livres chegaram
aos quatro cantos do Império, inclusive ao Amazonas.
Apolinária foi designada para trabalhar na recém-instalada Olaria Provincial. Suas
crianças foram junto. Ali já estavam outros africanos livres que, além da fabricação de telhas,
potes e tijolos, também eram responsáveis pela supervisão do trabalho dos índios que vinham
das aldeias para servir nas obras públicas. Eram cerca de 20 pessoas que viviam no mesmo lugar
em que trabalhavam e assim foi até 1858, quando a olaria foi fechada para se transformar em
uma nova escola: os Educandos Artífices.
A rotina na Olaria era dura e foi com alegria que Apolinária soube que seria a lavadeira
dos Educandos. Diferente dos outros, não ia precisar se mudar para o outro lado do igarapé.
Podia continuar ali com os filhos, o marido Gualberto, o cozinheiro Bertoldo e Severa, filha de
Domingos Mina. O salário não era grande coisa, mas a amizade antiga com Bertoldo garantia
alimento extra à mesa para todos. A tranquilidade durou pouco. O diretor dos Educandos,
certamente mal informado pela boataria maledicente, a demitiu do cargo alegando que era
ladra e dada a bebedeiras. Menos de 3 meses depois, Apolinária já estava de volta ao trabalho
nas obras públicas, com destino incerto.
Sou incapaz de dizer mais alguma coisa sobre o que aconteceu com Apolinária porque
ela desapareceu da documentação, mas os fragmentos de sua vida que pude recuperar são
poderosos para iluminar cenas da vida desta cidade que estavam nas sombras. A presença negra
no Amazonas é tratada de modo marginal na historiografia local e só muito recentemente vemos
mudanças neste cenário. Há ainda muitas zonas de silêncio.
A história de Apolinária nos ajuda a colocar problemas novos, entre eles, o fato de que
a trajetória dessas pessoas que cruzaram o Atlântico e, depois, o Império permite acessar um
mundo bem pouco visível na história do Brasil: a diversidade de experiências que uniram índios,
escravos, libertos e africanos livres no mundo do trabalho no século XIX.
Falar dessa gente pouco importante é buscar dialogar com personagens reais e
concretos. Suas vidas comuns foram, de fato, extraordinárias, cada uma a seu modo. Seres
humanos verdadeiros, que fazem a História acontecer todos os dias.
É corrente a distinção entre uma história privada, particular (registrada com minúscula)
e a História como fato humano (mudança de eventos ao longo do tempo) (registrada com
maiúscula). Por isso, os sentidos são, respectivamente, de particularidade e de coletividade.
Letra a.
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055. (FCC/ADVOGADO/AFAP/2019)
Beleza e propaganda
A crescente padronização do ideal de beleza feminina foi um dos efeitos imprevistos
da popularização da fotografia, das revistas de grande circulação e do cinema a partir do início
do século XX. Não é à toa que esse movimento coincide com a decolagem e vertiginosa ascensão
da indústria da beleza (hoje um mercado com receita global acima de 200 bilhões de dólares).
Como vender “a esperança dentro de um pote?”
As estratégias variam ao infinito, porém a mais diabólica e (possivelmente) eficaz
dentre todas - verdadeira premissa oculta do marketing da beleza - foi explicitada com brutal
franqueza, em 1953, pelo então presidente da megavarejista de cosméticos americana Allied
Stores: “O nosso negócio é fazer as mulheres infelizes com o que têm”.
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O autor do texto explora com alguma frequência expressões com clara oposição de sentido,
tal como ocorre entre
a) crescente padronização e popularização da fotografia.
b) coincide com a decolagem e vertiginosa ascensão.
c) premissa oculta e brutal franqueza.
d) variam ao infinito e a mais diabólica.
e) insegurança estética e hesitações femininas.
056. (FCC/OFICIAL/DETRAN-SP/2019)
Olhador de anúncio
Eis que se aproxima o inverno, pelo menos nas revistas, cheias de anúncios de cobertores,
lãs e malhas. O que é o desenvolvimento! Em outros tempos, se o indivíduo sentia frio, passava
na loja e adquiria os seus agasalhos. Hoje são os agasalhos que lhe batem à porta, em belas
mensagens coloridas.
E nunca vêm sós. O cobertor traz consigo uma linda mulher, que se apresenta para
se recolher debaixo de sua “nova textura antialérgica”, e a legenda: “Nosso cobertor aquece os
corpos de quem já tem o coração quente”. A mulher parece convidar-nos: “Venha também”.
Ficamos perturbados. (...)
Não, a mulher absolutamente não faz parte do cobertor, que é que o senhor estava
pensando? Nem adianta telefonar para a loja ou agência de publicidade, pedindo o endereço da
moça do cobertor antialérgico. Modelo fotográfico é categoria profissional respeitável, como
qualquer outra. Tome juízo, amigo. E leve só o cobertor.
São decepções do olhador de anúncios. Em cada anúncio uma sugestão erótica.
Identificam-se o produto e o ser humano. A tônica do interesse recai sobre este último? É logo
desviada para aquele. Operada a transferência, fecha-se o negócio. O erotismo fica sendo agente
de vendas. Pobre Eros! Fizeram-te auxiliar de Mercúrio (*).
(*) Eros e Mercúrio são, respectivamente, o deus do amor e o deus dos negócios na mitologia clássica.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. O poder ultrajovem. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 167)
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(FCC/OFICIAL/DETRAN-SP/2019)
Conversas movimentadas
É muito comum que logo pela manhã, nas grandes cidades, a conversa entre colegas
de trabalho se inicie por frases que aludam aos congestionamentos enfrentados no caminho, ou
à surpresa de o trânsito naquela praça não estar inteiramente prejudicado, ou então – milagre
dos milagres! − ao fato inexplicável de como dessa vez não demorou quase nada a travessia
da famosa ponte. Tais assuntos dominam as conversas, determinam o humor; representam-
se nelas o pequeno drama, a ansiedade, a aflição ou o desespero que vivem os habitantes das
metrópoles.
É um assunto tão invasivo quanto obrigatório, do qual não se pode fugir. A simples
locomoção de um lugar para outro reedita, a cada dia, a façanha que é o ir e o vir nas grandes
cidades, o desafio que está na chamada “mobilidade urbana”, designação do conjunto de fatores
que condicionam a movimentação dos indivíduos no espaço público. A mobilidade urbana tem
enorme importância para a qualidade de vida da população. Não se trata, simplesmente, da
movimentação mecânica de um lugar para outro; trata-se do modo pelo qual ela ocorre, de seus
efeitos no cotidiano, da fixação de prazos e horários de trabalho e lazer, do humor dos indivíduos,
dos prazeres e desprazeres que acarreta.
Falar do trânsito, sobretudo de suas dificuldades que parecem fatais, torna-se,
assim, mais do que um papo corriqueiro: vira uma espécie de senha familiar pela qual todos
se reconhecem, um motivo para se reafirmar aquela cumplicidade solidária que os problemas
comuns provocam nas criaturas. Um considerável salto civilizatório se dará quando as pessoas, no
começo do dia de trabalho, não tiverem do que se queixar quanto à sua mobilidade, e puderem
tratar de outros assuntos que melhor as congreguem.
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(FCC/OFICIAL/DETRAN-SP/2019)
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 92)
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Neste item, o examinador pede ao candidato que “monte” as peças soltas. Essas peças
interagem de maneira específica, havendo uma sequência correta das ações. Na alternativa
(a), o adjunto “com sabedoria e serenidade” antecipa essa sequência de ações, denotando
desde o início o fato de a resposta de Diógenes ter sido sábia e serena. Em sequência mostra-
se a resposta de Diógenes e o evento causador da resposta (a abordagem de Platão).
Letra a.
(FCC/TRF 4ª REGIÃO/TÉCNICO/2019)
Tendo em vista a textura volitiva da mente individual, a perene tensão entre o presente
e o futuro nas nossas deliberações, entre o que seria melhor do ponto de vista tático ou local,
de um lado, e o melhor do ponto de vista estratégico, mais abrangente, de outro, resulta em
conflito.
Comer um doce é decisão tática; controlar a dieta, estratégica. Estudar (ou não) para
a prova de amanhã é uma escolha tática; fazer um curso de longa duração faz parte de um plano
de vida. As decisões estratégicas, assim como as táticas, são tomadas no presente. A diferença
é que aquelas têm o longo prazo como horizonte e visam à realização de objetivos mais remotos
e permanentes.
O homem, observou o poeta Paul Valéry, “é herdeiro e refém do tempo”. A principal
morada do homem está no passado ou no futuro. Foi a capacidade de reter o passado e agir
no presente tendo em vista o futuro que nos tirou da condição de animais errantes. Contudo,
a faculdade de arbitrar entre as premências do presente e os objetivos do futuro imaginado é
muitas vezes prejudicada pela propensão espontânea a atribuir um valor desproporcional àquilo
que está mais próximo no tempo.
Como observa David Hume, “não existe atributo da natureza humana que provoque
mais erros em nossa conduta do que aquele que nos leva a preferir o que quer que esteja presente
em relação ao que está distante e remoto, e que nos faz desejar os objetos mais de acordo com
a sua situação do que com o seu valor intrínseco”.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, edição digital)
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A resposta para a questão pode ser encontrada no último parágrafo (explicitada na observação
de Hume): “não existe atributo da natureza humana que provoque mais erros em nossa
conduta do que aquele que nos leva a preferir o que quer que esteja presente em relação
ao que está distante e remoto.”
Letra d.
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(FCC/TÉCNICO/TRF 4ª REGIÃO/2019)
Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo
natalino que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de inverno
(o dia mais curto do ano).
Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo
assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher – como se, para agradar à natureza,
tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.
Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção
as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia
que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.
É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a Epifania.
A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que hoje seria
Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que o irmão se
afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem, assumindo o nome
de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros na qual as identidades
serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a
entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se modificam
conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são muitas vezes
incompatíveis.
É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas que
certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a ilusão
das respostas mais simples.
Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem
a ver com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é
preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua
imperfeição e irrealização permanentes, depende disso.
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A autora cita Shakespeare (e sua obra) para destacar que esse autor já lidava com a temática
de que as convenções sociais são arbitrárias (veja a mudança de papel realizada por Viola):
é por isso que a alternativa (e) está correta.
Letra e.
(FCC/TÉCNICO/TRF 4ª REGIÃO/2019)
Renato Janine Ribeiro: A velocidade ficou maior do que as pessoas conseguem alcançar.
Somos bombardeados diariamente sobre novidades na produção do hardware e do software
dos computadores. O indivíduo tem um computador e, em pouco tempo, é lançado outro mais
potente. Talvez em breve as pessoas se convençam de que não há necessidade de uma renovação
tão frequente. A grande maioria das pessoas usam bem pouco dos recursos de seus computadores.
Devemos sempre lembrar que as invenções existem para nos servir, e não o contrário. Quer dizer,
a demanda é que as pessoas se adaptem às máquinas, e não que as máquinas se adaptem às
pessoas.
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Flávio Gikovate: Tenho a impressão de que isso não ocorre só com a tecnologia. Tenho
a sensação de que sempre chegamos tarde. As pessoas compram muitas coisas desnecessárias.
Veja o caso das roupas: só porque a cintura da calça subiu ou desceu ligeiramente, elas trocam
todas as que possuíam. Trata-se de um movimento em que as pessoas estão sempre devendo.
(Adaptado de: GIKOVATE, Flávio & RIBEIRO, Renato Janine. Nossa sorte, nosso norte. Campinas: Papirus, 2012)
No primeiro parágrafo, é dito que “Devemos sempre lembrar que as invenções existem para
nos servir, e não o contrário.” Em seguida, o autor reforça essa ideia e a torna mais clara:
“Quer dizer, a demanda é que as pessoas se adaptem às máquinas, e não que as máquinas
se adaptem às pessoas.” É exatamente isso o que diz a alternativa (c).
Letra c.
A indústria do espírito
JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00
O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure
algo mais importante que você e dedique sua vida a isso”.
Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século
XXI, que nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que
pode ser verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do
espírito, o atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado
de fora, em outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo,
etc. [...]
A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso
tempo, cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos
de mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para
o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um
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produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas
toxinas culturais. [...]
Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua
vida interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais
exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais
a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]
A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as
pessoas já têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix
e o Spotify. Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a
pessoa se movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.
Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade
já conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente
autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore
sano, desviando-o descaradamente para o corpo. [...]
Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão
contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao
longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que
se envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os
idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria
nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos. [...]
Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar
a alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver
cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal
dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito
que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época
dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era
praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.
O uso coloquial é marcado por diversos fatores, como vocabulário (expressões), padrões
morfológicos e sintáticos. No caso das alternativas em análise, o uso da expressão “gatos
pingados” (significando “poucos indivíduos) é o marcador de coloquialidade.
Letra e.
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068. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
10 nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração,
por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do
13 Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas
seu sentido vem mudando.
16 A expressão disputa de narrativas, que teve um boom
dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito
à acepção mais literária do termo, como narrativa de um
19 romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de
narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser
elaboradas e disputadas. É um uso do termo que talvez
22 aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda
narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um
movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas
25 escolhas de um narrador.
Os termos não são considerados sinônimos. Em diversos pontos do texto, a autora faz a
diferenciação entre narrativa e narração (linhas 10 e 11). Nas linhas de 21 a 25, a autora faz
uma aproximação entre os sentidos dos termos, mas nunca são tomados como sinônimos.
Errado.
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069. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219324)
Primeiramente, é preciso analisar a pontuação (uso das aspas) dentro do parágrafo. Dentro
desse parágrafo, o autor do texto insere a fala de uma autoridade, o geneticista Sérgio
Pena (e essa fala está isolada por aspas). Na fala de Sérgio Pena, o uso das aspas é uma
marcação do modo como o geneticista enxerga o uso do termo raças, para ele inadequado.
Esse ponto de vista sobre o uso do termo pode ser confirmado no próprio conteúdo da
declaração: “não têm nenhuma justificativa biológica e não passam de uma invenção muito
recente na história da humanidade”.
Assim, fica clara a importância de se analisar a pontuação dentro do contexto de ocorrência.
Certo.
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070. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219342)
“Desprezo o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito a dizê-lo.” É com essa
afirmação atribuída a Voltaire, filósofo do iluminismo francês, que Nigel Warburton principia
o seu ensaio sobre liberdade de expressão. A liberdade de expressão — entendida em sentido
amplo, em que se incluem a palavra escrita, as peças teatrais, os filmes, os vídeos, as fotografias,
os cartuns, as pinturas, entre outros — é um direito consagrado no artigo 19º da Declaração
Universal dos Direitos do Homem, de 1948.
A liberdade de expressão é particularmente valiosa em uma sociedade democrática, ao
ponto de haver quem sustente que, na ausência de uma ampla liberdade de expressão, nenhum
governo seria de todo legítimo e não deveria ser denominado democrático. Essa é a perspectiva
defendida por Ronald Dworkin, para quem “A livre expressão é uma das condições de um governo
legítimo. As leis e políticas não são legítimas a menos que tenham sido adotadas por meio de
um processo democrático, e um processo não é democrático se o governo impediu alguém de
exprimir as suas convicções acerca de quais devem ser essas leis e políticas”.
Desde os alvores da democracia ateniense, são sobejamente conhecidas as suas
relações com a argumentação e a retórica. Porém, tal como a retórica e a argumentação podem
ser postas ao serviço da mentira e da manipulação, também em relação à liberdade de expressão
se coloca a questão dos seus limites.
No texto, sugere-se que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e
da manipulação.
Observe que a afirmativa da questão é sobre o texto. Em alguma parte dele, haverá (ou
não) a sugestão de que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e da
manipulação. No primeiro parágrafo, observamos a introdução à temática e a definição
do conceito. Em seguida, o texto mostra o valor da liberdade de expressão e apresenta a
perspectiva de Ronald Dworkin. Por fim, no último parágrafo observamos uma comparação,
a qual coloca em evidência o fato de uma noção (a argumentação e a retórica) ser utilizada
para um mal (a mentira e a manipulação). Nessa comparação, estabelece-se um paralelo
com a liberdade de expressão, a qual também pode ser usada para o mal (ultrapassando-
se, assim, os seus limites). Como estamos diante de uma comparação, é adequado dizer
que o texto “sugere que a liberdade de expressão pode ser usada em favor da mentira e
da manipulação”).
Os “cálculos” de sentido exigidos na resolução de uma questão de interpretação não são
simples. Notamos claramente que é preciso partir do elemento textual para se chegar a uma
conclusão (por inferência). Com a experiência, realizar esses “cálculos” acaba se tornando
mais fácil, ok?
Certo.
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071. (CEBRASPE/ANALISTA/MP-CE/2020/Q1219332)
A primeira celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos das Nações Unidas,
que ocorreu em 7 de junho de 2019, tinha como objetivo fortalecer os esforços para garantir
que os alimentos que comemos sejam seguros. A cada ano, quase uma em cada dez pessoas no
mundo (cerca de 600 milhões de pessoas) adoece e 420 mil morrem depois de ingerir alimentos
contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas.
Alimentos não seguros também dificultam o desenvolvimento em muitas economias
de baixa e média renda, que perdem cerca de US$ 95 bilhões em produtividade devido a doenças,
incapacidade e morte prematura de trabalhadores.
Nas Américas, estima-se que 77 milhões de pessoas sofram um episódio de doenças
transmitidas por alimentos a cada ano — metade delas são crianças com menos de 5 anos de
idade. Os dados disponíveis indicam que as doenças transmitidas por alimentos geram de US$
700 mil a US$ 19 milhões em custos anuais de saúde nos países do Caribe e mais de US$ 77
milhões nos Estados Unidos da América.
Na celebração do Dia Mundial da Segurança dos Alimentos de 2019, discutiu-se que
a segurança dos alimentos é responsabilidade de todos. A inocuidade dos alimentos contribui
para a segurança alimentar, a saúde humana, a prosperidade econômica, a agricultura, o acesso
ao mercado, o turismo e o desenvolvimento sustentável.
Embora seja um problema mundial, a contaminação dos alimentos ocorre de forma mais
severa nos países do continente americano, de acordo com o texto.
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Texto CB1A1AAA
1 Já houve quem dissesse por aí que o Rio de Janeiro é
a cidade das explosões. Na verdade, não há semana em que os
jornais não registrem uma aqui e ali, na parte rural.
4 A ideia que se faz do Rio é a de que é ele um vasto
paiol, e que vivemos sempre ameaçados de ir pelos ares, como
se estivéssemos a bordo de um navio de guerra, ou habitando
7 uma fortaleza cheia de explosivos terríveis.
Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego
útil; mas, se ela é indispensável para certos fins industriais,
10 convinha que se averiguassem bem as causas das explosões,
se são acidentais ou propositais, a fim de que fossem removidas
na medida do possível. Isso, porém, é que não se tem dado e
13 creio que até hoje não têm as autoridades chegado a resultados
positivos.
Entretanto, é sabido que certas pólvoras, submetidas
16 a dadas condições, explodem espontaneamente, e tem sido essa
a explicação para uma série de acidentes bastante dolorosos, a
começar pelo do Maine, na baía de Havana, sem esquecer
19 também o do Aquidabã.
Noticiam os jornais que o governo vende, quando
avariada, grande quantidade dessas pólvoras.
22 Tudo indica que o primeiro cuidado do governo devia
ser não entregar a particulares tão perigosas pólvoras, que
explodem assim sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas
25 em constante perigo.
Creio que o governo não é assim um negociante
ganancioso que vende gêneros que possam trazer a destruição
28 de vidas preciosas; e creio que não é, porquanto anda sempre
zangado com os farmacêuticos que vendem cocaína aos
suicidas. Há sempre no Estado curiosas contradições.
Lima Barreto. Pólvora e cocaína In: Vida urbana, 5/1/1915
Com relação às ideias do Texto CB1A1AAA, que data de janeiro de 1915, julgue os itens a seguir.
É possível inferir, sim, que o autor concorda com a ideia de que o Rio se parecia com um
vasto paiol. Isso porque em diversos momentos ao longo do texto o autor cita casos de
acidentes envolvendo explosões.
Certo.
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Segundo o texto, o governo vende, quando avariada, grande quantidade dessas pólvoras.
Assim, não são vendidos os explosivos não utilizados.
Errado.
Pela leitura do texto, não é possível afirmar que as autoridades se eximiam (desobrigavam-
se) de investigar. O autor do texto afirma que “convinha que se averiguassem bem as causas
das explosões, se são acidentais ou propositais, a fim de que fossem removidas na medida
do possível.” Dessa afirmação, não se pode concluir que o estado se eximia.
Errado.
Texto CB1A1BBB
1 São José do Rio Preto, centro urbano de tamanho
médio, com cerca de 408 mil habitantes em 2010, localizada na
região noroeste do estado de São Paulo, em área de clima
4 tropical, é uma cidade reconhecida pelo seu calor intenso. Em
1985, a Superintendência de Controle de Endemias do Estado
de São Paulo detectou a presença de focos do Aedes aegypti
7 em doze cidades paulistas, entre elas, São José do Rio Preto, e
confirmou sua reintrodução no estado. Os focos foram
encontrados em locais com concentração de recipientes,
10 denominados pontos estratégicos (PEs). Foi então estruturado
o Programa de Controle de Aedes aegypti em São Paulo, que
previa a visitação sistemática e periódica aos PEs dos
13 municípios e a realização de delimitações de foco, quando do
encontro de sítios positivos. Considerava-se que o vetor estava
presente em um município quando continuava presente nos
16 imóveis após a realização das medidas de controle que vinham
associadas à delimitação de foco.
Logo após a detecção de focos positivos do mosquito
19 em São José do Rio Preto, realizaram-se as delimitações e a
aplicação de controle, as quais não foram suficientes para
eliminar o vetor. Diante da situação, em 1985, o município foi
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Segundo o texto, o aumento progressivo estaria mais relacionado com a circulação dos
múltiplos sorotipos do vírus da dengue E ao clima/condições ideais para o desenvolvimento
do vetor.
Errado.
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(CEBRASPE/ANALISTA/STJ/2018)
Texto CB1A1CCC
1 As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes
revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam da
4 cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira de
juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, aflitos.
As angústias dos que se sentavam à minha frente, por diversas
7 vezes, me escoltaram até minha casa e passaram a ser
companheiras de noites de insônia. Não havia outra solução a
não ser escrever. Era preciso colocar no papel e compartilhar
10 a dor daquelas pessoas que, mesmo ao fim do processo e com
a sentença prolatada, não me deixavam esquecê-las.
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães,
13 filhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em
comum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de casa.
O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mulheres,
16 havia se transformado no pior dos mundos.
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se
sentavam à minha frente, os relatos se transformavam em
19 desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar
e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por
ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter
22 sido boa o suficiente, a culpa por não ter conseguido manter a
família. Sempre a culpa.
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma
25 força externa como se somente nós, juízes, promotores e
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo de
violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
28 violência invisível.
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Com base no Texto CB1A1CCC, escrito por uma juíza acerca de casos de violência doméstica,
julgue os itens a seguir.
A escrita, para a autora do texto, permitiu a ela lidar com as angústias com as quais teve
contato nas audiências. Por isso, pode-se dizer que a escrita foi uma espécie de processo
terapêutico.
Certo.
O “dar voz para reagir àquela violência” é além do simples trâmite da ação. O processo de
“dar voz” está ligado à noção de representatividade.
Errado.
A palavra “prolatada” vem do verbo “prolatar”, que significa “pronunciar uma sentença”. É
esse o sentido presente na ocorrência da linha 11. Por isso, não se pode dizer que a palavra
“prolatada” foi empregada como sinônimo de “deferida” (isto é, de “atendida”, “que foi
atendida”), dado que a sentença poderia ser contrária ao pleito.
Errado.
O referente dos sujeitos de “chegavam” (l. 17) e “sentavam” (l. 18) é “mulheres” (l. 15).
Observe que, para interpretar bem as relações entre os termos do texto, é preciso conhecer
os referentes dos predicados, ok?
Errado.
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(CEBRASPE/SUPERIOR/TCM-BA/2018)
Texto 1A1AAA
1 Ainda existem pessoas para as quais a greve é um
“escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um
delito, mas também um crime moral, uma ação intolerável que
4 perturba a própria natureza. “Inadmissível”, “escandalosa”,
“revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando
uma greve recente. Para dizer a verdade, trata-se de uma
7 linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua
mentalidade profunda. É a época em que a burguesia, que
assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de
10 junção entre a moral e a natureza, oferecendo a uma a garantia
da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se a
natureza; finge-se confundir a ordem política e a ordem
13 natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as leis
estruturais da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos
de Carlos X, assim como para os leitores do Figaro de hoje, a
16 greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às prescrições
da razão moralizada: “fazer greve é zombar de todos nós”, isto
é, mais do que infringir uma legalidade cívica, é infringir uma
19 legalidade “natural”, atentar contra o bom senso, misto de
moral e lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de
22 lógica: a greve é escandalosa porque incomoda precisamente
aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se
revolta: a causalidade direta, mecânica, essa causalidade é
25 perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da
causa, escapa-lhe, o que é intolerável e chocante. Ao contrário
do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa
28 classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da
causalidade: o fundamento da moral que professa não é de
modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente,
31 trata-se de uma racionalidade linear, estreita, fundada, por
assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e
os efeitos. O que falta a essa racionalidade é, evidentemente,
34 a ideia das funções complexas, a imaginação de um
desdobramento longínquo dos determinismos, de uma
solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição
37 materialista sistematizou sob o nome de totalidade.
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O autor do texto vai justamente CONTRA a ideia de que a greve seja um crime moral, um
delito. Toda a argumentação está em prol de dizer que a greve NÃO é um crime moral.
Errado.
O autor do texto vai justamente CONTRA a adoção da lógica natural como forma de explicar
as tensões sociais que a greve manifesta.
Errado.
No último período do texto, comprovamos que a afirmação do item está certa: “O que
falta a essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação
de um desdobramento longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os
acontecimentos, que a tradição materialista sistematizou sob o nome de totalidade.”
Certo.
De acordo com o texto, quem tem uma concepção tirânica (da causalidade) é a burguesia.
Errado.
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(CEBRASPE/SUPERIOR/TCM-BA/2018)
Texto 1A1BBB
1 Após meses de sofrimento e solidão chega o correio:
esta corrente veio da Venezuela escrita por Salomão Fuais
para correr mundo
4 faça vinte e quatro cópias e mande a amigos em lugares
distantes: antes de nove dias terá surpresa, graças a Santo
Antônio.
7 Tem vinte e quatro cópias, mas não tem amigos distantes,
José Edouard, Exército venezuelano, esqueceu de distribuir
cópias, perdeu o emprego.
10 Lupin Gobery incendiou cópia, casa pegou fogo,
metade da família morreu.
Mandar então a amigos em lugares próximos.
13 Também não tem amigos em lugares próximos.
Fecha a casa.
Deitado na cama, espera surpresa.
Rubem Fonseca. Corrente. In: Contos reunidos. São Paulo: Cia. das Letras, 1994, p. 324.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As consequências (perder emprego; casa pegar fogo) são resultantes de uma causa: não
repassar a corrente.
Certo.
091. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEDUC-AL/2018)
Leitura em baixa. In: Welcome Congonhas. Camarinha Editora & Comunicação, jul./2008, p. 9 (com adaptações).
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A expressão “Alguma surpresa?” (l. 15) é uma pergunta retórica acerca do fato de a leitura
ser a quinta opção de entretenimento no Brasil e a televisão, a primeira.
092. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
10 nos videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração,
por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do
13 Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas
seu sentido vem mudando.
16 A expressão disputa de narrativas, que teve um boom
dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer respeito
à acepção mais literária do termo, como narrativa de um
19 romance. Fala antes sobre trazer a público diferentes formas de
narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser
elaboradas e disputadas. É um uso do termo que talvez
22 aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda
narrativa histórica e cultural carrega em si um processo e um
movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas
25 escolhas de um narrador.
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O vocábulo “antes” (l. 19) indica, no contexto em que se insere, circunstância temporal.
Texto CB1A1AAA
1 No pensamento filosófico da Antiguidade, a dignidade
(dignitas) da pessoa humana era alcançada pela posição social
ocupada pelo indivíduo, bem como pelo grau de
4 reconhecimento dos demais membros da comunidade. A partir
disso, poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia) da
dignidade, o que permitia admitir a existência de pessoas mais
7 dignas ou menos dignas.
Frise-se que foi a partir das formulações de Cícero que
a compreensão de dignidade ficou desvinculada da posição
10 social. O filósofo conferiu à dignidade da pessoa humana um
sentido mais amplo ligado à natureza humana: todos estão
sujeitos às mesmas leis da natureza, que proíbem que uns
13 prejudiquem aos outros.
No círculo de pensamento jusnaturalista dos séculos
XVII – e XVIII, a concepção da dignidade da pessoa humana
16 passa por um procedimento de racionalização e secularização,
mantendo-se, porém, a noção básica da igualdade de todos os
homens em dignidade e liberdade. Nesse período, destaca-se a
19 concepção de Emmanuel Kant de que a autonomia ética do ser
humano é o fundamento da dignidade do homem. Incensurável
é a permanência da concepção kantiana no sentido de que a
22 dignidade da pessoa humana repudia toda e qualquer espécie
de coisificação e instrumentalização do ser humano.
Antonio da Rocha Lourenço Neto. Direito e humanismo: visão filosófica, literária e histórica. Rio de Janeiro:
Edição do Autor, 2013, p.148-9 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do Texto CB1A1AAA, julgue os próximos
itens.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O uso do termo “incensurável” é marca linguística que comprova como o autor concorda
com Kant, considerando correto (sem censura, sem restrição) o posicionamento deste.
Certo.
Posso conceber um homem sem mãos, pés, cabeça (pois só a experiência nos ensina que a cabeça
é mais necessária do que os pés); mas não posso conceber o homem sem pensamento: seria
uma pedra ou um animal.
Instinto e razão, marcas de duas naturezas.
O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não
é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água bastam
para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que
quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo
desconhece tudo isso.
Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí ser preciso nos elevarmos, e não do
espaço e da duração, que não podemos preencher. Trabalhemos, pois, para bem pensar.
Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não
terei mais possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo
pensamento, eu o abarco.
Blaise Pascal. Um caniço pensante. In: Pensamentos. Trad. Sérgio Milliet. 2.ª ed. São Paulo: Abril Cultural,
1979, p. 123-4 (com adaptações)
Segundo o texto, “toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento” (razão). Assim,
é possível depreender que, para o autor, os bens materiais em nada dignificam o homem.
Certo.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A afirmação presente no item é corroborada pelo terceiro parágrafo, no qual lemos que,
apesar de caniço, o homem é mais nobre (em comparação a quem o mata).
Certo.
Texto 11A3CCC
1 Ainda na infância, a literatura me encantou, me
conquistou: as histórias com suas tramas, os poemas com sua
musicalidade, seu uso especial da linguagem, todos com uma
4 precisão e um concretizar de fatos e sentimentos que a intuição
apenas adivinhava. Acho que foi isso que me fez amar a língua,
e esse amor me fez querer ser professor de Língua Portuguesa.
7 Já quando estava na quarta série do ginásio (hoje nono ano do
ensino fundamental), tinha certeza de que queria ser
professor... de Língua Portuguesa.
10 Quem, além de um poeta, poderia chamar a nossa
língua de “última flor do Lácio inculta e bela”? Quem, além de
Bandeira, poderia ir “embora pra Pasárgada... uma outra
13 civilização, para andar de bicicleta, montar em burro bravo,
subir em pau de sebo e tomar banho de mar”? Viajando por
entre as palavras mágicas de poetas, contistas, romancistas, fui
16 percorrendo os caminhos e descaminhos da linguagem.
Aos poucos cresceu no meu conhecimento a gramática
e a seguir a linguística com todas as suas correntes e
19 disciplinas. Aumentou assim o meu entusiasmo pelas
possibilidades expressivas da língua, sua relação com os
recursos linguísticos e seu funcionamento em textos resultantes
22 de sujeitos, de ideologias, de atividades e esferas de ação do
ser humano concretizando modos/formas e objetivos de ação
em tipos de gêneros e espécies de textos.
25 Parece-me, pois, que primeiro a literatura nos faz
sentir o que a língua é e pode, e, só depois, a gramática e a
linguística nos possibilitam saber o que é e como a língua é e
28 o que ela pode.
A literatura concentra, converge, encontra
possibilidades de expressão presentes na língua em todas as
31 suas variedades escritas e orais. Mesmo atualmente, quando os
estudos linguísticos se acostumaram a observar, descrever e
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Luiz Carlos Travaglia. Da infância à ciência: língua e literatura. In: Beth Brait. Literatura e outras linguagens.
São Paulo: Contexto, 2010, p. 36-8 (com adaptações).
Para o autor, língua e literatura são uma só coisa – e o ofício de ser professor de Língua
Portuguesa tem mais brilho quando se sabe isso.
Errado.
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Texto CB3A1BBB
1 Na legislação interna dos países, a espionagem
costuma ser juridicamente entendida como a obtenção
sub-reptícia e indevida de informação sigilosa do Estado. Esse
4 tipo de conduta é criminalizado pela legislação de cada país. O
mesmo se pode dizer do vazamento, que guarda estreita relação
com a espionagem e que consiste na divulgação indevida de
7 informações por quem tem o dever legal do sigilo.
A espionagem é um dos poucos crimes na legislação
brasileira que podem, em tempo de guerra, levar à pena de
10 morte, seja o condenado nacional ou estrangeiro, civil ou
militar, além de, em tempo de paz, sujeitar o militar que a
pratique à indignidade para o oficialato.
13 Se praticada por autoridade superior, a espionagem
pode configurar, além de infração penal, crime de
responsabilidade, que, a despeito do nome, não tem natureza de
16 crime em sentido técnico, mas, sim, de infração política sujeita
a cassação de mandato e suspensão de direitos políticos.
Fábio de Macedo Soares Pires Condeixa. Espionagem e direito. In: Revista Brasileira de Inteligência, n.º 10,
2015, p. 25-6 (com adaptações).
A propósito das ideias e dos aspectos linguísticos do Texto CB3A1BBB, julgue os itens
subsequentes.
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A partir da leitura do texto, não podemos interpretar que há consenso entre os países
acerca da definição do que vem a ser espionagem, pois lemos que “a espionagem costuma
ser” (ou seja, não se trata de consenso).
Errado.
101. (CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-RS/2018)
Texto 1A9BBB
1 Sérgio Buarque de Holanda afirma que o processo
de integração efetiva dos paulistas no mundo da língua
portuguesa ocorreu, provavelmente, na primeira metade
4 do século XVIII. Até então, a gente paulista, fossem
índios, brancos ou mamelucos, não se comunicava em
português, mas em uma língua de origem indígena,
7 derivada do tupi e chamada língua brasílica, brasiliana ou,
mais comumente, geral.
No Brasil colônia, coexistiam duas versões de
10 língua geral: a amazônica, ou nheengatu, ainda hoje
empregada por cerca de oito mil pessoas, e a paulista,
que desapareceu, não sem que deixasse marcas na toponímia
13 do país e na língua portuguesa. São elas que nos
possibilitam olhar um caipira jururu à beira de um igarapé
socando milho para preparar mingau — sem os termos
16 que migraram para o português, só veríamos um habitante
da área rural, melancólico, preparando comida às margens
de um riacho. Sem caipira, sem jururu, sem igarapé,
19 sem socar e sem mingau, a cena poderia descrever uma
bucólica paisagem inglesa.
O idioma da gente paulista formou-se como
22 resultado de duas práticas: a miscigenação de portugueses
e índias e a escravização dos índios. Os primeiros europeus
que aqui aportaram, sem mulheres, uniram-se às nativas
25 e criaram os filhos juntos e misturados — as crianças
usavam o tupi da mãe e o português do pai. Aos poucos,
essas famílias mestiças se afastavam da cultura indígena
28 e casavam entre si, não mais em suas aldeias de origem.
Formava-se assim uma cultura mameluca, nem europeia
nem indígena, com uma língua que já não era o tupi, tampouco
31 era o português. Era o que falavam os primeiros paulistas,
os bandeirantes, que a difundiram nas bandeiras até as terras
que hoje constituem o Mato Grosso e o Paraná.
Branca Vianna. O contrário da memória. In: Piauí, ed. 116, maio/2016 (com adaptações).
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Depreende-se do segundo parágrafo do Texto 1A9BBB que, no trecho “São elas que nos
possibilitam olhar um caipira jururu à beira de um igarapé socando milho para preparar
mingau”, o propósito do autor é ilustrar a influência da língua geral no vocabulário do
português falado no Brasil.
A análise está correta. Se seguirmos a leitura do segundo parágrafo, veremos que o autor
busca reforçar a influência da língua geral por meio de um contraste (paráfrase utilizando
outros vocábulos não provenientes da língua geral).
Certo.
(CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-RS/2018)
Texto 1A10AAA
1 A justiça tributária está em debate. O Brasil possui
um sistema tributário altamente regressivo: quem ganha
até dois salários mínimos paga 49% dos seus rendimentos
4 em tributos, enquanto quem ganha acima de trinta salários
mínimos paga apenas 26%. Isso ocorre porque, na comparação
internacional, se tributa excessivamente o consumo, e não
7 o patrimônio e a renda.
A má distribuição tributária e de renda restringe
o potencial econômico e social do país. Cabe ao Estado induzir
10 uma política distributiva conforme a qual quem ganha
mais pague proporcionalmente mais do que quem ganha
menos e a maior parcela do orçamento seja destinada para
13 as necessidades básicas da população.
A justiça tributária ocorre com a redução da carga
tributária e da regressividade dos tributos e com sua
16 eliminação da cesta básica. A redução da carga tributária
permite maior competitividade para as empresas, geração
de empregos, diminuição da inflação e indução do
19 crescimento econômico.
Com a redução da carga tributária sobre o consumo,
todos ganham: a população de baixa e média renda,
22 pela melhora no seu poder aquisitivo; a de maior renda,
pelo desenvolvimento econômico e social, que gera ganhos
econômicos e financeiros, novas oportunidades e expansão
25 da oferta de empregos.
Por outro lado, a substituição dos tributos indiretos,
que atingem o fluxo econômico, por tributos que incidam
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Amir Kjair. Le monde diplomatique Brasil. 12.ª ed. Internet: <https://diplomatique.org.br> (com
adaptações).
Primeiramente, o autor monta um panorama sobre o que é uma carga tributária regressiva.
Em seguida, busca demonstrar (e convencer o leitor) como uma carga tributária menos
regressiva pode ser benéfica para o país.
Certo.
104. (CEBRASPE/MÉDIO/STM/2018)
Texto CB4A1AAA
1 Narração é diferente de narrativa, uma vez que
mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de
4 acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e está
presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e
sobremesa de um jantar; em mitos, romances, contos, novelas,
7 peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos
corpos; nas notícias; em relatórios médicos; em conversas,
desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas,
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Os termos não são considerados sinônimos. Em diversos pontos do texto, a autora faz a
diferenciação entre narrativa e narração (linhas 10 e 11). Nas linhas de 21 a 25, a autora faz
uma aproximação entre os sentidos dos termos, mas nunca são tomados como sinônimos.
Errado.
Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, os filósofos e os professores são aqueles que
se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que são ensinadas são aquelas
que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo: eu acho
possível desenvolver uma psicologia da solidariedade. Acho também possível desenvolver uma
sociologia da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade… Mas os saberes
científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como
a crítica da música e da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A
solidariedade, como a beleza, é inefável – está além das palavras.
Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros
engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser
dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existe em voo. Engaiolados, esses
pássaros morrem.
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O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química,
gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora.
Coisas que moram dentro do corpo. Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à
espera… Uma dessas sementes é a solidariedade.
A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias,
dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora, poderia ser ensinada e produzida.
A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena,
nem se produz. A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente…
A solidariedade é como um ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos
éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!”. A solidariedade acontece como um
simples transbordamento.
Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna mais humanos. É
um sentimento estranho, que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir
sentimentos que não são meus, que são de um outro. O que sinto não são meus sentimentos.
Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por mandamento
ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade.
O autor faz referência ao que disse no próprio texto, não um texto produzido no passado.
Errado.
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Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?
— Não fala tão certo.
7 — Como assim?
— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.
— Por quê?
10 — É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem
“todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente?
16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não
falou nada. Até comentaram:
— Ó, Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando
estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2, jan./2000.
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.
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A partir da leitura do texto, não se pode inferir que a personagem Carolina tinha vergonha
do namorado porque ele era arrogante e gostava de se exibir com a forma correta de
falar o português. O namorado apenas falava corretamente.
Errado.
Ao lermos o texto, observamos que a razão que motiva a personagem Carolina a pedir
que Carlinhos não empregue certos vocábulos não é o suposto fato de que os termos são
considerados arcaicos pela língua portuguesa. A motivação é simplesmente o estranhamento
gerado pelo uso de vocabulário não coloquial.
Errado.
O vocábulo “teu” foi corretamente empregado, pois o personagem se dirige a uma segunda
pessoa (do discurso): o interlocutor dela. O pronome “seu” faz referência à terceira pessoa
do discurso.
Errado.
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REFERÊNCIAS
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caminhos
crie
futuros
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